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terça-feira, 24 de setembro de 2013

O ambiente teológico Arminiano nos dias de Edwards


Atualizado em 23/09/2013, às 22:10hs.   

Por Heber Carlos Campos


Em 1737, Jonathan Edwards escreveu que "neste tempo [referindo-se ao outono de 1737] começou um grande ruído, nesta parte do país, a respeito do Arminianismo, que se parecia com um aspecto muito ameaçador com respeito ao interesse da religião."1
Geralmente, "Arminianismo" era um nome da Nova Inglaterra para uma espécie de religião que aparece em todos os tempos e lugares da igreja, e tem sido outras vezes conhecido como "semi-Pelagianismo", "sinergismo".2
Os arminianos lutam para sustentar uma espécie de liberdade humana que pode igualmente, e com o mesmo poder, rejeitar ou aceitar a misericórdia de Deus, oferecida em Jesus Cristo.
A Nova Inglaterra, por muito tempo, ficou consistentemente calvinista devido à forte influência dos puritanos, ao menos até o tempo dos grandes reavivamentos no tempo de Jonathan Edwards (1734 e 1740). Todavia, a despeito da influência dos despertamentos espirituais, começou a existir uma ação penetrante do Iluminismo europeu em alguns setores religiosos da Nova Inglaterra. Smith escreve sobre o dilúvio de influência que haveria de mudar algumas coisas na igreja da Nova Inglaterra.
Dentro da Inglaterra os elementos do Iluminismo tinham penetrado em ambos, no pensamento não-conformista e no anglicano, por todo o século dezessete. No começo do século dezoito, as tendências arianas, socinianas e pelagianas tinham todas ganho considerável raiz. Por causa do crescente contato comercial e cultural entre Boston e Londres, a parte oriental de Massachusetts foi diretamente exposta aos modos do pensamento liberal. Os dois ingleses liberais que se tornaram influentes naquela região foram Daniel Whitby (1638-1726) e John Taylor (1694-1761).3 Além deles, Thomas Chub, foi um terceiro nome importante nas controvérsias antropológicas com Edwards.
Por volta de 1740 o Arminianismo tinha prevalecido tanto em Harvard como em Yale entre os professores.4
Vejamos alguns expoentes do Arminianismo no tempo de Edwards:

John Taylor (1694-1761)

Taylor começou a rejeitar a idéia do pecado original e eventualmente escreveu seu tratado Scripture-doctrine of Original Sin.5

Taylor era contra a imputação do pecado

Nesse tratado ele atacou bíblica e filosoficamente essa doutrina cardeal do pensamento calvinista. Suas palavras são muito fortes contra a imputação do pecado original. Ele escreve:

Um representante de ação moral é o que eu não posso, de modo algum, digerir. Um representante, a culpa de quem a conduta será imputa a nós, e cujos pecados corromperão e perverterão a nossa natureza, é um dos maiores absurdos em todo o sistema para corromper a religião... Que qualquer homem sem meu conhecimento e consentimento, me represente, que quando ele é culpado eu devo ser reputado como culpado, e quando ele transgride eu sou responsável e punível por sua transgressão, e, por causa disso, sujeito à ira e maldição de Deus, não! Além disso, que por sua impiedade me seja dada uma natureza pecaminosa, e tudo antes de eu ser nascido, e consequentemente enquanto estou sem capacidade de conhecer, ajudar ou impedir o que ele fez; certamente qualquer um que se atreve a usar seu entendimento, deve claramente ver isto como não-razoável, e totalmente inconsistente com a verdade e a bondade de Deus.6

Esse tratado contra o pecado original foi recebido muito calorosamente e a sua influência se espalhou na Nova Inglaterra e foi recebido calorosamente por muitas pessoas. David Weddle escreve:

Muitos pregadores (de gerações mais jovens, e principalmente os graduados de Harvard) foram encorajados em sua apostasia do Calvinismo Puritano por esta expressão sofisticada do Arminianismo continental.7

Após a publicação do Scripture-doctrine of Original Sin, de Taylor, passou a existir um debate entre ele e Edwards. Edwards disparou o gatilho de sua obra The Great Christian Doctrine of Original Sin. Nessa obra, Edwards defendeu corajosa e veementemente a imputação do pecado de Adão à raça, usando a analogia da árvore e seus ramos.8

Taylor tinha uma visão superficial do pecado

O debate entre Taylor e Edwards foi sobre a idéia da necessidade. Smith afirma que:

Edwards já havia tratado com a questão da necessidade em Freedom of the Will e em seus debates com Whitby, e, portanto, ele estava totalmente preparado para tratar com os argumentos de Taylor. Semelhantemente a Whitby, Taylor argumentou que o pecado necessário não é pecado digno de culpa.9

Taylor sustenta que o pecado de Adão resultava subjetivamente em culpa, vergonha e temor e que ele caía numa sujeição à tristeza, penoso labor e morte. Esta morte, contudo, deve ser entendida simplesmente como morte física. A ruína do homem não parecia para ele ser muito grande, como pode ser visto na seguinte afirmação:

Nós somos nascidos como esvaziados de real conhecimento como os próprios animais. Somos nascidos com muitos apetites lascivos, e consequentemente, sujeitos à tentação e pecado. Mas isto não é uma falha de nossa natureza, mas a vontade de Deus, sábia e boa. Porque cada uma de nossas paixões e apetites naturais são, em si mesmos, bons; de grande uso e vantagem em nossas presentes circunstâncias; e nossa natureza seria defeituosa, preguiçosa ou indefesa sem eles. Nem há qualquer um deles que possamos dispensar no presente. Nossas paixões e apetites são, em si mesmos, sabia e bondosamente implantados em nossa natureza. Eles são bons, e se tornam maus somente pelo excesso anatural, ou por abuso ímpio. A possibilidade desse excesso e abuso é também sabiamente permitido para nossa provação. Porque sem tais apetites, a nossa razão não teria nada contra o que lutar e, consequentemente, a nossa virtude não poderia ser devidamente exercida e provada a fim de ser recompensada. E os apetites que temos, Deus tem julgado muito próprios, tanto para o nosso uso como provação.10

