quarta-feira, 8 de junho de 2016

07 constatações de que a igreja divorciou-se da Bíblia

Parte da igreja brasileira está cada mais distante da Palavra de Deus e das verdades nela contida. 

Pensando nisso, resolvi elencar sete constatações de que a igreja deste país divorciou-se das Escrituras, senão vejamos:

1-  A Bíblia deixou de ser a única e exclusiva regra de fé.

2-  A Bíblia foi substituída pelos princípios, doutrinas e conceitos da psicanálise e psicologia.

3- A Bíblia teve o seu ensino relativizado. Nessa perspectiva, ela deixou de ser a inerrante Palavra de Deus, passando a "conter" uma não tão inerrante  Palavra de Deus.

4- A exposição das Escrituras deixou de ter a centralidade no culto.

5- O Estudo sistemático e expositivo das Escrituras perdeu o seu espaço na comunidade da fé, que em nome de uma espiritualidade sensitiva, trocou a Palavra pela música.

6- Nos cultos públicos  os pastores deixaram de ler, pregar e explicar a Bíblia preferindo usar o precioso tempo do culto com teatro, dança e apresentações musicais.

7- Em nome de uma espiritualidade antropocêntrica, o ensino da Bíblia foi mudado, fazendo que o homem seja honrado e não o Senhor Todo-poderoso.

Pense nisso!

Renato Vargens

terça-feira, 7 de junho de 2016

I ENCONTRO INTER SINODAL DE JOVENS NA IP DE HELIÓPOLIS GARANHUNS - PE






Presidentes sinodais: Diogo Araújo, Hederly Miranda e Zab Melo .
Secretário Sínodal: Rev. José Hugo O. Do Carmo
Secretário Nacional do trabalho com a UMP: Presb.Alexandre Almeida
 — com Diogo AraújoJosé Hugo O. Do CarmoAlexandre AlmeidaMatheus SouzaElton José e Zab Melo.













Nos dias 04 e 05 de junho de 2016 a Sínodal Garanhuns promoveu o I Encontro Inter Sínodal  de Jovens Pernambuco que contou com as Sínodais: Garanhuns, Central de Pernambuco e de Pernambuco. Estiveram presentes cerca de quase 200 jovens. Foi um momento muito especial. Participaram deste encontro alguns pastores:Palavra do Presidente do Sínodo Rev. Mariano Alves Junior, Rev. José Hugo Secretario Sinodal do Sínodo de Garanhuns,
Rev. Milton César pastor da IP Heliópolis. Palavra do Vice Nordeste Diác. Matheus Souza Palavra do Presidente da Sínodal Central de Pernambuco Zab MeloPalavra do Presidente da Sínodal PernambucoDiogo Araújo,Pregador do culto Presb. Alexandre Almeida Secretário Nacional do trabalho com UMP — comAlexandre Almeida.Palavra do secretério Sinodal de UMP's do Sínodo de Garanhuns Rev. José Hugo O. Do Carmo.

15 MANEIRAS DE LUTAR CONTRA A PORNOGRAFIA COM A ESPADA DO ESPÍRITO




Por Kevin DeYoung


É quase impossível escapar da sensualidade no mundo Ocidental. O sexo está na televisão, nos filmes e na nossa música, na lateral dos ônibus, durante o intervalos de programas, nos nossos livros e nas olhadas bem de perto nos caixas do supermercado. O sexo está ao nosso redor nos shoppings, pingando de cada comercial de cerveja, e a dois andares de altura nos outdoors. O pecado sexual está andando nas nossas escolas de ensino médio, se exibindo nas nossas universidades e se escondendo em nossas igrejas.



E, é claro, o sexo está na internet. Pornografia e sites relacionados a sexo compõem 60 por cento do tráfico diário da web. Dos usuários de internet nos E.U.A., 40 por cento visitam sites pornográficos pelo menos uma vez por mês, e este número aumenta para 70 por cento quando a audiência está entre 18 e 34 anos de idade do sexo masculino. Metade dos hóspedes de hotel compram pornografia nos seus quartos. 90 por cento da faixa de 8 à 16 anos de idade com acesso à internet já viram pornografia online, e a média de idade exposta é de onze anos.

O sétimo mandamento não está sendo simplesmente quebrado, mas esmagado em pedacinhos.

E o pecado sexual não é só um problema “lá fora”. Qualquer pastor lhe contará histórias sobre como pecado sexual tem destruído pessoas na sua congregação. Nenhum de nós está imune aos perigos de imoralidade sexual. Em um estudo feito pela Christianity Today muitos anos atrás, 40 por cento dos ministros confessaram ter visitado websites pornográficos. Uma outra pesquisa encontrou que 21 por cento visita regularmente. Ainda outra pesquisa no site Pastors.comencontrou que 50 por cento dos pastores reportaram que viram pornografia no ano anterior. E ainda há o problema subjacente do coração. O sétimo mandamento não somente proíbe adultério e pornografia. Proíbe toda ação, olhar, conversação, pensamento ou desejo que incita concupiscência e impureza.

Então, como poderíamos, neste mundo em que vivemos, e com corações saturados com sexo, obedecer o sétimo mandamento?

Permita-me sugerir quinze passagens das Escrituras que podem nos ajudar a lutar contra a pornografia e a tentação da imoralidade sexual.

1) Provérbios 5.18-19 “Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade,  como cerva amorosa e gazela graciosa; saciem-te os seus seios em todo o tempo; e pelo seu amor sê atraído perpetuamente.” Este parece ser um texto estranho para lutar contra tentação sexual, mas casais casados precisam saber que eles possuem legal prazer à sua disposição. Nós precisamos saber que sexo é bom, intimidade é bom, corpos unidos em matrimônio são bons. Sexo bom e glorioso é uma guerra espiritual para um casal.

