sexta-feira, 22 de março de 2019

Mais de 8.800 cristãos foram mortos na Nigéria nos últimos três anos

O massacre de cristãos na Nigéria está sendo classificado como genocídio por líderes cristãos do país.

Corpos de nigerianos foram colocados em uma vala, no norte da Nigéria. (Foto: Reuters/Akintunde Akinleye)
Corpos de nigerianos foram colocados em uma vala, no norte da Nigéria. (Foto: Reuters/Akintunde Akinleye)
Mais de 1.750 cristãos e outros não-muçulmanos foram mortos por terroristas islâmicos na Nigéria desde janeiro de 2018, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (2) pela Sociedade Internacional pelas Liberdades Civis e Estado de Direito (Intersociety).
Além disso, nos últimos três anos, mais de 8.800 cristãos foram alvejados e mortos na por forças de segurança nigerianas, muçulmanos radicais xiitas, pastores da etnia fulani e militantes do Boko Haram.
Em meio ao massacre classificado como “genocídio” por líderes cristãos da Nigéria, mais de 6 mil pessoas foram mortas por pastores fulani desde janeiro, a maioria mulheres, crianças e idosos.
“O que está acontecendo no estado de Plateau e outros estados na Nigéria é puro genocídio e deve ser interrompido imediatamente”, declarou em nota a Associação Cristã da Nigéria.
A Associação ainda pediu à comunidade internacional, bem como às Nações Unidas, para intervirem nos ataques Fulani, temendo que eles possam se espalhar para outros países.
“Estamos preocupados com a insegurança generalizada no país, onde ataques e assassinatos arbitrários de pastores, bandidos e terroristas fulani armados vêm acontecendo diariamente em nossas comunidades, apesar dos grandes investimentos nas agências de segurança”, afirma a instituição.
Movidos pela jihad
O terrorismo promovido pelo Boko Haram e pastores fulani são alimentados pelo radicalismo islâmico no norte da Nigéria. Embora a violência da etnia fulani seja justificada pelos conflitos entre terras agrícolas que sobrevivem através do pastoreio, os dados indicam que outra realidade.
Entre 2004 e 2010, líderes fulani foram militarizados e transformados em jihadistas por radicais islâmicos, a fim de promover a islamização de toda a Nigéria nas próximas décadas. A informação foi confirmada recentemente pelo Fórum Nacional de Anciãos Cristãos, que revelou que “cristãos podem ser extintos da Nigéria até 2043”.
Os padrões dos ataques provocados por jihadistas do Boko Haram e Fulani mostram claramente que os cristãos são seus principais alvos de assassinato. Mais de 95% das vítimas e propriedades destruídas pelo Boko Haram entre 2009 e 2014 foram cristãs.
Mais de 13 mil igrejas e 1.500 escolas cristãs foram destruídas ou queimadas, mais de 11.500 cristãos foram mortos e mais de 1,3 milhão de cristãos foram forçados a fugir de suas casas para escapar da morte, de acordo com a organização Portas Abertas.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DE THE CHRISTIAN POST

quinta-feira, 21 de março de 2019

QUEM REALMENTE SOMOS DE VERDADE?

Deuteronômio 8-11
Oliver Cromwell avisou ao artista que pintava seu retrato que se recusaria a pagar um centavo sequer pelo quadro se ele não se parecesse exatamente com ele, inclusive com “espinhas, verrugas e tudo o que você vê em mim”. Ao que parece, o grande estadista inglês era tão corajoso ao posar para um retrato quanto era liderando um exército no campo de batalha. A maioria de nós não é assim tão valente. Nossas fotos sem retoques nos incomodam e, certamente, pagaríamos de bom grado para que alguém pintasse um retrato que melhorasse nossa aparência.
Nesta parte de seu discurso de despedida, Moisés retratou o povo de Israel como era de fato, “com verrugas e tudo”. Era importante para a vida espiritual deles que Moisés fizesse isso, pois um dos primeiros passos para a maturidade é aceitar a realidade e tomar uma atitude em relação a ela. Precisamos nos ver com os olhos de Deus e, por sua graça, nos tornar tudo o que podemos ser em Jesus Cristo.
1. FILHOS NO DESERTO (Dt 8:1-5) – Os três elementos essenciais para que Israel conquistasse e desfrutasse a terra prometida eram: ouvir a Palavra de Deuslembrar-se Palavra e  obedecer a Palavra. Esses elementos ainda são essenciais para uma vida cristã bem-sucedida e satisfatória nos dias de hoje. Ao andar neste mundo, não temos como progredir sem a orientação de Deus, sem sua proteção e provisão, sendo que uma boa memória também ajuda. Nestes capítulos, Moisés nos ordena quatro vezes a lembrar (8:2, 18; 9:7, 27) e em quatro ocasiões nos admoesta a não esquecer (8:11, 14, 19; 9:7). Moisés ressaltou quatro ministérios que Deus realizou por Israel e que realiza por nós hoje, quando procura nos amadurecer e preparar para aquilo que ele tem planejado para nós.
 DEUS NOS PROVA (W. 1, 2). Deus sabe o que há dentro do coração de seus filhos, mas nem sempre seus filhos o sabem – ou querem saber. “E todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes e corações” (Ap 2:23). A vida é uma escola (Sl 90:12), e muitas vezes não nos damos conta de qual é a lição até termos sido reprovados no teste!
A forma como reagimos às provas da vida revela o que há, de fato, dentro de nosso coração, especialmente quando essas provas incluem experiências da vida diária.
DEUS NOS ENSINA (V. 3). Durante a jornada do povo pelo deserto, Deus enviou-lhes “pão dos anjos” (Sl 78:21-25) todas as manhãs para ensiná-los a confiar nele em tudo de que precisassem. Porém, o maná era mais do que o sustento físico diário. Era também um símbolo do Messias vindouro, “o pão da vida” (Jo 6:35). Quando foi tentado por Satanás para transformar pedras em pão (Mt 4:1-4), Jesus citou Deuteronômio 8:3 e mostrou que a Palavra de Deus também é o pão de Deus, pois nos “alimentamos” de Jesus Cristo quando nos “alimentamos” da Palavra de Deus. O Senhor estava ensinando os israelitas a buscar nele seu “pão […] de cada dia” (Mt 6:11) e a começar o dia meditando na Palavra de Deus.
DEUS CUIDA DE NÓS (V. 4; 29:5). Deus não apenas alimentou os israelitas a cada manhã com “pão miraculoso”, mas também guardou as roupas que vestiam de se desgastar e seus pés de inchar. As três perguntas mais prementes da vida da maior parte das pessoas é: “O que comeremos? O que beberemos? O que iremos vestir?” (Mt 6:25-34), e o Senhor supriu todas essas necessidades de seu povo durante quarenta anos.
DEUS NOS DISCIPLINA (V. 5). Deus considerava os Filhos de Israel como seus próprios filhos a quem muito amava. “Israel é meu filho, meu primogênito” (Êx 4:22; ver Os 11:1). Depois de anos de escravidão no Egito, os israelitas precisavam aprender o que era a liberdade e como usá-la com responsabilidade. A disciplina é a preparação da criança para as responsabilidades da vida adulta. A disciplina prova que Deus nos ama e que somos membros de sua família (Hb 12:5-8; Pv 3:11, 12). O segredo para o crescimento durante a disciplina é nos humilharmos e nos submetermos à vontade de Deus (Dt 8:2, 3; Hb 12:9, 10).
2. PEREGRINOS NA TERRA (Dt 8:6-20)-Depois de ser libertado do Egito, o destino do povo de Israel não era o deserto, mas sim a terra prometida, o lugar de sua herança. “E [Deus] dali nos tirou, para nos levar e nos dar a terra que sob juramento prometeu a nossos pais” (Dt 6:23). O mesmo acontece com a vida cristã: nascer de novo e ser redimido do pecado é só o começo de nossa caminhada com Cristo, sem dúvida um grande começo, mas nada além disso. Porém, se nos entregarmos ao Senhor e obedecermos à sua vontade, então ele nos capacitará, a fim de nos tornarmos “mais que vencedores” (Rm 8:37) quando nos apropriarmos de nossa herança em Deus e servirmos ao Senhor.
DESFRUTANDO A BÊNÇÃO DE DEUS (W. 6-9). A “chave” que abria a porta da Terra Prometida era simples: obedecer aos mandamentos de Deus, andar nos seus caminhos e reverenciá-lo (v. 6). Sem dúvida, era uma terra de leite e mel, onde nada faltava. Tudo isso tipifica, para o cristão de hoje, a riqueza espiritual que temos em Cristo: as riquezas de sua graça (Ef 1:7; 2:7), as riquezas de sua glória (Ef 1:18; 3:16), as riquezas de sua misericórdia (Ef 2:4) e as “insondáveis riquezas de Cristo” (Ef 3:8). Somos completos em Cristo (Cl 2:10), no qual habita toda a plenitude (Cl 1:19) e, portanto, temos tudo de que precisamos e de que viremos a precisar para uma vida cristã plena para a glória de Deus.
ESQUECENDO-SE DA BONDADE DE DEUS (VV. 10-18). A prosperidade e o conforto trazem consigo o perigo de nos envolvermos tanto com as bênçãos a ponto de nos esquecermos daquele que nos abençoou. Por esse motivo, Moisés admoestou os israelitas a louvar a Deus depois de fazer suas refeições, para que não se esquecessem do Doador de tudo o que é bom e perfeito (v. 10; Tg 1:1 7). Moisés descreveu os perigos relacionados a se esquecer de que Deus é a fonte de todas as bênçãos que desfrutamos. “Antes, te lembrarás do S e n h o r, teu Deus, porque é ele o que te dá força para adquirires riquezas” (v. 18).
 REJEITANDO A AUTORIDADE DE DEUS (VV. 19, 20). No ponto mais crítico desse declínio espiritual, os “israelitas abastados” deixariam o Senhor, o verdadeiro Deus vivo, e passariam a adorar aos falsos deuses de seus vizinhos. A idolatria começa no coração quando a gratidão ao Doador é substituída pela cobiça pelas dádivas. “Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus” (Rm 1:21). Um coração ingrato pode tornar-se rapidamente um abrigo para todo tipo de atitude pecaminosa e de apetite carnal. O que o Senhor faria? Trataria a idolatria de seu próprio povo como havia tratado a idolatria das nações que expulsara da terra e destruiria Israel e seus falsos deuses. Prosperidade – ingratidão – idolatria: três passos para a destruição. No entanto, não se trata de pecados da antiguidade, pois estão presentes nos dias de hoje em corações, lares, negócios e igrejas.
