quinta-feira, 6 de outubro de 2016

HERESIAS CONTEMPORÂNEAS



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Por Vinicius Couto

Introdução

A Bíblia trata do caráter apologético das doutrinas centrais da fé cristã em praticamente todos os seus livros do Novo Testamento. Desde a ressurreição de Cristo, muitas heresias se introduziram no meio da Igreja. Embora os Apóstolos, os pais apostólicos, os pais apologistas e os pais polemistas tenham lutado pela fé que uma vez nos foi dada, alguns resquícios dessas falsas doutrinas permaneceram e/ou evoluíram para os séculos posteriores.

Na presente era da Igreja, encontramos esses resíduos primitivos em conceitos teológicos profundamente equivocados. Os atributos de Deus são confundidos em muitas seitas pseudo-cristãs. A natureza de Cristo ainda sofre má interpretação em relação a Sua divindade e humanidade. O Espírito Santo é questionado em alguns grupos religiosos. A doutrina da graça ainda é pervertida. O cânon das Escrituras continua a ser atacado por alguns supostos cristãos. Certos homens insistem em recosturar o véu. A simonia permanece desgraçando a autenticidade do cristianismo.

No presente artigo poderemos ver que, na ânsia de alguns em querer reinventar a roda, trouxeram à tona heresias que não possuem nada de novo. São apenas continuações ou evoluções de ideias antigas, as quais permearam os primeiros cinco séculos da era cristã.

MISTICISMO E REVELAÇÕES


A maioria das heresias ocorre em virtude da ênfase exageradamente mística que alguns dão à religiosidade.[1] É certo que Deus é um ser pessoal e que se relaciona com seu povo. Todavia, devemos buscar explicações para nossas experiências à luz da Palavra de Deus e não vice-versa. Berkhof diz que, esta “posição deve ser sustentada em oposição a todas as classes de místicos”, pois eles alegam revelações especiais, bem como um conhecimento metafísico não mediado pela Palavra de Deus, o que pode nos levar “a um oceano de ilimitado subjetivismo”.[2]

Essa influência parte de um dos primeiros grupos heréticos que os cristãos tiveram que enfrentar: os gnósticos. Este termo deriva do grego, gnosis, que significa conhecimento. Tais pessoas acreditavam que existia uma revelação secreta e que somente pessoas especiais tinham o privilégio de ter acesso a elas. Para isso, usavam da astrologia, ocultismo, numerologia e outras práticas de adivinhação. Eles também negavam a natureza humana de Jesus. Era contra esse grupo que o Apóstolo João escrevia alertando os cristãos primitivos (1 Jo 4.1-3).

Os “cristãos” gnósticos provavelmente foram influenciados pelas religiões de mistério que os romanos haviam importado.[3] Dentre elas, podemos citar o mitraísmo, uma religião da antiga Pérsia e da Índia e que tinha muita popularidade entre os soldados romanos. Segundo essa religião, Mitra era o deus da luz e da sabedoria, o qual matou o touro sagrado. Logo após mata-lo, saíram todas as espécies boas da fauna e da flora do cadáver do touro. Eles acreditavam, ainda, que a imortalidade era era recebida através de rituais e de um rigoroso sistema ético.[4]

Na história da Igreja, alguns movimentos deram maior ênfase ao relacionamento pessoal com Deus, a fim de vivermos uma vida mais piedosa. O pietismo foi um desses. Ao passo que os luteranos haviam se dedicado ao conhecimento intelectual das doutrinas e haviam entrado num estado de relapso prático, numa espécie de secularização da igreja, o grupo citado buscava algo mais equilibrado, isto é, mais piedade e intimidade com Deus, sem no entanto, cair num cristianismo superficial.[5] Após estes, podemos citar os moravianos e o movimento wesleyano, os quais deram forte influência para o movimento pentecostal clássico.

Apesar de movimentos legítimos como os que foram citados, outros acabaram se desviando dos fundamentos escrituríticos. O descuido empírico levou muitas pessoas a afirmarem aberrações teológicas e até mesmo a negarem Cristo, como é o caso do islamismo. Experiências angelicais, como aconteceu no mormonismo, levou Joseph Smith a se afastar da ortodoxia e a contaminar a mentalidade de vários desconhecedores da Palavra de Deus (cf Gl 1.8).

Lutero, afirmando o princípio sola scriptura, tomou uma medida drástica contra as experiências extra-bíblicas: “Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida quanto para a que há de vir”.[6]

GRAÇA BARATA


É assim que poderíamos conceituar os ensinos do pregador cingapuriano Joseph Prince contidos em seu Best-seller “Destined to Reign” (Destinados a Reinar). A expressão “graça barata” foi cunhada pela primeira vez pelo teólogo alemão, Dietrich Bonhoeffer. Para ele, “A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, o batismo sem a disciplina comunitária, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado”.[7] A graça barata tem sido mais chamada de “hipergraça” atualmente, tendo em vista a ênfase que seus proponentes dão nas conquistas do sacrifício de Cristo a despeito da santificação.

Prince ensina que nossos pecados do passado, presente e futuro já foram perdoados e que desta forma não é mais necessário que um cristão peça perdão a Deus caso venha a pecar. Além disso, ele crê que Deus não pune o homem por suas falhas e encontra apoio para esse argumento nas epístolas paulinas. Segundo ele, os demais livros são legalistas e não expressam genuinamente a graça de Deus, o qual até era punitivo e agia com justiça na Antiga Aliança, mas que na Nova a graça é o atributo em evidência. Ele baseia toda sua doutrina em torno de uma “graça” mal compreendida.[8]

Os ensinos de Prince, além de conduzirem ao antinomianismo, resgatam alguns aspectos da velha heresia marcionista. Marcião ensinava que os livros do Antigo Testamento estavam ultrapassados e rejeitava-os, usando seu próprio compêndio de livros sacros, os quais compreendiam o Evangelho de Lucas e as cartas de Paulo, exceto as pastorais. Ele propagava uma contradição de dois deuses: um Demiurgo inferior que criou o universo, o Deus do judaísmo (severo e manifesto na Lei) e um Deus supremo, cheio de graça e amor redentor, revelado em Cristo. Ele tinha convicção de que estava restaurando o “puro Evangelho”.[9]

Outra heresia relacionada a graça divina foi a de um grupo chamado em Apocalipse de Nicolaítas (Ap 2.6,15). A interpretação dessa passagem é analisada em pelo menos três perspectivas: 1) eram seguidores de Nicolau, um dos sete que foram designados diáconos em At 6 e que acabou deixando a ortodoxia; 2) gnósticos que queriam se infiltrar na igreja e 3) pessoas que seguiam o ensinamento de falsos Apóstolos e de Balaão.[10]

Embora não haja consenso sobre a origem dos nicolaítas, sabemos que eles pregavam uma versão inovadoramente imoral do Cristianismo. Era um evangelho sem exigências, liberal e sem proibições, no qual queriam gozar o melhor da igreja e o melhor do mundo. Eles incentivavam os crentes a comer comidas sacrificadas aos ídolos e diziam que o sexo antes e fora do casamento não era pecado, estimulando a imoralidade.[11]

Clemente de Alexandria disse que Nicolau (ele cria que fosse um dos sete diáconos) foi repreendido por se enciumar de sua mulher que era muito bonita. Respondendo a essa reprovação, ele disse que quem quisesse poderia tomá-la como esposa, ou seja, ter relações sexuais com ela. Clemente acrescenta, ainda, que Nicolau passou a ensinar que os apóstolos tinham permitido relações promíscuas e comunitárias com as mulheres.[12]

Eusébio de Cesaréia confirma a citação de Clemente em sua história eclesiástica. Entretanto, alega ter pesquisado sobre a vida de Nicolau e descobriu que, embora este tenha ensinado que “cada um deve ofender a própria carne”, ele mesmo não viveu com outra mulher a não ser sua esposa, manteve suas filhas em virgindade até idade avançada, bem como seu filho incorrupto. Eusébio entende que Nicolau tenha permitido sua mulher se relacionar com outros homens para suprimir sua paixão carnal e os prazeres que buscava com tamanho empenho.[13]

Infelizmente, alguns seguiram a prática nicolaíta e se entregaram às paixões sob a alegação de que a carne para nada se aproveita. Easton disse que “eles se pareciam com uma classe de cristãos professos, que procuravam introduzir na igreja uma falsa liberdade ou licenciosidade, desta forma abusando da doutrina da Graça ensinada por Paulo”.[14]

Kistemaker, entretanto, faz uma excelente colocação sobre o tema. Segundo ele, os crentes de Éfeso odiavam as obras dos nicolaítas e além de serem elogiados por conta disso, Jesus acrescenta que Ele odeia igualmente essas obras. “Note que o ódio é direcionado para as obras, não para pessoas. Jesus odeia o pecado, porém estende seu amor para o pecador. Enquanto o pecado é uma afronta a sua santidade, a missão de Jesus é conduzir os pecadores ao arrependimento”.[15]

JUDAIZANTES


Se por um lado “se introduziram furtivamente certos homens (…) ímpios, que convertem em dissolução a graça de nosso Deus, e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo” (Jd 4), por outro vieram alguns que tentaram recosturar o véu que foi rasgado de alto abaixo no dia da expiação de Cristo.