É muito estranha essa concepção de pecado produzida por Taylor. As inclinações que temos para o pecado, no pensamento de Taylor, são dons divinos, produto de sua generosidade, para nos provar e nos fazer melhores. Deus nos deu essas inclinações para podermos exercitar os nossos poderes racionais. Do contrário, eles ficariam inativos. Esses são os propósitos dos apetites sensuais.
Era dessa maneira superficial e distorcida que Taylor via a doutrina do pecado original no arminianismo de sua época. Edwards lutou contra Taylor para preservar a verdadeira doutrina calvinista sobre o pecado: (1) Adão foi tornado o cabeça federal da raça; (2) seu pecado foi imputado à sua progênie; (3) a corrupção da natureza visitou a totalidade da raça; (4) o pecado atual é uma consequência. Esta era a doutrina da "imputação imediata" que teve muita importância na teologia Reformada subsequente.

Daniel Whitby (1638-1726)

Whitby, o principal objeto da crítica de Edwards, expressava grande insatisfação com a doutrina do pecado original e considerava inaceitável a idéia da imputação defendida por Agostinho.11

Juntamente com Taylor, Whitby "argumentava que as pessoas não mereciam corretamente o louvor ou a desaprovação, se as ações delas fossem desempenhadas por necessidade. Em outras palavras, se não fazemos livremente escolhas, como pode Deus corretamente recompensar ou punir-nos por nossas decisões?"12 A acusação dos arminianos da época (e de hoje também!) era de que os calvinistas acabam tornando Deus o autor do pecado, se é verdade que tudo o que acontece decorre de uma necessidade.

Foi para responder aos livros de Whitby (e o de alguns outros) que Edwards compôs o seu livro The Freedom of the Will.

Whitby tinha uma visão da vontade bem diferente da de Edwards:

A vontade, de acordo com Whitby, é livre não somente no sentido de ser a faculdade de escolha, mas como não tendo nenhuma determinação seja para o mal ou para o bem. Sua liberdade ele define assim: "um poder de agir a partir de nós próprios, ou de fazer o que queremos". Assim, ela é livre, não somente de uma "coação", mas daquilo que, em distinção disso, era chamado "necessidade". Numa citação de um certo Mr. Thorndike a palavra "indiferença" é usada para descrever esta liberdade.13

No entendimento de Whitby os homens possuem motivos (como promessas e ameaças) que exercem influências, mas quando os motivos são apresentados, a decisão ainda repousa na vontade. Ela possui independência. Mesmo a despeito dos motivos, não existe determinação deles. A vontade escolhe como escolhe por "auto-determinação". Embora Whitby não use a palavra "auto-determinação" esse é o seu conceito no coração de suas obras. A vontade determina-se a si mesma. A conclusão do pensamento de Whitby é a seguinte:

Não há, evidentemente, nenhuma base racional para conhecer de antemão qual deverá ser a ação da vontade, mesmo quando todos os motivos operantes são supostamente conhecidos. A onisciência de Deus, que abarca sua presciência, é, portanto, um atributo inteiramente misterioso. Segue-se também que o homem na conversão não é passivo e que a graça de Deus não é irresistível.14

No pensamento de Whitby era essencial que a vontade devesse ser livre da "necessidade" assim como da "coação", e então a vontade do homem, mesmo no estado de queda, não seria diferente da vontade no estado edênico. Nada teria qualquer determinação sobre a vontade.

A resposta de Edwards a Whitby baseada em Locke

Edwards tinha todas as respostas para combater Whitby com os argumentos já proporcionados por John Locke. A base filosófica e lógica da sua argumentação para refutar Whitby Locke já havia levantado antes dele. Edwards já tinha lido o Essay on Human Understanding, especialmente o da primeira edição, escrito por Locke. A impressão que essa obra lhe causou em sua adolescência foi muito marcante!

O significado de Liberdade em Locke

A idéia de liberdade é a "idéia de um poder em qualquer agente para fazer ou omitir qualquer ação específica de acordo com a determinação ou pensamento da mente pelo qual qualquer uma delas é preferida em relação à outra".15 A liberdade é sempre uma liberdade externa, o poder de fazer como alguém deseja.

A liberdade, que é apenas um poder, pertence somente a agentes, e não pode ser um atributo ou modificação da vontade que é também apenas um poder... Perguntar se a vontade tem liberdade é o mesmo que perguntar se um poder tem um outro poder, uma capacidade tem uma outra capacidade... Raramente podemos imaginar qualquer ser mais livre do que ser capaz de fazer o que ele deseja.16

Rebatendo à pergunta, "Se um homem está em liberdade para querer qual dos dois lhe agrada, movimento ou repouso?", ele diz:

Esta questão carrega consigo o absurdo dela tão manifestamente em si mesma que uma pessoa poderia, por meio disso, suficientemente ser convencido de que liberdade não diz respeito à vontade." O ser humano faz somente o que lhe agrada ou convém.

"O que determina a vontade?"

Locke responde:

Parece assim estabelecida uma máxima pelo consenso geral de toda a raça de que bem, o bem maior, determina a vontade, e de forma alguma eu me espanto que, quando eu publiquei meus pensamentos primeiros sobre este assunto, tomei como certo, e eu imagino que por muitos eu serei considerado como desculpado por ter, então, feito assim.... Mas todavia, .... sou forçado a concluir que o bem, o bem maior, embora apreendido e reconhecido ser assim, não determina a vontade até o nosso desejo, levantado proporcionalmente a ele, mas faz-nos apreensivos no querer dele."17

Em ambas as edições do Essay on the Human Understanding, Locke tem opiniões diferentes sobre a resposta à pergunta: "O que determina a vontade?"