3. SALVOS PELA GRAÇA DE DEUS (D t 9:1 – 10 :11 )-Israel era um povo rebelde contra o Senhor. Pela quinta vez em seu discurso, Moisés diz: “Ouve, ó Israel!” (ver Dt 4:1; 5:1; 6:3, 4). Ele estava lhes entregando a Palavra de Deus, e quando Deus fala, seu povo deve ouvir. A palavra “ouve” é usada com frequência em Deuteronômio, pois o povo de Deus vive pela fé, e “a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm 10:17). Os israelitas não podiam ver seu Deus, mas podiam ouvi-lo, enquanto seus vizinhos pagãos podiam ver seus deuses, mas não podiam ouvi-los (Sl 115:5).Nessa parte do discurso, Moisés lembrou o povo de que sua conduta, desde que tinham deixado o Egito, havia sido qualquer coisa, menos exemplar, apesar da longanimidade e da graça de Deus.
A GRAÇA DE DEUS (W. 1-6). Deus lembrou Israel da incredulidade da geração anterior em Cades-Barnéia, quando viram os obstáculos de Canaã, mas se esqueceram do poder de seu Deus (Dt 9:1, 2; Nm 13 – 14). Deus garantiu a seu povo que não havia necessidade de temer o futuro, pois o Senhor iria adiante deles para ajudá-los a derrotar os inimigos. Mas Deus trabalharia neles e por intermédio deles, a fim de conquistar as nações da terra (Fp 2:12, 13; Pv 21:31). Mais uma vez, Moisés lembrou a nação de que a terra era uma dádiva do Senhor, não uma recompensa pela retidão deles. A ênfase é sobre a graça de Deus e não sobre a vontade do povo de Deus, e essa ênfase é necessária nos dias de hoje (Tt 2:11 – 3:7). Quando nos esquecemos da graça de Deus, tornamo-nos orgulhosos e começamos a pensar que merecemos tudo o que Deus fez por nós; assim, Deus precisa nos lembrar de sua bondade e de nossa pecaminosidade, e tal lembrete pode ser doloroso. Esse é o tema da parte seguinte da mensagem de Moisés.
 A DISCIPLINA DE DEUS (9:7 – 10:11). Moisés estava se dirigindo à nova geração, mas aquelas pessoas precisavam ouvir essa parte da mensagem e conscientizar-se de que eram pecadores assim como seus antepassados. O tema é expresso com severidade em Deuteronômio 9:24: “Rebeldes fostes contra o S e n h o r , desde o dia em que vos conheci”. Deus chamou Abraão e conduziu- o à Terra Prometida, mas o patriarca fugiu para o Egito, a fim de evitar uma fome que assolava a terra (Gn 12:1Oss). O cenário no drama da vida de fé pode mudar, mas os atores e os textos são basicamente os mesmos: Deus abençoa, desfrutamos as bênçãos e, em seguida, rebelamo-nos contra sua disciplina e perdemos as bênçãos que ele planejou para nós. Em sua recapitulação da história de rebeldia de Israel, Moisés começou com a adoração do bezerro de ouro no monte Sinai (Dt 9:7-21; 25:10, 11; Êx 32) e, depois, simplesmente mencionou os lugares onde se rebelaram na jornada do Sinai até Cades- Barnéia (Dt 9:22). Em seguida, anunciou a incredulidade e a rebelião do povo em Cades-Barnéia (vv. 23, 24), prosseguindo com outro lembrete a respeito do bezerro de ouro (9:25 – 10:11). Moisés não seguiu uma cronologia rígida em seu relato de todos os acontecimentos da história de Israel, mas enfatizou seus dois grandes pecados: a adoração ao bezerro de ouro, no Sinai, e a recusa em entrar na terra, em Cades-Barnéia. Israel cometeu um pecado gravíssimo quando adorou ao bezerro de ouro (Êx 32 – 34). Em sua história da libertação do Egito, encontrava-se uma demonstração da graça e do poder de Deus e, ainda assim, o povo rebelou-se contra seu Redentor! Israel era o povo de Deus, remido pela mão do Senhor, no entanto, fizeram um novo deus! A impaciência e a incredulidade impeliram Israel a pecar tão gravemente no monte Sinai, pois Moisés havia estado na montanha com o Senhor durante quarenta dias e quarenta noites (Êx 24:1-18).
Nunca subestime a importância da liderança espiritual que estimula a obediência à Palavra de Deus. Moisés enfrentou a mesma prova em Cades-Barnéia e, mais uma vez, colocou a glória de Deus e o bem do povo antes do benefício próprio (Nm 14:12). Moisés estava mais preocupado com a glória e a reputação do Senhor diante das nações pagãs, pois sabia que o temor de Deus deveria ir adiante de Israel, a fim de que pudessem conquistar a terra e apropriar-se de sua herança. Mas tanto os líderes quanto os seguidores são provados, e Moisés passou no teste. Demonstrou que sua grande preocupação não era com a própria fama ou posição, mas com a glória de Deus e o bem do povo. Na verdade, estava disposto a morrer pelos israelitas para que Deus não os destruísse (Êx 32:31-34). O verdadeiro pastor dá a vida por suas ovelhas (Jo 10:11). Depois de recapitular o grande pecado no Sinai, Moisés mencionou as repetidas rebeliões de Israel a caminho de Cades-Barnéia (Dt 9:22). Em Taberá, o povo reclamou de suas “dificuldades”, e Deus enviou fogo do céu para consumir algumas pessoas das cercanias do acampamento (Nm 11:1-3). As pessoas que murmuraram para Moisés imploraram que seu líder orasse por eles, e Deus ouviu Moisés e fez cessar o julgamento. “Taberá” significa “queimadura”, e o nome deve nos lembrar de que a murmuração é pecado (Fp 2:14, 15; 1 Co 10:10). Em Massá, os israelitas reclamaram, pois estavam sedentos, de modo que Moisés feriu a rocha, e Deus proveu água em abundância para o povo (Êx 1 7:1-7). O nome “Massá” significa “provando” e é colocado junto com o nome “Meribá”, que quer dizer “contendendo”. “Quibrote-Taavá” significa “túmulo de concupiscência” e refere-se à ocasião em que Israel cansou-se do maná e pediu carne para comer (Nm 11:4ss). Deus enviou bandos de codornizes sobre o acampamento de Israel, e tudo o que o povo tinha a fazer era apanhar os pássaros, limpá-los, cozinhá-los e comê-los. Era o velho “apetite egípcio” se manifestando novamente, a carne se rebelando contra o Espírito. Enquanto os israelitas estavam comendo a carne, o julgamento do Senhor veio sobre eles, e Deus enviou uma praga ao acampamento. “Concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma” (Sl 106:15). As vezes, o maior julgamento de Deus é permitir que nossos desejos sejam satisfeitos (Rm 1:22-28). Por fim, Moisés recapitulou o grande pecado de israel em Cades-Barnéia (Dt 9:23, 24; Nm 13-14). Durante a marcha do Egito para Cades, os israelitas haviam visto a mão de Deus operando cada dia, suprindo todas as suas necessidades, mas em Cades acharam que Deus não era grande o suficiente para lhes dar a vitória sobre as nações de Canaã. A incredulidade é um pecado deliberado; é tentar o Senhor e dizer: “Não vou confiar no Senhor nem obedecer a suas ordens!”.
Deus é sempre fiel em suas promessas, e mesmo quando não permitimos que ele governe nossa vida, ele prevalece e, ainda assim, cumpre seus propósitos. Todo cristão e todo ministério cristão, quer seja uma igreja local, quer seja um ministério paraeclesiástico, deve crer que Deus suprirá suas necessidades a cada dia. Se murmuramos ao longo do caminho, estaremos apenas dando provas de que não confiamos em Deus, mas achamos que sabemos melhor do que ele o que é o ideal para nós. Quando chegarmos a um lugar como Cades-Barnéia em nossa vida, onde devemos nos apropriar daquilo que Deus planejou para nós e avançar pela fé, não devemos nos rebelar contra Deus e nos recusar a confiar e a obedecer.
4. SERVOS DO SENHOR (Dt 10:12 – 11:32)-As palavras: “Agora, pois, ó Israel” (Dt 10:12) constituem a transição a que Moisés chega ao encerrar essa parte de seu discurso, uma seção em que ele lembra o povo dos motivos para obedecer ao Senhor seu Deus. Não se tratava de um assunto novo, porém, ainda assim, era uma questão importante, e Moisés queria que todos compreendessem a mensagem e que não a esquecessem: a obediência por amor ao Senhor é a chave de toda bênção. Os israelitas não carregavam Bíblias de bolso e tinham de depender de sua memória, de modo que a repetição era um recurso importante.
Obedeçam pelos mandamentos de Deus (w. 12, 13). A sequência destes cinco verbos é significativa: temer, andar, amar, servir e guardar.
 A obediência ao Senhor é “para o [nosso] bem” (Dt 10:13), pois quando lhe obedecemos temos comunhão com ele, desfrutamos suas bênçãos e evitamos as consequências trágicas da desobediência. O elemento central desse conjunto de cinco verbos é o amor, sendo que nessa parte de seu discurso Moisés emprega seis vezes termos relacionados a ele (Dt 10:12, 15, 19; 11:1, 13, 22). É possível temer e amar ao Senhor ao mesmo tempo? Sim, pois a reverência que demonstramos para com ele é uma forma amorosa de respeito que vem do coração. A palavra “coração” aparece cinco vezes nessa parte do discurso de Moisés (Dt 10:12, 16; 11:13, 16, 18), de modo que ele deixou claro que o Senhor quer mais do que obediência externa. Deseja que façamos a vontade dele de coração (Ef 6:6), uma obediência motivada pelo amor que alegra nosso Pai celestial. O amor é o cumprimento da lei (Rm 13:10); portanto, se amarmos a Deus, não será um fardo nem uma batalha lhe servir e guardar seus mandamentos. Esses cinco elementos são como partes de um motor, que devem ficar juntas e trabalhar em conjunto.
Obedeçam pelo caráter de Deus (vv. 14-22). O equilíbrio entre o temor do Senhor e o amor ao Senhor é resultado de uma compreensão cada vez maior dos atributos de Deus, sendo que esses atributos encontram-se descritos na Bíblia. Quando o Criador do Universo é seu Pai, por que se preocupar? Ao olhar para a criação, não ê difícil ver que existe um Deus poderoso e sábio, pois somente um Ser poderoso teria como criar algo do nada e somente um Ser sábio teria como fazê-lo de modo tão completo e maravilhoso e como mantê-lo funcionando em harmonia. Quer você olhe por um telescópio, quer por um microscópio, vai concordar com Isaac Watts:
Do chão que estou a pisar
As noites estreladas,
Para onde volto meu olhar.
