terça-feira, 8 de agosto de 2017

Aos 85 anos, evangelista fala do amor de Jesus a um milhão de muçulmanos

Marilyn Hickey disse que passou quatro anos orando todos os dias pelos muçulmanos e tem visto Deus operar milagres em suas pregações evangelísticas.
Marilyn Hickey é evangelista e atualmente conhecida como a "mãe do Paquistão", como muitos muçulmanos a chamam por lá. (Foto: Marilyn Hickey Ministries)

Marilyn Hickey é evangelista e atualmente conhecida como a "mãe do Paquistão", como muitos muçulmanos a chamam por lá. (Foto: Marilyn Hickey Ministries)

Numa era em que os terroristas muitas vezes atacam os cristãos e o islamismo radical está se mostrando cada vez mais presente - até mesmo em países ocidentais - uma valente evangelista cristã está falando sobre Jesus em países que são considerados o "olho do furacão" nesta questão de extremismo religioso.
A conhecida professora e evangelista da Bíblia, Marilyn Hickey, acredita que esses lugares perigosos são um território fértil para plantar a semente do amor com a pregação do Evangelho.
Fundadora do Ministério Marilyn Hickey, recentemente ela contou à agência cristã 'CBN News' sobre sua viagem a Karachi, no Paquistão.
"Eu amo muçulmanos e eles me amam", disse Hickey. "Nunca poderia imaginar que teríamos um milhão de muçulmanos em apenas em um encontro!".
Mas isso foi exatamente o que aconteceu. Um milhão de muçulmanos encheram as ruas de Karachi para ouvir esta senhora de 85 anos compartilhar as boas novas sobre Jesus.
"As pessoas podem não saber o nome Dele, mas Jesus opera mesmo assim em suas vidas", disse Hickey à multidão.
Perguntamos a ela como as pessoas reagiram à sua mensagem.
"Eles aplaudem e eles ficam animados", respondeu a evangelista.
"Sim, Ele sabe o seu nome, onde você está, quem você é, Ele tem um plano e um destino para sua vida. Eu tenho minha Bíblia aqui, no Salmo 139, ela diz que 'Ele está ao seu lado' e que tem um compromisso divino e um destino para todo ser humano", disse Marylin, voltando a citar sua pregação.
A evangelista Hickey começou a desenvolver seu ministério em uma pequena igreja de Denver (EUA), que evoluiu para um ministério internacional na televisão e agora está chegando ao mundo muçulmano.
"A razão pela qual eu comecei com isso foi porque anteriormente tudo estava uma bagunça no mundo e Deus me falou para orar pelos países muçulmanos. Eu memorizei 40 países e orei por eles todos os dias, durante quatro anos ou mais. Então Deus começou a me enviar para estas nações", ela nos contou.
"Eu não acho que devemos simplesmente assistir às notícias, mas devemos transformá-las", acrescentou.
Hickey dá toda a glória a Jesus, e através Dele, ela diz que suas em suas cruzadas evangelísticas também tem testemunhado Deus operar muitos milagres.
"Isso é positivo: o Corão diz que Jesus cura, então, quando você anuncia e diz: 'venha e seja curado', eles são curados", disse ela.
"Não me pergunte por que, eles me chamam de mãe. Os muçulmanos me chamam de mãe do Paquistão", acrescentou Hickey.
"Esse é o favor de Deus, mas não me comprometo. Eu digo como 'Jesus morreu por seus pecados, ressuscitou dos mortos; se arrependa e acredite que Ele entrará no seu coração'. Esta é uma mensagem de cura para o espírito, alma e corpo", acrescentou.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DA CBN NEWS



segunda-feira, 7 de agosto de 2017

LIÇÕES DA CURA DO CEGO BARTIMEU


Marcos 10.46-52

A narrativa de Marcos não é sobre um grande líder político como o rei Davi,  Judas Macabeu  ou sobre um sábio rabino como Hilel fundador da Escola Bet Hilel, Shamai fundador da escola Bet Shamai ou mesmo sobre Rabenu Shlomo ben Yitzhak, Rashi, “considerado como o maior dos mestres judaicos e o erudito bíblico mais brilhante de todos os tempos, é o comentarista clássico da Torá e do Talmud”¹, por isso ela não deixa de ter lições preciosas para nós hoje. Desta narrativa podemos aprender algumas lições preciosas para vivermos neste mundo desafiador, tais como:
1ª Lição – UM EXEMPLO DE FÉ INABALÁVEL - O TEXTO NOS DIZ “E foram para Jericó. Quando ele saia de Jericó, juntamente com os discípulos e numerosa multidão, Bartimeu, cego mendigo,  filho de Timeu, estava assentado a beira do caminho. E, ouvindo que era Jesus, o nazareno pôs-se a clamar: Jesus filho de Davi tem compaixão de mim!”(Mc 10.46,47). 
Bartimeu estava fisicamente cego, mas não espiritualmente, pois ele entendeu que Jesus de Nazaré era o filho de Davi anunciado pelos profetas. Ele não tinha presenciado os sinais realizado por Jesus, ele não viu os mortos ressuscitarem, leprosos curados, coxos andarem, pois estava privado pela cegueira. Mas ele tinha ouvido acerca dos poderosos milagres realizados por Jesus, e tendo ouvido creu que Jesus poderia curá-lo. Precisamos ter uma fé maravilhosa como a de Bartimeu.
Nós não contemplamos o Senhor com os nossos olhos físicos. Porém, os evangelhos narram os poderosos milagres realizados por Jesus, revelam a sua graça e sua disposição para salvar os homens. 
Nós somos privilegiados, pois DEUS nos deu a sua palavra que nos falam dos milagres tremendos realizados por Ele. Precisamos viver pela fé. No que consiste viver pela fé¿ Se não que a pessoa vive na dependência da Palavra de Deus, pois só nela encontramos todo o conselho de Deus para vivermos uma vida abundante.
2ª Lição – PERSEVERANÇA DIANTE DA DIFICULDADES-Quando Bartimeu, começou a clamar “Jesus filho de Davi, tem compaixão de mim!”Mc. 10.46. Muitos que estavam perto dele não o encorajaram, mas antes o repreenderam para que ele ficasse calado Mc. 10.47, contudo ele não se calou, mas continuou clamando cada vez mais alto. Aqueles que pediram para ele ficar calado, não conheciam a miséria da cegueira, muitos pensavam que não valia apenas clamar a Jesus. Ele não deu ouvidos as reprovações dos insensíveis circunstantes, não ligou para o ridículo que os seus gritos mui provavelmente lhe traria. Ele conhecia a miséria da cegueira que o impediam de contemplar as maravilhas do Senhor.
Oh, amados irmãos, todos nós queremos ver vidas salvas, alcançar bênçãos de Deus, mas quantas vezes temos olhado para o que as pessoas pensam ou vão falar ao nosso respeito, então não perseveramos em buscar ao Senhor, não clamamos, pois estamos preocupados com aqueles que vivem em nossa volta. A exemplo de Bartimeu, não devemos dar ouvidos as pessoas que não conhecem o nosso drama, quando estivermos a procura da cura para as nossas almas. Meu irmão nunca faltará pessoas para nos desanimar, para dizer que não vale apena, que você não vai conseguir, etc. Quantos não desistiram de seus projetos ou propósitos por causa dos outros.
Como Bartimeu, precisamos clamar ainda mais por Deus, não importa o que as pessoas venham pensar ou falar, não desanime, Deus proverá. Irmão, é tempo de clamar ao Senhor por nossas vidas, família, igreja e por nosso país, não podemos desanimar, muitos vão dizer que não adianta, mas se crermos veremos a glória de Deus.
3ª Lição – UM EXEMPLO DE GRATIDÃO A CRISTO – Bartimeu, quando foi curado não retornou imediatamente a sua casa. Mais ele continuou diante daquele que realizou tão grande maravilha em sua vida, e seguia Jesus estrada a fora Mc. 10.52. 
Meu irmão, os nossos olhos já foram abertos pelo Senhor, então devemos segui-lo com alegria e testemunhar a todos dizendo: “ UMA COISA EU SEI EU ERA CEGO E AGORA VEJO” (Jo 9.25).
 Uma das grandes tristezas da nossa atualidade a ingratidão do povo de Deus. Ele, tem nos concedido tantas bênçãos que não podemos contar, mesmo assim muitos reclamam, são infiéis, ingratos, etc. O salmista Davi nos ensina dizendo: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios” (Sl 103.2). A gratidão é uma das características dos verdadeiros servos de Deus.
Hoje, precisamos seguir o exemplo de fé, de perseverança e gratidão daquele que fora curado por Jesus e segui-lo com todo o nosso ser proclamando SOMENTE JESUS.

