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segunda-feira, 24 de março de 2014

Calvinismo e Capitalismo - qual mesmo é a sua relação?

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Por Alderi Souza de Matos

A questão de como se relacionam o calvinismo e o capitalismo tem sido objeto de enorme controvérsia, estando longe de produzir um consenso entre os estudiosos. O tema popularizou-se a partir do estudo do sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) intitulado A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, publicado em 1904-1905. Numa tese oposta à de Karl Marx, Weber concluiu que a religião exerce uma profunda influência sobre a vida econômica. Mais especificamente, ele afirmou que a teologia e a ética do calvinismo foram fatores essenciais no desenvolvimento do capitalismo do norte da Europa e dos Estados Unidos.

Weber partiu da constatação de que em certos países da Europa um número desproporcional de protestantes estavam envolvidos com ocupações ligadas ao capital, à indústria e ao comércio. Além disso, algumas regiões de fé calvinista ou reformada estavam entre aquelas onde mais floresceu o capitalismo. Na sua pesquisa, ele baseou-se principalmente nos puritanos e em grupos influenciados por eles. Ao analisar os dados, Weber concluiu que entre os puritanos surgiu um "espírito capitalista" que fez do lucro e do ganho um dever. Ele argumenta que esse espírito resultou do sentido cristão de vocação dado pelos protestantes ao trabalho e do conceito de predestinação, tido como central na teologia calvinista. Isso gerou o individualismo e um novo tipo de ascetismo "no mundo" caracterizado por uma vida disciplinada, apego ao trabalho e valorização da poupança. Finalmente, a secularização do espírito protestante gerou a mentalidade burguesa e as realidades cruéis do mundo dos negócios.

Calvino de fato interessou-se vivamente por questões econômicas e existem elementos na sua teologia que certamente contribuíram para uma nova atitude em relação ao trabalho e aos bens materiais. A sua aceitação da posse de riquezas e da propriedade privada, a sua doutrina da vocação e a sua insistência no trabalho e na frugalidade foram alguns dos fatores que colaboraram para o eventual surgimento do capitalismo. Mesmo um crítico contundente da tese de Weber como André Biéler admite: "Calvino e o calvinismo de origem contribuíram, certamente, para tornar muito mais fáceis, no seio das populações reformadas, o desenvolvimento da vida econômica e o surto do capitalismo nascente" (O Pensamento Econômico e Social de Calvino, p. 661). Todavia, esse e outros autores têm ressaltado como a ética e a teologia do reformador divergem radicalmente dos excessos do capitalismo moderno. Por causa das difíceis realidades econômicas e sociais de Genebra, Calvino escreveu amplamente sobre o assunto. Ele condenou a usura e procurou limitar as taxas de juros, insistindo que os empréstimos aos pobres fossem isentos de qualquer encargo. Ele defendeu a justa remuneração dos trabalhadores e combateu a especulação financeira e a manipulação dos preços, principalmente de alimentos. Embora considerasse a prosperidade um sinal da bondade de Deus, ele valorizou a pessoa do pobre, considerando-o um instrumento de Deus para estimular os mais afortunados à prática da generosidade. A tese de que as riquezas são sinais de eleição e a pobreza é sinal de reprovação é uma caricatura da ética calvinista. Para Calvino, a propriedade, o lucro e o trabalho deviam ser utilizados para o bem comum e para o serviço ao próximo.

Em conclusão, existe uma relação entre o calvinismo e o capitalismo, mas não necessariamente uma relação de causa e efeito. Provavelmente, mesmo sem o calvinismo teria surgido alguma forma de capitalismo. Se é verdade que a teologia e a ética reformadas se adequavam às novas realidades econômicas e as estimularam, todavia, o tipo de calvinismo que mais contribuiu para fortalecer o capitalismo foi um calvinismo secularizado, que havia perdido de vista os seus princípios básicos. Entre esses princípios está a noção de que Deus é o Senhor de toda a vida, inclusive da atividade econômica, e, portanto, esta atividade deve refletir uma ética baseada na justiça, compaixão e solidariedade social.

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Extraído do site Thirdmill - acessado em 25 de Março de 2009.
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sábado, 22 de março de 2014

Vídeos chocantes mostram que mortes de cristãos na Síria não param


Material foi divulgado por um radical muçulmano convertido
por Jarbas Aragão


Vídeos chocantes mostram que mortes de cristãos na Síria não paramVídeos chocantes mostram que mortes de cristãos na Síria não param
Enquanto o mundo foca sua atenção para o embate entre Rússia e União Europeia pelo domínio da Ucrânia e a região da Crimeia pode ser o estopim de uma nova guerra, na Síria os massacres continuam. Por lá também está em jogo os interesses de Putin, mas as atrocidades cometidas são de ordem mais religiosa que política.
Surgiu esta semana mais um vídeo mostrando a execução sistemática de pessoas, na maioria cristãos, por parte de milícias muçulmanas radicais. A denúncia partiu de Walid Shoebat, e seu filho, Theodore Shoebat, especialistas em terrorismo e responsáveis pelo site RescueChristians.org.
As imagens chocantes incluem cabeças perfeitamente alinhadas junto a uma parede e corpos suspensos pelos pés em uma sala. Também é mostrado o depoimento de uma testemunha que estava ameaçado de ser “sacrificada” em um ritual onde supostamente o sangue dos cristão serviria para “pagar pecados”.
“Eu nunca tinha visto algo assim”, se horroriza Walid, um cristão árabe que foi membro do grupo extremista OLP até 1994, quando se converteu. “Eu tenho investigado a fundo esta história nas últimas semanas. Provavelmente, é o assunto mais horrível que eu já reportei. Tudo pode ser provado com essas imagens de massacre de humanos como se fossem animais, na maioria cristãos da Síria”.
De várias maneiras, é a continuidade do trabalho da freira Hatune Dogan, da Igreja Ortodoxa Síria, que procurou organizações internacionais para mostrar como cristãos estavam sendo decapitados e outroscrucificados em meio à guerra. Contudo, ninguém deu ouvidos a ela e muitos passaram a acusar de divulgar relatos forjados.
Os vídeos que o Gospel Prime reproduz abaixo são uma compilação da Shoebat, dedicada a ajudar os cristão perseguidos. Ele inclui o relato de Saif Al-Adlubi, que disse ter testemunhado muitas barbaridades do Islã contra os que não compartilham de suas crenças. Sua denúncia é que os responsáveis são do grupo radical conhecido como ISIS, considerado o mais cruel dos paramilitantes islâmicos na Síria.
Um deles mostra o testemunho de um sírio cristão chamado Kamil Toume, que afirma haver um “matadouro de cristãos” nos distritos de Siba e Bayyada, na região de Homs, na Síria. Todos os sacrifícios são feitos por um açougueiro acostumado com o abate de ovelhas. “Relatamos essa história por causa do silêncio sobre o assassinato sistemático dos cristãos e minorias xiitas”, disse Shoebat.  “Os cristãos estão sendo mortos nestes rituais seguidamente e o derramamento de sangue não vai parar. Devemos trabalhar juntos para parar isso”, afirmou ao site WND. Os vídeos podem ser vistos no site da WND - link (imagens fortes).
Fonte:gospelprime