2) Lamentações 3.25-27 “Bom é o Senhor para os que se atêm a ele, para a alma que o busca. Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do Senhor. Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade.” Este versículo é para solteiros. Claro, esta passagem não se trata de estar esperando por um cônjuge. É sobre esperar no Senhor. Mas o ponto principal é: o Senhor é bom para aqueles que nele esperam. Ele sabe o que você precisa. Os versículos anteriores nos dizem: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim.  Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nele.” Não pense “Como poderei viver sem sexo por mais um ano ou uma década ou duas?” Pense no hoje. O Senhor tem te dado graça para este dia e Ele te dará graça a cada dia subsequente no qual você segue Deus em meio a desejos não atendidos.

3) 1 Pedro 3.15 “Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós.” Antes que você dê uma segunda olhada ou antes que você se vista para que os outros olhem para você, pense: “Será que isso me deixará mais preparado para falar de Jesus para alguém? ” A sensualidade mata os sentidos espirituais e nos faz menos corajosos e testemunhas menos eficazes para Cristo.

4) 2 Pedro 3.10-14 “Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão… Pelo que… procurai que dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz.” Você quer estar traindo o seu cônjuge, masturbando ou assistindo pornografia quando Cristo retornar?

5) Tiago 1.14-15 “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.” Esta passagem nos ajuda a compreender como funciona a tentação e nos faz lembrar que nos sentirmos tentados não é necessariamente o mesmo que pecar. A tentação nos atrai a fazer aquilo que não devemos. E isso não é pecado. Quando o desejo é alimentado, concebe, e dá luz ao pecado (pecado na carne ou pecado na mente). O pecado então cresce e amadurece, e leva à morte. Não é lascívia sentir-se atraído por alguém ou notar que ele ou ela é bonito ou bonita. Não é lascívia ter um forte desejo por sexo. Não é lascívia estar entusiasmado com sexo dentro do casamento. Não é lascívia, inadvertidamente, perceber que uma mulher está tomando banho no terraço. É pecado continuar notando e começar a maquinar. Atice o fogo da concupiscência desta paixão e isso trará morte. Apenas pergunte ao Rei Davi.

6) Hebreus 2.17-18 “Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque, naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados.” Jesus foi tentado, não como nós somos, a partir de uma natureza pecaminosa. Mas haviam vozes externas que chamando-o a pecar. Que não subestimemos a real natureza das suas tentações e rebaixemos sua simpatia e sua habilidade de ajudar. Jesus estava faminto no deserto. Ele teve um desejo, uma necessidade. Ele foi tentado a fazer das pedras pão para que ele desfrutasse o prazer da comida. Mas ele disse ao diabo, “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mateus 4.1-3). Em nossos momentos de tentação sexual, precisamos pensar, “Não é a carne que me sustenta e sim Jesus.”

7) Romanos 14.21 “Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça.” Como Cristãos, queremos ajudar uns aos outros a evitar o pecado, não levar um ao outro a pecar com flerte, piadas grosseiras e roupas indecentes.

8) Mateus 5.27-30 “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela. Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo seja lançado no inferno. E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que todo o teu corpo seja lançado no inferno.” Nós não somos bons lutadores. Criamos desculpas. Não nos tornamos radicais. Fazemos algumas orações, nos sentimos mal o tempo todo, pedimos a um amigo para que nos diga como estamos indo de vez quando e é só. Precisamos de ação mais decisiva do que estas. Evite os filmes, jogue sua TV fora, arranque seu olho – custe o que custar na luta contra a concupiscência. Há muitas pessoas de corpo inteiro indo para o inferno e não muitos amputados espirituais indo para o céu.

9) Gálatas 6.7 “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará.” Há, frequentemente, consequências temporais por desobediência. Pode ser DSTs, um passado vergonhoso antes do casamento, consciência culpada, vícios enraizados, distração no trabalho, um fetiche pornográfico que você passa para os seus filhos, destruição da sua família, seu casamento ou seu ministério. Há também consequências eternas se você se entrega a este pecado. Gálatas 6.8: “Porque o que semeia na sua carne da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito do Espírito ceifará a vida eterna.”

10) 1 Coríntios 6.15-20 “Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo e fá-los-ei membros de uma meretriz? Não, por certo… Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.” Precisamos de uma teologia do corpo: o corpo é bom, mas não é seu. Jesus não morreu somente para resgatar nossas almas. Ele também morreu pelo seu corpo. E ele agora pertence a Deus. Ele é um membro do corpo de Cristo agora. Certamente, não queremos usar o corpo de Cristo numa aventura sexual ou seus olhos em verem pornografia ou sua mente em fantasia sexual.

11) 2 Coríntios 5.17 “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” O liberalismo cultural diz: “Seja você mesmo”. A doutrina da autoajuda diz: “Você pode encontrar uma versão melhor de si mesmo se você procurar a fundo”. O moralismo diz: “Seja uma pessoa melhor”. A Bíblia diz: “Você é uma nova pessoa pela graça de Deus, agora viva de acordo”. “Seja quem você é” é a motivação do evangelho para a santidade.

12) Hebreus 10.24-25 “E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia.” Ninguém luta uma guerra sozinho, e ninguém terá vitória contra o pecado sexual sozinho. Você precisa conversar com outros a respeito das suas dificuldades e também simplesmente ouvir. Seja honesto. Faça boas perguntas. Não simplesmente confesse e sinta-se bem. Arrependa-se e mude. Não simplesmente simpatize; admoeste. Acompanhe seus irmãos e irmãs. Orem e relembrem uns aos outros do evangelho.

13) Tiago 4.6 “Antes, dá maior graça. Portanto, diz: Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes.” Deus sempre dá mais graça. Então continue vindo a Ele com o seu pecado e todas as transgressões dos seus mandamentos. Confesse como Davi no Salmo 51 que você pecou contra Deus. Confesse que Deus é a parte mais ofendida como resultado do seu pecado e então creia como Davi em Salmo 32: “Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano”. Nós nunca experimentaremos vitória contínua sobre o pecado a não ser que sejamos rápidos em nos voltar para Cristo todas as vezes que caímos.