1- Steinsaltz, Rabi Adin. Rashi, O Mestre dos Mestres –Disponível em http://www.morasha.com.br/profetas-e-sabios/rashi-o-mestre-dos-mestres.html acesso em 07.08.2017
Sobre o autor Pr. Eli Vieira é formado no Seminário Presbiteriano do Norte- Recife e pastor efetivo da Igreja Presbiteriana Filadélfia Garanhuns-PE

O uso da apologética numa perspectiva reformada

Resultado de imagem para reforma protestante


O presente artigo trata da necessidade de se usar de argumentos apologéticos de uma perspectiva reformada na apresentação da fé cristã. Após cinco séculos do movimento reformacional, percebe-se hoje em dia a necessidade de se partir dos pontos da ortodoxia bíblica para o diálogo com a cultura. A apologética pode servir para que a Igreja continue se reformando e possa reformar sua sociedade.

No ano que marca 500 anos de Reforma Protestante, é salutar a reflexão sobre esse movimento que mudou o curso da história mundial. Considerando que muito já foi escrito sobre esse momento da história, este artigo busca defender a natureza da Reforma como sendo apologética, em defesa da fé cristã esposada na Bíblia, e sua contribuição para a reflexão atual por parte dos cristãos que dialogam com a cultura.


É notável que as Escrituras Sagradas podem alcançar homens e mulheres, e transformar toda uma sociedade. Por isso, nesses tempos, marcados por crises institucionais e eclesiásticas, o resgate do Evangelho e a reflexão sobre o mesmo podem contribuir para a teoria e ação cristã.


A Reforma Protestante foi um movimento de defesa da fé cristã, seus princípios e sua cosmovisão bíblica, de modo a oferecer aos crentes em Cristo um caminho interpretativo reformado e relevante para uma constante busca de se reformar, como cristão individual e como Igreja local, assim como transformar a cultura que esses estão inseridos.


A Reforma Protestante: um movimento apologético


Os séculos anteriores ao XVI foram tempos, minimamente, instáveis. Doenças, a exemplo da Peste Negra, instabilidade política e social, radicais mudanças nas concepções filosóficas, crises de governabilidade pela Europa, e desencontro religioso.


Nessa última esfera, emergiram algumas tentativas de Reforma interna à Igreja Católica: John Hus e John Wycliffe, por exemplo, tornaram-se proponentes de mudanças radicais. Além disso, como explica George (1993, p. 26), “essa sensação de mal-estar, essa expressão de que o tempo estava fora dos eixos, aliada à crescente onda das expectativas religiosas, produziu uma época de excepcional ansiedade”. De modo ilustrativo, as obras de arte da época refletiam o anseio do povo.


Para além disso, havia o movimento escolástico que buscava uma síntese intelectual entre o pensamento aristotélico e o ensino bíblico, o que gerava interpretações mais filosóficas do que escriturísticas. George (1993) ainda aponta a presença de interpretações estritamente místicas da Bíblia, assim como, humanísticas.


Diante desse quadro, o pensamento dos reformadores protestantes tinha uma natureza de uma crítica externa à instituição Católica Romana e às sínteses filosóficas seculares com a Bíblia, ou seja, tais teólogos, entendendo a doutrina das Escrituras à parte da pregação eclesiástica institucionalizada e ouvindo à ansiedade do povo, apontaram incoerências presentes nos discursos dos domínios filosóficos e romano-religioso.


Com isso, a natureza da Reforma Protestante foi apologética. Buscou defender a doutrina das Escrituras a partir de um método crítico-gramatical que interpreta a Bíblia pela Bíblia, pressupondo um ensino todo e coerente. Em sua essência, esse movimento reformacional defendia a verdadeira fé e a tradição escriturística, constituindo-se, segundo George (1993, p. 34), como “uma continuação da busca pela igreja verdadeira que havia começado muito antes que Lutero, Calvino ou os padres de Trento entrassem na lista”.


A importância e a necessidade de uma apologética reformada


Segundo McGrath (2013, p. 13), o termo apologia “se refere a uma ‘defesa’, um arrazoado que prova a inocência de um acusado no tribunal, bem como a demonstração de que uma crença ou argumento é correto”. Nesse sentido, na teologia cristã, a apologética busca apresentar uma explicação razoável e racional para as verdades cristãs.


Nas palavras de McGrath (2013, p. 9), “a apologética tem por objetivo converter crentes em pensadores e pensadores em crentes”. Nesse sentido, o mesmo autor elucida que o exercício apologético abrange: o conhecimento das doutrinas e cosmovisão bíblica, e a transmissão eficaz desse saber.


Com efeito, é importante que o cristão aprenda a defender sua fé para demonstrar a amplitude e a profundidade intelectual, moral, imaginativa e relacional de sua crença para os fiéis de dentro da Igreja, e para os incrédulos de dentro dela e de fora. Ajuda, com isso, como coloca Craig (2012, p. 17), a “criar e manter um ambiente cultural em que o Evangelho possa ser ouvido como uma opção intelectualmente viável”.


Uma salutar observação a ser feita é que “o Evangelho só deve causar dificuldades por sua natureza e conteúdo intrínseco, não pela maneira em que é anunciado” (MCGRATH, 2013, p. 14). Isso quer dizer que a reflexão e exercício apologético deve ser feito de modo respeitoso, paciente, generoso, inteligente e simpático (I Pe 3:15-16), a fim de evidenciar o conteúdo da mensagem cristã, e não a suposta superioridade do cristão que debate.


A maior dificuldade nesse sentido, por vezes, é a correta tomada de um ponto de partida relevante e bíblico. Para tanto, a tradição reformada contribui no estabelecimento de uma reflexão e cosmovisão que busca coordenar uma fiel exegese bíblica em diálogo com a cultura a seu redor, ressaltando pontos positivos e contraditando os negativos.


Nessa esteira, a apologética reformada busca questionar ideias falsas sobre o Evangelho e a realidade, e apontar para a Revelação das Escrituras como uma via razoável e digna de confiança, sempre consciente de que os argumentos não podem converter, mas podem preparar um ambiente para a pregação do Evangelho.


Desse modo, a tradição reformada pode servir como um Organon, conjunto de ferramentas de interpretação e reflexão lógico-filosófica, para que o cristão extraia da Bíblia princípios, regras, aplicações para o debate que se apresente. Ou seja, o resgate de doutrinas bíblicas feito pelos reformadores são o fundamento a ser defendido por meio da argumentação lógico-racional.


A necessidade de uma Reforma permanentemente apologética


A Reforma Protestante do século XVI possui um significado permanente para a Igreja de Cristo. “Ela desafia a igreja a ouvir reverente e obedientemente aquilo que Deus disse de uma vez por todas (Deus dixit) e de uma vez por todas fez em Jesus Cristo” (GEORGE, 1993, p. 307).