 Senhor, como tuas maravilhas são demonstradas!
Deus escolheu Israel porque o amava, e, por causa desse amor, entrou em aliança com ele, a fim de ser seu Deus e de abençoá-lo. O selo dessa aliança era a circuncisão, dada primeiramente a Abraão (Gn 1 7:9-14) e que devia ser realizada em todos os seus descendentes do sexo masculino. A circuncisão não era uma garantia de que todo judeu iria para o céu (Mt 3:7-12). A menos que houvesse uma transformação interior, realizada por Deus em resposta a sua fé, a pessoa não pertenceria, necessariamente, ao Senhor (ver Dt 30:6), sendo que essa mensagem foi repetida pelos profetas (Jr 4:4; Ez 44:7, 9) e pelo apóstolo Paulo (Rm 4:9-12; ver At 7:51).
Infelizmente, a mesma cegueira espiritual ainda está presente em nosso meio hoje em dia, pois muitas pessoas crêem que o batismo, a profissão de fé, o fato de ser membro da igreja ou de participar da Ceia do Senhor garantem, automaticamente, sua salvação. Por mais importantes que sejam essas coisas, a certeza e o selo da salvação do cristão não estão em uma cerimônia física, mas sim na obra espiritual realizada pelo Espírito Santo no coração (Fp 3:1-10; Cl 2:9-12). A circuncisão dos judeus removia uma pequena parte da carne, mas o Espírito Santo despoja todo o “corpo da carne” e nos faz novas criaturas em Cristo (Cl 2:11).
Obedeçam pelo cuidado de Deus (10:21 – 11:7). As palavras “o que fez” ou semelhantes são usadas seis vezes nesse parágrafo, pois a ênfase é sobre os feitos poderosos de Deus em favor de seu povo, Israel, “a grandeza do S e n h o r , a sua poderosa mão e o seu braço estendido” (Dt 11:2). O que Deus fez por Israel? Em primeiro lugar, quando eram escravos no Egito, Deus cuidou deles e multiplicou-os grandemente. Quando os israelitas estavam no Egito, viram o grande poder de Deus em ação contra o Faraó e contra a nação, quando Deus enviou sucessivos juízos que finalmente levaram à libertação de Israel. O poder de Deus não apenas devastou a terra e destruiu o exército do Faraó, como também demonstrou que Jeová era o Deus verdadeiro e que todos os deuses e deusas do Egito não passavam de ídolos parvos e impotentes. Uma vez que Israel se assentasse na terra, comemoraria a Páscoa todos os anos e se recordaria do que o Senhor havia feito por eles. Moisés também lembrou a nova geração de que Deus havia cuidado deles durante o tempo em que vagaram pelo deserto, mas mencionou apenas um acontecimento específico: o julgamento de Deus sobre Datã e Abirão (Dt 11:5, 6; Nm 16; Jz 11). Era importante que essa nova geração aprendesse a respeitar os líderes de Deus e a obedecer aos mandamentos do Senhor com relação ao sacerdócio. Ainda hoje, indivíduos arrogantes que desejam promover-se e ser “importantes” na igreja devem ter cuidado com a disciplina e o juízo de Deus (At 5:1-11; 1 Co 3:9-23; Hb 13:17; 2 Jo 9-12).
Obedeçam pelas promessas da aliança de Deus (w. 8-25). A palavra-chave desta parte do discurso é “terra” e aparece pelo menos doze vezes, referindo-se à terra de Canaã que Deus havia prometido a Abraão e a seus descendentes quando entrou em aliança com ele (Gn 13:14-1 7; 15:7-21; 1 7:8; 28:13; 5:12; Êx 3:8). Canaã não era apenas a Terra Prometida pelo fato de Deus haver garantido a posse daquele território a Israel, mas era também a “terra das promessas”, pois naquele lugar Deus cumpriria muitas de suas promessas relacionadas a sua grande dádiva da salvação para o mundo todo.
O mesmo princípio aplica-se aos cristãos de hoje: em Cristo temos “toda sorte de bênção espiritual” (Ef 1:3), mas não podemos nos apropriar delas nem desfrutá-las a menos que creiamos nas promessas de Deus e que obedeçamos a seus mandamentos. Se a nação de Israel temesse a Deus, o amasse e lhe obedecesse, ele enviaria as colheitas de grãos em seu devido tempo e daria alimento ao povo e aos rebanhos. Deus não estava “comprando” a obediência deles, mas sim recompensando sua fé e ensinando-lhes sobre as alegrias de conhecer e de servir ao Senhor. O problema não era Deus nem a terra, mas sim o coração do povo. “Guardai-vos não suceda que o vosso coração se engane” (11:16). O instrumento mais eficaz para deter a idolatria era a Palavra de Deus (vv. 18-21; ver Dt 6:6-9), o tesouro que Deus deu a Israel e a nenhuma outra nação. Essa Palavra deveria governar a vida do povo e ser o assunto de suas conversas.
Os cristãos de hoje enfrentam o mesmo perigo. É muito mais fácil usar uma cruz de ouro no pescoço do que carregar a cruz de Cristo na vida diária, e pendurar um texto das Escrituras na parede de nossa casa é mais simples do que guardar a Palavra de Deus em nosso coração. Se amamos o Senhor e se nos apegamos a ele, vamos ansiar conhecer mais de sua Palavra e lhe obedecer em todas as áreas de nossa vida. De que maneira nos apropriamos das bênçãos de Deus? Ao dar um passo de fé (Dt 11:24, 25). Foi isso o que Deus ordenou a Abraão (Gn 13:17), bem como a Josué (Js 1:3). Essa foi a promessa da qual Calebe se apropriou quando pediu sua herança na terra prometida (Js 14:6-15) e essa é a promessa da qual todos os cristãos devem se apropriar se esperam desfrutar as bênçãos que Deus tem para eles.
Hudson Taylor, fundador da China Inland Mission [Missão para o Interior da China], hoje chamada Overseas Missionary Fellowship, disse: “Como fazer para que a fé se fortaleça? Não lutando por ela, mas, sim, descansando sobre aquele que é fiel”.
Obedeçam pela disciplina de Deus (w. 26-32). A conclusão era que o povo precisava escolher se iria obedecer a Deus e desfrutar suas bênçãos ou se iria desobedecer-lhe e sofrer sua disciplina. Tinham opção de desfrutar a terra, de suportar o castigo na terra (Livro de Juizes) ou de ser expulsos da terra (cativeiro na Babilônia). Seria de se esperar que a escolha fosse fácil, pois quem iria querer a disciplina do Senhor?
Suas vitórias no futuro dependiam de suas decisões no presente, da determinação em seu coração de amar ao Senhor e de obedecer à sua Palavra. A oferta era simples: se obedecessem ao Senhor, ele os abençoaria; se desobedecessem, ele os disciplinaria. Depois que os israelitas entrassem na terra e começassem a conquistá-la, deveriam realizar uma cerimônia especial em Siquém, localizada entre o monte Gerizim e o monte Ebal (os detalhes são apresentados em Dt 27 – 28 e a realização da cerimônia em Js 8:30-35).
Em termos espirituais, os cristãos de hoje se encontram entre dois montes: o Calvário, onde Jesus morreu por nós, e o monte das Oliveiras, para o qual um dia Jesus irá voltar (Zc 14:4; At 1:11, 12). Porém, Deus não escreveu a lei da antiga aliança em pedras nem nos advertiu sobre suas maldições. Antes, ele escreveu sua nova aliança em nosso coração e nos abençoou em Jesus Cristo (2 Co 3:1-3; Hb 8; Ef 1:3). “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1 (. As dispensações de Deus podem mudar, mas seus princípios são sempre os mesmos, e um desses princípios é que Deus nos abençoa quando obedecemos e nos disciplina quando desobedecemos. Ao caminhar no poder do Espírito, superamos os desejos da carne, a retidão de Deus se cumpre em nós (Rm 8:4) e nunca ouvimos as vozes do monte Ebal.
QUEM REALMENTE SOMOS DE VERDADE?
Deuteronômio 8-11
Oliver Cromwell avisou ao artista que pintava seu retrato que se recusaria a pagar um centavo sequer pelo quadro se ele não se parecesse exatamente com ele, inclusive com “espinhas, verrugas e tudo o que você vê em mim”. Ao que parece, o grande estadista inglês era tão corajoso ao posar para um retrato quanto era liderando um exército no campo de batalha. A maioria de nós não é assim tão valente. Nossas fotos sem retoques nos incomodam e, certamente, pagaríamos de bom grado para que alguém pintasse um retrato que melhorasse nossa aparência.
Nesta parte de seu discurso de despedida, Moisés retratou o povo de Israel como era de fato, “com verrugas e tudo”. Era importante para a vida espiritual deles que Moisés fizesse isso, pois um dos primeiros passos para a maturidade é aceitar a realidade e tomar uma atitude em relação a ela. Precisamos nos ver com os olhos de Deus e, por sua graça, nos tornar tudo o que podemos ser em Jesus Cristo.
1. FILHOS NO DESERTO (Dt 8:1-5) – Os três elementos essenciais para que Israel conquistasse e desfrutasse a terra prometida eram: ouvir a Palavra de Deuslembrar-se Palavra e  obedecer a Palavra. Esses elementos ainda são essenciais para uma vida cristã bem-sucedida e satisfatória nos dias de hoje. Ao andar neste mundo, não temos como progredir sem a orientação de Deus, sem sua proteção e provisão, sendo que uma boa memória também ajuda. Nestes capítulos, Moisés nos ordena quatro vezes a lembrar (8:2, 18; 9:7, 27) e em quatro ocasiões nos admoesta a não esquecer (8:11, 14, 19; 9:7). Moisés ressaltou quatro ministérios que Deus realizou por Israel e que realiza por nós hoje, quando procura nos amadurecer e preparar para aquilo que ele tem planejado para nós.
 DEUS NOS PROVA (W. 1, 2). Deus sabe o que há dentro do coração de seus filhos, mas nem sempre seus filhos o sabem – ou querem saber. “E todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes e corações” (Ap 2:23). A vida é uma escola (Sl 90:12), e muitas vezes não nos damos conta de qual é a lição até termos sido reprovados no teste!
A forma como reagimos às provas da vida revela o que há, de fato, dentro de nosso coração, especialmente quando essas provas incluem experiências da vida diária.
