sexta-feira, 15 de setembro de 2017

IGREJA PRESBITERIANA DO CATONHO: Rumo ao Centenário com a Construção do Novo Templo

Foto de RevLeonildo Paixao.

Foto de RevLeonildo Paixao.

Foto de RevLeonildo Paixao.

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Foto de RevLeonildo Paixao.

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Foto de RevLeonildo Paixao.

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No dia 12 de setembro de 2017 teve início a terraplanagem para as obras da construção do Novo Templo da Igreja Presbiteriana do Catonho, que está caminhando para o seu centenário. Segundo as palavras do Rev. Leonildo Paixão pastor efetivo da Igreja do Catonho "hoje foi um dia muito especial, foi dado início o maior projeto da minha vida dos últimos anos. Realizamos a terraplanagem do Novo Templo da Igreja Presbiteriana do Catonho, Jupi-PE. Este projeto nasceu após observar os irmãos colocar bancos na calçada da Igreja para assistir a Escola Dominical, isso porque a igreja estava completamente cheia, sem nenhum espaço, e ainda faltava uns 40 irmãos que não tinham vindo neste dia". 
O Presbiterianismo no Catonho começou com o missionário Dr. George W. Butler como disse o pastor Edijéce Martins "De Garanhuns, o evangelho se espalhou atingindo grande área: Gileá, Cachoeirinha, Inhumas, Catonho e até  Catende, Quebrangulo e Águas Belas"(1976, p.61). Depois da morte de Né Vilela em 7 de fevereiro de 1898 várias pessoas aceitaram ao evangelho. "A morte de Né Vilella, porém resultou na conversão de muitas pessoas que, a partir daquela data, começaram a se interessar pelos ensinos da nova igreja. Poucos meses a 26 de julho o Dr. Butler batizou 34 pessoas em Catonho, no mesmo município de São Bento, e mais 16, daí a dias, em Vitória, no vizinho Estado de Alagoas" (Martins, 1976, p 78)¹

Graças ao trabalho incansável de muitos servos de Deus, tais como: O Pioneiro Dr. George W. Butler, Martinho de Oliveira, Antônio Almeida, George Henderlite, William Thompson, Jerônimo Gueiros e outros notáveis servos de Deus, Garanhuns ficou conhecida como cidade evangelizadora ou Antioquia Pernambucana. Mas nenhum "excedeu em trabalho e frutos ao Rev. Antônio Gueiros que montado a cavalo, transpôs serras e valados para anunciar as novas de salvação e, assim fundar e organizar igrejas em diversas regiões". O pastor Antônio Gueiros iniciou o seu ministério na Igreja de Garanhuns no dia 17 de fevereiro de 1914 e permaneceu como pastor efetivo da igreja até  1946.Em seu ministério o Rev. Antônio Gueiros procurava ser auxiliado por obreiros verdadeiramente crentes e colportores, assim como Januário Antônio da Silva que foi um grande cooperador na proclamação do evangelho no agreste meridional . "No estado de Pernambuco, além de Garanhuns seu ministério ganhou almas e fundou pontos de pregação, congregações e igrejas em Inhumas, Gileade, Cachoeira Dantas, Palmeirinha,São João, Angelim, Burgos, Tiririca, Lagartixa, Catonho, São Pedro, Neves, Fama, Brejão, Brejinho, Maçaranduba, Poço Cumprido, Freixeira de Santa Quitéria, Genipapeiro, Correntes, Lajedo, Entupido, Águas Belas, Buíque, Salobro, Jupi, Bom Conselho, Serrinha, São Bento do Una, Cachoeirinha e São Caetano hoje Caetés"(Soares, 1996, ps. 176,17)². Por seu trabalho missionário incansável, ele  mereceu ser chamado pela Academia Pernambucana de Letras de " O Desbravador Evangélico do Sertão" . O Rev. Antonio Gueiros faleceu em 18 de fevereiro de 1951 aos oitenta anos de idade.

Graças ao trabalho do Rev. Antônio Gueiros e os irmãos da Igreja Presbiteriana Central de Garanhuns, a Congregação do Sítio Catonho,(atualmente Jupi-PE) cresceu e se desenvolveu e foi organizada em igreja no ano 1919. 

A Igreja Presbiteriana do Catonho, firmada na visão missionária dos seus fundadores, continuou propagando o evangelho nos sítios vizinhos, e se tornou uma igreja forte, plantou congregações no Sítio Fama, Entupido em Jupi.
Em 1953 designou os presbíteros Josselindo Cordeiro Sobral e Roldão Cordeiro Sobral e os diáconos Nasiaseno Cordeiro Silva e Edilson Cordeiro Sobral para organizar a UMP da Congregação do Sítio Intupido, Angelim(Atualmente município de Jucati-PE). As  19 horas do dia primeiro de fevereiro de mil novecentos e cinquenta e três (01/02/1953) no templo da Congregação Presbiteriana da Igreja do Catonho, localizada no Sítio Intupido do município de Angelim, reuniu-se toda Congregação com o fim de organizar a UMP da Congregação. A qual foi organizada nesta data com trinta sócios e o presbítero Josselindo foi eleito conselheiro (Ata da 1ª sessão da organização da UMP da Congregação do Sítio Intupido)². O trabalho da Congregação do Sítio Intupido e da UMP frutificou e conforme a ata do dia 27 de fevereiro 1955, tinha 175 sócios. O trabalho continuou crescendo e frutificando, conforme a ata do dia 30 de setembro de 1956 tinha matriculados 215 sócios fazendo parte da UMP daquela congregação. Neste período, a Igreja do Catonho era uma igreja forte do presbitério de Pernambuco.

Em 1956 a Igreja Presbiteriana do Catonho passou por um momento difícil.Com a crise do presbiterianismo de Pernambuco em 1956 envolvendo o pastor Israel Gueiros, como diz Um Trecho da História da Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil "O Rev. Israel Gueiros foi expulso da Igreja Presbiteriana do Brasil quando completava 25 anos de ministério. Agora se encontrava só com a sua igreja, e uns poucos pastores que aderiram à sua causa. Foi quando em contato com o presbítero Joselindo Cordeiro Sobral, então presbítero da Igreja Presbiteriana do Catonho- Angelim -PE, e que passava pelas mesmas dificuldades(segundo Joselindo) com a sua igreja disse ao Dr. Gueiros: Israel, não existe presbiteriano sem presbitério, temos o número suficiente de igrejas para formar um. Estas palavras foram um incentivo ao Rev. Gueiros que o levou a formar o Presbitério do Norte da Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil, em 21 de setembro de 1956 com quatro igrejas, a saber: - Igreja Presbiteriana do Recife - Igreja Presbiteriana do Catonho - Igreja Presbiteriana do Fama - Igreja Presbiteriana do Bongi. A reunião histórica da formação do presbitério aconteceu na Igreja Presbiteriana do Recife e aqui vai uma transcrição do resumo da ata desta primeira reunião do Presbitério do Norte da I.P.F. do Brasil: Depois do culto de Ações de Graças pelo jubileu de prata do ministério do Rev. Dr. Israel Gueiros, em que o orador oficial foi o Rev. Roderick Carneiro de Melo, foi declarado fundado o Presbitério do Norte e, como também, a Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil, tudo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e para a prosperidade do Reino do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Foram arrolados oficialmente neste presbitério os seguintes membros: Revs. Dr.Israel Furtado Gueiros, Roderick carneiro de Melo, Uzzai Canuto, Ageu Vieira e presbíteros Joselindo Cordeiro Sobral representante da Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Catonho. Antônio Ferreira dos Santos representante da Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Fama.. Dr. Emerson Pinto da Silva Souto representante da Igreja Presbiteriana do Recife e Abel de Lima Albuquerque (no dia 23 de setembro) representante da Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Bongi. Mesa: presidente Rev. Dr. Israel Gueiros Furtado Gueiros; vice-presidente Rev. Uzzai Canuto; secretário permanente Rev. Roderick Carneiro de Melo; tesoureiro presbítero Israel Oliveira (Jornal a Defesa 01 20/11/1956)³.