Nova Diretoria da CNSAFs

Foto: Diretoria do próximo quadriênio da CNSAFs

Presidente: Ana Maria Prado - reeleita

Vice- Presidentes
Região Sul: Célia Mara - reeleita
Região Norte: Maria da Paz - reeleita
Região Centro Oeste: Lucélia Cláudia - eleita
Região Sudeste : Liliana Silveira-  eleita
Região Nordeste: Maria Ribeiro – reeleita

Secretaria Executiva: Lúcia Martins - reeleita

Primeira Secretaria:  Sudonita Wing-  reeleita

Tesoureira:  Quitéria Basílio – eleita

Parabéns, amadíssimas auxiliadoras!
Sabemos do amor de cada uma de vocês por esta Obra!
Beijoquinhas...<3 <3 <3

Hoje aconteceu a eleição da Nova Diretoria da Confederação Nacional de SAFs, a nova diretoria ficou assim conforme informação do Face da Sinodal do Rio de Janeiro.
Diretoria do próximo quadriênio da CNSAFs

Presidente: Ana Maria Prado - reeleita

Vice- Presidentes
Região Sul: Célia Mara - reeleita
Região Norte: Maria da Paz - reeleita
Região Centro Oeste: Lucélia Cláudia - eleita
Região Sudeste : Liliana Silveira- eleita
Região Nordeste: Maria Ribeiro – reeleita

Secretaria Executiva: Lúcia Martins - reeleita

Primeira Secretaria: Sudonita Wing- reeleita

Tesoureira: Quitéria Basílio – eleita

Parabéns, amadíssimas auxiliadoras!
Sabemos do amor de cada uma de vocês por esta Obra!


Fonte: Face da Sinodal de SAFs do RJ

O EVANGELHO OSTENTAÇÃO



Por Samuel Torralbo

Recentemente a palavra ostentação tem ganhado grande destaque nos principais meios de comunicação, principalmente através daquilo que é chamado de funk ostentação. A palavra ostentação significa exibição exagerada, ou seja, é o ato de exibição daquilo que se tem em busca de status ou reconhecimento dentro de determinado grupo. A ostentação não é um atributo apenas de alguns funkeiros, onde procuram cantar e exibir carrões, roupas de marca, relógios de ouro, etc., mas existe em vários lugares e se manifesta de diversas formas (no meio político, intelectual, entre ricos e pobres). 

Porém, é vexatório, aterrorizante e lamentável detectar uma espécie de “evangelho da ostentação” crescendo também no Brasil. Os modus operandis são os mesmos de outras manifestações do espírito da ostentação. Nos bailes funk o conteúdo das músicas fazem sempre apologia a belos carros, lugares glamorosos, roupas e relógios de marcas luxuosas, enquanto isso, os funkeiros exibem tudo aquilo que cantam para que seus seguidores continuem dando crédito a eles. O show dura aproximadamente meia hora e o valor varia entre cinco a oitenta mil reais, ou seja, no palco encontra-se um artista lucrando para ostentar, falar e cantar sobre tudo aquilo que as pessoas desejam possuir, e na plateia normalmente estão aqueles que pagam para ouvir aquilo que desejam ter, mas que de fato não têm nem mesmo o dinheiro da passagem de ônibus de volta para a casa. E depois dizem que os desequilibrados mentais são apenas aqueles que estão internados em hospitais psiquiátricos. 

Pior do que isso é observar o mesmo espírito crescendo dentro do contexto cristão evangélico, onde a cada dia aumenta-se o número de pregadores que pregam um evangelho da ostentação, ao mesmo tempo em que cresce um grupo de pessoas que acreditam que Evangelho de Cristo Jesus é ter coisas para poder exibir a outros. 

Basta ligar o rádio ou a televisão para encontrar esses pseudos-pastores com os seus relógios (em grande parte apenas replicas) de marcas, roupas de grife, falando de carrões, mansões, dinheiro, e toda espécie de riqueza material, prometendo o que o evangelho jamais prometeu, e profetizando aquilo que Deus jamais mandou profetizar. 

O lado ridículo e lamentável desse quadro fatídico é o povo que acredita, ou melhor, decide acreditar em fábulas e historinhas como de Alice no país das maravilhas, estando sempre hipnotizados pelo engano, tornando-se os próprios mantenedores desse processo diabólico, que procura apenas manter a luxuria e as idiossincrasias de lobos vestidos de ovelhas. 

O resultado disso é o crescimento do engano, ao mesmo tempo em que cresce a ignorância e a alienação de um povo que declara Deus com seus lábios, mas que O negam em suas escolhas egoístas e carnais. 

O Evangelho da Cruz não coaduna com o evangelho da ostentação humana, o Evangelho do Servo sofredor não coabita com a avareza transvestida de espiritualidade pagã, o Evangelho do Cordeiro imolado não compactua com o evangelho de homens amantes de si mesmo. 

De modo que, de fato os dias hodiernos são tenebrosos, onde os homens buscam a glória da ostentação material, enquanto que, a glória para o maior missionário da historia da Igreja (o apóstolo Paulo) era o significado da cruz de Cristo -" Mas longe de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo”. (Gálatas 6.14). 