Nesse caminho, a Igreja deve sempre estar se reformando, já que, composta por pecadores, nunca ficará perfeita até a volta de Cristo. Essa noção é estritamente apologética, no sentido de estar sempre voltando às Escrituras, defendendo-a e se desprendendo das ideias e práticas que lhe ameaçam constantemente.


Ideologias, filosofias seculares, Estadolatria, engenharia social, esfacelamento da linguagem, relativização dos valores, secularismo, ingerência estatal nos assuntos eclesiásticos, ceticismo, teologias liberais são algumas das principais ameaças contra a Igreja hodierna. Contra tais investidas, os cristãos, a exemplo dos Reformadores, devem refletir e sempre voltar: à Bíblia como a revelação fidedigna de Deus ao homem, aos atributos de Deus e a sua imanência na história, à doutrina da criação do homem e de sua queda, à obra, à morte e à ressurreição de Cristo, ao papel e chamado da Igreja, e à esperança de um novo céu e nova terra.


A Reforma permanente deve ser sempre apologética, defendendo a fé e apresentando-a como mais razoável que as propostas seculares. A dizer, os temas principais e basilares do movimento reformacional devem sempre ser preservados, defendidos, ensinados e pregados na Igreja e fora dela.


A atual crise, em várias esferas sociais, vivenciada nos dias de hoje cristaliza o anseio por novas mudanças. Após 500 anos de Reforma, é preciso que se note a necessidade de se reformar de modo razoável e bíblico, oferecendo respostas aos anseios do povo de Deus que sofre nesse mundo, e a uma sociedade que não tem identidade. “Ecclesia reformata semper reformanda”: “Igreja reformada, sempre se reformando”, e reformando ao seu redor.


____________________
Referências bibliográficas
CRAIG, William Lane. Apologética contemporânea: a veracidade da fé cristã. – 2. Ed. – São Paulo: Vida Nova, 2012.
GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1993.
MCGRATH, Alister. Apologética pura e simples: como levar os que buscam e os que duvidam a encontrar a fé. São Paulo: Vida Nova, 2013.

***
Sobre o autor: Anderson Barbosa Paz é seminarista do Seminário Teológico Betel Brasileiro. Bacharelando em Direito pela Universidade Federal da Paraíba. Congrega na Igreja Presbiteriana do Bairro dos Estados em João Pessoa-PB. Atua na área de Apologética Cristã, debatendo e ensinando.
Divulgação: Bereianos

COMO VIVER EM COMUNHÃO COM DEUS?



Gn 35.1-15

O grande filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard certa vez disse: “quem vive na presença de Deus, tem um senso íntimo de comunhão com ele, e qualquer coisa de errado perturba essa comunhão”. Para Charles Fuller “comunhão com Deus, significa uma ininterrupta luta contra o mundo”.
Jacó tinha permanecido por alguns anos em Siquém, talvez por causa das vantagens econômicas. Mas ele precisou ter uma profunda experiência com Deus para fazê-lo voltar a sua terra, Hebrom (Gn. 37.1). Voltaria para casa, mas antes faria uma parada em Betel, onde edificaria outro altar e receberia as instruções divinas. Quase trinta anos antes, Jacó tinha feito um voto e uma promessa em Betel (Gn 28.20,21). Agora ele deveria renovar seus votos e propósitos espirituais. Ele tinha completado as suas peregrinações pelo estrangeiro e agora era instruído a voltar para casa.
Dois temas percorrem o capítulo trinta e cinco de Gênesis: termino e correção. Temos aqui uma história de termino, porque Jacó estava de volta a terra prometida com sua família e com toda a sua riqueza; e a vitória tinha sido ganha, o alvo tinha sido atingido, e a promessa divina tinha se cumprido. Mas também temos uma história de correção, porquanto os seus familiares não serviam totalmente a Deus. Ídolos precisavam ser enterrados, e Rubén disciplinado, etc. Para que eles vivessem uma nova história. Esse novo momento teria que ser em comunhão com Deus. Mas, como  viver em comunhão com Deus¿ No texto de Gn 35.1-15 podemos tirar algumas lições para vivermos uma verdadeira vida de comunhão com Deus. Viver em comunhão com Deus:

1-Implica em abandonar todos os ídolos (pecado) Gn 35.2,4 – O texto nos diz que até aquele momento havia ídolos entre os seus familiares. Jacó exigiu a eliminação de todos os deuses, incluindo os ídolos, os terafins de Raquel (Gn 31.19) e as argolas que eram amuletos associados com o culto pagão. Era preciso abandar tudo aquilo que impedia uma vida de comunhão com Deus.
Quando Deus nos chama, e verdadeiramente mudamos, isto nos arrependemos precisamos renunciar qualquer coisa que tenta impedir ou atrapalhar a nossa comunhão com Deus. A exigência primária da aliança e a lealdade exclusiva a Deus ( Ex. 20.3-5). Lealdade esta exigida por Josué aos filho de Israel ao falar com eles dizendo: “Agora, pois, temei ao Senhor e servi-o com integridade e com fidelidade; deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais dalém do Eufrates e no Egito e servi ao Senhor”(Js 24.14).
Para viver em comunhão com Deus nós precisamos abandonar tudo aquilo que tenta roubar a nossa verdadeira intimidade com ele, sejam os ídolos externos construídos pelas mãos do homem ou internos, os ídolos do coração. Você tem algo que precisa ser abandonado¿ Faça isso agora, não deixe para amanhã. Não permita que nada na sua vida tome o lugar de Deus.

2- Implica em mudança de vida (Gn 35.10) – O texto de em tela enfatiza a mudança do nome de Jacó para Israel. O novo nome de Jacó. Os antigos, com frequência mudavam de nome, quando havia alguma profunda mudança na vida ou quando esperavam que houvesse tal mudança. “De vez em quando, vemos Deus mudando o nome de alguém, simbolizando um novo status ou uma nova identidade – caso de Abraão, Sara e Jacó. Às vezes, o próprio portador do nome muda sua alcunha, representando uma nova situação. Noemi (“doce”) resolve chamar-se de Mara (“amarga”) após a morte de sua família (Rt 1.20), mas termina a história com um “nome afamado” (4.14). Aliás, note como a ideia do nome move todo o livro de Rute. Quando alguém na época do Antigo Testamento ou do mundo antigo dava um nome a outra pessoa ou coisa, significava que ela possuia essa pessoa ou coisa. Ou saber o nome de alguém, especialmente o nome de Deus, frequentemente significava entrar em um relacionamento íntimo com essa pessoa ou poder (G.K. Beale)”. No caso de Jacó para Israel foi uma mudança profunda. O fraco Jacó tornou-se o poderoso Israel, agora era um príncipe de Deus o grande patriarca através do qual o messias viria ao mundo por intermédio dele, a fim de abençoar todas as nações, e todos aqueles que creem em Cristo também são mais do que vencedores (Rm. 8.37).
O homem transformado por Deus através da ação do Espírito Santo, recebe um novo nome para viver de forma diferente do mundo, com diz o profeta Isaías  “a seus servos chamará por outro nome” (65.15). Em apocalipse nós aprendemos que vamos receber um novo nome “Ao que vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus e dele nunca sairá, e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome” (3.12). Mais adiante, em 14.1, aprendemos que os crentes terão o nome do Pai em suas testas, o que lembra que os sacerdotes usavam uma lâmina de ouro com os dizeres “santidade ao Senhor” (Êx 28.36-38). Novamente, Beale explica:
Parte do significado dos cristãos terem o nome de Deus e de Cristo em suas frontes é que eles compartilham da presença, da semelhança e do caráter de Deus e de seu Messias, como consequência de consagrar-se a eles”.
O que isso tudo significa? uma nova condição, uma nova identidade – como Abraão, Jacó e Noemi tiveram – pela bondade de Yahweh. Jesus ensina ao mesmo tempo que temos um novo nome e que Deus escreveu em nós seu Nome. E como termina o livro de Apocalipse? Com um casamento. Nós somos a noiva e receberemos o nome do Noivo. Os dois agora são um”.(Reforma21)¹.Mas o que isso nos ensina, a nossa condição, a nossa nova identidade em Cristo, não somente no povir, mas somos chamados para vivermos como servos de Deus hoje vivendo uma verdadeira comunhão com ele hoje.

