quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

É pecado jurar?

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Por Frank Brito


Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor. Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; Nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna”. (Mateus 5:33-37)

Alguns cristãos acreditam, com base nestas palavras de Cristo, que todo juramento é pecado e que não podemos jurar em quaisquer circunstâncias. Todavia, uma análise cuidadosa do que Cristo disse demonstra que esta interpretação é errada e que, em vez de proibir toda forma de juramento, Cristo, na verdade, ordenou e exigiu os juramentos lícitos, em conformidade com o terceiro mandamento da Lei de Deus, “Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus em vão”.

Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas

No princípio de Seu sermão, o Senhor deixou muito claro que em nenhuma parte de Seu sermão Ele estaria ab-rogando a Lei ou os Profetas: “Não cuideis que vim destruir a Lei ou os Profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir… Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus. Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus” (Mt 5:20). No Sermão do Monte, então, Cristo não ab-rogou os mandamentos anteriormente dados por Seu Pai, mas os confirmou e defendeu contra a corrupção dos escribas e fariseus. Como Ele falou em outra ocasião contra os escribas e fariseus: “Por que transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa tradição? (…) Invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus” (Mt 15:6). Sendo assim, os comentários de Cristo no decorrer do sermão precisam ser entendidos como esclarecimentos sobre o verdadeiro sentido dos mandamentos contra a má interpretação dos escribas e fariseus, pois “querendo ser mestres da Lei, não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam” (I Tm 1:7).

O templo e o ouro do templo

No vigésimo terceiro capítulo do Evangelho de S. Mateus, lemos sobre o último confronto público entre Cristo e os escribas e fariseus. No decorrer deste capítulo, Jesus, diante de uma “multidão” (v. 1), chama os escribas e fariseus de “hipócritas” sete vezes (v. 13, 14, 15, 23, 25, 27, 29), além de “condutores cegos” (v. 16), “insensatos” (v. 17), “serpentes” e “raças de víboras” (v. 33). Cada vez, Ele fazia alguma crítica por algum mandamento de Deus que eles violavam e distorciam. Algumas das críticas que Jesus faz nesse capítulo são parecidas com as que Ele faz no Sermão do Monte, como em relação ao juramento:

Ai de vós, condutores cegos! pois que dizeis: Qualquer que jurar pelo templo, isso nada é; mas o que jurar pelo ouro do templo, esse é devedor. Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o ouro, ou o templo, que santifica o ouro? E aquele que jurar pelo altar isso nada é; mas aquele que jurar pela oferta que está sobre o altar, esse é devedor. Insensatos e cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar, que santifica a oferta?” (Mateus 23:16-19)

Aqui nós vemos que os escribas e fariseus, provavelmente com base em tradições anteriores que recebiam dos antigos (Mt 15:6), haviam desenvolvido um sistema de juramentos em que se um juramento fosse feito de determinadas maneiras, ele não precisava ser considerado como válido e obrigatório. Se alguém dissesse, “eu juro pelo ouro do templo de Jerusalém”, havia a obrigação de cumprir o juramento, mas se dissesse, “eu juro pelo templo de Jerusalém”, o juramento poderia ser quebrado de consciência limpa. Nós temos algo parecido em nossa própria cultura. Fazer uma promessa de dedos cruzados significa que não existe a obrigação de cumprir a promessa. A diferença é que, em nosso caso, isso é normalmente feito em forma de brincadeira. No caso dos escribas e fariseus, havia um jogo de palavras que era levado a sério como forma de anular juramentos. Cristo os criticou duramente por isso e mostrou que o sistema deles era internamente contraditório. Se o templo era mais importante do que o ouro do templo, como um juramento pelo templo poderia ser considerado inválido enquanto um juramento pelo ouro do templo seria válido? “Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o ouro, ou o templo, que santifica o ouro?” (v. 17)

Além disso, é importante observar que os eventos narrados em Mateus 23 aconteceram no templo (Mt 24:1). Por que isso é importante? Porque no último livro do Antigo Testamento, o livro do Profeta Malaquias, nós encontramos uma profecia sobre esta chegada de Cristo ao templo:
Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; o Mensageiro do pacto, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o SENHOR dos Exércitos. Mas quem suportará o dia da sua vinda? E quem subsistirá, quando ele aparecer? Porque ele será como o fogo do ourives e como o sabão dos lavandeiros (…) E chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros, contra os adúlteros, contra os que juram falsamente, contra os que defraudam o diarista em seu salário, e a viúva, e o órfão, e que pervertem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o SENHOR dos Exércitos”. (Malaquias 3:1-2, 5)

O “mensageiro, que prepará o caminho diante de mim” (v. 1) foi João Batista, como o Evangelho de Marcos deixa claro:
Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus; Como está escrito nos profetas: Eis que eu envio o meu mensageiro ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti. Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas. Apareceu João batizando no deserto, e pregando o batismo de arrependimento, para remissão dos pecados”. (Marcos 1:1-4)

E o segundo “mensageiro” mencionado por Malaquias, “o Mensageiro do pacto” (v. 1) foi o próprio Senhor, que de repente veio ao templo, para declarar juízo de Deus:
E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas; E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões”. (Mateus 21:12-13)

E como o profeta Malaquias havia predito, Jesus Cristo, o Mensageiro do pacto, foi uma testemunha veloz “contra os que profetizam falsamente” (v. 5).

O que isso tudo mostra é que Cristo não era contra os juramentos legítimos, mas somente contra os falsos, como os escribas e fariseus, “condutores cegos” (Mt 23:16), ensinavam. Pelo contrário, a crítica de Cristo contra o sistema de falsos juramentos era justamente porque Ele ama e requer o juramento genuínos e sinceros!

Sim, sim; não, não

Com base nisso, podemos entender melhor do que Cristo está falando no Sermão do Monte. Quando Cristo diz, “nem pelo céu… nem pela terra… nem por Jerusalém… nem jurarás pela tua cabeça” (Mt 5:34-35), Ele não está falando de juramentos que eram lícitos no Antigo Testamento, mas que agora, na nova dispensação, Ele estava proibindo. Como já foi demonstrado, os comentários de Cristo no decorrer do Sermão do Monte precisam ser entendidos como esclarecimentos sobre o verdadeiro sentido dos mandamentos contra a má interpretação dos escribas e fariseus, exatamente como Ele fez no templo em Mateus 23. Pelo céu, pela terra, por Jerusalém, pela própria cabeça, eram as formas ilícitas de juramento que os escribas e fariseus praticavam e ensinavam, não formas de juramento que Deus havia ordenado. Cristo não estava combatendo os mandamentos de Deus sobre o juramento, mas a corrupção dos escribas e fariseus. Assim como em Mateus 23, o que Ele condenou no Sermão do Monte eram estas formas de ilícitas de juramento que os escribas e fariseus haviam desenvolvido com base na tradição dos antigos.

Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis” (Mt 5:34), então, não trata-se uma proibição absoluta contra todo e qualquer juramento, mas somente com os tipos de juramentos que Ele lista logo em seguida, pelo céu, pela terra, por Jerusalém, pela própria cabeça, etc. Como Mateus 23 mostra, essas formas de juramentos faziam parte de um sistema de falsos juramentos desenvolvido pelos escribas e fariseus. A Lei de Deus nunca mandou jurar por qualquer uma dessas coisas, mas somente pelo nome do próprio Deus:
O SENHOR teu Deus temerás e a ele servirás, e pelo seu nome jurarás”. (Dt 6:13)
Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo; nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanarás o nome do teu Deus. Eu sou o SENHOR”. (Levítico 19:11-12)

Como ensina o Catecismo de Heidelberg:
102. Podemos jurar também pelos santos ou por outras criaturas?
R. Não, porque o juramento legítimo é uma invocação a Deus, para que Ele, o único que conhece os corações, testemunhe a verdade e nos castigue, se jurarmos falsamente. (1) Tal honra não pertence a criatura alguma (2).
(1) Rm 9:1; 2Co 1:23. (2) Mt 5:34-36; Tg 5:12.

A Lei de Deus manda jurar pelo nome de Deus e proíbe de jurar falsamente pelo nome dEle. Os escribas e fariseus, então, para não ter que jurar falsamente pelo nome de Deus, juravam por outras coisas. Mas com isso eles acabavam pecando duplamente. Primeiro, porque a Lei de Deus não autoriza qualquer outra forma de juramento, somente no nome de Deus. Segundo porque, o mesmo lugar que proíbe o falso juramento diz também, “nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo”, que é o que eles faziam com estes juramentos alternativos que eles inventavam. Então, eles não usavam o nome de Deus para evitar pecar em uma coisa, mas acabavam duplicando a culpa, se enforcando com a própria corda.

Além disso, é importante entender que Cristo não disse que “sim” e “não” sejam as únicas palavras que podemos usar em nosso vocabulário. O que ele disse é que o nosso falar deve ser “Sim, Sim; Não, não”. O que isso significa não é que só podemos usar essas palavras, mas que nosso linguajar, especialmente nossos juramentos, devem ser verdadeiros. Os falsos juramentos, sendo falsos, não eram “Sim, sim; Não, não”, mas eram dúbios, sem clareza, mentirosos. O verdadeiro juramento deve ser “Sim, Sim; Não, não” porque ele deve ser prestado, como ensina a Confissão de Westminster, “conforme o sentido claro e óbvio das palavras, sem equívoco ou restrição mental (CFW 22:4). Por isso, Paulo escreveu aos Coríntios:
Porque o Filho de Deus, Jesus Cristo, que entre vós foi pregado por nós, isto é, por mim, Silvano e Timóteo, não foi sim e não; mas nele houve sim. Porque todas quantas promessas há de Deus, são nele sim, e por ele o Amém, para glória de Deus por nós. Mas o que nos confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu, é Deus, O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações”. (II Coríntios 1:19-22)

Aqui é importante observar que Paulo está falando das promessas de Deus. É o conceito de juramento. Deus nos fez promessas por juramento, como Paulo explicou em Sua carta aos Hebreus:
Pois os homens juram por aquele que é maior do que eles, e o juramento para confirmação é, para eles, o fim de toda contenda. Assim, querendo Deus mostrar mais abundantemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu conselho, se interpôs com juramento; para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos poderosa consolação, nós, os que nos refugiamos em lançar mão da esperança proposta; a qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até o interior do véu; aonde Jesus, como precursor, entrou por nós, feito sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”. (Hebreus 6:16-20)

É por isso que, aos Coríntios, Paulo escreveu que “o Filho de Deus, Jesus Cristo, que entre vós foi pregado por nós, isto é, por mim, Silvano e Timóteo, não foi sim e não; mas nele houve sim” (I Co 1:19). “Sim e não” seria uma promessa e juramento duvidosa, como juravam os escribas e fariseus. O verdadeiro juramento, como o que o próprio Deus presta, é segundo “a imutabilidade do seu conselho” (Hb 6:17), pois “é impossível que Deus minta” (Hb 6:18) e por isso, “não foi sim e não; mas nele houve sim” (I Co 1:19). É exatamente sobre isso que que Cristo fala no Sermão do Monte, “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não” (Mt 5:37). Se é sim, é sim. Se é não é não. O que passar disso, “sim e não”, é dubiedade e, portanto, “vem do Maligno” (Mt 5:37).

Toda língua jurará

Segundo o profeta Isaías, uma das característica dos que são salvos por Deus é que eles juram, em verdade, pelo nome de Deus:
Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro. Por mim mesmo tenho jurado, já saiu da minha boca a palavra de justiça, e não tornará atrás; que diante de mim se dobrará todo o joelho, e por mim jurará toda a língua. (Isaías 45:22-23)
Assim que aquele que se bendisser na terra, se bendirá no Deus da verdade; e aquele que jurar na terra, jurará pelo Deus da verdade; porque já estão esquecidas as angústias passadas, e estão escondidas dos meus olhos”. (Isaías 65:16)

Este verso de Isaías 45 é citado duas vezes pelo Apóstolo Paulo no Novo Testamento:
Porque está escrito: Como eu vivo, diz o Senhor, que todo o joelho se dobrará a mim, E toda a língua confessará a Deus. (Romanos 14:11)
E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai”. (Filipenses 2:8-11)

Aqui nós vemos que “confessar a Deus” ou “confessar que Jesus Cristo é o Senhor” é tratado por Paulo como sendo equivalente ao juramento por Deus. Em outras palavras, “confessar que Jesus Cristo é o Senhor” significa é uma promessa feita, sob juramento, de ser Seu servo, tendo-O como Senhor. Sendo assim, se todo juramento fosse proibido no Novo Testamento, Paulo não poderia aplicar o princípio de Isaías 45 ao que acontece na conversão do homem ao Evangelho.

O juramento, então, longe de ser proibido pelo Novo Testamento, é reafirmado, em Seu sentido original, contrário a corrupção dos escribas e fariseus. Como diz o Salmo:
Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam. Porque ele a fundou sobre os mares, e a firmou sobre os rios. Quem subirá ao monte do SENHOR, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente. Este receberá a bênção do SENHOR e a justiça do Deus da sua salvação”. (Sl 24:1-5)

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Fonte: Resistir e Construir
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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Vivendo “Já” com Vistas ao “Ainda Não”

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Por Heber de Campos Jr.