Tem alguma coisa muito dissimulada, sutil, diabólica, mortal, e engenhosamente arquitetada para o mal acontecendo dentro dos muros do contexto igreja. Num tempo onde sobram meninos e faltam homens, numa geração de cegos guiando cegos, e loucos governando enlouquecidos, que Deus na sua grandiosa misericórdia e bondade ajude os eleitos a permanecerem com a consciência e a esperança somente no Evangelho da cruz de Cristo Jesus.

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Samuel Torralbo é colaborador do Púlpito Cristão.

Agostinho de Hipona: quem foi e como contribuiu para o correto entendimento das doutrinas cristãs?


Tiago Santos12 de Fevereiro de 2014 - História da Igreja
Uma das grandes belezas e seguranças da teologia bíblica, histórica e ortodoxa é que falta-lhe originalidade. A boa teologia é derivada da Palavra de Deus nas Escrituras, a qual tem sua origem através da inspiração do Espírito Santo. A teologia que honra a Deus é aquela que submete-se à autoproclamada autoridade das Escrituras e que, portanto, mantém-se no limite daquilo que foi revelado por Deus e ensinado pelos profetas e apóstolos. Nesse sentido é que a teologia não é e nem deve ser original e é por isso que, desde o fechamento do cânon, a ortodoxia cristã atravessa os séculos, as culturas e os poderes deste mundo conta com uma impressionante unidade e coerência em suas doutrinas mais basilares e importantes. Seus grandes dogmas são derivados da Bíblia.
Isso não quer dizer, todavia, que a teologia não deva buscar profundidade e desenvolvimento. Em grande medida, o produto teológico que temos hoje  à nossa disposição, é fruto do labor criativo, zeloso e meticuloso empreendido por estudiosos da Palavra de Deus, ao longo da história. Então, se por um lado, no núcleo do que a fé cristã afirma hoje, do que a igreja cristã crê, estão aquelas doutrinas que foram cridas e ensinadas desde os apóstolos, por outro, os séculos de história cristã serviram para o desenvolvimento, aprofundamento, refinamento e apuração dessas doutrinas. Não há grandes novidades, mas houveram grandes progressões.
Agostinho, garimpeiro de Deus
Um desses homens de Deus, dotado de uma mente criativa e intenso desejo de cavar mais profundamente na Palavra de Deus e que ajudou a pavimentar o caminho das grandes progressões do pensamento teológico foi o africano Agostinho de Tagaste (354-430), bispo de Hipona.
Agostinho foi, provavelmente, o grande pensador cristão da Idade Média. Por quase dois mil anos sua produção teológica tem pautado os grandes debates do cristianismo e influenciado o pensamento e cultura do Ocidente. Do ponto de vista católico, Joseph Aloisius Ratzinger ratifica essa impressão, ao dizer: “Agostinho deixou uma marca profunda na vida cultural do Ocidente e de todo o mundo. Sua influência é vastíssima. (...) Raramente uma civilização encontrou um espírito tão grande, com ideias e formas que alimentariam gerações vindouras.”1 A Reforma Protestante do século XVI, fundamental ao avivamento da fé e espiritualidade cristã, até então adoecida mortalmente pelo desvio teológico, corrupção e misticismo, deve a Agostinho o cerne de suas principais proposições, particularmente em questões como o pecado original, a graça de Deus, a salvação e a predestinação, além do exemplo de seu vigoroso ministério pastoral. O teólogo luterano Richard Balge, citando um colega, disse que: “Se Agostinho de Hipona tivesse vivido no tempo da Reforma, ele teria se juntado a Martinho Lutero”.2 O teólogo presbiteriano B. B. Warfield, por sua vez, disse que “o sistema de doutrina ensinado por Calvino é somente o agostinianismo, conforme se vê em todos os demais reformadores. Pois, se a Reforma foi, do ponto de vista espiritual, um grande avivamento da religião, do ponto de vista teológico foi um grande reavivamento do agostinianismo”.3 E o erudito batista Timothy George, ao falar da influência do pensamento agostiniano na Reforma, disse que “a linha principal da Reforma Protestante pode ser vista como uma aguda agostinianização do cristianismo.”4
Agostinho está do nosso lado
Os grandes representantes da Reforma do século XVI, Martinho Lutero, João Calvino, Martin Bucer, Philip Melanchton e tantos outros, encontraram na vigorosa teologia agostiniana fundamento tanto para o rompimento com o status quo da igreja romana como para afirmar a unidade do pensamento genuinamente cristão que remonta aos ensinos dos Pais da Igreja e dos Apóstolos. À guisa de ilustração, vejamos como o pensamento de Agostinho foi de grande importância para alguns dos reformadores mais destacados:
Martinho Lutero era um monge agostiniano e derivou dessa escola o tutano de sua própria teologia. A influência de Agostinho em Lutero, aliás, parece haver perpassado todas as fases de sua vida como teólogo. No prefácio da Theologia Germânica, obra do século XV redescoberta por Lutero e republicada por ele em 1516, ele reconhece o débito que tem com Agostinho, colocando seus escritos próximos dos escritos da própria Escritura. Em suas “conversas de mesa”, em 1532, Lutero disse: “No começo de minha carreira, como professor de teologia, eu não simplesmente lia Agostinho, mas devorava suas obras com voracidade”.5 No prefácio de seus Escritos Latinos, de 1545 – um ano antes de sua morte – Lutero faz referência à obra O Espírito e a letra, de Agostinho, e diz que há muitas semelhanças em seu entendimento sobre a justiça de Deus. Seu companheiro e colega reformador, o teólogo Philip Melancthon, via Lutero, no contexto da Reforma, como uma “voz intercambiável com a de Agostinho; uma voz que renovava o ensino primitivo da igreja”.6 
Com João Calvino não foi diferente. A influência da teologia agostiniana também é bem evidente em toda sua carreira teológica.7 Ele mesmo disse que “ficaria feliz em confessar toda sua fé pelas palavras de Agostinho”8 e ainda fez uma famosa afirmação de aprovação, ao dizer: Augustinus totus noster est, isto é, que “Agostinho está do nosso lado”. O historiador Justo Gonzalez lembra que na principal obra de Calvino, as Institutas, “se manifesta um conhecimento profundo, não só das Escrituras, mas também de antigos escritores cristãos, particularmente Agostinho”.9 Na última edição das Institutas, de 1559, encontram-se mais de 400 citações de textos de Agostinho. Calvino confiava mais na teologia de Agostinho do que em sua exegese, como se vê em vários de seus comentários bíblicos, particularmente seu comentário em Romanos, no qual ele critica a abordagem alegórica que muitas vezes Agostinha emprestava ao texto, mas, o fato é que esse eminente pai da igreja é uma grande fonte de inspiração e influência da produção teológica e pastoral de Calvino.
Martin Bucer, o reformador de Estrasburgo que teve papel vital na busca de unidade entre os demais reformadores, também apoiou-se em Agostinho para desenvolver muito de seu pensamento teológico. Num certo ponto, ele disse que tem “grande reverencia por Agostinho”.10 Em sua obra, Florilegium Patristicum, na qual reúne citações dos Pais da Igreja, encontram-se várias referencias às obras e pensamento de Agostinho. Também em sua obra sobre teologia pastoral, Sobre o Verdadeiro Cuidado das Almas, Bucer faz muitas referências ao trabalho pastoral e à teologia de Agostinho. Em seu comentário à epístola de Paulo em Romanos, de 1536, Bucer faz um grande esforço para aliar-se a Agostinho no tratamento que este faz dos textos do Antigo e Novo Testamento e até mesmo em suas noções sobre a justificação (declarada e transmitida). Ainda que Bucer estivesse pronto para discordar de Agostinho quando necessário, o fato é que ele viu em Agostinho uma voz de consonância com o corpo da reforma e alinhou-se à essa voz em algumas áreas vitais.
O período pós reforma também valeu-se do pensamento de Agostinho – seja diretamente, ou indiretamente pela influência dos próprios reformadores. Também as gerações sucessivas, todas elas têm sido, como notou Ratzinger, alimentadas pelas ideias e pensamentos deste gigante da fé. Ele é provavelmente o mais qualificado representante da igreja primitiva e permanece como uma das mentes mais importantes da história da fé cristã.
As Confissões