O interessante segundo alguns irmãos, neste momento foi que quando o pastor Ageu Vieira e o Presbitero Jucelindo Cordeiro voltaram da reunião que aconteceu em Recife para a Igreja Presbiteriana do Catonho, ao narrar o que havia acontecido a Igreja(os membros) não concordaram com tal decisão dos que haviam representado a igreja naquela reunião. Diante deste impasse a igreja do Catonho terminou perdendo a forte Congregação do Sítio Intupido (Jucati-PE) onde o presbítero Jocelindo era o líder, e depois esta Congregação da origem a Igreja Presbiteriana do povoado Neves. Na verdade a Igreja Presbiteriana do Catonho nunca aceitou ser fundamentalista não obstante a posição do seu pastor Ageu e do presbítero Joselindo Cordeiro e hoje caminha para a comemoração dos seus 100 anos de organização fazendo parte da Igreja Presbiteriana do Brasil. 
Em breve mais informações

Acesse o link abaixo e veja o vídeo no face do Pr. Leonildo
Terraplanagem para Construção do Novo Templo da IP do Catonho

Nota
1-Ferreira, Edijéce Martins - A Bíblia e o Bisturi, Edição da Missão Presbiteriana no Brasil, 1976 
2-Soares, Caleb - Januário Antônio dos Pés Formosos, 1ª ed - Luz Para o Caminho, Campinas-SP, 1996
3-TRECHOS DA HISTÓRIA DA IGREJA PRESBITERIANA FUNDAMENTALISTA DO  BRASIL- www.ipfb.com.br/IPFB/site2/downloads/Historia_IPFB.pdf acesso em 15/09/2017.

Sobre o autor: Pr. Eli Vieira é formado pelo Seminário Presbiteriano do Norte e pastor efetivo da IP Filadélfia Garanhuns-PE

Zwinglio e a sua importância para a Reforma Protestante


Neste ano, em comemoração aos 500 anos da Reforma, Lutero e Calvino são figuras que serão lembradas por sua imensa contribuição a causa. Sem dúvida, são os grandes nomes do que veio ser posteriormente chamado de protestantismo, todavia, outros homens também têm a sua importância. Dentre eles um que foi contemporâneo de Lutero e que antecedeu Calvino ao levar os postulados reformados à Suíça. Este homem foi Ulrico Zwinglio.

Nascido em 1º de janeiro de 1484 — apenas dois meses após o nascimento de Lutero — na vila de Wildhaus, no Cantão de St. Gall, nordeste da Suíça, sendo o terceiro filho de uma família com sete irmãos e duas irmãs. Sua educação foi a melhor possível, lhe conferindo um altíssimo nível acadêmico. Estudou na Universidade de Viena e na Universidade da Basileia. Foi instruído em latim, música, dialética, filosofia escolástica, astronomia, física e os clássicos antigos. Influenciado pelo movimento humanista, bastante popular entre os eruditos de sua época, tornou-se Mestre em Artes no ano de 1506, com apenas 22 anos de idade. Músico talentoso, tocava alaúde, harpa, violino, flauta, gaita de foles e trompa de caça.

Após atingir o grau de mestre, Zwinglio foi ordenado ao sacerdócio. Tornou-se pároco na cidade de Glarus, onde serviu como pastor e se colocou contra os mercenários, homens que por dinheiro se alistavam em exércitos estrangeiros. Mudou-se então para Einsiedeln em 1516 e dois anos mais tarde para Zurique. Ainda em Einsiedein, tomou conhecimento de Erasmo de Roterdã e através da sua tradução grega do Novo Testamento passou a pregar sermões que iam contra muitas práticas da Igreja Católica Romana, sobretudo a venda das indulgências, condenadas por Zwinglio antes mesmo de Lutero se opor a elas. Zwinglio e Erasmo acabaram se tornando amigos, embora o semipelagianismo, defendido por Erasmo, tenha sido rejeitado pelo reformador suíço.

Mesmo sendo um erudito e tendo uma experiência pastoral por anos, Zwinglio tinha uma mente humanista e seu cristianismo era de assentimento intelectual. Durante esse tempo, caiu na prática da fornicação, e anos mais tarde, arrependido deste pecado, ainda sentia a afetação de sua vida pregressa. A conversão de Zwinglio se dá paulatinamente, quando o mesmo se torna sacerdote na principal igreja de Zurique. Cada vez mais discordante das doutrinas papais e mergulhando na Escritura para rebater os papistas, Zwinglio tornou-se um expositor bíblico e sua exposição contínua do Novo Testamento, que durou quatro anos (só deixando de explanar o Apocalipse) foi lhe impactando, vendo a necessidade de ter uma fé cada vez mais pura e centrada na Escritura. Assim como o culto também deveria refletir esta mesma pureza.

Após ter sido curado de uma peste, Zwinglio adota uma postura mais sistemática como reformador. O cristianismo, que já estava em sua cabeça, havia descido ao coração, fazendo com que ele buscasse apaixonadamente purificar a Igreja das tradições não escriturísticas. Liderando um grupo ávido por reforma, Zwinglio convocava os magistrados da cidade e expunha os erros doutrinários do catolicismo romano. Os magistrados, por sua vez, organizavam um debate com a presença de um sacerdote católico, e os argumentos deveriam ser retirados apenas da Escritura. Assim a Reforma foi avançando na Suíça, pois os debates eram facilmente vencidos, e práticas tais como a quaresma, o celibato obrigatório, o jejum como penitência e devoção as imagens foram abolidas, tidas como sendo não bíblicas. Além disso, a Bíblia passou a ser traduzida para o vernáculo. Nem sempre Zwinglio era o principal debatedor, mas ele estava envolvido em todas as disputas e num período de sete anos, em 1530, Zurique, Berna, Basiléia e a maioria do norte e leste da Suíça romperam com o catolicismo romano. Incluindo Genebra, cidade que posteriormente influenciou outros países e a partir do ministério de João Calvino e da Academia por este fundada, levou as doutrinas reformadas para toda a Europa.

Graças a estes debates, temos a primeira confissão de fé reformada, que são os Sessenta e Sete Artigos de Fé escritos por Zwinglio, redigida antes do embate em Zurique (1523). Eis alguns trechos:

“Todo que diz que o Evangelho é nada sem a sanção da Igreja, erra e blasfema contra Deus”.
“Que Cristo é o único eterno sumo sacerdote; disto nós deduzimos que todo aquele que pretende ser sumo sacerdote se opõe à honra e poder de Cristo; de fato, ele o rejeita”.
“Tudo que Deus permite ou que ele não proibiu é permitido. Disto nós aprendemos que é próprio para qualquer um se casar”.
“As verdadeiras Escrituras Sagradas nada sabem de um purgatório após esta vida”.
“Todos os superiores clericais devem se humilhar instantaneamente e levantar somente a cruz de Cristo, e não a caixa de dinheiro. Do contrário eles perecerão; o machado é deitado na raiz da árvore”.