O cenário brasileiro tem experimentado um influxo impressionante de livros que abordam o tema da cosmovisão. Simplificando um assunto bastante complexo, cosmovisão diz respeito a pressuposições que todo o ser humano possui (esteja ele consciente ou não) que residem em nosso mais interior (coração) formando assim uma orientação de vida, um comprometimento com verdades pelas quais você vive e morre. Trata-se de um conjunto de motivações, crenças, certezas, valores e ideais que formam o instrumento interpretativo da realidade, além de ser a base de nossas ações e decisões.

Devido à tradição reformada refletir sobre esse assunto há mais tempo do que qualquer outro segmento da cristandade (com nomes como James Orr, Abraham Kuyper, Herman Dooyeweerd, Francis Schaeffer, etc.), os autores modernos tratam de certos marcos históricos do cristianismo como fundamentos da cosmovisão reformada: criação, queda e redenção. Esse tripé tem sido uma das características mais comuns entre os livros que tratam de cosmovisão. Não que outros cristãos não afirmem tais acontecimentos na história da humanidade, mas são os reformados que costumam enfatizar com maior frequência a importância de considerar a praticidade desses eventos para o nosso dia a dia.

Esses pilares históricos não devem ser vistos como meros conceitos ou categorias intelectuais. Não se tratam de proposições atemporais. A cosmovisão é uma história, a história da humanidade, a nossa história. Esse elemento existencial não pode ser esquecido no estudo de cosmovisões. Sendo assim, é quando encarnamos as verdades dessa história, e vivemos conscientes dessa história, que nossa cosmovisão se coaduna com a revelação bíblica. Viver à luz da criação significa, por exemplo, relacionar-se com as pessoas mais complicadas à luz do fato de ainda serem imagem e semelhança de Deus. Viver à luz da queda implica em não nutrir sonhos utópicos resultantes do esforço humano para construir uma sociedade melhor. Viver à luz da redenção envolve a noção de uma redenção tão abrangente que afeta pessoas não só em sua espiritualidade, mas em todas as áreas de sua vida, inclusive o seu habitat.

Na área da redenção é que calvinistas têm o perigo de comunicar uma mensagem indevida. Se por um lado, atacam corretamente o pessimismo do mundo evangélico em não integrar a fé às várias áreas de nossa atuação secular, por outro lado, correm o risco de criarem uma falsa expectativa de nossa atuação no reino de Deus. Desde a célebre obra de H. Richard Niebuhr, Cristo e Cultura, os calvinistas têm sido descritos como possuindo uma visão transformacionista da cultura. De acordo com Niebuhr, os calvinistas não são essencialmente contra a cultura, nem a recebem indiscriminadamente, não colocam a fé em um patamar acima da vida comum, nem mantém a fé e a vida comum em constante tensão. Eles se colocam como agentes transformadores da cultura. Autores modernos têm perpetuado essa leitura de Niebuhr e falado da importância de uma fé holítisca no engajamento cultural. Os proponentes dessa visão falam de ir além de envolvimento cultural. [1] Os cristãos devem trazer os efeitos da obra redentora de Cristo para as várias esferas da vida.

Precisamos de cautela para não sermos nem pessimistas demais, nem otimistas demais. Aos cristãos cabe o redirecionamento da cultura numa direção redentiva que a restaure, o máximo possível, dos efeitos do pecado. Isto não significa que nossa postura é de “transformação”, uma palavra otimista demais. Nossa atitude é de Reforma, participando dos movimentos de Deus em restaurar certas áreas da sociedade inclinada ao mal. Podemos ser instrumentos de Deus para frear a derrocada moral e espiritual como foram os reis de Judá que operaram Reforma após períodos de grande incredulidade e vileza (Ex: Asa, Ezequias, Josias). A Reforma Protestante do século 16, o Grande Despertamento na América colonial e Inglaterra do século 18, foram movimentos em que Deus freou a decadência de um povo e permitiu que certas áreas da sociedade fossem reformuladas segundo o padrão bíblico. A linguagem de Reforma impede que sejamos pessimistas quanto ao que Deus pode fazer neste mundo antes da segunda vinda de Jesus.

Todavia, para que não sejamos otimistas demais, faz-se necessário acrescentar ao tripé reformado um quarto pilar: o da consumação. Tal inclusão ajuda-nos a separar o “já” e o “ainda-não” da história da redenção. Isto é, a consumação é o completar da redenção, mas não é para esta vida e não é operada pela igreja. Se, por um lado, somos e devemos ser “sal da terra” (Mt 5.13) no sentido de contribuir para o retardamento da putrefação de nossa sociedade – esse aspecto está de acordo com a visão transformacionista –, por outro lado, a parábola do joio (Mt 13.24-30, 36-43) é uma demonstração de que a construção de uma sociedade com a consequente retirada do mal no mundo será uma realização de Deus por intermédio dos seus anjos (isto é, sem a participação do ser humano) e não ocorrerá nesta vida (como é o anseio de muitos seres humanos).

David VanDrunnen faz uma ressalva à visão transformacionista de representantes modernos como Henry R. Van Til (O Conceito Calvinista de Cultura), Cornelius Plantinga (O Crente no Mundo de Deus) e Albert M. Wolters (A Criação Restaurada). Ele chama atenção para um elemento preocupante da escatologia dos transformacionistas:
“Os autores transformacionistas tendem a colocar muita ênfase no caráter já manifesto do reino escatológico. Embora eles obviamente reconheçam que Cristo está voltando e que somente então é que todas as coisas serão perfeitamente restauradas, é curioso que a sua comum divisão tripartida da história em criação, queda, e redenção não inclua a quarta categoria de consumação. Lendo nas entrelinhas, eu sugiro que o relacionamento muito solto entre a transformação da cultura agora e a transformação final a ser realizada no retorno de Cristo contribua substancialmente para a ausência dessa quarta categoria… [Para eles] A obra de trazer a realização perfeita do reino escatológico na presente terra começa já nos esforços culturais do cristão aqui e agora. Consumação parece ser o clímax de um processo de redenção que já está a caminho ao invés de um evento único e radical na história.” [2]

VanDrunnen acertadamente nos lembra do aspecto radical e único da consumação. Cristo não irá só completar o que começou. Ele irá mudar tudo radicalmente. Após o amor esfriar, a apostasia se alastrar, e este mundo ser permeado por um governo maligno, Deus irá eliminar todo o mal com fogo (2 Pe 3.10-13) e para o fogo (Ap 21.10) a fim de criar Novo Céu e Nova Terra.