Alguns grupos judaizantes da atualidade criaram doutrinas singulares, tais como negar o uso do nome Jesus no idioma português, sob o pretexto de que esse nome deriva da forma grega iesus, cujo significado seria deus-cavalo (para eles deve-se usar todos os nomes bíblicos no idioma hebraico), sistematizar o Espírito Santo num entendimento unicista, negar a fórmula batismal de Mt 28.19,20, negar a inspiração dos livros neotestamentários, além de dogmatizar a guarda do sábado.[16]

Israel é uma nação de importância histórica, política, econômica, militar e religiosa. Foi lá o berço do monoteísmo e também lá que nasceram homens que marcaram suas gerações. O judaísmo tinha aspectos de uma Aliança feita de Deus para com os homens, todavia, esses aspectos eram sombras que apontavam para o futuro, para uma Nova Aliança ratificada e firmada pelo Sangue do Cordeiro Jesus Cristo (Cl 2.17). Embora o cristianismo traga consigo a história dos hebreus, é peculiar e diferente do judaísmo.

Nos primeiros anos da jovem Igreja fundada por Cristo e dirigida pelo Espírito Santo, alguns homens que se converteram religiosamente ao cristianismo, não quiseram abrir mão de alguns aspectos do judaísmo farisaico e fizeram de tudo para misturar o Evangelho puro e simples com a Lei de Moisés. Essa controvérsia trouxe sérios aborrecimentos ao Apóstolo Paulo, o qual exortou irmãos que estavam deixando a doutrina de Cristo para ir após outro evangelho em sua carta aos gálatas.

As principais religiões judaicas do primeiro século da era cristã eram os fariseus, saduceus, zelotes e essênios. Cada um desses grupos tinham costumes que lhes eram próprios e com a proliferação do cristianismo para os gentios, houve um grande choque cultural entre estes e os judeus, os quais quiseram impor a continuação da circuncisão.

Esta discrepância doutrinária trouxe uma discussão acalorada entre Paulo, Silas e os fariseus recém-convertidos. Tal controvérsia só pôde ser apaziguada em uma reunião conciliatória em Jerusalém por volta do ano 51. d.C.. Embora este concílio tenha definido as contramedidas solucionadoras, algumas práticas judaizantes insistem em bater a nossa porta nos dias de hoje.

FALSOS CRISTOS E FALSOS PROFETAS


Vez ou outra aparece alguém com ideias absurdamente loucas, se autoproclamando um emissário de Deus, um profeta especial ou até mesmo Cristo. Na Sibéria, por exemplo, um homem chamado Sergei Torop passou por uma experiência mística em Maio de 1990. Nessa ocasião, ele alega ter recebido uma revelação de que é a reencarnação de Jesus e tem arrebatado milhares de seguidores pelo mundo.

Além dele, outros homens fizeram a mesma exposição. Podemos destacar o inglês David Shapler, o americano Ernest L. Norman, o cômico brasileiro INRI Cristo, o suicida Jim Jones, o japonês já morto Shoko Asahara, o americano Michel Travesser e o porto-riquenho José Luís de Jesus Miranda (o mais perigoso entre eles).[17]

Champlin ainda enumera pelo menos seis falsos Cristos da antiguidade, a saber: Teudas (44 d.C.), Barcocabe (132 d.C.), Moisés cretense (400 d.C.), Davi Alroy (1160 d.C.), Asher Lammlein (1502 d.C.) e Sabbethai Zebi (1625-1676 d.C.).[18] Desde o século XIX podemos também destacar outros nomes: John Nichols Thom (1799-1838), Arnold Potter (1804-1872), Bahá’u’lláh (1817-1892), William W. Davies (1833-1906), Mirza Ghulam Ahmad, (1835-1908) e Lou de Palingboer (1898-1968).[19]

Outra pessoa que teve certa expressividade no Brasil foi o fundador da Igreja da Unificação, o Reverendo Sun Myung Moon. Ele alegava ter sido comissionado pelo próprio Jesus enquanto ainda era um espírito vagante para completar a missão messiânica, pois Cristo não teria conseguido termina-la por completo. [20] O unificacionismo ensina que a missão de Cristo era estabelecer uma nova humanidade, casando-se e tendo filhos purificados da natureza satânica implantada no homem através da queda de Adão.[21] A culpa da missão inacabada de Cristo era de João Batista que deveria ter seguido Jesus logo após batiza-lo. Dessa forma, Moon se auto declarava o paracleto de Deus.

Entre os anos 120 e 180 da era cristã, viveu Montano, um profeta da Frígia que tinha profecias e revelações sobre a segunda vinda, além de outras ideias inovadoras. Ele denominou-se o “paracleto”, isto é, aquele em quem se iniciaria e se findaria o ministério do Espírito Santo. Ele acreditava ser o consolador prometido.[22] Tertuliano, um dos mestres da igreja acabou se aliando ao montanismo no final de sua vida.

BATALHA ESPIRITUAL


Existe um movimento no evangelicalismo pós-moderno que trouxe consigo uma gama de heresias problemáticas. Estamos nos referindo ao movimento de batalha espiritual. Este movimento consiste em enfatizar a guerra que os crentes enfrentam a todo o momento com satanás e suas hostes malignas. Possui uma visão dualística do reino de Deus.

A existência de anjos, demônios e de tentativas do inimigo de nossas almas em frustrar a propagação do Evangelho é inegável. Paulo estava preso quando escreveu sua epístola aos efésios e nessa ocasião tranquilizou-os sobre sua situação. O fato de ter sido preso não deveria desmotivar os demais irmãos na continuação da missão da Igreja. Destarte, ele avisa àqueles irmãos que, embora ele tenha sido perseguido pelos soldados romanos, seus reais adversários não eram eles e sim as hostes espirituais da maldade (Ef 6.12).

Não era necessário tomar espadas e combater líderes religiosos, políticos, soldados ou pessoas que não criam na mensagem de Boas Novas. Aliás, as armas da milícia de Cristo não são carnais, mas espirituais e poderosas o suficiente para derrubar raciocínios errados, bem como todo baluarte que se ergue contra o conhecimento de Cristo (2 Co 10.4,5).

Após observar os soldados que lhe guardavam no cárcere, Paulo ainda compara suas armas com nosso equipamento bélico espiritual. Ao invés de uma couraça de metal, devemos utilizar a couraça da justiça. Verdade ao invés de cinto. A pregação do Evangelho a toda criatura ao invés de sandálias de couro. A Palavra de Deus ao invés de um gládio romano. A fé ao invés de um escudo. Uma mente renovada em Cristo ao invés de um capacete.

O movimento da batalha espiritual é cheio de ramificações. O Dr. Augustus Nicodemus cita em seu livro “O Que Você Precisa Saber Sobre Batalha Espiritual” um estudo do Professor do Christian Counseling & Educational Foundation (CCEF), David Powlison, no qual são citadas quatro linhas do movimento em questão: 1) Os carismáticos, representado dentre várias personalidades por Benny Hinn; 2) Os dispensacionalistas, de orientação não-carismática, com uma filosofia menos fantástica e mais concentrada em aconselhamento pastoral e oração em favor pelos oprimidos, cujos proponentes mais conhecidos são Mike Bubeck e Merril Unger; 3) Uma linha mais moderada com representantes como Neil Anderson, Timothy Warner e Ed Murphy e 4) a que tem mais popularidade no Brasil, identificada com o diretor de Escola de Missões Mundiais do Seminário Fuller, C. Peter Wagner [23].

As principais controvérsias do movimento de batalha espiritual, são portanto, ensinos como mapeamento espiritual, espíritos territoriais, quebra de maldições, maldições hereditárias, transferências de espíritos, terceirização da culpa pelo pecado (tudo passa a ser culpa do diabo, inclusive as obras da carne), revelações demoníacas, criaturas místicas e folclóricas (lobisomens, vampiros e zumbis), supervalorização dos demônios em detrimento de Cristo, bem como atribuições de super poderes às hostes do mal.

O movimento da batalha espiritual acaba por resgatar um tipo de heresia que já foi combatida há séculos pela Igreja: o Maniqueísmo. Esse foi o movimento fundado por Mani, que foi considerado com o último dos gnósticos. Ele nasceu por volta de 216 d.C. na Babilônia e ensinava que Deus usou diversos servos, como Buda, Zoroastro, Jesus e, finalmente, ele mesmo, o profeta final (paracleto, como ele afirmava).

Dizia, ainda, que o universo é dualista, isto é, existem duas linhas morais em existência, distintas, eternas e invictas: a luz e as trevas. Segundo os maniqueístas, essas duas forças cósmicas eram iguais, porém, opostas entre si.[24] As ideias de Mani foram refutadas por Orígenes e Agostinho, sendo ainda rejeitadas pela Igreja por contrariar a Soberania de Deus em controlar todas as coisas, além de ser satanás uma mera criatura, diferentemente da forma como o consideravam.

