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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Cristãos revoltados após pedofilia ser oficialmente aceita como “opção sexual”


Associação Americana de Psiquiatria muda classificação e gera polêmica
por Jarbas Aragão

Cristãos revoltados após pedofilia ser oficialmente aceita como “opção sexual”Pedofilia passa a ser oficialmente aceita como "opção sexual"
Em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista internacional de doenças. Desde 1886 ela era tratada como um caso de saúde pública.
A Associação Americana de Psiquiatria publicou, em 1952, em seu primeiro Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mentais, que a homossexualidade era uma desordem ou transtorno. Após anos de debate entre psiquiatras, em 1973 a Associação Americana de Psiquiatria retirou a opção sexual da lista de transtornos mentais. Pouco depois a Associação Americana de Psicologia adotou a mesma posição.
Esse foi o primeiro passo para que a Organização Mundial de Saúde acatasse essa decisão e mudasse sua situação na classificação internacional de doenças (CID). De lá para cá ativistas LGBT fizeram sucessivas investidas para que a questão gay fosse tratada apenas como “opção sexual”. No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia deixou de considerar a opção sexual como doença em 1985.
Na maioria dos países do mundo, grupos de cristãos tradicionais (evangélicos e católicos) sempre se opuseram a essa abordagem, classificando apenas como uma questão de “escolha” ou simplesmente “pecado”.
Em outubro de 2013, está começando uma nova guerra dos cristãos contra a questão do que é aceitável e inaceitável do ponto de vista médico. A Associação Americana de Psiquiatria acaba de mudar a classificação de pedofilia. De um transtorno, passou a ser uma orientação ou preferência sexual. A mais recente edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª edição (DSM-V). Trata-se de um manual para diagnóstico de doenças mentais. Ele é usado para definir como é feito o diagnóstico de transtornos mentais.
A pedofilia é definida na nova edição como “uma orientação sexual ou preferência sexual desprovido de consumação, enquanto o ‘distúrbio pedófilo’ é definido como uma compulsão e usado para caracterizar os indivíduos que usam assim a sua sexualidade”. O referencial são crianças com menos de 13 anos de idade.
Grupos cristãos estão se manifestando nos EUA, temendo que ocorra o mesmo processo que aconteceu com a homossexualidade, onde o primeiro passou foi justamente a mudança de classificação da Associação Americana de Psiquiatria.
Por outro lado, associações defensoras da pedofilia, como a B4U-ACT, aprovaram a medida. Paul Christiano, porta-voz do grupo afirma que ficará mais fácil distinguir quem sente atração sexual e quem comete a violência (configurando crime).  Christiano, que é formado em psiquiatria, defende a “autonomia sexual” das crianças, e acredita que “mais educação sexual nas escolas iria ajudá-los a compreender melhor seus limites”.
Sandy Rios, da ONG evangélica Associação da Família Americana, disse em comunicado oficial: “Assim como a Associação Americana de Psiquiatria declarou a homossexualidade uma ‘orientação’ após uma tremenda pressão de ativistas homossexuais em meados dos anos 1970, agora, sob pressão dos ativistas pedófilos, declararam o desejo de fazer sexo com crianças também uma ‘orientação’. Não é difícil ver onde isso vai levar. Mais crianças se tornarão presas sexuais se não agirmos”.
No Brasil, em meio ao debate do Projeto de lei PLC 122, proposto pelo PT, o senador Magno Malta, declarou: “Se aprovarmos um projeto desses, de você ser criminoso por não aceitar a opção sexual de alguém, é como se você estivesse legalizando a pedofilia, o sadomasoquismo, a bestialidade… O advogado do pedófilo vai dizer, senhor juiz a opção sexual do meu cliente é criança de nove anos de idade. O juiz vai decidir como, se está escrito que é crime?”
Esta semana, nos EUA, o Dr. Gregory Popcak , do Instituto de Soluções Pastorais, organização católica dedicada a tratar, do ponto de vista da fé, questões relacionadas ao casamento e a família, alerta: “se chamarmos de ‘orientação’ algo que pode ser utilizado por algum grupo de defesa, acabaremos ouvindo que a pedofilia é “apenas mais uma expressão normal do desejo sexual, o que seria extremamente problemático”.
No início deste ano, um Tribunal Federal da Holanda aprovou a existência da Associação Martijn, defensora do sexo consensual entre crianças e adultos. O veredito oficial reconhece que o trabalho da associação é “contrário à ordem pública, mas não há uma ameaça de desintegração da sociedade”. Com informações Charisma News e Women of Grace.
Fonte:gospelprime

Brasileiro é eleito presidente do Conselho Mundial das SBU


A Sociedades Bíblicas Unidas é uma aliança entre 146 Sociedades Bíblicas de diversos países do mundo
por Leiliane Roberta Lopes