De tudo quanto Agostinho produziu, destaco aquela que muito provavelmente foi a sua principal obra: As Confissões. Trata-se de sua autobiografia, escrita em treze livros no curso de três anos,  entre os anos de 397 e 400. Há muito que se poderia falar sobre As Confissões e seus benefícios e virtudes. Eruditos e literatas, tanto da filosofia como da teologia, certamente já têm empreendido o papel de analisar as muitas riquezas dessa obra e extrair o sumo de seu rico conteúdo. Aqui queremos oferecer apenas um pequeno vislumbre dessa que permanece como uma das mais importantes obras literárias de todos os tempos.
Nela Agostinho empreende uma profunda investigação da própria alma, da sua fé e de sua sincera busca por Deus. Ele abre seu coração e, numa conversa dirigida a Deus, confessa seus pecados, dramas, angústias d’alma, frustrações e também sua luta pela verdade e sua luta com o próprio Deus.
Vemos, por exemplo, em As Confissões, uma verdadeira luta da mente e a sublime busca pela verdade, a qual Agostinho reconhece haver encontrado somente quando Jesus o encontrou:
Foi então que tuas perfeições invisíveis se manifestaram à minha inteligência por meio de tuas obras. Mas não pude fixar nelas meu olhar; minha fraqueza se recobrou, e voltei a meus hábitos, não levando comigo senão uma lembrança amorosa e, por assim dizer, o desejo do perfume do alimento saboroso que eu ainda não podia comer11.
Buscava um meio que me desse força necessária para gozar de ti, e não a encontrei enquanto não me abracei ao Mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus, que está sobre todas as coisas, Deus bendito por todos os séculos, que chama e diz: Eu sou o caminho, a verdade e a vida.12
Também vemos a luta da carne, a qual ele chama de luta com a luxúria: “Admirava-me de já vos ter amor e de não amar um fantasma em vez de Vós. Era arrebatado para vós pela vossa beleza, e logo arrancado de vós pelo meu peso. Este peso eram os hábitos da luxúria”.13 Sua luta contra as tentações sexuais ainda é exemplificada pela famosa oração: “Senhor, dá-me a castidade e a continência, mas ainda não”.14 Todavia, é preciso registrar, muitas vezes a culpa de Agostinho por conta de sua concupiscência tem levado muitos a acusarem-no de ter sido promíscuo. Mas talvez essa conclusão seja injusta, pois ele mesmo registra somente um caso amoroso, com uma concubina, mãe de seu filho Adeodato, mulher a quem muito amou, embora nunca tenha se casado com ela.
Ele ainda conta como Deus o alcançou e salvou e como ele passou a perceber a mão providente de Deus nas diversas fases de sua vida, além de ter uma noção mais plena e gozosa da beleza de Deus, depois de sua conversão. As Confissões também são uma expressão de adoração e uma declaração de amor e devoção a Deus e nela ele exalta a Deus louvando-o pela criação. Num certo ponto, ele confessa:
Tarde te amei, Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro de mim, e eu lá fora, a te procurar! Eu, disforme, me atirava à beleza das formas que criaste. Estavas comigo, e eu não estava em ti. Retinham-me longe de ti aquilo que nem existiria se não existisse em ti. Tu me chamaste, gritaste por mim, e venceste minha surdez. Brilhaste, e teu esplendor afugentou minha cegueira. Exalaste teu perfume, respirei-o, e suspiro por ti. Eu te saboreei, e agora tenho fome e sede de ti. Tocaste-me, e o desejo de tua paz me inflama.15
De tudo o mais, um aspecto muito sublime de suas Confissões, que se alteia como um fator presente em toda narrativa, é a noção de que é Deus quem vem ao encontro do homem para alcançá-lo e salvá-lo. Talvez a expressão que melhor exemplifica essa realidade na experiência de Agostinho, seja a oração que ele repete algumas vezes no curso de suas confissões: “Dai-me o que ordenais, e ordenai-me o que quiserdes” (Da Quod Iubes et Iube Quod Vis). Esta oração causou arrepio no grande rival de Agostinho, Pelágio, que via nela uma afronta ao livre arbítrio do homem, o qual, Pelágio cria, nascia reto e tinha em si mesmo a capacidade de obedecer ou rejeitar a Deus. Mas Agostinho entendeu – e essa oração assim o demonstra – que somente a graça de Deus e o poder do Espírito, atuando no interior do homem, é que pode levá-lo ao próprio Deus. É Deus quem dá causa à fé, ao amor, à devoção e à obediência e é por isso que ele pede: concede-me o que ordenais, isto é, capacita-me, Senhor, para o que queres. Em outra obra sua, ele pergunta: “Que nos ordena Deus em primeiro lugar, e com mais insistência, senão que acreditemos nele? Ora, é precisamente esta graça que ele nos concede”.16
Por que ler Agostinho?
Em nossa breve tradição protestante no Brasil, a reação ao catolicismo romano tem, não raras vezes, rejeitado muito dos símbolos, tradição, produção teológica, proponentes da fé que são, normalmente, associados à Roma. Assim, não é incomum alguma desconfiança do leitor mais desavisado, porém sincero e zeloso, quando se fala no proveito que temos pela leitura e aprendizado com aqueles que estejam ligados à tradição romana. Mas essa reação muitas vezes é exagerada e mais emocional do que justa. Muito do que é rejeitado é herança da cristandade, da fé cristã na história e de imenso proveito para os cristãos hoje. Faríamos bem em, ao contrário dessa tendência, resgatar e valorizar esse rico legado.
Em Agostinho, particularmente, há muito que aprender – como fizeram também nossos pais reformadores e toda tradição cristã nesses últimos dezessete séculos.
E há muito o que ler de Agostinho. Dentre os Pais da Igreja, seus escritos são os mais abundantes. A história de sua vida e sua obra foram catalogados pelo cuidadoso trabalho de seu biografo e contemporâneo Possídio, que escreveu a Vita Augustini e indexou nela o Indiculos, que elencava e reproduzia suas principais obras. São centenas de homilias e cartas ainda preservadas e várias obras filosóficas e teológicas que, conforme coloca Ratzinger, “são de importância fundamental, não só para o cristianismo, mas para a formação de toda cultura ocidental”.17
Em seus escritos, temos um tesouro de sabedoria que pode fazer muito bem ao povo de Deus, se lido com discernimento. É claro que Agostinho teve os seus limites e cometeu seus equívocos. Mas encontramos nele uma mente brilhante e um coração radiante, que ardia por amor a Deus, como pouco se vê em nossos tempos. Temos nele um esforço diligente para submeter todas as coisas à revelação. Suas Confissões, aliás, são a grande prova disso. Foi somente quando a Escritura falou que sua obstinada  busca pela verdade cessou. A partir desse ponto, ele passa a ser um estudioso da verdade contida nas Escrituras. Conforme colocou Solano Portela, em uma conversa que tivemos sobre o bispo de Hipona, “Agostinho cavou nas Escrituras em busca da verdade; a Reforma fez o mesmo; Calvino continuou cavando e olhando com mais clareza as Escrituras; nós temos de fazer o mesmo. Igreja Reformada sempre se reformando é isso”.
Em Agostinho, temos uma impressionante profundidade teológica, assertividade e firmeza doutrinária, intensa devoção a Deus, inquestionável respeito ao texto bíblico e genuína preocupação pastoral. Essas qualidades são um grande estímulo para o estudante de teologia, particularmente, mas também para todo cristão sincero que busca agradar a Deus e viver neste mundo vil e cheio de perigos - especialmente diante dos muitos desafios enfrentados pela fé cristã de nossos tempos, em que os valores deste mundo são difusos, em que há uma crise de conteúdo e substância de fé e onde os homens - e, surpreendentemente, até mesmo uma ala do cristianismo - suspeitam dos dogmas e afirmações da Palavra de Deus e da ortodoxia cristã. Em Agostinho temos a junção de vida vigorosa e doutrina robusta. Isso faz dele um campeão da fé.
Mais uma vez, Ratzinger oferece um útil insight sobre a obra de Agostinho:
Em seus escritos [Agostinho] o encontramos vivo. Quando leio os escritos de Santo Agostinho, não tenho a impressão que se trata de um homem morto há mil e seiscentos anos, mas sinto-o como um homem de hoje: um amigo, um contemporâneo que me fala, que fala a nós com sua fé vigorosa e atual. Nele vemos a atualidade permanente de sua fé. Fé que vem de Cristo, Verbo Eterno encarnado, Filho de Deus e Filho do homem. E podemos ver que essa fé não é de ontem, mesmo tendo sido pregada ontem; é sempre de hoje, porque Cristo é realmente ontem, hoje e para sempre. Ele é o caminho, a verdade e a vida. Assim nos encoraja Agostinho a confiarmos neste Cristo sempre vivo e encontrar nele o caminho da vida.18
Que saibamos aproveitar a sinceridade da jornada de Agostinho de Hipona em busca da verdade, a criatividade de sua teologia, a beleza de sua devoção a Deus, o vigor de seu exemplo e testemunho, a firmeza de sua fé.