3- Implica em confiar em Deus (Gn 35.11,12)
O Deus todo-poderoso falou com Jacó, ele confiou na certeza de que o Senhor cumpre as suas promessas, a sua palavra. Ele teve fé, pois precisava confiar em Deus em suas peregrinações em meios aos desafios da sua vida assim como o seus pais Abraão e Isaque confiara em suas promessas Gn 15.18. Quando olhamos para Gn 28.3 a expressão “uma multidão de povos”, ali a declaração faz parte da bênção dada a Jacó por Isaque. Além disso reis descenderiam de Jacó como Saul, Davi, Salomão, etc (Gn 17.6), culminando no rei-messias descendente de Judá através de Lia. Nesse ponto seria atingida a dimensão espiritual do pacto de tal modo que aquilo que era bênção material torna-se-ia em bênção incluindo a salvação da alma.
Em Gn 28.10 Jacó teve uma visão de Deus, uma experiência pessoal com Deus. Em Gn 32.22 lutou e foi transformado por Deus e em Gn 35.14 Jacó levantou um altar ao Senhor no lugar onde Deus falara com ele. Jacó demonstrou sua confiança em Deus a ouvir e obedecer a sua palavra. Ele teve fé no Senhor e se entregou aos seus cuidados.
Hoje nós precisamos confiar em Deus sem reservas, como nos ensina o salmista “entrega o teu caminho ao Senhor” Sl 37.5. Como nós temos dificuldade de entregar o que temos o que somos nas mãos de Deus. Meu irmão para viver em comunhão com ele você precisa confiar nele, pois quando confiamos em Deus, temos sede da Palavra, buscamos ter uma vida de oração e vivemos pela fé. 
Certo jovem queria aprender a ter uma vida de comunhão com Deus: “Um jovem cristão subiu a montanha que ficava de frente ao mar, onde no topo morava um grande mestre cristão, conhecido por ter uma vida de grande comunhão e proximidade com Deus.
Perguntou o jovem:  – Mestre, o que eu faço para ter uma vida de profunda comunhão com Deus? Qual o segredo?
O sábio mestre, sem responder palavra alguma, se levantou, foi até à porta e sinalizou ao jovem que lhe acompanhasse por um caminho.
 Desceram a montanha em um silêncio ensurdecedor, pois o jovem estava inquieto para saber a resposta sobre o segredo para se chegar mais perto de Deus.
Chegando à praia o mestre continuou caminhando em direção à água. A água batia nos pés, depois nas canelas, nos joelhos e o mestre continuava a ir cada vez mais para o fundo.
O jovem cristão hesitou, mas o mestre insistiu que ele lhe acompanhasse. A água já estava na altura da cintura quando, de repente, o mestre derruba o jovem e segura sua cabeça debaixo d’água, sem dar-lhe qualquer chance de se levantar.
O jovem se debate, tenta escapar dos braços do mestre, se esperneia, bebe água do mar — mas o mestre o segura com a maior firmeza possível.
Quando o jovem cristão já estava quase morrendo afogado, o mestre lhe solta. O rapaz se levanta com violência, finalmente respira engasgado, cospe água salgada e não consegue esconder a raiva que estava sentindo:
– Você está louco?! Você quer me matar?!
O velho e sábio mestre cristão responde:
– Eis o segredo da comunhão com Deus que você está buscando! Está diante de você!
– Qual é esse segredo?
– O dia em que você buscar a Deus como você buscava o ar para respirar enquanto estava com a cabeça debaixo d’água e quando te soltei, você O encontrarᔲ.
Portanto, meu irmão, Deus te chamou para você viver em comunhão com ele. O diabo não quer que você e eu vivamos esta vida de intimidade com o Senhor. Se há algum ídolo ou pecado no seu coração jogue para fora hoje mesmo, viva a sua nova vida em Cristo firmado nas promessas de Deus para honra e glória dEle, na certeza de que com o Senhor nós somos mais do que vencedores. Precisamos ansiar mais e mais pela presença de Deus.

 Referências Bibliógraficas
1-Ribeiro Jr., Josaias. O que significa receber um “novo nome”?, 2011. Disponível em http://reforma21.org/artigos/o-que-significa-receber-um-novo-nome.html.  acesso em 07.09.2017
             

2- Sanchez, André . Ilustrações Cristãs – Como ter uma vida de profunda comunhão com Deus? Disponível em https://www.esbocandoideias.com/2013/07/ilustracoes-cristas-como-ter-uma-vida-de-profunda-comunhao-com-deus.html acesso em 07.08.2017

Sobre o autor: Pastor Eli Vieira é formado pelo Seminário Presbiteriano do Norte-Recife e atualmente é pastor efetivo da Igreja Presbiteriana Filadélfia Garanhuns-PE




domingo, 6 de agosto de 2017

Guilherme Carey Pai das missões modernas (1761-1834)