14) Mateus 5.8 “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.” Este tem sido o versículo que mais tem me ajudado na luta contra a lascívia e a tentação com imoralidade sexual. Devemos lutar contra desejo com desejo. Satanás nos tenta oferecendo algo que será prazeroso para nós. Não somos tentados a nos deliciar com salsichas de fígado, porque para a maioria de nós, isso não nos promete grandes prazeres, mas o sexo sim. A pornografia sim. Uma segunda olhada sim. A Bíblia nos fornece diversas armas para lutar contra a tentação. Nós podemos dizer para nós mesmos que é errado, que é pecado, que levará a coisas ruins, que não é o que eu devo fazer como Cristão. Todas estas coisas ajudam. Porém, a arma que raramente utilizamos é mais prazer. Precisamos lutar com o prazer efêmero do pecado sexual com o ainda maior e mais duradouro prazer que é conhecer a Deus. A luta por pureza sexual é a luta da fé. Pode soar como nada além de trabalho duro e ranger de dentes – o oposto da fé. Porém, a fé é o centro desta luta. Será que acreditamos que um vislumbre de Deus é melhor do que um vislumbre de pele? Acreditamos que o amor inabalável de Deus é melhor que a vida (Salmo 63.3)? Nós provavelmente pecaríamos menos se gastássemos menos tempo pensando a respeito nos nossos pecados, sexuais ou não, e mais tempo meditando no amor e na santidade de Deus.

15) Efésios 1.19-21 “…e qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus, acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro.” O grande poder que criou o mundo, e nos salvou, e ressuscitou Jesus de dentre os mortos – este mesmo poder está agora operando em você. Devemos crer que Deus é mais forte do que a tentação sexual, o pecado e o vício. Se você crê que Deus trouxe um homem morto de volta à vida, você deve crer que você pode mudar. Não da noite para o dia, geralmente, mas de um passo de glória para o próximo. Operai a vossa salvação de pecado sexual com temor e tremor, porque o poder de Deus já está agindo em você.

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Traduzido por Nayara Andrejczyk no Reforma21

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Cultura do estupro?

O termo “rape culture” (cultura do estupro) foi criado durante a segunda onda feminista nos EUA nos anos 70. O termo tem valor para a militância feminista e tem um sentido muito específico dentro de certas tendências políticas. A expressão se refere a noção de que todo indivíduo quando estupra, o faz condicionado por determinado contexto cultural ou simbólico. Geralmente, “cultura do estupro” cola-se a noções como misoginia, patriarcalismo, objetificação da mulher, machismo, pornografia e símiles.

O problema com o termo é que ele enfraquece a responsabilização moral do criminoso, transferindo sua culpa pessoal a fatores de ordem “simbólica” ou “cultural”. A despersonalização moral alavancada por um evento “abstraído ideologicamente” (o estupro) dá força discursiva à militância em questão. Força discursiva assume força política, logo justificará intervenções e pacotes de “reforma cultural”. Mas, espere aí! E a vítima? E o estuprador? Percebeu a cortina de fumaça?

O violentador e o violentado não são tratados em uma relação real em que há violência e violação da dignidade humana. O discurso não é contra o estupro, mas dirigido a um “fenômeno” artificialmente contextualizado, amoral e despersonalizado, retroalimentado pela comoção pública, e finalmente instrumentalizado para fins políticos. A vítima, neste caso, está sendo usada duas vezes: sexual e ideologicamente. O propósito final por trás do meme “cultura do estupro” não é a proteção da vítima, mas o triunfo de uma agenda.

Ironicamente, a maior organização americana contra violência sexual e que advoga por vítimas deste tipo de violação, a RAINN (Rape, Abuse & Incest National Network), aclamada e referendada pela militância feminista, alerta: “Nos últimos anos, tem havido uma infeliz tendência em acusar a ‘cultura do estupro’ pelo extensivo problema de violência sexual … Enquanto é útil destacar as barreiras sistemáticas dirigidas ao problema, é importante não perder a noção de um fato simples: estupro é causado não por fatores culturais mas por decisões conscientes, de uma pequena porcentagem da comunidade, em cometer um crime violento.”

Não tenho dúvidas de que há diversos fatores envolvidos no comportamento sexual de um estuprador, inclusive aqueles que não são meramente “culturais”. O documento da organização RAINN endereçado à Casa Branca em 2014 assevera que a tendência de focar na “cultura do estupro” tem o efeito paradoxal de ‘remover o foco da culpa individual, e acaba enfraquecendo a responsabilidade pessoal por suas próprias ações’. Então, que o estuprador seja punido como criminoso e a vítima tratada como tal. E, que ambos não sejam abstraídos ou recortados e colados em contextos discursivos artificiais. Esta é a melhor a mais eficiente coisa a ser feita a perpetradores e vítimas.

Uma última consideração… Se, o que está na raiz do estupro é objetificação da mulher, como se alega, então que a militância feminista seja a primeira a não usar uma linguagem de “territorialização” ou “cercamento” do corpo, tratando-o como “propriedade privada”. Pois é exatamente isto que está por trás de frases de efeito do tipo: “Meu corpo minhas regras.” Mulheres não são seres desencarnados ou dicotomizados entre o “eu” e o “corpo”, entre “sujeito” e “objeto”, elas são inteiras, foi assim que uma mulher, minha mãe, me ensinou sobre as mulheres. Então, que tenhamos mais mães como a dona Matilde e menos experimentos políticos.

• Igor Miguel é casado com Juliana Miguel, pai do João Miguel. É teólogo, pedagogo e mestre em letras (língua hebraica) pela FFLCH/USP. Educador social e coordenador pedagógico da Organização Multidisciplinar de Capacitação e Voluntariado (OMCV) em Belo Horizonte, MG. É membro da Associação Kuyper de Estudos Transdisciplinares e articulador do movimento #IgrejaNaRua.