Em ambas as edições ele responde: "O motivo que está diante dela". Mas na primeira edição, onde a vontade não tinha sido agudamente distinguida do desejo, foi o motivo objetivo, o bem, enquanto que agora é o motivo subjetivo, ou o desejo excitado pelo bem apresentado na mente. Esta distinção dependeu da nova concepção que Locke tinha adquirido da "perfeita distinção" da vontade do desejo, que ele diz, "não devem ser confundidas".18

"O que move o desejo?" Locke responde: "A alegria", "o que tem uma aptidão de produzir prazer em nós, é o que chamamos bem". Mas um bem deve ser colocado para excitar o desejo, ou ela nunca influenciará a ação. Um bem ausente, por exemplo, é menos eficaz do que algum desconforto presente."19

Resumo da disputa entre Edwards e Whitby

Cada ato da vontade é um ato de escolha e envolve alternativas. Entre a escolha de duas alternativas, a pergunta é a seguinte: O que determina a vontade a escolher um ao invés de outro? Os arminianos diziam que a vontade determina a si mesma. Edwards diziam que a vontade é determinada pelo motivo mais forte.

Aos motivos são atribuídos, entretanto, um poder positivo. Eles são causas, e, assim, enquanto uma tendência ao ocasionalismo de Malebranche, que é evidente em seus escritos seguintes, Edwards atribuiu a eles uma causação eficiente. Eles poderiam ser calculados, e sobre um perfeito conhecimento da natureza e potência deles, a ação futura de um ser influenciado por eles poderia ser predita. Nisto, as condições subjetivas que determinam a influência dos motivos não foram negligenciadas, mas ainda o poder positivo foi deixado ao motivo objetivo.20

Portanto, o motivo dominante, ou o motivo mais forte, é que determina a ação da vontade. Esse motivo mais forte é determinante porque possui um certo poder de atração ou porque é um bem aparente. Os mandamentos e as ameaças são motivos que podem ser empregados, mas o que quer que sejam os motivos, como um homem escolhe, assim é ele. Na verdade, o poder de escolha está no homem e não na sua vontade. A vontade não possui independência em relação aos fatores internos e externos que há no homem.

Thomas Chubb (1679-1747)

Thomas Chubb, um deísta e ariano inglês, teve treinamento informal em geografia, matemática e teologia, enquanto trabalhava como aprendiz na  fabricação de luvas.

Ele começou sua fé na fase primitiva do Arminianismo, mas sempre tentou reconciliar Jeová com o conceito racionalista de um Ser Supremo. No entanto, ele se tornou e permaneceu um cristão deísta. Ele comparou abertamente a propagação do cristianismo primitivo com a difusão do metodismo em sua época, e, por meio disso, rejeitou as alegações de poder sobrenatural associados com a igreja primitiva. Ele defendeu uma espécie de cristianismo racionalista. Ele considerava a revelação, não como divina, mas como a obra de homens honestos que fizeram uma narrativa justa e fiel dos acontecimentos. Ele era dúbio a respeito de uma providência particular, portanto, da oração. Ele argumentava contra a profecia e milagre e cria na dignidade da natureza humana e no livre arbítrio.

Jonathan Edwards foi um dos maiores opositores de Chubb, no seu livroThe Freedom of the Will, em 1754. Ali ele gastou cerca de 19 páginas para refutar a doutrina da vontade livre de Chubb. Chubb foi muito lido nos Estados Unidos em sua época.21

Em sua Freedom of the Will, Edwards atacou o conceito de Liberdade sustentado por Chubb, que afirmava que:

todo ato de escolha é ordenado por um ato de escolha separado. Assim, a liberdade de escolha, Edwards concluiu, é somente uma quimera, de acordo com o próprio raciocínio de Chubb - e é contraditado e, portanto, engolido pela escolha necessária.22

Edwards disse que a "sua noção de ato livre" era "uma pilha de contradições".23

Edwards também atacou o seu deísmo porque ele o considerava perigoso para a fé cristã.24 Edwards estava muito preocupado com o deísmo vigente na Nova Inglaterra. Num sermão pregado em 1743 ele referiu-se "aos roubadores, piratas e deístas".25 Edwards dizia que a nação estava sendo atacada pelo Deísmo de homens como Chubb. Ele menciona que o Deísmo "está fazendo um espantoso progresso em nossa nação", de forma que "grande parte da nação tem se tornado deísta".26

Foi num ambiente teológico de controvérsias libertárias como essa que Edwards escreveu o seu livro Freedom of the Will. Se Edwards não reagisse a esse libertarismo de Taylor, Whitby e Chubb, o Calvinismo seria banido da Nova Inglaterra. Toda estrutura teológica Reformada cairia em colapso. O libertarismo estava tomando conta de muitos redutos outrora Calvinistas da Nova Inglaterra. Winslow colocou de forma correta o problema:

Se a vontade do homem fosse livre, e ele pudesse aceitar a graça divina ou rejeitá-la, então sua eterna salvação não mais poderia ser preordenada por um poder fora de si mesmo: ele seria salvo por sua própria escolha, não pelo decreto imutável. E se isto fosse verdadeiro, então a soberania de Deus seria limitada, não absoluta... Se a vontade do homem fosse livre, a estrutura calvinista estaria arruinada.27

O calvinismo de Edwards, portanto, veio a negar a liberdade libertária ensinada pelos arminianos da época. Edwards não poderia ficar calado diante de perigo tão grande causado pelo libertarismo, para a fé calvinista. Por essa razão, em sua Freedom of the Will, Edwards atacou violentamente o arminianismo, fortalecendo, assim, novamente, o sistema calvinista de teologia na Nova Inglaterra.