Brasileiro é eleito presidente do Conselho Mundial das SBUBrasileiro é eleito presidente do Conselho Mundial das SBU
A Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) anuncia que o seu diretor executivo, Rudi Zimmer, foi eleito presidente do Conselho Mundial das Sociedades Bíblicas Unidas (SBU).
A escolha de Zimmer aconteceu durante uma reunião da SBU, aliança que congrega 146 Sociedades Bíblicas do mundo, nos dias 14 a 18 de outubro em Swindon, no Reino Unido.
Durante estes dias representantes de diversas sociedades bíblicas puderam votar e escolher os integrantes do Conselho Mundial que passarão a coordenar as Assembleias Gerais.
Além do presidente, o Conselho é formado por outras 20 pessoas, sendo 17 profissionais de Sociedades Bíblicas e quatro das principais igrejas que são servidas pela Aliança: Ortodoxa, Católica, Protestante e Emergente/Pentecostal.
Zimmer já liderava a Diretoria Mundial e conseguiu passar por questões como tecnologia digital, juventude, relações com igrejas e traduções da Bíblia sempre planejando e coordenando trabalhos bem-sucedidos.
“Somos gratos a todos os membros da antiga Diretoria Mundial e ao presidente das SBU, Rev. Robert Cunville, pelo apoio prestado a toda a Aliança, e ao diretor geral das SBU, Michael Perreau, por sua contribuição na liderança da Aliança. Este respaldo tem nos permitido realizar nossa missão, de levar a Palavra de Deus a um número cada vez maior de pessoas”, disse ele ao tomar posse do novo cargo.
Rudi Zimmer é presidente da SBB desde 2005, mas já soma mais de 20 anos de trabalho na empresa. Doutor em Teologia (Th.D.), ele também foi professor de seminário teológico e tem outros diplomas na área de Administração e Letras. Fora esses trabalhos, Zimmer também é pastor luterano e continua exercendo o chamado pastor através de ensinamentos e orientações de estudos bíblicos.
Fonte:gospelprime

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Orare et labutare: A Hermenêutica Reformada das Escrituras - 3/3

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Por Rev. Paulo R. B. Anglada


C. Corrente Reformada 

A corrente reformada de interpretação das Escrituras (objeto específico deste estudo) posiciona-se entre as duas correntes extremas já consideradas. Ela (a corrente reformada) caracteriza-se pelo equilíbrio resultante do reconhecimento do caráter divino-humano das Escrituras. Em função disso, os intérpretes desta corrente reconhecem a necessidade da iluminação do Espírito falando através da própria Palavra, ao mesmo tempo em que admitem a necessidade de interpretação gramatical e histórica das Escrituras. A interpretação reformada rejeita, por um lado, a alegorização indevida das Escrituras e, por outro, repudia uma postura primariamente crítica com relação a elas. 

1. Método Gramático-Histórico 

O método de interpretação adotado e praticado pela corrente reformada ou protestante conservadora é conhecido pelo nome de método gramático-histórico; o método de interpretação honrado pelo tempo, no dizer de M. Lloyd-Jones. Trata-se de um método fundamentado em pressuposições bíblicas quanto à própria natureza das Escrituras, que emprega princípios gerais e métodos lingüísticos e históricos coerentes com o caráter divino-humano da Palavra de Deus. 

2. Precursores: Escola de Antioquia e Agostinho 

Os reformadores não criaram este método de interpretação bíblica do nada. Eles se fundamentaram no próprio ensino bíblico sobre a sua natureza e na prática apostólica. As origens da interpretação reformada também são encontradas na escola de Antioquia da Síria, que pode ser considerada precursora do método gramático-histórico. Seus principais representantes foram Teodoro de Mopsuéstia (†428) e João Crisóstomo (†407), o ‘‘Boca de Ouro’’. Eles rejeitaram tanto o literalismo judeu, como o alegorismo de Alexandria; defendiam uma interpretação literal e histórica das Escrituras; criam na realidade histórica dos eventos descritos no Antigo Testamento; defendiam a unidade das Escrituras e admitiam o desenvolvimento ou progressividade da revelação.[24] 

Agostinho também pode ser considerado precursor do método gramático-histórico de interpretação bíblica. Ele não parece haver sido consistente na aplicação do seu método. De fato, sua distinção de quatro sentidos das Escrituras foi tão influente que prevaleceu por toda a Idade Média, como já foi visto. Apesar disso, ele estabeleceu importantes princípios de interpretação bíblica no seu manual de hermenêutica e pregação, De Doctrina Chistiana. Eis alguns desses princípios: [25]

1. A fé é um pré-requisito fundamental para o intérprete da Palavra de Deus. 
2. Deve-se considerar o sentido literal e histórico do texto. 
3. O Antigo Testamento é um documento cristológico. 
4. O propósito do expositor é descobrir o sentido do texto e não atribuir-lhe sentido. 
5. O credo ortodoxo deve controlar a interpretação das Escrituras. 
6. O texto não deve ser estudado isoladamente, mas no seu contexto bíblico geral. 
7. Se o texto for obscuro, não pode se tornar matéria de fé. As passagens obscuras devem dar lugar às passagens claras. 
8. O Espírito Santo não dispensa o aprendizado das línguas originais, geografia, história, ciências naturais, filosofia, etc.
9. As Escrituras não devem ser interpretadas de modo a se contradizerem. Para isso, deve-se considerar a progressividade da revelação. 