DEUS NOS ENSINA (V. 3). Durante a jornada do povo pelo deserto, Deus enviou-lhes “pão dos anjos” (Sl 78:21-25) todas as manhãs para ensiná-los a confiar nele em tudo de que precisassem. Porém, o maná era mais do que o sustento físico diário. Era também um símbolo do Messias vindouro, “o pão da vida” (Jo 6:35). Quando foi tentado por Satanás para transformar pedras em pão (Mt 4:1-4), Jesus citou Deuteronômio 8:3 e mostrou que a Palavra de Deus também é o pão de Deus, pois nos “alimentamos” de Jesus Cristo quando nos “alimentamos” da Palavra de Deus. O Senhor estava ensinando os israelitas a buscar nele seu “pão […] de cada dia” (Mt 6:11) e a começar o dia meditando na Palavra de Deus.
DEUS CUIDA DE NÓS (V. 4; 29:5). Deus não apenas alimentou os israelitas a cada manhã com “pão miraculoso”, mas também guardou as roupas que vestiam de se desgastar e seus pés de inchar. As três perguntas mais prementes da vida da maior parte das pessoas é: “O que comeremos? O que beberemos? O que iremos vestir?” (Mt 6:25-34), e o Senhor supriu todas essas necessidades de seu povo durante quarenta anos.
DEUS NOS DISCIPLINA (V. 5). Deus considerava os Filhos de Israel como seus próprios filhos a quem muito amava. “Israel é meu filho, meu primogênito” (Êx 4:22; ver Os 11:1). Depois de anos de escravidão no Egito, os israelitas precisavam aprender o que era a liberdade e como usá-la com responsabilidade. A disciplina é a preparação da criança para as responsabilidades da vida adulta. A disciplina prova que Deus nos ama e que somos membros de sua família (Hb 12:5-8; Pv 3:11, 12). O segredo para o crescimento durante a disciplina é nos humilharmos e nos submetermos à vontade de Deus (Dt 8:2, 3; Hb 12:9, 10).
2. PEREGRINOS NA TERRA (Dt 8:6-20)-Depois de ser libertado do Egito, o destino do povo de Israel não era o deserto, mas sim a terra prometida, o lugar de sua herança. “E [Deus] dali nos tirou, para nos levar e nos dar a terra que sob juramento prometeu a nossos pais” (Dt 6:23). O mesmo acontece com a vida cristã: nascer de novo e ser redimido do pecado é só o começo de nossa caminhada com Cristo, sem dúvida um grande começo, mas nada além disso. Porém, se nos entregarmos ao Senhor e obedecermos à sua vontade, então ele nos capacitará, a fim de nos tornarmos “mais que vencedores” (Rm 8:37) quando nos apropriarmos de nossa herança em Deus e servirmos ao Senhor.
DESFRUTANDO A BÊNÇÃO DE DEUS (W. 6-9). A “chave” que abria a porta da Terra Prometida era simples: obedecer aos mandamentos de Deus, andar nos seus caminhos e reverenciá-lo (v. 6). Sem dúvida, era uma terra de leite e mel, onde nada faltava. Tudo isso tipifica, para o cristão de hoje, a riqueza espiritual que temos em Cristo: as riquezas de sua graça (Ef 1:7; 2:7), as riquezas de sua glória (Ef 1:18; 3:16), as riquezas de sua misericórdia (Ef 2:4) e as “insondáveis riquezas de Cristo” (Ef 3:8). Somos completos em Cristo (Cl 2:10), no qual habita toda a plenitude (Cl 1:19) e, portanto, temos tudo de que precisamos e de que viremos a precisar para uma vida cristã plena para a glória de Deus.
ESQUECENDO-SE DA BONDADE DE DEUS (VV. 10-18). A prosperidade e o conforto trazem consigo o perigo de nos envolvermos tanto com as bênçãos a ponto de nos esquecermos daquele que nos abençoou. Por esse motivo, Moisés admoestou os israelitas a louvar a Deus depois de fazer suas refeições, para que não se esquecessem do Doador de tudo o que é bom e perfeito (v. 10; Tg 1:1 7). Moisés descreveu os perigos relacionados a se esquecer de que Deus é a fonte de todas as bênçãos que desfrutamos. “Antes, te lembrarás do S e n h o r, teu Deus, porque é ele o que te dá força para adquirires riquezas” (v. 18).
 REJEITANDO A AUTORIDADE DE DEUS (VV. 19, 20). No ponto mais crítico desse declínio espiritual, os “israelitas abastados” deixariam o Senhor, o verdadeiro Deus vivo, e passariam a adorar aos falsos deuses de seus vizinhos. A idolatria começa no coração quando a gratidão ao Doador é substituída pela cobiça pelas dádivas. “Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus” (Rm 1:21). Um coração ingrato pode tornar-se rapidamente um abrigo para todo tipo de atitude pecaminosa e de apetite carnal. O que o Senhor faria? Trataria a idolatria de seu próprio povo como havia tratado a idolatria das nações que expulsara da terra e destruiria Israel e seus falsos deuses. Prosperidade – ingratidão – idolatria: três passos para a destruição. No entanto, não se trata de pecados da antiguidade, pois estão presentes nos dias de hoje em corações, lares, negócios e igrejas.
3. SALVOS PELA GRAÇA DE DEUS (D t 9:1 – 10 :11 )-Israel era um povo rebelde contra o Senhor. Pela quinta vez em seu discurso, Moisés diz: “Ouve, ó Israel!” (ver Dt 4:1; 5:1; 6:3, 4). Ele estava lhes entregando a Palavra de Deus, e quando Deus fala, seu povo deve ouvir. A palavra “ouve” é usada com frequência em Deuteronômio, pois o povo de Deus vive pela fé, e “a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm 10:17). Os israelitas não podiam ver seu Deus, mas podiam ouvi-lo, enquanto seus vizinhos pagãos podiam ver seus deuses, mas não podiam ouvi-los (Sl 115:5).Nessa parte do discurso, Moisés lembrou o povo de que sua conduta, desde que tinham deixado o Egito, havia sido qualquer coisa, menos exemplar, apesar da longanimidade e da graça de Deus.
A GRAÇA DE DEUS (W. 1-6). Deus lembrou Israel da incredulidade da geração anterior em Cades-Barnéia, quando viram os obstáculos de Canaã, mas se esqueceram do poder de seu Deus (Dt 9:1, 2; Nm 13 – 14). Deus garantiu a seu povo que não havia necessidade de temer o futuro, pois o Senhor iria adiante deles para ajudá-los a derrotar os inimigos. Mas Deus trabalharia neles e por intermédio deles, a fim de conquistar as nações da terra (Fp 2:12, 13; Pv 21:31). Mais uma vez, Moisés lembrou a nação de que a terra era uma dádiva do Senhor, não uma recompensa pela retidão deles. A ênfase é sobre a graça de Deus e não sobre a vontade do povo de Deus, e essa ênfase é necessária nos dias de hoje (Tt 2:11 – 3:7). Quando nos esquecemos da graça de Deus, tornamo-nos orgulhosos e começamos a pensar que merecemos tudo o que Deus fez por nós; assim, Deus precisa nos lembrar de sua bondade e de nossa pecaminosidade, e tal lembrete pode ser doloroso. Esse é o tema da parte seguinte da mensagem de Moisés.
 A DISCIPLINA DE DEUS (9:7 – 10:11). Moisés estava se dirigindo à nova geração, mas aquelas pessoas precisavam ouvir essa parte da mensagem e conscientizar-se de que eram pecadores assim como seus antepassados. O tema é expresso com severidade em Deuteronômio 9:24: “Rebeldes fostes contra o S e n h o r , desde o dia em que vos conheci”. Deus chamou Abraão e conduziu- o à Terra Prometida, mas o patriarca fugiu para o Egito, a fim de evitar uma fome que assolava a terra (Gn 12:1Oss). O cenário no drama da vida de fé pode mudar, mas os atores e os textos são basicamente os mesmos: Deus abençoa, desfrutamos as bênçãos e, em seguida, rebelamo-nos contra sua disciplina e perdemos as bênçãos que ele planejou para nós. Em sua recapitulação da história de rebeldia de Israel, Moisés começou com a adoração do bezerro de ouro no monte Sinai (Dt 9:7-21; 25:10, 11; Êx 32) e, depois, simplesmente mencionou os lugares onde se rebelaram na jornada do Sinai até Cades- Barnéia (Dt 9:22). Em seguida, anunciou a incredulidade e a rebelião do povo em Cades-Barnéia (vv. 23, 24), prosseguindo com outro lembrete a respeito do bezerro de ouro (9:25 – 10:11). Moisés não seguiu uma cronologia rígida em seu relato de todos os acontecimentos da história de Israel, mas enfatizou seus dois grandes pecados: a adoração ao bezerro de ouro, no Sinai, e a recusa em entrar na terra, em Cades-Barnéia. Israel cometeu um pecado gravíssimo quando adorou ao bezerro de ouro (Êx 32 – 34). Em sua história da libertação do Egito, encontrava-se uma demonstração da graça e do poder de Deus e, ainda assim, o povo rebelou-se contra seu Redentor! Israel era o povo de Deus, remido pela mão do Senhor, no entanto, fizeram um novo deus! A impaciência e a incredulidade impeliram Israel a pecar tão gravemente no monte Sinai, pois Moisés havia estado na montanha com o Senhor durante quarenta dias e quarenta noites (Êx 24:1-18).
Nunca subestime a importância da liderança espiritual que estimula a obediência à Palavra de Deus. Moisés enfrentou a mesma prova em Cades-Barnéia e, mais uma vez, colocou a glória de Deus e o bem do povo antes do benefício próprio (Nm 14:12). Moisés estava mais preocupado com a glória e a reputação do Senhor diante das nações pagãs, pois sabia que o temor de Deus deveria ir adiante de Israel, a fim de que pudessem conquistar a terra e apropriar-se de sua herança. Mas tanto os líderes quanto os seguidores são provados, e Moisés passou no teste. Demonstrou que sua grande preocupação não era com a própria fama ou posição, mas com a glória de Deus e o bem do povo. Na verdade, estava disposto a morrer pelos israelitas para que Deus não os destruísse (Êx 32:31-34). O verdadeiro pastor dá a vida por suas ovelhas (Jo 10:11). Depois de recapitular o grande pecado no Sinai, Moisés mencionou as repetidas rebeliões de Israel a caminho de Cades-Barnéia (Dt 9:22). Em Taberá, o povo reclamou de suas “dificuldades”, e Deus enviou fogo do céu para consumir algumas pessoas das cercanias do acampamento (Nm 11:1-3). As pessoas que murmuraram para Moisés imploraram que seu líder orasse por eles, e Deus ouviu Moisés e fez cessar o julgamento. “Taberá” significa “queimadura”, e o nome deve nos lembrar de que a murmuração é pecado (Fp 2:14, 15; 1 Co 10:10). Em Massá, os israelitas reclamaram, pois estavam sedentos, de modo que Moisés feriu a rocha, e Deus proveu água em abundância para o povo (Êx 1 7:1-7). O nome “Massá” significa “provando” e é colocado junto com o nome “Meribá”, que quer dizer “contendendo”. “Quibrote-Taavá” significa “túmulo de concupiscência” e refere-se à ocasião em que Israel cansou-se do maná e pediu carne para comer (Nm 11:4ss). Deus enviou bandos de codornizes sobre o acampamento de Israel, e tudo o que o povo tinha a fazer era apanhar os pássaros, limpá-los, cozinhá-los e comê-los. Era o velho “apetite egípcio” se manifestando novamente, a carne se rebelando contra o Espírito. Enquanto os israelitas estavam comendo a carne, o julgamento do Senhor veio sobre eles, e Deus enviou uma praga ao acampamento. “Concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma” (Sl 106:15). As vezes, o maior julgamento de Deus é permitir que nossos desejos sejam satisfeitos (Rm 1:22-28). Por fim, Moisés recapitulou o grande pecado de israel em Cades-Barnéia (Dt 9:23, 24; Nm 13-14). Durante a marcha do Egito para Cades, os israelitas haviam visto a mão de Deus operando cada dia, suprindo todas as suas necessidades, mas em Cades acharam que Deus não era grande o suficiente para lhes dar a vitória sobre as nações de Canaã. A incredulidade é um pecado deliberado; é tentar o Senhor e dizer: “Não vou confiar no Senhor nem obedecer a suas ordens!”.