Edwards procura, com todas as suas forças, eliminar a noção arminiana de Vontade Livre, mas não elimina a liberdade no homem. Ele passa a discorrer a respeito de um tipo diferente de liberdade, estranho aos arraiais arminianos. Winslow escreve:

Sua refutação da posição arminiana significa, em essência, uma nova definição de liberdade humana pela qual ele pensou numa pancada para salvar ambos, a dignidade do homem e a onipotência de Deus. Ele concede ao homem a liberdade de ação para levar a cabo suas próprias escolhas, mas insiste que essas escolhas são determinadas pelos motivos que repousam fora do controle do homem... A contribuição de Jonathan Edwards foi fazer da liberdade do homem um passo intermediário. Ele tinha qualificado antes do que negado a liberdade; ou, numa frase mais moderna, ele reproduzido a liberdade humana como 'condicionada'.28

É do combate à liberdade libertária do arminianismo e de sua nova definição de liberdade que o seu livro Freedom of the Will trata.

***
- Para visualizar as notas, veja no final do artigo original, aqui.

- Sobre o autor: Heber Carlos Campos é ministro presbiteriano, professor de Teologia Sistemática no CPAJ e o coordenador do Jonathan Edwards Center no Brasil. Palestrante e autor de vários livros e artigos. É Doutor (PhD) em Teologia Sistemática no Concordia Theological Seminary, Saint Louis, Missouri, EUA.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

John Piper diz que aborto e casamento gay são resultado de “insanidade nacional”


“Jesus odeia o politicamente correto”, afirma pastor renomado
por Jarbas Aragão

John Piper diz que aborto e casamento gay são resultado de “insanidade nacional”Jesus odeia o politicamente correto, afirma John Piper
O pastor John Piper ficou 33 anos no pastoreio da mesma igreja em Minneapolis. Hoje, se dedica a ser um teólogo em tempo integral e escrever mais livros. Ele já tem mais de 50 no currículo e não acredita em aposentadoria.
Recentemente, Piper foi convidado a falar para os alunos da Faculdade e Seminário Bethlehem. A palestra foi em forma de entrevista, que ficou a cargo de Marvin Olasky, editor da revista cristã World Mag. O debate foi bastante provocativo. Desde o início, o pastor fez várias declarações fortes.
“Os últimos cinco capítulos de Juízes repetem como um refrão que todo mundo fazia o que era certo aos seus próprios olhos. Isso parece muito com o ceticismo ou relativismo pós-modernista que vemos hoje. Temos abandonado os conceitos absolutos de certo e errado. Sem representantes fieis do Rei Jesus nas igrejas, as pessoas vão continuar fazendo o que bem entenderem”, disse logo no início.
Perguntado sobre como via o futuro, foi incisivo “Não estou otimista, mas acredito na soberania absoluta de Deus, que poderia se mover como um tornado nesta terra, livrando-nos de nossa autodestruição… acordar as pessoas para que elas digam: “O que nós estamos fazendo é loucura”. É loucura matar bebês ainda no ventre. É loucura chamar de casamento quando dois homens vivem juntos e têm relações sexuais um com o outro. Deus pode se mover em nossa cultura e levar as pessoas a dizerem: “Nós estávamos… sob a escuridão… Vou orar até o dia que eu morrer para que isso realmente aconteça”.
Questionado sobre suas declarações serem “politicamente incorretas”, disparou: “Politicamente correto significa que há uma maneira de falar parecendo ser menos ofensivo… mas eu sei que Jesus odeia isso, pois Mateus contou a história dos saduceus que vieram até ele e perguntaram com que autoridade fazia aquelas coisas… Jesus recusou-se a responder. Jesus não falava com pessoas assim. Eu não gostaria de fazer algo… que deixaria Jesus sem falar comigo. Eu abomino o politicamente correto. Eu abomino saber que você precisa mudar suas palavras para ser aceito enquanto sacrifica a verdade”.
No final, perguntado sobre que dicas daria aos alunos que estavam começando seus ministérios agora, foi enfático: “Escolha o que mais fizer o seu coração queimar… Pode ser uma pequena igreja aqui mesmo em Minnesota, ou pode ser o lugar mais assustador no Paquistão, não importa… O que Deus quer de nós é que tenhamos amor pela santidade, um amor pelas pessoas e amor pela obediência a Ele.”
Vídeo da entrevista (em inglês):
Fonte:gospelprime

Aluna fica com “zero” em trabalho por negar-se a comprometer sua fé


Aluna de 14 anos não concordou em visitar templos muçulmanos e hindus
por Jarbas Aragão