O que hoje soa com certa normalidade, na época foi muito ousado, pois, ir de encontro à doutrina da infalibilidade papal era digno de excomunhão e martírio. Outro documento importante, elaborado nesse mesmo contexto são as Dez Teses de Berna (1528), quando a cidade adota as premissas reformadas. Vejamos algumas das teses adotadas:


“A Igreja de Cristo não pode fazer nenhuma lei ou mandamento aparte da Palavra de Deus. Deste modo, as tradições humanas não devem ser-nos exigidas se elas não estiverem fundamentadas na Palavra de Deus”.
“Que o corpo e sangue de Cristo é recebido, essencialmente e corporeamente, no pão da Eucaristia é impossível de se provar a partir da Escritura Sagrada”.
“A adoração de imagens é uma prática contrária à Escritura, tanto nos livros do Antigo como no Novo Testamento. Deste modo, como as imagens desonram a si mesmas, e são um perigo, deveriam ser abolidas como objetos de adoração”.

Como podemos ver, a sua influência foi gigantesca, todavia, sua ação como reformador foi interrompida quando morreu numa batalha envolvendo católicos e protestantes. Hanko descreve como se deu a sua morte, em 1531, quando tinha 47 anos de idade:


Zwinglio estava se inclinando para consolar um soldado morrendo, quando foi atingido na cabeça com uma pedra. Ele conseguiu se levantar mais uma vez, mas repetidos golpes e um ferimento de lança deixaram-no morrendo. Vendo suas feridas, ele gritou: “O que importa esta desgraça? Eles podem matar o corpo, mas não podem matar a alma”. Pelo resto do dia ele ficou deitado debaixo de uma árvore de peras, com as mãos postas como em oração e os olhos fixos no céu. No final da tarde alguns soldados dispersos do exército vitorioso pediram-lhe para confessar seus pecados a um padre. Ele balançou sua cabeça indicando sua recusa. Porém, pouco depois um dos homens, à luz da sua tocha, o reconheceu e o matou com a espada, gritando: “Morra herege obstinado!”.
Alegres com sua morte, os soldados esquartejaram seu corpo, queimaram os pedaços por heresia, misturaram as cinzas com as cinzas de porcos, e as espalharam aos quatro ventos. Assim morreu uma das fiéis testemunhas de Deus.

Mesmo tendo sido um importante reformador, Zwinglio tende a ser subestimado e quase sempre é retratado em poucas páginas nos livros que tratam da história da Reforma. Geralmente, ele é citado à sombra de Lutero, sobre a controvérsia da Ceia. Enquanto o reformador alemão ensinava a consubstanciação - a presença de Cristo nos elementos - o reformador suíço defendia um caráter memorialista. Talvez George (1994) esteja certo ao dizer que


As razões dessa desatenção são óbvias. Zuínglio compôs todos os seus escritos reformados apressadamente, em menos de uma década. Foi ofuscado durante sua vida pelo grande Lutero e sucedido pelo mais eficaz Calvino, que impeliu um estudioso a conferir-lhe o título de “terceiro homem” da Reforma. Zuínglio nunca escreveu nada comparável às Institutas. A maioria de seus sermões foi entregue improvisadamente; apenas alguns foram revisados mais tarde para a publicação. Da mesma maneira, suas conversas informais perderam-se para a posteridade, por falta de admiradores devotados que anotassem cada palavra sua.

Mas, apesar de não ter a mesma reputação de Lutero e Calvino, não ter gerado um segmento teológico que levasse seu nome e ter uma compreensão não ortodoxa em algumas doutrinas, tal como a ideia de que pode haver salvação entre pagãos que desconhecem o evangelho por completo. Zwinglio é um gigante da fé e merece ser assim lembrado nos anais da eclesiologia protestante, pois foi um pioneiro da tradição reformada.

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Referências:
GEORG, Thimoty. Teologia dos Reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1994.
HANKO, Herman. Retrato de Santos Fiéis. Fireland, 2013.

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Autor: Pr. Thiago Oliveira
Divulgação: Bereianos

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

A LUTA CONTRA O PECADO (SÉRIE VIDA CRISTÃ - I)