Notas:
1 - Bento XVI. Os Padres da Igreja (Campinas, SP: Eclesiae, 2012) p. 183-184
2 - Richard D. Balge, Martin Luther, Agostinian (artigo publicado em http://www.wlsessays.net/files/BalgeAugustinian.pdf), acessado em novembro de 2013.
3 - Benjamin Breckinridge Warfield, John Calvin: the man and his work (The Methodist Review, Outubro de 1909).
4 - Timothy George. Teologia dos Reformadores (São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 2004), p.76.
5 - Martinho Lutero. Luther Works, LI, xviii.
6 - Peter Fraenkel, Testimonia Patrum: The Function of the Patristic Argument in the Theology of Philip Melanchthon (Genebra: Droz, 1961), p. 32.
7 - Recomendo a leitura do artigo de S. J. Han: An Investigation into Calvin’s use of Augustine (http://www.ajol.info/index.php/actat/article/viewFile/52214/40840), Acessado em novembro de 2013.
8 - Paul Helm. Apud em N. R. Needham, The Triumph of Grace (London: Grace Publication, 2000), p.8
9 - Justo Gonzalez, A Era dos Reformadores (São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 2004), p.112.
10 - Basil Hall, Martin Bucer: Reforming Church and Community, ed. D. F. Wright (Cambridge, UK: Cambridge Press, 1996), p. 150.
11 - Agostinho, Confissões (São Paulo, SP: Editora Nova Cultural, 1999), p. 185.
12 - Ibidem, p. 192.
13 - Ibidem, p. 190.
14 - Ibidem, p. 214.
15 - Ibidem, p. 285.
16 - Agostinho. Confissões. Nota de J. Oliveira Santos, apud, De Bono Perseverantiae:Quid vero nobis primitus et maxime Deus iubet, nisi ut credamus in Eum? Et hoc ergo ipse dat (São Paulo, SP: Nova Cultural, 1999), p. 286.
17 - Ratzinger, Padres da Igreja, p. 201.
18 - ibidem, p. 193.