MISSÕES:O DESAFIO CONTINUA HOJE

Imagem relacionada

O menino Guilherme Carey, era apaixonado pelo estudo da natureza. Enchia seu quarto de coleções de insetos, flores, pássaros, ovos, ninhos, etc. Certo dia, ao tentar alcançar um ninho de passarinhos, caiu de uma árvore alta. Ao experimentar a segunda vez, caiu novamente. Insistiu a terceira vez: caiu e quebrou uma perna. Algumas semanas depois, antes de a perna sarar, Guilherme entrou em casa com o ninho na mão. - "Subiste à árvore novamente?!" -exclamou sua mãe. - "Não pude evitar, tinha de possuir o ninho, mamãe" - respondeu o menino. Diz-se que Guilherme Carey, fundador das missões atuais, não era dotado de inteligência superior e nem de qualquer dom que deslumbrasse os homens. Entretanto, foi essa característica de persistir, com espírito indômito e inconquistável, até completar tudo quanto iniciara, que fez o segredo do maravilhoso êxito da sua vida. Quando Deus o chamava a iniciar qualquer tarefa, permanecia firme, dia após dia, mês após mês e ano após ano,até acabá-la. Deixou o Senhor utilizar-se de sua vida, não somente para evangelizar durante um período de quarenta e um anos no estrangeiro, mas também para executar a façanha por incrível que pareça, de traduzir as Sagradas Escrituras em mais que trinta línguas. O avô e o pai do pequeno Guilherme eram sucessivamente professor e sacristão (Igreja Anglicana) da Paróquia. Assim o filho aprendeu o pouco que o pai podia ensinar-lhe. Mas não satisfeito com isso, Guilherme continuou seus estudos sem mestre. Aos doze anos adquiriu um exemplar do Vocabulário Latino, por Dyche,. o qual decorou. Aos quatorze anos iniciou a carreira como aprendiz de sapateiro. Na loja encontrou alguns livros, dos quais se aproveitou para estudar. Assim iniciou o estudo do grego. Foi nesse tempo que chegou a reconhecer que era um pecador perdido, e começou a examinar cuidadosamente as Escrituras. Não muito depois da sua conversão, com 18 anos de idade, pregou o seu primeiro sermão. Ao reconhecer que o batismo por imersão é bíblico e apostólico, deixou a denominação a que pertencia. Tomava emprestados livros para estudar e, apesar de viver em pobreza, adquiria alguns livros usados. Um de seus métodos para aumentar o conhecimento de outras línguas, consistia em ler diariamente a Bíblia em latim, em grego e em hebraico. Com a idade de vinte anos, casou-se. Porém os membros da igreja onde pregava eram pobres e Carey teve de continuar seu ofício de sapateiro para ganhar o pão cotidiano. O fato de o senhor Old, seu patrão, exibir na loja um par de sapatos fabricados por Guilherme, como amostra, era prova da habilidade do rapaz. Foi durante o tempo que ensinava geografia em Moulton, que Carey leu o livro As Viagens do Capitão Cook e Deus falou à sua alma acerca do estado abjeto dos pagãos sem o Evangelho. Na sua tenda de sapateiro afixou na parede um grande mapa-mundi, que ele mesmo desenhara cuidadosamente. Incluíra neste mapa todos os dizeres disponíveis: o número exato da população, a flora e a fauna, as características dos indígenas, etc., de todos os países.Enquanto consertava sapatos, levantava os olhos, de vez em quando, para o mapa e meditava sobre as condições dos vários povos e a maneira de os evangelizar. Foi assim que sentiu mais e mais a chamada de Deus para preparar a Bíblia, para os muitos milhões de indus, na própria língua deles. A denominação a que Guilherme pertencia, depois de aceitar o batismo por imersão, achava-se em grande decadência espiritual. Isto foi reconhecido por alguns dos ministros, os quais concordaram em passar "uma hora em oração na primeira segunda-feira de todos os meses" pedindo de Deus um grande avivamento da denominação. De fato esperavam um despertamento, mas, como acontece muitas vezes, não pensaram na maneira em que Deus lhes responderia. As igrejas de então não aceitavam a idéia, que consideravam absurda, de levar o Evangelho aos pagãos. Certa vez, numa reunião do ministério, Carey levantou-se e sugeriu que ventilassem este assunto: O dever dos crentes em promulgar o Evangelho às nações pagãs. O venerável presidente da reunião, surpreendido, pôs-se em pé e gritou: "Jovem, sente-se! Quando agradar a Deus converter os pagãos, ele o fará sem o seu auxílio, nem o meu." Porém o fogo continuou a arder na alma de Guilherme Carey. Durante os anos que se seguiram esforçou-se ininterruptamente, orando, escrevendo e falando sobre o assunto de levar Cristo a todas as nações. Em maio de 1792, pregou seu memorável sermão sobre Isaías 54.2,3: "Amplia o lugar da tua tenda, e as cortinas das tuas habitações se estendam; não o impeças; alonga as tuas cordas, e firma bem as tuas estacas. Porque transbordarás à mão direita e à esquerda; e a tua posteridade possuirá as nações e fará que sejam habitadas as cidades assoladas." Discursou sobre a importância de esperar grandes coisas de Deus e, em seguida, enfatizou a necessidade de tentar grandes coisas para Deus. O auditório sentiu-se culpado de negar o Evangelho aos países pagãos, a ponto de "levantar as vozes em choro." Foi então organizada a primeira sociedade missionária na história das igrejas de Cristo para a pregação do Evangelho entre os povos nunca evangelizados. Alguns como Brainerd, Eliot e Schwartz já tinham ido pregar em lugares distantes, mas sem que as igrejas se unissem para sustentá-los. Apesar de a sociedade ser o resultado da persistência e esforços de Carey, ele mesmo não tomou parte na sua formação. O seguinte, porém, foi escrito acerca dele nesse tempo: "Aí está Carey, de estatura pequena, humilde de espírito, quieto e constante; tem transmitido o espírito missionário aos corações dos irmãos, e agora quer que saibam da sua prontidão em ir onde quer que eles desejem, e está bem contente que formulem todos os planos". Nem mesmo com esta vitória, foi fácil para Guilherme Carey concretizar o sonho de levar Cristo aos países que jaziam nas trevas. Dedicava o seu espírito indômito a alcançar o alvo que Deus lhe marcara. A igreja onde pregava não consentia que deixasse o pastorado: somente com a visita dos membros da sociedade a ela é que este problema foi resolvido. No relatório da igreja escreveram: "Apesar de concordar com ele, não achamos bom que nos deixe aquele a quem amamos mais que a nossa própria alma." Entretanto, o que mais sentiu foi quando a sua esposa recusou terminantemente deixar a Inglaterra com os filhos. Carey estava tão certo de que Deus o chamava para trabalhar na Índia que nem por isso vacilou. Havia outro problema que parecia insolúvel: Era proibida a entrada de qualquer missionário na Índia. Sob tais circunstâncias era inútil pedir licença para entrar. Nestas condições, conseguiram embarcar sem esse documento. Infelizmente o navio demorou algumas semanas e, pouco antes de partir, os missionários receberam ordem de desembarcar. A sociedade missionária, apesar de tantos contratempos, continuou a confiar em Deus; conseguiram granjear dinheiro e compraram passagem para a Índia em um navio dinamarquês. Uma vez mais Carey rogou à sua querida esposa que o acompanhasse. Ela ainda persistia