Apesar dos exageros do movimento de guerra espiritual, “precisamos nos guardar contra dois perigos extremos. Não podemos tratá-lo com muita leviandade, para não subestimar seus perigos. Por outro lado, também não podemos nos interessar demais por ele”. [25]

Finalizando esta seção, é válido comentar que, a Bíblia afirma ainda que o adversário das nossas almas é astuto, isto é, possui uma habilidade para enganar as pessoas de forma inteligente e usa de ciladas, armadilhas bem elaboradas, como fez com Eva no jardim do Éden (Gn 3.1; Ef 6.11).

Todavia, o diabo não é invencível. Jesus riscou o escrito de dívida que era contra nós, cravando-o na cruz, onde despojou os principados e as potestades, exibiu-os publicamente e deles triunfou (Cl 2.14,15). Além disso, aguardamos o cumprimento da promessa de que “o Deus de paz em breve esmagará a Satanás debaixo dos nossos pés” (Rm 16.20 – paráfrase de nossos em vossos).


A DIVINDADE DE CRISTO


As principais heresias cristológicas dos tempos hodiernos são as das Testemunhas de Jeová. Esequias Soares escreveu uma excelente obra esgotando cada uma das controvérsias jeovistas. As TJ’s não creem que Jesus é Deus e traduziram Jo 1.1 como sendo Jesus “um deus”, admitindo uma espécie de henoteísmo, isto é, um politeísmo em que existe um deus superior a outros deuses súditos menores do que ele.[26]

Na concepção jeovista, portanto, Jesus é um deus inferior a Jeová, bem como criatura sua. Essa alegação fica ainda pior quando admitem satanás sendo um terceiro deus, baseados em 2 Co 4.4. Jesus e Cristo são duas coisas distintas na concepção das TJ’s. Ele teria se tornado Cristo somente após o batismo no Jordão. Depois de sua morte, o Jesus de Nazaré terrestre não fora ressuscitado, isto é, não houve ressurreição corporal, apenas espiritual. Afirmam, ainda, que a verdadeira identidade de Jesus é outra. Ele seria na verdade o Arcanjo Miguel.[27]

Uma vez negada a divindade de Cristo, a doutrina cristã da Trindade fica ausentada de uma pessoa, Cristo. Mas não é apenas Ele que fica fora de Seu posto. O Espírito Santo também. Para a doutrina jeovista, o Espírito Santo é nada mais, nada menos que uma força ativa impessoal.

Além disso, eles negam alguns atributos incomunicáveis de Deus (entenda-se aqui Jeová), alegando que Ele não é onipresente porque tem morada e não é onisciente porque não sabe o futuro e não sabia o resultado da prova de Abraão.[28]

Não é objetivo deste artigo analisar as heresias da Sociedade Torre de Vigia, pois além de falta de espaço sairia de nosso propósito inicial. Entretanto, como se vê, as TJ’s afetam não apenas doutrinas cristológicas, mas paracletológicas, teontológicas, soteriológicas, hamartiológicas e escatológicas também. Isso sem falar de outras heresias não citadas.

Destarte, mostraremos que as heresias expostas aqui possuem considerável tempo de existência e embora tenham sido descartadas pelos primeiros cristãos, sofreram mutações e fundições no arraial jeovista.

A primeira delas foi a controvérsia conhecida como arianismo. Ário foi presbítero de Alexandria. Ele ensinava que Jesus Cristo era um ser criado e que encarnou num corpo humano que faltava uma alma racional. Sua profissão de fé declarava que ele reconhecia apenas um único Deus que é o único não gerado (auto-existente), único eterno, único sem começo, único verdadeiro, único detentor de imortalidade, único sábio, único bom, único juiz, etc. O Filho então, na visão ariana, seria uma criatura formada a partir do nada e sem nenhum dos atributos incomunicáveis da divindade (sempiterno, onipotente, onisciente, onipresente).[29]

Nestório ensinava que existiam as duas naturezas (humana e divina), porém, negava que ambas as naturezas compunham uma verdadeira unidade. Assim sendo, ele acabou ensinando que as duas naturezas eram duas pessoas. Para ele, Jesus era um hospedeiro de Cristo.[30]

Os monarquianistas dinâmicos (ou adocianistas) diziam que Cristo tinha assumido a forma divina somente após o batismo. Para eles, Jesus era um homem comum e que depois foi escolhido ou adotado como filho de Deus.[31]

Além das controvérsias já citadas, muitas outras confusões foram feitas sobre a natureza de Cristo. Os ebionitas entendiam que Jesus fosse apenas humano; Os docetas criam que Ele fosse apenas divino e que Seu sofrimento tinha sido apenas simbólico; Os eutiquianistas (monofisistas) ensinavam, à semelhança dos atuais localistas, uma natureza amalgamada. Os apolinarianistas negavam a natureza humana completa de Jesus, alegando que o Logos substituiu a alma humana de Cristo; cria-se, ainda, que Seu corpo era glorificado antes da ressurreição. Os sabelianos (monarquianistas modalistas ou somente modalistas) diziam ser Cristo o segundo modo das três sucessivas manifestações de Deus. Os patripassianistas, uma variante desta última, ensinavam que o próprio Pai havia morrido na cruz (patripassianismo).

Conclusão

Olhar para o passado nos ajuda a refletir sobre o presente e a pensar como queremos ser no futuro. Estudar as heresias primitivas nos capacita a entender o reflexo de suas controvérsias na atualidade e prevenir futuros resgates do que já foi antes rejeitado.

Embora dezenas de heresias tenham sido citadas aqui, muitas outras ainda ficaram faltando. Algumas por falta de espaço, outras por falta de pertinência temática. Contudo, que a Igreja continue utilizando o divino par de lentes que “coletando-nos na mente conhecimento de Deus de outra sorte confuso, dissipada a escuridão, mostra-nos em diáfana clareza o Deus verdadeiro”,[32] afinal, “A Bíblia, toda a Bíblia e nada mais do que a Bíblia, é a religião da igreja de Cristo.”[33] Ela é efetivamente “absoluta ou obsoleta”.[34]
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Nota

[1] BREESE, Dave. Conheça as marcas das seitas. Fiel, 2001, pp.18-22

[2] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Cultura Cristã, 2012, p.614.

[3] GONZALEZ, Justo. Uma História Ilustrada do Cristianismo: a era dos mártires. Volume I. Vida Nova, 1989 , pp. 25-28.

[4] CAIRNS, Earle E.. O cristianismo através dos séculos. Vida Nova, 2008, pp. 31-33.

[5] RIVERA, Paulo B., Tradição, transmissão e emoção religiosa. Olho d’água, 2001, 234.

[6] LUTERO apud BLANCHARD, John. Pérolas para a vida. Edições Vida Nova, 1993.

[7] BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado. São Leopoldo: Sinodal, 2004, p. 10

[8] COUTO, Vinicius. As heresias de Joseph Prince. Disponível em: http://www.cacp.org.br/as-heresias-de-joseph-prince/. Acesso em: 27 de Setembro de 2013.

[9] KELLY, J.N.D. Patrística. Vida Nova, 2009, p. 42.

[10] KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: Apocalipse. Cultura Cristã, 2004, pp. 158-159.

[11] LOPES, Hernandes Dias. Comentário bíblico expositivo de Apocalipse. Hagnos, 2005, p. 21.

[12] CLEMENTE, Tito Flávio. Stromata 3.4.

[13] CESAREIA, Eusébio de. História Eclesiástica. CPAD, 1999, pp. 107-108.

[14] EASTON, George. Easton’s Bible Dictionary: Nicolaitanes. Thomas Nelson, 1897.

[15] KISTEMAKER, Simon. Op. cit., pp. 158-159.

[16] SOARES, Ezequias. Heresias e modismos. CPAD, 2010, pp. 286-302.

[17] CASTRO, Carol. Ele está entre nós. Superinteressante, n 298 de dezembro de 2011.

[18] CHAMPLIN, Norman; BENTES, João. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Volume 2. Hagnos, 1991, p. 677

[19] List of people claimed to be Jesus. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_people_claimed_to_be_Jesus. Acesso em 28 de Setembro de 2013.

[20] Série Apologética – Volume IV. Instituto Cristão de Pesquisas, pp. 51-63.

[21] OLSON, Roger. História das controvérsias da teologia cristã.  Vida, pp. 229, 231-232, 241, 245.

[22] CESAREIA, Eusébio de. Op. Cit., pp. 180-184.

[23] NICODEMUS, Augustus. O Que Você Precisa Saber Sobre Batalha Espiritual. Cultura Cristã. São Paulo. 2006, p. 30,31.

[24] Heresias Primitivas. Artigo da Edição Especial Defesa da Fé – ICP, CD-Rom, 26/07/10.

[25] ERICKSON, Millard J. Introdução a Teologia Sistemática.  Vida Nova. São Paulo. 1992, p. 200

[26] SOARES, Ezequias. Testemunhas de Jeová. Hagnos, 2008, 113.

[27] Ibid, p. 114.

[28] Ibid, p. 112.

[29] KELLY, J.N.D. Op. cit., pp. 172-176; 212-218.

[30] Ibid, pp234-240.

[31] Ibid, pp. 86, 103, 239-240.

[32] CALVINO, João. Institutas. I, VI, 1.

[33] SPURGEON apud BLANCHARD, John. Op. Cit.