Fonte: Revista Fé Para Hoje Edição Nº40

O Testamento de João Calvino

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Em nome de Deus, seja conhecido de todos os homens e por aqueles que estão presentes, que no dia 25 de Abril do ano de 1564, eu Peter Chenelat, cidadão e tabelião de Genebra, fui procurado pelo honrado João Calvino, ministro da Palavra da Deus na Igreja de Genebra, e burguês da dita Genebra,[2] que estando doente e indisposto em corpo somente, declarou-me a sua intenção de fazer o seu testamento e declaração de sua última vontade, solicitando-me escreve-la conforme poderia por ele ser ditada e pronunciada no seu declarado desejo, tenho feito, e escrito-a sob a sua ordem, e de acordo com o que ele ditou e pronunciou, palavra por palavra, sem omitir ou, acrescentar nada – na forma como segue:

Em nome de Deus, eu João Calvino, ministro da Palavra de Deus, na Igreja de Genebra, sentindo estar em declínio [de saúde], por causa de diversos males, e que não posso senão pensar que isto seja da vontade de Deus para tirar-me em breve deste mundo, e sendo aconselhado a fazer e firmar por escrito o meu testamento e declaração da minha última vontade da forma como segue:

Em primeiro lugar, dou graças a Deus, não só porque teve compaixão de mim, uma pobre criatura sua, ao tirar-me do abismo da idolatria no qual eu estava atolado, de modo a guiar-me para a luz do seu evangelho e tornar-me um participante da doutrina da salvação, da qual eu era inteiramente indigno, e continuando em sua misericórdia, Ele tem me suportado em meio a muitos pecados e oscilações, que eram tais, que eu bem merecia ser rejeitado por Ele uma centena de vezes – mas pelo contrário, Ele estendeu-me a sua misericórdia para que eu e meu labor pudéssemos conduzir e anunciar a verdade do seu evangelho; protestando que é meu desejo viver e morrer nesta fé, a qual foi-me conferida, não possuindo outra esperança, nem refúgio, exceto em sua gratuita adoção, sobre a qual toda a minha salvação está fundamentada; abraçando a graça que Ele tem-me entregue, em nosso Senhor Jesus Cristo, e aceitando os méritos da sua morte e sofrimento, de modo que, por estes meios, todos os meus pecados estão sepultados; e orando-lhe para lavar-me e purificar-me pelo sangue deste grande Redentor, que foi derramado por nós, pobres pecadores, que eu possa comparecer diante de sua face, carregando a sua imagem tal como ela era.[3] 

Também protesto que tenho diligentemente, de acordo com a medida da graça que me é dada, ensinar a sua Palavra com pureza, tanto em meus sermões como em meus escritos, e expondo fielmente a Sagrada Escritura; e ainda, que em toda disputa que tive com os inimigos da verdade, nunca fiz uso de sutis artimanhas, nem de sofismas, senão que tenho me esforçado em agir honestamente ao manter o debate. Mas ai de mim! Pois, o desejo que tive, e o zelo, se podem assim ser chamados, foram tão frios e tão lentos que sinto que sou um devedor a tudo e em toda parte, e que isto, não foi por sua infinita bondade, toda afeição que tive poderia ser como fumaça, e não somente isto, que desde os favores que Ele me concedeu poderiam senão render-me maior culpa; de modo que o meu único recurso é este, que sendo Pai de misericórdia, Ele me apresentará diante do Pai, sendo eu um tão miserável pecador.

Além disso, desejo que o meu corpo, após o meu falecimento, seja enterrado conforme o modo usual, para a espera do dia da bendita ressurreição.

A respeito dos poucos bens terrenos que Deus me deu aqui para dispor-los, eu nomeio e indico como o meu único herdeiro, meu amado irmão Antony Calvino, mas somente como honrado herdeiro, concedendo-lhe o direito de possuir nada mais, senão a taça que ganhei de Monsieur de Varennes,[4] e suplico-lhe que fique satisfeito com isto, como eu estou bem certo de que ele será, pois ele sabe que fiz isto por nenhuma outra razão, senão que o pouco que deixo possa permanecer para os seus filhos. Em seguida, deixo para a Academia dez moedas de cinco xelins, e para o tesouro dos pobres estrangeiros a mesma soma.[5] Igualmente, para Jane, filha de Charles Costan e minha meia-irmã,[6] por assim dizer, por parte de pai, a soma de dez moedas de cinco xelins; e ainda, para cada um de meus sobrinhos, Samuel e João, filhos de meu supracitado irmão,[7] quarenta moedas de cinco xelins; e para cada uma de minhas sobrinhas, Anne, Susannah e Dorothy deixo trinta moedas de cinco xelins. Também para o meu sobrinho David e seu irmão, pois ele tem sido imprudente e inseguro, deixo-lhe, porém, vinte e cinco moedas de cinco xelins como uma punição.[8] Este é o total de todos os bens que Deus me deu, de acordo com o que fui capaz de avaliar e estima-los, quer sejam em livros,[9] mobília,[10] objetos de prata, ou qualquer outra coisa. De qualquer modo, é possível que o resultado da venda remonte a alguma coisa mais, entendo que poderia ser distribuído entre meus citados sobrinhos e sobrinhas, sem excluir David, se Deus tiver lhe concedido graça para ser mais moderado e sério. Mas, creio que a respeito deste assunto não haverá dificuldade, especialmente quanto as minhas dívidas que serão pagas, como tenho encarregado a meu irmão em quem confio, nomeando-o executor deste testamento junto ao respeitável Laurence de Normandie, concedendo-lhes poderes e autoridade para fazer um inventário sem qualquer forma judicial, e negociar minha mobília para levantar dinheiro dela de modo a consumar as orientações deste testamento como ele está aqui firmado por escrito, neste dia 

25 de Abril de 1564.