“Quando um homem se torna melhor, compreende cada vez mais claramente o mal que ainda existe em si. Quando um homem se torna pior, percebe cada vez menos a sua própria maldade” (C. S. Lewis).
A humildade é um claro sinal de maturidade cristã na jornada em busca de uma vida íntegra, pois é fruto da compreensão da nossa total dependência de Deus. Quanto mais buscamos uma vida íntegra na presença de Deus, mais somos confrontados pelo Espírito nas áreas da nossa alma que precisam de conserto, perdão, libertação e cura. E esse confronto gera um espírito de humildade, pois percebemos quem somos e o quanto necessitamos do Senhor em nossas vidas. Outro sinal de maturidade cristã é o contentamento, pois não nos aproximamos do sol ao meio dia sem percebermos a sua luz. Ao nos aproximarmos do Senhor perceberemos, sempre, a Sua bondade nas pequenas e derradeiras coisas da vida. Se você deseja avaliar o crescimento espiritual de um amigo, ou seu próprio, observe a humildade o contentamento.
Devemos lembrar que a busca pela integridade denuncia o pecado. Richard Baxter, teólogo e homem piedoso, autor de mais de 130 livros, afirma em seu livro ‘O pastor aprovado’ que "é mais fácil julgar o pecado que dominá-lo” e desafia-nos a vigiarmos para "não suceder que convivamos com os mesmos pecados contra os quais pregamos”. Em Gn 17:1 lemos que Deus disse a Abraão: “Eu sou o Deus todo poderoso; anda na minha presença e sê perfeito”. Andar na presença de Deus leva-nos ao caminho da perfeição na mesma medida que andar em Sua presença aponta de forma clara as nossas imperfeições.
No processo de santidade o pecado precisa ser denunciado. Não nos tribunais humanos ou nas conversas de bastidores, mas no encontro do pecador com Jesus. Um dos grandes desafios cristãos é definirmos o pecado biblicamente (aquilo que terrivelmente nos afasta de Deus) e não sociologicamente, em uma escala de intensidade daquilo que é mais ou menos aceito pela sociedade. Ao falarmos de pecado vem à nossa mente o que rotulamos como pior ou inaceitável, como o roubo, a traição e o assassinato. Outras sociedades também possuem suas compreensões do pecado em diferentes graus de intensidade. Entre os Konkombas de Gana o maior pecado é mentir. Entre vários indígenas da Amazônia é ser avarento, ou sovina, como se referem. É preciso, porém, observar que o pecado, mesmo não embutido de um simbolismo socialmente degradante, igualmente nos afasta de Deus. Facilmente censuramos a embriaguez, mas não confrontamos a gula. Apontamos para a falta de domínio próprio nas explosões físicas e verbais, mas convivemos pacificamente com a inveja. Iramos contra a corrupção pública, mas somos tolerantes com as trocas e a manipulação política na igreja.
Quando Paulo nos advertiu dizendo que a carne luta contra o Espírito e este contra a carne, enfatiza que não derrotaremos a carne lutando contra a carne. A carne será derrotada ao sermos cheios do Espírito (Gl 5.17). Isto não dilui a necessidade de estarmos alertas, pois somos encorajados a resistir ao pecado (1Co 10:13), visto que o pecado está à porta e a nós cumpre dominá-lo (Gn 4.7). Significa que os processos de transformação que contrariam a carne se darão pela presença e atuação do Espírito Santo em nossas vidas – e possivelmente uma das primeiras ações do Espírito é injetar repúdio ao pecado em nosso coração. O maior passo para uma vida íntegra e santa é sermos cheios do Espírito.
Homens maduros e com longo tempo de liderança do povo de Deus sistematicamente nos alertam para o cuidado com a vida devocional. Richard Cecil expressa que o principal defeito dos ministros cristãos está centrado na deficiência quanto ao hábito devocional. Edward Bounds, citando Robert Murray McCheyne em seu belo texto ‘Comece o dia em oração’ , alerta: “Eu sinto que é muito melhor começar com Deus – ver a Sua face primeiro, elevar a minha alma para junto do Senhor – antes de me aproximar dos outros”.
João Calvino, reformador e teólogo, registra nas ‘Institutas da religião cristã’ que “Nós não somos nossos, portanto não definamos nossos próprios planos e caminhos de acordo com a nossa vontade. Nós não somos nossos, portanto lutemos para esquecer de nós mesmos e de tudo o que é nosso. Somos de Deus, vivamos para Ele e morramos para Ele. Somos de Deus, assim deixemos que a Sua sabedoria guie nossas ações. Somos de Deus, portanto busquemos que o maior alvo de nossas vidas seja, em todas as coisas, irmos ao Seu encontro”.
Para os líderes cristãos uma das maiores barreiras para uma vida devocional é o próprio ministério. Por possuirmos um envolvimento integral com o ministério é fácil não termos tempo para a oração, leitura e reflexão pessoal e devocional na Palavra, pois estamos ocupados trabalhando para Ele. Tento manter minha mente dirigida pelo comentário de Jesus sobre Marta e Maria . O trabalho que Marta realizava era legítimo, valioso e honroso. Era para o Mestre. Ela desejava ter a casa arrumada e a comida pronta. Ela desejava servir a Jesus e o fazia com competência. Maria, porém, estava aos Seus pés e esta escolheu a melhor parte. O serviço que posso prestar para o Senhor jamais deve substituir minha vida com Ele e meu tempo com Ele. A melhor parte a que Jesus se refere não está ligada tão somente ao desejo do Mestre, mas sim à necessidade de Maria. Ela precisava estar aos Seus pés.
A melhor parte não é apenas um ritual que agrada a Deus, mas também um elemento que sacia a nossa alma e nos dá direção. Sem estarmos com Ele, o serviço eventualmente também perecerá. Teremos perdido a visão do alto, o rumo certo, as motivações bíblicas que antes estavam em nossos corações, a brandura no relacionamento, a paixão por Ele e pelos perdidos. Teremos, enfim, apenas uma casa bem arrumada, com uma mesa posta, bonita, e comida quente. E só.
Devemos lidar com o pecado tanto em uma esfera subjetiva, suas motivações e tendências, como de forma prática e objetiva. C. S. Lewis nos fala sobre o auto engano que interage com o pecado quando afirma que “um homem mediocremente mau sabe que não é muito bom; um homem inteiramente mau pensa que é justo ”. Expõe, assim, a mundana tendência de lidarmos com o pecado através de ilusões e fantasias, não da verdade.
Creio que boa parte dos problemas ligados à vida cristã, liderança e relacionamentos, são resultado de questões espirituais. Observando de longe percebe-se o conflito entre pessoas, a dificuldade em perdoar, a complexidade das demandas, a intolerância pessoal e os erros recorrentes. A raiz desses processos, porém, é espiritual. Não são consertados por livros de autoajuda ou pelo estudo das 20 regras para tornar-se um bom cristão. São coisas do coração. Boa parte dos conflitos que drenam nosso tempo e energia não aconteceriam se, na luta contra o pecado, tivéssemos uma vida devocional melhor – se estivéssemos aos Seus pés e não apenas arrumando a casa.
Ronaldo Lidório
Para mais notícias, acesse http://ronaldo.lidorio.com.br/wp/



Teologia Reformada


por
James Montgomery Boice

A Teologia Reformada recebe seu nome da Reforma Protestante do século XVI, com suas ênfases teológicas distintas, mas é teologia solidamente baseada na própria Bíblia. Os crentes na tradição reformada têm alta consideração as contribuições específicas como as de Martinho Lutero, Jonh Knox e, particularmente, de João Calvino, mas eles também encontram suas fortes distinções nos gigantes da fé que os antecederam, tais como Anselmo e Agostinho e principalmente nas cardas de Paulo e nos ensinamentos de Jesus Cristo.

Os Cristãos Reformados sustentam as doutrinas características de todos os cristãos, incluindo a Trindade, a verdadeira divindade e humanidade de Jesus Cristo, a necessidade do sacrifício de Jesus pelo pecado, a Igreja como instituição divinamente estabelecida, a inspiração da Bíblia, a exigência para que os cristãos tenham uma vida reta, e a ressurreição do corpo. Eles sustentam outras doutrinas em comum com cristãos evangélicos, tais como justificação somente pela fé, a necessidade do novo nascimento, o retorno pessoal e visível de Jesus Cristo e a Grande Comissão.

O que, então, distinto a respeito da Teologia Reformada?

1. A Doutrina das Escrituras

O compromisso da reforma para com a Escritura enfatiza a inspiração, autoridade e suficiência da Bíblia. Uma vez que a Bíblia é a Palavra de Deus e, portanto, tem a autoridade do próprio Deus, os reformadores afirmam que essa autoridade é superior àquela de todos os governos e de todas as hierarquias da Igreja. Essa convicção deu aos crentes reformados a coragem para enfrentar a tirania e fez da teologia reformada uma força revolucionária na sociedade. A suficiência das Escrituras significa que ela não necessita ser suplementada por uma revelação nova ou especial. A Bíblia é o guia completamente suficiente para aquilo que nós devemos crer e para como nós devemos viver como cristãos.

Os Reformadores, em particular, João Calvino, enfatizaram o modo como a Palavra escrita, objetiva e o ministério interior, sobrenatural do Espírito Santo trabalham juntos, e o Espírito Santo iluminando a Palavra para o povo de Deus. A Palavra sem a iluminação do Espírito Santo mantém-se como um livro fechado. A suposta condução do Espírito sem a Palavra leva a erros excessos. Os Reformadores também insistiam sobre o direito de os crentes estudarem as Escrituras por si mesmos. Ainda que não negando o valor de mestres capacitados, eles compreenderam que a clareza das Escrituras em assuntos essenciais para a salvação torna a Bíblia propriedade de todo crente. Com esse direito de acesso, sempre vem a responsabilidade sobre a interpretação cuidadosa e precisa.