[34] HAVNER apud  BLANCHARD, John. Op. Cit.s

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NAPEC

Deus, ateísmo e a ciência

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Ateus afirmam que a ciência favorece a posição deles. Eles vão argumentar que a ciência tem refutado muitas das reivindicações centrais do cristianismo: por exemplo, que a teoria da evolução tem desacreditado o relato bíblico das origens. É importante que o cristão enfrente esses desafios. E o que eu pretendo fazer aqui é cavar abaixo da superfície destas objeções nos fundamentos da própria ciência. Vou argumentar que a ciência só é possível porque Deus existe. E o avanço científico cada vez mais tem favorecido a visão de mundo cristã.

Raramente é reconhecido que a ciência repousa sobre uma série de pressupostos filosóficos sobre o universo e os seres humanos que a própria ciência não pode justificar. Sem esses pressupostos, a ciência seria fútil.

A investigação científica baseia-se em duas suposições: primeiro, que o universo é um lugar ordenado e racional, e segundo, que a racionalidade do universo se alinha com a racionalidade de nossas mentes. A ideia de que as nossas mentes estão equipadas para descobrir e compreender as leis básicas do universo depende de ambos pressupostos.

Pense nas leis da natureza por exemplo. Quando formulamos a lei da gravidade, presumimos que essas leis se aplicam da mesma forma em todo espaço e tempo. Presumimos que essas leis vão ser o mesmo no futuro como eles foram no passado. Presumimos que essas leis operam em outras galáxias, da mesma forma que eles operam em nossa própria galáxia. Em suma, supomos que a natureza é basicamente ordenada e uniforme, visto que podemos descobrir leis gerais da natureza.

Porém, é impossível que a ciência prove que a natureza é ordenada e uniforme. É impossível o ser humano observar todo o universo em cada ponto do espaço e tempo. Só Deus pode criar o universo de maneira racional e uniforme. Pois se o universo é um gigantesco acidente metafísico, com nenhuma mente racional dirigindo – como os ateus creem – por que supomos que a terra funciona de maneira ordenada e racional? E por que nós devemos assumir que nossas mentes estão equipadas com precisão para entender a realidade?

A visão cristã de mundo, em oposição ao ateísmo naturalista, fornece uma base sólida para a ciência. Se o universo é a criação de um Deus pessoal, cuja mente é extremamente racional e ordenada, e se nossas mentes são projetadas e equipadas por Deus para descobrir verdades sobre o mundo natural, então faz todo sentido exercer a ciência – e temos uma explicação de por que a ciência tem sido tão bem sucedida.

Nenhuma outra espécie neste planeta tem a capacidade de compreender o mundo como nós. Nós somos capazes de raciocinar, somos capazes de reconhecer e refletir sobre nossa habilidade de raciocinar. Nós podemos raciocinar sobre a própria razão, como estamos fazendo agora. Mas de onde veio essa capacidade de compreender o mundo?

A cosmovisão ateísta enfrenta grandes dificuldades para explicar a existência da razão. O problema central pode ser facilmente percebido: o ateísmo está comprometido com a ideia de que a razão veio da não-razão. O universo físico não tem nenhuma mente. Não tem um intelecto ou quaisquer faculdades racionais. O naturalista tem que acreditar que a racionalidade dos seres surgiu de processos materiais inteiramente não-racionais.

A explicação que um evolucionista poderia oferecer é: “Nós humanos gradualmente desenvolvemos a capacidade de raciocinar durante milhões de anos por um processo de seleção natural. Nossa razão nos dá uma vantagem de sobrevivência.” Essa explicação enfrenta várias objeções notáveis.

Podemos facilmente notar que a maioria dos organismos neste planeta sobrevivem e se reproduzem perfeitamente sem a menor capacidade de razão. Sob uma perspectiva evolucionista, não importa se um organismo tem crenças verdadeiras ou crenças falsas.

Se a evolução não é dirigido para nossa mente atingir a verdade, então não temos base para supor que as nossas faculdades intelectuais podem ser confiáveis para guiar-nos para a verdade. Nesse caso, devemos duvidar da verdade de nossas próprias crenças – incluindo a crença no naturalismo. No final, a questão é: qual visão de mundo nos dá o relato mais razoável da própria razão. Uma em que a nossa razão tem sua origem em uma Razão Maior, ou uma em que nossa razão tem sua origem na não-razão? Se nossa capacidade de atingir a verdade depende de Deus, nada pode ser mais incoerente que negar Deus.

Além disso, a cosmovisão cristã fornece a estrutura moral, dentro do qual a ciência pode promover o bem comum. Acreditar que a moral veio da não-moral é tão desastroso quanto pensar que a razão veio da não-razão.

Então se a ciência depende de Deus, quanto mais aprendemos sobre o universo natural mais evidências encontramos para uma cosmovisão bíblica. Por exemplo, aprendemos com as leis da termodinâmica que o universo não existiu sempre. O universo passou a existir. Então, ele simplesmente veio a existência sem motivo ou explicação, ou foi trazido a existência por alguma causa transcendente.

Nós também aprendemos que o universo como um todo e o nosso próprio sistema solar em particular, parece ser afinado em inúmeras formas para possibilitar a existência de vida orgânica. Se as leis da natureza tivessem sido, mesmo que ligeiramente, diferentes do que são, planetas habitáveis ou sistemas solares nunca teriam se formado. A evidência indica que nosso sistema solar é afinado não apenas para oferecer suporte a vida orgânica, mas para acomodar organismos conscientes e para promover a investigação científica por esses organismos conscientes. E a probabilidade disso tudo acontecer por pura sorte é tão minúscula que a hipótese é descartada como uma explicação séria.

Outras descobertas como em química e biologia estão apontando na mesma direção que a física e a astronomia. A origem do DNA é desconcertante para os ateus, porque o DNA carrega informação codificada complexa análogo ao software de computador. Informações só podem ser geradas por fontes inteligentes, não por processos naturais irracionais. Como fazer um software sem um programador? Com o progresso do conhecimento científico, perdeu-se a credibilidade do ateísmo.

O ateu tem promovido um conflito entre ciência e a crença em Deus, mas o conflito é ilusório. O verdadeiro conflito situa-se entre a ciência e a descrença em Deus. A visão de mundo ateísta não pode fornecer qualquer justificação racional para os pressupostos fundamentais da ciência. Ironicamente os cientistas ateus precisam viver pela fé! Estão dependendo de uma visão de mundo centrada em Deus sempre quando se envolvem em seu trabalho científico.

Não é nenhuma surpresa que os pioneiros da ciência moderna como Johannes Kepler, Robert Boyle, Isaac Newton e Michael Faraday eram crentes em Deus, que olharam para o mundo natural através da lente de uma cosmovisão bíblica. A ideia de que o cristianismo é anti-ciência não podia estar mais errada. Quando buscamos ver mais profundamente qual visão de mundo sobre qual a ciência repousa, podemos ver que o oposto é verdadeiro. A própria ciência depende de Deus.

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Autor: Gabriel Reis
Fonte: Gospel Prime

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

CONSIDERAÇÕES SOBRE A MISERICÓRDIA NO MINISTÉRIO PASTORAL


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Por Dave Harvey

Eu li recentemente que, desde 1996, países ricos perdoaram cerca de 110 bilhões de dólares em dívidas de países empobrecidos. Não simplesmente ignore essa imagem – 110 bilhões de dólares! Essa é uma quantia assombrosa de dívidas! Enquanto eu me espantava com essa imagem, outro pensamento me ocorreu. Cancelar uma dívida enorme faz uma enorme declaração.

Quando uma parte perdoa o que é devido por outra parte, isso expressa misericórdia. A misericórdia vem a nós ou flui através de nós quando uma dívida não recebida é limpa. A misericórdia significa o recomeço do relacionamento, como se a dívida jamais tivesse estado lá.

Como eu disse antes, pecadores perdoados perdoam o pecado. Se você entrar no ministério pastoral, você irá pecar e pecarão contra você. Mas é aí que está: pecar contra você pode se tornar uma oportunidade para o evangelho – um lugar para passar a outros a misericórdia que você recebeu. Se você é chamado para o ministério, você é chamado para aplicar o evangelho na face do pecado. Na verdade, o grau que nós realmente entendemos o evangelho é revelado em quão fielmente nós dispensamos misericórdia quando pecam contra nós.


Mas com o que exatamente a misericórdia se parece? Quatro coisas me vêm à mente.

Misericórdia significa que meus alvos quando você peca são mudados

A incrível misericórdia que recebi na cruz se torna o ponto de partida de como eu respondo quando outros pecam contra mim. O evangelho suprime minha raiva e meu senso de justiça. Ele me lembra diariamente de que eu recebi uma misericórdia inesgotável, e por isso devo passar adiante essa misericórdia – inesgotavelmente!

Isso significa que quando alguém peca contra mim, meus alvos são mudados. Eu não estou tentando convencê-los do pecado, porque o Espírito Santo irá fazer isso. Eu não estou tentando exigir justiça, porque a justiça foi satisfeita na cruz. Eu nunca devo condenar outros porque nunca atingiram o meu padrão, porque Cristo atingiu o padrão de Deus, a sua justiça foi imputada a eles (2Coríntios 5.21). O evangelho me liberta para perdoar quando pecam contra mim.