na recusa e nosso herói, ao despedir-se dela, disse: "Se eu possuísse o mundo inteiro, daria alegremente tudo pelo privilégio de levar-te e os nossos queridos filhos comigo; mas o sentido do meu dever sobrepuja todas as outras considerações. Não posso voltar para trás sem incorrer em culpa a minha alma." Porém, antes de o navio partir, um dos missionários foi à casa de Carey. Grande foi a surpresa e o regozijo de todos ao saberem que esse missionário conseguiu induzir a esposa de Carey a acompanhar o seu marido. Deus comoveu o coração do comandante do navio a levá-la em companhia dos filhos, sem pagar passagem. Certamente a viagem a vela não era tão cômoda como nos vapores modernos. Apesar dos temporais, Carey aproveitou-se do ensejo para estudar o bengali e ajudar um dos missionários na obra de verter o livro de Gênesis para a língua bengaleza. Guilherme Carey aprendeu suficiente o bengali, durante a viagem, para conversar com o povo. Pouco depois de desembarcar, começou a pregar e os ouvintes vinham para ouvir em número sempre crescente. Carey percebeu a necessidade imperiosa de o povo possuir a Bíblia na própria língua e, sem demora, entregou-se à tarefa de traduzi-la. A rapidez com que aprendeu as línguas da Índia é uma admiração para os maiores lingüistas. Ninguém sabe quantas vezes o nosso herói se mostrou desanimadíssimo na Índia. A esposa não tinha interesse nos esforços de seu marido e enlouqueceu. A maior parte dos ingleses com quem Carey teve contato, o tinham como louco; durante quase dois anos nenhuma carta da Inglaterra lhe chegou às mãos. Muitas vezes faltava aos seus dinheiro e alimento. Para sustentar a família, o missionário tornou-se lavrador da terra e empregou-se em uma fábrica de anil. Durante mais de trinta anos Carey foi professor de línguas orientais no colégio de Fort Williams. Fundou também, o Serampore College para ensinar os obreiros. Sob a sua direção, o colégio prosperou, preenchendo um grande vácuo na evangelização do país. Ao chegar à Índia, Carey continuou os estudos que começara quando menino. Não somente fundou a Sociedade de Agricultura e Horticultura, mas criou um dos melhores jardins botânicos, redigiu e publicou o "Hortus Bengalensis". O livro "Flora Índica", outra de suas obras, foi considerada obra-prima por muitos anos. Não se deve concluir, contudo, que, para Guilherme Carey, a horticultura fosse mais do que um passatempo. Passou, também, muito tempo ensinando nas escolas de crianças pobres. Mas, acima de tudo, sempre lhe ardia no coração o desejo de se esforçar na obra de ganhar almas. Quando um de seus filhos começou a pregar, Carey escreveu: "Meu filho, Félix, respondeu à chamada para pregar o Evangelho". Anos depois, quando esse filho aceitou o cargo de embaixador da Grã Bretanha no Sião, o pai, desapontado e angustiado, escreveu para um amigo: "Félix encolheu-se até tornar-se um embaixador!" Durante o período de quarenta e um anos, que passou na Índia, não visitou a Inglaterra. Falava, embora com dificuldade, mais de trinta línguas da Índia, dirigia a tradução das Escrituras em todas elas e foi apontado ao serviço árduo de tradutor oficial do governo. Escreveu várias gramáticas indianas e compilou notáveis dicionários dos idiomas bengali, marati e sânscrito. O dicionário do idioma bengali consta de três volumes e inclui todas as palavras da língua, traçadas até a sua origem e definidas em todos os seus sentidos. Tudo isto era possível porque sempre economizava o tempo, segundo se deduz do que escreveu seu biógrafo: "Desempenhava estas tarefas hercúleas sem pôr em risco a sua saúde, aplicando-se metódica e rigorosamente ao seu programa de trabalho, ano após ano. Divertia-se, passando de uma tarefa para outra. Dizia que se perde mais tempo, trabalhando inconstante e indolentemente do que nas interrupções de visitas. Observava, portanto, a norma de entrar, sem vacilar, na obra marcada e de não deixar coisa alguma desviar a sua atenção para qualquer outra coisa durante aquele período."O seguinte escrito pedindo desculpas a um amigo pela demora em responder-lhe a carta, mostra como muitas das suas obras avançavam juntas: "Levantei-me hoje às seis, li um capítulo da Bíblia hebraica; passei o resto do tempo, até às sete, em oração. Então assisti ao culto doméstico em bangali, com os criados. Enquanto esperava o chá, li um pouco em persa com um munchi que me esperava; li também, antes de comer, uma porção das Escrituras em industani. Logo depois de comer sentei-me, com um pundite que me esperava, para continuar a tradução do sânscrito para o ramayuma. Trabalhamos até as dez horas, quando então fui ao colégio para ensinar até quase as duas horas. Ao voltar para casa, li as provas da tradução de Jeremias em bengali, só findando em tempo para jantar. Depois do jantar, traduzi, ajudado pelo pundite chefe do colégio, a maior parte do capítulo oito de Mateus em sânscrito. Nisto fiquei ocupado até as seis. Depois das seis assentei-me com um pundite de Telinga, para traduzir do sânscrito para a língua dele. Às sete comecei a meditar sobre a mensagem para um sermão e preguei em inglês, às sete e meia. Cerca de quarenta pessoas assistiram ao culto, entre as quais, um juiz do Sudder Dewany'dawlut. Depois do culto, o juiz contribuiu com 500 rupias para a construção de um novo templo. Todos os que assistiram ao culto tinham saído às nove horas; sentei-me para traduzir o capítulo onze de Ezequiel para o bengali. Findei às onze, e agora estou escrevendo esta carta. Depois, encerrei o dia com oração. Não há dia em que disponha de mais tempo do que isto, mas o programa varia." Com o avançar da idade, seus amigos insistiam em que diminuísse os seus esforços, mas a sua aversão à inatividade era tal, que continuava trabalhando mesmo quando a força física não dava para a necessária energia mental. Por fim, viu-se obrigado a ficar de cama, onde continuava a corrigir as provas das traduções. Finalmente, em 9 de junho de 1834, com a idade de 73 anos, Guilherme Carey dormiu em Cristo. A humildade era uma das características mais destacadas da sua vida. Conta-se que, no zênite da fama, ouviu certo oficial inglês perguntar cinicamente: - "O grande doutor Carey não era sapateiro?" Carey, ao ouvir casualmente a pergunta, respondeu: "- Não, meu amigo, era apenas um remendão." Quando Guilherme Carey chegou à Índia, os ingleses negaram-lhe permissão para desembarcar. Ao morrer, porém, o governo mandou içar as bandeiras a meia haste em honra de um herói que fizera mais para a Índia do que todos os generais britânicos. Calcula-se que traduziu a Bíblia para a terça parte dos habitantes do mundo. Assim escreveu um de seus sucessores, o missionário Wenger: "Não sei como Carey conseguiu fazer nem a quarta parte das suas traduções. Faz cerca de vinte anos (em 1855), que alguns missionários, ao apresentarem o Evangelho no Afeganistão (país da Ásia central), acharam que a única versão que esse povo entendia era o Pushtoo, feita em Sarampore por Carey." O corpo de Guilherme Carey descansa, mas a sua obra continua a servir de bênção a uma grande parte do mundo.