Deus é sempre fiel em suas promessas, e mesmo quando não permitimos que ele governe nossa vida, ele prevalece e, ainda assim, cumpre seus propósitos. Todo cristão e todo ministério cristão, quer seja uma igreja local, quer seja um ministério paraeclesiástico, deve crer que Deus suprirá suas necessidades a cada dia. Se murmuramos ao longo do caminho, estaremos apenas dando provas de que não confiamos em Deus, mas achamos que sabemos melhor do que ele o que é o ideal para nós. Quando chegarmos a um lugar como Cades-Barnéia em nossa vida, onde devemos nos apropriar daquilo que Deus planejou para nós e avançar pela fé, não devemos nos rebelar contra Deus e nos recusar a confiar e a obedecer.
4. SERVOS DO SENHOR (Dt 10:12 – 11:32)-As palavras: “Agora, pois, ó Israel” (Dt 10:12) constituem a transição a que Moisés chega ao encerrar essa parte de seu discurso, uma seção em que ele lembra o povo dos motivos para obedecer ao Senhor seu Deus. Não se tratava de um assunto novo, porém, ainda assim, era uma questão importante, e Moisés queria que todos compreendessem a mensagem e que não a esquecessem: a obediência por amor ao Senhor é a chave de toda bênção. Os israelitas não carregavam Bíblias de bolso e tinham de depender de sua memória, de modo que a repetição era um recurso importante.
Obedeçam pelos mandamentos de Deus (w. 12, 13). A sequência destes cinco verbos é significativa: temer, andar, amar, servir e guardar.
 A obediência ao Senhor é “para o [nosso] bem” (Dt 10:13), pois quando lhe obedecemos temos comunhão com ele, desfrutamos suas bênçãos e evitamos as consequências trágicas da desobediência. O elemento central desse conjunto de cinco verbos é o amor, sendo que nessa parte de seu discurso Moisés emprega seis vezes termos relacionados a ele (Dt 10:12, 15, 19; 11:1, 13, 22). É possível temer e amar ao Senhor ao mesmo tempo? Sim, pois a reverência que demonstramos para com ele é uma forma amorosa de respeito que vem do coração. A palavra “coração” aparece cinco vezes nessa parte do discurso de Moisés (Dt 10:12, 16; 11:13, 16, 18), de modo que ele deixou claro que o Senhor quer mais do que obediência externa. Deseja que façamos a vontade dele de coração (Ef 6:6), uma obediência motivada pelo amor que alegra nosso Pai celestial. O amor é o cumprimento da lei (Rm 13:10); portanto, se amarmos a Deus, não será um fardo nem uma batalha lhe servir e guardar seus mandamentos. Esses cinco elementos são como partes de um motor, que devem ficar juntas e trabalhar em conjunto.
Obedeçam pelo caráter de Deus (vv. 14-22). O equilíbrio entre o temor do Senhor e o amor ao Senhor é resultado de uma compreensão cada vez maior dos atributos de Deus, sendo que esses atributos encontram-se descritos na Bíblia. Quando o Criador do Universo é seu Pai, por que se preocupar? Ao olhar para a criação, não ê difícil ver que existe um Deus poderoso e sábio, pois somente um Ser poderoso teria como criar algo do nada e somente um Ser sábio teria como fazê-lo de modo tão completo e maravilhoso e como mantê-lo funcionando em harmonia. Quer você olhe por um telescópio, quer por um microscópio, vai concordar com Isaac Watts:
Do chão que estou a pisar
As noites estreladas,
Para onde volto meu olhar.
 Senhor, como tuas maravilhas são demonstradas!
Deus escolheu Israel porque o amava, e, por causa desse amor, entrou em aliança com ele, a fim de ser seu Deus e de abençoá-lo. O selo dessa aliança era a circuncisão, dada primeiramente a Abraão (Gn 1 7:9-14) e que devia ser realizada em todos os seus descendentes do sexo masculino. A circuncisão não era uma garantia de que todo judeu iria para o céu (Mt 3:7-12). A menos que houvesse uma transformação interior, realizada por Deus em resposta a sua fé, a pessoa não pertenceria, necessariamente, ao Senhor (ver Dt 30:6), sendo que essa mensagem foi repetida pelos profetas (Jr 4:4; Ez 44:7, 9) e pelo apóstolo Paulo (Rm 4:9-12; ver At 7:51).
Infelizmente, a mesma cegueira espiritual ainda está presente em nosso meio hoje em dia, pois muitas pessoas crêem que o batismo, a profissão de fé, o fato de ser membro da igreja ou de participar da Ceia do Senhor garantem, automaticamente, sua salvação. Por mais importantes que sejam essas coisas, a certeza e o selo da salvação do cristão não estão em uma cerimônia física, mas sim na obra espiritual realizada pelo Espírito Santo no coração (Fp 3:1-10; Cl 2:9-12). A circuncisão dos judeus removia uma pequena parte da carne, mas o Espírito Santo despoja todo o “corpo da carne” e nos faz novas criaturas em Cristo (Cl 2:11).
Obedeçam pelo cuidado de Deus (10:21 – 11:7). As palavras “o que fez” ou semelhantes são usadas seis vezes nesse parágrafo, pois a ênfase é sobre os feitos poderosos de Deus em favor de seu povo, Israel, “a grandeza do S e n h o r , a sua poderosa mão e o seu braço estendido” (Dt 11:2). O que Deus fez por Israel? Em primeiro lugar, quando eram escravos no Egito, Deus cuidou deles e multiplicou-os grandemente. Quando os israelitas estavam no Egito, viram o grande poder de Deus em ação contra o Faraó e contra a nação, quando Deus enviou sucessivos juízos que finalmente levaram à libertação de Israel. O poder de Deus não apenas devastou a terra e destruiu o exército do Faraó, como também demonstrou que Jeová era o Deus verdadeiro e que todos os deuses e deusas do Egito não passavam de ídolos parvos e impotentes. Uma vez que Israel se assentasse na terra, comemoraria a Páscoa todos os anos e se recordaria do que o Senhor havia feito por eles. Moisés também lembrou a nova geração de que Deus havia cuidado deles durante o tempo em que vagaram pelo deserto, mas mencionou apenas um acontecimento específico: o julgamento de Deus sobre Datã e Abirão (Dt 11:5, 6; Nm 16; Jz 11). Era importante que essa nova geração aprendesse a respeitar os líderes de Deus e a obedecer aos mandamentos do Senhor com relação ao sacerdócio. Ainda hoje, indivíduos arrogantes que desejam promover-se e ser “importantes” na igreja devem ter cuidado com a disciplina e o juízo de Deus (At 5:1-11; 1 Co 3:9-23; Hb 13:17; 2 Jo 9-12).
Obedeçam pelas promessas da aliança de Deus (w. 8-25). A palavra-chave desta parte do discurso é “terra” e aparece pelo menos doze vezes, referindo-se à terra de Canaã que Deus havia prometido a Abraão e a seus descendentes quando entrou em aliança com ele (Gn 13:14-1 7; 15:7-21; 1 7:8; 28:13; 5:12; Êx 3:8). Canaã não era apenas a Terra Prometida pelo fato de Deus haver garantido a posse daquele território a Israel, mas era também a “terra das promessas”, pois naquele lugar Deus cumpriria muitas de suas promessas relacionadas a sua grande dádiva da salvação para o mundo todo.
O mesmo princípio aplica-se aos cristãos de hoje: em Cristo temos “toda sorte de bênção espiritual” (Ef 1:3), mas não podemos nos apropriar delas nem desfrutá-las a menos que creiamos nas promessas de Deus e que obedeçamos a seus mandamentos. Se a nação de Israel temesse a Deus, o amasse e lhe obedecesse, ele enviaria as colheitas de grãos em seu devido tempo e daria alimento ao povo e aos rebanhos. Deus não estava “comprando” a obediência deles, mas sim recompensando sua fé e ensinando-lhes sobre as alegrias de conhecer e de servir ao Senhor. O problema não era Deus nem a terra, mas sim o coração do povo. “Guardai-vos não suceda que o vosso coração se engane” (11:16). O instrumento mais eficaz para deter a idolatria era a Palavra de Deus (vv. 18-21; ver Dt 6:6-9), o tesouro que Deus deu a Israel e a nenhuma outra nação. Essa Palavra deveria governar a vida do povo e ser o assunto de suas conversas.
Os cristãos de hoje enfrentam o mesmo perigo. É muito mais fácil usar uma cruz de ouro no pescoço do que carregar a cruz de Cristo na vida diária, e pendurar um texto das Escrituras na parede de nossa casa é mais simples do que guardar a Palavra de Deus em nosso coração. Se amamos o Senhor e se nos apegamos a ele, vamos ansiar conhecer mais de sua Palavra e lhe obedecer em todas as áreas de nossa vida. De que maneira nos apropriamos das bênçãos de Deus? Ao dar um passo de fé (Dt 11:24, 25). Foi isso o que Deus ordenou a Abraão (Gn 13:17), bem como a Josué (Js 1:3). Essa foi a promessa da qual Calebe se apropriou quando pediu sua herança na terra prometida (Js 14:6-15) e essa é a promessa da qual todos os cristãos devem se apropriar se esperam desfrutar as bênçãos que Deus tem para eles.