3. Princípios Reformados

Tem sido reconhecido que a reforma teológica e eclesiástica do século XVI foi o resultado de outra reforma: uma reforma hermenêutico-exegética.[26] De fato, a redescoberta das doutrinas bíblicas pelos reformadores e a reforma eclesiástica decorrente foram precedidas por um evidente rompimento com os princípios hermenêuticos e com a prática exegética medieval. 

a. A Única Regra Infalível de Interpretação 

A Reforma Protestante rejeitou veementemente a hermenêutica alegórica medieval, e registrou seu repúdio em alguns dos seus principais símbolos de fé. Eis um exemplo: o parágrafo IX do capítulo I da Confissão de Fé de Westminster (idêntico ao mesmo parágrafo da Confissão de Fé Batista de 1689): 

A regra infalível de interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente. 

Este parágrafo estabelece o princípio reformado fundamental de interpretação bíblica, segundo o qual a única regra infalível de interpretação das Escrituras é a própria Escritura. Ela se auto-interpreta, elucidando, assim, suas passagens mais difíceis. O que estas confissões querem dizer com essa afirmativa é que o sentido de uma passagem obscura não pode ser autoritativamente determinado nem por tradição, nem por decisão eclesiástica, nem por argumento filosófico, nem por intuição espiritual, mas sim, unicamente, por outras partes das Escrituras que expliquem e esclareçam o seu sentido. 

b. Repúdio à Interpretação Alegórica Medieval 

O parágrafo acima, citado da Confissão de Fé, também representa o repúdio dos reformadores ao método de interpretação quádrupla medieval. Em lugar dele, os reformadores ensinavam que cada passagem das Escrituras tem um só sentido, que é literal — a não ser que o próprio contexto ou outro texto das Escrituras requeiram claramente uma interpretação figurada ou metafórica. 

John Colet (c. 1467-1519) foi um dos primeiros reformadores a romper com o método alegórico medieval, ao expor em 1496, em Oxford, as cartas do apóstolo Paulo em seu sentido literal e no seu contexto histórico.[27] Três anos depois, em 1499, ele já sustentava o princípio de que as Escrituras não podem ter senão um único significado: o mais simples.[28] 

Lutero também rejeitou a interpretação alegórica. Defendeu que ‘‘nós devemos nos ater ao sentido simples, puro e natural das palavras, como requerido pela gramática e pelo uso do idioma criado por Deus entre os homens.’’[29] 

Quanto a Calvino, sua aversão à interpretação alegórica era de tal ordem que ele chegou a afirmar ser satânica, por desviar o homem da verdade das Escrituras. ‘‘É uma audácia próxima do sacrilégio’’, escreveu ele, ‘‘usar as Escrituras ao nosso bel-prazer e brincar com elas como com uma bola de tênis, como muitos antes de nós o fizeram.’’[30] 

c. Necessidade de Iluminação Espiritual 

Os reformadores reconheceram a natureza divino-humana das Escrituras, e enfatizaram o papel do Espírito Santo no processo de interpretação da sua mensagem. Para eles, o impedimento maior estava na cegueira espiritual do homem, em função da queda, e não nas Escrituras. Tanto para Lutero, como para Calvino,[31] nenhuma pessoa poderia interpretar corretamente as Escrituras sem a ação iluminadora do Espírito Santo através da própria Palavra. Eis as palavras de Lutero sobre o assunto: 

...a verdade é que ninguém que não possui o Espírito de Deus vê um til sequer do que está na Escritura. Todos os homens têm seus corações obscurecidos, de modo que, mesmo quando discutem e citam tudo o que está na Escritura, não compreendem ou conhecem realmente qualquer assunto dela... O Espírito é necessário para a compreensão de toda a Escritura e cada uma de suas partes.[32] 

d. Interpretação Gramatical e Histórica 

Por outro lado, reconhecendo a natureza histórica das Escrituras, os reformadores defendiam a sua interpretação literal, enfatizando também a importância da gramática e da história na compreensão da sua mensagem.
Melanchton foi um dos responsáveis pela ênfase reformada na exegese gramatical. Em um discurso proferido em 1518 em Wittenberg, ele exortou seus ouvintes a recorrerem às Escrituras nas línguas originais, onde encontrariam Cristo, livre das discordâncias dos teólogos latinos. Lutero ficou tão impressionado com o que ouviu, que passou a assistir às aulas de grego de Melanchton, dedicando-se com afinco ao estudo do grego.[33] 