2. A Soberania de Deus

Para a maioria dos reformadores, o principal e o mais distinto artigo do credo é a soberania de Deus. Soberania significa governo, e a soberania de Deus significa que Deus governa sua criação com absoluto poder e autoridade. Ele determina o que vai acontecer, e acontece. Deus não fica alarmado, frustrado ou derrotado pelas circunstâncias, pelo pecado ou pela rebeldia de suas criaturas.

3. As Doutrinas da Graça

A Teologia Reformada enfatiza as doutrinas da graça.

Depravação Total: Isso não quer dizer que todas as pessoas são tão más quanto elas poderiam ser. Significa, antes, que todos os seres humanos são afetados pelo pecado em todo campo do pensamento e da conduta, de forma que nada do que vem de alguém, separado da graça regeneradora de Deus, pode agradá-lo. À medida que nosso relacionamento com Deus é afetado, nós somos tão destruídos pelo pecado, que ninguém consegue entender adequadamente Deus ou os caminhos de Deus. Tampouco somos nós que buscamos Deus, e, sim, é ele quem primeiramente age dentro de nós para levar-nos a agir assim.

Eleição Incondicional: Uma ênfase na eleição incomoda muitas pessoas, mas o problema que as preocupa não é realmente a eleição; diz respeito à depravação. Se os pecadores são tão desamparados em sua depravação, como a Bíblia diz que são, incapazes de conhecer a Deus e relutantes em buscá-lO, então, o único meio pelo qual eles podem ser salvos é quando Deus toma a iniciativa de mudá-los e salvá-los. É isso que significa eleição. É Deus escolhendo salvar aqueles que, sem sua soberana escolha e subseqüente ação, certamente pereceriam.

Expiação Limitada: O nome é, potencialmente, enganoso, pois ele parece sugerir que os reformadores desejam de alguma forma limitar o valor da morte de Cristo. Não é o caso. O valor da morte de Cristo é infinito. A questão é saber qual é o propósito da morte de Cristo e o que ele realizou com ela. Cristo pretendia fazer da salvação algo não mais que possível? Ou ele realmente salvou aqueles por quem morreu? A Teologia Reformada acentua que Jesus realmente fez a propiciação pelos pecados daqueles a quem o Pai escolhera. Ele realmente aplacou a ira de Deus para com seu povo, assumindo a culpa sobre si mesmo, redimindo-os verdadeiramente e reconciliando verdadeiramente aquelas pessoas específicas com Deus. Um nome melhor para expiação “limitada” seria redenção “particular” ou “específica”.

Graça Irresistível: Abandonados em nós mesmos, nós resistimos à graça de Deus. Mas, quando Deus age em nosso coração, regenerando-nos e criando uma vontade renovada, então, o que antes era indesejável torna-se altamente desejável, e voltamo-nos para Jesus da mesma forma como antes fugíamos dele. Pecadores arruinados resistem à graça de Deus, mas a sua graça regeneradora é efetiva. Ela supera o pecado e realiza os desígnios de Deus.

Perseverança dos Santos: Um nome melhor seria “perseverança de Deus para com os santos”, mas ambas as idéias estão realmente juntas. Deus persevera conosco, protegendo-nos de deixar a fé, que certamente aconteceria se ele não estivesse conosco. Mas, porque ele persevera, nós também perseveramos. Na realidade, perseverança é a prova definitiva de eleição.

4. Mandato Cultural

A Teologia Reformada também enfatiza o mandato cultural ou a obrigação de os cristãos viverem ativamente em sociedade e de trabalharem para a transformação do mundo e suas culturas. Os reformadores tiveram várias perspectivas nessa área, dependendo da extensão como acreditam que a transformação seja possível. Mas, no geral, concordam com duas coisas. Primeira, nós somos chamados para estar no mundo e não para nos afastarmos dele. Isso separa os reformadores crentes do monasticismo. Segunda, nós devemos alimentar os famintos, vestir os despidos e visitar os prisioneiros. Mas as principais necessidades das pessoas são espirituais, e a obra social não é substituto adequado para a evangelização. Na verdade, o empenho em ajudar as pessoas só será verdadeiramente eficiente se seu coração e mente forem transformados pelo Evangelho. Isso separa os crentes reformados do simples humanitarismo.

Tem-se alegado que, para a Teologia Reformada, qualquer pessoa que crê e faça parte da linha reformada perderá toda a motivação para a evangelização. “Se Deus vai agir, por que devo me preocupar?” Mas não é assim que funciona. É porque Deus executa a obra que nós podemos Ter coragem de nos unirmos a ele, da forma como ele nos ordena a agir. Nós agimos assim alegremente, sabendo que nossos esforços jamais serão em vão.

Fonte: Bíblia de Estudo de Genebra

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Pra que confissão de fé se temos a Bíblia?



Um questionamento muito comum que muitas pessoas que são membros de uma igreja confessional fazem é: por que precisamos de uma confissão de fé se temos a bíblia? O motivo desse questionamento é porque se entende que jurar fidelidade a um símbolo de fé implica diretamente em infidelidade a Bíblia ou tê-los como iguais em autoridade a Palavra de Deus. Geralmente os confessionais são acusados de colocarem o seu documento confessional no mesmo patamar que a Bíblia, é fato que realmente alguns poucos chegam a este ponto, mas de forma geral essa acusação é equivocada. Sou pastor da igreja Presbiteriana do Brasil que é uma igreja confessional em seus documentos oficiais, e em sua constituição no artigo 1 ela nos diz o seguinte:

“A Igreja Presbiteriana do Brasil é uma federação de igrejas locais, que adota como única regra de fé e prática as Escrituras Sagradas do Velho e Novo Testamentos e como sistema expositivo de doutrina e prática a sua Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve; rege-se pela presente Constituição; é pessoa jurídica, de acordo com as leis do Brasil, sempre representada civilmente pela sua Comissão Executiva e exerce o seu governo por meio de concílios e indivíduos, regularmente instalados.”

Além de ser uma igreja confessional, a IPB exige que seus ministros e oficiais também o sejam, o Art. 119 da referida constituição também nos diz:

“O candidato, concluídos seus estudos, apresentar-se-á ao Presbitério que o examinará quanto à sua experiência religiosa e motivos que o levaram a desejar o Sagrado Ministério, bem como nas matérias do curso teológico. Parágrafo único. Poderá o Presbitério dispensar o candidato do exame das matérias do curso teológico; não o dispensará nunca do relativo à experiência religiosa, opiniões teológicas e conhecimento dos Símbolos de Fé, exigindo a aceitação integral dos últimos.”