O evangelho me acorda todo dia com esse lembrete: eu não tive o que merecia, então não os terei como refém até que tenham o que eu acho que eles merecem. Eu posso aposentar meu policial interno que estava sempre trabalhando, procurando por crimes e fiscalizando a fim de fazer presos para o pecado. E se eu discutir pecado com você, não o farei para satisfação ou vindicação. Eu o farei para reconciliação e perdão.

Paulo diz em Colossenses 3.12-14:

Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros; perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.

Porque eu recebi um perdão incrível, eu estou livre para perdoar. Pecadores perdoados perdoam o pecado. Pecadores perdoados dispensam misericórdia.

Misericórdia significa que eu não vou ver você através de seus pecados ou erros

Algumas vezes nós queremos perdoar, mas retemos o direito de suspeitar. Nós aceitamos o pedido de desculpas da pessoa, mas a recordação dela permanece. Você já percebeu que é muito mais atraente reter a recordação do que conceder perdão? É porque é difícil desistir do poder de reter recordações de erros. Queremos ter a carta mais valiosa para que, se for necessário, possamos lançar mão dela e lembrar o pecador de tudo que ele fez.

Diferente de nós, Deus não retém a recordação (Salmos 130.3). O pecado perdoado não é acoplado a um HD celestial para fácil recuperação. Deus não mantém o pecado na tabela de corretores para negociar um comportamento melhor conosco. Salmos 103.10 diz: “Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades”.

Se é assim que Deus responde ao pecado, nós devemos responder da mesma maneira. Quando alguém peca contra mim, e então pede perdão, é uma oportunidade não somente para declarar o meu, mas também o perdão de Deus. É uma oportunidade para dizer: “Deus não vê você através dos seus pecados e erros, e eu também não irei. Deus não mantém uma recordação dos seus erros, e eu também não o farei!”.

É muito mais do que simples bondade. É um perdão que custa caro.

A misericórdia que eu recebi de Deus me capacita a passá-la a você. Pecadores perdoados perdoam o pecado, e pecadores perdoados dispensam misericórdia.

Misericórdia significa que eu aceitarei sua confissão pelo valor que ela possui

É improvável que eu serei capaz de perdoar se eu esperar até que o pecador “realmente entenda”, e então volte a mim com uma confissão mais profunda e mais sincera. A realidade é: o perdão não é uma reação à confissão. Ele flui de um coração misericordioso que está pronto para perdoar. Meu coração está preparado para perdoar porque eu lembro que Deus já perdoou todos os meus pecados – mesmo aqueles que ainda não foram confessados.

O chamado para perdoar não é dependente de alguém confessar o pecado. Marcos 11.25 é bem claro: “E, quando estiverdes orando, se tendes alguma cousa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas”. A ideia de que eu não perdoarei até que alguém se arrependa é, tipicamente, só uma forma super-espiritual de dizer “pague o que você deve!”. Lembre-se: a amargura nos cristãos e até nos líderes está sempre envolta num traje mais sofisticado e espiritual.

Pense sobre isso também: não há fundamento bíblico para julgar a sinceridade ou a humildade da confissão de uma pessoa. Quanto mais eu fizer com que o meu perdão dependa da qualidade da confissão, mais eu me distanciarei da misericórdia verdadeira. Em Lucas 17, Jesus diz que se um irmão pedir perdão sete vezes num dia, eu devo perdoar.

A misericórdia verdadeira aceita a confissão como ela for. Pecadores perdoados perdoam o pecado, e pecadores perdoados dispensam misericórdia.

Misericórdia significa que eu serei paciente com as suas quedas

Quando os pecadores se reúnem, a fraqueza se torna conhecida, padrões familiares de pecado aparecem, e a queda é colocada em plena exibição. O perigo, então, não é a ignorância do pecado, mas o cansaço corrosivo – o tipo que aparece quando eu começo a me cansar da sua queda.

João Calvino diz: “… ele [Deus] declara expressamente que não deveria haver limites para o perdão; porque ele nunca intentou estabelecer um número fixo, mas ao invés disso, nos intima a nunca nos cansarmos”.

Você está cansado dos pecados de alguém? Eu tenho que ponderar se esse cansaço contribuiu para a atitude do credor incompassivo. Ele simplesmente se cansou de haver alguém em débito para com ele. Então ele, como um autor coloca: “… se esqueceu do que deveria lembrar (que ele havia sido perdoado de uma grande dívida) e lembrou do que deveria esquecer (que alguém tinha uma dívida menor para com ele)”.

O chamado aqui não é para engolir tudo e simplesmente aguentar que as pessoas pequem contra você. A resposta é retornar ao débito que foi perdoado. A resposta é ser recém-inspirado pela paciência, longanimidade e bondade de Deus, e então ir e fazer o mesmo aos outros.

Conclusão

Países ricos perdoaram 110 bilhões de dólares em dívidas de países mais pobres, e essa é uma dívida extraordinária que foi perdoada. Mas como um pecador, eu fui perdoado de uma dívida muito maior! Todos os meus pecados foram pagos por Jesus Cristo. É incrível, mas a dívida que eu tinha para com Deus foi paga pelo próprio Deus.

O ministério é um chamado para ser misericordioso. Mas não é porque somos pastores ou chamados para sermos pastores. É porque somos pecadores perdoados, e pecadores perdoados dispensam misericórdia, o que é só outra forma de dizer que pecadores perdoados perdoam o pecado.

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Traduzido por João Pedro Cavani.Ministério Fiel. MinisterioFiel.com.br. Via Voltemos ao Evangelho
Original: Considerações sobre a misericórdia no ministério pastoral

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

UNIVERSITÁRIO DE 9 ANOS QUER SER ASTROFÍSICO PARA "PROVAR QUE DEUS EXISTE"


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(Foto: Reprodução/CBS Philly)


Com apenas 9 anos, William Maillis já se tornou universitário pela Community College, na Pensilvânia (Estados Unidos), e em entrevista à revista People ele revelou que seu objetivo é se tornar astrofísico para "provar que Deus existe".


De acordo com os pais, Maillis já reconhecia números aos seis meses de idade, e com sete meses falava frases completas. Ele também aprendeu a ler cedo, com apenas dois anos. Aos quatro, começou a aprender grego e, aos cinco, geometria.
O prodígio ainda chama atenção por um detalhe curioso dentro de sala. Segundo seu professor Aaron Hoffman, Maillis é o único de sua turma que não anota nenhum conteúdo da aula.

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Rede Tv uol

ANALOGIA DO ENDIVIDADO

 



Por Thiago Oliveira

Um homem simples está devendo um valor xis a um homem proeminente. O credor então cobra-lhe a dívida dando-lhe um ultimato: Ou se paga ou o fim do devedor será trágico. Ao homem endividado só resta temer o seu destino, pois ele tem o número da conta do seu credor em mãos, todavia, não conseguirá fazer nenhum depósito, ele não possui e nunca possuirá tal quantia. Quando menos se espera, um outro homem, que não tinha nada a ver com aquela dívida, deliberadamente paga o valor exato para livrar o devedor da sua severa punição.

Ao ver todo aquele dinheiro depositado em sua conta, o credor não tem mais nada para cobrar. Foi pago tim-tim por tim-tim. E o homem que estava prestes a ser arruinado, agora folga por não ter mais aquele débito. Estava livre. Agora imagine você, caro leitor, que mesmo após ver a importância depositada em sua conta, o credor mandasse um encarregado seu ir atrás de quem lhe devia e perguntasse:

- Alguém pagou a dívida para você. Agora cabe a ti aceitá-la.

Neste momento você deve estar achando improvável tal pergunta. E de fato é. Agora, imagine que além disso, a resposta do endividado fosse:


- Não, eu não quero aceitar.

Absurdo. Não há uma outra palavra para adjetivar tal desfecho. No entanto, é assim que se baseia a teologia arminiana quando diz que a Graça é resistível e que o homem pode rejeitar a oferta da salvação. Para entendermos isso de uma maneira melhor, é necessário estar ciente de outros basilares conceitos da soteriologia (doutrina da salvação) reformada. A saber: Total Depravação e Expiação Limitada.

A depravação total consiste em dizer que todos os homens estão numa situação decaída. Eles estão em rebelião contra Deus e por isso estão espiritualmente mortos (Ef 2:3; Rm 3:12; Jo 8:34). Mas, Deus em Sua soberana vontade, para o louvor de Sua glória, escolheu alguns destes pecadores mortos e os vivificou em Cristo. Por que Ele fez isso? Efésios 1 nos diz que foi para “o louvor da Sua glória” (v. 6, 12 e 14).  Seus eleitos, não tiveram mérito algum, por isso não podem se vangloriar (Ef 2:8-9, Rm 3:27). Daí o questionamento: e quanto aqueles que não se convertem quando anunciamos o sacrifício do calvário? Não estariam eles resistindo?