Mas foi Calvino, sem dúvida, quem melhor praticou a exegese gramatical e histórica. Ele tem sido considerado por muitos o maior intérprete da Reforma e um dos maiores de todas as épocas. A profundidade, lucidez e erudição dos seus comentários, que abrangem praticamente todos os livros da Bíblia,[34] continuam a ser admirados e considerados atuais e raramente igualados.[35] E não se pense que essa é a opinião apenas dos calvinistas (um compreensível exagero presbiteriano deste autor). Mesmo Jacobus Arminius (1560-1609), um dos mais conhecidos opositores das doutrinas de Calvino, reconhecia a excelência dos comentários dele, e chegou a recomendá-los como incomparáveis. Eis suas palavras: 

Depois da leitura das Escrituras..., e mais do que qualquer outra coisa,... eu recomendo a leitura dos Comentários de Calvino... Pois afirmo que na interpretação das Escrituras Calvino é incomparável, e que seus Comentários são mais valiosos do que qualquer coisa que nos tenha sido legada nos escritos dos pais — tanto assim que atribuo a ele um certo espírito de profecia no qual ele se encontra em uma posição distinta acima de outros, acima da maioria, na verdade, acima de todos.[36] 

e. Desenvolvimento do Método Gramático Histórico 

Estes e outros princípios de interpretação praticados pelos reformadores (Lutero, Calvino e demais reformadores alemães, suíços, franceses e ingleses) viriam a ser desenvolvidos e adotados pelo protestantismo ortodoxo em geral desde então,[37] e se tornaram conhecidos pelo nome de método gramático-histórico de interpretação bíblica. 

Foi este o método empregado pelos puritanos no séc. XVII;[38] pelos líderes evangélicos do século XVIII na Europa e América do Norte (tais como George Whitefield e Jonathan Edwards); pelo anglicano J. C. Ryle, pelo batista Charles Spurgeon na Inglaterra e pelos presbiterianos Charles e Alexander Hodge no Seminário de Princeton nos EUA, no século passado; e pelos intérpretes e pregadores protestantes (luteranos, anglicanos, presbiterianos e batistas) ortodoxos deste século. 

Os manuais de hermenêutica de Davidson, Patrick, Imer, Terry, Berkhof, Berkeley, Mickelsen e Ramm pertencem todos a essa escola de interpretação bíblica, bem como os comentários bíblicos de Keil e Delitzsch, Meyer, Matthew Henry, Lange, Alford, Ellicot, Lightfoot, Hodge, Broadus e muitos outros. 

O método gramático-histórico de interpretação bíblica desenvolvido pela corrente reformada é, de fato, a hermenêutica honrada pelo tempo. É um método coerente com a natureza das Escrituras; fundamenta-se em pressuposições teológicas bíblicas; e emprega princípios gerais adequados e métodos lingüísticos e históricos extremamente frutíferos. 

Conclusão

A teologia e a praxis eclesiástica deformadas do evangelicalismo moderno clamam por reforma; clamam por um novo retorno às Escrituras. A corrente espiritualista de interpretação bíblica já foi colocada na balança e achada em falta: as hermenêuticas alegórica, intuitiva e existencialista, por não darem a devida consideração ao caráter humano das Escrituras, abrem espaço para todo tipo de eisegese. O caráter fantasioso destas hermenêuticas acaba desviando a atenção do leitor ou ouvinte do verdadeiro sentido do texto bíblico (aquele que o Espírito Santo intentou transmitir). 

A corrente humanista de interpretação bíblica também já foi colocada na balança e achada em falta: a hermenêutica dos saduceus, dos humanistas renascentistas e da escola crítica, por não darem a devida atenção ao caráter divino das Escrituras, tendem a atribuir à razão a autoridade que pertence à revelação. Este caráter racionalista da hermenêutica humanista induz ao liberalismo teológico que acaba negando a legítima fé reformada. 

A corrente reformada de interpretação bíblica também já foi colocada na balança da história, mas foi aprovada com louvor: o método gramático-histórico fundamentado no próprio ensino bíblico sobre as Escrituras e desenvolvido e aplicado pelos reformadores e seus legítimos herdeiros, por dar a devida atenção tanto ao caráter divino como ao caráter histórico das Escrituras, promoveu as reformas teológicas e eclesiásticas mais profundas já experimentadas pela igreja cristã. 

Durante a Reforma Protestante do século XVI e a reforma puritana do século XVII, por exemplo, muito entulho religioso teve que ser rejeitado. Muitas doutrinas e práticas eclesiásticas acumuladas no decurso dos séculos tiveram que ser abolidas, quando reformadores e puritanos dedicaram-se com labor e oração a perscrutar as Escrituras para ver se as coisas eram de fato assim. A hermenêutica reformada das Escrituras já demonstrou ter a capacidade de revelar a falácia de doutrinas e práticas eclesiásticas ‘‘fundamentadas’’ em interpretações alegóricas, intuitivas, existencialistas e racionalistas. 