Fonte:Heróis da Fé -Vinte homens extraordinários que incendiaram o mundo Orlando S. Boyer, PÁGINA 67-73)

Davi Brainerd, a Impressionante Historia do Jovem Missionário Junto aos Índios Americanos

 MISSÕES: O DESAFIO CONTINUA HOJE

(1718 – 1747)

Certo jovem, franzino de corpo, mas tendo na alma o fogo do amor aceso por Deus, encontrou-se na floresta, para ele desconhecida. Era tarde e o sol já declinava até quase desaparecer no horizonte, quando o viajante, enfadado da longa viagem, avistou a fumaça das fogueiras dos índios “peles-vermelhas”. Depois de apear e amarrar seu cavalo, deitou-se no chão para passar a noite, agonizando em oração.

Sem ele o saber, alguns dos silvícolas o haviam seguido silenciosamente, como serpentes, durante a tarde. Agora estacionavam atrás dos troncos das árvores para contemplar a cena misteriosa de um vulto de cara pálida, sozinho, prostrado no chão, clamando a Deus.
Os guerreiros da vila resolveram matá-lo, sem demora, pois, diziam, os brancos davam uma aguardente aos peles-vermelhas, para, enquanto bêbados, levar-lhes as cestas e as peles de animais, e roubar-lhes as terras. Mas depois de cercarem furtivamente o missionário, que orava,prostrado, e ouvirem como clamava ao “Grande Espírito”, insistindo que lhes salvasse a alma, eles partiram tão secretamente como chegaram.
No dia seguinte, o moço, não sabendo o que acontecera em redor, enquanto orava no ermo, foi recebido na vila de uma maneira não esperada. No espaço aberto entre as “wigwams” (barracas de peles) os índios o cercaram e o moço, com o amor de Deus ardendo na alma, leu o capítulo 53 de Isaías. Enquanto pregava, Deus respondeu a sua oração da noite anterior e os silvícolas ouviram o sermão, com lágrimas nos olhos.
Esse cara-pálida chamava-se Davi Brainerd. Nasceu em 20 de abril de 1718. Seu pai faleceu quando Davi tinha 9 anos de idade, e sua mãe, filha dum pregador, faleceu quando ele tinha 14 anos.
Acerca de sua luta com Deus, no tempo da sua conversão, na idade de vinte anos, ele escreveu.
“Designei um dia para jejuar e orar, e passei esse dia clamando quase incessantemente a Deus, pedindo misericórdia e que ele abrisse meus olhos para a enormidade do pecado e o caminho para a vida em Jesus Cristo… Contudo, continuei a confiar nas boas obras… Então, uma noite andando na roça, foi me dada uma visão da grandeza do meu pecado, parecendo-me que a terra se abrira por baixo dos meus pès para me sepultar e que a minha alma iria ao Inferno antes de eu chegar em casa… Certo dia, estando longe do colégio, no campo, sozinho em oração, senti tanto gozo e doçura em Deus, que, se eu devesse ficar neste mundo vil, queria permanecer contemplando a glória de Deus. Senti na alma um profundo amor ardente para com todos os homens e anelava que eles desfrutassem desse mesmo amor de Deus.
“No mês de agosto, depois, senti-me tão fraco e doente, como resultado de aplicar-me demais aos estudos, que o diretor do colégio me aconselhou a voltar para casa. Estava tão fraco que tive algumas hemorragias. Senti-me perto da morte, mas Deus renovou em mim o conhecimento e o gosto das coisas divinas. Anelava tanto a presença de Deus e ficar livre do pecado, que, ao melhorar, preferia morrer a voltar ao colégio, e me afastar de Deus…Oh! uma hora com Deus excede infinitamente todos os prazeres do mundo.”
De fato, depois de voltar ao colégio, Brainerd esfriou em espírito, mas o Grande Avivamento, dessa época, alcançou a cidade de New Haven, o colégio de Yale e o coração de Davi Brainerd. Ele tinha o costume de escrever diariamente uma relação dos acontecimentos mais importantes da sua vida, passados durante o dia. É por esses diários escritos para si próprio e não para o mundo ler, que sabemos da sua vida íntima de profunda comunhão com Deus. Os seguintes poucos trechos servem como amostras do que ele escreveu em muitas páginas de seu diário e descobrem algo de sua luta com Deus, enquanto estudava para o ministério:
“Fui tomado repentinamente pelo horror da minha miséria. Então clamei a Deus, pedindo que me purificasse da minha extrema imundícia. Depois a oração se tornou mui preciosa para mim. Ofereci-me alegremente para passar os maiores sofrimentos pela causa de Cristo, mesmo que fosse para ser desterrado entre os pagãos, desde que pudesse ganhar suas almas. Então Deus me deu o espírito de lutar em oração pelo reino de Cristo no mundo.
“Retirei-me cedo, de manhã, para a floresta, e foi-me concedido fervor em rogar pelo avanço do reino de Cristo no mundo. Ao meio-dia, ainda combatia em oração a Deus, e sentia o poder do divino amor na intercessão.
“Passei o dia em jejum e oração, implorando que Deus me preparasse para o ministério, e me concedesse auxílio divino e direção, e que ele me enviasse para a seara no dia que ele designasse. Pela manhã, senti poder na intercessão pelas almas imortais e pelo progresso do reino do querido Senhor e Salvador no mundo… À tarde, Deus estava comigo de verdade. Quão bendita a sua companhia! Ele me concedeu agonizar em oração até ficar com a roupa encharcada de suor, apesar de eu me achar na sombra, e de soprar um vento fresco. Sentia a minha alma grandemente extenuada pela condição do mundo: esforçava-me para arrebatar multidões de almas. Sentia-me mais dilatado pelos pecadores do que pelos filhos de Deus, contudo anelava gastar a minha vida clamando por ambos.”Passei duas horas agonizando pelas almas imortais. Apesar de ser ainda muito cedo, meu corpo estava molhado de suor… Se eu tivesse mil vidas, a minha alma as teria dado pelo gozo de estar com Cristo…
“Dediquei o dia para jejuar e orar, implorando a Deus que me dirigisse e me abençoasse na grande obra que tenho perante mim, a de pregar o Evangelho. Ao anoitecer, o Senhor me visitou maravilhosamente na oração; senti a minha alma angustiada como nunca… Senti tanta agonia que me achava ensopado de suor. Oh! e Jesus suou sangue pelas pobres almas! Eu anelava mostrar mais e mais compaixão para com elas.
“Cheguei a saber que as autoridades esperam a oportunidade de me prender e encarcerar por ter pregado em New Haven. Fiquei mais sóbrio e abandonei toda a esperança de travar amizade com o mundo. Retirei-me para um lugar oculto na floresta e coloquei o caso perante Deus.”
Completados os seus estudos para o ministério, ele escreveu:
“Preguei o sermão de despedida ontem, à noite. Hoje, pela manhã orei em quase todos os lugares por onde andei, e, depois de me despedir dos amigos, iniciei a viagem para o habitat dos índios.”
Essas notas do diário revelam, em parte, a sua luta com Deus enquanto estudava para o ministério. Um dos maiores pregadores atuais, referindo-se a esse diário, declarou: “Foi Brainerd quem me ensinou a jejuar e orar. Cheguei a saber que se fazem maiores coisas por meio de contato cotidiano com Deus do que por pregações.”
No início da história da vida de Brainerd, já relatamos como Deus lhe concedeu entrada entre os silvícolas violentos, em resposta a uma noite de oração, prostrado em terra, nas profundezas da floresta. Mas, apesar de os índios lhe darem a toda hospitalidade, concedendo-lhe um lugar para dormir sobre um pouco de palha e, ouvirem o sermão, comovidos, Brainerd não estava satisfeito e continuava a lutar em oração, como revela seu diário:
“Continuo a sentir-me angustiado. À tarde preguei ao povo, mas fiquei mais desanimado acerca do trabalho do que antes; receio que seja impossível alcançar as almas. Retirei-me e derramei a minha alma pedindo misericórdia, mas sem sentir alívio.
“Completo vinte e cinco anos de idade hoje. Dói-me a alma ao pensar que vivi tão pouco para a glória de Deus. Passei o dia na floresta sozinho, derramando a minha queixa perante o Senhor.
“Cerca das nove horas, saí para orar na mata. Depois do meio-dia, percebi que os índios estavam se preparando para uma festa e uma dança… Em oração, senti o poder de Deus e a minha alma extenuada como nunca antes na minha vida. Senti tanta agonia e insisti com tanta veemência que, ao levantar-me, só consegui andar com dificuldade. O suor corria-me pelo rosto e pelo corpo. Reconheci que os pobres índios se reuniam para adorar demônios e não a Deus; esse foi o motivo de eu clamar a Deus, que se apressasse em frustrar a reunião idólatra. Assim, passei a tarde orando incessantemente, pedindo o auxílio divino para que eu não confiasse em mim mesmo. O que experimentei, enquanto orava, foi maravilhoso. Parecia-me que não havia nada de importância em mim, a não ser santidade de coração e vida, e o anelo pela conversão dos pagãos a Deus. Desapareceram todos os cuidados, receios e anelos; todos juntos pareciam-me de menor importância que o sopro do vento. Anelava que Deus adquirisse para si um nome entre os pagãos e lhe fiz o meu apelo com a maior ousadia, insistindo em que ele reconhecesse que eu ‘o preferia à minha maior alegria.’ De fato, não me importava onde ou como morava, nem da fadiga que tinha de suportar, se pudesse ganhar almas para Cristo. Continuei assim toda a tarde e toda a noite.”