A IPB não somente entende e adota os padrões de fé de Westminster como a exposição fiel da doutrina bíblica como exige aceitação integral por parte da sua liderança. Mas por que nós afirmamos o Sola Scriptura ao mesmo tempo que juramos fidelidade aos símbolos de fé, não seria isto uma contradição? Ainda restam dúvidas tanto por parte dos ministros e oficiais como dos membros da IPB, do porque a mesma exigir dos seus líderes que aceitem os símbolos de fé de forma integral e que jure fidelidade aos mesmos assim como o fazem com a Bíblia. Se a Bíblia está acima dos padrões de fé, por que devemos aceita-los de forma integral e jurar fidelidade a eles? Meu intuito com este artigo não é de esgotar o assunto, mas de tentar esclarecer alguns pontos que podem nos ajudar a entender melhor esse tema, a saber:

1. A confissão de fé nos leva para Bíblia.

Confissão de Fé de Westminster está subordinada as Escrituras, em nenhum momento aquela a sobrepõe, muito pelo contrário, a exalta. No capítulo 1 nas sessões IV, V, VI e X a Confissão de Fé de Westminster afirma:

IV. A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a palavra de Deus.
V. Pelo testemunho da Igreja podemos ser movidos e incitados a um alto e reverente apreço da Escritura Sagrada; a suprema excelência do seu conteúdo, e eficácia da sua doutrina, a majestade do seu estilo, a harmonia de todas as suas partes, o escopo do seu todo (que é dar a Deus toda a glória), a plena revelação que faz do único meio de salvar-se o homem, as suas muitas outras excelências incomparáveis e completa perfeição, são argumentos pelos quais abundantemente se evidencia ser ela a palavra de Deus; contudo, a nossa plena persuasão e certeza da sua infalível verdade e divina autoridade provém da operação interna do Espírito Santo, que pela palavra e com a palavra testifica em nossos corações.
VI. Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas reveladas na palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comum às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras gerais da palavra, que sempre devem ser observadas.
X. O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura. (WESTMINSTER 2007).

Os nossos símbolos de fé em nenhum momento arrogam para si a prerrogativa de igualdade com as Escrituras, mas faz exatamente o oposto, reconhece que a Palavra de Deus está acima de qualquer coisa e que esta é a palavra final sobre qualquer assunto.

2. Ela nos ajuda a mantermos a paz e a unidade na igreja.

Outra coisa que os confessionais são muito acusados é de serem divisionistas. Na verdade, um dos objetivos dos credos e confissões durante toda história da igreja era o de manter a unidade e a paz. Sempre houve quem discordasse de uma ou outra interpretação bíblica dada por algum credo ou confissão. A questão é que muitas vezes os opositores discordavam de pontos essenciais da fé cristã defendida pelos símbolos. Heresias como o Arianismo, o Sabelianismo, Unitarismo, livre-arbítrio pós queda e tantas outras foram defendidas por homens que tiveram suas ideias rechaçadas pela igreja através de sínodos e concílios, que serviram de base para a igreja posterior se defender contra as mesmas, mantendo assim a unidade doutrinária e a paz no meio da igreja. Em seu capítulo XX sessão IV a CFW afirma o seguinte:

IV. Visto que os poderes que Deus ordenou, e a liberdade que Cristo comprou, não foram por Deus designados para destruir, mas para que mutuamente nos apoiemos e preservemos uns aos outros, resistem à ordenança de Deus os que, sob pretexto de liberdade cristã, se opõem a qualquer poder legítimo, civil ou religioso, ou ao exercício dele. Se publicarem opiniões ou mantiverem práticas contrárias à luz da natureza ou aos reconhecidos princípios do Cristianismo concernentes à fé, ao culto ou ao procedimento; se publicarem opiniões, ou mantiverem práticas contrárias ao poder da piedade ou que, por sua própria natureza ou pelo modo de publicá-las e mantê-las, são destrutivas da paz externa da Igreja e da ordem que Cristo estabeleceu nela, podem, de justiça ser processados e visitados com as censuras eclesiásticas. (WESTMINSTER 2007).

Ainda tratando sobre o assunto também nos afirma a confissão de fé no capítulo XXXI sessões II e III:

II. Aos sínodos e concílios compete decidir ministerialmente controvérsias quanto à fé e casos de consciência, determinar regras e disposições para a melhor direção do culto público de Deus e governo da sua Igreja, receber queixas em caso de má administração e autoritativamente decidi-las. Os seus decretos e decisões, sendo consoantes com a palavra de Deus, devem ser recebidas com reverência e submissão, não só pelo seu acordo com a palavra, mas também pela autoridade pela qual são feitos, visto que essa autoridade é uma ordenação de Deus, designada para isso em sua palavra.
III. Todos os sínodos e concílios, desde os tempos dos apóstolos, quer gerais quer particulares, podem errar, e muitos têm errado; eles, portanto, não devem constituir regra de fé e prática, mas podem ser usados como auxílio em uma e outra coisa. (WESTMINSTER 2007).

Podemos perceber claramente que os nossos padrões de fé entendem que estes não estão acima das santas Escrituras e que até mesmo reconhecem que os concílios podem errar, sim, a confissão de fé não é infalível e nem inerrante. Portanto, afirmar que quem jura fidelidade aos símbolos de fé está os colocando em igualdade com as Escrituras, na verdade não os conhecem e cometem um grande engano. Chamar os confessionais de divisionistas é não entender que, para que haja paz é necessário ordem, submissão e disciplina. Não defendemos paz a qualquer preço, mas sim, unidade na verdade. Como nos ensina nosso Senhor no Evangelho de João no capítulo 17.

3. A nossa confissão de fé nos guia contra erros do passado.

Outro dos objetivos dos credos e confissões era o de evitar que a igreja caísse nas mesmas heresias do passado. De tempos em tempos sempre aparece alguém trazendo de volta antigos erros doutrinários em roupagem nova, com um novo linguajar, mas a raiz é sempre a mesma de outrora. Daí a necessidade de nos voltarmos para o passado para buscar em documentos elaborados por homens que foram grandemente usados por Deus para a instrução da Sua igreja, o apóstolo Paulo nos ensina sobre isso na carta aos Efésios no capítulo quatro quando diz:

E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro.” (Efésios 4. 11-14).

O caso do eunuco também tem muito a nos ensinar, a Escritura nos diz:

Um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Dispõe-te e vai para o lado do Sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto. Ele se levantou e foi. Eis que um etíope, eunuco, alto oficial de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todo o seu tesouro, que viera adorar em Jerusalém, estava de volta e, assentado no seu carro, vinha lendo o profeta Isaías. Então, disse o Espírito a Filipe: Aproxima-te desse carro e acompanha-o. Correndo Filipe, ouviu-o ler o profeta Isaías e perguntou: Compreendes o que vens lendo? Ele respondeu: Como poderei entender, se alguém não me explicar? E convidou Filipe a subir e a sentar-se junto a ele. Ora, a passagem da Escritura que estava lendo era esta: Foi levado como ovelha ao matadouro; e, como um cordeiro mudo perante o seu tosquiador, assim ele não abriu a boca. Na sua humilhação, lhe negaram justiça; quem lhe poderá descrever a geração? Porquê da terra a sua vida é tirada. Então, o eunuco disse a Filipe: Peço-te que me expliques a quem se refere o profeta. Fala de si mesmo ou de algum outro? Então, Filipe explicou; e, começando por esta passagem da Escritura, anunciou-lhe a Jesus. (Atos 4.26-35).

As Escrituras nos ensinam que o próprio Deus é quem levanta homens para a instrução do seu povo, com o objetivo de não deixar que este não caia no erro e nas astúcias dos homens e que possam chegar a salvação. O etíope estava lendo as Escrituras, mas não conseguia compreender, foi necessário Deus enviar Felipe para que o mesmo pudesse entender a Bíblia e ser salvo. O que precisamos é abandonar a nossa soberba espiritual e entender que Deus usou homens no passado e ainda os usa hoje para que sua igreja seja protegida do erro. Sendo assim, subscrever um símbolo de fé é reconhecer que Deus capacitou através do Espírito Santo homens para instruir a Sua igreja contra os erros, mostra também a nossa humildade em reconhecer que houve homens mais capacitados do que nós que podem nos ajudar a entender melhor o conteúdo das Santas Escrituras.