Na convicção deste autor, o evangelicalismo brasileiro tem acumulado nos últimos cem anos — especialmente nas últimas décadas — considerável entulho religioso. Não é possível entrar em detalhes aqui. Mas a proliferação de teologias estranhíssimas, práticas litúrgicas inusitadas e condutas eclesiásticas no mínimo excêntricas, já descaracterizaram a fé e o culto reformados. Mesmo denominações historicamente reformadas têm absorvido doutrinas e práticas de culto inconsistentes com o ensino bíblico e com seus símbolos de fé. Esta descaracterização se explica, pelo menos em parte, pelo emprego das hermenêuticas deficientes que estivemos considerando. 

Não é tempo, portanto, de reconsiderarmos os rumos que estamos tomando? De nos desvencilharmos das hermenêuticas alegóricas, intuitivas, existencialistas e racionalistas, e de retornarmos à hermenêutica reformada aprovada pela história? Não é tempo de fazermos da oração uma prática hermenêutica, suplicando pela iluminação do Espírito Santo; e de labutarmos no estudo diligente das Escrituras, dando a devida atenção à língua e às circunstâncias históricas em que foram escritas? 

Orare e labutare é o caminho. Não é um caminho fácil nem mágico. Requer sinceridade e diligência. Talvez não forneça interpretações esplêndidas nem realce a criatividade, imaginação e genialidade do pregador. Mas é o antigo e bom caminho aprovado com louvor pela história. Ele deixa que a verdade de Deus opere e que as Escrituras falem com poder e graça, promovendo profundas reformas teológicas e eclesiásticas.


Notas:
- Para visualizar todas as notas, acesse o artigo original.

***

terça-feira, 29 de outubro de 2013

A IURD E A CANETA UNGIDA PARA SER APROVADO NO ENEM


Por Renato Vargens

Me contaram, mas eu não acreditei.

Pois é, fiquei sabendo que algumas igrejas estão ungindo canetas para que os estudantes as usem de forma poderosa no ENEM.

Vejam por exemplo o vídeo em que a Igreja Universal do Reino de Deus oferece aos fiéis uma caneta UNGIDA para concurseiro.

Estudar? Bobagem! A caneta "Tabajara" trabalhará pra você e lhe ajudará a passar no ENEM ou em qualquer concurso público.

Caro leitor, sinceramente eu não aonde vamos parar. Isso não é cristianismo nem aqui nem na China. Aonde já se viu oferecer caneta ungida pra concurseiro?

Isso é macumba! Verdadeiramente a IURD não é uma igreja evangélica.

Lamentavelmente os ensinos da IURD afrontam as Escrituras. Isto posto, faço minhas as Palavras do reformador francês João Calvino: "O cão late quando seu dono é atacado. Eu seria um covarde se visse a verdade divina ser atacada e continuasse em silêncio, sem dizer nada."

Renato Vargens



OS EVANGÉLICOS E O RELATIVISMO PROMOVIDO POR ALGUNS SOBRE O CASAMENTO


Renato Vargens

Tenho acompanhado nas Redes Sociais, blogs, vlogs e afins, a desconstrução por parte de alguns evangélicos quanto a importância do casamento. 

Outro dia, alguém me escreveu dizendo que o casamento segundo vemos nas igrejas não é bíblico, mesmo porque não encontramos nenhuma orientação nas Escrituras para oficializa-lo. Outra pessoa me disse que o casamento entre um homem e uma mulher acontece com a primeira relação sexual protagonizada pelos dois e que o fato de um casal terem "dormido juntos" os torna casados. Portanto, afirmou o meu interlocutor,  casar na Igreja ou  no civil não possui base bíblica, visto que para Deus o que vale é a relação sexual.

O meu amigo Augustus Nicodemus contrapondo-se a essa febre liberal tem escrito sobre o tema em seu excelente blog. (leia aqui) além disso, em seu perfil no Facebook Nicodemus fez alguns comentários extremamente interessantes sobre o casamento os quais concordo plenamente e compartilho abaixo:

1) Relações sexuais diante de Deus não é bem o conceito de casamento que encontramos na Bíblia. O quadro que temos é muito mais complexo. Envolve responsabilidade pública e legal, pois tinha a ver com a herança e a proteção da esposa e os direitos dos filhos. Quando não há um compromisso oficial, mas apenas um viver juntos, como se pode falar em adultério, divórcio, herança de filhos, propriedade de terras, sustento para a desamparada, etc.? 

2) Israel era uma teocracia, isto é, Estado e Igreja estavam juntos. As festas de casamento representavam a legalização “civil” da união. Hoje, nas modernas democracias, o estado é laico, e não se precisa da cerimônia religiosa, e sim a legalização pelo poder público. Igreja não casa, pastor não casa, padre não casa. Quem casa é o juiz, representando o Estado. A Igreja faz um culto e invoca a bênção de Deus sobre o casal. No chamado “casamento religioso com efeito civil,” o pastor está agindo como se fosse o juiz, tudo acertado antes no cartório, e ratificado depois, senão perde a validade.