Assim revestido, Brainerd, pela manhã, voltou da mata para enfrentar os índios, certo de que Deus estava com ele, como estivera com Elias no monte Carmelo. Ao insistir com os índios para que abandonassem a dança, eles, em vez de matá-lo, desistiram da orgia e ouviram a sua pregação, de manhã e à tarde.
Depois de sofrer como poucos sofrem, depois de se esforçar de noite e de dia, depois de passar horas inumeráveis em jejum e oração, depois de pregar a Palavra “a tempo e fora de tempo”, por fim, abriram-se os céus e caiu o fogo. Os seguintes excertos do seu diário descrevem algumas dessas experiências gloriosas:
“Passei a maior parte do dia em oração, pedindo que o Espírito fosse derramado sobre o meu povo… Orei e louvei com grande ousadia, sentindo grande peso pela salvação das preciosas almas.
“Discursei à multidão extemporaneamente sobre Isaías 53.10: Todavia, o Senhor agradou moê-lo’. Muitos dos ouvintes entre a multidão de três a quatro mil, ficaram comovidos a ponto de haver um ‘grande pranto, como o pranto de Hadadrimom’. [Ver Zacarias 12.11)
“Enquanto eu andava a cavalo, antes de chegar ao lugar para pregar, senti o meu espírito restaurado e a minha alma revestida com o poder para clamar a Deus, quase sem cessar, por muitos quilômetros a fio.
“De manhã, discursei aos índios onde nos hospedamos. Muitos ficaram comovidos e, ao falar-lhes acerca da salvação da sua alma, as lágrimas correram abundantemente e eles começaram a soluçar e a gemer. À tarde, voltei ao lugar onde lhes costumava pregar; eles ouviram com a maior atenção quase até o fim. Nem a décima parte dos ouvintes pôde conter-se de derramar lágrimas e clamar amargamente. Quanto mais eu falava do amor e compaixão de Deus, ao enviar seu Filho para sofrer pelos pecados dos homens, tanto mais aumentava a angústia dos ouvintes. Foi para mim uma surpresa notar como seus corações pareciam traspassados pelo terno e comovente convite do Evangelho, antes de eu proferir uma única palavra de terror.
“Preguei aos índios sobre Isaías 53.3-10. Muito poder acompanhava a Palavra e houve grande convicção entre os ouvintes; contudo, não tão geral como no dia anterior. Mas a maioria ficou comovida e em grande angústia de alma; alguns não podiam caminhar, nem ficar em pé: caíam no chão como se tivessem o coração traspassado e clamavam sem cessar, pedindo, misericórdia… Os que vieram de lugares distantes foram levados logo à convicção, pelo Espírito de Deus.
“À tarde, preguei sobre Lucas 15.16-23. Havia muita convicção visível entre os ouvintes, enquanto eu discursava; mas, ao falar particularmente, depois, a alguns que se mostravam comovidos, o poder de Deus desceu sobre o auditório ‘como um vento veemente e impetuoso e varreu tudo de uma maneira espetacular.
“Fiquei em pé, admirado da influência que se apoderou do auditório quase totalmente. Parecia, mais que qualquer outra coisa, a força irresistível de uma grande correnteza, ou dilúvio crescente, que derrubava e varria tudo que encontrava na sua frente.
“Quase todos oravam e clamavam, pedindo misericórdia, e muitos não podiam ficar em pé. A convicção que cada um sentiu foi tão grande, que pareciam ignorar por completo os outros em redor, mas cada um continuava a orar por si mesmo.
“Lembrei-me de Zacarias 12.10-12, porque havia grande pranto como o pranto de ‘Hadadrimom’, parecendo que cada um pranteava à parte.
“Parecia-me um dia muito semelhante ao dia em que Deus mostrou seu poder a Josué (Josué 10.14), porque era um dia diferente de qualquer dia que tinha presenciado antes, um dia em que Deus fez muito para destruir o reino das trevas entre esse povo”.
É difícil reconhecer a magnitude da obra de Davi Brainerd entre as diversas tribos de índios, nas profundezas das florestas; ele não entendia os seus idiomas. Se lhes transmitia a mensagem de Deus ao coração, deveria achar alguém que pudesse servir como intérprete. Passava dias inteiros simplesmente orando para que viesse sobre ele o poder do Espírito Santo com tanto poder, que esse povo não pudesse resistir à mensagem. Certa vez teve que pregar por meio de um intérprete tão bêbado, que quase não podia ficar em pé, contudo, vintenas de almas foram convertidas por esse sermão.
Ele andava, às vezes, perdido de noite no ermo, apanhando chuva e atravessando montanhas e pântanos. Franzino de corpo, cansava-se nas viagens. Tinha que suportar o calor do verão e o intenso frio do inverno. Dias a fio passava-os com fome. Já começava a sentir a saúde abalada e estava a ponto de casar-se (sua noiva era Jerusa Edwards, filha de Jônatas Edwards) e estabelecer um lar entre os índios convertidos ou voltar e aceitar o pastorado de uma igreja que o convidava. Contudo, reconhecia que não podia viver, por causa da sua doença, mais que um ou dois anos e resolveu então ”arder até o fim”.
Assim, depois de ganhar a vitória em oração, clamou: “Eis-me aqui, Senhor, envia-me a mim até os confins da terra; envia-me aos selvagens do ermo; envia-me para longe de tudo que se chama conforto da terra; envia-me mesmo para a morte, se for no teu serviço e para promover o teu reino…”
Então acrescentou: “Adeus amigos e confortos terrestres, mesmo os mais anelados de todos. Se o Senhor quiser, gastarei a minha vida, até os últimos momentos, em cavernas e covas da terra, se isso servir para o progresso do Reino de Cristo.”
Foi nessa ocasião que escreveu: “Continuei lutando com Deus em oração pelo rebanho aqui e, especialmente, pelos índios em outros lugares, até a hora de deitar-me. Oh! como senti ser obrigado a gastar o tempo dormindo! Anelava ser uma chama de fogo, constantemente ardendo no serviço divino e edificando o reino de Deus, até o último momento, o momento de morrer.”
Por fim, depois de cinco anos de viagens árduas no ermo, de aflições inumeráveis e de sofrer dores incessantes no corpo, Davi Brainerd, tuberculoso e com as forças físicas quase inteiramente esgotadas, conseguiu chegar à casa de Jônatas Edwards.
O peregrino já completara a sua carreira terrestre e esperava o carro de Deus para levá-lo à Glória. Quando, no seu leito de sofrimento, viu alguém entrar no quarto com a Bíblia, exclamou: “Oh! o querido Livro! Breve hei de vê-lo aberto. Os seus mistérios me serão então desvendados!”
Minguando sua força física e aumentando sua percepção espiritual, falava com mais e mais dificuldade: “Fui feito para a eternidade. Como anelo estar com Deus e prostrar-me perante Ele! Oh! que o Redentor pudesse ver o fruto do trabalho da sua alma e ficar satisfeito!   Oh! vem,Senhor Jesus! Vem depressa! Amém!” – e dormiu no Senhor.
Depois desse acontecimento, a noiva de Brainerd, Jerusa Edwards, começou a murchar como uma flor e, quatro meses depois também foi morar na cidade celeste. Dum lado do seu túmulo, está o de Davi Brainerd e do outro lado está o túmulo de seu pai, Jônatas Edwards.
O desejo veemente da vida de Davi Brainerd era o de arder como uma chama, por Deus, até o último momento, como ele mesmo dizia: “Anelo ser uma chama de fogo, constantemente ardendo no serviço divino, até o último momento, o momento de falecer.”
Brainerd findou a sua carreira terrestre aos vinte e nove anos. Contudo apesar de sua grande fraqueza física, fez mais que a maioria dos homens faz em setenta anos.
Sua biografia, escrita por Jônatas Edwards e revisada por João Wesley, teve mais influência sobre a vida de A. J. Gordon do que qualquer outro livro, exceto a Bíblia. Guilherme Carey leu a história da sua obra e consagrou a sua vida ao serviço de Cristo, e nas trevas da Índia! Roberto McCheyne leu o seu diário e gastou a sua vida entre os judeus. Henrique Martyn leu a sua biografia e se entregou para consumir-se dentro de um período de seis anos e meio no serviço de seu Mestre, na Pérsia.
O que Davi escreveu a seu irmão, Israel Brainerd, é para nós um desafio à obra missionária: “Digo, agora, morrendo, não teria gasto a minha vida de outra forma, nem por tudo que há no mundo.”
Fonte: Livro “Heróis da Fé” de Orlando S. Boyer.

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *