Texto: Hebreus 12.14-16
John C. Ryle, bispo em Liverpool no século XIX, disse: “Precisamos ser santos, porque esse é um supremo fim e propósito pelo qual Cristo veio ao mundo… Jesus é um Salvador completo. Ele não retira, meramente, a culpa do pecado do que crê, ele vai além… rompe o seu poder (1 Pe 1.2; Rm 8.29)”.
A união entre paz e santificação aqui é uma advertência implícita de que não devemos buscar a paz a ponto de comprometer a santificação. O cristão busca a paz com todos, mas busca a santidade também, e esta não pode ser sacrificada por aquela.
A sã doutrina reformada será inútil, se não for acompanhada por uma vida santa. Tenho a firme impressão de que precisamos de um completo reavivamento acerca da santidade bíblica. Por quê ?
1-NOS FAZ PERCEBER O PECADO (Rm 3.23) - O pecado é a transgressão da lei 1 João 3.4. Aquele que desejar ter pontos de vista corretos sobre a santidade cristã terá de começar examinando o vasto e solene assunto do pecado. Conceitos errôneos sobre a santidade geralmente advêm de ideias distorcidas quanto à corrupção humana.
A verdade absoluta é que o correto conhecimento do pecado jaz à raiz de todo o cristianismo salvífico. Sem ele, doutrinas como justificação, conversão e santificação serão apenas “palavras e nomes” que não transmitem qualquer sentido à nossa mente. John Owen escreveu, com toda a razão: “Não posso entender como um homem pode ser um crente verdadeiro, se para ele o pecado não é a maior carga, a maior tristeza e o maior motivo de perturbação”.
No entanto, a primeira coisa que Deus faz quando quer tornar alguém em uma nova criatura em Cristo é iluminar-lhe o coração, mostrando-lhe que ele é um pecador culpado. Se um homem não percebe a natureza perigosa da doença de sua alma, ninguém poderá admirar-se de que ele se contente com remédios falsos ou imperfeitos.
2- A VERDADEIRA SANTIFICAÇÃO É OPERADA PELO ESPÍRITO (Jo 17.17; I Ts 4.3) - Esse é um assunto de máxima importância para a nossa alma. Há três coisas que, de acordo com a Bíblia, são absolutamente necessárias para a salvação de todo homem e mulher na cristandade. Essas três coisas são justificação, regeneração e santificação.
A santificação é aquela operação interna que o Senhor Jesus Cristo realiza em uma pessoa pelo Espírito Santo, quando Ele a chama para ser um servo verdadeiro. O instrumento mediante o qual o Espírito efetua essa obra geralmente é a Palavra de Deus, embora algumas vezes use as aflições e as visitas providenciais “sem palavra alguma” (1 Pe 3.1).É o invariável resultado da união vital com Cristo, que a verdadeira fé confere a um crente: “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto” (Jo 15.5). Aquele que tem uma esperança real e viva em Cristo purifica-se a si mesmo, assim como Ele é puro (Tg 2.17-20; Tt 1.1; Gl 5.6; 1 Jo 1.7; 3.3).
É absolutamente necessária para nos treinar e nos preparar para o céu. A maioria dos homens espera chegar ao céu quando morrerem; mas bem poucos, o que é de se temer, preocupam-se em considerar se conseguirão apreciar o céu, se ali chegarem. Teremos de ser santos antes de morrer, se quisermos ser santos quando estivermos na glória.
3 -A SANTIDADE IMPLICA EM VIDA PRÁTICA (Hb. 12.14) - A santificação [santidade], sem a qual ninguém verá o Senhor (Hebreus 12.14). Trata-se da santidade prática. Ele sugere um questionamento que requer a atenção de todos os cristãos professos, a saber: Somos santos? Veremos o Senhor? Esta pergunta diz respeito aos homens de todas as classes e condições.
Por qual motivo a santidade é tão importante? Permita-me expor algumas razões que explicam isso. Acima de tudo, devemos ser santos porque a voz de Deus, nas Escrituras Sagradas, assim nos ordena claramente dizendo: “Sede santos, porque eu sou santo”(I Pe 1.16). Porque essa é a grandiosa finalidade e propósito daquilo que Cristo veio fazer no mundo. Paulo escreveu: “Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse” (Ef 5.25,26 Porque essa é a única prova de que amamos o Senhor Jesus Cristo com sinceridade. Esse é um ponto acerca do qual Ele falou nos mais claros termos em João (Jo 14.15,21,23 e 15.14).
Além disso, a santificação é o único sinal seguro da eleição divina. O apóstolo Paulo percebeu a “fé” atuante, o “amor” operante e a “esperança” paciente dos crentes de Tessalônica, disse: “reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição” (1 Pe 1.2; 2 Ts 2.13; Rm 8.29; Ef 1.4; 1 Ts 1.3-4). Aquele que se orgulha de ser um dos escolhidos de Deus enquanto voluntária e habitualmente vive em pecado; está apenas enganando a si mesmo e proferindo ímpias blasfêmias. O catecismo da nossa igreja ensina, de forma correta e sábia, que o Espírito Santo “santifica todos os eleitos de Deus”.
Devemos ser santos na terra, se quisermos ser santos no céu. Foi Deus quem o disse e Ele não retrocederá: “A santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. Observou Jenkyn: “O calendário do papa só declara santos às pessoas mortas, mas as Escrituras requerem a santidade da parte dos vivos”.
Conclusão
Portanto, você quer ser santo? Então terá de começar com Cristo. Você simplesmente não conseguirá fazer coisa alguma e nem obterá qualquer progresso, enquanto não sentir os seus pecados e fraquezas, e não fugir para Ele. A santidade é a obra que Jesus efetua nos corações dos crentes, através do Espírito que Ele lhes proporciona no íntimo. Cristo foi nomeado para ser “Príncipe e Salvador, a fim de conceder ao homem o arrependimento e a remissão de pecados”. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem em seu nome” (Jo 1.12).
Pr. Eli Vieira