Conclusão

Que possamos amar os nossos símbolos de fé sem medo de que estejamos sendo infiéis as Escrituras, que possamos nos sujeitar as autoridades pelas quais o Senhor Jesus exerce o seu governo na igreja conforme nos ensina o Catecismo Maior em sua pergunta 45:

Como exerce Cristo as funções de rei?
Cristo exerce as funções de rei chamando do mundo um povo para si, dando-lhe oficiais, leis e disciplinas para visivelmente o governar; dando a graça salvadora aos seus eleitos; recompensando a sua obediência e corrigindo-os por causa dos seus pecados; preservando-os por causa dos seus pecados; preservando-os e sustentando-os em todas as tentações e sofrimentos; restringindo e vencendo todos os seus inimigos, e poderosamente dirigindo todas as coisas para a sua própria glória e para o bem do seu povo; e também castigando os que não conhecem a Deus nem obedecem ao Evangelho. (WESTMINSTER 2007).

Que possamos entender que ser confessional não é ser antibíblico ou ter a Bíblia subordinada aos símbolos de fé, mas que antes, nos submetemos a eles por que os mesmos se submetem a Bíblia. Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude nessa tarefa.

Soli Deo Glória!

***
Autor: Rev. Anderson Borges

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

"A maior forma de evangelismo é uma vida correta", afirma evangelista

Janaína Depiné comentou que nosso exemplo como cristão traz pessoas para o Evangelho.
O ambiente de trabalho pode ser bastante restrito, mas o exemplo chama atenção. (Foto: Reprodução).
O ambiente de trabalho pode ser bastante restrito, mas o exemplo chama atenção. (Foto: Reprodução).

Como você fala de Jesus para seus colegas do trabalho? Para muitos cristãos, pode ser difícil expressar sua fé em determinados empregos, mas o fato é que nossas vidas acabam inspirando outras a procurarem por Cristo. É o que diz a evangelista Janaína Depiné, que também atua como consultora de etiqueta. Em entrevista para o programa Bate-Papo, ela afirma que devemos ser exemplo para os que ainda não conhecem a Deus.
“Eu tenho a seguinte visão, que nem é minha, na verdade é de Agostinho, o primeiro filósofo cristão: ‘Evangelize sempre, se necessário use palavras’. Então, se necessário a gente deve falar, mas a nossa vida é uma forma de evangelismo”, disse a evangelista.
“Uma pessoa que é cristã deve evangelizar pelo próprio exemplo. A vida dela é um exemplo e ela traz pessoas para o Evangelho, porque uma pessoa no trabalho, ou em uma aula, que tem uma vida linda, as pessoas falam: ‘Essa pessoa é muito incrível, o que ela faz?’. Você quer saber o segredo do sucesso, você quer ir atrás e descobre Cristo”, comentou Janaína.
Cuidado no evangelismo
Ela ainda ressalta a importância de evangelizar sem fazer com que as pessoas criem um bloqueio contra o cristão. “Talvez o que acontece muito é a pessoa querer empurrar um discurso muito cristão goela abaixo e isso pode ter o efeito contrário, afasta as pessoas, porque elas criam uma resistência natural”, colocou,
“Elas dizem: ‘Não quero mudar minha vida’. Então elas já criam um bloqueio e se invés de fazer isso você tiver uma vida realmente atraente, vai ser muito mais eficaz”, pontuou.
Um testemunho real
Uma ideia semelhante é confirmada por Ashok Nachnani, presbítero na Primeira Igreja Batista de Durham, em Carolina do Norte (EUA). Em um artigo para o Ministério Fiel, ele ressalta o medo que assombra os cristãos: “O rápido avanço do liberalismo social e das políticas de recursos humanos promovendo ‘tolerância’ no local de trabalho apenas exacerbam os dois medos que comumente citamos sobre o não compartilhamento do Evangelho com nossos colegas de trabalho”.
Ele cita as dificuldades: “Medo da má reputação e medo de repercussões na carreira, como perda de emprego ou estagnação”. Ashok conta que antes de se converter era  um “hindu autoconfiante”. Ele diz: “Eu realmente não era um cara que estava me esforçando para buscar Cristo”.
“Entra meu colega cristão, Hunter. Bem conhecido e querido no escritório, ele era um vendedor de alto desempenho. Eu sabia que Hunter não se encaixava no molde de um cristão que eu tinha construído mentalmente, antiquados, hipócritas e monótonos. Hunter não era assim. Então comecei a observá-lo”, contou.
“Nós nos tornamos amigos. Nós passávamos tempo juntos e conversávamos sobre diversos tópicos: Os Simpsons, O Senhor dos Anéis, Cristo, Krishna, café, trabalho. Enquanto o Senhor usava o Hunter para me pegar, eu nunca me senti como um projeto, mas sim um amigo. Como só Deus é capaz de fazer, ele providenciou que Hunter estivesse comigo no mesmo momento em que ele orquestrava uma crise espiritual na minha vida. E ele deu a Hunter a sabedoria e a ousadia para falar a verdade à minha vida quando eu mais precisava”, finalizou.
Confira a fala completa de Janaína Depiné:

Fonte: Guiame

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Jovem cristão é espancado até a morte em sala de aula por colegas muçulmanos


Sharoon Masih era o único cristão de sua turma. Todos os outros estudantes eram muçulmanos.
Sharoon Masih havia sofrido abusos de seus colegas de sala, anteriormente. (Foto: BCPA).

Sharoon Masih havia sofrido abusos de seus colegas de sala, anteriormente. (Foto: BCPA).

Um adolescente cristão paquistanês foi espancado até a morte por seus colegas de classe muçulmanos. Ele estava em seu quarto dia de aula após ter trocado de escola, no distrito de Vehari, em Punjab (Paquistão). Sharoon Masih, de 17 anos, era um estudante promissor que se juntou ao MC Model Boys Government High School. Masih era o único cristão em sua sala de aula, onde a maioria era muçulmana.
O garoto sofreu abusos dos colegas desde o primeiro dia. As informações são de seus pais que contaram tudo para a Associação Cristã Paquistanesa Britânica. Sharoon foi chamado de "chura", um termo depreciativo usado para cristãos. Os relatos contam que um estudante havia dito: "Você é um cristão, não se atreva a se sentar conosco se quiser viver". Também se diz que houve várias tentativas de converter Sharoon ao Islã.
No dia 27 de agosto, Sharon foi atacado por muitos de seus alunos na sala de aula, chegando a morrer. Relatos contam sobre a postura do professor. Um relatório diz que ele ignorava o ataque. Já outra fonte afirma que o próprio professor disse que não tinha notado a cena violenta.
O diretor da escola disse mais tarde que a violência havia ocorrido entre o intervalo das aulas e que a sala estava sem professor no momento, de modo que ninguém estava de plantão. O chefe de direção foi demitido. O aluno Muhammad Ahmed Rana confessou o ataque e foi preso pela polícia local. Nenhum outro culpado foi nomeado, embora os relatórios sugerem que vários participaram.
A mãe de Sharoon, Razia Bibi, disse: "Meu filho era um menino amável, trabalhador e afável. Ele sempre foi amado pelos professores e alunos e compartilhou grande tristeza por estar sendo alvo de estudantes em sua nova escola por causa de sua fé. Sharoon e eu chorávamos todas as noites enquanto ele descrevia a tortura diária que estava passando. Ele compartilhava detalhes sobre a violência que enfrentava e não queria chatear seu pai porque tinha um coração tão carinhoso para os outros”, disse.
"Os meninos malvados que odiavam meu filho agora estão se recusando a revelar quem mais estava envolvido em seu assassinato. No entanto, um dia Deus fará seu julgamento”, ressaltou. Wilson Chowdhry, o presidente do BPCA, disse: "Sharoon era um menino brilhante e inteligente que teria um bom futuro se não tivesse sido morto. No entanto, mais uma vez, o debate não é sobre quem é culpado, mas quem não é culpado de um crime tão hediondo”.
Ele acrescentou: "Os cristãos são desprezados e detestados no Paquistão. Eles são um alvo constante de perseguição. Este assassinato de um jovem adolescente cristão na escola serve para nos lembrar que o ódio sobre as minorias religiosas é criado na população maioritária em uma idade jovem, através de normas culturais e um currículo nacional tendencioso”, finalizou.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO CHRISTIAN TODAY