Aparentemente eles estão rejeitando sim. Contudo voltemos a analogia do homem endividado. Porque ele não podia negar o pagamento feito por um terceiro elemento em seu favor? Porque aquele pagamento salvaria sua pele. Por isso não há como rejeitar o sacrifício de Cristo, a não ser que este não tenha morrido por aqueles que continuam mortos. A expiação limitada ensina justamente isto: A cruz não redimiu todos os homens, apenas os eleitos. Da mesma forma, o homem de nossa estória pagou a dívida de um devedor e não de todos os devedores. Por isso, os que aparentemente rejeitam a mensagem da cruz, na verdade não foram por ela alcançados. Em outras palavras, a dívida deles não foi paga por Jesus.

Quando a Bíblia diz que o sangue de Jesus é suficiente para nos purificar de todo o pecado (Tt 2:14, 1Pd 1:18-23 e Ap 1:5), não podemos conceber a ideia de que tais homens desprezariam sua morte, tornando-a em vão. Se estes continuam na sua condição pecaminosa, é porque não receberam a fé salvífica e não foram alcançados quando Cristo expirou no gólgota. Eles são espiritualmente cegos e não enxergam que são pecadores. Obstinados continuam devendo e acham que está tudo quite. A revelação de que devíamos um exorbitante valor, e que nossa dívida foi paga, chegou até nós. Regozijamos com esta boa-nova. Porém, alguns continuam com os olhos vendados para esta realidade (2Co 4:3-4). 

Dizer que Jesus morreu por todos os homens, porém muitos não serão salvos porque vão recusá-lo é tornar os sofrimentos do Senhor inúteis, sendo necessário fazer mais alguma coisa. Restringir a cruz a vontade humana é tão absurdo como acreditar que o devedor da nossa analogia escolheria continuar devendo um débito que já havia sido quitado.

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sábado, 1 de outubro de 2016

A IGREJA PRIMITIVA ERA COMUNISTA?


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Por Pr. Silas Figueira

INTRODUÇÃO

Texto base: Atos 4.32-37

O texto que estamos analisando nos mostra que na Igreja Primitiva não havia pessoas necessitadas entre eles. Que as pessoas que tinham bens, vendiam e traziam o dinheiro e depositava aos pés dos apóstolos, e eles o distribuíam de acordo com a necessidade de cada um.

Ao olharmos para esse texto sem analisá-lo dentro de seu contexto, a ideia que se tem é que esta Igreja era uma igreja “comunista”, como alguns costumam dizer. Mas tal interpretação está totalmente equivocada. E eu explico por que:

Tendo em vista que o comunismo é uma estrutura socioeconômica baseada na propriedade comum e no controle da propriedade de cidadãos em geral por parte de lideranças ou governos, é impossível que a igreja cristã praticasse um comunismo primitivo. Pois, apesar da igreja primitiva entregar seus bens e propriedades para que fossem repartidos por toda comunidade, tudo isso era feito sem obrigatoriedade, mas por voluntariedade. Esse entendimento fica mais claro, quando recorremos ao contexto imediato da referida passagem, onde lemos em Atos 5.4 Pedro dizendo para Ananias que o dinheiro da propriedade que ele havia vendido poderia ter guardado tudo para ele e sua esposa, ao invés de ter mentido ao Espírito de Deus, dizendo que estava dando todo dinheiro da venda ao apóstolo.

Na verdade, esse texto de Atos 4.32-37 é uma repetição de Atos 2.44,45 que nos diz:

“Os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade” (NVI).

A Igreja Primitiva estava tão cheia do Espírito Santo que esses cristãos não só estavam testemunhando em palavras, mas também em serviço. Agiam movidos por um amor genuíno e espontâneo. Algo que é bem diferente do “comunismo” que alguns tentam identificar aqui.
Primeiro porque o comunismo proíbe a propriedade privada e a Bíblia não ensina isso. O pressuposto dos 10 mandamentos e da lei Mosaica, dada pelo próprio Deus, é a propriedade. Veja Êxodo 20.17: “Não cobiçarás a casa do teu próximo...”. Não devemos cobiçar algo que pertence ao próximo. O mandamento significa que eu posso desejar algo e trabalhar para conquistar de um modo honesto, mas não o cobiçar, que envolve o pensamento de inveja, e roubar, que envolve a violência para a posse, ambos os conceitos pregados pelo comunismo. Deus prometeu muitas bênçãos e o direito à propriedade, quando o povo entrasse na terra prometida. No Novo Testamento não se condena os patrões, mas sim os maus tratos e o desamor:

“Senhores, deem aos seus escravos o que é justo e direito, sabendo que vocês também têm um Senhor nos céus” (Cl 4.1 - NVI).

O que faz um patrão ser bondoso, gentil e amoroso com seus empregados não é o Marxismo nem a insanidade do comunismo truculento, mas o Espírito Santo de Deus que habita no coração do homem nascido de novo, que possui um coração amável e terno e que sabe que Deus irá cobrá-lo sobre o uso das riquezas muito mais do que irá fazê-lo com a maioria das pessoas.

Outro exemplo de que a Bíblia não proíbe as pessoas de possuírem bens nós encontramos em 1Tm 6.9,10,17,18:

“Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos. Ordene aos que são ricos no presente mundo que não sejam arrogantes, nem ponham sua esperança na incerteza da riqueza, mas em Deus, que de tudo nos provê ricamente, para a nossa satisfação. Ordene-lhes que pratiquem o bem, sejam ricos em boas obras, generosos e prontos a repartir” (NVI).

O texto por si só já nos diz que não há nenhum mal em ser rico, mas em confiar nele como se ele fosse Deus e não agir com generosidade para com os que estão passando por dificuldades.

Em segundo lugar porque para o comunismo Deus é o Estado e o Estado é Deus. Para Marx não há religião e nem Deus, há somente o povo e o partido, este ocupando na vida da cada um o papel que caberia à figura divina, através do Estado Todo-Poderoso. Assim, o Estado é o cuidador, a família, o juiz, o provedor, o médico, o defensor, etc. Destruir a religião, que no ocidente é majoritariamente cristã, é, portanto essencial aos planos da esquerda.

Por isso dizer que a Igreja Primitiva era comunista é um grande erro e uma total falta de conhecimento do que é o comunismo.

Aliás, as expressões “comunismo” e “socialismo” recebem significados nem sempre muito precisos. Numa explicação bem resumida, daria para dizer que, segundo a teoria marxista, o socialismo é uma etapa para se chegar ao comunismo. Este, por sua vez, seria um sistema de organização da sociedade que substituiria o capitalismo, implicando o desaparecimento das classes sociais e do próprio Estado. “No socialismo, a sociedade controlaria a produção e a distribuição dos bens em sistema de igualdade e cooperação. Esse processo culminaria no comunismo, no qual todos os trabalhadores seriam os proprietários de seu trabalho e dos bens de produção”, diz a historiadora Cristina Meneguello, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) [1].

Mas quais as lições que podemos tirar desse texto para nós hoje?

A PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE A COMUNHÃO DE BENS NÃO É UM FIM EM SI MESMO (At 4.32,34,35).

A Igreja Primitiva estava ajudando as pessoas de acordo com as necessidades que cada uma apresentava, mas essa não era a prioridade da Igreja e não o é até hoje. Não quero dizer com isso que devemos nos esquecer dos necessitados, principalmente os de dentro de nossas igrejas. Tal prática é condenada na Bíblia, inclusive ela nos ensina a ajudar os domésticos da fé (Gl 6.10). Aliás, a ela nos ensina que devemos fazer o bem a todos, mas a prioridade é assistir os familiares da fé. A nossa maior prioridade é nossa família, pois aquele que não cuida da sua família é pior que os incrédulos (1Tm 5.8). Depois devemos cuidar dos domésticos da fé (Gl 6.10), do nosso próximo de forma geral (Gl 6.2) e até mesmo dos nossos inimigos (Rm 12.20) [2].

Mas cada coisa no seu devido lugar.

1º - Porque obra social não é pregação do Evangelho. A prioridade da igreja e pregar o Evangelho, pois a fé vem pelo ouvir, e ouvir a Palavra de Cristo (Rm 10.17). A igreja que substitui a pregação por obra social não está cumprindo o Ide de Cristo. O Senhor ordenou a igreja ir pelo mundo afora pregando e ensinado e não fazendo obra social (conf. Mt 28.19,20; Mc 16.15,16; Lc 24.46,47).  

Justo Gonzáles diz que a “missão da igreja não é praticar essa comunhão, mas, sim, praticar o amor. Foi por isso que, mesmo no meio de uma igreja que praticava a comunhão de bens, Ananias poderia manter sua propriedade sem vendê-la nem dar nada do que ganhou com a venda para os apóstolos. Essa não era uma comunhão determinada por lei, antes, é o tipo de comunhão que representa uma expressão do amor do Espírito e da nova vida que ele nos traz” [3].

T. A. McMahon diz que prevalece entre muitos líderes religiosos, que professam ser cristãos evangélicos (ou seja, cristãos crentes na Bíblia), a promoção de um evangelho mais aceitável, que possa até mesmo ser admirado pelas pessoas do mundo inteiro. Hoje em dia, a forma mais popular desse tipo de evangelho é conhecida como “evangelho social”.