Fonte:ultimatoonline

SPURGEON E A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE





Por Renato Vargens

A teologia da prosperidade é um câncer. Ela tem feito inúmeros males a comunidade Cristã. Lamentavelmente um número impressionante de pastores, líderes e igrejas reduziram o cristianismo a uma conta corrente farta, a propriedades variadas e a riquezas mil.  

Esse falso evangelho pregado por pseudo-pastores e falsos profetas tem gerado no coração de muita gente a uma imagem distorcida daquilo que seja o Evangelho da Salvação Eterna. 

Quão angustiado me sinto em perceber que as Boas Novas de Cristo foram trocadas por mensagens de prosperidade, riquezas e autoajuda. 

Isto posto, faço minhas as palavras do príncipe dos pregadores que com brilhantismo e autoridade espiritual costumava dizer:

"Ah hipócrita, você menospreza a Cristo se você pensa que Ele é um pretexto para obter riquezas! Se você sonha que colocará sela e rédea em Cristo, e cavalgar até as riquezas nEle, comete um grande erro, pois Ele nunca teve intenção de levar os homens a parte alguma exceto ao céu. Se você supõe que a religião foi destinada a adornar sua casa, encarpetar seus pisos e forrar suas carteiras, se equivocou grandemente. Ela tem o propósito de ser proveitosa para a alma. E aquele que pensa em usar a religião em benefício próprio, menospreza a Cristo; e no último dia, este crime lhe será imputado: “ele O menosprezou”. E o Rei enviará seus exércitos para cortar-lhe em pedaços, entre aqueles que desprezaram Sua Majestade, e não quiseram obedecer às Suas leis!" (charles Spurgeon)
Que o Eterno tenha misericórdia de cada um de nós e que pela sua graça possa nos reconduzir as verdades inequívocas da cruz.

Pense nisso,

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Renato Vargens é colaborador do Púlpito Cristão

MITOS QUE AMEAÇAM O CASAMENTO





Por Rev. Hernandes Dias Lopes

O casamento é obra divina. Foi Deus quem instituiu o casamento e estabeleceu princípios para regê-lo. O casamento é um mistério. Nem mesmo as mentes mais brilhantes conseguem compreendê-lo plenamente. A felicidade no casamento só é alcançada através de muito esforço e constante renúncia, muito investimento e pouca cobrança, muito elogio e cautelosas críticas. Muitos casamentos adoecem e morrem, porque em vez dos cônjuges serem governados pela verdade, acabam sendo enganados por alguns mitos. Levantarei aqui alguns desses mitos:


1 - eu preciso encontrar a pessoa perfeita para me casar. Essa pessoa não existe. Não viemos de uma família perfeita, não somos uma pessoa perfeita e nem encontraremos uma pessoa perfeita. Além disso, essa ideia já parte de um pressuposto errado, pois é uma afirmação tácita de que já somos uma pessoa perfeita e que o nosso cônjuge é quem precisa se adequar a nós. Esse narcisismo é erro gritante. Produz uma auto-avaliação falsa e inevitavelmente deságua numa relação conjugal adoecida.

2 - se meu cônjuge me ama nunca vai sentir-se atraído(a) por outra pessoa. Há muitas pessoas que depois do casamento descuidam-se da sua aparência. Esquecem-se de que o amor precisa ser constantemente regado e o relacionamento constantemente cultivado. É sabido que os homens são atraídos por aquilo que veem e as mulheres por aquilo que ouvem. Sendo assim, as mulheres precisam ser mais cuidadosas com sua aparência física e os homens mais atentos às suas palavras. A mulher precisa cativar constantemente seu marido e o marido precisa conquistar continuamente sua mulher. Qualquer descuido nessa área pode ser fatal para a felicidade e estabilidade do casamento.

3 - se meu cônjuge casou-se comigo nunca vai esperar que eu mude. Um cristão não pode adotar o slogan de Gabriela: “Eu nasci assim, eu cresci e eu vou morrer assim”. A indisposição para mudança é um perigo enorme para a felicidade conjugal. Não somos um produto acabado. Estamos em constante transformação. Somos desafiados todos os dias a despojar-nos de coisas inconvenientes e a agregarmos valores importantes à nossa vida. A acomodação no casamento é um retrocesso, pois num mundo em movimento, ficar parado é dar marcha ré. A vida cristã é uma corrida rumo ao alvo. Nosso modelo é Cristo e todos os dias precisamos ser mais parecidos com Jesus. Para isso, precisamos abandonar atitudes pecaminosas e adotar posturas piedosas.

4 -  se meu cônjuge me ama, não vai ficar aborrecido com minha possessividade. Ninguém é feliz no casamento perdendo sua individualidade. Ninguém sente-se confortável sendo sufocado. Ninguém tem prazer em viver no cabresto, sendo vigiado a todo tempo. O ciúme é uma doença. Uma doença que se diagnostica por três sintomas: uma pessoa ciumenta vê o que não existe, aumenta o que existe e procura o que não quer achar. Embora marido e mulher devam respeito e fidelidade um ao outro, não podem viver sendo monitorados o tempo todo. Casamento pressupõe confiança. A insegurança produz a possessividade e a possessividade gera o controle e o controle estrangula a relação.

5 - se meu cônjuge me ama, nunca vai discordar de mim. O casamento não é a união de dois iguais. Homem e mulher são dois universos distintos. A ideia de almas gêmeas é absolutamente equivocada. O impressionante do casamento é que, sendo tão diferentes, homem e mulher são unidos numa aliança indissolúvel, para se tornarem uma só carne. As diferenças existem, entretanto, não para destruir o relacionamento, mas para enriquecê-lo; não para separar o casal, mas para complementar a relação conjugal.