Testemunho com a minha mão,
JOÃO CALVINO.[11]

Após ser escrito como está acima, no mesmo instante o citado respeitável Calvino subscreveu com a sua usual assinatura o registro do citado testamento. E no dia seguinte, que foi 26 do mês de Abril, o citado respeitável Calvino chamou pela uma segunda vez junto aos respeitáveis Theodore Beza, Raymond Chauvet, Michael Cop, Louis Enoch, Nicholas Coladon, Jacques Desbordes, ministros da Palavra de Deus nesta igreja, e o respeitável Henry Seringer, professor de letras, todos os burgueses de Genebra, na presença de quem ele declarou que tinha determinado-me escrever sob ele, e com o seu ditado, o citado testamento na forma, e com as mesmas palavras que estão acima, dizendo-me para que o lesse em alta voz na presença das ditas testemunhas convidadas para este propósito, o que eu fiz com uma voz audível, e palavra por palavra. Depois desta leitura, ele declarou que esta era a sua vontade e último disposição, desejando que pudesse ser realizado. E assim, para maior confirmação do mesmo, solicitou as pessoas supracitadas que também a assinassem comigo, em Genebra, na rua chamada Des Chanoines, na residência do citado testador. Com fé disto, e para servir por suficiente prova, tenho redigido na forma como acima está apresentado o presente testamento, de modo a expedi-lo a quem o é de direito, sob o comum selo dos nossos mais honrados senhores e superiores e com a minha usual assinatura.

Testemunho com a minha mão,
P. CHENELAT.


______________
Notas:
[1] Nota do tradutor: O texto original está no Corpus Reformatorum vol. 20, pp. 298-302.
[2] Nota do tradutor: Alister McGrath nota que “Calvino somente adquiriu o status de bougeois, em Genebra, na sua velhice: ele nunca veio a ser um cidadão da cidade. Ele não poderia concorrer às eleições (e até dezembro de 1559 ele não podia nem mesmo votar nas eleições municipais); nem teve ele qualquer acesso privilegiado ao Conselho municipal ou influência direta sobre este, em nenhuma fase de sua carreira.” Alister McGrath, A vida de João Calvino (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2004), p. 148.
[3] Nota do tradutor: Calvino em seus escritos preserva essa característica coerente à sua convicção de que era a soberana graça que o tornava aceito diante de Deus, apesar de sua indignidade pecaminosa. Herman J. Selderhuis nota que Calvino “continuamente cita em suas cartas numerosas características negativas das quais ele era ciente, mas que ao mesmo tempo tinha dificuldade de esconder.” Herman J. Selderhuis, ed., The Calvin Handbook (Grand Rapids, Wm. Eerdmans Pulishing Co., 2009), p. 6. Ronald Wallace faz similar observar “o próprio Calvino era bem consciente de muitas de suas falhas que, às vezes, prejudicavam seu testemunho público e que o caracterizavam como uma pessoa particular.” Ronald Wallace, Calvino, Genebra e a Reforma – Um estudo sobre Calvino como um Reformador Social, Clérigo, Pastor e Teólogo (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2003), p. 237. Sobre este assunto Wallace dedica das páginas 237 a 242.
[4] Nota do editor: Guilhaume de Trie, Lorde de Varennes. Ele morreu em 1562, deixando a guarda de seus filhos à Calvino.
[5] Nota do tradutor: Este “tesouro dos pobres estrangeiros” era um fundo de reserva que a cidade de Genebra tinha para socorrer os refugiados, que por motivos políticos ou teológicos eram expulsos de suas pátrias, e procuravam acolhida nesta cidade. Durante o retorno de João Calvino para Genebra esta cidade em pouco tempo tornou-se não somente um local de referência para a Reforma teológica, mas também para o pensamento econômico, político e social. O próprio Calvino sabia o que era andar errante como um “pobre estrangeiro”. David W. Hall, The legacy of John Calvin – his influence on the modern world (Phillipsburg, P&R Publishing, 2008), pp. 15-18.
[6] Nota do editor: Mary, filha de um segundo casamento de Gérard Calvino. Ela deixou Noyon em 1536, para acompanhar os seus irmãos, João e Antony para a Suíça.
[7] Nota do editor: Antony Calvino teve com a sua primeira esposa dois filhos, Samuel e Davi, e duas filhas, Anne e Susannah; com a segunda, um filho, João, que morreu sem deixar posteridade em 1601, e três filhas, Dorothy, Judith e Mary, que morreram da praga em 1574.
[8] Nota do editor: Este David, bem como o seu irmão Samuel, foram deserdados por Antony Calvino, por causa de sua “desobediência”.
[9] Nota do editor: Os livros de Calvino foram comprados após a sua morte pelo lorde, como podemos ver nos registros do concílio do dia 8 de Julho de 1564: “resolvido comprar para a república os tais livros do senhor Calvino, como o senhor Beza melhor julgar.” 
[10] Nota do editor: Uma parte da mobília pertencia a república de Genebra, como é provado pelo inventário preservado nos arquivos (No. 1426). Extraímos desta lista os artigos emprestados para o reformador, do dia 27 de Dezembro de 1548, e devolvidos ao lorde após a sua morte.
[11] Nota do tradutor: Calvino faleceu em 27 de Maio de 1564 e é sepultado no dia seguinte “’envolvido em uma mortalha e colocado em um caixão de madeira, sem pompa ou cerimônia requintada ... seu túmulo foi identificado com um montículo simples, como o de seus mais humildes companheiros.’ Conforme ele mesmo desejara.” Derek W.H. Thomas, “Quem era João Calvino?” in: Burk Parsons, ed.,João Calvino amor à devoção, doutrina e glória de Deus (São José dos Campos, Editora Fiel, 2010), p. 54.
[12] Nota do tradutor: O livro foi publicado pela Editora Cultura Cristã sob o título de “Cartas de João Calvino – celebrando os 500 anos de nascimento do Reformador de Genebra”.