Aluna fica com “zero” em trabalho por negar-se a comprometer sua féAluna fica com "zero" em trabalho por negar-se a comprometer sua fé
A escola Henderson High School apresentou aos seus alunos uma oportunidade de conhecerem ao vivo outras religiões. Mas gerou polêmica nacional. Isso ocorreu na cidade de Nashville, capital de um Estado que faz parte do conhecido Cinturão Bíblico, região sulista predominantemente evangélica.
A breve excursão dos alunos durou um dia e os levou para uma mesquita islâmica e um templo hindu. O objetivo era mostrar a eles como pensam as pessoas que seguem essas religiões. Chegando ao Centro Islâmico de Nashville, receberam cópias do Alcorão, ouviram sobre a fé muçulmana e foram ensinados sobre a postura correta durante as orações. Muitos ajoelharam seguindo as instruções.
Depois, foram para o local de adoração dos hindus, onde aprenderam sobre sua infinidade de deuses e tiveram uma rápida aula sobre meditação. De volta à escola, no final da tarde, receberam como tarefa de casa escrever sobre o que aprenderam.
No dia seguinte, a rede de TV FOX News divulgou a história e a polêmica só cresceu. Entrevistado pela emissora, Mike Conner relata que alguns pais ficaram chateados e se perguntaram por que a escola levou os filhos para um tour sobre religiões que ignorou uma igreja cristã e uma sinagoga judaica.  Entre os motivos de indignação estava o material que os alunos levaram para casa.
Um dos folhetos afirma “O profeta do Islã estava preparado para viver em paz com os seguidores de outras religiões monoteístas, especialmente o judaísmo e o cristianismo… Não há como negar que os muçulmanos do Oriente Médio conquistaram terras de africanos, asiáticos e outros povos, mas eles não impuseram sua religião sobre eles. Se compararmos a atitude dos governantes muçulmanos para com as minorias que viviam sob seu domínio e a atitude dos europeus e norte-americanos para com as suas minorias, atrevo-me a dizer que os muçulmanos deram melhor tratamento”.
A filha de Conner, Jessica, 14 anos, disse que não participaria por ser de uma família evangélica e sentir-se desconfortável com a atividade. Ela recebeu uma tarefa de substituição, onde deveria comparar e Islamismo, o Cristianismo e o Hinduísmo.
“Deveria ser uma página sobre as palavras de Jesus, duas sobre as palavras de Gandhi, e cinco sobre Maomé”, protestou o pai da adolescente. Ela não quis completar a tarefa, pois acreditava que era “injusto e desigual” fazer esse tipo de comparação.
“Por causa do excesso de informações sobre Maomé, a falta de informações sobre Mahatma Gandhi e o pequeno espaço para Jesus Cristo, não é possível realizar corretamente uma comparação e contraste entre eles”, escreveu a adolescente na tarefa entregue à professora. Jessica ficou com zero na avaliação.
Os pais procuraram o diretor, mas a escola se recusou a dar Jessica outra tarefa e a mudar a nota. “Eles disseram que estávamos sendo hostis para com o Islã”, lamentou o senhor Conner.  Para ele, a diretoria deveria punir os professores que planejaram a excursão. Em comunicado oficial, disseram que não havia condições de visitar uma igreja e uma sinagoga no mesmo dia.
Este é segunda polêmica no Estado este mês. Em outra escola, uma professora proibiu que a aluna Erin Shead, de 10 anos de idade escrevesse sobre Deus em um trabalho escolar. A mãe da menina ficou inconformada porque a escola não permitiu que Erin dissesse que Deus era seu ídolo. Ao ser obrigada a refazer o trabalho, escolheu falar sobre um ídolo da música: Michael Jackson. Desta vez a professora aprovou. Com informações de Charisma News e Fox News. 
Fonte:GP

Deus usa os bostas!

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Por Felipe Sabino de Araújo Neto


Perdão pelo título desse artigo, mas poderíamos negar essa afirmação? Deus usa os bostas, caro leitor!

Pensemos nos primórdios do cristianismo. Como se deu o seu avanço? Era um movimento obscuro, marginal, com ninguém ilustre em seu meio. É claro que havia Paulo, homem erudito e com uma cultura invejável. Mas, em sua maioria, os seguidores de Cristo eram pessoas humildes, iletrados, mas que foram poderosamente usados por Deus. O cristianismo tornou-se uma força dominante logo nos primeiros séculos de existência. A sua influência na cultura ocidental foi gigantesca, a despeito de hoje seus inimigos negarem tal coisa. O triunfo do cristianismo, tornando-se assim a maior religião do mundo, foi alcançado pela instrumentalidade de pessoas comuns.

Na história da igreja é a mesma coisa. Quem era Lutero? Um medroso, que fez um voto tolo a uma “santa” por causa de uma simples tempestade. E Calvino? Um jovem tímido, introvertido, que precisou ser alvo de uma imprecação para agir. John Wesley? Um tonto, que achava pecado pregar ao ar livre. Ainda bem que Deus usou outro tonto, Whitefield, que não somente conduziu Wesley a essa linda prática, mas alcançou milhares para Cristo. Percorra a história da Igreja e constate a mesma coisa: homens comuns, às vezes relutantes, teimosos, mas usados por Deus.

Sempre quando o Senhor abençoa algo que eu faço, penso: “Deus usa os bostas!”. É claro que não posso comparar os meus feitos ínfimos e limitados com os exemplos que citei até aqui. Contudo, a despeito do trabalho pequeno e restrito, o Senhor tem se servido de usar o sítio Monergismo para abençoar os seus filhos. Não são poucos os que me escrevem dizendo que descobriram a beleza do Evangelho por meio do sítio. Além disso, grandes pensadores da tradição reformada, que nunca falaram em português, mesmo existindo inúmeras editoras protestantes no Brasil (e em Portugal), só passaram a ser conhecidos em nossa terra por causa do sítio e da Editora Monergismo. É algo que me alegra e ao mesmo tempo me assombra!

Já que eu toquei no nome da Editora, consideremos o caso de Gordon Clark. Se você é um visitante assíduo do Monergismo, provavelmente sabe de quem estou falando. Mas não era assim há uns 10 anos. Clark era praticamente desconhecido no Brasil, pelo menos pelo público em geral (sempre há um Wadislau ou Solano, que já leram de tudo). Assim, pela graça de Deus, tornei esse filósofo e teólogo calvinista conhecido traduzindo artigos e mais artigos. Mas eu não consegui autorização para publicar os seus livros no sítio. Precisava de uma editora! E não é que, mesmo com inúmeras dificuldades (financeiras, inclusive), até mesmo a sua obra-prima, Uma Visão Cristã do Homem e das Coisas, está disponível? Esse livro importantíssimo foi publicado em 1952 e só agora, em 2013, é vertido para o português. E por uma editora sem prestígio, pequena, de “fundo de quintal”. Você pode achar ridícula essa argumentação, e até continuar reclamando do título desse artigo, mas não vejo outra conclusão a não ser esta: Deus usa os bostas!