Preso por deixar o Islã, homem evangeliza na cadeia: "Tenho que viver como Jesus"

Após se converter ao Evangelho, Bulus foi rejeitado por sua família e preso sob falsas acusações, mas hoje vê a mão de Deus sobre sua vida. 
Imagem ilustrativa de homem preso na Nigeria. (Foto: The Guardian Nigéria)
Imagem ilustrativa de homem preso na Nigeria. (Foto: The Guardian Nigéria)

Um cristão que foi rejeitado por sua família muçulmana e preso na Nigéria, depois se converter ao Evangelho e se tornar pastor, compartilhou a forma como vários de seus companheiros de cela se converteram ao cristianismo como resultado de seu testemunho.
O organização de apoio à Igreja Perseguida, Portas Abertas compartilhou a história de Bulus, que até cerca de seus 20 anos de idade, viveu uma vida semi-nômade, típica dos muçulmanos Fulani que vivem na Nigéria. Ele cresceu aprendendo a temer a Alá e participar do habitual ritual de fazer suas orações islâmicas cinco vezes ao dia.
Um dia, no entanto, um grupo de cristãos visitou sua aldeia. "Uma equipe de missionários veio à nossa aldeia. Depois de ouvir a mensagem que eles pregaram, entreguei a minha vida a Cristo", explicou Bulus.
Não surpreendentemente, os parentes muçulmanos de Bulus ficaram furiosos ao saber de sua nova fé.
"Em suas mentes, ser um Fulani também significa ser muçulmano. Os dois fatores são inseparáveis ​​e se sentiam na obrigação de fazer o que pudessem para que eu voltar ao Islã", disse ele.
Quando Bulus se recusou a rejeitar o cristianismo, seu pai o desprezou, tirando sua herança, e o status de seu clã. Eventualmente, seus parentes ameaçaram matá-lo, o que levou Bulus a fugir para a região de Jos. Lá, ele se inscreveu para estudar como seminarista em um instituto bíblico.
"Eu completei o seminário em quatro anos", disse ele. "Naquele tempo eu aprendi muito sobre Cristo e experimentei Sua provisão na minha vida. Mas também foi um tempo muito solitário. Eu não tinha amigos, nem família, nenhuma rede de apoio. Eu estava com raiva de minha família por causa da maneira como eles me trataram. Mas durante o curso eu também aprendi muito sobre o perdão. Depois de me formar, queria ir para casa, para ver se havia algum jeito de meus pais e eu nos reconciliarmos".
Mas quando Bulus voltou para casa, buscando se encontrar com seus pais, ele encontrou ainda mais oposição.
"O ódio deles aumentou, especialmente quando eles ouviram que eu havia me tornado pastor", disse Bulus. "Antes que eu pudesse partir, parentes me cercaram e começaram a me bater. Achei que ia morrer, mas eles me levaram para a delegacia de polícia e me acusaram de roubar algumas de suas cabras".
"Apesar do fato de que não havia nenhuma prova, a polícia me prendeu. Cinco dias depois, eles me levaram ao tribunal. Não tive a oportunidade de me defender, mas fui mantido na prisão de qualquer maneira", acrescentou ele.

Campo missionário na prisão

Hoje, Bulus permanece em uma prisão compartilhada de Bauchi, onde as condições são extremamente precárias.
"Bulus e os outros prisioneiros estão sofrendo com a desnutrição, pois o alimento é insuficiente para todos. Eles também sofrem com ataques regulares de diarreia", observou a Missão Portas Abertas.
"Eu não estava feliz quando cheguei pela primeira vez àquela prisão", disse Bulus. "As falsas acusações de roubo contra mim foram muito desanimadoras".
No entanto, Bulus começou a lembrar como o próprio Jesus Cristo foi torturado - e morreu crucificado - pelos pecados que Ele não cometeu.
"Jesus, que não pecou, ​sofreu muito. Ele morreu, sofrendo com muita dor, pendurado numa cruz, ao lado de criminosos", disse ele. "Eu percebi que eu tinha que viver como Ele e pegar a minha cruz. Desde o momento em que eu decidi isso, me livrei dos meus fardos e vi a suficiência da graça de Deus na minha vida. Eu decidi usar meu tempo na prisão para pregar o Evangelho".
"Muitas pessoas não gostam que eu evangelize, mas eu continuo mesmo assim. Recebi a esperança de Deus, que me fortalece para continuar trabalhando em Sua obra, para a qual Ele me chamou", acrescentou.
Desde a prisão de Bulus, muitos prisioneiros começaram a entregar suas vidas a Cristo por causa de seu testemunho, e seus companheiros de cela frequentemente recebem conselhos do pastor, que também ora junto com eles.
Um missionário falou à Portas Abertas sobre como Bulus tem permanecido firme em sua fé, apesar das tribulações.
"Bulus é diferente. Ele parece estar em paz, mesmo quando enfrenta dificuldades", afirmou.
A missão Portas Abertas informou que conseguiu advogados para defender Bulus neste caso. No entanto, como ele é ex-muçulmano, haverá muita pressão sobre o sistema judicial local para que pastor seja julgado pelo tribunal da Lei Sharia. Apesar disso, os advogados designados pela Portas estão trabalhando duro para que este caso seja julgado por um tribunal secular.
De acordo com um relatório de 2001, emitido pela CIA, cerca de 50% da população da Nigéria é muçulmana, 40% são cristãos e 10% aderem às religiões locais. No entanto, a Nigéria ocupa o 12º lugar na lista dos países onde os cristãos enfrentam a maior perseguição, e recebeu a pontuação máxima na categoria de violência.
Ao longo do ano passado, os Fulani - predominantemente muçulmanos - lançaram numerosos ataques contra cristãos no norte e centro da Nigéria. No mês passado, grupos armados sequestraram um pastor enquanto ele e seu motorista estavam viajando pela Nigéria central. Somente neste ano, 18 cristãos foram feridos e duas aldeias invadidas pelo grupo extremista.
A Portas abertas observa que, embora a maior parte da perseguição contra os cristãos seja por parte dos Fulani, o governo mostrou pouco interesse em responder à violência contínua.

GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO GOSPEL HERALD



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