terça-feira, 17 de dezembro de 2019

AS MARCAS DE UM VERDADEIRO CRISTÃO


1 João 1.1-2.17
A Primeira Carta de João, segundo alguns estudiosos, ocupa o lugar mais elevado nos escritos inspirados, a ponto de João Wesley chamá-la de “A PARTE MAIS PROFUNDA DAS ESCRITURAS SAGRADAS”.
Simon Kistemaker afirma que “ESSA EPÍSTOLA PODERIA SER CHAMADA DE TRATADO TEOLÓGICO
Donald Guthrie tem razão quando diz que “ESSA CARTA COMBINA PENSAMENTOS PROFUNDOS COM SIMPLICIDADE DE EXPRESSÃO. ELA, É TANTO PRÁTICA QUANTO PROFUNDA”.
Antes de prosseguirmos, precisamos conhecer o autor dessa epístola. Quem foi João?
Primeiro, João era filho de Zebedeu e Salomé e irmão de Tiago. Seu pai era um empresário da pesca e sua mãe era irmã de Maria, mãe de Jesus. João era galileu e certamente deve ter crescido em Betsaida, às margens do mar da Galileia. Ele, à semelhança de seu pai, também era pescador.
Segundo, João tornou-se discípulo de Cristo. Inicialmente João era discípulo de João Batista, mas deixou suas fileiras para seguir o carpinteiro de Nazaré, o rabino da Galileia. Depois da morte de João Batista, João abandonou suas redes para integrar o grupo de Jesus permanentemente (Mc 1.16-20), tornando-se mais tarde um dos doze apóstolos (Mc 3.3-19).
        Terceiro, João tornou-se integrante do círculo mais íntimo de Jesus. Ao lado dos irmãos Pedro e André, João integrava esse grupo seleto que desfrutava de uma intimidade maior com Jesus. Eles acompanharam Jesus no monte de Transfiguração (Lc 9.28), na casa de Jairo (Lc 8.51), onde Jesus ressuscitou sua filha de 12 anos, e também no Jardim do Getsêmani, na hora mais extrema da sua agonia (Mc 14.33). Desses três apóstolos, João é o único que encostou a cabeça no peito de Jesus e foi chamado de discípulo amado.
Quarto, João passou seus últimos dias em Éfeso. E muito provável que João tenha fugido para Éfeso por volta do ano 68 d.C., antes da destruição da cidade de Jerusalém por Tito Vespasiano em 70 d.C. Dali ele foi banido para a Ilha de Patmos pelo imperador Domiciano, onde escreveu o livro de Apocalipse (Ap 1.9). João morreu de morte natural, enquanto todos os outros apóstolos foram martirizados. Seu irmão Tiago foi o primeiro dos apóstolos a morrer enquanto João foi o último. De acordo com Irineu, o apóstolo João viveu “até o tempo de Trajano”. João morreu por volta do ano 98 d.C., durante o reinado do imperador Trajano (98-117 d.C.). O apóstolo João foi o autor desta carta que estamos considerando.
John Stott diz que as diferenças existentes entre o evangelho e a carta são explicadas pelo propósito diferente que o autor tinha ao escrever cada uma dessas obras. Assim escreve Stott: João escreveu O EVANGELHO PARA INCRÉDULOS A FIM DE DESPERTAR-LHES A FÉ (JO 20.30,31), e a EPÍSTOLA PARA CRENTES, A FIM DE APROFUNDAR A CERTEZA DELES (5.13).
O local e a data em que a carta foi escrita
 E muito provável que o apóstolo João, o último representante do colégio apostólico vivo, tenha passado seus últimos dias morando na cidade de Éfeso, a capital da Ásia Menor. E quase certo que João escreveu essa e as outras duas epístolas de Éfeso, onde João pastoreou a igreja nos últimos dias da sua vida. Estudiosos normalmente datam a composição das epístolas de João entre 90 e 95 d.C. A razão para isso é o fato de as epístolas terem sido escritas para contra-atacar os ensinamentos do gnosticismo, que estava ganhando proeminência perto do final do século primeiro.
Os destinatários da carta
A Primeira Carta de João não foi endereçada a uma única igreja nem a uma pessoa específica, mas às igrejas do primeiro século. Trata-se de uma carta circular, geral ou católica.
Esta carta de João não foi endereçada à igreja de Éfeso, nem à igreja de Pérgamo, nem mesmo às igrejas da Ásia coletivamente, mas a todas as igrejas. Não há dúvida que ela circulou primeiramente entre as igrejas da Ásia e João tinha suas razões para escrevê-la em face dos perigos que atacavam as igrejas daquele tempo. Entretanto, seus ensinos e suas exortações não se restringem àquela época e àquelas igrejasAs doutrinas e exortações são tão oportunas para as igrejas de hoje como o foram para as igrejas daquele tempo.
Os propósitos da carta
        João escreveu o evangelho para os descrentes e seu propósito era que seus leitores cressem que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham vida em seu nome (Jo 20.31).
A Primeira Epístola, por sua vez, foi escrita aos crentes para dar-lhes segurança da salvação em Cristo (5.13). Myer Pearlman corretamente diz que o evangelho trata dos fundamentos da fé cristã, a epístola dos fundamentos da vida cristã.
        O apóstolo João teve um duplo propósito ao escrever essa carta:
Em primeiro lugar, expor os erros doutrinários dos falsos mestres.
Esses falsos mestres estavam disseminando suas heresias perniciosas. João mesmo diz: “Isto que vos acabo de escrever é acerca dos que vos procuram enganar” (2.26). João escreveu para defender a fé e fortalecer as igrejas contra os falsos mestres e sua herética doutrina. Esses falsos mestres haviam saído de dentro da própria igreja (2.19). Eles se desviaram dos preceitos doutrinários. João identificou o surgimento de uma perigosa heresia que atacaria implacavelmente a igreja no segundo século, a heresia do gnosticismo.
Essa posição resultou em duas diferentes atitudes em relação ao corpo: ascetismo ou libertinagem.
As principais crenças do gnosticismo são: a impureza da matéria e a supremacia do conhecimento. Com isso, a filosofia gnóstica produziu uma aristocracia espiritual por um lado e uma acentuada imoralidade por outro.
O gnosticismo ensinava que a salvação podia ser obtida por intermédio do conhecimento, em vez da fé. Esse conhecimento era esotérico e somente poderia ser adquirido por aqueles que tinham sido iniciados nos mistérios do sistema gnóstico.
  A heresia gnóstica atingiu verdades essenciais do cristianismo.
A primeira delas foi a doutrina da Criação. Os gnósticos estavam errados quando afirmavam que a matéria era essencialmente má. Deus criou o mundo e deu uma nota: “Muito bom” (Gn 1.31).
A segunda verdade que foi afetada pela heresia gnóstica foi a doutrina da Encarnação. Para os gnósticos, era impossível que Deus houvesse assumido um corpo físico, material. Essa heresia em sua forma mais radical é chamada de Docetismo. O verbo grego dokein significa “parecer” e os docetistas pensavam que Jesus só parecia ter um corpo.
        De acordo com essa heresia de Cerinto Jesus morreu, mas Cristo não morreu. Para ele, o Cristo celestial era muito santo para estar em contato permanente com o corpo físico. Dessa maneira, ele negava a doutrina da Encarnação, que Jesus é o Cristo, e que Jesus Cristo é tanto Deus como homem.