Tem sido assim desde o começo da história do cristianismo, da história do mundo. E vai continuar sendo assim, até a consumação dos séculos. O Reino de Deus avança, não por haver super-homens ao seu serviço, mas porque Deus está no controle de todas as coisas. Não nos esqueçamos do que o Senhor mesmo nos ensinou, por meio do apóstolo aos gentios: a nossa suficiência vem de Deus!

E você? Vai ficar aí parado dizendo que não pode fazer nada? Você se acha importante e especial? Então faça alguma coisa! Considera-se um trapo, imprestável? Anime-se, pois Deus usa os bostas, meu caro!

“Irmãos, observai o vosso chamado. Não foram chamados muitos sábios, segundo critérios humanos, nem muitos poderosos, nem muitos nobres.” (1 Coríntios 1.26, A21)
_________________________
- Sobre o autor: O autor é Bacharel em Ciências da Computação pela Universidade Federal de Mato Grosso (2001). Além de cursar o Master of Arts (Religion) no Reformed Theological Seminary (Charlotte, EUA), é Bacharelando em Filosofia pela Universidade do Sul de Santa Catarina, Mestrando em Teologia Filosófica pelo Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper (Instituto Presbiteriano Mackenzie) e Mestrando em Filosofia (Conceito CAPES 3) pela Universidade de Brasília (UnB). Presbiteriano por convicção, é membro da IPB desde 2002. É atualmente Presbítero da Igreja Presbiteriana Semear (Brasília-DF).

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Fonte: Monergismo

Rock in Rio termina com grito de “o mal permanece para sempre”


Pastor dá seu testemunho a fãs de heavy metal O grupo inglês de heavy metal Iron Maiden encerrou o festival...
por Jarbas Aragão

Rock in Rio termina com grito de “o mal permanece para sempre”Rock in Rio termina com grito de "o mal permanece pra sempre"
Pastor dá seu testemunho a fãs de heavy metal
O grupo inglês de heavy metal Iron Maiden encerrou o festival Rock in Rio, que teve público total de 600 mil pessoas. Às 0h10 desta segundo, iniciou sua apresentação, que segundo o jornal Estado de São Paulo “parecia anunciar mesmo o Apocalipse”.
Na introdução surgiram imagens nos telões mostrando destruição de forças da natureza. Logo depois, apareceu Jesus Cristo em um crucifixo prestes a incendiar. O vocalista, Bruce Dickinson, instigava o público a cantar junto músicas conhecidas como “The number the beast”, cujo letra anuncia “Ai de vós, ó terra e mar/ Pois o demônio envia a besta com ódio/ Porque ele sabe que o tempo é curto/O ritual começou, o trabalho do satanás está feito/ 666, o número da besta/ Está havendo sacrifício esta noite”.
Durante mais de uma hora, a banda tocou acompanhada pelo seu famoso “mascote” Eddie, um morto-vivo que aparecia soltando fogo pelo crânio nos telões atrás do palco. Perto das duas da manhã, encerrou-se o Rock in Rio 2013 com o Iron Maiden anunciando na última música “O mal permanece para sempre/ O mal que os homens fazem permanece para sempre!/ Círculo de fogo, meu batismo de alegria parece terminar/ A sétima ovelha morta, o livro da vida está aberto diante de mim”.
Mas esse não foi o único momento de trevas no espetáculo. No final da noite de domingo, quem estava no palco era a banda Slayer. Segundo o site Globo.com “O inferno não é mais o mesmo, mas continua cozinhando como sempre. Sem o ídolos Jeff Hanneman (morto este ano), o Slayer aterrorizou os fãs no último dia de Rock in Rio neste domingo com o peso e a velocidade que se esperava”.
Entre as músicas mais conhecidas, estava “Disciple”, onde o vocalista grita “God hates us all” (Deus odeia a nós todos). O final da apresentação que teve o símbolo satanista do pentagrama no telão de fundo quase o tempo todo, foi com “Angel of Death”, que diz “Podre anjo da morte/ Voando livremente/ Monarca do reino dos mortos/ Infame sanguinário/ Anjo da morte”
Entre os presentes no Rock in Rio esses dias estava um pastor que pode contestar quem acredita que trata-se de algo inocente, apenas diversão musical. Ele sabe das implicações de se dedicar a esse tipo de invocação e o preço que elas trazem, pois quase teve sua vida destruída por elas.
Marcos Motolo, já foi considerado o maior fã do Iron Maiden no mundo, com 172 tatuagens. Ele estava no Rock in Rio para dar testemunho de sua transformação de rockeiro ateu em missionário. Ele traz em seu corpo inclusive o 666, em homenagem a canção “The number the beast”. Mas usa isso para pregar “Eu não acredito que nada que eu tenha venha me prejudicar de alguma forma. A Bíblia fala que nenhuma condenação existe quando a pessoa encontra Cristo. Por isso que você vê muito ex-matador, ex-traficante ou ex-roqueiro que vira pastor”. Conta ainda que 8 tatuagens já desapareceram sem cirurgia. Ele crê que as outras também sumirão. Em um de seus vídeos ele explica “Eu abro a Bíblia e Deus me revela o que aconteceu na vida de qualquer pessoa ali dentro… Desde minha conversão, o Senhor disse que ele ia me levar para os quatro cantos da Terra e, onde eu colocasse meus pés, as pessoas seriam transformadas pelo poder de Deus”.
Ele se converteu em 2005. Conheça seu testemunho

Com informações de Estadão e Globo.com

A obediência e a desobediência civil no pensamento de João Calvino

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Rev. Paulo Ribeiro Fontes


As idéias de Calvino, acerca do Estado, têm sido analisadas e discutidas por diferentes intérpretes de origens diferentes e até divergentes. Por isto a sua filosofia política tem sido exaltada, atacada, mal interpretada e ridicularizada, a tal ponto que às vezes caberia a pergunta se o próprio Calvino estava seguro do que, de fato, queria dizer. E um dos problemas de interpretar o pensamento de Calvino em questões políticas, surge ao se relacionar as diversas afirmações que em seus escritos exigem obediência ao Estado e as que insistem não apenas no direito, mas no dever de resistir. Fica então a pergunta: Calvino ensinou a obediência ou a desobediência civil? E quais são as bases nas quais o ensino de Calvino sobre a questão, se sustenta? O presente artigo tem o propósito de entender a relação entre obediência e desobediência civil no pensamento de João Calvino.