Os que apoiam esse movimento também acreditam que o alívio das condições miseráveis em que as pessoas vivem pode melhorar a natureza moral dos que sofrem essas carências [...] mais, os problemas do mundo são apenas sintomas. A causa real é o pecado [4]. E sem a pregação genuína do Evangelho o homem não terá consciência do estado em que se encontra diante de Deus, e não será através da obra social que ele terá esse conhecimento.  

Por isso que independentemente da pessoa viver em um palácio ou em uma palafita, se não tiver o Senhor Jesus como Senhor de sua vida estará vivendo uma vida de desgraça, pois a graça de Deus não repousa sobre ele. Ambos estão condenados ao mesmo inferno.

A crise do homem não é social, mas o pecado que o domina e o condena. Por isso que Jesus morreu na cruz do Calvário, para nos perdoar os pecados e nos reconciliar com o Pai, e não para que tenhamos uma vida social melhor.

2º - A igreja cheia do Espírito Santo não só prega a Palavra, mas também anda em comunhão e pratica a generosidade cristã (At 4.32,34,35). A vida cristã é uma balança, tem que haver equilíbrio. A obra social não é o Evangelho, mas quem prega e vive o Evangelho acaba fazendo obra social. E isso não é nenhuma contradição, isso é coerência. Por exemplo, dentro do espiritismo a obra social é uma obrigatoriedade, pois, na sua doutrina, quem tal coisa não faz irá reencarnar numa condição pior que a atual – essa, além de ser uma visão espiritual, é também uma visão egoísta. A pessoa não está preocupada com o seu próximo, mas está olhando para o seu umbigo.

Já o cristão age assim não para garantir vida eterna, mas porque é movido pelo Espírito Santo, e é incoerente você pregar o Evangelho e não levar o devido socorro a quem necessita de ajuda. Veja o que Tiago nos fala em sua carta:

“De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo? Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia e um de vocês lhe disser: “Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se”, sem, porém lhe dar nada, de que adianta isso? Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. Mas alguém dirá: “Você tem fé; eu tenho obras”. Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras” (Tg 2.14-18 – NVI). 

Mais uma vez eu afirmo que o Evangelho é uma balança e a Bíblia nos mostra isso de forma muito clara. Primeiro a salvação da alma, depois o social.

Por isso que os crentes cheios do Espírito Santo têm o coração aberto e o bolso também. O amor não consiste naquilo que falamos, mas no que fazemos. A comunhão passa pelo compartilhar. A unidade da igreja transformou-se em solidariedade. Pessoas eram mais importantes que coisas, pois os crentes adoravam a Deus, amavam as pessoas e usavam as coisas [5].

A SEGUNDA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE O TODO CRISTÃO É UM MORDOMO DAS COISAS DE DEUS (AT 4.32).

Está é a grande lição que o texto nos dá: nós não somos donos de nada, tudo pertence a Deus. Nós somos seus mordomos. Nós só administramos o que Ele coloca em nossas mãos. Quando o cristão tem essa consciência ele passa  a olhar para os bens que possuí com outros olhos. Ele aprende com isso algumas lições:

1º - O cristão não é dono de nada ele é só um administrador, ou seja, um mordomo. Mordomo, literalmente falando, é aquele que recebe a incumbência de administrar um patrimônio. É aquela pessoa a quem é entregue tudo quanto o senhor possui para ser cuidado e desenvolvido. É aquele a quem o senhor confia a direção, ou o comando, daquilo que lhe é mais valioso. No entanto o mordomo não é o dono, mas terá que prestar contas ao dono – veja a história de José no Egito (Gn 39.1-9).

2º - Deus tem todo o direito de pedir ao mordomo que distribua o que ele, como mordomo, administra. Quem tem essa consciência está livre da avareza, pois tal cristão reconhece que o Senhor pode lhe pedir a entrega de tudo e ele, por sua vez, não irá questionar Sua ordem.

O dinheiro pode ser uma benção ou uma maldição, dependendo da nossa submissão ou rejeição aos princípios da Palavra de Deus em relação aos bens materiais que estão sob a nossa guarda temporária. O dinheiro é o melhor escravo – o mais dócil e versátil, mas o pior senhor – o mais violento e cruel. O amor ao dinheiro cega a consciência, perverte princípios éticos mais elevados, gera uma ambição obcecante, tira a sensibilidade da pessoa para com as necessidades do próximo, deteriora o convívio do homem com a sua família e com a sociedade, gera conflitos, separação de casais, orfandade com pais vivos, desequilíbrios emocionais, traumas psíquicos, desvios de conduta, desajustamento de personalidade, sendo difícil imaginar que o inferno seria um tormento maior. Talvez seja a doença espiritual mais difícil de curar. Jesus mesmo afirmou: “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!” (Mc 10.23). Devemos colocar a nossa confiança em Deus, que pode prover todas as nossas necessidades, e não deixarmos a avareza ocupar todos os espaços do nosso coração em lugar da fé.

Veja por exemplo a parábola da vinha, onde um senhor havia arrendado uma para alguns lavradores e eles pensavam que eram donos dela (Mt 21.33-39). isso é um exemplo de como muitos cristãos tem praticado a sua mordomia. Pensam que são donos e se esquecem que um dia terão que prestar contas de tudo que o Senhor colocou em suas mãos para administrarem.

A TERCEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE SOMOS DESPENSEIROS DA PALAVRA DE DEUS ATRAVÉS DA PREGAÇÃO (At 4.33; 1Co 4.1,2).

A igreja orou pedindo poder e autoridade para pregar (At 4.29-31) e o Senhor lhes concedeu. Mas não podemos perder a foco de que até na pregação eles eram despenseiros ou mordomos. Observe que os apóstolos pregavam a respeito da ressurreição do Senhor Jesus e o Senhor confirmava a Palavra pregada por meio de sinais e da mordomia cristã aplicada à vida da igreja.

1º - Os apóstolos estavam sendo fieis a ordem dada pelo Senhor (1Co 4.1,2). O texto de 1 Coríntios 4.1,2 nos mostra exatamente isso. Observe o texto:

“Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel” (ARA).  
   
Os apóstolos estavam sendo fieis como mordomos do Senhor. O apóstolo Paulo aqui em 1Co 4.1 diz que o obreiro é um despenseiro ou mordomo. A palavra grega usada por Paulo é oikomonos, de onde vem a palavra mordomo. O oikomonos era um administrador, mordomo, dirigente de uma casa, com frequência um escravo de confiança que era encarregado de todos os negócios do lar. A palavra enfatiza que a pessoa recebe uma grande responsabilidade, pela qual deve prestar contas. O que isso sugere?

a) Não era competência do mordomo prover o alimento para a família; essa era uma responsabilidade do dono da casa. O ministro do evangelho não tem o alimento, porque esse já foi providenciado. Esse alimento é a Palavra de Deus. Compete ao ministro dar a Palavra de Deus ao povo (1Tm 3.16, 17).

b) Não era função do mordomo buscar nova provisão ou servir alimento que não fosse provido pelo senhor.

c) A função do mordomo era servir as mesas com integridade. Cabe ao ministro transmitir o que recebeu. Ele não cria sua própria teologia ou ideia a fim de aplicá-la e ensiná-la (1Co 15.3).

d) O despenseiro precisa ser absolutamente fiel no exercício do seu trabalho. A função do mordomo não era agradar às demais pessoas da casa, nem muito menos aos outros servos, mas ao seu senhor [6].

Os apóstolos entraram em crise direta com o Sinédrio e com outras autoridades judaicas, pois eles desobedeceram a ordem de não pregar a respeito de Jesus e da Sua ressurreição. Eles fizeram isso por serem fieis a ordem dada por Jesus a quem eles iriam prestar contas um dia. 

É uma lástima saber que muitos líderes de hoje não têm essa consciência também.

2º - O Senhor estava confirmando a palavra pregada manifestando a Sua graça. Uma coisa que nós ministros do evangelho devemos pedir ao Senhor é que ele confirme a Palavra por nós pregada, através de vidas transformadas, pessoas sendo salvas e a Sua graça abundante sendo derramada sobre a Sua igreja.

Esta, pelo menos, tem sido a minha oração diariamente.

A QUARTA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE O EVANGELHO TEM QUE SER VIVIDO NA PRÁTICA (At 4.36,37). 

A Bíblia descreve Barnabé como um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé (At 11.24). Aqui ele nos é apresentado abrindo mão de uma propriedade para assistir aos necessitados da igreja. Ele nos é um exemplo a ser seguido e não invejado como fizeram Ananias e Safira (At 5.1,2), que por causa disso morreram. Barnabé exerceu um ministério extremante importante na igreja, sendo mencionado pelo menos 29 vezes no livro de Atos e outra cinco vezes nas epístolas [7]. 
      
1º - Barnabé praticava a liberalidade. Uma coisa é a pessoa ser fiel outra é ser fiel e liberal esse era o caso de Barnabé.

Os levitas não podiam possuir terras, de modo que é difícil entender como Barnabé adquiriu a propriedade e vendeu. Talvez essa lei específica (Nm 18.20; Dt 10.9) se aplicasse somente à Palestina e sua propriedade estivesse em Chipre [8]. Mas de uma coisa nós sabemos, este homem era uma pessoa que cria em Deus e acreditava que o que os apóstolos estavam fazendo procedia do Senhor.