A ênfase no envolvimento com a cultura, por parte dos transformacionistas, é positiva. Afinal, não fomos remidos para vivermos em um gueto cristão, nos relacionando somente com crentes, realizando tarefas eclesiásticas, criando uma cultura separatista. Porém, nós não fomos chamados para remir a cultura que, de acordo com a Escritura, tende a piorar devido à apostasia. Somos instrumentos para remir pessoas, isso sim. A mensagem de Paulo no Areópago não transformou a cultura de Atenas, mas alcançou pessoas. Só Deus, e isto na consumação, é que promoverá a extinção das culturas pecaminosas e a santificação dos costumes e do conhecimento humano. Só Deus conseguirá plena redenção da cultura.

Kevin DeYoung, avaliando a perspectiva missiológica da igreja moderna, afirma que o que “está faltando na maioria das conversas sobre o reino é alguma doutrina de conversão ou regeneração. O reino de Deus não é essencialmente uma nova ordem da sociedade. Isso era o que pensavam os judeus nos dias de Jesus… Creio que entendo o que as pessoas querem dizer quando falam sobre redimir a cultura ou ser parceiras de Deus na redenção do mundo, mas o fato é que precisamos encontrar outra palavra. A redenção já foi realizada na cruz. Não somos parceiros na redenção de nada. Somos chamados a servir, dar testemunho, proclamar, amar, fazer o bem a todos e embelezar o evangelho com boas obras, mas não somos parceiros de Deus na obra da redenção. De modo similar, não há um texto nas Escrituras que fale que os cristãos constroem o reino. Ao falar sobre o reino, o Novo Testamento usa verbos como entrar, buscar, anunciar, ver, receber, olhar e herdar… no Novo Testamento nunca somos aqueles que trazem o reino.” [3]

Essa observação é muito perspicaz. O problema fundamental dessa tendência, de acordo com DeYoung, é que eles “estão repletos de ‘já’ e carentes de ‘ainda não’ em sua escatologia.” [4]

Creio que o equilíbrio foi estabelecido pelo nosso Salvador nas parábolas do reino em Mateus 13. Se por um lado a parábola do joio nos apresenta uma redenção completada pelo Salvador sem a nossa participação, por outro lado temos as parábolas do grão de mostarda e do fermento (Mt 13.31-33) que falam do crescimento e da influência dos princípios do reino na sociedade. Não podemos ser extremados em nosso entendimento escatológico. Toda escatologia que enfatiza só o que Deus já fez, e está fazendo, produz uma cosmovisão ufanista demais. Toda escatologia que destaca o que Deus irá fazer na segunda vinda de seu Filho, sem levar em conta a redenção que se iniciou na primeira vinda, gera uma visão pessimista do crente no mundo. Precisamos de equilíbrio em nossa cosmovisão. Precisamos viver o “já” com vistas ao “ainda não”.

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Notas:
1 – “De vez em quando os cristãos dizem que nosso alvo principal é mudar o indivíduo, não o sistema. O dualismo persiste: de algum modo nossa vida espiritual pode ser separada de nossa vida cultural, e isso significa que podemos trabalhar no sistema aceito.” Walsh e Middleton, A Visão Transformadora, p. 89. Essa forma de colocar o problema demonstra o espírito revolucionário de subverter o sistema, o qual é próprio dos autores.
2 – David Vandrunnen. “The Two Kindgoms: A Reassessment of the Transformationist Calvin”,Calvin Theological Journal 40, no. 2 (nov 2005), p. 252.
3 – Kevin DeYoung e Tedd Kluck, Por que amamos a igreja (São Paulo: Mundo Cristão, 2010), p. 50, 51.
4 – DeYoung e Kluck, Por que amamos a igreja, p. 40.

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Fonte: Ministério Fiel
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Pragmatismo religioso

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Por Michael Horton


"Sabe, porém isto: Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis; pois os homens serão egoístas, avarentos jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, antes amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes. Pois entre estes se encontram os que penetram sorrateiramente nas casas e conseguem cativar mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de várias paixões, que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade. E, do modo por que Janes e Jambres resistiram a Moisés, também estes resistem à verdade. São homens de todo corrompidos na mente, réprobos quanto à fé; eles, todavia, não irão avante: porque a sua insensatez será a todos evidente, como também aconteceu com a daqueles" (II Tim. 3:1-9).

A Inglaterra, que uma vez já foi conhecida pela sua vitalidade espiritual, agora está mergulhada numa letargia espiritual e a visão missionária dos Estados Unidos está substituindo aquilo que a Inglaterra deixou de lado. Além disso, muita coisa do que Deus está fazendo hoje está acontecendo fora desses dois países. Eu espero que a Igreja no Brasil esteja em constante oração para que, a partir do Brasil, uma outra reforma e um grande despertamento venha e tome conta do mundo.

Não sabemos o que Deus vai fazer no mundo, mas seria muito emocionante se pudéssemos fazer parte daquilo que Ele deseja fazer no Brasil. É maravilhoso ser um cristão e saber que Deus tem todas as coisas debaixo do Seu controle. Todos nós sabemos da necessidade de um grande avivamento, mas ao mesmo tempo existe uma grande polêmica nesses dias sobre a questão. Sem sombra de dúvidas, se convidássemos as pessoas para uma reunião de avivamento, muitas delas viriam com conceitos diferentes do que é avivamento. Assim sendo, faz-se necessário ter uma definição clara em nossa mente do significado desse termo. Qual a diferença entre avivamento e avivalismo, se assim podemos chamar?

Avivalismo e Pragmatismo

Avivalismo, especialmente na tradição deixada por Charles Finney, é, na realidade, um fenômeno americano e queremos tratar de parte desse fenômeno. Não somente porque é um produto feito na América, mas porque muitos dos movimentos que estão vindo dos Estados Unidos para outras partes do mundo têm essa visão característica de entender avivamento segundo o modelo de Charles Finney.

Esse modelo tem como base o que nós chamamos de pragmatismo. Se você for abrir um negócio você tem que ser pragmático e se você vai criar uma família, existe uma série de considerações práticas que você precisa sempre ter em mente; e, certamente, o mesmo se aplica quando nós estamos fundando uma Igreja e queremos desenvolvê-la.

Todos sabemos que há preocupações práticas que devemos considerar, mas o pragmatismo é uma filosofia que empurra para a periferia uma série de princípios fundamentais e elege, como único fator relevante, a questão: “Isso funciona?”