I – Foi Calvino um cientista político? Para compreender as origens da filosofia política de Calvino é necessário, primeiramente, que entendamos que Calvino laborou como um teólogo e pastor, antes que como um cientista político. A despeito de sua formação em direito e de ser o seu primeiro trabalho publicado - um comentário de De Clementia, de Sêneca – uma exposição da ciência política do renascimento, o labor de Calvino foi de fato teológico. Calvino jamais se preocupou em formular uma doutrina política à parte de sua teologia. Obviamente, por ter formulado um sistema teológico abrangente e por ter profunda preocupação pastoral, Calvino tratou em sua formulação teológica de todas as atividades do homem, inclusive a política. É como teólogo e pastor que Calvino precisa ser encarado quando analisamos qualquer aspecto de seu pensamento.

Caso contrário nos perderemos em nosso esforço de analisa-lo. 

Em segundo lugar precisamos entender Calvino como um homem do seu tempo. A sua teologia foi intimamente relacionada e influenciada pelos acontecimentos e pelo pensamento de sua época. Se por um lado Calvino se esforçava para extrair a sua teologia das Escrituras, por outro lado ele estava preocupado em aplicar as Escrituras às questões do seu tempo.

Em segundo lugar é necessário entender que a marca característica da teologia de Calvino é sua teocentricidade e desta forma todo o seu pensamento é teológico e teocêntrico. Uma das afirmações básicas da doutrina política de Calvino é que o Estado é uma instituição criada e sancionada por Deus, é um instrumento da providência divina. E é a partir desta afirmação básica que devemos compreender tudo que concerne à ordem política, no pensamento do reformador.

II – A obediência civil: Segundo Calvino, por causa de sua origem divina, as autoridades civis têm o direito à obediência de todos os homens em geral e dos cristãos em particular. Os magistrados são instituídos por Deus, investidos de autoridade divina e representam a pessoa de Deus em cujo nome agem. Portanto, a autoridade civil é, à vista de Deus, sagrada e legal. “A razão por que devemos estar sujeitos aos magistrados é que eles foram designados pela ordenação divina”.[1] Assim devemos obediência às autoridades civis porque o mandato delas vem de Deus. Calvino afirma ainda que ninguém está isento da obrigação da obediência civil.[2] Ele mostra improcedência da tese defendida pela maioria dos anabatistas, que negava que os cristãos estivessem sujeitos à obediência ao governo civil.[3] Para Calvino, o governo civil, como instrumento da divina providência, é tão necessário à humanidade, como o pão e a água, a luz e o ar. Resistir às autoridades civis significa resistir ao próprio Deus.[4] Portanto, mesmo que injusta, imoral ou anti-religiosa, a autoridade civil deve ser respeitada em sua função legítima. Calvino acreditava que Deus pode se servir de magistrados indignos e injustos para, soberana e providencialmente, cumprir a sua boa vontade na história.[5]

Assim, coerentemente com o seu ensino de que Deus é soberano absoluto sobre absolutamente todas as coisas e fazendo frente ao ensino anabatista de sua época, Calvino ensinou a doutrina da obediência civil.

III – A desobediência civil: Mas foi também a partir da premissa da soberania de Deus que Calvino chegou ao seu ensino sobre a desobediência civil. Se é por causa de sua origem divina, que as autoridades civis têm o direito à obediência de todos os homens em geral e dos cristãos em particular, também é por ser de origem divina que, para Calvino, o poder político é limitado em sua função e em seu fim. Assim como se opôs à tese dos anabatistas, Calvino se opôs também à tese sustentada por muitos católicos romanos e luteranos, que entendiam que os príncipes possuíam autoridade absoluta e ilimitada. Comentando Romanos 13.4, ele afirma:

“Os magistrados podem aprender disto a natureza de sua vocação. A sua administração não deve ser feita em função de si próprios, mas visando ao bem público. Nem têm eles poderes ilimitados, senão que sua autoridade se restringe ao bem-estar de seus súditos. Em resumo são responsáveis diante de Deus e dos homens pelo exercício de sua magistratura. Uma vez que foram escolhidos e delegados por Deus mesmo, é diante deste que são responsáveis.” [6]

Desta forma, somente Deus possui autoridade auto-gerada. A autoridade dos magistrados é delegada por Deus, a quem devem prestar contas. Por isto, a obediência devida às autoridades civis é limitada, sobretudo, pela obediência que o homem deve a Deus. Calvino encerra as Institutas com estas palavras:

“Mas, na obediência que temos ensinado ser devida aos superiores, deve haver sempre uma exceção, ou antes, uma regra que se deve observar acima de todas as coisas: é que tal obediência não nos afaste da obediência Àquele sob cuja vontade é razoável que se contenham todos os editos dos reis, e que à sua ordenação cedam todos os mandamentos, e que à sua majestade humilhada seja e rebaixada toda a sua altaneria. E, para dizer a verdade, que perversidade seria, a fim de contentar os homens, provocar a indignação dAquele por amor de quem obedecemos aos homens? Devemos estar sujeitos aos homens que têm preeminência sobre nós, não, entretanto, de outra forma senão em Deus. Se, porventura, os homens ordenam algo que contraria a Deus, de nenhum valor nos deve isto ser.”[7]

Para Calvino, o dever de submissão às autoridades civis não é ilimitado. Contra os governos injustos é preciso agir pelos meios legais que estão na mão do povo. Por isso, ele entendia que é necessário dar ao povo mecanismos legais para a derrubada de seu governo.

