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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Os quatro mais notáveis escritores anglicanos


C. S. Lewis (1898-1963)
Foi um dos gigantes intelectuais do século 20 e talvez o mais influente escritor cristão de sua época. Lecionou literatura inglesa na Universidade de Oxford e inglês medieval e renascentista na Universidade de Cambridge. Escreveu mais de trinta livros, entre eles a famosa série “As Crônicas de Nárnia”, “O Problema do Sofrimento”, “A Anatomia de uma Dor”, “Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz”, “Os Quatro Amores” e “Cristianismo Puro e Simples”. Este último foi o livro que mais levou intelectuais a se tornarem verdadeiramente cristãos na história da literatura. A vasta cultura e a grande projeção de Lewis não o impediram de declarar: “Meu bem maior está em outro mundo e o meu único e verdadeiro tesouro é Cristo”.

John Stott (1921- )
É umas das pessoas mais influentes do mundo, segundo a revista “Time”. Foi pastor da All Souls Church, em Londres, capelão da rainha Elizabeth II e presidente do London Institute for Contemporary Christianity. Redigiu o pacto de Lausanne, o mais importante documento de missiologia do século 20, e é o pregador e escritor mais cristocêntrico da atualidade. Essa relação pessoal com o Senhor começou em fevereiro de 1938, há 72 anos, quando Stott abriu a porta para Jesus, com a idade de 17 anos. Para ele, Jesus “é o nosso destino e também o nosso predecessor, nosso acompanhante e a nossa senda”. Os mais conhecidos livros de Stott sãoCristianismo BásicoPor que Sou Cristão, “A Verdade do Evangelho”, “Homens com uma Mensagem”, “O que Cristo Pensa da Igreja” e “Eu Creio na Pregação”.

J. I. Packer (1926- )
Quando estudante em Oxford, Packer ouviu as primeiras palestras de C. S. Lewis, 28 anos mais velho, e foi fortemente influenciado por ele. Ordenado ministro da Igreja da Inglaterra aos 27 anos, logo se associou ao movimento evangelical. Mudou-se para o Canadá em 1979 e se tornou professor e uma das pessoas mais influentes do Regent College, em Vancouver, onde permaneceu até 2004. Packer é um dos editores associados da Bíblia de Genebra e da revista “Christianity Today”. Sua obra principal e mais conhecida é “O Conhecimento de Deus”, publicado também na forma de devocionário (O Conhecimento de Deus ao Longo do Ano).

N. T. Wright (1948- )
É um dos mais conhecidos e respeitados estudiosos do Novo Testamento da atualidade. Certo do chamado de Deus para o ministério quando era um menino de 7 anos, ordenou-se aos 28 e sagrou-se bispo aos 55. Escreveu mais de quarenta livros, três deles publicados no Brasil (O Mal e a Justiça de Deus,Simplesmente Cristão e Surpreendido pela Esperança), é articulista de jornais como “The Times”, “The Independent” e “The Guardian”, e pregador televisivo. Tem nove títulos honorários de doutor em divindade, é membro do Parlamento Britânico e professor visitante de várias universidades, entre as quais se destacam a Harvard Divinity School (Estados Unidos), a Universidade Hebraica (em Jerusalém) e a Universidade Gregoriana (em Roma). É um especialista em escatologia (principalmente no que se refere à ressurreição) e costuma dizer que “Deus quer endireitar o mundo e para isso colocou em prática esse dramático projeto através de Jesus”.
Fonte: Ultimatoonline

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A BIOGRAFIA DE JAMES ORR

Este teólogo e apologista escocês (1844-1913) nascido em Glasgow e educado principalmente na Universidade de sua cidade natal, graduou-se em filosofia e teologia. Depois de 17 anos no ministério pastoral, deixou a sua paróquia em Hawick (1891) para exercer a cátedra de História da Igreja no Divinity Hall de Glasgow e, em 1900, foi nomeado professor de Apologética e Teologia Dogmática no Trinity College da mesma cidade. A sua obra mais famosa é The Christian View of God and the World(1893). [1]

Contribuiu para popularizar a doutrina evangélica com influência considerável nos Estados Unidos da América. Em todo momento buscou defender a ortodoxia evangélica em meio aos muitos ataques e desafios da época. Em 1897, deu duas séries de conferências nos EUA, as quais foram publicadas posteriormente com os títulos respectivos de The Progress of Dogma (1902), a sua melhor obra e, Neglected Factors in the Study of the Early Progress of Christianity (1899).

Foi um dos primeiros e principais oponentes da teologia de Ritschl, que na época dominava o pensamento protestante. Também se opôs a Wellhausen e a sua hipótese documentária do Pentateuco, afirmando a autoridade Mosaica. Do mesmo modo enfrentou Harnack com a sua obra The Progress of Dogma (1901), mostrando a lógica divina do desenvolvimento histórico da fé cristã; como a ordem tradicional da dogmática que começa com a teodiceia e conclui com a escatologia, obedece a cronologia em que essas doutrinas foram formuladas historicamente.

James Orr conhecia a partir das fontes a filosofia e a teologia tanto alemã como da Grã-Bretanha. Como o seu colega James Denney sustentava basicamente uma posição evangélica, mas admitia também que era necessário reafirmar a fé no contexto das novas correntes da filosofia e da teologia. Por isso, chegou a admitir a evolução teísta e tratou de contradizer o veredito negativo de A. Harnack como dissemos, sobre a história dos dogmas sustentando que os dogmas foram se desenvolvendo de acordo com uma lógica interna reconhecível.

Colaborou na controvérsia fundamentalista considerada como uma defesa da fé evangélica e da plena inspiração da Bíblia. Todavia, afastou-se do fundamentalismo no tocante à inerrância da Escritura, que sempre a considerou um suicídio no terreno da apologética. Sobre a evolução das espécies e do homem defendeu uma postura que hoje chamaríamos “evolucionismo teísta”, ainda que em muitos aspectos se opôs ao Darwinismo. Apesar de tudo escreveu vários artigos para a série The Fundamentals. Foi editor da The International Standart Bible Encyclopedia(1915), sua obra magna e mais influente, que ainda desfruta do merecido prestígio, dado a seu alto nível acadêmico e bíblico.

Morreu em 6 de Setembro de 1913 elevado por uma auréola de erudição e piedade, de onde se menciona o conhecimento filosófico e científico, com o bíblico e teológico.


NOTAS:
[1] Traduzido para o espanhol com o nome de James Orr, El Concepto Cristiano de Dios y del Mundo (Barcelona, CLIE, 1992). Caso queira ter acesso - aqui.
[2] Publicado para o espanhol com o nome de James Orr, El Progresso del Dogma (Barcelona, CLIE, 1980). Caso queira ter acesso – aqui.
[3] Outras obras menos conhecidas são The Ritschlian Theology and the Evangelical Faith (1897); David Hume (1903); Ritschlianism; Expository and Critical Essays (1903); God's Image in Man and its Defacement in Light of Modern Denials (1905); Problems of the Old Testament Considered with Reference to Recent Criticism (1906); The Bible under Trial. Apologetic Papers in View of Present Day Assaults on Holy Scripture (1907); The Resurrection of Jesus (1908); Side-Lights on Christian Doctrine (1909); Sin as a Problem To-Day (1910); The History and Literature of the Early Church (1913); e no The Fundamentals: A testimony to the truth, R.A. Torrey and A.C. Dixon, eds., (1917) escreveu os artigos: "The Holy Scriptures and Modern Negations", "The Early Narratives of Genesis", "Science and Christian Faith", e "The Virgin Birth of Christ”.

Extraído de Francisco Lacueva, Diccionario Teológico Ilustrado (Barcelona, CLIE, 2001), págs. 454-455.

Tradução livre: 17 de Dezembro de 2010.
Rev. Ewerton B. Tokashiki
Fonte:Blog Estudantes de Teologia

A BIOGRAFIA DE A. A. HODGE


Escrito por W. Andrew Hoffecker

Archibald Alexander Hodge (1823-1886) foi um ministro e teólogo presbiteriano. Foi o filho mais velho e sucessor de Charles Hodge, como teólogo em Princeton, educado na Universidade de Princeton (1841) e Princeton Theological Seminary (1846) e veio a defender a teologia calvinista na tradição iniciada por Archibald Alexander, de quem ele recebeu o nome. Ao graduar-se em teologia, Hodge e sua família foram para Allahabad, Índia, como missionários presbiterianos. Entretanto, foram forçados a retornar por razões de saúde, e Hodge tornou-se um pastor em Maryland, Virginia e Pennsylvania por vários anos (1851-1862). Em 1864 tornou-se professor de Teologia Sistemática no Western Theological Seminary, Allegheny, Pennsylvania, em 1878, ele aceitou a cadeira de Teologia Didática e Exegética no Princeton Theological Seminary, uma posição que ele ocupou até a sua morte em 1886.