3) O “casamento” de Adão e Eva não pode ser tomado como padrão para a humanidade. Eles nem tinha umbigo! Não havia ainda estado, igreja, sociedade, pessoas. O que aprendemos com o episódio é que a vontade de Deus que a humanidade se organize em famílias, compostas de um homem e de uma mulher, e que vivam unidos para sempre, criem seus filhos e dominem a terra. A legalização e a oficialização disto é uma decorrência natural e lógica quando o pecado entrou no mundo e apareceram outras mulheres e outros homens, a luta pelas terras e propriedades, o egoísmo do homem que desampara a mulher depois de abusar dela, e assim por diante. Por este motivo encontramos leis sobre divórcio, leis sobre herança de filhos, leis sobre os filhos de uma mulher que não é a esposa legítima, etc. etc.

4) É evidente que as festas de casamento, com véu e grinalda, etc. são coisas absolutamente culturais e que mudam de acordo com os tempos e épocas. O que vale é que aquele momento em que os dois, diante do representante do governo (pode ser o pastor fazendo o casamento com efeito civil), prometem fidelidade, suporte, apoio e amor mútuos até que a morte os separe e assinam o contrato, que haverá de garantir os direitos deles e dos filhos, para o bem da sociedade e da família. Era isto, guardadas as devidas proporções, que acontecia nos tempos bíblicos em Israel, com os patriarcas fazendo as vezes, e depois os sacerdotes, juízes, anciãos, etc. 

5) União civil não é casamento, mas um mecanismo para garantir os direitos dos que vivem juntos a um tempo, como se casados fossem.  

Concluo essa breve reflexão lembrando de Paulo que ao escrever a Timóteo disse:   

 "... Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência, que proíbem o casamento..." (1Tim 4.1-3).  

Que Deus nos livre deste relativismo pernicioso que tanto mal tem feito a igreja brasileira. 

Pense nisso! 

Renato Vargens

Adoração trágica

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Por Carl Trueman


O problema com grande parte da adoração cristã contemporânea, seja Católica ou Protestante, não é entretenimento demais, mas é não ser entretenimento o suficiente. A adoração caracterizada por rock animado, comédia stand-up, pessoas lindas e bem apessoadas no centro do palco e um tipo clichê de sentimentalismo barato negligencia uma forma clássica de entretenimento, aquela que nos que, citando o Livro de Oração Comum, “em meio à vida, estamos na morte”.

Ela negligencia a tragédia. Tragédia como forma de arte e entretenimento destaca a morte, e a morte é central para a verdadeira adoração cristã. O elementos litúrgicos mais básicos da fé, o batismo e a Santa Ceia, falam de morte, de sepultamento, de um pacto de sangue, de um corpo despedaçado. Mesmo o clamor de que “Jesus é Senhor!” assume um entendimento de senhorio muito diferente do de César. O senhorio de Cristo é estabelecido por meio de seu sacrifício na cruz, e o de César, por meio de poder.

Talvez seja estranho a alguns caracterizar tragédia como entretenimento, mas a tragédia sempre foi parte vital das obras artísticas do Ocidente desde que Homero relatou sobre Aquiles, começando sobre a morte de seu querido Pátroclo, até sua retirada relutante dos campos de batalha de Tróia. Seres humanos sempre foram atraídos por contos de tragédia, assim como os de comédia, quando o intuito era se elevar acima das rotinas previsíveis da vida diária – em outras palavras, serem entretidos.

De Ésquilo a Tennessee Williams, escritores do gênero têm enriquecidos os teatros. As grandes peças de Shakespeare são suas tragédias. Quem colocaria Charles Dickens acima de Thomas Hardy e Joseph Conrad? A tragédia atraiu a atenção de notáveis pensadores desde a Aristóteles a Hegel e Terry Eagleton.
A adoração cristã deveria imbuir as pessoas da realidade da tragédia da queda do homem e da humanidade. Deveria nos prover uma linguagem que nos permita adorar o Deus da ressurreição enquanto lamentamos o sofrimento e a agonia de nossa parte nesse mundo alienado de seu criador, e deveria, assim, afiar nossa esperança pela única resposta ao grande desafio que iremos enfrentar mais cedo ou mais tarde. Apenas aqueles que aceitam que irão morrer podem começar a olhar com alguma esperança para a ressurreição.

Apesar disso, hoje a tragédia, com algumas poucas exceções, foi excluída do entretenimento popular. Seja o sentimentalismo barato, a pirotecnia dos filmes de ação ou a idiotice banal dos reality shows, o senso trágico está completamente perdido. Isso é mais agravado ainda pela forma trivial com que a linguagem da tragédia agora é usada no vernáculo popular. Como sendo um momento decisivo ou de crise, as palavras tragédia e trágico agora servem para todo tipo de utilidade linguística. Em um mundo onde até mesmo derrotas esportivas são descritas como tragédias, raramente esses termos falam das crises morais catastróficas e quedas heroicas que estão no cerne da grande literatura de tragédia.