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Extraído de Letters of John Calvin: Select from the Bonnet Edition with an introductory biographical sketch (Edinburgh, The Banner of Truth Trust, 1980), pp. 249-253.[12] 

Tradução em 20 de Novembro de 2005 e revisado em 12 de Fevereiro de 2014.
Rev. Ewerton B.Tokashiki
Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho
Prof. de Teologia Sistemática no SPBC-RO

sexta-feira, 21 de março de 2014

O SONHO DE SER IGREJA!



" Alarga o espaço da tua tenda; estenda-se o toldo da tua habitação, e não o impeças; alonga as tuas cordas e firma bem as tuas estacas.  Porque transbordarás para a direita e para a esquerda; a tua posteridade possuirá as nações e fará que se povoem as cidades assoladas".Is. 54.2-3


Passamos a sonhar com a consolidação  de uma IPB na terceira maior cidade do sertão paraibano. Desde que  fomos recebidos como congregação da IPB de Sousa, sendo por esta apoiados, tivemos aprovação de nosso projeto - compra de um imóvel. Não tínhamos os recursos, mas tínhamos um sonho. Foi assim com José - seus irmãos diziam: “Vem lá o tal sonhador!” (Gn.37.19b).   Nesse sonho de ser igreja, alargando o espaço da nossa tenda (Is.54.2-3)  nos lembramos das palavras do Senhor: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que nos mande trabalhadores” ( Mt 9.35). O Senhor atendeu enviando mais trabalhadores. São novos irmãos e irmãs que também querem sonhar. Além desses, o Senhor da seara, enviou o pastor Júlio e sua família cuja experiência na obra missionária em outros campos, tem colaborado na evangelização das cidades Cajazeiras e Uiraúna.
Deus tem seu próprio tempo. Hoje por sua graça, aquilo que se iniciou apenas como um sonho começa a se tornar realidade. Com uma oferta do Supremo Concílio recursos foram disponibilizados para compra de um lote. Isso significa a metade do sonho concretizado. Mas, estamos  muito felizes pois, antes nem um pedaço de terra tínhamos e, semelhante a Hagar estávamos como que errantes no deserto (Gn 21.14). Foram inúmeras as mudanças por conta dos aluguéis, e, estas sempre trouxeram prejuízos ao crescimento da igreja.
A obra continua, vamos à segunda fase, construir para consolidar. Não temos os recursos, mas o Senhor na sua palavra diz: “ Minha é a prata, meu é o ouro, diz o SENHOR dos Exércitos”  (Ageu 2.8).  Na terceira fase desse sonho esperamos com a graça de Deus plantar novas igrejas por toda a região beneficiada por Cajazeiras. Segundo dados, essa região compreende uma população de 160 mil habitantes, são sítios, povoados e cidades vizinhas ao município em que não há nenhum trabalho presbiteriano. Há uma grande carência da pregação do genuíno evangelho da cruz, pois, é baixíssimo o índice de evangélicos na região. Esperamos com a graça do Senhor, encontrar irmãos e irmãs no corpo de Cristo com os mesmos sonhos ou sentimentos, assim como Paulo afirmou sobre seu filho na fé Timóteo: “Porque a ninguém tenho de igual sentimento que, sinceramente cuide dos vossos interesses”. (Fp 2.20).

Um sonho que aos poucos se torna realidade.

Aos poucos o sonho  da construção da Igreja Presbiteriana de Cajazeiras-PB torna-se realidade. Este sonho foi alimentado pelos pioneiros da pregação há mais de 50 anos, depois por aqueles que reativaram os trabalhos em 1996, são muitos nomes, não dá para enumerar. Desde o Presbitério da Borborema até o atual Presbitério Oeste da Paraíba, muitos sonharam, muitos trabalharam e também oraram. Mas, a bíblia diz que tudo tem seu tempo (Ec. 3.1), assim, as portas se abrem e a obra inicia-se, ainda que humildemente pois, os recursos são poucos.
O sonho continua  mas, enquanto a igreja sonha, também ora, trabalha e espera sempre na vontade de Deus ao afirmar "...faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu..." (Mt.6.10). A realidade chega e a vontade do Senhor se concretiza,  em Cajazeiras,  a terceira maior cidade do Sertão da Paraíba,  no dia 20 de maio de 2013 começa a primeira fase da construção,  a fundamentação do edifício. Seja o Senhor sempre glorificado  "Soli Deo Glória"

...EBENÉZER, E DISSE: ATÉ AQUI NOS AJUDOU O SENHOR. I SAMUEL 7.12b


Mais uma etapa do sonho de ser igreja se concretiza por meio da construção do templo, graças aos irmãos e irmãs que Deus tem levantado nesse imenso Brasil para contribuir. Assim, mais uma etapa está sendo vencida, dessa feita o reboco  que aos poucos dá nova forma as paredes da  casa de oração.

Isso traz grande alegria para os irmãos, que cada vez mais se movimentam para participar de alguma maneira da conclusão da obra. Graças ao Senhor, temos visto o interesse dos membros da congregação, seja  orando ou contribuindo financeiramente.

Nosso desejo é de nos mudarmos o mais rápido possível para o novo templo, pois, o lugar atual da nossa congregação já está ficando pequeno. Assim, logo que for colocado o teto e os banheiros estiverem prontos, nos mudaremos para o novo endereço. Graças as últimas ofertas recebidas temos os recursos da mão de obra, só precisamos agora conseguir 200 sacos de cimento.
Pedimos aos irmãos que leem essa matéria que continuem orando por essa obra para que o Senhor seja glorificado por meio dela.

SOLI DEO GLORIA.

Rev. Clodoaldo Brunet


Rev. Clodoaldo Brunet

Soli Deo Glória!
Pr Clodoaldo Brunet

Fonte:Sertão Presbiteriano

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