Hudson Taylor, fundador da China Inland Mission [Missão para o Interior da China], hoje chamada Overseas Missionary Fellowship, disse: “Como fazer para que a fé se fortaleça? Não lutando por ela, mas, sim, descansando sobre aquele que é fiel”.
Obedeçam pela disciplina de Deus (w. 26-32). A conclusão era que o povo precisava escolher se iria obedecer a Deus e desfrutar suas bênçãos ou se iria desobedecer-lhe e sofrer sua disciplina. Tinham opção de desfrutar a terra, de suportar o castigo na terra (Livro de Juizes) ou de ser expulsos da terra (cativeiro na Babilônia). Seria de se esperar que a escolha fosse fácil, pois quem iria querer a disciplina do Senhor?
Suas vitórias no futuro dependiam de suas decisões no presente, da determinação em seu coração de amar ao Senhor e de obedecer à sua Palavra. A oferta era simples: se obedecessem ao Senhor, ele os abençoaria; se desobedecessem, ele os disciplinaria. Depois que os israelitas entrassem na terra e começassem a conquistá-la, deveriam realizar uma cerimônia especial em Siquém, localizada entre o monte Gerizim e o monte Ebal (os detalhes são apresentados em Dt 27 – 28 e a realização da cerimônia em Js 8:30-35).
Em termos espirituais, os cristãos de hoje se encontram entre dois montes: o Calvário, onde Jesus morreu por nós, e o monte das Oliveiras, para o qual um dia Jesus irá voltar (Zc 14:4; At 1:11, 12). Porém, Deus não escreveu a lei da antiga aliança em pedras nem nos advertiu sobre suas maldições. Antes, ele escreveu sua nova aliança em nosso coração e nos abençoou em Jesus Cristo (2 Co 3:1-3; Hb 8; Ef 1:3). “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1 (. As dispensações de Deus podem mudar, mas seus princípios são sempre os mesmos, e um desses princípios é que Deus nos abençoa quando obedecemos e nos disciplina quando desobedecemos. Ao caminhar no poder do Espírito, superamos os desejos da carne, a retidão de Deus se cumpre em nós (Rm 8:4) e nunca ouvimos as vozes do monte Ebal.
CA; Eli Vieira

O PERFIL DE UMA IGREJA IDEAL


O PERFIL DE UMA IGREJA IDEAL
1 Tessalonicenses 1:1-10
Você certamente já ouviu algum pastor dizer:
 – Se você encontrar uma igreja perfeita, não se torne membro dela, pois, se o fizer, ela deixará de ser perfeita!
Uma vez que as congregações locais são constituídas de seres humanos, salvos pela graça de Deus, nenhuma igreja é perfeita. Mas algumas se encontram mais próximas do ideal do Novo Testamento do que outras. A igreja de Tessalônica encaixava-se nessa categoria. Em pelo menos três ocasiões nesta epístola, Paulo dá graças pela igreja e pela maneira como ela respondeu a seu ministério (1 Ts 1:2; 2:13; 3:9). Nem todo pastor pode ser tão grato.
Que características tornavam esta igreja próxima do ideal e um motivo de alegria para o coração de Paulo?
1. UM POVO ELEITO – NASCIDOS DE NOVO (1 TS 1:1-4)
O termo “igreja”, em 1 Tessalonicenses 1:1, significa “um povo chamado para fora”. Todos os chamados sobre os quais lemos na Bíblia indicam eleição divina: Deus chama um povo, separando-o deste mundo e para si (At 15:13-18). Sete vezes em João 17, Jesus refere-se aos cristãos como os que o Pai lhe deu (Jo 17:2, 6, 9, 11, 12, 24). Paulo declara sua certeza de que os tessalonicenses haviam sido escolhidos por Deus (1 Ts 1:4).
A doutrina da eleição divina confunde alguns e assusta outros e, no entanto, nenhuma dessas reações é justificada. Um professor do seminário me disse certa vez: “Tente explicar a eleição divina e pode acabar perdendo o juízo; tente livrar-se dela e perderá a alma!”
Enquanto vivermos deste lado do céu, jamais seremos capazes de entender o conceito da eleição em sua totalidade. Mas não se deve ignorar essa importante doutrina ensinada ao longo de todas as Escrituras. Observemos alguns fatos evidentes acerca da eleição divina.
A salvação começa com Deus. “Porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação” (2 Ts 2:13). “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (Jo 15:16). “Assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo” (Ef 1:4). Todo o plano da salvação nasceu no coração de Deus muito antes de o homem ser criado ou de o universo ser formado.
 A salvação envolve o amor de Deus. Paulo afirma que os santos são irmãos amados (ver 1 Ts 2:17), não só pelo apóstolo, mas também por Deus. Foi o amor de Deus que tornou possível o Calvário em que Jesus Cristo morreu por causa de nossos pecados (Rm 5:8). Mas não é o amor de Deus que salva o pecador, e sim sua graça. Em sua graça, ele nos dá aquilo que não merecemos e, em sua misericórdia, deixa de nos dar o que merecemos.
A salvação envolve fé. “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé” (Ef 2:8). Paulo, Silas (cujo nome é escrito aqui na forma romana) e Timóteo levaram o evangelho a Tessalônica e pregaram no poder de Deus (1 Ts 1:5). Alguns dos que ouviram a mensagem creram, deixaram a idolatria e se voltaram para o verdadeiro Deus vivo (1 Ts 1:9). O Espírito de Deus usou a Palavra de Deus para gerar fé (Rm 10:1 7). Paulo chama isso de “santificação do Espírito e fé na verdade” (2 Ts 2:13).
A salvação envolve a Trindade. Ao ler esta carta, deparamo-nos com a doutrina da Trindade. Os cristãos crêem em um Deus que existe na forma de três Pessoas: Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. É importante ter em mente que essas três Pessoas participam da salvação. Isso nos ajuda a escapar dos extremos perigosos que negam a responsabilidade humana ou minimizam a soberania divina, pois a Bíblia ensina ambas as coisas.
No que se refere a Deus Pai, fui salvo quando ele me escolheu em Cristo antes do início do mundo. No que se refere a Deus Filho, fui salvo quando ele morreu por mim na cruz. E, no que se refere a Deus Espírito Santo, fui salvo em uma noite de sábado, em maio de 1988, quando ouvi a Palavra e aceitei a Jesus Cristo. Naquela ocasião, não fazia idéia do que era a eleição, mas o Espírito Santo testemunhou em meu coração que eu era filho de Deus.
A salvação transforma a vida. Como Paulo sabia que esses tessalonicenses eram eleitos de Deus? Por meio da mudança que observou na vida deles. Ao comparar 1 Tessalonicenses 1:3 com 1 Tessalonicenses 1:9, 10, verifica-se:
A operosidade da vossa fé. / Deixando os ídolos, vos convertestes a Deus. A abnegação do vosso amor. / Para servirdes o Deus vivo e verdadeiro. A firmeza da vossa esperança. / Para aguardardes do céu o seu Filho.
Quem afirma ser um dos eleitos de Deus, mas cuja vida não mudou, está apenas enganando a si mesmo. Deus transforma seus escolhidos. Isso não significa que somos perfeitos, mas sim que possuímos uma nova vida que não pode ser escondida.
A fé, a esperança e o amor são as três virtudes cardeais da vida cristã e as três maiores evidências da salvação. A fé deve sempre levar as obras (Tg 2:14-26). Alguém disse que: “Não somos salvos pela fé em conjunto com as obras, mas sim por uma fé operante”. Se os tessalonicenses tivessem continuado a adorar ídolos mortos e, ao mesmo tempo, a professar sua fé no Deus vivo, teriam demonstrado que não faziam parte dos eleitos de Deus.
Outra evidência da salvação é o amor. “porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Rm 5:5). Somos “por Deus instruídos que
[devemos amar]
uns aos outros” (1 Ts 4:9). Servimos a Cristo porque o amamos, e essa é a “abnegação do vosso amor” à qual Paulo se refere. “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14:15).
A terceira evidência da salvação é a esperança com a qual se aguarda pela volta de Jesus Cristo (1 Ts 1:10). A volta de Jesus Cristo é o tema central das epístolas aos tessalonicenses. Os não salvos não aguardam com grande expectativa a volta do Senhor. Quando o Senhor arrebatar sua Igreja nos ares, os incrédulos ficarão surpresos (1 Ts 5:1-11).
A fé, a esperança e o amor são evidências da eleição. Essas qualidades espirituais estão ligadas entre si e só podem vir de Deus. Para mais exemplos, ver as seguintes passagens: 1 Coríntios 13:13; Romanos 5:1-5; Gálatas 5:5, 6; Colossenses 1:4, 5; Hebreus 6:10-12; 10:22-24; 1 Pedro 1:21, 22.
Uma igreja local deve ser constituída de eleitos salvos pela graça de Deus. Um dos problemas das igrejas de hoje é a presença em seu meio de não salvos, cujos nomes encontram-se registrados no rol de membros, mas não no Livro da Vida do Cordeiro. Todo membro da igreja deve examinar seu coração e se certificar de que é, verdadeiramente, nascido de novo e se faz parte dos eleitos de Deus.
2. ERA UMA IGREJA EXEMPLAR NO VIVER (1 TS 1:5-7)
Desde o início desta igreja, Paulo a contemplou com alegria e gratidão, como cristãos dignos deste nome. São exemplares em diversas áreas de sua vida.
Receberam a Palavra (v. 5). O evangelho chegou até eles pelo ministério de Paulo e de seus colaboradores. Muitos pregadores e filósofos itinerantes daquela época só estavam interessados em ganhar dinheiro à custa de pessoas ignorantes. Mas o Espírito Santo usou a Palavra com grande poder, e os tessalonicenses responderam recebendo tanto a mensagem quanto os mensageiros. Apesar das perseguições em Filipos, Paulo e Silas tiveram “ousada confiança em nosso Deus, para […] anunciar o evangelho” (1 Ts 2:2); e o povo creu e foi salvo. Em momento algum perderam o anseio pela Palavra de Deus (1 Ts 2:13).
Seguiram seus líderes espirituais (v. 6a). O termo “imitadores” indica que esses recém-convertidos não apenas aceitaram a mensagem e os mensageiros, mas também imitaram a vida deles. Em decorrência disso, foram terrivelmente perseguidos. É importante que cristãos novos na fé respeitem a liderança espiritual e aprendam com cristãos mais maduros.
Sofreram por Cristo (v. 6b). Ao deixar os ídolos para servir a Deus, esses cristãos provocaram a ira de amigos e parentes e sofreram perseguições. Sem dúvida, alguns perderam o emprego por causa de sua nova fé. Assim como os judeus incrédulos perseguiram os cristãos na Judéia, também os gentios incrédulos perseguiram os cristãos tessalonicenses (1 Ts 2:14-16). A fé é sempre provada, e a perseguição é uma das formas de testá-la (Mt 13:21; 2 Tm 3:12).