Mas a vida humana é, ainda assim, verdadeiramente trágica. A morte permanece uma realidade teimosa, onipresente e inevitável. Apesar de todo anti-essencialismo pós-moderno, de todo o repúdio pela natureza humana, de toda a retórica da auto-criação, a morte eventualmente chega para todos, frustra todos, nivela todos. Não é simplesmente um constructo linguístico ou uma convenção social. Mas mesmo assim, a cultura Ocidental tem, vagarosa mas continuamente, empurrado a morte, a única impressionante inevitabilidade da vida humana, para a zona mais periférica da existência.

Pascal observou esse problema na França do Século XVII, quando viu a obsessão pelo entretenimento como o surgimento do desejo humano caído de ser distraído de qualquer pensamento sobre mortalidade. “Tenho dito com frequência que a causa única da infelicidade do homem é que ele não sabe como permanecer quieto em seu quarto”, dizia. E: “Distração é a única coisa que nos consola de nossas misérias, e ainda assim é em si mesma a maior de nossas misérias”.

Hoje o problema é ainda maior: o entretenimento aparentemente se tornou o objetivo primário de existência das pessoas. Eu duvido que fosse surpreendente para Pascal que o mundo magnificou o tamanho, o alcance e a compreensão da distração. Não o surpreenderia que a morte foi reduzida a pouco mais que um personagem de desenho em incontáveis filmes de ação ou um mero impedimento momentâneo em novelas e seriados. De fato, ele não iria ficar perplexo em saber que a sombria violência da mortalidade não deixa qualquer marca duradoura nos enlutados no surreal mas sedutor mundo do entretenimento popular.

Mas talvez ele seja surpreendido com o fato de que as igrejas têm entusiasticamente endossado esse projeto de distração e dissimulação. É isso que resume muito da adoração moderna: distração e dissimulação. Grupos de louvor e músicas de triunfo parecem ter sido projetados em forma e conteúdo para distrair os adoradores das realidades mais difíceis da vida.

Mesmo funerais, o contexto religioso onde poderia se assumir que a realidade da morte seria inescapável, têm se tornado o contexto para os mais atrozes e incoerentes atos: a celebração de uma vida que agora acabou. O Salmo 23 e o hino “Comigo habita” eram marcas tradicionais de funerais por muitos anos, mas isso parece ter mudado. Referências ao vale da sombra da morte ou à brevidade da vida terreal, lembretes tanto de nossa mortalidade quanto da fidelidade de Deus mesmo nos mais escuros momentos, foram trocados por músicas como “Wind Beneath My Wings” e “My Way”. A economia superficial da adoração como entretenimento chegou até mesmo aos últimos ritos para os que se vão.

Entretanto, a tragédia é parte vital do entretenimento. Aristóteles, em sua obra Poética, argumentou em favor dos benefícios pessoais e sociais do drama trágico. A audiência, levada por crises morais vertiginosas, grandes falhas e as catastróficas quedas dos heróis, usufruía a experiência da catarse – experimentando a vasta gama de emoções – sem serem agentes nos eventos representados no palco. Eles deixavam o teatro lavados pela experiência e sabendo mais profundamente o que é ser humano. Eles estavam mais sábios, mais pensativos e mais bem preparados para enfrentar a realidade de suas próprias vidas.

De todos os lugares, a igreja deveria ser o mais realista. A igreja sabe quão grave foi a queda da humanidade, entende o custo dessa queda tanto na morte de Cristo encarnado quanto na morte inevitável de cada crente. Nos Salmos de lamento, a igreja tem uma linguagem poética para dar expressão aos mais profundos anseios de uma humanidade buscando encontrar paz não nesse mundo, mas no próximo. Nas grandes liturgias da igreja, a morte lança uma longa, criativa e catártica sombra. Nossa adoração deveria refletir as realidades de uma vida que deve enfrentar a morte antes de experimentar a ressurreição.

É, dessa forma, uma ironia do tipo mais perverso que as igrejas tenham se tornado lugares onde a distração Pascaliana e uma noção de entretenimento que exclui o trágico parece dominar de forma tão abrangente quanto fazem no mundo ao nosso redor. Estou certo que a separação dos prédios das igrejas dos cemitérios não foi parte intencional do começo desse processo, mas certamente ajudou a diminuir a presença da morte. A geração atual não passa pela inconveniência de andar pelos túmulos de entes queridos ao se reunirem para adorar. Hoje em dia a morte simplesmente sumiu de dentro das igrejas também.