Quais os perigos do pragmatismo? Voltando para o texto de II Tim. 3:1-9, consideraremos primeiramente os aspectos relativos à nossa chamada para o ministério. Vejamos, então, o contexto do nosso ministério. Paulo se refere a esse contexto como sendo o dos “últimos dias”. Sabemos que os “últimos dias” começaram com o tempo dos apóstolos, e terminarão com a segunda vinda do nosso Senhor. Portanto, estamos vivendo nos “últimos dias”, como, também, Timóteo estava vivendo nos “últimos dias”. Qual é o contexto, então, do ministério nesse período entre as duas vindas de Cristo? Paulo diz, em primeiro lugar, que nos últimos dias os homens serão amantes de si mesmos.

Narcisimo e Auto-Estima

Christen Lash, um sociólogo americano bastante conhecido, escreveu um livro sobre a cultura americana cujo título é: “O culto do Narcisismo”. Essa é uma acusação difícil de se fazer, porque o que ela implica é que a cultura americana é uma cultura onde as pessoas se endeusam. E como vocês se lembram “Narciso” é o nome daquele jovem da lenda grega que costumava admirar o seu próprio reflexo no espelho das águas. Mas isso não somente é parte da nossa cultura, como também se tornou parte das nossas igrejas. Muitos dos movimentos que se entitulam “avivados”, em nossos dias, simplesmente estão reavivando o narcisismo, ou seja: a adoração do “eu”. Isso pode ser visto na declaração de um desses pastores que afirmou: “A Reforma errou porque foi centralizada em Deus e não no homem, como devia ser”. Esse pastor escreveu um livro cujo título é: “Crendo no Deus Que Crê em Você”. Uma certa ocasião, trouxemos esse cidadão para falar no nosso programa de rádio. Então eu li essa passagem, onde Paulo diz que as pessoas serão amantes de si mesmas, e perguntei-lhe: “Como você pode dizer às pessoas que a salvação começa com o amor próprio, quando Paulo diz que nos últimos dias as pessoas serão amantes de si mesmas? Não estaria ele dizendo que isso é uma coisa errada, e que nós não devíamos ser amantes de nós mesmos? E como Deus vai nos fazer felizes com esse falso evangelho narcisista?”

O que está acontecendo é que a piedade e a santidade deixaram de ser os referenciais pelos quais julgamos se um movimento é ou não é do Espírito. Assim, o critério que tem sido adotado é: “Funciona? Vai me fazer feliz? Vai me ajudar a criar minha família? Vai consertar o meu casamento?”. Todas essas questões são importantes, à luz das Escrituras, mas não são as mais importantes.

Em segundo lugar, Paulo diz que eles serão amantes do dinheiro. Porque as pessoas amam excessivamente a si mesmas, elas criam o evangelho da auto-estima; e porque as pessoas amam excessivamente o dinheiro, elas criam o evangelho da prosperidade.

Rebeldia, desprezo pelo passado e busca do prazer

Paulo diz ainda que haverá muito orgulho e revolta contra as autoridades. Haverá pessoas desobedientes aos pais. Uma geração não se preocupará com a geração anterior. O cantor Bob Marley escreveu uma música sobre a cultura americana dizendo: “Povo do futuro, onde está o teu passado? Povo do futuro, quanto tempo vocês vão durar?” O povo que não tem passado também não tem futuro. Não sei se Bob Marley era crente, mas com certeza esses versos refletem um ponto de vista bíblico ao tentar se segurar naquilo que pede o seu passado.

Eu quero lhes garantir que se levarem a doutrina bíblica a sério, muitos irmãos e irmãs vão lhes dizer que vocês não estão andando nos passos do Espírito; vão lhes dizer que o Espírito Santo hoje quer fazer uma coisa inteiramente nova, tal como nunca fez no passado. E o que vocês vão falar? Vão falar sobre os grandes avivamentos do passado, sobre a Reforma? Qual o valor disso para os amantes de si mesmos e materialistas? Eles responderão que Deus está fazendo algo completamente diferente nos dias de hoje. Mais uma vez eu quero lembrar que isso faz parte do narcisismo que diz o seguinte: - “eu é que sou importante e aqueles da minha geração é que são importantes e não os que vieram antes de nós”.

E ele diz também que as pessoas serão hedonistas, amantes do prazer, nos últimos dias; como ele diz no verso 4, serão mais “amigos dos prazeres que amigos de Deus”. Mais uma vez queremos enfatizar: Se você perguntar em uma Igreja: “Vocês concordam com o hedonismo?” Creio que ninguém vai responder sim a essa pergunta. Mas se você entrar numa livraria evangélica, se ouvir uma emissora de rádio evangélica, se prestar atenção a muitos sermões evangélicos, você ouvirá mensagens afirmando  que o Cristianismo é a melhor maneira para você se auto-realizar. Quantos testemunhos temos visto que funcionam como comerciais de televisão? Nos Estados Unidos, temos aquelas propagandas de dieta que mostram uma pessoa antes e depois da dieta. Muitas vezes, os testemunhos dos crentes são assim: “Antes eu era triste, agora sou feliz; antes eu era deprimido, mas agora eu estou extremamente motivado para viver”. Esses são benefícios maravilhosos, mas, por vezes, a verdade é que nós, como cristãos, nos tornamos tristes. Algumas vezes, o caminho da cruz é o caminho do sofrimento, e nem sempre estamos tão entusiasmados a respeito disso. Apesar de tudo isso, a perspectiva que predomina nos nossos dias é que temos que viver para satisfazer a nós mesmos.

Moralidade sem piedade

No verso 5 do texto destacado, Paulo diz: “tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder”. Veja bem! O que Paulo está dizendo é que pode haver uma moralidade sem Deus. Existem pagãos que tem uma vida moral excelente, e há ímpios que acreditam ser errado você trair sua esposa. Há pessoas não cristãs que têm famílias muito boas. Mas será que este é o propósito do cristianismo? Consertar tudo aquilo que está moralmente errado no mundo, ou será que o foco está em Deus, nos Seus mandamentos justos, e no Evangelho pelo qual nós devemos viver?

É esse o contexto do nosso ministério. Então respondamos à pergunta: Qual o nosso chamado para o ministério? O exemplo de Paulo é alguma coisa que temos de imitar nesse sentido. Mas agora perguntamos: Como, historicamente, essa filosofia do pragmatismo dominou o pensamento moderno? A figura mais destacada no cenário evangélico, neste sentido, é a de Carlos Finney. Quantos de vocês já ouviram falar de Charles Finney? Quase todo mundo. Isso é significante porque Finney é uma pessoa muito importante para aqueles que são proponentes do movimento de crescimento da Igreja e do movimento de sinais e prodígios.

Evangelho ou Pragmatismo?

Charles Finney era presbiteriano, mas atacou a Confissão de Fé de Westminster que ele próprio subscrevera. Ele a chamou de: “um papa de papel”. Ele dizia, no século XIX em que viveu: “Nós já somos pessoas muito ilustradas e racionais para acreditar em todas essas coisas aí que a Confissão de Fé está dizendo”. Vejam algumas das coisas que Charles Finney escreveu:

Quando o homem se torna religioso - disse Finney - ele não recebe um poder que não tinha antes, ele simplesmente muda a sua vontade, e resolve seguir, agora, numa direção moral. Religião é obra do homem, não é um milagre e nem depende de um milagre em qualquer sentido; é simplesmente um resultado filosófico do uso correto de técnicas. O homem já possui, por natureza, toda a habilidade necessária para prestar perfeita obediência a Deus, portanto o objetivo do ministro é emocionar as pessoas até que se disponham a tomar essas decisões.

Foi dessa filosofia que nasceu o que ficou chamado naquela época de “novas medidas introduzidas por Finney”. Por exemplo: O sistema de apelo para que as pessoas se manifestem fisicamente e caminhem até à frente em resposta à pregação nasceu com Charles Finney, nesse período. Em sua Teologia Sistemática, Finney nega explicitamente a doutrina do pecado original. Ele diz ainda que a doutrina da substituição vicária de Cristo é uma ficção, e que a justificação pela graça, por meio da fé somente, é “outro evangelho”. Com certeza, é um evangelho diferente daquele que Finney estava pregando.

É isso que Paulo diz a Timóteo, quando fala de pessoas que têm forma de piedade mas negam, entretanto, o seu poder. Afinal de contas, onde reside o poder da piedade? É o poder de Deus para a salvação! E que poder é esse? É o evangelho de Jesus Cristo! Somente o Evangelho pode nos capacitar a viver a vida cristã. Portanto, é possível ter moralidade sem piedade; e esse é o resultado do pragmatismo.

Mais tarde, tornou-se conhecida a idéia de D.L. Moody. Ele disse no século XIX que não faz nenhuma diferença como você leva alguém a Deus; se você conseguir fazer isso, não importa o meio. O importante é levar, de qualquer maneira, a Deus.

Uma vez perguntaram a Moody: Qual é a sua teologia? Ele disse: “Minha teologia? nem sei se eu tenho uma!”. Vejam bem! Moody era um vendedor de sapatos, e um dia ele disse que ao se tornar evangelista não mudou de profissão, o que ele havia feito era trocado de produto.

Como abordamos o pragmatismo corporativo da nossa cultura? Alguns dizem que a contribuição distinta da América para a história da filosofia foi a criação do pragmatismo. Um dos grandes pais do pragmatismo e quem o transferiu da esfera religiosa para a esfera secular foi William James. Ele era filho de pastor; pastor, ele próprio, e também professor da Universidade de Harward. Ele disse: “Faça a seguinte pergunta: Como é que você define que determinada verdade é o que você deve crer?” E acrescentou: “A resposta é que você tem que determinar o seu valor em termos de experiência e resultado”. Então, com princípios pragmáticos, analisou a doutrina de Deus dizendo o seguinte: “Se a doutrina de Deus funciona, então é verdade. O pragmatismo tem que adiar questões dogmáticas porque no começo nós não sabemos qual reivindicação doutrinária vai produzir resultado”.

Acredito que quase ninguém iria marcar essas coisas num exame tipo teste dizendo que acredita nelas, mas, na prática, o que acontece é que esse é o credo do evangelicalismo mundial hoje. Um evangelista americano famoso disse: “Não tente entender, simplesmente comece a desfrutar, porque funciona; eu já tentei”. Ele estava falando a respeito da meditação transcendental da Nova Era. Na década de 50 do nosso século, esse pragmatismo se desenvolveu em termos de pensamento positivo. Foi então publicado um livro chamado “A Mágica do Crer”. Esse livro propõe que há uma certa qualidade mágica no simples ato de crer. Porém, a verdade é outra. No cristianismo, o que salva não é o ato da fé, mas sim o objeto da fé. Nós não somos salvos pela fé, não somos justificados pela fé; nós somos justificados pela justiça de Cristo que nos é imputada. Mas hoje em dia, desenvolveram essa equação de que fé é igual a pensamento positivo. Na realidade, essa última frase que mencionei foi uma citação de Peter Wagner.

Deus como objeto de consumo

Muito bem! Esses conceitos funcionam numa sociedade materialista, que está satisfeita e centralizada no ego; pode funcionar muito bem na América do final do século XX, pode ser até que funcione em São Paulo também, e pode funcionar em Londres. Mas imagine o seguinte quadro: Você vai a um cristão do século I e diz a ele que a razão principal pela qual ele está indo para a boca dos leões é porque o Cristianismo funcionou melhor do que as outras religiões!

Os testemunhos que temos no Novo Testamento são muito diferentes dos testemunhos que nós vemos hoje em dia. No Novo Testamento temos a palavra de testemunhas oculares, que é muito mais importante que o nosso próprio testemunho. O que é que Paulo disse em I Cor. 15? Ele disse: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e é vã a vossa fé... Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens”. Ele não diz “pelo menos vocês têm uma vida feliz e saudável!”. E ele também não está dizendo “Bem! o que é que você pode perder?” Por que Paulo não fez isso? porque ele não era um pragmático. Paulo fundamentava todas as reivindicações da fé cristã no Evangelho verdadeiro.

Temos que nos perguntar: “Será que não estamos usando a Deus? Será que, finalmente, não embarcamos nesse consumismo da nossa sociedade? Será que não estamos tratando a Deus como tratamos um produto?” São perguntas muito importantes que devem ser feitas a nós mesmos. “Será que Deus está nos usando ou nós estamos usando a Deus?”

Reavivamento e Reforma não virão à Igreja até que a mentalidade dos crentes seja desviada desse egoísmo humano, da centralização no homem que Paulo descreve, para o verdadeiro Evangelho e para Deus.

Nos Estados Unidos, temos um adesivo que diz: “Jesus é a resposta”. Os incrédulos fizeram um outro adesivo para retrucar a esse: “Qual é a pergunta?” Considere, agora, o que diz o pragmatismo: “Eu não sei qual é o seu problema, mas qualquer que seja, Deus pode resolver. O seu carro está enguiçado? A sua vida familiar não está progredindo como devia? Deus pode consertar em um piscar de olhos!”. Assim, passamos a consumir a Deus. Nós usamos a Deus, ao invés de amá-Lo, servi-Lo e honrá-Lo.

Muito bem! Então qual é o propósito do nosso ministério? Vejamos o que diz Paulo:

Tu, porém, tens seguido de perto o meu ensino, procedimento, propósito, fé longanimidade, amor, perseverança, as minhas perseguições e os meus sofrimentos, quais me aconteceram em Antioquia, Icônio e Listra, - que variadas perseguições tenho suportado! De todas, entretanto, me livrou o Senhor. Ora todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados. Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste. E que desde a infância sabes as sagradas letras que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção para a educação na justiça. a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, que não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em todas as cousas, suporta as aflições, faze o trabalho de evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério (II Tim. 3:10-4:5).

O modelo apostólico

Em primeiro lugar, o propósito do nosso ministério é seguir o modelo apostólico. Paulo menciona aqui o seu ensino, a sua maneira de viver, o seu propósito, a sua fé, a sua paciência, o seu amor, e a sua perseverança diante das tribulações. Perseguições? Sim! É o que ele diz no verso 12. Todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. Será que é isso o que estamos ouvindo hoje? Ou será que estamos ouvindo outra mensagem? Algumas vezes você vai pensar que não está dando certo, que as coisas não estão funcionando como deveriam, como lemos em Romanos, capítulo 7. Nós sofreremos como cristãos, e ainda vamos sofrer com os nossos pecados.

A proclamação da Lei e do Evangelho

Além de seguir o seu exemplo, Paulo quer que Timóteo também se firme naquelas verdades que aprendeu quando era jovem. Veja que Paulo, ao invés de nos levar à questão do pragmatismo: “Será que funciona?”, ele nos conduz para as Escrituras. Ele diz: “'prega a Palavra', com muita paciência instruindo as pessoas. Porque haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina. Ao contrário, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças, como quem sente coceira nos ouvidos” (4:3).

Vejam! sempre temos coceira nos ouvidos. Pragmatismo não é uma coisa nova. Na realidade já foi praticado desde o jardim do Éden. Quando Eva viu que a árvore era agradável para se ver, para descobrir o conhecimento e desejável para trazer entendimento; então ela tomou do fruto e comeu. O que significa para nós “pregar a Palavra”? O que Paulo quer dizer no verso 5 “Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de evangelista”?. O que ele quer dizer com isso, “pregar a Palavra”? Vez após vez, Paulo e os demais escritores bíblicos nos dizem que isso é a proclamação da lei. Na verdade, é pela proclamação da lei santa de Deus que nós somos tocados e feridos. A lei de Deus vem até nós e ela não vem dizendo assim: “Eu vou transformar a tua vida numa vida feliz!”, ela não vem dizendo: “Vou te dar prosperidade!”. Na realidade, a lei vem para nos dizer exatamente aquilo que Deus tem dito que requer de nós. A lei nos confronta com a glória de Deus e a nossa pecaminosidade torna isso aterrorizante!

Finalmente, o Evangelho vem e causa também impressão em nós. Há uma Igreja no Estado do Arizona, cujo pastor, numa entrevista que foi publicada na revistaNewsweek, disse: “As pessoas hoje em dia não estão preocupadas com doutrinas como justificação, salvação ou expiação. Nos dias de hoje, ninguém entende esses termos. O que nós precisamos fazer é atender as necessidades das pessoas!”

Imaginem um professor! Vocês não acham que seria muito estranho se o professor chegasse dizendo assim: “Não posso ensinar o alfabeto para esta criança porque ela ainda não sabe português”. Esse é o tipo de argumento que esse pastor estava apresentando. Tanto que o que hoje se passa com o nome de pregação, na realidade, não é pregação da Palavra. Porque não apresenta nem a Lei nem o Evangelho. Esses pastores começam decidindo o que é que as pessoas de sua igreja desejam ouvir. Quais são os pontos que estão em moda hoje? Quais são as necessidades das pessoas dos dias de hoje? E aí, então, eles vão às Escrituras e procuram e acham passagens que podem ser usadas para apoiar essa necessidade, ao invés de, indo ao texto, perguntarem primeiro como a santidade de Deus nos convence do nosso pecado e como o Evangelho de Cristo pode ser tão claro que até pecadores como nós podem se arrepender e crer.

Mas vocês, irmãos e irmãs, ouçam o que Paulo diz, sejam sóbrios em todas essas coisas, preguem a palavra, suportem as aflições, façam o trabalho de evangelista, e cumpram cabalmente o ministério.
***
Palestra proferida por ocasião do V Simpósio “Os Puritanos”, realizado em Águas de Lindóia, SP, de 10 a 14 de junho de 1996. Michael Horton é professor no Seminário Reformado em Orlando, Flórida (USA), fundador e presidente do movimento “Cristãos Unidos pela Reforma”, na Califórnia, e autor de diversos livros. [Você também poderá baixar o eBook deste artigo clicando aqui]

Fonte: Os Puritanos

Pessoas já estão recebendo implantes de chips em vários países

Filmes de Hollywood servem para disseminar a ideia
por Jarbas Aragão
O implante de chips em seres humanos já é uma realidade. Esta semana, uma pesquisa realizada pela empresa de tecnologia Cisco Systems mostrou que cerca de um quarto dos profissionais entre 18 e 50 anos seriam voluntários para receber um implante cerebral que lhes permitisse unir instantaneamente seus pensamentos com a Internet.
Entre outras conclusões, o relatório revela que até 2020, a maioria dos profissionais acredita que os smartphones e os “wearables” (computadores vestíveis) serão os dispositivos mais importantes na força de trabalho.
Na verdade, a tecnologia já existe e está sendo testada em diferentes países. Em setembro, um grupo de australianos inseriu microchips sob a pele para poderem controlar dispositivos eletrônicos apenas com um movimento.
Ben Slater, diretor de publicidade para a Apple na Austrália, tornou-se famoso por demonstrar como os smartphones interagem com quem já usa um chip com a tecnologia RFID (Identificação por Radio- Frequência). Do tamanho de um grão de arroz, o implante subcutâneo permite que o usuário possa abrir portas, ligar e desligar luzes e uma série de outras coisas apenas com gestos, sem precisar tocar nas coisas.
O celular identifica o movimento e se “comunica” com os objetos, numa simbiose que até recentemente só era possível se ver em algum filme de ficção. Sua ação foi uma maneira de promover o lançamento do IPhone 6 na Austrália e mostrar de que maneiras o telefone se comunica com os chips.
Além de Slater e outros australianos, a tecnologia também ganhou adeptos na Suécia. Durante a conferência SIME 2014, realizada este mês em Estocolmo, voluntários suecos implantaram chips similares, que permitem a interação com aparelhos eletrônicos.
Emilott Lantz, 25, é parte de um grupo de cerca de 100 pessoas que vivem com um microchip de tecnologia RFID. Durante a SIME, onde foi debatido e apresentado os mais recentes avanços na área de tecnologia, todos os participantes interessados receberam o implante do microchip de graça. Trata-se do mesmo tipo comumente usado para rastrear animais de estimação.
O diferencial é que eles estão programados para servirem aos seres humanos como substitutos de chaves e senhas. Para Lantz, além da curiosidade, esse foi o principal motivador. Agora, ela não precisará carregar tantas chaves como de costume.
“A tecnologia não é nova, mas o assunto torna-se sensível apenas porque é no corpo humano”, disse ela. “Eu não me sinto como se isso fosse o futuro – este é o presente. Para mim, é estranho que não vimos isso ser usado antes”, conclui.
Nos Estados Unidos, um homem chamado Robert Nelson inseriu chips com a tecnologia NFC, a qual permite a troca de dados por aproximação, nas duas mãos. Uma reportagem do site ‘Ubergizmo’, mostra que Nelson já conseguiu simular pagamentos, pois é a mesma tecnologia usada no pagamento por smartphones.
De acordo com RT News esse mesmo tipo de chip NFC foi implantado por um grupo de holandeses. Eles fazem parte de um experimento comandado pelo empresário Martijn Wismeijer. Através de estruturas de vidro “biocompatíveis”, ele conseguiu implantar dois chips nas mãos que são capazes de armazenar e realizar transações com a moeda virtual “bitcoin”. Ou seja, ele literalmente não precisa mais de dinheiro ou cartões de crédito para fazer compras.
Co-fundador da empresa MrBitcoin, que é especializada em negociações com moedas virtuais, ele explica que os chips se comunicam com qualquer smartphone que rode o sistema Android. “O terminal de pagamento continua sendo o telefone, mas é possível transferir bitcoins a partir dos chips”, explica.
Em vários países desenvolvidos, os benefícios de se usar chips (com fins medicinais ou não) são bastante debatidos entre os adeptos do trans-humanismo, também chamado de Humanidade +.
Esse movimento filosófico deseja explorar as inovações da ciência e tecnologia e sua relação com a humanidade. Seu objetivo é fazer a humanidade vencer as barreiras do organismo e prolongar a vida indefinidamente. O assunto foi tratado de maneiras diferentes em dois filmes lançados este ano: “Lucy”, estrelado por Scarlett Johansson, e “Transcendence – A Revolução”, com Johnny Depp. Com informações deDaily Mail e The Local
Fonte:gospelprime

domingo, 23 de novembro de 2014

Uma visita especial ao amanhecer

O desafio de servir a Cristo em países onde a perseguição aos cristãos é severa reflete não apenas nos dias de maior tensão, como no ataque a uma igreja no Paquistão que matou muitos irmãos e feriu tantos outros; a marca deixada pela escolha de permanecer firme fica para sempre. Porém, quando aceitamos o desafio, Jesus se aproxima de nós
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–  “Jarrar*!”
– “Jarrar!”

Sajjida* falou gentilmente tentando acordar o seu marido, que dormia no chão próximo à sua cama. "Acorde, são 4 horas da manhã".

Ela detestava fazer isso tão cedo, mas sabia que ele tinha de levantar ou não chegaria pontualmente ao trabalho. Ela se questionava porque o alarme não tinha despertado ainda. Ela tentou olhar para além da cama, mas não conseguiu se mover o suficiente. As bombas que dispararam quando os suicidas entraram na igreja em Peshawar, deixaram seu corpo severamente ferido.

Lágrimas rolaram sob sua face. Sua mãe tinha ido para casa para descansar à noite. Ela cuidou de Sajjida como somente uma mãe pode fazer. Ela e Jarrar se revezam em turnos para cuidar de Sajjida. O cheiro pútrido de carne e de feridas tomaram suas narinas. Fazia frio. Ela lembra os dias que nem pensava duas vezes em se curvar toda para lutar contra o frio. Agora ela não sabia mais como fazer isso. Ela não poderia fazer nada, além de aceitar a ajuda de sua mãe e de Jarrar, que são a duas únicas pessoas que sabem como trocar os curativos dela conforme ensinado pelos médicos.

A porta abriu vagarosamente. Alguém entrou e mesmo com a porta entreaberta, inexplicavelmente uma onda de calor entrou na sala. Sua mãe tinha ido para casa e Jarrar estava quase adormecendo. Sajjida assistiu a cena consumida pelo medo e por um sentimento de alegria. De repente, a paz invadiu seu coração e controlou suas emoções. Impossibilitada de dizer sequer uma palavra, Sajjida, ficou quieta com os olhos abertos à medida que o visitante começou a passar suas mãos nos curativos.

"Nós somos muito cuidadosos em nossa cultura com a segregação. Os homens não entram subitamente no quarto de uma mulher. Eu nunca permitiria um homem estranho entrar no quarto. O seu xale escondia sua face de mim. Eu tinha uma paz tão imensa e à medida em que ele tocava as minhas feridas, eu sentia um toque de cura no meu corpo. Eu estava com o corpo quente e me senti limpa pela primeira vez desde o ataque. Eu passei a dormir de uma maneira que eu não conhecia desde o acidente. Então, sem dizer uma palavra, ele deixou o quarto, e, no momento em que ele saia, as expressão ‘querido Jesus’ escaparam dos meus lábios", afirma Sajjida.

Uma hora depois, enquanto Sajjida ainda tentava se acalmar, Jarrar acordou. Ele levantou assustado para não chegar atrasado ao trabalho. "Eu tinha receio de perder o meu emprego, se eu continuasse faltando ou chegando atrasado. Mas, quando eu vi Sajjida e que seus curativos pareciam novos, eu fiquei muito confuso, porque eu sabia que a mãe dela estava fora e nós éramos os únicos que sabíamos como trocar os curativos”, conta Jarrar.

Ele olhou para ela de modo impressionado ao ouvir sobre o visitante. Ele verificou todas as pessoas nos outros cômodos e todos eles estavam dormindo, exatamente como ele havia deixado. "Eu perguntei novamente quando cheguei em casa à noite e todos pensaram que eu estava louco".

Isso aconteceu duas outras vezes. Jesus visitou Sajjida, tocou-a e toda vez ela dormia profundamente e sentia-se plenamente descansada após cada uma de suas visitas.

Ao longo do ano – desde o ataque – Sajjida e muitas outras pessoas passaram por inúmeras cirurgias. Ela tem recebido visitas regulares dos pastores e cuidadores da equipe de aconselhamento e apoio chamada Alive. Os participantes desse trabalho ouviram a história de Sajjida e Jarrar por horas, compartilharam o amor de Deus e ministraram cura para o estresse pós-traumático que o casal enfrenta desde o ataque à sua igreja.

Leia mais sobre o testemunho de Sajjida e Jarrar aqui.

*Nomes alterados por motivos de segurança.
FontePortas Abertas Internacional
TraduçãoCecília Padilha

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