Encorajaram outras igrejas (v. 7). Os cristãos podem ser motivo de ânimo ou de desânimo a outros. Esse princípio também se aplica às igrejas. Paulo usou as igrejas da Macedônia como estímulo para a igreja de Corinto contribuir com a oferta missionária (2 Co 8:1-8). Apesar de serem novos na fé, os tessalonicenses deram um bom exemplo que serviu de encorajamento para as congregações a seu redor. As igrejas não devem competir entre si de maneira mundana, mas podem “[estimular] ao amor e às boas obras” (Hb 10:24).
A igreja de Tessalônica mostrou-se exemplar em todos os sentidos. Seu segredo era sua fé, esperança e amor, os três elementos espirituais que motivam a vida cristã.
3. ERA UMA IGREJA QUE TESTEMUNHAVA O EVANGELHO COM ENTUSIASMADO (1 TS 1:8)
A “operosidade da [sua] fé, e abnegação do [seu] amor” expressavam-se em seu testemunho do evangelho a outros. Eram tanto “receptores” (a Palavra chegou até eles; 1 Ts 1:5) quanto “transmissores” (a palavra repercutiu deles; 1 Ts 1:8). Todo cristão em toda congregação local deve receber e transmitir a Palavra de Deus. O verbo “repercutir” significa “soar como uma trombeta”. Mas os tessalonicenses não estavam se vangloriando, tocando trombetas diante de si como faziam os fariseus (Mt 6:1-4). Antes, anunciavam as boas-novas da salvação, e sua mensagem tinha um som claro e certo (1 Co 14:8). Em todo lugar por onde Paulo passava, ouvia as pessoas comentarem sobre a fé dos cristãos de Tessalônica.
É responsabilidade e privilégio da igreja local levar a mensagem da salvação ao mundo perdido. No final de cada um dos quatro Evangelhos e no começo do Livro de Atos, encontra-se uma comissão que deve ser obedecida pelas igrejas (M t 28:18-20; Mc 16:15, 16; Lc 24:46-49; Jo 20:21; At 1:8). Muitas congregações contentam-se em sustentar uma equipe de obreiros para testemunhar e ganhar almas para Cristo. Mas nas igrejas do Novo Testamento, a congregação toda estava envolvida na transmissão das boas-novas (At 2:44-47; 5:42).
De acordo com um estudo recente sobre o crescimento da igreja, cerca de 70% a 80% desse crescimento é resultado do testemunho a amigos e parentes. Apesar de a visitação evangelística e de outros métodos de expansão serem proveitosos, é o contato pessoal que gera a colheita.
Mas a eleição e o evangelismo andam juntos. Quem diz: “Deus não precisa de minha ajuda para salvar os que ele escolheu” não entende o que é eleição nem o que é evangelismo. Na Bíblia, a eleição sempre envolve responsabilidade. Deus escolheu o povo de Israel e fez dele uma nação eleita para que testemunhasse aos gentios.
Da mesma forma, Deus escolheu a Igreja para testemunhar hoje. O fato de sermos o povo eleito de Deus não nos exime da responsabilidade de evangelizar. Pelo contrário, a doutrina da eleição é um dos maiores estímulos ao evangelismo.
 A experiência de Paulo em Corinto (At 18:1-11) ilustra perfeitamente essa verdade. Corinto era uma cidade perversa e um lugar difícil para começar uma igreja. Seus habitantes eram pecadores iníquos (1 Co 6:911), mas Paulo pregou a Palavra fielmente. Quando os judeus incrédulos começaram a persegui-lo, Paulo saiu da sinagoga e passou a ensinar na casa de Justo. Então, o Senhor encorajou o apóstolo dizendo: “Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; porquanto eu estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade” (At 18:9, 10). O fato de Deus ter eleito cidadãos de Corinto estimulou Paulo a permanecer na cidade por um ano e meio.
Se a salvação fosse uma obra humana, teríamos todo direito de desanimar e desistir. Mas a salvação é uma obra divina, e Deus usa pessoas para chamar seus eleitos. Não há conflito entre a soberania divina e a responsabilidade humana, apesar de não sermos capazes de conciliar essas duas realidades.
Hoje, é necessário haver mais igrejas com pessoas cheias de entusiasmo para compartilhar a mensagem da salvação. Enquanto estamos aqui, há  2,4 bilhões de pessoas não têm qualquer testemunho visível do evangelho nem qualquer igreja em seu meio. Apesar da expansão dos programas de rádio e de televisão bem como dos textos impressos, estamos perdendo território no trabalho de alcançar os perdidos. Você é um cristão entusiasmado? Como igreja temos testemunhado com entusiasmo o evangelho? Sua igreja testemunha com entusiasmo?
4. UM POVO CHEIO DE ESPERANÇA (1 TS 1:9,10)
A operosidade de sua fé tornava-os um povo eleito, pois deixaram seus ídolos, voltaram- se para Deus e creram em Jesus Cristo. A abnegação de seu amor tornava-os um povo exemplar e entusiasmado, que colocava em prática a Palavra de Deus e compartilhava o evangelho. A firmeza de sua esperança fazia deles um povo esperançoso, que aguardava a volta do Senhor.
Nestes versículos, Paulo relaciona a segunda vinda de Cristo à salvação. Uma vez que haviam aceitado a Cristo, aguardavam sua volta com alegre expectativa e sabiam que seriam libertos “da ira vindoura” (1 Ts 1:10). Paulo repete esse fato em 1 Tessalonicenses 5:9, 10 e dá mais detalhes em 2 Tessalonicenses 1:5-10.
Enquanto adoravam ídolos, os tessalonicenses não tinham esperança alguma. Mas depois que creram no “Deus vivo”, passaram a ter uma “viva esperança” (ver 1 Pe 1:2, 3). Os que foram criados dentro da doutrina cristã não conseguem entender a escravidão da idolatria pagã. Antes de Paulo chegar até eles com o evangelho, eram pessoas sem esperança “e sem Deus no mundo” (Ef 2:12). No Salmo 115, encontra-se uma descrição clara da vida de idolatria.
Os cristãos são “filhos do Deus vivo” (Rm 9:26). Seu corpo é “santuário do Deus vivente” (2 Co 6:16), habitado pelo “Espírito do Deus vivente” (2 Co 3:3). A Igreja é “a igreja do Deus vivo” (1 Tm 3:15); e Deus está preparando para ela a “cidade do Deus vivo” (Hb 12:22). O Deus vivo nos deu uma esperança viva ao ressuscitar seu Filho Jesus Cristo dentre os mortos.
Convém distinguir dois aspectos da vinda do Senhor. Em primeiro lugar, Jesus Cristo virá nos ares para buscar sua Igreja (1 Ts 4:13-18), dando início, desse modo, a um período de Tribulação na Terra (1 Ts 5:1-3). No final desse período, Cristo voltará à Terra com sua Igreja (2 Ts 1:5-10; Ap 19:11-21), derrotará os inimigos e estabelecerá seu reino (Ap 20:1-6).
A palavra traduzida por “aguardardes”, em 1 Tessalonicenses 1:10, significa “aguardar alguém com paciência, confiança e expectativa”. Aguardar envolve atividade e perseverança. Alguns dos cristãos tessalonicenses pararam de trabalhar e se tornaram fofoqueiros desocupados, alegando que o Senhor estava preste a voltar. Mas, se cremos, de fato, que o Senhor está voltando, provaremos nossa fé mantendo-nos ocupados e obedecendo à Palavra de Deus. A parábola dos talentos que Jesus contou (Lc 19:11-27) ensina que devemos nos manter ocupados (nesse caso, “negociar”, investindo o dinheiro) até sua volta.
Os cristãos aguardam a volta de Jesus Cristo, e ele pode voltar a qualquer momento. Não esperamos “sinais”, mas sim o Salvador. Aguardamos a redenção do corpo (Rm 8:23-25) e a esperança da justiça (Cl 5:5). Quando Jesus Cristo voltar, receberemos um novo corpo (Fp 3:20, 21) e seremos como ele (1 Jo 3:1,2). Ele nos levará ao lar que preparou (Jo 14:1-6) e nos recompensará pelos serviços que prestamos em seu nome (Rm 14:10-12).
Uma igreja local que vive, de fato, a expectativa de ver Jesus Cristo a qualquer momento é um grupo vibrante e vitorioso. Esperar a volta de Cristo é uma grande motivação para ganhar almas (1 Ts 2:19, 20) e para desenvolver a firmeza na fé (1 Ts 3:11-13). Também é um consolo maravilhoso em meio ao sofrimento (1 Ts 4:13-18) e um grande estímulo para uma vida piedosa (1 Ts 5:23, 24). É triste quando as igrejas se esquecem dessa doutrina tão importante; e é mais triste ainda quando as igrejas crêem nessa doutrina e pregam sobre ela, mas não a colocam em prática.
Paulo lembra como esta igreja nasceu (1 Ts 1:3) e dá graças por suas características espirituais: são eleitos, exemplares, entusiasmados e esperançosos. Mas as igrejas são constituídas de indivíduos. Ao falar da igreja, não se deve dizer “eles”, mas sim “nós”. Afinal, nós somos a igreja! Isso significa que se nós tivermos essas características espirituais, nossas igrejas se transformarão naquilo que Deus deseja que sejam. Como resultado, ganharemos os perdidos para Cristo e glorificaremos ao Senhor. O perfil da igreja ideal é o perfil do cristão ideal: eleito (nascido de novo), exemplar (imitando as pessoas certas), entusiasmado (dando testemunho do evangelho) e esperançoso (aguardando diariamente a volta de Jesus Cristo). Talvez seja hora de fazer um balanço.
C.A.Eli Vieira

terça-feira, 19 de março de 2019

IGREJA PRESBITERIANA DO CATONHO, 100 ANOS PROCLAMANDO A GLÓRIA DE DEUS



O Novo Templo e o Velho Templo da IP Catonho
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Lançamento da Pedra fundamental do Novo Templo da IP Catonho – Rev. Leonildo Paixão

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Novo Templo e Velho Templo da IP Catonho


O Presbiterianismo na região do Catonho município de Angelim (hoje pertence a Jupi), começou com o missionário americano Dr. George W. Butler como disse o pastor Edijéce Martins “De Garanhuns, o evangelho se espalhou atingindo grande área: Gileá, Cachoeirinha, Inhumas, Catonho e até Catende, Quebrangulo e Águas Belas”(1976, p.61). Depois da morte de Né Vilela (Manoel Correia Vilela) em 7 de fevereiro de 1898 várias pessoas aceitaram ao evangelho. “A morte de Né Vilella, porém resultou na conversão de muitas pessoas que, a partir daquela data, começaram a se interessar pelos ensinos da nova igreja. Poucos meses depois a 26 de julho o Dr. Butler batizou 34 pessoas em Catonho, no mesmo município de São Bento, e mais 16, daí a dias, em Vitória, no vizinho Estado de Alagoas” (Martins, 1976, p 78)¹.