É a doutrina dos “magistrados inferiores” encarregados da salvaguarda do povo e de suas liberdades contra a propensão dos governos à arbitrariedade e à tirania.[8] Assim a desobediência civil ao governo injusto, naquilo que ele tem de injusto é, pois, para o cristão, não apenas um direito, é um dever. A obediência às ordens injustas da autoridade civil, contrárias à vontade de Deus, é um crime contra o próprio Deus. Mas a desobediência civil não se justifica senão àquela ordem injusta em particular, naquele ponto específico que o governo tem de injusto, e não ao governo como um todo. O governo injusto retém sua autoridade em tudo que exige de seus governados e que não contrarie sua obediência a Deus.

Calvino ensina também que Deus pode, ocasionalmente, suscitar “salvadores providenciais”, de dentro ou de fora da própria nação. Desta forma, quando a desordem alimentada pelo governo é maior que a injustiça da revolução, a revolução é, de maneira excepcional, justificada. Obviamente isto é, para Calvino, uma exceção e não uma regra que justifique toda e qualquer revolução.

Conclusão: A tese de Calvino era a das obrigações e responsabilidades mútuas, divinamente ordenadas entre magistrados e cidadãos. Nesta questão, Calvino se posicionava contra um duplo perigo: o da rebelião do povo contra o governo e o do abuso do poder do governo contra o povo.[9] Ele rejeitou ambos os extremos. Para ele a falta de governo conduz à anarquia e ao caos, e o absolutismo monárquico se opõe à verdadeira religião, elevando-se acima do trono do Deus soberano. Assim no pensamento de Calvino o autoritarismo é condenável, ao mesmo tempo em que o princípio de autoridade é desejável.

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Notas:
[1] João Calvino, Comentário à Sagrada Escritura – Exposição de Romanos, (São Paulo: Edições Parácletos), 450
[2] Ibid
[3] Institutas IV, xx, 5
[4] João Calvino, Comentário à Sagrada Escritura – Exposição de Romanos, (São Paulo: Edições Parácletos), 451
[5] Institutas, IV, xx, 25 
[6] João Calvino, Comentário à Sagrada Escritura – Exposição de Romanos, (São Paulo: Edições Parácletos), 453
[7] Institutas, IV, xx, 32
[8] Institutas, IV, xx, 31
[9] Institutas, IV, xx, 1

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Homem-bomba mata mais de 80 cristãos durante culto no Paquistão


Ataque é visto como parte de uma ação coordenada pela Al-Qaeda Neste domingo (22), ocorreu um dos ataques mais violentos...
por Jarbas Aragão

Homem-bomba mata mais de 80 cristãos durante culto no PaquistãoHomem-bomba mata mais de 80 cristãos durante culto no Paquistão
Ataque é visto como parte de uma ação coordenada pela Al-Qaeda
Neste domingo (22), ocorreu um dos ataques mais violentos contra os cristãos no Paquistão nos últimos 70 anos. O cristianismo reúne cerca de 2% dos 180 milhões de habitantes do país. Especialistas acreditam é que é mais uma ação coordenada pela Al Qaeda, que no sábado usou guerrilheiros somalis para invadir um shopping não Quênia, visando justamente os cristãos.
Como resultado, homens-bomba invadiram o culto em uma igreja cristã em Peshawar, norte do Paquistão, resultando em 81 mortos e 131 feridos. Entre as vítimas fatais estavam 37 mulheres e um número não divulgado de crianças. A igreja evangélica fazia parte de uma das oito dioceses da igreja cristã do Paquistão, formada em 1970 como resultado da união entre luteranos, presbiterianos, metodistas e anglicanos. O templo da All Saints Church foi construído em 1883, quando a região ainda pertencia à Índia, sendo um dos mais antigos lugares de culto cristão no país.
Segundo investigações preliminares, um homem detonou mais de 16 quilos de explosivos enquanto mais de 500 fieis saiam da celebração para receber um almoço grátis na frente do templo. Testemunhas disseram ter ouvido duas explosões, sendo a segunda mais forte . “Houve explosões e foi o inferno para todos nós”, disse Nazir John, que estava na igreja. “Quando recuperei a consciência, não vi nada além de fumaça, poeira, sangue e as pessoas gritando. Vi também membros decepados e sangue por toda parte.” Até o momento trabalha-se com a teoria de que foi um único homem-bomba, embora não descarte a possibilidade de serem mais.
O ataque suicida contra a Igreja em Peshawar foi assumido pela nova facção talibã, a Junood ul-Hifsa. Ao mesmo tempo que anunciam sua criação, ameaçam matar estrangeiros e vingar os ataques americanos contra a Al-Qaeda na fronteira com o Afeganistão.
“Cometemos o atentado suicida na igreja de Peshawar e continuaremos atacando os estrangeiros e não muçulmanos até que parem os ataques de drones”, explicou Ahmad Marwat, porta-voz do grupo.
Nesta segunda, cristãos em diferentes cidades do Paquistão, protestaram contra a violência e para pedir mais proteção das autoridades. Na capital Islamabad, mais de 100 manifestantes bloquearam a principal avenida da cidade durante várias horas nesta segunda-feira. “Todo cristão está se sentindo ameaçado no Paquistão”, disse Tahir Naveed Chaudhry, advogado e presidente da Aliança das Minorias Cristãs do Paquistão.
Após as terríveis imagens do ataque se espalharam pela mídia no mundo todo, vários grupos cristãos pediram orações pelo país. O primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, e o Presidente Mamnoon Hussein, condenaram fortemente o ataque, mas não anunciaram nenhuma medida.
Com informações de L A Times e Washington Post
Fonte:GP

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