Observe que ele depositou aos pés dos apóstolos todo o dinheiro da venda do campo. Só faz uma coisa dessas quando se crê na obra que se está realizando em nome do Senhor. É bem sabido que hoje há muitos pilantras que tem arrecadado fortunas em nome da obra de Deus para benefício próprio, mas não era o caso dos apóstolos e de muitos ministérios que temos visto por aí. Se existe o falso é porque existe o verdadeiro, isso é um fato.

2º - Barnabé era um homem que investia nas pessoas. Um dos grandes ministérios que vemos em Barnabé é que ele sempre depositava um voto de confiança em quem acreditava e que outros desacreditavam.

● Quando Saulo de Tarso se converteu, foi ele quem o apresentou aos apóstolos em Jerusalém (At 9.26-29). Enquanto todos estavam com medo de Saulo, Barnabé acreditou em sua conversão e lhe estendeu a mão.

● Quando a igreja de Antioquia precisou de um pastor foi Barnabé que foi enviado para lá (At 11.19-22). Esta era uma igreja gentílica.

● Ele se alegrava com as bênçãos do Senhor sobre a vida das outras pessoas (At 11.23,24). Como é difícil encontramos pessoas que se alegram com os se alegram, é mais fácil encontrar pessoas para chorarem com você do que se alegrarem com as bênçãos que você recebe.

● Barnabé reconheceu que precisava de ajuda. Ele era uma pessoa humilde e reconhecia as suas limitações. Por isso ele foi a Tarso buscar Paulo para ajudá-lo (At 11.25,26).

● Barnabé investiu na vida de João Marcos quando este, por ter tido um problema com Paulo se separaram. Barnabé ficou com João Marcos e investiu nele (At 15.36-39). Veja o resultado deste investimento: Marcos tornou-se útil, o próprio Paulo reconheceu isso posteriormente (2Tm 4.11). Através deve investimento de Barnabé, hoje nós temos o Evangelho segundo Marcos. 

Se existe um ministério que temos urgência de termos em nossas igrejas é o ministério de Barnabé, ministério esse que não descarta as pessoas, mas investe nelas e as fazem úteis para a boa obra do Evangelho. 

Barnabé era um excelente mordomo de Cristo. Ele investia os bens que o Senhor lhe confiara e investia nas pessoas que pertenciam ao Senhor também. 

Você tem agido assim meu irmão?

CONCLUSÃO

Se há algo que podemos descartar de imediato nesse texto que estudamos é que a Igreja Primitiva era uma igreja “comunista” como alegam alguns. Era sim, uma igreja cheia do Espírito Santo, e, por isso, investia os seus bens para socorrer os mais necessitados dentro da igreja. Aprendemos também que obra social não é o evangelho, mas é uma forma de mostrar o verdadeiro evangelho.

A prioridade da Igreja é pregar o Evangelho levando as pessoas a conhecer a Cristo, as outras coisas são consequências dessa mensagem transformadora. Por isso não inverta essa mensagem como alguns hoje tem feito. A crise do homem não é a crise da falta de moradia, alimentação ou educação... Mas a crise do homem é a falta do perdão dos seus pecados, é a falta de se reconciliar com o Seu Criador.

O perdão dos pecados independe da pessoa ser rica ou ser pobre. A mensagem do Evangelho tem ser pregada a todas as pessoas, pois onde o Evangelho entra sempre há prosperidade. Não estou falando de riqueza. E prosperidade é mais que bens materiais, mas a presença do Senhor conosco durante todos os dias de nossa vida. É a certeza da salvação e saber que o nosso nome consta no Livro da Vida.

Pense nisso! 

Fonte:

1 – Redação Mundo Estranho. Qual a diferença entre comunismo e socialismo? Existiu algum país realmente comunista?http://mundoestranho.abril.com.br/historia/qual-a-diferenca-entre-comunismo-e-socialismo-existiu-algum-pais-realmente-comunista/, acessado em 23/09/2016.
2 – Lopes, Hernandes Dias. Gálatas, a carta da liberdade cristã. Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2011: p. 269.
3 – Gonzáles, Justo L. Atos, O Evangelho do Espírito Santo. Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2014: p. 101.
4 – McMahon, T. A. O Vergonhoso Evangelho Social. http://www.chamada.com.br/mensagens/evangelho_social.html, acessado em 23/09/2016.
5 – Lopes, Hernandes Dias. Atos, a ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2012: p. 112.
6 – Lopes, Hernandes Dias. 1 Corintios,Como resolver conflitos na igreja. Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2008: p. 71;74.
7 – Wiersbe, Warren W. Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Editora Geográfica, Santo André, SP, 2012: p. 545.
8 – Wiersbe, Warren W. Novo Testamento 1, Comentário Bíblico Expositivo, Editora Geográfica, Santo André, SP, 2012: p. 545.

CRISTÃO ASIÁTICO NECESSITA DAS NOSSAS ORAÇÕES


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Akhmed* é um cristão perseguido que vive num país da Ásia Central. Recentemente, policiais invadiram sua casa e o atacaram violentamente. Em seguida, eles fizeram uma busca em seus pertences e encontraram duas Bíblias. Uma delas já havia sido registrada, já que no país é proibido portar uma Bíblia sem a permissão das autoridades locais. Mas a outra ainda estava sem registro, então foi confiscada. O cristão foi levado à delegacia, onde ficou preso.

Essa não é a primeira vez que Akhmed tem problemas com a polícia asiática. Ele já foi preso outras duas vezes, além de ter recebido várias multas por ser cristão e, automaticamente, acusado de proselitismo. Infelizmente, dessa vez ele foi tratado com muito mais brutalidade pelas autoridades. Sua esposa Kamila*, foi levar roupas e alimentos para ele, mas foi informada de que Akhmed não estava mais lá. Tanto ela quanto seus filhos e amigos o procuraram durante 10 dias e só depois desse período receberam a informação de que ele estava em outra delegacia.

Akhmed estava numa “cela de punição”, um local frio, onde dormia no chão apenas com roupas íntimas e foi encontrado muito fraco e doente. De acordo com os relatórios, durante alguns dias, os policiais o colocaram com pessoas que estavam em estado terminal com tuberculose. Além disso, ele apanhou várias vezes. Os policiais deixaram que a família o levasse, e então ele foi internado para cuidados médicos especiais.

*Nomes alterados por motivos de segurança.

Pedidos de oração

- Ore pelo estado de saúde de Akhmed e por todos aqueles que estão envolvidos com seu tratamento médico. Peça ao Senhor para que ele seja curado.
- Ore também por sua família, para que sejam fortes durante esse período de recuperação e que permaneçam firmes na fé.
- Interceda pela igreja na Ásia Central e ore pelas autoridades, para que sejam tocados pelo amor de Jesus.

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26 CRISTÃOS SÃO MORTOS EM ATAQUE NA REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA


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O grupo rebelde muçulmano Seleka atacou uma aldeia cristã em meados setembro na República 
Centro-Africana (RAC), matando 26 civis, no pior atentado registrado no ano. Segundo testemunhas, os jihadistas iam de porta em porta, visando matar apenas os cristãos que residem em Ndomete.
Segundo o porta-voz presidencial Albert Mokpeme: “Foi um massacre. Eles iam de casa em casa, o chefe da aldeia estava entre as vítimas.”.

Os Seleka são responsáveis por um golpe de Estado que removeu o presidente Francoise Bozizé do poder, em março de 2013. Cristão, Bozizé foi substituído pelo comandante rebelde Michel Djotodia. Desde então soldados muçulmanos passaram a perseguir e matar cristãos. Grupos minoritários das milícias denominadas antiBalaka, de maioria cristã, reagiram e a guerra civil tomou conta de parte do país.

Embora os funcionários do governo neguem que os ataques sejam por motivação religiosa, os Seleka são reconhecidamente muçulmanos e os antiBalaka são cristãos que não querem a islamização da RCA.

Nem a ONU nem o papa obtiveram êxito
O governo mostra-se incapaz de controlar o grupo rebelde. Existem vários relatos de Selekas saqueando lojas e matando famílias inteiras.
Combates entre os dois grupos eclodiram este mês na cidade de Kaga-Bandoro, perto da aldeia Ndomete. Os muçulmanos saquearam uma igreja e parte do comércio. Acredita-se que a morte dos 26 cristãos tenha sido um desdobramento disso.

Peter Bouckaert, diretor de emergências da ONG Human Rights Watch, afirma que a situação no país é tensa. “Imagine os quatro cavaleiros do apocalipse e você terá a imagem do que acontece”, asseverou.

A Missão Multidimensional Integrada de Estabilização das Nações Unidas na República Central Africana (MINUSCA) tem várias tropas no país, mas não é capaz de impedir a perseguição religiosa.
No final de 2015, o papa Francisco visitou a mesquita central de Bangui, capital da República Centro-Africana. Diante de uma multidão, afirmou que cristãos e mulçumanos são “irmãos” e pediu o fim da violência no país. Seu apelo não teve resultados práticos. 

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Com informações Christian Times, via Gospel Prime

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