 João se levanta, e refuta também essa heresia de Cerinto, quando escreve: “Este é aquele que veio por meio de água e sangue, Jesus Cristo; não somente com água, mas também com a água e com o sangue…” (5.6). Para eles, o Cristo divino abandonara a Jesus antes de sua crucificação. O apóstolo João afirma, entretanto, que Jesus Cristo veio por meio de água e sangue.
Augustus Nicodemus destaca o fato de que esses ensinamentos heréticos que negavam a humanidade e a divindade de Cristo foram posteriormente rejeitados pela igreja nos concílios de Niceia e Calcedônia, que adotaram o ensino bíblico da perfeita humanidade e divindade de Cristo.
Ela é uma carta que enfatiza a necessidade de obediência aos mandamentos divinos. A prova moral de que pertencemos à família de Deus é a obediência (2.3-8,29; 3.3-15,22-24; 4.20,21; 5.2-4,17-19,21). O conhecimento de Deus e a obediência a Deus devem caminhar sempre juntos. Aquele que diz que conhece a Deus, mas não guarda seus mandamentos é mentiroso (2.35). A obediência a Deus é uma das condições para termos nossas orações respondidas (3.22). Somos conhecidos como crentes pela obediência a Deus e pelo amor aos irmãos.
Diante do exposto quero meditar com os irmãos sobre as três provas cardinais que evidencia os verdadeiros cristãos:
1- A PRIMEIRA MARCA É TEOLÓGICA, CRER EM JESUS CRISTO “O FILHO DE DEUS” (3.23; 5.6,10,13).
A Primeira Carta de João tem uma mensagem tão urgente e decisiva para a igreja que o apóstolo, deixando de lado as saudações costumeiras, vai direto ao assunto e apresenta Jesus, a manifestação suprema de Deus entre os homens.
 João não se detém em detalhes como remetente, endereçamento e saudação quando tem algo tão imenso a declarar.
A intimidade com seus leitores é tal que várias vezes se dirige a eles como “filhinhos”, “amados”, “irmãos” (2.1,12,18; 3.7,18; 4.4; 5.21). João é uma pessoa que possui autoridade e fala como testemunha ocular.
No primeiro parágrafo (1.1-4) o tema central é Jesus, o verbo da vida. João abre sua carta falando sobre Jesus: Quem é Jesus. Como podemos conhecê-lo. Como ele pode ser experimentado. Como ele deve ser proclamado. Qual a principal razão da sua vinda ao mundo.
A mensagem de João é que Deus não está distante nem indiferente a este mundo, como pensam os gnósticos e deístas. O testemunho de João é que Deus está profundamente interessado neste mundo. Ele enviou seu Filho ao mundo e seu nome é Jesus Cristo, o verbo da vida. Ele é o Messias, o Salvador do mundo.
Não há qualquer sombra de dúvida de que o propósito da carta é anunciar aquele que é, desde o princípio, o verbo da vida, a vida eterna. Aquele que estava com o Pai manifestou-se em carne e foi ouvido, visto e tocado.
Destacaremos, agora, as verdades essenciais do texto em tela:
A preexistência do verbo de Deus (1.1)- Como a autoexistência e a eternidade sáo atributos exclusivos da divindade, concluímos, com diáfana clareza, que Jesus é divino. Essa verdade fica ainda mais clara quando lemos no prólogo do evangelho de João: “No princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus” (Jo 1.1).
A humanidade do verbo de Deus (1.1) João continua: “[…] o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao verbo da vida” (1.1). O Eterno penetrou no tempo e foi manifestado aos homens. O verbo de Deus preexistente, eterno e divino fez- se carne (Jo 1.14).
A encarnação de Cristo é a pedra fundamental onde se apoia o cristianismo. Negando a encarnação, os falsos mestres estavam na verdade atacando todas as doutrinas centrais do cristianismo.
A proclamação do verbo da vida (1.3,4) Eis o relato de João: O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. Estas coisas, pois, vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa (1.3,4).
João combate os hereges gnósticos mostrando que Jesus é o Filho de Deus, o Messias prometido, o ungido de Deus (1.7; 2.1,22; 3.8; 4.9,10,14,15; 5.1,9-13,18,20).
Ela é uma carta que enfatiza a humanidade de Cristo. Contrariando os ensinos gnósticos que proclamavam que a matéria era essencialmente má, João mostra que Jesus veio em carne (1.1-3,5,8; 4.2,3,9,10,14; 5.6,8,20). John Stott está coberto de razão quando diz que a mensagem de João está supremamente interessada na manifestação histórica, audível, visível e tangível do Eterno. João está atestando a sua mensagem com a sua experiência pessoal.
        Ela é uma carta que enfatiza que Jesus é o Salvador. Jesus morreu pelos pecados dos homens (1.7; 2.1,2; 3.5,8,16; 4.9,10,14). O Pai enviou seu Filho como Salvador do mundo (4.14).
Ele manifestou-se para tirar os pecados e nele não existe pecado (3.5). Com respeito ao pecado do homem, Jesus é: primeiro, o nosso advogado junto ao Pai (2.1) e, segundo, a propiciação pelos nossos pecados (2.2; 4.10). Um sacrifício propiciatório restaura a relação quebrada entre duas partes. E um sacrifício que reconcilia o homem e Deus.
2- SEGUNDA MARCA É MORAL (OBEDECER=SANTIDADE) – SE PRATICAMOS OS MANDAMENTOS DE DEUS (1.5; 2.3-11; 3.5)
A teologia não é separada da ética, mas exige santidade de vida. A teologia cristã não é apenas conceitual, mas, sobretudo, prática.
 João não é um filósofo, mas um teólogo. Sua mensagem não é apenas para o deleite da mente, mas para a transformação do coração. Sua teologia não é destinada apenas a uma elite intelectual na igreja, mas para todos os que reconhecem seus pecados e se voltam contritos para Deus.
Sua mensagem tem profundas implicações práticas. O propósito do apóstolo é mostrar que não podemos ter comunhão com Deus e com os irmãos sem santidade. E impossível andar nas trevas e ter comunhão com Deus, que é luz. William Barclay tem razão quando diz que o caráter de uma pessoa estará determinado necessariamente pelo caráter do Deus a quem adora.
 Simon Kistemaker diz: que a santidade exige verdade em palavras e atos.
A teologia não é neutra, mas exige do homem um posicionamento. Aqueles que dizem conhecer a Deus, que é luz, mas vivem nas trevas; aqueles que, embora pecadores, negam a própria natureza pecaminosa; aqueles que, embora manchados pela mácula do pecado.
A natureza santa de Deus é exposta (1.5) João escreve: “Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma”. João passa da revelação do verbo de Deus para a revelação do próprio Deus, a quem revela.
Destacamos aqui alguns pontos:
EM PRIMEIRO LUGAR, a mensagem acerca da natureza de Deus vem do próprio Jesus (1.5).
        A natureza pecaminosa do homem é declarada (1.6-10) Os falsos mestres, que haviam desembarcado na Ásia Menor, traziam em sua bagagem uma teologia falsa acerca de Deus, de Cristo, do homem, do pecado e da salvação. No pacote de suas heresias, esses falsos mestres desconectavam a religião da vida, afirmando que podiam ter comunhão com Deus e ao mesmo tempo viver nas trevas (1.6).
Eles chegavam a ponto de negar a própria existência do pecado (1.8) e afirmar que não eram susceptíveis a ele (1.10).
        Quais eram essas atitudes dos falsos mestres? Em primeiro lugar, a tentativa de enganar os outros (1.6). “Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade.” Os mestres gnósticos separaram a teologia da vida, a religião da prática da piedade. Mesmo imersos no caudal de seus pecados ainda proclamavam que tinham comunhão com Deus.
        Concordo com Augustus Nicodemus quando diz: “Os atos de um cristão professo são mais eloquentes do que suas palavras, e revelam o estado real de seu relacionamento com Deus”.
        Simon Kistemaker tem toda razão quando escreve: “O pecado aliena o ser humano de Deus e de seu próximo. Ele perturba a vida e gera confusão. Em vez de paz, há discórdia; em vez de harmonia, há desordem; e, no lugar de comunhão, há inimizade”.
        EM SEGUNDO LUGAR, a tentativa de enganar a nós mesmos (1.8). “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.”O pecado nos leva a mentir não apenas para os outros, mas também a mentir para nós mesmos. O problema agora não é enganar os outros, mas enganar a nós mesmos.
        O pecado anestesia o coração, insensibiliza a alma e cauteriza a consciência. E possível viver em pecado e ainda assim sentir-se seguro e ter a certeza de que tudo está bem na relação com Deus. Isso é mais do que esconder o pecado como fez Davi. Isso é negar a própria existência do pecado, como fizeram os falsos mestres do gnosticismo.
        EM TERCEIRO LUGAR, a tentativa de enganar a Deus (1.10). “Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua Palavra não está em nós.” O pecado pode nos fazer mentir para os outros, mentir para nós mesmos e mentir para Deus. Tendo-se tornado mentiroso, depois também se procura transformar Deus em mentiroso.
        Concluímos este ponto com as palavras de Warren Wiersbe, dizendo que os falsos mestres e os falsos crentes mentem sobre sua comunhão com Deus (1.6), sobre sua natureza pecaminosa (1.8) e sobre seus atos pecaminosos (1.10). Aquele que procura encobrir os seus pecados perde a Palavra de Deus. Ele deixa de praticar a Palavra de Deus (1.6), logo a verdade deixa de estar nele (1.8), e, finalmente, ele torna a verdade em mentira (1.10). Aquele que tenta encobrir os seus pecados perde a comunhão com Deus e com o seu povo (1.6,7).
        NO CAPÍTULO I de sua epistola, O apóstolo João identificou três marcas de um falso cristão: ele tenta enganar os outros, a si mesmo e a Deus.
        A obediência, a evidência do verdadeiro conhecimento de Deus (2.3-6) Conhecer a Deus e ter comunhão com ele é a própria essência da vida eterna (Jo 17.3). Comunhão com Deus e conhecimento de Deus são dois lados da mesma moeda.
        Em suas Confissões, Agostinho de Hipona diz: “DEUS NOS CRIOU PARA ELE E NOSSA ALMA NÃO ENCONTRARÁ REPOUSO ATÉ DESCANSARMOS NELE”.
                        Destacaremos quatro pontos para a nossa reflexão:
Em primeiro lugar, a obediência é a prova do conhecimento de Deus (2.3). “Ora, sabemos que o temos conhecido por isso: se guardamos os seus mandamentos.”
Conhecer nas Escrituras e especialmente em João (2.3,4,13,14) não significa nunca um conhecimento intelectual, teórico, mas um conhecimento experimental do coração. O que João está dizendo é que nenhum conhecimento é verdadeiro se não for transformador.
        Warren Wiersbe diz que a obediência pode ter três motivações: obedecemos porque somos obrigados, porque precisamos ou porque queremos. escravo obedece porque é obrigado. Do contrário, será castigado. O empregado obedece porque precisa. Pode não gostar de seu trabalho, mas certamente gosta de receber o salário no final do mês! Precisa obedecer, pois tem uma família para alimentar e vestir. Mas o cristão deve obedecer ao Pai celestial porque quer — porque tem um relacionamento de amor com Deus. Jesus disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14.15).
        Em segundo lugar, a inconsistência moral é a negação do conhecimento de Deus (2.4). “Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade.” O pior dos enganos é o autoengano.
        Em terceiro lugar, a obediência à Palavra é a prova de que Deus está em nós e nós nele (2.5). “Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele…” O amor de Deus por nós é aperfeiçoado na obediência à Palavra. Nosso amor por Deus é demonstrado pela observância dos mandamentos de Cristo (5.3; Jo 14.15,21,23).
 Como podemos saber que estamos em Deus? João responde com uma sucessão de declarações: Quando estamos nele (2.5), quando permanecemos nele (2.6) e quando andamos assim como ele andou (2.6).
   Em quarto lugar, a imitação de Cristo é a prova de que pertencemos a ele (2.6). “Aquele que diz que permanece nele, este deve também andar assim como ele andou.” Cristo não é apenas nosso mestre; é também nosso exemplo. Qualquer pessoa que diga que é cristão deve viver como Cristo viveu.
        Ela é uma carta que enfatiza a necessidade de separação do mundo. O amor a Deus e o amor ao mundo são incompatíveis e irreconciliáveis (2.1517; 3.1,3,13; 4.3-5; 5.4; 5.19). O mundo é hostil a Deus e ao crente (3.1). Os falsos profetas são do mundo e não de Deus, porque falam a linguagem do mundo (4.4,5). Todo o mundo está sob o maligno (5.19). Por isso, o crente deve vencer o mundo pela fé (5.4). Todos os desejos do mundo são passageiros (2.17). Entregar o coração ao mundo que marcha para a destruição é uma verdadeira loucura.
Ela é uma carta que enfatiza a necessidade de obediência aos mandamentos divinos. A prova moral de que pertencemos à família de Deus é a obediência (2.3-8,29; 3.3-15,22-24; 4.20,21; 5.2-4,17-19,21).
O conhecimento de Deus e a obediência a Deus devem caminhar sempre juntos. Aquele que diz que conhece a Deus, mas não guarda seus mandamentos é mentiroso (2.35).
A obediência a Deus é uma das condições para termos nossas orações respondidas (3.22). Somos conhecidos como crentes pela obediência a Deus e pelo amor aos irmãos.
John Stott diz que temos razão de suspeitar dos que alegam intimidade mística com Deus e, entretanto, “andam nas trevas”. Religião sem moralidade é ilusão, uma vez que o pecado é sempre uma barreira para a comunhão com Deus. Andar nas trevas significa viver no erro, no pecado, na ignorância de Deus e em hostilidade a ele. Nesse caso, mentimos e não praticamos a verdade. Andamos em trevas quando as coisas mais cruciais da vida passam sem o exame da luz de Cristo. Se nossa carreira, nossa vida sexual, dinheiro, família, autoimagem, esperanças e sonhos jamais lhe foram abertos, nosso cristianismo e vida eclesiástica são uma mentira eloquente. E esse o motivo da falta de poder de tantos cristãos hoje e a razão de haver igrejas sem vida e sem poder.
3-A TERCEIRA MARCA É SOCIAL (AMOR) –  SE NOS AMAMOS UNS AOS OUTROS ( 2.7-11)
O amor, a evidência da verdadeira caminhada na luz (2.7-11)
        Se CRER em Jesus é a Marca teológica, a obediência é a Marca Moral que identifica o verdadeiro cristão, o amor é a Marca Social.
João faz uma transição da Marca Moral para a Marca Social, da obediência aos mandamentos para o amor ao próximo.
        Algumas verdades preciosas são aqui destacadas:
Em primeiro lugar, o amor é um mandamento velho e novo ao mesmo tempo (2.7,8). O apóstolo João escreve: Amados, não vos escrevo mandamento novo, senão mandamento antigo, o qual, desde o princípio, tivestes. Esse mandamento antigo é a palavra que ouvistes. Todavia, vos escrevo novo mandamento, aquilo que é verdadeiro nele e em vós, porque as trevas se vão dissipando, e a verdadeira luz já brilha.
João não está entrando em contradição. Na língua grega há duas palavras para “novo”. A palavra NEÓS é novo em termos de tempo e KAINÓS é novo em termos de qualidade.
A palavra usada por João aqui é KAINÓS. O mandamento para amar uns aos outros não é novo em termos de tempo, mas o é em termos de qualidade.
Podemos afirmar que o mandamento de amar o próximo é novo em três aspectos:
O mandamento é novo em profundidade. O novo mandamento de Cristo nos desafia a amar como ele nos amou. Isso é mais do que amar o próximo como a si mesmo, uma vez que Cristo nos amou e a si mesmo se entregou por nós. O amor cristão não é sentimento, é ação. Não somos quem dizemos ser, mas o que fazemos. Cristo deu sua vida por nós e devemos dar a nossa vida pelos irmãos (3.16).
O mandamento é novo em extensão. Jesus redefiniu o significado de “próximo”. O próximo que devemos amar é qualquer pessoa que precise da nossa compaixão, independentemente de raça ou posição. Devemos amar até mesmo os nossos inimigos. Em Jesus o amor busca o pecador. Para os rabinos judeus ortodoxos, o pecador era uma pessoa a quem Deus queria destruir. Os judeus desprezavam os pecadores, considerando-os indignos do amor de Deus, e repudiavam os gentios, considerando-os combustível do fogo do inferno. Porém Deus amou o mundo.
O mandamento é novo em experiência. Andar em amor e andar na luz são a mesma coisa. Quando conhecemos a Deus tornamo-nos filhos da luz. Na vida cristã as trevas vão se dissipando, pois as trevas não podem prevalecer sobre a luz. Na vida cristã a verdadeira luz, que é Cristo, já brilha. Quando Jesus nasceu, o “[…] sol nascente das alturas” visitou o mundo (Lc 1.78).
Em segundo lugar, o ódio não sobrevive na luz (2.9). “Aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmão, até agora, está nas trevas.”
Concordo com Lloyd John quando diz que a inimizade é cancerosa. Ela gera a própria espécie. Ela se multiplica desordenadamente. Ela adoece, deforma e mata.
João repete a ideia desse capítulo nos dois capítulos seguintes, quando diz que “Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino” (3.15) e que “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso” (4.20). Quem odeia a seu irmão desobedece aos mandamentos de Deus, está longe da verdade e vive em trevas espirituais.
Augustus Nicodemus diz que o ódio ao irmão é bastante revelador: “indica a falta do verdadeiro conhecimento de Deus. Indica falta de conversão; aponta, portanto, para o estado de perdição daquele que odeia”.
 Em terceiro lugar, o amor não produz tropeço para si nem para os outros (2.10). “Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há nenhum tropeço.” A palavra grega SKANDALON, traduzida por “tropeço”, é metáfora bíblica para uma pedra saliente que faz tropeçar o viajor. O uso desta palavra mostra que a falta de amor produz escândalo e causa tropeço.
Lloyd John Ogilvie está correto quando escreve: “As trevas da animosidade tornam o caminho traiçoeiro, mas a luz de Cristo transforma as pedras de tropeço em calçada”.
Warren Wiersbe narra a história de um homem que certa noite andava por uma rua escura quando viu um ponto muito pequeno de luz vindo em sua direção com movimentos hesitantes. Pensou que a pessoa carregando a luz talvez estivesse doente ou bêbada, mas, ao se aproximar, viu que o homem com a lanterna também segurava uma bengala branca. Por que será que um homem cego está carregando uma lanterna acesa?, o homem pensou e resolveu perguntar  a ele. O cego sorriu e respondeu: “Eu carrego essa luz para que eu veja, mas para que outros me vejam. Não fazer coisa alguma a respeito da minha cegueira, isso fazer algo para não ser um tropeço”.
Em quarto lugar, o ódio é um veneno que corói aqueles que dele se nutrem (2.11). “Aquele, que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda na escuridão, e não sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos.”
Augustus Nicodemus diz, acertadamente, que as trevas a que João se refere são a  escuridão moral e espiritual, característica de pecado e corrupção em que a humanidade vive.
Quem odeia a seu irmão evidencia em sua vida três amargas realidades:
Quem odeia a seu irmão não tem a salvação de sua alma (2.11a). “Aquele, porém, que odeia a seu irmão está nas trevas…”. As trevas são o oposto da luz. O diabo é o príncipe das trevas.
Quem odeia a seu irmão não tem propósito na vida (2.11b). “[…] e anda nas trevas…”. Quem anda nas trevas, anda sem segurança. Quem anda nas trevas, anda sem projeto e sem propósito. Quem anda nas trevas, não sai do lugar, não faz progresso, não tem direção clara na jornada na vida.
Quem odeia a seu irmão não tem direção na caminhada da vida (2.11c). “[…] e não sabe para onde vai…”. Aquele que vive e anda nas trevas não tem direção segura na vida. Aquele que anda nas trevas vive tateando, tropeçando e caindo. Fazer uma viagem nas trevas é caminhar em direção ao desastre.
João ergue sua voz para dizer que o ódio cega como as trevas. O amor não é cego; o ódio, sim, cega! Uma pessoa amargurada fica cega. Seu raciocínio obscurece. Perde-se o equilíbrio. Perde-se o discernimento. Perde-se a direção. Perde-se a bem-aventurança eterna.
Pastor Eli Vieira

4 Características De Um Fariseu Digital


A internet juntamente com as redes sociais, tem sido ferramentas especiais na divulgação e propagação do evangelho e da sã doutrina. É inegável o fato de que milhares de pessoas em todo Brasil, tem sido abençoadas com textos, reflexões, áudios, vídeos, pregações e estudos bíblicos que glorificam a Deus. Contudo, juntamente com isso, tornou-se perceptível o crescimento de um grupo de pessoas extremamente criticas, as quais se encaixam naquilo que denomino de fariseus digitais.

Pensando nisso, resolvi escrever quatro características fundamentais de um fariseu digital:

1-) Geralmente um fariseu digital é um tipo de desigrejado. Ele diz que ama o noivo, mas, demonstra odiar a noiva, sempre destilando palavras “mal-ditas” a igreja,  falando contra pastores, bem como das doutrinas de que diverge. Esse tipo de pessoa, geralmente não frequenta uma igreja local, é insubmisso, avarento, e intratável em seus relacionamentos interpessoais.

2-) Um fariseu digital é aquele que se considera mais sábio e melhor do que os outros, ainda que não tenha lido livros suficientes, e nem tampouco vivido suficiente. Um fariseu digital acredita que sempre tem uma palavra melhor, considerando-se assim um “expert” em assuntos que nunca dominou.

3-) Um fariseu digital costuma ser arrogante, soberbo e prepotente em suas colocações e afirmações teológicas, sempre tratando os outros com ar de superioridade.

4-) Um fariseu digital briga e discute por qualquer coisa. Na verdade, um fariseu digital é um individuo brigão que encastelado em seu PC, age quixotescamente acreditando ser o único sobrevivente de uma igreja pura e cristã.

Pense nisso,

Renato Vargens

Petição contra filme do Porta dos Fundos na Netflix passa de 1 milhão de assinaturas


O avanço da petição online se tornou viral, devido à repercussão negativa que o filme gerou entre cristãos e até mesmo adeptos de outras religiões.

Escrito por Fábio Porchat e protagonizado pelo próprio humorista junto ao também ator Gregório Duvivier, o filme distorce a mensagem bíblica sobre Jesus. (Imagem: Entreterse)

Escrito por Fábio Porchat e protagonizado pelo próprio humorista junto ao também ator Gregório Duvivier, o filme distorce a mensagem bíblica sobre Jesus. (Imagem: Entreterse)

Na manhã desta quinta-feira (12), a petição para que a Netflix retire o filme “Especial de Natal Porta dos Fundos – A Primeira Tentação de Cristo” de seu acervo na plataforma de streamming ultrapassou 1 milhão de assinaturas.
O avanço da petição online se tornou viral, devido à repercussão negativa que o filme gerou, não apenas entre cristãos e conservadores, mas entre todos aqueles que não concordam com o uso indevido de elementos religiosos. Prova disso é que na última segunda-feira (9), o número de assinaturas era de 180 mil.
No roteiro, o filme apresenta Jesus como um homem que tem um relacionamento homossexual aos 30 anos com “Orlando”, que depois se revela como Satanás. Além disso, na história, Deus é representado como alguém que não controla seus impulsos sexuais, Maria é adúltera e um dos reis magos leva uma prostituta para a festa de aniversário de Jesus.
Pastores se posicionando
Durante os últimos dias, teólogos e escritores se pronunciaram sobre o assunto, repudiando o grupo Porta dos Fundos pela criação do roteiro e também a Netflix por promover a produção do filme.
Em uma publicação do Facebook, o Rev. Augustus Nicodemus confessou que não se espanta com esse tipo de ofensa à imagem de Cristo, mostrando que essa distorção já foi feita em outras ocasiões.
“Não é de hoje que também o chamam de homossexual. Seu pretenso caso com João, o jovem discípulo amado que se inclinou no seu peito durante a Ceia, tem sido apontado como evidência desde os primórdios da teologia inclusiva (gay) décadas atrás. Contudo, somente olhos homossexuais conseguem enxergar no episódio mais do que demonstração oriental masculina de amizade entre dois amigos”, explicou.
“Todas essas caricaturas de Cristo, inclusive essa requentada mais recentemente pelo Porta dos Fundos, não são novidade para os cristãos que conhecem a história de rejeição, perseguição, ódio e desprezo por Jesus de Nazaré conforme ele é retratado nos 4 Evangelhos canônicos e nos escritos de seus seguidores mais próximos, ainda no século I – aliás, as únicas fontes confiáveis que temos sobre sua identidade”, acrescentou.
O pastor continuou apontando a produção do Porta dos Fundos como resultado das ações de pessoas que simplesmente atacam o cristianismo.
“Essa representação, totalmente contrária aos textos bíblicos que servem de origem para entendermos quem é Jesus, é resultado do deboche, zombaria, cinismo e descaso consciente de pessoas que querem simplesmente atacar o Cristianismo”, destacou. “Não estou espantado. O que se espera que sairia de um grupo que tem um nome desses [POrta dos Fundos] para identificá-lo?”.
Já o pastor e escritor Franklin Ferreira destacou que esta não foi a primeira vez que o próprio grupo Porta dos Fundos vilipendiou a fé cristã e apontou o filme como mais uma revelação do ódio da esquerda contra a Igreja e o cristianismo.
“Mas, hoje, os esquerdistas não escondem mais seu ódio contra a religião mais perseguida do mundo: o cristianismo. E o Porta dos Fundos, que tem entre suas estrelas um ferrenho defensor do PT e PSOL, é parte desse movimento para vilipendiar e ridicularizar a fé no Senhor Jesus Cristo”, lembrou.
O pastor finalizou seu texto alertando cristãos a votarem com consciência nas próximas eleições.
“Que os cristãos católicos e protestantes se lembrem disso nas eleições de 2020 e 2022. Afinal, há cristãos que ainda pensam em votar no PT e PSOL? Esses partidos de esquerda já usaram e abusaram de católicos e evangélicos para tentar implementar seu programa de poder autoritário. Agora o PT, PSOL e seus acólitos abertamente atacam a fé cristã e vilipendiam seus símbolos. Haverá mesmo cristãos que ainda votarão nesses partidos?”, finalizou.
Posicionamento da Associação de Juristas Islâmicos
Surpreendentemente, o repúdio contra o Porta dos Fundos e a Netflix não veio apenas de cristãos e conservadores, mas até mesmo de representantes de outras religiões, como no caso de um grupo de juristas islâmicos.
“É com imenso pesar que a ANAJI – Associação Nacional dos Juristas Islâmicos e toda a comunidade Muçulmana, repudia a atitude do CANAL PORTA DOS FUNDOS E NETFLIX, que em vídeo deturpa a imagem do Profeta Jesus e sua mãe Maria (QUE A PAZ DE DEUS ESTEJA COM ELES)”, disse uma nota oficial da Associação.
“O artigo 5º, inciso VI, da Constituição Brasileira, deixa bem claro a proteção e respeito ao Sagrado. A liberdade de opinião e de expressão, também garantida pela Constituição, tem caráter relativo, podendo ser exercido tão somente dentro dos limites impostos pelo ordenamento jurídico, de maneira que não haja o desrespeito e a fomentação de aversões ou agressões a grupos religiosos, caso contrário implica na tipificação de crime (Lei 9.459, de 1997 e, artigos 140, 208 do CP)”, acrescentou.
“Não se permite é que uma pessoa intolerante possa agredir qualquer outra, motivada apenas pela sua ignorância e falta de compreensão básica de respeitar a religião alheia, ultrapassando assim os limites da lei”, lembrou.
Na nota, a Associação ainda pediu que “todos os cidadãos de bem denunciem os vídeos, independente da religião, pois a liberdade deve ser para todos sem exceção”.
A Netflix e o Porta dos Fundos ainda não se pronunciaram sobre o caso.

“O Estado é laico!” – A falácia do Estado ateu nas universidades (Parte 1)

O ambiente acadêmico brasileiro ainda dá muito o que falar (especialmente o público). Não apenas pelos alunos confusos em relação à sua vocação, fragilizados intelectualmente, ou que perpetuam atos de corrupção endêmica na hora de fazer uma prova (o famoso: colar na prova). Temos que lidar com professores que espalham ideias distorcidas e narrativas – quer como uma extensão do que receberam outrora como alunos, quer por desonestidade.
A grande verdade é que já passou o tempo de ser vítima da manipulação direta ou indireta, por parte de líderes pretensiosamente negligentes – a busca pela efetização de uma coalização pelo evangelho, nos faz contar com o reconhecimento das estruturas fortes que Igreja possui, além de perceber o direito como aliado à religiosidade cristã – mas ainda existem “hot spots” (pontos quentes), que não podemos esquecer. Nesta primeira parte de nosso texto, vamos abordar que o exercício da religião, em sua plenitude, é a comprovação da existência de senso crítico na cristandade. Passamos ao texto.

“Crede, Ut Intelligas: O exercício da religião é a comprovação de existência do senso crítico da cristandade”

A universidade é um ambiente para o desenvolvimento do senso crítico – de fato, não há dúvidas que está frase é verdadeira e importante. Entretanto, vemos em nossa era a profissão de fé tratada como um objeto estranho a essência da Universidade – fruto de uma constante separação entre fé e intelecto. Contudo, a história nos demonstra que a preocupação com o intelecto é uma das características da Igreja – protagonista na construção de centros para o exercício do saber, conforme aponta Justo L. González:
“A ORIGEM DA MAIORIA DAS UNIVERSIDADES MODERNAS – PARIS, SALERNO, BOLOGNA E OXFORD – DATAM DO SÉCULO 12, E TAL ORIGEM É O RESULTADO DE UMA COMBINAÇÃO DE FATORES TAIS COMO A TRADIÇÃO DAS ESCOLAS CATEDRAIS […]. PORQUE PARIS E OXFORD TINHAM AS MELHORES FACULDADES TEOLÓGICAS, A TEOLOGIA OCIDENTAL GRAVITOU EM TORNO DAQUELES DOIS GRANDES CENTROS UNIVERSITÁRIOS DURANTE O SÉCULO 13.”[1]
Este cenário que enaltece a ligação entre fé e conhecimento ganha mais força com os “cônegos regulares de Santo Agostinho”[2] – uma ordem criada por São Dominique, em 1215 d.C., com o objetivo de criar novas regras monásticas, para responder através de uma vida santa, tudo aquilo que contrariasse os pilares da verdadeira Igreja:
“DESDE SUA ORIGEM, ESTA NOVA ORDEM INSISTIU NA IMPORTÂNCIA DO ESTUDO PARA A CONCRETIZAÇÃO DESTA TAREFA. A VIDA MONÁSTICA FOI ADAPTADA ÀS NECESSIDADES DO ESTUDO, PREGAÇÃO E O CUIDADO DAS ALMAS. A PRINCÍPIO, OS DOMINICANOS CENTRARAM SEUS ESTUDOS E ENSINO EM SEUS PRÓPRIOS MONASTÉRIOS. MAS ELES LOGO VIERAM A OCUPAR CADEIRAS DAS PRINCIPAIS UNIVERSIDADES, ESPECIALMENTE PARIS E OXFORD.”[3]
Figuras da Igreja ocuparam e investiram nas “escolas catedrais que tornaram-se as universidades, espaço de pesquisa e produção do saber, mas também foco de vigorosos debates”[4] – vale lembrar da entrada do pensamento de Aristóteles e da filosofia árabe e judaica que também permearam, por anos, os debates acadêmicos. A motivação para estes envolvimentos entre fé e conhecimento está ligado à premissa bíblica reproduzida por Santo Agostinho: “Não procures entender para crer, mas crê para entender, porque, se não credes, não entendereis”[5].
Os cristãos sempre estiveram interessados na busca pelo conhecimento, por isso fazer parte da sistemática natural da Fé – o conhecimento em prol da excelência para a unidade cristã. Tal ideia é corroborada na proposta da mente renovada dissecada pelo Apóstolo Paulo em Romanos 12: 1-3, nas palavras de Craig S. Keener:Continua após anúncio:
“ESSA MENTE RENOVADA TEM CONSCIÊNCIA DE QUE CADA CRENTE RECEBEU UMA MEDIDA DE FÉ PARA DETERMINADAS ATIVIDADES (12.3,6), PORTANTO NENHUM MEMBRO É NEM MAIS NEM MENOS VALIOSO QUE OUTRO. OS PAPÉIS PODEM SER DIFERENTES, MAS CADA MEMBRO RECEBE DONS PARA SERVIR AOS OUTROS, SEM SE VANGLORIAR, CUMPRINDO FIELMENTE A INCUMBÊNCIA DE DEUS COMO SUA DÁDIVA PARA O CORPO.”[6]
Apesar desta herança claramente religiosa, há quem trate a fé cristã como algo intelectualmente debilitante, além de representar uma ameaça ao poder do Estado. Passeando pelas considerações salutares do Dr. Donald Carson, constataremos que isto é fruto de um julgamento “em nome da manutenção da separação entre Igreja e Estado”[7], que tem por objetivo a promoção de uma “rota da religião puramente privatizada […]”[8] – ao dissertar sobre a nova tolerância social (discurso para justificar o movimento secularista), ele apresenta uma modalidade de mundo – ao qual devemos atentar, pois é um objetivo buscado por organizações e intelectuais adversos ao Cristianismo:
“NESTE MUNDO BASTANTE PRIVATIZADO, PERMITE-SE QUE OS CIDADÃOS PENSEM QUALQUER COISA QUE QUISEREM A RESPEITO DE ASSUNTOS RELIGIOSOS. COMO ELES PRATICAM A RELIGIÃO COM OS OUTROS, NO ENTANTO, PODEM SER MONITORADOS E ALTAMENTE CONTROLADOS. PODE HAVER UMA RETÓRICA REBUSCADA SOBRE LIBERDADE DE RELIGIÃO (AFINAL, PERMITE-SE QUE AS PESSOAS ACREDITEM NAQUILO QUE DESEJAREM), MAS QUASE NÃO EXISTE UMA LIBERDADE AUTÊNTICA QUANDO A RELIGIÃO SE TORNA QUALQUER COISA EXCETO COMPLETAMENTE PRIVADA(POR EXEMPLO, PASSAR SUAS CRENÇAS PARA OS FILHOS, CULTUAR COM OUTRAS PESSOAS EM LOCAIS NÃO ESPECIFICAMENTE RELIGIOSOS, TENTAR TRAZER OUTRAS PESSOAS PARA A SUA RELIGIÃO).” [9]
Trata-se de uma intolerância disfarçada de tolerância – situação que nos parece imperar nas universidades, especialmente às públicas, em solo brasileiro. Este trabalho de influência tem efeitos patentes e violentos, conforme veremos adiante.

Universidade como infantário

Os secularistas chamam para si a identidade de simpatizantes à liberdade religiosa, mas em casos determinantes como o exercício de culto, demonstram uma intenção de aparar, progressivamente, a dinâmica da devoção. Ou seja, usam o discurso da liberdade religiosa como instrumento para promover a privatização da religião – conforme veremos adiante, isso se dá através do processo de subversão.
Trata-se de uma técnica que consiste na distorção do significado original de uma palavra, resultando em uma adulteração do conteúdo. No Brasil, este problema ainda é forte nas universidades, tendo em vista que temos um “excesso de estruturas de plausibilidade”, ainda enfatizando as lições do D.A. Carson, citando Peter L. Berger[10], definindo-as como:
“ESTRUTURAS DE PENSAMENTO ACEITAS POR UMA CULTURA ESPECÍFICA DE FORMA GERAL E QUASE INQUESTIONÁVEL. […] EM UMA CULTURA BASTANTE DIVERSIFICADA, COMO A QUE PREDOMINA EM MUITAS NAÇÕES DO MUNDO OCIDENTAL, AS ESTRUTURAS DE PLAUSIBILIDADE SÃO NECESSARIAMENTE MAIS RESTRITAS, PELO FATO DE HAVER MENOS POSIÇÕES SUSTENTADAS EM COMUM.”[11]
Com o excesso de deturpações às acepções originais, o pensamento ocidental fica dividido, gerando um consequente enfraquecimento do senso crítico – ambiente propício para a relativização, que resulta em um cenário ao qual “saltamos da permissão da articulação de crenças dos quais discordamos para a afirmação de que todas as crenças e todos os argumentos são igualmente válidos”.[12]
Nos termos do magistério de Camille Paglia, a linha do tempo da existência acadêmica foi afetada por uma espécie de destruição do ensino das humanidades – aniquilando o ambiente propício para a vida intelectual. A professora detecta tal problema como resultado do New Criticism – um modelo de pensamento que “produziu uma geração de acadêmicos que pensavam a literatura separadamente do seu contexto histórico.”[13]
Tal identificação explica, mesmo que por analogia, o fato de algumas figuras lutarem para tornar o ambiente acadêmico totalmente afastado da religião – mesmo que a religiosidade tenha contribuído para existência da Universidade. Assim como buscam pensar a literatura fora do contexto histórico, pensam a existência de ideias múltiplas fora do plano heterogêneo de pensamento (que inclui a religião).
Isto é resultado da substituição da pluralidade  (existem ideias diferentes mas nem todas são válidas) pelo pluralismo  (só serão válidas as ideias que estão debaixo de um mesmo plano) – que resulta na imposição de uma pequena comunidade ideológica sobre a maioria[14] que deseja exercitar sua fé livremente no campus.
Como isso funciona na prática? O fato que aconteceu no campus da UFCG (Universidade Federal de Campina Grande) pode nos responder. Um grupo de oração universitário, tendo por nome Santa Terezinha de Jesus, tem os seus encontros às quartas e quintas fora dos horários de aula. Trata-se de um grupo não institucionalizado pela faculdade, sendo sua participação feita de forma voluntária para aqueles que assim o desejem. Apesar do grupo não ser um ato de imposição da faculdade (que apenas autoriza a realização da reunião), alguns professores e alunos sentiram-se contrafeitos com a existência do grupo, conforme declarações que circularam na Universidade. O argumento para justificar a insatisfação toma por base uma suposta “ameaça quanto a laicidade do Estado”, somada a um argumento de que “a Universidade é lugar de produção de conhecimento científico e do debate calçado no pensamento crítico”.
O argumento é defeituoso por dois motivos: 1) É subversivo – porque não expõe a real ideia do conceito de Estado Laico; e 2) É contraditório – por usar a característica de “ambiente para o pensamento crítico” como justificativa para vedar a realização de um encontro religioso. Como se proteger de tais afrontas? O Direito Religioso pode ser um bom aliado para tratar dessas questões e é exatamente o que veremos na segunda parte deste texto.
[1] GONZALÉZ, Justo L. UMA HISTÓRIA DO PENSAMENTO CRISTÃO – volume 2. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 218.[2] Ibdem, p. 220[3] Ibdem, p. 220[4] FERREIRA, Franklin. A IGREJA CRISTÃ NA HISTÓRIA: DAS ORIGENS AOS DIAS ATUAIS. São Paulo: Vida Nova, 2013. P. 123 e 124[5] AGOSTINHO, Santo. TRATADO AO EVANGELHO DE JOÃO. 29.6[6] KEENER, Craig s. A MENTE DO ESPÍRITO: A VISÃO DE PAULO SOBRE A MENTE TRANSFORMADA. São Paulo: Vida Nova, 2018. P. 249 e 250.[7] CARSON, D.A. A INTOLERÂNCIA DA TOLERÂNCIA. São Paulo: Cultura Cristã, 2013. P. 144[8] Ibdem, p. 147[9] Ibdem, p. 147[10] BERGER, PETER L. THE SACRED CANOPY: ELEMENTS OF A SOCIOLOGICAL THEORY OF RELIGION. NOVA YORK: DOUBLEDAY, 1967.[11] CARSON, D.A. A INTOLERÂNCIA DA TOLERÂNCIA. São Paulo: Cultura Cristã, 2013. P. 11.[12] Ibdem, p. 12[13] PAGLIA, Camille. MULHERES LIVRES HOMENS LIVRES – Sexo, género e feminismo. Quetzal Editores. Portugal, 2018. P. 121[14] JORDAN PETERSON: Pronomes de gênero e liberdade de expressão. Disponível em: < https://youtu.be/1NE4RkIhiTE > Acesso em 03/04/2019 às 19hr45min
Por: Thiago Rafael Vieira e Jean Marques Regina. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Original: “O Estado é laico!” – A falácia do Estado ateu nas universidades.
Thiago Rafael Vieira é advogado, professor, especialista em Direito Religioso. Presidente do Instituto Brasileiro de Direito e Religião.

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Aumentam ataques a igrejas na França, Reino Unido e Alemanha: `Morte aos cristãos´

Igreja Assembleia de Deus em Anguleme, França, depois de ser vandalizada, em março de 2019. (Foto: Reprodução/Charante Libre)




Centenas de ataques a cemitérios, igrejas e outras propriedades foram relatados e ações criminosas crescem no continente


Aumentam ataques a igrejas na França, Reino Unido e Alemanha: `Morte aos cristãos´
Durante o verão europeu foram relatados vários ataques a cemitérios, edifícios e propriedades de igrejas em ações criminosas que chamam a atenção pelo aumento, o que levou o jornal cristão Finish Uusi Tie a investigar os motivos que levam as pessoas a essas ações.
No mês passado, o Belfast Telegraph e a BBC relataram um ataque a uma igreja que ocorreu na cidade de Ballyclare, na Irlanda do Norte. A parede externa da igreja presbiteriana havia sido rasgada e a estrutura de madeira incendiada.
No Natal passado, as janelas foram quebradas nesta mesma igreja. O pastor presbiteriano Noel Hughes disse à mídia que ele não quer que os jovens se metam em problemas e entrem em atos criminosos, e que os ataques às igrejas precisam acabar.
Todos os onze distritos policiais da Irlanda do Norte registraram 445 crimes cometidos em edifícios de igrejas, cemitérios e outras propriedades da igreja entre 2016 e 2018.
Esses crimes incluem incêndio criminoso, assaltos e vandalização de propriedades de diferentes maneiras. Em uma igreja, o órgão havia sido destruído e em outra, as pessoas haviam urinado e defecado dentro da igreja.
Esses ataques foram realizados contra diferentes denominações. O maior número de crimes na Irlanda do Norte ocorreu em Belfast. Nos últimos dez anos, na cidade de Belfast, a sinagoga local e o Centro Islâmico de Belfast também foram alvo de vandalismo.
Portas da igreja em incendiada
O jornal britânico The Guardian, noticiou em junho os ataques a igrejas no Reino Unido. Por exemplo, no leste de Londres, Stratford, as portas de quatro igrejas foram incendiadas. Esculpido nas paredes dessas igrejas havia símbolos satânicos, como pentagramas, 666 ou a palavra "Inferno". Uma das igrejas foi incendiada.
"Assumimos que aqueles que praticam essas ações estão zangados com a igreja, ou por algum motivo, direcionam sua raiva para o cristianismo e outras religiões". O site de notícias católico Cruxnow informou em maio que houve vários ataques na Alemanha. Isso também aconteceu em outros países europeus, como França, Itália, Áustria e Polônia.
Violência contra cristãos
O Observatório de Intolerância e Discriminação de Cristãos na Europa (OIDAC) coleta dados sobre os crimes cometidos contra cristãos e igrejas cristãs e propriedades de igrejas na Europa.
A forma mais grave e alarmante de perturbação é a violência cometida contra as pessoas. Os relatórios do OIDAC revelam que as ameaças nas instalações da igreja se tornaram muito comuns.
A mais recente investigação policial na Alemanha foi sobre uma série de roubos em igrejas católicas em diferentes locais, de meados de abril até o final de maio, em Freiburg. Houve também uma tentativa de incêndio criminoso em uma igreja na cidade de Neuenburg.
Uma reunião memorial sobre o genocídio do povo armênio teve que ser cancelada nas cidades de Stuttgart e Frankfurt, porque as igrejas eram ameaçadas por ataques terroristas se realizassem essas reuniões.
Na França, a taxa de crescimento de ataques às igrejas tem sido alarmante há alguns anos e ficou provado que as raízes desses crimes vêm dos muçulmanos.
Segundo as estatísticas da OICAD, na Espanha, os ataques a edifícios católicos cresceram 20% durante 2017-2018. Apenas um ataque foi realizado em uma igreja evangélica, onde os vândalos escreveram: "Aniquile o povo cristão da face da terra".
Durante o mesmo período, as muralhas de cinco mesquitas na Espanha foram vandalizadas. Segundo a OICAD, a liberdade de religião na Europa está sendo ameaçada porque aqueles que confessam sua fé estão ameaçados e seus prédios sagrados foram vandalizados ou destruídos completamente.
O que leva as pessoas a atacar igrejas
Parece que os motivos por trás dos ataques e vandalismo na Igreja na Europa são variados. Às vezes, esses ataques são realizados por jovens antissociais. Isso parece óbvio, especialmente na Irlanda do Norte.
Em julho, a Evangelical Focus informou que em Genebra, o Memorial da Reforma havia sido pintado com spray nas cores do arco-íris. Parece que visões de mundo seculares e anticristãs estão levando as pessoas a cometer esses crimes.
Uusi Tie entrou em contato com o Secretário do Comitê de Direitos Humanos da Pentecostal World Fellowship em Calgary, onde Lehtonen havia participado na semana passada da Conferência Mundial da Pentecostal Fellowship.
“Muitos dos muçulmanos que vieram para a Europa nos últimos anos desistiram do Islã e se voltaram para o cristianismo. A sociedade islâmica vê isso como um pecado imperdoável. O ódio e o desejo de se vingar podem ser canalizados para aquelas pessoas que os muçulmanos acham que converteram seus amigos ou parentes”, diz Lehtonen.
Ele vive na Suécia há décadas e acredita que também nos países nórdicos, os gerentes das instalações da igreja devem receber treinamento básico em segurança. Especialmente se a igreja estiver envolvida no trabalho missionário entre os imigrantes ou em áreas onde há um grande número de muçulmanos.
Lehtonen explica que “na cidade de Estocolmo, há áreas em que os líderes muçulmanos monitoram como as mulheres se vestem. Eles também tentam limitar as atividades de outros grupos religiosos nessas áreas, mesmo que a constituição da Suécia não lhes dê esse direito”.
“Devido aos imigrantes provenientes de áreas de agitação no Oriente Médio, os atos de violência também podem crescer em nossas áreas. O futuro a esse respeito parece muito desanimador”, ressalta Lehtonen.
Ele também pede a responsabilidade do povo cristão, que “não conseguiu espalhar o Evangelho do amor tão amplamente quanto necessário. Muitos muçulmanos não sabem que Jesus Cristo é o príncipe da paz e do amor". “Se nos isolarmos dos muçulmanos, a imagem distorcida de nós poderá ficar ainda mais distorcida. Portanto, precisamos desesperadamente de mais trabalho missionário entre os muçulmanos na Europa”, conclui Lehtonen.
Fonte: Guia-me / com informações Evangelical Focus / Foto: Reprodução/Charante Libre | 27/09/2019 - 16:45

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