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Palavra da Verdade via Ministério Beréia

Bíblia, Estupro e Pena de Morte

Pare, leia e Pense!

image from google

Há uma semana que os noticiários estampam o caso bárbaro de uma jovem, de 16 anos, que teria sido estuprada por mais de 30 elementos, que sordidamente filmaram e publicaram as imagens. Algumas pessoas descobriram – posteriormente – que a jovem em questão exibia nas redes sociais um comportamento vulgar e postagens onde fazia apologia à “vida louca”, com direito até a ser fotografada com armas. O primeiro delegado que cuidou do caso, ao interrogar a garota quis saber se a mesma trabalhava para o tráfico e chegou a negar que ela tenha sido estuprada. O mesmo foi afastado e a nova pessoa que está à frente do caso diz não haver nenhuma dúvida de que o estupro, de fato, ocorreu. Alguns destes homens tiveram sua prisão decretada, um deles seria “namorado” da jovem. 

Uma coisa precisa ser dita: nada no comportamento da jovem justifica o estupro. Absolutamente nada. Também não nos compete emitir opiniões precipitadas, como fazem alguns, alegando que o ato foi consentido. Isso quem vai apurar é a polícia, deixe que ela faça o seu trabalho de investigação. Como cristãos, devemos sentir tristeza por saber que o sexo é visto e praticado de uma maneira bestial por boa parte da sociedade. O movimento feminista pegou carona no caso para fazer panfletagem e lançou uma campanha nas redes sociais com os seguintes dizeres: “Eu luto contra a cultura do estupro”. O termo “cultura de estupro” é totalmente infeliz e não ajuda em nada as vítimas que já foram sexualmente violentadas. Em artigo publicado na revista Time (em 2014), sobre estupros nas universidades norte-americanas, a RAINN (Rape, Abuse & Incest National Network), principal organização que combate e luta na prevenção de estupros nos EUA, afirma que:
Nos anos recentes, tem havido uma tendência despropositada de culpar a "Cultura do Estupro" pelos extensos problemas de violência sexual nas universidades. Enquanto é útil apontar as barreiras sistêmicas para lidar com o problema, é importante não perder de vista um simples fato: o estupro não é causado por fatores culturais, mas pelas decisões conscientes de um pequeno percentual da comunidade de cometer um crime violento.[1]

Não existe cultura de estupro, não no sentido de que homens são estimulados a realizar ato tão espúrio. Até mesmo entre os criminosos o estupro é visto como algo condenável, e os estupradores ou ficam em celas separadas dos demais presos ou pagarão com a vida, sendo violentados e executados pelos próprios presidiários. O que existe é uma cultura que vulgariza o sexo e faz com que o corpo vire um objeto consumível e descartável. É inegável que a mulher sofre mais com esta “objetização”, mas não é a única. Dia desses, um “carinha fortão" tentou se promover postando uma foto usando um vestido curto, desafiando para ver se algum homem teria coragem de lhe estuprar por conta da roupa. Ele quis "surfar" na onda da campanha feminista que se alastrou nas redes sociais, mas daí várias MULHERES comentaram que ESTUPRARIAM ele. Ou seja: não é problema de machismo, mas sim uma questão que podemos chamar, endossando o termo da ortodoxia reformada, “depravação total”. Também podemos culpabilizar o feminismo por ver esse tipo de comportamento partindo das mulheres pós-modernas, pois, em seu discurso, o feminismo promoveu uma libertação sexual que serviu apenas para intensificar a objetização feminina e promover uma “cultura do sexo animalesco e irresponsável”.


Seguindo uma cosmovisão que esteja de acordo com a Escritura, umas das formas de se combater o estupro seria através da aplicação da pena capital, i.é., pena de morte.

Dizer isto é algo que choca muitos que professam ser cristãos, que acham incompatível o ensino do perdão e do amor com a execução penal. O choque é resultado de uma influência humanista (mesmo que inconsciente), além de ser uma confusão sobre o que pertence a esfera privada e o que seria cabível ao Estado. Segundo o apóstolo Paulo afirma, em Romanos 13, os governos são servos de Deus e portadores da espada para punir os malfeitores, não os deixando impunes. Obviamente que a espada aqui representa o poder coercitivo dos magistrados, que tem uma autoridade derivada do próprio Criador e Senhor para punir os criminosos. E nesta punição legal, a morte é o preço a ser pago em alguns casos.

Mais isso não fere o sexto mandamento que diz: “não matarás”? Muito pelo contrário, ele é um mecanismo para a preservação da vida, como diz um trecho do Catecismo de Heidelberg: “por isso as autoridades dispõem das armas para impedir homicídios” [2] .  Como dito anteriormente, é preciso distinguir o assassinato pessoal, por motivações escusas, o que proíbe o sexto mandamento, com uma atribuição governamental. O Catecismo Maior de Westminster (CMW) esclarece:
136. Quais são os pecados proibidos no sexto mandamento?
Os pecados proibidos no sexto mandamento são: o tirar a nossa vida ou a de outrem, exceto no caso de justiça pública, guerra legítima, ou defesa necessária; a negligência ou retirada dos meios lícitos ou necessários para a preservação da vida; a ira pecaminosa, o ódio, a inveja, o desejo de vingança; todas as paixões excessivas e cuidados demasiados; o uso imoderado de comida, bebida, trabalho e recreios; as palavras provocadoras; a opressão, a contenda, os espancamentos, os ferimentos e tudo o que tende à destruição da vida de alguém. (ênfase acrescentada) 
Gn 9:6; Ex 1:14;20:9,10;21:18-36;22:2; Nm 35:16,31,33; Dt 20.1-20; Is 3:15; Pv 10:12;12:18;14:30;15:1;28:17; Mt 5:22;6:31,34;25:42,43; Lc 21:34; At 16:28; Rm 12:19; Gl 5:;15; Ef 4:31; Hb 11.32-34; I Pe 4:3,4; I Jo 3:15; Tg 2:5,16;4:1.

A única justificativa para o assassinato pessoal - conforme o CMW - seria em caso de legítima defesa, onde numa situação de extremo perigo um cristão mataria para se defender ou defender uma pessoa próxima. Nos casos de justiça pública e guerra legítima, as ações pessoais estão imbuídas da representação governamental, ou seja, não se referem a motivação pessoal.


Outra coisa importante que precisa ser dita a respeito da pena capital é que ela antecede a lei mosaica. Quando Deus ordenou que Noé recomeçasse a exercer o mandato cultural, que seria povoar a terra e exercer sobre ela domínio, deu-lhe a incumbência de executar homicidas (Gn 9.6). Deus fez isso por considerar a vida sagrada e não deixar impune aquele que a violar. É uma forma de inibição para que não se haja o intento de prejudicar o próximo, o que corrobora com a lei do amor, pois quem ama não intenta o mal contra o seu irmão. Os textos de Gn 9.6 e Rm 13.1-5 nos dão base para dizer que a pena capital é defensável em nossos dias[3] e que ela reflete o horror que a divindade possui diante do assassinato e da violência, coisas que em nossa atual conjuntura ficam impunes em muitos casos, pois, nossa legislação é frouxa. Até mesmo um serial killer pode voltar ao convívio social após passar algumas décadas encarcerado[4]. Sendo assim, há uma incoerência entre as nossas práticas jurídicas e a ordem divina.

Diante do que já foi exposto, segue mais uma dúvida: Mas a pena capital não seria restrita ao crime de homicídio? Leiamos Deuteronômio 22. 25-26: Se, contudo, um homem encontrar no campo uma jovem prometida em casamento e a forçar, somente o homem morrerá. Não façam nada, pois ela não cometeu pecado algum que mereça a morte. Este caso é semelhante ao daquele que ataca e mata o seu próximo, pois o homem encontrou a moça virgem no campo, e, ainda que a jovem prometida em casamento gritasse, ninguém poderia socorrê-la (ênfase acrescentada).

Vemos que para Deus a violência sexual é equivalente ao assassinato. O Catecismo de Heidelberg ao interpretar o sexto mandamento (na questão 105) diz que tal mandamento exige que “Eu não devo desonrar, odiar, ofender ou matar meu próximo”.  E na resposta a pergunta 136 do CMW, estão entre as proibições contidas no sexto mandamento “a opressão, a contenda, os espancamentos, os ferimentos e tudo o que tende à destruição da vida de alguém”. Quando pensamos no estupro ou temos a oportunidade de ouvir um depoimento de quem o sofreu, podemos identificar as palavras “desonra, ferimento e destruição da vida”. Mulheres que passam por tal trauma, muitas vezes, não conseguem mais ter uma vida normal, tendo sonhos e projeções destruídas por conta da violência que sofreram.

À guisa de conclusão, punir estupradores com a pena capital está de acordo com a cosmovisão cristã pautada nos preceitos escriturísticos. Acabará com os estupros? Não. Mas não se trata de acabar, a questão é punir. Nenhuma lei é capaz de acabar com a infração, todavia, esse não é motivo suficiente para que as leis deixem de penitenciar – com justiça – quem as infringe. Além do mais, toda lei possui um caráter didático, que visa refrear aquele que maquina executar o que é expressamente proibido por temer a represália. Assim sendo, lutar para que haja maior severidade na punição dos estupradores é uma maneira legítima e sensata de combater essa prática horrenda. Falar em “cultura de estupro” pode até dar visibilidade a uma pauta ideológica, mas é só. O termo cunhado em nada contribui - eficazmente - para minorar o crime, exercer a justiça e apoiar as vitimas. 

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Notas:
[1] O artigo foi postado por Rodolfo Amorim em seu perfil pessoal no Facebook, e pode ser lido na íntegra aqui: http://time.com/30545/its-time-to-end-rape-culture-hysteria/
[2] Parte da resposta dada a pergunta 105 e que usa os seguintes versículos para respaldar a resposta: Gn 9:6; Êx 21:14; Rm 13:4.
[3] O que não seria defensável é a aplicação da pena capital com base na legislação civil de Israel, que foi uma teocracia temporal. Exemplo: não poderíamos executar aqueles que violam o sábado. 
[4] Caso de Pedrinho, o matador e João Acácio, o Bandido da Luz Vermelha, ambos soltos após cumprir 30 anos previstos na legislação penal. 

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Autor: Pr. Thiago Oliveira
Fonte: Electus

quarta-feira, 25 de maio de 2016

POR QUE HÁ UMA CONVERGÊNCIA ATUAL PARA A FÉ REFORMADA?




Por Michel Augusto

Breve Reflexão Teólogica

A história da igreja é caracterizada por uma dinâmica teológica necessária. Quando nos reportamos ao período atual, verificamos que há uma convergência para a  fé reformada. Por que isso tem acontecido atualmente? É uma questão de “modinha” ou um mero “movimento”? É uma convergência para criar exclusivismos? Qual é o valor prático dessa reviravolta atual? É uma contraposição à todas as demais cosmovisões e uma afirmação arrogante que estamos com a verdade? Em que medida essa convergência é saudável para o povo de Deus?


  1. Sentimento de insegurança no povo de Deus. Pastores e igrejas de formação histórica, conhecidos como o povo da Bíblia, tem como critério de segurança a Palavra de Deus, autoritativa, inerrante, inspirada, única regra de fé e prática. Quando esse sentimento é perturbado, há uma busca por um porto seguro. A fé reformada não busca ser uma categoria exclusivista, mas tem prestado um serviço relevante para o povo de Cristo, por voltar às Escrituras Sagradas em sua totalidade, em contraposição à “neo-ortodoxia de um povo evangélico aberto, isto é, uma neo-ortodoxia disfarçada de pensamento evangélico[1]“, como diz Francis Shaeffer;
  2. Igreja e teologia andando de mãos dadas. O seminário teológico não pode se tornar uma academia independente do povo de Deus, mas deve ser um instrumento de conhecimento para que a fé bíblica se torne o ponto de partida para se analisar o mundo, a sociedade e a cultura. Quando há um desvencilhamento desse aspecto, a teologia começa a prestar um trabalho irrelevante, pois despreza a comunidade cristã como precursora dessa construção e entra num processo de análise e convergência religiosa como ponto de partida e não as Escrituras Sagradas. Justo Gonzalez nos lembra dessa relação, dizendo que o “fazer teológico é um processo para toda a vida e de toda a igreja, e que temos que promover um tipo de educação que ajude toda a igreja a enfrentar as circunstâncias sempre em mutação e os desafios inesperados[2].”
  3. Bíblia e Interpretação: Jesus e Paulo. O método de interpretação histórico-crítico de cunho liberal trouxe uma dicotomia entre Jesus e Paulo, fragmentando o que é normativo para a igreja. O método histórico-gramatical conservador, usado pelos reformados, considera alguns aspectos importantes daquela, como as variações textuais, mas assegura com firmeza a totalidade das Escrituras como Palavra de Deus. As novas perspectivas dos estudos paulinos tem produzido uma nova categoria de liberais que usa o discurso de Jesus, desconsiderando a totalidade das Escrituras. Em virtude disso, os ditos paulinos deixam de ser vistos como inspirados e passam para a categoria antropológica-cultural da igreja neotestamentária. Neste contexto, a caminhada cristã se torna uma hermenêutica da vida, sem a necessidade de doutrinação bíblica em sua totalidade. O princípio “somente as Escrituras” corrige essa rota, buscando convergir todos os assuntos da igreja atual para o campo bíblico, como autoridade final em qualquer assunto;
  4. Dicotomia entre bíblia e teologia prática. A herança liberal deixou um presente de grego para a atualidade: Uma prática cristã com alguns retalhos bíblicos, isto é, uma pragmática religiosa sem compromisso com o discurso escriturístico sagrado em sua inteireza. É claro que ambas disciplinas podem e devem ser estudadas em momentos distintos, mas a prática cristã não pode ser vinculada somente à uma parte, mas às Escrituras Sagradas como um todo, pois elas convergem em Cristo. A praxis evangélica liberal busca referenciais nos Evangelhos, desprezando os escritos apostólicos, justamente pela atuação do método histórico-crítico;
  5. Evangelho social e o flerte com o universalismo da salvação. A injustiça social, desigualdade e as atuais questões de gênero e diversidade religiosa sorrateiramente tem levado muitos ao consenso interreligioso do universalismo da salvação. O discurso da eleição divina se torna um absurdo em virtude do problema do mal e das injustiças. O consenso liberal de “picotar” as cartas dos apóstolos tem formado um conceito do amor de Deus acima de qualquer escolha divina. A soberania e eleição de Deus na salvação é inadmissível num mundo de sofrimento, lutas sociais e raciais. Não podemos ser favoráveis à intolerância religiosa, mas não temos necessidade de buscar a unidade no contexto pagão religioso brasileiro. O processo ecumênico começa de forma atraente, mas os resultados práticos vistos é um diálogo interreligioso salvacionista. É um caminho que promete o retorno, mas por encontrar um discurso menos agressivo, pode desaguar no mar das incertezas religiosas, no famoso discurso do “amor de Deus”;
  6. Evangelismo e ação social. São idênticos? A teologia da libertação desaguou numa ação contra injustiças, apenas, e outras teologias atuais correm o mesmo perigo. Ação social sem evangelização bíblica desagua em luta por direitos e justiça, somente. “É crucial à fé que Deus esteja salvando corpos, não apenas almas – e nos conclama ao serviço tangível ao próximo, especialmente aos pobres e marginalizados da sociedade. No entanto, o perigo é quando queremos deixar uma marca distintiva nesse projeto social.[3]” Desta forma, o nosso desafio é trabalhar ortodoxia e ortopraxia, levando em consideração que uma não vive sem a outra. “Aqueles que se concentram exclusivamente em questões de justiça social se esquecem da afirmação cristã que é “fiel e digna de toda aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores”, e da clara comissão dada à igreja de proclamar o arrependimento e o perdão dos pecados.[4]“
  7. Púlpito e docência. Teólogos e pastores devem ter o mesmo discurso. Teologia e igreja, cátedra e pregação devem ser coerentes na teoria e prática. O ensino do método histórico-crítico tem gerado uma separação entre o docente e o pastor entre o ensino e explanação da Palavra. Quanta hipocrisia e falta de zelo! Que o Senhor tenha misericórdia e traga um despertamento através dessa convergência em torno da fé reformada, como pressuposto de retorno à Bíblia, como Palavra de Deus em sua totalidade. A neo-ortodoxia, com trejeitos evangélicos não converge para as Escrituras Sagradas como única regra de fé e prática, acabando em “rua sem saída”, como diz Schaeffer;
  8. Liberalismo teológico. Não podemos partir do pressuposto de que tudo o que não faz parte da fé reformada, é liberalismo. Isso é um erro crasso! Por outro lado, temos pontos de partida (Cristo, Escrituras, fé, graça, e uma vida em função da glória de Deus), que nos permite fazer uma análise da história da igreja e seus desajustes com a abertura liberal. Assim sendo, surge uma pergunta básica: Qual é a contribuição do liberalismo teológico para a igreja de Cristo? Na Holanda e outros países temos como resultado o fechamento de inúmeras igrejas e seminários. Qual é o valor do método histórico-crítico para o povo de Deus, a não ser o de desfazer e retalhar as Escrituras Sagradas! O liberalismo tem se infiltrado em igrejas, denominações e seminários, percorrendo um longo caminho para não chegar em lugar nenhum, como bichinhos à cata do próprio “rabo”;
  9. Neopentecostalização. Muitos estão fugindo do liberalismo e outros do neopentecostalismo. O pragmatismo religioso atual através da espiritualidade sem entendimento bíblico levou muitos a abandonarem as igrejas históricas em virtude da teologia do resultado instantâneo. O retorno tem se dado numa convergência à fé reformada, como tentativa de respiração de um ar sem as contaminações da busca pelo crescimento numérico desenfreado. É um grito de socorro em meio à selva de pedras, uma tentativa de sobrevivência em relação ao pragmatismo religioso liberal e da teoria da prosperidade neopentecostal;
  10. Pregação. O Sermão Expositivo não é a única forma de pregar o Evangelho, mas uma alternativa indispensável de ensinar as Escrituras no contexto evangélico atual: um contexto de pragmatismo e pluralismo jamais visto na história da igreja. O fruto da separação da pregação do ensino trouxe prejuízos incalculáveis para o povo de Deus. “Deus não é um Deus de pantomina ou de encenação. Sua criação fundamental é um conjunto de revelação verbal e o corpo humano de Jesus Cristo, a Palavra que se fez carne. O trabalho do pregador não é citar a Bíblia como em uma palestra cheia de conselhos pragmáticos, mas expor o texto bíblico, aplicá-lo e exortar o povo a viver de acordo com ele, em união com Cristo e pelo poder do Espírito[5]”;
  11. Aconselhamento. O consultório pastoral deve ter uma ferramenta redentiva: Palavra de Deus. Partimos do pressuposto bíblico que o homem é um ser caído, que carece da glória de Deus. Após ser encontrado pela graça (Ef 2.8), precisa caminhar em santidade, que não é um caminho isolado da graça, mas também não é separado dos preceitos da lei divina. Aconselhar sem esse entendimento nos levará à uma caminho do pressuposto humanista da solução dos problemas, puramente;
  12. Espiritualidade. Vivemos num contexto de muitas espiritualidades. A experiência é muito enfática nas liturgias e prática cristã. O entendimento é reduzido ao campo do ensino, criando uma dicotomia entre teoria e prática. A espiritualidade reformada busca um entendimento bíblico para a prática, evitando as muitas espiritualidades “tupiniquins” como regra;
  13. Musicalidade. A herança do reformador Lutero quanto à musicalidade como Palavra cantada se perdeu gradativamente. Da década de oitenta até os dias atuais, temos enfrentando um pragmatismo na musicalidade igrejeira. As inspirações musicais pessoais cedeu lugar à regra bíblica de cantar as Escrituras Sagradas. Perguntaram para Lutero qual era a parte mais importante do culto. O mesmo respondeu que “o elemento mais importante é a pregação e o ensino da Palavra de Deus[6]“. Considerando que o ensino permeia todo o culto e liturgia, através do sermão e dos cânticos, se houver ensino bíblico nesses dois momentos, o culto será relevante;
  14. Cosmovisão e juventude. Os nossos jovens vivem inúmeros desafios diariamente. Muitos congressos da juventude brasileira tratam de temas ligadas ao “fogo” e deixam de ensinar o caminho da cosmovisão. O poder do Espírito Santos é vital na vida do crente, mas a alienação em torno de temas relevantes, não é o caminho para a juventude. Temos a necessidade de trabalhar a fé conjugada a: universidade, ciência, artes, musicalidade, cosmovisão política, cultura e outros.

O posicionamento da fé reformada não é uma auto-intitulação arrogante de infalibilidade do movimento em si, mas uma regência teológica que leva em consideração a totalidade das Escrituras como Sagradas, em contraposição à dinâmica da teologia na história da igreja, partindo do século XVI em oposição ao catolicismo romano quanto à teologia da justificação, quanto ao liberalismo teológico do século XIX e meados do XX e também em muitos aspectos da neo-ortodoxia, que entendemos ser uma teologia evangélica sorrateiramente aberta ao discurso interreligioso.

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Notas bibliográficas

SCHAEFFER, Francis. A igreja do século XXI. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2010, p. 280.

GONZÁLEZ, Justo L. Ministério. Vocação ou profissão. O preparo ministerial ontém, hoje e amanhã. São Paulo: Editora Hagnos, 2012, p. 141-157.

HORTON, Michael. Simplesmente Crente. São José dos Campos: Editora Fiel, 2016, p. 40

STOTT, John. As controvérsias de Jesus. Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2015, p. 161.

STRACHAN, Owen. Profetas, sacerdotes e reis. Uma breve teologia bíblica do ministério pastoral. In: VANHOOZER, Kevin; STRACHAN, Owen. O pastor como teólogo público. Recuperando uma visão perdida. São Paulo: Editora Vida Nova, 2016, p. 86.

CÉSAR, Elben M. Conversas com Lutero. História e pensamento. Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2006, p. 196.

Sobre o autor

Michel Augusto é casado e pai de dois filhos. Cristão reformado calvinista. Pastor e teólogo. Doutorando em Teologia pelas Faculdades EST (Teologia Prática) – bolsista pela Capes. Mestre em Teologia pelas Faculdades EST (Teologia Prática). Mestre em Teologia, (Novo Testamento) pela Faculdade Teológica Cristã do Brasil. Bacharel em Teologia pelo Seminário Batista (SBJN). Bacharel em Direito pelo Centro Universitário IESB.

É professor de Teologia Prática na FTRB – Faculdade Teológica Reformada de Brasília. Advogado na área de direito eclesiástico. Pastor da Igreja Batista Nacional Deus é Luz. Membro da Ordem de Ministros Batistas Nacionais/DF e OAB/DF.

Áreas de pesquisa: Teologia Prática (homilética – sermão expositivo), Teologia da Musicalidade, Mídia e Religião e Teologia do Novo Testamento.

[1] SCHAEFFER, Francis. A igreja do século XXI. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2010, p. 280.

[2] GONZÁLEZ, Justo L. Ministério. Vocação ou profissão. O preparo ministerial ontém, hoje e amanhã. São Paulo: Editora Hagnos, 2012, p. 141-157.

[3] HORTON, Michael. Simplesmente Crente. São José dos Campos: Editora Fiel, 2016, p. 40

[4] STOTT, John. As controvérsias de Jesus. Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2015, p. 161.

[5] STRACHAN, Owen. Profetas, sacerdotes e reis. Uma breve teologia bíblica do ministério pastoral. In: VANHOOZER, Kevin; STRACHAN, Owen. O pastor como teólogo público. Recuperando uma visão perdida. São Paulo: Editora Vida Nova, 2016, p. 86.

[6] CÉSAR, Elben M. Conversas com Lutero. História e pensamento. Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2006, p. 196.

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