O seu livro Life of Charles Hodge (1880)[1] não foi meramente uma biografia para elogiar o seu pai. Ele revela as características da piedade evangélica que motivava todos os princetonianos – o papel da conversão na experiência religiosa e a necessidade de equilibrar entre uma dinâmica vida devocional com a crença numa doutrina ortodoxa.[2]

Em seu livro Outlines of Theology (1878),[3] Hodge respondeu aos liberais que usavam uma cosmovisão naturalista para interpretar a Escritura. Aos críticos que reivindicavam contradições existentes no texto bíblico e entre a Bíblia e o que os cientistas alegavam encontrar na natureza, o jovem Hodge fez explícita a doutrina de Princeton a inspiração verbal e plenária. Enquanto dificuldades na interpretação e aparentes declarações irreconciliáveis existem, nenhum deles provou que reais discrepâncias foram encontradas. Tanto as obras na natureza como a Palavra de Deus são revelação, deste modo a pesquisa científica nunca poderá, em última instância, conflitar com o ensino bíblico. Hodge reafirmou a sua concepção sobre a inerrância num artigo chamado “Inspiration”[4] escrito com Benjamin Breckinridge Warfield, em 1881, para o Presbyterian Review. A sua denominação adotou a concepção de Princeton acerca da Bíblia como o seu ensino oficial na Portland Deliverance (1892) e o Five Point Deliverance (1910), que influenciou o debate Fundamentalismo-Modernismo.

Após a Guerra Civil, Hodge liderou a resistência evangélica contra o crescente secularismo. No Primeiro Concílio Geral da Aliança Mundial das Igrejas Reformadas,[5] em 1877, ele denunciou o intento de substituir o teísmo bíblico pelo Naturalismo[6] como fundamento filosófico da educação das leis, da política e outras instituições públicas. Argumentou contra as exigências secularizadas de que a religião devesse ser aplicada somente na moralidade privada e que a vida pública fosse ser neutra, Hodge sustentou que Deus conduz tanto as nações e indivíduos responsabilizando-os por implementar os princípios bíblicos na vida pública. Acreditava que a Igreja e o Estado poderiam estar separados, mas como ardente pós-milenista, ele também pensava que a religião precisava intimamente integrar-se à política americana, à economia e às instituições sociais.

Em seu livro Popular Lectures on Theological Themes publicado postumamente, em 1887, Hodge convocou o Calvinismo para uma revitalização. Ele defendeu que somente a cosmovisão reformada, pois ela procura a glória de Deus em todas as áreas da vida, é suficientemente abrangente para prover uma base bíblica para a família, as leis, a educação e economia.

NOTAS:
[1] Disponível gratuitamente em PDF .
[2] Para um estudo mais abrangente da piedade e ortodoxia dos teólogos do Princeton Theological Seminary indico W. Andrew Hoffecker, Piety and the Princeton Theologicans – Archibald Alexander, Charles Hodge, Benjamin B. Warfield (Grand Rapids, Baker Books, 1981).
[3] Este foi o primeiro manual protestante de Teologia Sistemática a ser publicado em português. Os primeiros missionários presbiterianos ao fundar um seminário teológico no Rio de Janeiro, viram a necessidade de verter em nossa língua um texto que pudesse ser acessível e suprisse o curso de teologia, numa perspectiva reformada. A tradução do Outlines of Theology foi realizada pelo Rev. Francis J.C. Schneider, e foi publicado em 1895, em Portugal. Recentemente a Editora PES fez uma revisão da linguagem, e publicou-o em 2001.
[4] O livro está disponível em forma digital para quem maneja o software LOGOS.
[5] O World Alliance of Reformed Churches é um concílio que perdeu a sua identidade teológica reformada contaminando-se com o liberalismo e posteriormente com a neo-ortodoxia. As atuais propostas se direcionam pra o sincretismo religioso, as questões de gênero e sexismo, ordenação feminina, debates da política econômico-social, pró-inclusão do homossexualismo na igreja e outros temas afins. O seu site pode ser acessado AQUI.
[6] Naturalismo é “a opinião de que o universo ‘natural’, o universo da matéria e energia, é tudo quanto realmente existe. Tal opinião exclui Deus, portanto, o naturalismo é ateístico. Além de Deus, exclui outros seres espirituais, de modo que o naturalismo é materialista. [...] E finalmente, o naturalismo costuma negar que o universo tenha qualquer sentido ou propósito, porque não há Deus nem qualquer outra coisa que possa lhe dar sentido ou propósito.” M.H. MacDonald, “Naturalismo” in: Walter A. Elwell, ed., Enciclopédia Histórico-teológica da Igreja Cristã (São Paulo, Edições Vida Nova, 1990), vol. 3, págs. 9-10.

Extraído de D.G. Hart & Mark A. Noll, eds., Dictionary of the Presbyterian & Reformed (Phillipsburg, Presbyterian & Reformed Publishing, 1999), págs. 121-122.

Tradução livre: 22 de Dezembro de 2010.
Rev. Ewerton B. Tokashiki
Fonte:Blog Estudantes de Teologia

BIOGRAFIA DE D. MARTIN LLOYD-JONES (1899-1981)

Escrito por J.I. Packer

D.M. Lloyd-Jones foi um pregador galês, popular e influente, com grandes dons intelectuais, serviu numa congregação da Igreja Presbiteriana de Gales em Aberavon, Port Talbot, de 1927 a 1938, e em seguida à congregação independente na Westminster Chapel, Londres, primeiro como auxiliar e depois como sucessor de G. Campbell Morgan (1863-1945). Jubilou-se em 1968, mas continuou dedicado a pregação itinerante até pouco antes de sua morte.

“O Doutor”, como sempre era chamado, formado e qualificado para a medicina antes de dedicar-se ao ministério, resultava tão irresistível como oseu estilo diagnóstico de expor as necessidades dos incrédulos, os cristãos e as igrejas usando uma terminologia clínica. Versado por conta própria nas tendência teológicas e acerca da vida espiritual dos puritanos, calvinistas e igrejas reformadas, foi um incansável expositor das riquezas da graça de Deus e de seu poder, segundo as Escrituras, e constante inimigo de tudo que impedisse ou solapava uma compreensão clara de tais riquezas: o liberalismo fácil e racionalista; a oca neo-ortodoxia; o estéril legalismo sacramental do sistema romano, definido em Trento; e a indiferença às pressões ecumênicas que, segundo ele, conduziam à versões descafeinadas da fé, a uma idéia inadequada do que significa ser cristão, e a uma falta de interesse pela autêntica unidade cristã. O fato de enfatizar este último ponto durante os seus último anos lhe afastou de muitas organizações evangélicas que antes consideravam-no mentor, consultor e guia, notável por seus conhecimentos e sua sabedoria.

Dentro da tendência reformada, o ministério de Lloyd-Jones distinguiu-se por: 1) o compromisso em grande escala com a pregação expositiva (por exemplo, foram 11 anos dedicados a Rm 1-14;[1] 2) a sua ênfase sobre a adequação racional da fé bíblica, e seu estilo de pregação direta, persuasiva, baseada no senso comum e “de pessoa a pessoa”, que utilizava no púlpito; 3) a sua exposição profundamente experimental do evangelho, com ênfase constante no perdão, a paz, a segurança, o gozo e a esperança em Deus; 4) a sua ênfase sobre o batismo do Espírito como um acontecimento posterior a conversão,[2] como uma garantia de segurança que deveriam buscar todos os crentes; 5) o seu interesse pelo avivamento espiritual[3], entendido em termos edwardianos (ver Jonathan Edwards), como um derramamento novo do Espírito para abençoar a Palavra exposta, entendendo-o como a única e última esperança da igreja contemporânea; e, 6) a sua ênfase sobre a própria pregação como atividade inspirada pelo Espírito e tremendamente significativa.

Todas as obras de Lloyd-Jones são sermões ou conferências transcritas.[4]

NOTAS:
[1] Esta série de sermões expositivos encontram-se publicados pela editora PES. Nota do tradutor.
[2] A análise do entendimento de Lloyd-Jones acerca deste assunto pode ser lida em Martin lloyd-Jones, Stott e 1 Co 12:13 - O Debate sobre o Batismo com o Espírito Santo, escrito pelo Dr Augustus Nicodemus Lopes na Revista Teológica Fides Reformata. Nota do tradutor.
[3] O seu livro Avivamento encontra-se publicado pela editora PES. Nota do tradutor.
[4] Apesar de D.M. Lloyd-Jones não ser estritamente um teólogo sistemático, ele a pregou essencialmente em todos os seus sermões. Nota do tradutor.

Extraído de David J. Atkinson & David H. Field, eds., Diccionário de Ética Cristiana y Teología Pastoral (Barcelona, Publicaciones Andamio & CLIE, 2004), págs. 763-764.

Tradução livre: Rev. Ewerton B. Tokashiki
Fonte:Blog Estudantes de Teologia

BIOGRAFIA DE LOUIS BERKHOF(1873-1975)



Escrito por J.D. Bratt

Teólogo reformado que nasceu na província holandesa de Drenthe. Os pais de Louis Berkhof pertenceram ao partido separatista pietista-ortodoxo (1834) da Igreja Reformada. (A teologia de Berkhof baseia-se mais em Herman Bavinck, do que compartilha deste grupo regional e religioso). A família emigrou para os Estados Unidos da América em 1882, estabelecendo-se em Grand Rapids, Michigan, onde Louis dedicou o restou de sua vida. Em 1900, ele graduou na Escola de Teologia da Igreja Cristã Reformada, em Grand Rapids, e entre os dois pastorados nesta denominação, fez em dois anos (1902-1904) um trabalho de pós-graduação em teologia no Seminário Teológico de Princeton. Em 1906, foi indicado para o Seminário Grand Rapids (posteriormente Seminário Teológico Calvin), onde serviu o restante de sua carreira como professor de teologia bíblica (1906-1914), de Novo Testamento (1914-1926) e teologia sistemática (1926-1944). De 1931 a 1944 ele serviu como presidente daquela instituição.[1]

Em seus anos iniciais no Seminário Calvin, Berkhof seguiu a linha do primeiro ministro holandês e teólogo reformado Abraham Kuyper, em sua veemente crítica do “individualismo revolucionário” e na afirmação da necessidade de se cumprir o mandato cultural. Berkhof publicou vários livros aplicando princípios calvinistas às questões sociais como o industrialismo e o impacto da redenção na sociedade e na cultura, ele também argumentou que isso precisava ser feito em separado, nas organizações distintamente cristãs.

Por volta de 1920, Berkhof ajudou a purificar a Igreja Cristã Reformada [CRC – Christian Reformed Church] da influência recebida do Dispensacionalismo fundamentalista e da alta crítica modernista. Este último combateu-o como sendo um erro mais grave. Conseqüentemente a segunda metade de sua carreira, ele devotou para articular um consenso na teologia reformada, e foi marcado por uma consistente agenda anti-modernista. Berkhof produziu a sua monumental obra no início dos anos 1930: Reformed Dogmatics[2] (1932; e posteriores edições com o nome deSystematic Theology[3]), e a sua versão popular simplificada com o nome de Manual of Reformed Doctrine[4] (1933). Estas obras refletem a influência do seu mentor de Princeton, Gerhardus Vos, e de Bavink e de sua Gereformeerde Dogmatiek[5] (1906-1911), Berkhof seguiu-a em formato, substância e muitos outros detalhes. Em todas as suas obras apresenta a sua extensa tradição teocêntrica. Toda a iniciativa, virtude e certeza residem em Deus; tudo o que é oposto, procede da humanidade. De acordo com isto, a tarefa da vida é obedecer à autoridade divina, que é apresentada ao ser humano, de modo apropriado na Escritura. Para a teologia, em particular, Berkhof insistiu que a Escritura é a única fonte e norma. A razão humana, a experiência ou a tradição da igreja não poderiam suplementá-la, nem afetar a sua leitura. Berkhof erigiu sobre este baluarte a sua teologia sistemática, inclinando-se para uma linha moderada sobre temas da controvérsia calvinista e, reprovando as propostas modernistas.

Berkhof rejeitou um rigoroso racionalismo sobre a Bíblia e a ortodoxia, mas apresentou uma estrutura racionalista da própria mente. Somente a fé poderia apropriar-se da verdade salvadora da revelação, mas a razão tem o trabalho de arranjar estas verdades numa unidade sistemática que é vital. Idéias ditam ação, e a verdadeira experiência cristã segue formulações doutrinárias. Assim, após 1920, Berkhof em grande parte desistiu de seu talento anterior de comentários sócio-culturais e, concentrou-se de vez na criação de uma fortaleza teológica voltada para o grupo que enfrentou em tempos conturbados. O alcance e rigor de sua obra, bem como o seu apelo vão além de sua audiência original (particularmente entre os evangélicos de uma persuasão geralmente reformada), apresenta a força de sua tradição e o talento com o qual ele a defendeu.

NOTAS:
[1] Isto significa que Louis Berkhof faleceu aos 83 anos. Pastoreou 2 igrejas locais, e posteriormente exerceu a docência durante 38 anos, chegando a escrever 22 livros. Nota do tradutor.
[2] Publicada originalmente em 2 volumes: o primeiro tomo era um manual de história da doutrina, e o segundo um manual de doutrina, que, posteriormente foi ampliado e publicado como volume autônomo com o nome de Teologia Sistemática. O volume de história da doutrina foi publicado, em 1992, pela Editora PES com o nome de A História das Doutrinas Cristãs, seguindo o modelo de edições inglesas anteriores. Nota do tradutor.
[3] Publicada inicialmente pela LPC em 1990, e atualmente pela Editora Cultura Cristã com o título de Teologia Sistemática.
[4] O CEIBEL publicou este livro com o nome de Manual de Doutrina Cristã, apelidado de “Berkhofinho”.
[5] Dogmática Reformada. Nota do tradutor.

Extraído de D.G. Hart & Mark A. Noll, eds., Dictionary of the Presbyterian & Reformed – Tradition in America (Phillipsburg, P&R Publishing, 2005), págs. 32-33

Tradução livre: Rev. Ewerton B. Tokashiki
Fonte:Blog Estudantes de Teologia

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Augustus Nicodemus critica distorção bíblica da teologia da prosperidade e afirma que “bênção vinda de Deus é graça e não direito”. Leia na íntegra


Augustus Nicodemus critica distorção bíblica da teologia da prosperidade e afirma que “bênção vinda de Deus é graça e não direito”. Leia na íntegra

O reverendo presbiterianoAugustus Nicodemus abordou a teologia da prosperidade em um artigo publicado no blog “O tempora, O mores”, e fez comparativos entre erros e acertos da mensagem baseada nos princípios da busca pelo enriquecimento através da Bíblia.
Segundo Nicodemus, a teologia da prosperidade erra na ênfase que aplica aos textos bíblicos, e que ela passa por verdadeira pois não comete “heresias” em relação à pessoa de Jesus Cristo.
-Uma das razões pela qual os evangélicos têm dificuldade em perceber o que está errado com a teologia da prosperidade é que ela é diferente das heresias clássicas, aquelas defendidas pelos mórmons e “testemunhas de Jeová” sobre a pessoa de Cristo, por exemplo. A teologia da prosperidade é um tipo diferente de erro teológico. Ela não nega diretamente nenhuma das verdades fundamentais do Cristianismo. A questão é de ênfase. O problema não é o que a teologia da prosperidade diz, e sim o que ela não diz – afirma o chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Augustus Nicodemus afirma que a teologia da prosperidade “está certa quando diz que Deus tem prazer em abençoar seus filhos com bênçãos materiais, mas erra quando deixa de dizer que qualquer bênção vinda de Deus é graça e não um direito que nós temos e que podemos revindicar ou exigir dele”.
O reverendo ressalta que a pregação teológica que enfatiza o enriquecimento acerta ao “identificar os poderes malignos e demoníacos por detrás da opressão humana, mas erra quando deixa de identificar outros fatores como a corrupção, a desonestidade, a ganância, a mentira e a injustiça, os quais se combatem, não com expulsão de demônios, mas com ações concretas no âmbito social, político e econômico”.
Falando sobre a influência que a teologia da prosperidade recebe da teologia de confissões positivas, Augustus Nicodemus  afirma que estas “não têm poder algum em si mesmas para fazer com que Deus nos abençoe materialmente”.
Para o reverendo presbiteriano, “a teologia da prosperidade, à semelhança da teologia da libertação e do movimento de batalha espiritual, identifica um ponto biblicamente correto, abstrai-o do contexto maior das Escrituras e o utiliza como lente para reler toda a revelação, excluindo todas aquelas passagens que não se encaixam”.
Nicodemus encerra seu artigo afirmando que o resultado disso é a distorção da religião cristã em sua essência: “Ao final, o que temos é uma religião tão diferente do Cristianismo bíblico que dificilmente poderia ser considerada como tal. Estou com saudades da época em que falso mestre era aquele que batia no portão da nossa casa para oferecer um exemplar do livro de Mórmon ou da Torre de Vigia”, referindo-se às seitas Mórmon e Testemunhas de Jeová, que são consideradas heréticas.
Confira abaixo a íntegra do artigo “Afinal, o que está errado com a teologia da prosperidade”, do reverendo presbiteriano Augustus Nicodemus:
Apesar de até o presente só ter melhorado a vida dos seus pregadores e fracassado em fazer o mesmo com a vida dos seus seguidores, a teologia da prosperidade continua a influenciar as igrejas evangélicas no Brasil.
Uma das razões pela qual os evangélicos têm dificuldade em perceber o que está errado com a teologia da prosperidade é que ela é diferente das heresias clássicas, aquelas defendidas pelos mórmons e “testemunhas de Jeová” sobre a pessoa de Cristo, por exemplo. A teologia da prosperidade é um tipo diferente de erro teológico. Ela não nega diretamente nenhuma das verdades fundamentais do Cristianismo. A questão é de ênfase. O problema não é o que a teologia da prosperidade diz, e sim o que ela não diz.
- Ela está certa quando diz que Deus tem prazer em abençoar seus filhos com bênçãos materiais, mas erra quando deixa de dizer que qualquer bênção vinda de Deus é graça e não um direito que nós temos e que podemos revindicar ou exigir dele.
- Ela acerta quando diz que podemos pedir a Deus bênçãos materiais, mas erra quando deixa de dizer que Deus tem o direito de negá-las quando achar por bem, sem que isto seja por falta de fé ou fidelidade de nossa parte.
- Ela acerta quando diz que devemos sempre declarar e confessar de maneira positiva que Deus é bom, justo e poderoso para nos dar tudo o que precisamos, mas erra quando deixa de dizer que estas declarações positivas não têm poder algum em si mesmas para fazer com que Deus nos abençoe materialmente.
- Ela acerta quando diz que devemos dar o dízimo e ofertas, mas erra quando deixa de dizer que isto não obriga Deus a pagá-los de volta.
- Ela acerta quando diz que Deus faz milagres e multiplica o azeite da viúva, mas erra quando deixa de dizer que nem sempre Deus está disposto, em sua sabedoria insondável, a fazer milagres para atender nossas necessidades, e que na maioria das vezes ele quer nos abençoar materialmente através do nosso trabalho duro, honesto e constante.
- Ela acerta quando identifica os poderes malignos e demônicos por detrás da opressão humana, mas erra quando deixa de identificar outros fatores como a corrupção, a desonestidade, a ganância, a mentira e a injustiça, os quais se combatem, não com expulsão de demônios, mas com ações concretas no âmbito social, político e econômico.
- Ela acerta quando diz que Deus costuma recompensar a fidelidade mas erra quando deixa de dizer que por vezes Deus permite que os fiéis sofram muito aqui neste mundo.
- Ela está certa quando diz que podemos pedir e orar e buscar prosperidade, mas erra quando deixa de dizer que um não de Deus a estas orações não significa que Ele está irado conosco.
- Ela acerta quando cita textos da Bíblia que ensinam que Deus recompensa com bênçãos materiais aqueles que o amam, mas erra quando deixa de mostrar aquelas outras passagens que registram o sofrimento, pobreza, dor, prisão e angústia dos servos fiéis de Deus.
- Ela acerta quando destaca a importância e o poder da fé, mas erra quando deixa de dizer que o critério final para as respostas positivas de oração não é a fé do homem mas a vontade soberana de Deus.
- Ela acerta quando nos encoraja a buscar uma vida melhor, mas erra quando deixa de dizer que a pobreza não é sinal de infidelidade e nem a riqueza é sinal de aprovação da parte de Deus.
- Ela acerta quando nos encoraja a buscar a Deus, mas erra quando induz os crentes a buscá-lo em primeiro lugar por aquelas coisas que a Bíblia constantemente considera como secundárias, passageiras e provisórias, como bens materiais e saúde.
A teologia da prosperidade, à semelhança da teologia da libertação e do movimento de batalha espiritual, identifica um ponto biblicamente correto, abstrai-o do contexto maior das Escrituras e o utiliza como lente para reler toda a revelação, excluindo todas aquelas passagens que não se encaixam. Ao final, o que temos é uma religião tão diferente do Cristianismo bíblico que dificilmente poderia ser considerada como tal. Estou com saudades da época em que falso mestre era aquele que batia no portão da nossa casa para oferecer um exemplar do livro de Mórmon ou da Torre de Vigia…
Fonte: Gospel+

CARTA AO REVERENDO VAN DIESEL

Por Augustus Nicodemus Lopes
[Republicação - Mais uma carta fictícia. Não existe o Reverendo Van Diesel, pelo menos não com este nome...]


Prezado Reverendo Van Diesel,


Obrigado por ter respondido minha carta. Você foi muito gentil em responder minhas perguntas e explicar os motivos pelos quais você costuma ungir com óleo os membros de sua igreja e os visitantes durante os cultos, além de ungir os objetos usados nos cultos.




Foto do armário do Rev. Van Diesel - óleo santo
importado de Israel

Eu não queria incomodá-lo com isto, mas o Severino, membro da minha igreja que participou dos seus cultos por três domingos seguidos, voltou meio perturbado com o que viu na sua igreja e me pediu respostas. Foi por isto que lhe mandei a primeira carta. Agradeço a delicadeza de ter respondido e dado as explicações para sua prática.

Sem querer abusar de sua gentileza e paciência, mas contando com o fato de que somos pastores da mesma denominação, permita-me comentar os argumentos que você citou como justificativa para a unção com óleo nos cultos.

Você escreveu, "A unção com óleo era uma prática ordenada por Deus no Antigo Testamento para a consagração de sacerdotes e dos reis, como foi o caso com Arão e seus filhos (Ex 28:41) e Davi (1Sam 16:13). Portanto, isto dá base para se ungir pessoas no culto para consagrá-las a Deus." Meu caro Van Diesel, nós aprendemos melhor do que isto no seminário presbiteriano. Você sabe muito bem que os rituais do Antigo Testamento eram simbólicos e típicos e que foram abolidos em Cristo. Além do mais, o método usado para consagrar pessoas a Deus no Novo Testamento para a realização de uma tarefa é a imposição de mãos. Os apóstolos não ungiram os diáconos quando estes foram nomeados e instalados, mas lhes impuseram as mãos (Atos 6.6). Pastores também eram consagrados pela imposição de mãos e não pela unção com óleo (1Tim 4.14). Não há um único exemplo de pessoas sendo consagradas ou ordenadas para os ofícios da Igreja cristã mediante unção com óleo. A imposição de mãos para os ofícios cristãos substituiu a unção com óleo para consagrar sacerdotes e reis.

Você disse que "Deus mandou Moisés ungir com óleo santo os objetos do templo, como a arca e demais utensílios (Ex 40.10). Da mesma forma hoje podemos ungir as coisas do templo cristão, como púlpito, instrumentos musicais e aparelhos de som para dedicá-los ao serviço de Deus. Eu e o Reverendo Mazola, meu co-pastor, fazemos isto todos os domingos antes do culto." Acho que aqui é a mesma coisa que eu disse no parágrafo anterior. A unção com óleo sagrado dos utensílios do templo fazia parte das leis cerimoniais próprias do Antigo Testamento. De acordo com a carta aos Hebreus, estes utensílios, bem como o santuário onde eles estavam, “não passam de ordenanças da carne, baseadas somente em comidas, e bebidas, e diversas abluções, impostas até ao tempo oportuno de reforma” (Hb 9.10). Além disto, o templo de Salomão já passou como tipo e figura da Igreja e dos crentes, onde agora habita o Espírito de Deus (1Co 3.16; 6.19). Não há um único exemplo, uma ordem ou orientação no Novo Testamento para que se pratique a unção de objetos para abençoá-los. Na verdade, isto é misticismo pagão, puro fetichismo, pensar que objetos absorvem bênção ou maldição.

Você também argumentou que “Jesus mandou os apóstolos ungir os doentes quando os mandou pregar o Evangelho. Eles ungiram os doentes e estes ficaram curados (Mc 6.13).” Nisto você está correto. Mas note o seguinte: (1) foi aos Doze que Jesus deu esta ordem; (2) eles ungiram somente os doentes; (3) e quando ungiam, os enfermos eram curados. Se você, Van Diesel, e seu auxiliar Mazola, curam a todos os doentes que vocês ungem nos cultos, calo-me para sempre. Mas o que ocorre? Vocês ungem todo mundo que aparece na igreja, crianças, jovens, adultos e velhos... Você fica de um lado e o Mazola do outro, e as pessoas passam no meio e são untadas com óleo na testa, gente sadia e com saúde. Se há enfermos no meio, eles não parecem ficar curados. Pelo menos o membro da minha igreja que esteve ai por três domingos seguidos não viu nenhum caso de cura. Ele me disse que você e o Mazola ungem o povo para prosperidade, bênção, proteção, libertação, etc. É bem diferente do que os apóstolos fizeram, não é mesmo?

Quando eu questionei a unção das partes íntimas que você faz numa reunião especial durante a semana, você replicou que “a unção com óleo sagrado e abençoado é um meio de bênção para as pessoas com problemas de esterilidade e se aplicado nas partes íntimas, torna as pessoas férteis. Já vi vários casos destes aqui na minha igreja.” Sinceramente, Van Diesel, me dê ao menos uma prova pequena de que esta prática tem qualquer fundamento bíblico! Lamento dizer isto, mas dá a impressão que você perdeu o bom senso! Eu me pergunto por que seu presbitério ainda não tomou providências quanto a estas práticas suas. Deve ser porque o presidente, Reverendo Peroba, seu amigo, faz as mesmas coisas.

Seu último argumento foi que “Tiago mandou que os doentes fossem ungidos com óleo em nome de Jesus (Tg 5.14).” Pois é, eu não teria problemas se os pastores fizessem exatamente o que Tiago está dizendo. Note nesta passagem os seguintes pontos.
A iniciativa é do doente: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor."
Ele chama “os presbíteros da igreja” e não somente o pastor.
O evento se dá na casa do doente e não na igreja.
E o foco da passagem de Tiago, é a oração da fé. É ela que levanta o doente, “E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (Tg 5.15).
Ou seja, não tem como usar esta passagem para justificar o “culto da unção com óleo santo” que você faz todas as quintas-feiras e onde unge quem aparece. Não há confissão de pecados, não há quebrantamento, nada do que Tiago associa com esta cerimônia na casa do doente.

Quer saber, Van Diesel, eu até que não teria muitos problemas se os presbíteros fossem até a casa de um crente doente, que os convidou, e lá orassem por ele, ungindo com óleo, como figura da ação do Espírito Santo. Se tudo isto fosse feito também com um exame espiritual da vida do doente (pois às vezes Deus usa a doença para nos disciplinar), ficaria de bom tamanho. E se houvesse confissão, quebrantamento, mudança de vida, eu diria amém!

Mas até sobre esta unção familiar eu tenho dúvida, diante do uso errado que tem sido feito da unção com óleo hoje. De um lado, há a extrema unção da Igreja Católica, tida como sacramento e meio de absolvição para os que estão gravemente enfermos e se preparam para a morte. Por outro, há os abusos feitos por pastores evangélicos, como você. O crente doente que convida os presbíteros para orarem em sua casa e ungi-lo com óleo o faz por qual motivo? Ungir com óleo era comum na cultura judaica e oriental antiga. Mas entre nós...? Será que este crente pensa que a unção com óleo tem poderes miraculosos? Será que ele pensa que a oração dos presbíteros tem um poder especial para curar? Se ele passa a semana assistindo os programas das seitas neopentecostais certamente terá idéias erradas sobre unção com óleo. Numa situação destas de grande confusão, e diante do fato que a unção com óleo para enfermos é secundária diante da oração e confissão de pecados, eu recomendaria grande prudência e discernimento.

Mas, encerro por aqui. Mais uma vez, obrigado por ter respondido à minha primeira carta e peço sua paciência para comigo, na hora de ler meus contra-argumentos.


Um grande abraço,
Augustus

PS: Ah, o Reverendo Oliveira e o Presbítero Gallo, seus conhecidos, estão aqui mandando lembranças. Eles discordaram veementemente desta minha carta, mas fazer o quê...?

PS2: Desculpe ter publicado a foto que o Severino acabou tirando daquele seu armário no gabinete pastoral... ele não resistiu.

Fonte: O Tempora, O Mores

UMA CANÇÃO NO DESERTO



O deserto é possivelmente uma das mais claras representações da ausência de vida e esperança. Beduínos e Tuaregues - povos do deserto - desenvolveram milenares técnicas de sobrevivência para resistirem à angustiante mistura de sol, calor e areia. Anos atrás atravessei a parte ocidental do Saara e, apesar do costume a temperaturas tropicais, nada me preparou para os 54 graus à sombra durante aquelas tardes. Lembro-me que o pensamento mais obsessivo e recorrente era simplesmente água, o elemento mais desejado em terras áridas. 
 
Davi escreveu o Salmo 63 no deserto de Judá enquanto fugia de Saul. Encontrava-se em um dos momentos mais constrangedores de sua vida. Além de estar no deserto, tomado pelo desconforto e temores natos ao ambiente, seu povo e rei o perseguiam.
 
Contrariando a natural tendência do descontentamento de coração perante as caminhadas desérticas, Davi revela, ali mesmo na areia, que a sua alma tinha “sede de Deus”. Este parece ter sido o mais paradoxal pensamento que passou pela mente do salmista: a sede de Deus era maior que a sede de água. A busca pela presença de Deus era mais forte que qualquer outra carência humana.
 
Quando em caminhadas solitárias e perseguidos pelos que antes eram mais chegados que irmãos, precisamos nos conscientizar desta verdade transformadora: precisamos mais de Deus em nossas vidas do que água no deserto. C.S. Lewis nos diz que “o amor é o princípio da existência, e seu único fim”. Com isto nos incita a pensar que o amor não é apenas o meio, mas também o propósito final. Somos convidados, em toda a caminhada cristã, a andar de forma paradoxal, em expressões de amor: perder a vida para ganhá-la; oferecer a outra face a quem nos fere; esperar contra a esperança; amar, e não odiar os inimigos; perdoar, mesmo perante óbvias razões para a amargura; desejar mais a Deus do que a água, mesmo quando se vagueia, foragido, por entre terras mais secas.
 
É nesta caminhada que encontramos descanso verdadeiro. Davi não apenas fala da possibilidade de descanso em Deus, mas o experimenta. Os principais verbos nos versos 6 a 8 estão no presente. Davi se lembra, pensa e canta o descanso em Deus enquanto caminha - não apenas o planeja fazê-lo amanhã. Reconhecer que a presença de Deus é melhor que a vida parece ser o exercício mais transformador – de mente, coração e visão de mundo - que qualquer pessoa possa experimentar.
 
Somos amados por Deus e este fato deveria ser definidor em como vemos a vida e o mundo ao nosso redor. Ser amado por Deus é entender que somos convidados a um relacionamento eterno, é perceber que estamos em lugar seguro e saber que não há nada melhor.
 
A construção desta canção do deserto revela a alma de Davi. No verso 1 ele expressa que tinha sede de Deus. Nos versos 2 a 5 ele louva a Deus pelo Seu amor, que é melhor que sua própria existência. Nos versos 6 a 8 Davi descansa no Senhor e finalmente nos versos 9 a 11 ele declara sua confiança na vitória sobre os inimigos.
 
Encontro-me rotineiramente com pessoas que, à semelhança de Davi, experimentam a solidão do deserto, o constrangimento da fuga e a incerteza de não saber para onde ir. A vida nestas horas torna-se mais lenta, opaca e pesada. Porém, justamente em momento assim a presença de Deus nos convida a crer um pouco mais, e nos encoraja a continuar caminhando. Em um relance olhamos para trás e percebemos que no passado o Senhor foi fiel, mesmo no dia mais escuro. Amanhã não será diferente. A presença de Deus sempre trás à memória o que pode nos dar esperança.
 
Lutero, citado por C. J. Mahaney em seu livro “Glory do Glory”, nos diz que: “esta vida, portanto, não é justiça, mas crescimento em justiça. Não é saúde, mas cura. Não é ser, mas se tornar. Não é descansar, mas exercitar. Ainda não somos o que seremos, mas estamos crescendo nesta direção. O processo ainda não está terminado, mas vai prosseguindo. Não é o final, mas é a estrada. Todas as coisas ainda não brilham em glória, mas todas as coisas vão sendo purificadas”
 
Que o Senhor se mostre presente em nossas vidas. Nestes dias o deserto se tornará lugar de alegria e descanso.

__________
Ronaldo Lidório, doutor em antropologia, é missionário da Agência Presbiteriana de Missões Transculturais e da Missão AMEM. É organizador de Indígenas do Brasil -- avaliando a missão da igreja e A Questão Indígena -- Uma Luta Desigual

Fonte:ultimatoonline

domingo, 10 de junho de 2012

De “igrejados, para desigrejados a reigrejados”



O que fazer com os “sem igrejas”? Ou melhor, o que os “sem igrejas” fazem?
 
Ultimato acaba de receber da gráfica o seu lançamento de junho, Dê Outra Chance à Igreja. O autor, ex-presidente e coordenador da Igreja Vineyard nos Estados Unidos e atual bispo da Igreja Anglicana, abre o livro com um prefácio certeiro sobre o assunto: De igrejados, para desigrejados a reigrejados.
 
Para ajudar na discussão, o nosso portal quer relembrar ao leitor um pouco do que a revista Ultimato publicou nos últimos meses.
 
Paul Freston trata do assunto respondendo à pergunta: Como será a igreja evangélica brasileira de 2040?
 
Ed René Kivitz, responde exatamente à pergunta: “Estou decepcionado com a Igreja. O que devo fazer”?
 
E, por último, na Carta ao Leitor da edição de dezembro de 2011, o pastor Elben César apresenta A Igreja na Berlinda e aponta a velha receita dada pelo próprio Deus ao povo de Israel no dia da dedicação do templo de Jerusalém, por volta de 959 antes de Cristo. Antes, lembra que quem está na berlinda é a igreja cristã de modo geral: “Diz respeito à igreja católica romana, à igreja reformada, às igrejas históricas, às igrejas pentecostais (inclusive o movimento carismático católico), às igrejas neopentecostais e aos cristãos sem nome ou sem igreja”. Boa leitura.

Fonte:ultimatoonline

sábado, 9 de junho de 2012

Senhora cristã sofre abuso sexual, por tropas birmanesas, dentro da igreja


Uma senhora, pertencente a uma etnia predominantemente cristã, foi estuprada e torturada por soldados birmaneses, dentro de uma igreja, na qual ela se escondeu, quando as tropas invadiram a sua aldeia.
A mulher de 48 anos, estava escondida sozinha no edifício, na aldeia de Lucas Pi, município de Chipwi, perto da fronteira Kachin-China, no dia primeiro de maio, após a maioria dos outros moradores terem fugido.
Cerca de dez soldados birmaneses a agrediram com coronhadas, facadas e a violentaram por um período de três dias.
Após as tropas deixaram a aldeia em quatro de maio, a senhora foi encontrada semiconsciente, por alguns moradores e, foi levada ao hospital. Ela sobreviveu à provação e se reencontrou com sua família, mas ficou com profundos traumas e distúrbios mentais.
Um morador do vilarejo, que testemunhou o ataque selvagem, foi capturado pelas tropas, amarrado no complexo da igreja, agredido e esfaqueado. Ele também foi levado para o hospital e sobreviveu.
Tática de guerra
Os militares de Mianmar têm utilizado a violência sexual, como uma arma de guerra, durante toda a sua ofensiva, no estado de Kachin, que começou em junho de 2011.
O marido de uma das vítimas entrou com um processo contra os militares na Suprema Corte da capital, Naypyidaw, mas as acusações contra eles foram rejeitadas . Sumlut Roi Ji, foi estuprada várias vezes ao longo de vários dias, antes de desaparecer, em outubro do ano passado.
Lua Nay Li, da Associação Tailandesa de Mulheres Kachin (KWAT) disse: A mensagem do Supremo Tribunal é clara: “o militar birmanês pode estuprar e matar mulheres e não será punido”.
A KWAT tem documentado casos de estupro entre os Kachin durante todo o conflito.
Durante os primeiros três meses da ofensiva, 32 mulheres e menina, em oito municípios, foram estupradas; 13 delas foram mortas. Em fevereiro, a KWAT informou que o número total de casos de estupro tinha aumentado para 60.
Acesse nosso catálogo de produtos e saiba como doar através de nossascampanhas.
FonteBarnabas Fund
TraduçãoMarcelo Peixoto

sexta-feira, 8 de junho de 2012

FESTIVAL DE INVERNO DE GARANHUNS:POLO GOSPEL


FESTIVAL DE INVERNO DE GARANHUNS: Confirmadas primeiras atrações do Polo Gospel

clique para ampliar

O polo Gospel do Festival de Inverno acontece de 15 a 21 de julho. Algumas atrações estão sendo divulgadas no facebook, de onde trouxemos este cartaz. Aguarde a programação oficia

Fonte:blogdoronaldocesar

AFINAL, O QUE ESTÁ ERRADO COM A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE?

Por Augustus Nicodemus Lopes


Apesar de até o presente só ter melhorado a vida dos seus pregadores e fracassado em fazer o mesmo com a vida dos seus seguidores, a teologia da prosperidade continua a influenciar as igrejas evangélicas no Brasil.

Uma das razões pela qual os evangélicos têm dificuldade em perceber o que está errado com a teologia da prosperidade é que ela é diferente das heresias clássicas, aquelas defendidas pelos mórmons e "testemunhas de Jeová" sobre a pessoa de Cristo, por exemplo. A teologia da prosperidade é um tipo diferente de erro teológico. Ela não nega diretamente nenhuma das verdades fundamentais do Cristianismo. A questão é de ênfase. O problema não é o que a teologia da prosperidade diz, e sim o que ela não diz.
Ela está certa quando diz que Deus tem prazer em abençoar seus filhos com bênçãos materiais, mas erra quando deixa de dizer que qualquer bênção vinda de Deus é graça e não um direito que nós temos e que podemos revindicar ou exigir dele.
Ela acerta quando diz que podemos pedir a Deus bênçãos materiais, mas erra quando deixa de dizer que Deus tem o direito de negá-las quando achar por bem, sem que isto seja por falta de fé ou fidelidade de nossa parte.
Ela acerta quando diz que devemos sempre declarar e confessar de maneira positiva que Deus é bom, justo e poderoso para nos dar tudo o que precisamos, mas erra quando deixa de dizer que estas declarações positivas não têm poder algum em si mesmas para fazer com que Deus nos abençoe materialmente.
Ela acerta quando diz que devemos dar o dízimo e ofertas, mas erra quando deixa de dizer que isto não obriga Deus a pagá-los de volta.
Ela acerta quando diz que Deus faz milagres e multiplica o azeite da viúva, mas erra quando deixa de dizer que nem sempre Deus está disposto, em sua sabedoria insondável, a fazer milagres para atender nossas necessidades, e que na maioria das vezes ele quer nos abençoar materialmente através do nosso trabalho duro, honesto e constante.
Ela acerta quando identifica os poderes malignos e demônicos por detrás da opressão humana, mas erra quando deixa de identificar outros fatores como a corrupção, a desonestidade, a ganância, a mentira e a injustiça, os quais se combatem, não com expulsão de demônios, mas com ações concretas no âmbito social, político e econômico.
Ela acerta quando diz que Deus costuma recompensar a fidelidade mas erra quando deixa de dizer que por vezes Deus permite que os fiéis sofram muito aqui neste mundo.
Ela está certa quando diz que podemos pedir e orar e buscar prosperidade, mas erra quando deixa de dizer que um não de Deus a estas orações não significa que Ele está irado conosco.
Ela acerta quando cita textos da Bíblia que ensinam que Deus recompensa com bênçãos materiais aqueles que o amam, mas erra quando deixa de mostrar aquelas outras passagens que registram o sofrimento, pobreza, dor, prisão e angústia dos servos fiéis de Deus.
Ela acerta quando destaca a importância e o poder da fé, mas erra quando deixa de dizer que o critério final para as respostas positivas de oração não é a fé do homem mas a vontade soberana de Deus.
Ela acerta quando nos encoraja a buscar uma vida melhor, mas erra quando deixa de dizer que a pobreza não é sinal de infidelidade e nem a riqueza é sinal de aprovação da parte de Deus.
Ela acerta quando nos encoraja a buscar a Deus, mas erra quando induz os crentes a buscá-lo em primeiro lugar por aquelas coisas que a Bíblia constantemente considera como secundárias, passageiras e provisórias, como bens materiais e saúde.

A teologia da prosperidade, à semelhança da teologia da libertação e do movimento de batalha espiritual, identifica um ponto biblicamente correto, abstrai-o do contexto maior das Escrituras e o utiliza como lente para reler toda a revelação, excluindo todas aquelas passagens que não se encaixam. Ao final, o que temos é uma religião tão diferente do Cristianismo bíblico que dificilmente poderia ser considerada como tal. Estou com saudades da época em que falso mestre era aquele que batia no portão da nossa casa para oferecer um exemplar do livro de Mórmon ou da Torre de Vigia...

Fonte: O tempora, O Mores

quinta-feira, 7 de junho de 2012

SEM TRANSFORMAÇÃO SOCIAL E CULTURAL NÃO HÁ AVIVAMENTO


Muito se tem falado em avivamento nos últimos anos no Brasil. Avivamento se tornou uma palavra-chave para justificar muitos eventos, tanto no contexto pentecostal como nas igrejas históricas. Parece que tudo gira em torno do avivamento. Por conta disso, muitas são as mentiras em torno do tema, pois observando os verdadeiros avivamentos na história, muito do que temos hoje é barulho e nada mais.
Exemplo disso é a Marcha para Jesus e muitos cultos, congressos e eventos em geral. É preciso dizer que muito do que vemos em nada se assemelha ao verdadeiro sentido da palavra avivamento, pois um avivamento de verdade está muito além dos propósitos que se buscam hoje.
Muitos eventos em que se destaca o avivamento não passam de eventos para multiplicação de propósitos e desejos de ministérios pessoais. Para partirmos para um avivamento é preciso transformação de dentro para fora, ou seja, que começa na igreja e se estende para fora, alcançando toda a comunidade e até todo o país.
É preciso rever as bases, como por exemplo:
a) o que é igreja. Muitos não sabem o que é igreja. Para muitos líderes, igreja é simplesmente sua fonte de renda, como um trabalho qualquer. O líder tem regras, metas, reuniões e nada mais. O povo são seus clientes, e suas metas são seus principais objetivos. Em muitas igrejas, esses alvos e metas definem promoções e a vida dos pastores. Com isso, a igreja perde sua referência, perde sua espiritualidade, pois sua linguagem é a empresarial e não a bíblica. A igreja tem que ser uma comunidade terapêutica, ou seja, uma casa onde o cansado, o oprimido, o sofrido, o desesperado encontram descanso e paz, e encontram através da Palavra de Deus um caminho para a vida. Infelizmente, ao contrário, hoje muitas igrejas se tornaram local de extorsão, engano, frustração e mentiras, pois a essência do cristianismo não está ali. Há cultos, em muitas igrejas, onde nem sequer a Bíblia é referida. Fala-se em Deus, em Jesus, porém Seu caráter não é ensinado.
b) o que é a Bíblia. A Palavra de Deus é a referência para homens e mulheres neste mundo turbulento, pois ela é a revelação de Deus, luz para o caminho, é a verdade para que todos aqueles que nela crêem vivam de uma forma abundante no mundo. A Palavra de Deus revela a vontade de Deus para os seres humanos. Por isso, a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus, sendo seu ensino de suma importância para toda a comunidade cristã. Não é possível que uma comunidade se diga cristã e não tenha como principal valor o estudo e a busca do conhecimento através da Palavra de Deus. É preciso também dizer que nos dias de hoje necessita-se de cuidado até mesmo com as traduções bíblicas, pois muitos são os líderes que manipulam o povo com traduções errôneas, onde o único propósito é saciar os próprios desejos. Parece incrível isso. Apesar da Palavra de Deus revelar que nada deve ser acrescentado ou tirado, muitos são os líderes que revelam não temer a Deus em nada, pois distorcem a revelação da Palavra com conclusões pessoais, que são verdadeiras heresias. Ao longo da história, muitas foram as doutrinas, dogmas e eclesiologias criadas com o fundamento de manipular, escravizar os seres humanos.
Muitas teologias hoje, destaco nisso a Teologia da Prosperidade, sucumbiriam diante da análise de biblistas, exegetas conceituados pelo mundo. É preciso dizer que há homens e mulheres que com muita responsabilidade estudam a Palavra de Deus a partir dos textos originais. Isso é uma tarefa muito árdua, que exige o conhecimento de outras línguas, de outras ciências. Por isso, é inadmissível que alguém que se diga pastor, que lidera um povo não saiba manejar a Palavra de Deus.
O apóstolo Paulo aconselha ao jovem Timóteo que procure com zelo o conhecimento, através da Palavra de Deus, para que se apresente como um obreiro que não tem do que se envergonhar. Parece que esse versículo não é compreendido por muitos líderes, pois quanta vergonha vemos em programas de rádio, tv e em muitos cultos. O triste disso é que o próprio Deus revela em Sua Palavra que Ele tem prazer em nos revelar a Sua Palavra, através do Espírito Santo.
c) o que é ser pastor. A função pastoral não é tão simples como muitos homens e mulheres pensam. A Palavra de Deus nos revela que é o próprio Deus que faz e capacita os seres humanos para exercer função de suma importância. A Palavra nos revela que o pastor representa o sumo-sacerdócio, porém é preciso também lembrar que a Palavra de Deus destaca vários atributos para que alguém exerça essa função. O principal deles é que o pastor deve se afastar do pecado e buscar constantemente viver no centro da vontade de Deus. Para isso, Deus coloca à sua disposição Seu Espírito e todos os exemplos do Seu Filho Jesus. Porém, é preciso que o pastor assuma ser dependente de Deus, e não viva segundo a sua própria sabedoria e vontade, pois o pastor deve ser exemplo no caráter, na sua forma de ser e praticar a sua regra máxima, que é a Palavra de Deus.
Sendo assim, aquele que assume a função pastoral tem que saber sobre a sua vocação, e não como é feito em muitas igrejas, que fazem do pastoreio algo hereditário e nepotista. Isso expõe o porquê de muitos pastores e pastoras serem tão desumanos, materialistas, consumistas e em nada espelhem o caráter de Cristo.
d) qual a missão da Igreja. A pergunta é: para que serve uma igreja no contexto contemporâneo? Algumas igrejas são verdadeiros clubes sociais, exclusivos para determinados grupos sociais. Temos igrejas para ricos, para pobres, para cantores, para gente famosa, para gente simples, como também há igrejas que têm um pouco de tudo. Mas a grande questão é que a igreja não cumpre a sua missão. A essência da igreja está na promoção da vida, no fato de que todos aqueles e aquelas que a frequentam têm compromissos não somente consigo próprio, mas principalmente com o seu próximo.
A igreja existe para que homens e mulheres conheçam a Deus, descubram a Sua vontade e espalhem pela terra, de forma prática, o ser de Deus. Isso é ser a imagem e semelhança de Deus. Não basta se intitular cristão; é preciso viver uma vida prática do cristianismo, e isso muitas igrejas, muitos líderes e muitos cristãos precisam descobrir. Não é possível que em alguns lugares do mundo seres humanos morram de fome, sede e de doenças, pela guerra, enquanto algumas nações se declaram cristãs e nada fazem pelos que sofrem no mundo.
Há igrejas que em cinquenta anos de existência nunca enviaram um missionário. Em muitas igrejas, missões são um assunto descartável, pois a preocupação é local e pessoal. Tudo o que a igreja arrecada tem como destino sustentar a liderança. Infelizmente, para muitos líderes, a igreja existe para sustentá-los e saciar seus desejos pessoais.
A missão da igreja vai muito mais além daquilo que pensamos, pois o próprio Deus nos mostrou, de forma prática, que devemos ser instrumentos de transformação social.
Após a igreja estar centrada nessas bases, podemos dizer que esta igreja pode começar a orar por uma avivamento.
É preciso saber que um verdadeiro avivamento tem obstáculos enormes, obstáculos que só podem ser transpostos pela fé. Quando digo que esses obstáculos são enormes é porque no Brasil temos um câncer e cultural.
“O Brasil precisa de uma faxina ética, e isso tem que iniciar na igreja e na sua liderança”
No Brasil, temos uma cultura mutante, influenciada por diferentes culturas vindas de todo o mundo, através dos processos de imigração. Desde nossa colonização, a cultura que predomina é a cultura da morte, da exploração do mais fraco. Isso se revela em nossa história: o negro, o índio, a mulher, as crianças, os velhos, todos foram explorados até a morte em nossa história.
Isso também ocorre hoje, em nossa sociedade, pois muito do que vemos não é nada novo. É a continuação de um processo que não para. O pobre, o negro, a mulher, as crianças, os velhos continuam a ser vítimas dos poderosos, e isso hoje vai muito além do senhor da casa-grande, pois em nossos dias isso se estende para o Estado, e são expostos através das ações dos políticos, dos grandes latifundiários, dos donos de comércio, dos militares e, infelizmente, também pelos religiosos.
Enfim, nada mudou.
A cultura de morte se espalha em todo o canto do mundo, em todo o canto do nosso país. Isso é visto no sistema de saúde, no trabalho, na distribuição de renda, no sistema carcerário, no trânsito, enfim, nas relações humanas. Onde tem pobre, negro, tem miséria, doença, fome, tristeza e morte. Se um negro pobre estiver sendo espancado por policiais em via pública, ninguém vai interferir, pois se tem a cultura de que negro e pobre é “bandido”, e bandido tem que apanhar mesmo. Há um ditado popular que diz que bandido bom é bandido morto.
Por que não dizemos isso do sistema político? Por que não dizemos isso dos ricos? Eles também cometem crimes. Sabe porquê existe essa diferença? Porque faz parte da nossa cultura sobrepujar o pobre, o negro, o miserável.
No Brasil e em muitos países do mundo há uma justiça para pobres, negros e miseráveis, e outra para os ricos. Apesar da Constituição Brasileira dizer que somos iguais, isso não acontece no dia-a-dia de nossa sociedade. Quem comanda a cultura são as elites que massacram os mais fracos, e essa cultura massacrante, onde o mais fraco, o diferente, o desigual é a grande vítima da guerra social.
E o ponto mais triste, em meio a tudo isso, é que a igreja participa de tudo isso ao longo da história. A igreja, desde a colonização, também foi responsável pelo massacre cultural. Mesmo depois de quinhentos anos, a igreja nada mudou e hoje temos um agravante, pois juntamente com a Igreja Católica, as igrejas contemporâneas também assistem o sofrimento dos pobres e o pior, que muitas têm se transformado em uma das formas de exploração dos mais pobres.
De diferentes formas, hoje a igreja entra na cultura da morte, pois nega sua responsabilidade social e cultural. A igreja precisa rever suas bases sociais e culturais, pois em sua essência está a luta por justiça e vida.
Não é possível assistir o caos social em que vivemos enquanto muitas igrejas, ao invés de ser veículos de justiça, se aliam ao mundo. Exemplo disso são as alianças políticas. O mundo político é um poço de lama, onde a corrupção reforça a cultura de morte. É preciso uma grande mudança, pois acredito que da forma que estamos será difícil falar de um verdadeiro avivamento, a não ser que tudo mude, pois o que temos hoje no seio de algumas igrejas é a mentira, o misticismo, a idolatria humana, o desejo desenfreado de consumir e viver de forma totalmente material. Esses valores são pedras de tropeço para um verdadeiro avivamento.
Como pode haver milagres, se a Palavra não é pregada? E quando pregada, é tendenciosa? O exemplo disso é a Teologia da Prosperidade, que enriquece a cada dia os seus defensores, enquanto que o povo continua na miséria. Hoje temos, infelizmente, a manipulação da realidade religiosa, pois tudo tem propósitos, e muitos propósitos não são éticos nem verdadeiros. Como haver avivamento, se a igreja não representa a justiça? Como haver prosperidade, se a prosperidade não muda o estado de miséria de um povo? Como haver avivamento, se a igreja é um veículo de mentira social, aliada ao sistema de corrupção e ao pecado, elementos esses que alimentam essa cultura de morte?
Estou exagerando? Veja o resultado das denúncias da Anistia Internacional, em relação aos direitos humanos no Brasil. Veja os resultados dos órgãos que pesquisam a educação, a violência contra a mulher, crianças, idosos, resultados esses que, comparados a outros países do mundo, nos colocam abaixo de muitos países ditos miseráveis. Veja a realidade dos hospitais, a seca no nordeste, que há décadas persiste. Quantos políticos se enriqueceram às custas de projetos contra a seca? O que dizer da Reforma Agrária, ou melhor, que Reforma Agrária? O que dizer do trânsito, que mata a cada dia, e incrível, se o rico matar no trânsito sai na mesma hora, e rindo, enquanto famílias choram a perda dos entes queridos. O que dizer do sistema penitenciário, verdadeiras masmorras medievais, onde a tortura e o desrespeito ao sentido da palavra humano são as leis? O que dizer do Estado, que usa a tortura, espancamento como medidas sócio-pedagógicas em instituições que dizem existir para corrigir e mudar o caminho de jovens infratores? O que dizer de nossas estradas? O que dizer dos pobres no interior de Estados do nordeste, onde a fome, a miséria prevalecem?
E o que temos em resposta do Estado para tudo isso? Fome Zero, PAC, porém de outro lado, juntamente com isso, temos mensalão, ambulâncias, Cachoeiras, enfim, como dizem, formas para tapar o sol com a peneira.
É preciso atacar o foco. Se não mudarmos nossa cultura de vantagens e exploração dos pobres, não teremos uma mudança social e, com isso, um verdadeiro avivamento não pode ocorrer. Não é possível que Deus assista todo o sofrimento de um povo e, enquanto isso, “seus filhinhos” cantem e dancem nas igrejas. Isso não é amor, não é misericórdia, não é solidariedade.
O que vemos é vaidade, ganância, omissão e tudo isso é pecado. Onde há pecado não há a presença de Deus. Num país onde rico e poderoso nunca erra, mesmo pego em flagrante; onde até as leis são presunção de exploração e injustiça, a igreja tem que pregar que Deus é contrário a tudo isso.
Mas agora vivemos o contrário. Pastores se calam diante do poder financeiro de muitos ricos e poderosos, e mentem sobre avivamento e o poder do Espírito Santo. Por isso, só acredito em avivamento se a igreja abandonar seus laços com o mundo corrompido e mau. Assim proclamo:

“Sem transformação social e cultural não há avivamento.”

Não há engano, a não ser que se queira. Temos que lutar por pastores que busquem sabedoria, transparência, integridade, simplicidade, e que tenham em seu vocabulário e prática de vida palavras como amor ao próximo, solidariedade, Graça, e isso tudo vem com mudanças de rumo. Ser pastor não é profissão, é um sacerdócio.
Queremos pastores que saibam enxergar o próximo. Queremos pastores que dividam sua prosperidade com os que sofrem.
Ufa! Estou cansado de ver tudo isso, e não ver mudanças em nossa sociedade. Continuo a ver pobres nas calçadas, morrendo de fome; doentes morrendo em portas de hospitais por falta de leitos, ou pela precariedade no atendimento. Estou cansado de pobres serem torturados e mortos por policiais; estou cansado de ver políticos mentindo na TV, sem ninguém fazer nada – ninguém sabe nada. Estou cansado de ver pastor na TV mentindo, adulterando a Palavra de Deus em seu proveito, chamando seus próximos de bandidos. E, lamentavelmente, a culpa não é de ninguém, ninguém fez nada.
Algo tem que acontecer, e tem que começar. O começo é acabando com a mentira e a hipocrisia que há em toda a sociedade e em muitas igrejas e líderes. Só assim poderemos clamar, em alta voz, aba Pai. Aí sim veremos acontecer em nossa sociedade o que diz a Bíblia em 2 Crônicas 7.14:
“E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.”
Ainda bem que a misericórdia de Deus se renova a cada manhã em nossas vidas.
“Voltemos ao Evangelho puro e simples, o $how tem que parar.”
Louvado seja Deus que ainda está no controle do mundo.
Paulo Siqueira

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