Graças ao trabalho incansável de muitos servos de Deus, tais como: O Pioneiro Dr. George W. Butler, Martinho de Oliveira, Antônio Almeida, George Henderlite, William Thompson, Jerônimo Gueiros e outros notáveis servos de Deus, Garanhuns ficou conhecida como cidade evangelizadora ou a Antioquia Pernambucana. Mas nenhum destes servos do Senhor “excedeu em trabalho e frutos ao Rev. Antônio Gueiros que montado a cavalo, transpôs serras e valados para anunciar as novas de salvação e, assim fundar e organizar igrejas em diversas regiões”.
O pastor Antônio Gueiros iniciou o seu ministério na Igreja de Garanhuns no dia 17 de fevereiro de 1914 e permaneceu como pastor efetivo da igreja até 1946. Em seu ministério o Rev. Antônio Gueiros procurava ser auxiliado por obreiros verdadeiramente crentes e colportores, assim como Januário Antônio da Silva que foi um grande cooperador na proclamação do evangelho no agreste meridional. “No estado de Pernambuco, além de Garanhuns seu ministério ganhou almas e fundou pontos de pregação, congregações e igrejas em Inhumas, Gileade, Cachoeira Dantas, Palmeirinha, São João, Angelim, Burgos, Tiririca, Lagartixa, Catonho, São Pedro, Neves, Fama, Brejão, Brejinho, Maçaranduba, Poço Cumprido, Freixeira de Santa Quitéria, Genipapeiro, Correntes, Lajedo, Entupido, Águas Belas, Buíque, Salobro, Jupi, Bom Conselho, Serrinha, São Bento do Una, Cachoeirinha e São Caetano hoje Caetés”(Soares, 1996, ps. 176,17)². Por seu trabalho missionário incansável, ele mereceu ser chamado pela Academia Pernambucana de Letras de ” O Desbravador Evangélico do Sertão” . O Rev. Antonio Gueiros faleceu em 18 de fevereiro de 1951 aos oitenta anos de idade.
Graças ao trabalho do Rev. Antônio Gueiros, da Igreja Presbiteriana Central de Garanhuns e dos irmãos da Congregação Presbiteriana do Sítio Catonho município de Angelim (atualmente Jupi-PE) cresceu e se desenvolveu e foi organizada em igreja no ano 1919. 
No princípio o trabalho presbiteriano na região do Catonho teve como base a casa dos irmãos Manoel Correia Vilela (que era primo de Né Vilela), mas conhecido por senhor Mandinho e Amélia Vilela. Estes servos de Deus foram grandes baluartes do trabalho presbiteriano naquela região. Vale salientar que este casal tinha sete filhos, sendo três homens (Otaniel, Silas e Manassés) e quatro mulheres ( Priscila, Ilídia, Ana e Alécia) mas, segundo testemunho dos irmãos da igreja, todos os anos por ocasião das festividades (aniversário da igreja) eles matavam bois e aves, e tinham a maior alegria de hospedar em sua casa irmãos que vinham de Garanhuns, Inhumas, Fama, Entupido, etc., para juntos louvarem e adorarem a Deus.
A Igreja Presbiteriana do Catonho, firmada na visão missionária dos seus fundadores, continuou propagando o evangelho da graça de Jesus nos sítios vizinhos, e se tornou uma igreja forte e plantou outras Congregações como: Fama, Entupido, etc.
Entre estas congregações quero destacar a Congregação do Sítio Entupido.Em 1953 o conselho da Igreja Presbiterina do Catonho designou os presbíteros Jocelindo Cordeiro Sobral e Roldão Cordeiro Sobral e os diáconos Nasiaseno Cordeiro Silva e Edilson Cordeiro Sobral para organizar a UMP da Congregação do Sítio Entupido, Angelim(Atualmente município de Jucati-PE). As 19 horas do dia primeiro de fevereiro de mil novecentos e cinquenta e três (01/02/1953) no templo da Congregação Presbiteriana da Igreja do Catonho, localizada no Sítio Entupido do município de Angelim, reuniu-se toda Congregação com o fim de organizar a UMP da Congregação. A qual foi organizada nesta data com trinta sócios e o presbítero Jocelindo Cordeiro foi eleito conselheiro (Ata da 1ª sessão da organização da UMP da Congregação do Sítio Entupido)². 
O trabalho da Congregação do Sítio Entupido e da UMP frutificou e conforme a ata do dia 27 de fevereiro 1955, tinha 175 sócios. O trabalho continuou crescendo e frutificando, conforme a ata do dia 30 de setembro de 1956 tinha matriculados 215 sócios fazendo parte da UMP daquela congregação. Neste período, a Igreja do Catonho era uma igreja forte no cenário do presbiterisnismo de Pernambuco.
Em 1956 um fato ocorreu na Igreja Presbiteriana do Catonho que deixou muitos irmãos triste. Com a crise do presbiterianismo de Pernambuco em 1956 envolvendo o pastor Israel Gueiros, como diz Um Trecho da História da Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil “O Rev. Israel Gueiros foi expulso da Igreja Presbiteriana do Brasil quando completava 25 anos de ministério. Agora se encontrava só com a sua igreja, e uns poucos pastores que aderiram à sua causa. Foi quando em contato com o presbítero Jocelindo Cordeiro Sobral, então presbítero da Igreja Presbiteriana do Catonho, Angelim-PE, e que passava pelas mesmas dificuldades segundo o presbítero, com a sua igreja disse ao Dr. Gueiros: “Israel, não existe presbiteriano sem presbitério, temos o número suficiente de igrejas para formar um”. Estas palavras foram um incentivo ao Rev. Gueiros que o levou a formar o Presbitério do Norte da Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil, em 21 de setembro de 1956 com quatro igrejas, a saber: Igreja Presbiteriana do Recife – “Igreja Presbiteriana do Catonho” – Igreja Presbiteriana do Fama – Igreja Presbiteriana do Bongi. A reunião histórica da formação do presbitério aconteceu na Igreja Presbiteriana do Recife e aqui vai uma transcrição do resumo da ata desta primeira reunião do Presbitério do Norte da I.P.F. do Brasil: Depois do culto de Ações de Graças pelo jubileu de prata do ministério do Rev. Dr. Israel Gueiros, em que o orador oficial foi o Rev. Roderick Carneiro de Melo, foi declarado fundado o Presbitério do Norte e, como também, a Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil, tudo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e para a prosperidade do Reino do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Foram arrolados oficialmente neste presbitério os seguintes membros: Revs. Dr.Israel Furtado Gueiros, Roderick carneiro de Melo, Uzzai Canuto, Ageu Vieira e presbíteros Jocelindo Cordeiro Sobral representante da Igreja Presbiteriana “Fundamentalista” do Catonho. Antônio Ferreira dos Santos representante da Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Fama. Dr. Emerson Pinto da Silva Souto representante da Igreja Presbiteriana do Recife e Abel de Lima Albuquerque (no dia 23 de setembro) representante da Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Bongi. Mesa: presidente Rev. Dr. Israel Gueiros Furtado Gueiros; vice-presidente Rev. Uzzai Canuto; secretário permanente Rev. Roderick Carneiro de Melo; tesoureiro presbítero Israel Oliveira (Jornal a Defesa 01 20/11/1956)³.
Mas, algo interessante aconteceu, segundo relatos dos irmãos da IP do Catonho, depois da reunião que fora realizada em Recife. Quando o presbítero Jocelindo Cordeiro foi narrar o que ficou decidido naquela reunião em Recife a IP do Catonho, os irmãos da igreja sede, não aceitaram a posição do pastor e do  presbítero Jocelindo de deixar a Igreja Presbiteriana do Brasil e organizar outra denominação, causando assim uma crise. Esta crise causou grande tristeza, pois como resultado alguns membros deixaram a igreja, especialmente os membros da Congregação do Entupido, atualmente Jucati-PE onde o presbítero Jocelindo Cordeiro era um dos líderes, depois esta Congregação deu origem a Igreja Presbiteriana  Fundamentalista do Neves (Jucati-PE). Mas a Igreja Presbiteriana do Catonho não aceitou deixar a sua origem, isto é, a Igreja Presbiteriana do Brasil(IPB) para fazer parte da Igreja Fundamentalista, e continuou como Igreja Presbiteriana do Brasil, graças a Deus e hoje faz parte do Presbitério de Garanhuns.
Quanto a esta amada igreja, podemos destacar, que ao longo destes cem anos, Deus na sua infinita graça chamou vários irmãos que foram membros da mesma, para servir  na seara do mestre como pastor, dos quais posso mencionar alguns: Jair Barros, Jayme de Barros, Jonatas Barros, Neemias Rodrigues Vilela,  Robson Freire Vilela, Amarildo Protásio, Jasiel Freire Vilela e Eli Vieira Vilela, etc.
Graças ao Senhor da Igreja, não obstante as lutas a igreja do Catonho tem cumprido o seu propósito desde que fora organizada de proclamar somente a Glória de Deus, e neste mês de março de 2019 comemora seu centenário de Organização com a inauguração de seu novo templo com a presença de vários pastores filhos e de filhos da IP Catonho e pastores que já pastorearam a mesma tais como: José Ernando(pastor atual da IP Catonho), missionário Anderson(auxiliar do pastor José Ernando), Irineu Ferreira, Leonildo Machado, Edjair Paes, Manoel, Arnaldo Matias, Eli Vieira, Jasiel Freire e convidados especiais para participarem deste mês festivo como o Reverendo Roberto Brasileiro presidente do Supremo Concílio da IPB e o pastor Silas Cunha.
Nota
1-Ferreira, Edijéce Martins – A Bíblia e o Bisturi, Edição da Missão Presbiteriana no Brasil, 1976 
2-Soares, Caleb – Januário Antônio dos Pés Formosos, 1ª ed – Luz Para o Caminho, Campinas-SP, 1996
3-TRECHOS DA HISTÓRIA DA IGREJA PRESBITERIANA FUNDAMENTALISTA DO  BRASIL- www.ipfb.com.br/IPFB/site2/downloads/Historia_IPFB.pdf acesso em 15/09/2017.
Sobre o autor: Pr. Eli Vieira é formado pelo Seminário Presbiteriano do Norte e pastor efetivo da IP Filadélfia Garanhuns-PE

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