Na tradição em que fui criado, da igreja Presbiteriana Escocesa, os ritmos mais sóbrios do saltério, os clamores de lamento e fragilidade mortal das vozes cantando sem acompanhamento instrumental ajudava a conectar a adoração de Domingo às realidades da vida. De fato há Salmos de alegria e triunfo. Pais regozijando o nascimento de um filho podem encontrar palavras de gratidão para entoarem ao Senhor, mas também há Salmos que permitem aos enlutados expressar seu sofrimento e sua dor em palavras de adoração a Deus.

Os Salmos como base para a adoração cristã, com seus elementos de lamento e confusão, e a intrusão da morte na vida, tem sido, com frequência, substituídos não por músicas que capturam essa mesma sensibilidade – como muitos dos grandes hinos do passado o fazem – mas por músicas que asseguram o triunfo sobre a morte sem nunca realmente encará-la. O túmulo está vazio, certamente; mas nunca estamos realmente certos do porquê ele esteve ocupado, para começar.

Apenas os morto podem ser ressurretos. Como o segundo ladrão da cruz enxergou tão claramente, a entrada para o reino de Cristo é através da morte, não ao escapar dela. O protestantismo tradicional via isso, conectando o batismo não tanto ao lavar, mas à morte e ressurreição. Liturgias protestantes se asseguravam que a lei seria lida em cada culto, para lembrar as pessoas que a morte era a pena por seu pecado. Somente então, depois da lei pronunciar sua sentença de morte, o evangelho seria lido, chamando-os de seus túmulos para a fé e à vida e ressurreição em Cristo. Assim, a congregação se tornava participante do drama da salvação.

Certamente havia catarse nesse tipo de adoração: a congregação saía a cada semana tendo encarado a mais profunda realidade de seus destinos. Talvez seja irônico, mas a igreja que confronta as pessoas com a realidade da brevidade da vida vivida sob a sombra da morte prepara melhor a congregação para a ressurreição do que a igreja que vai direto para o triunfalismo da ressurreição sem aquela parte estranha que fala sobre morrer.

Dietrich Bonhoeffer questionou certa vez: “Por que é que o cinema tem se tornado muitas vezes mais interessante, mais excitante, mais humano e mais envolvente que a igreja?”. De fato, por que? Talvez a situação seja pior do que eu descrevi; talvez as igrejas sejam mais triviais até que a indústria do entretenimento. Afinal, no entretenimento popular é possível encontrar ocasionalmente o trágico sendo devidamente articulado, como nos filmes de Coppola ou Scorcese.

Uma igreja com uma visão menos realista da vida do que a que se encontra no cinema? Para alguns, isso pode ser um pensamento divertido, até mesmo entretenimento; para mim, é uma tragédia.

Traduzido por Filipe Schulz | iPródigo.com | Original aqui.
Via Bereianos

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Orare et labutare: A Hermenêutica Reformada das Escrituras - 2/3

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Por Rev. Paulo R. B. Anglada


IV. Principais Correntes de Interpretação 

As classificações normalmente pecam pelo simplismo. É de fato difícil resumir e agrupar adequadamente as diversas ênfases, tendências, princípios e práticas de uma determinada área de estudos, sem negligenciar peculiaridades importantes. Com a hermenêutica não é diferente. Contudo, observando as diferentes ênfases, tendências, princípios e práticas de interpretação das Escrituras adotados no curso da história da Igreja, pode-se perceber pelo menos três correntes gerais nas quais as diversas escolas podem ser de certo modo agrupadas: 

A. Corrente Espiritualista 

Muitos grupos na história da interpretação bíblica se caracterizaram por superenfatizar o caráter espiritual (místico) das Escrituras, em detrimento do seu caráter humano. Esta corrente distingue-se especialmente pela insatisfação generalizada com o sentido natural, literal das Escrituras. Dois dos textos mais explorados são 2 Coríntios 3.6: ‘‘...a letra mata, mas o Espírito vivifica’’ e 1 Coríntios 2.7: ‘‘...falamos a sabedoria de Deus em mistério’’. O maior perigo dessa corrente de interpretação é o subjetivismo e o misticismo. Nenhuma das duas passagens mencionadas prescreve a supremacia de sentidos "espirituais" e ocultos da Escritura sobre sentidos naturais e óbvios. 2 Coríntios 3.6 faz um contraste entre os dois ministérios ou alianças exercidos por Moisés e por Cristo; 1 Coríntios 2.7 trata do mistério de Deus, que é Cristo, mistério agora revelado. Nada há nestas passagens que exaltem sentidos ocultos da Escritura, disponíveis apenas aos "espirituais" ou avançados. Alguns sistemas hermenêuticos pertencentes à corrente espiritualista são descritos abaixo. 

1. A Hermenêutica Alegórica 

Trata-se de um dos métodos de interpretação mais antigos. Fortemente influenciados pelo platonismo e pelo alegorismo judaico, os defensores desse método de interpretação atribuíam diversos sentidos ao texto das Escrituras, enfatizando o sentido chamado de alegórico. 

Clemente de Alexandria (†215) e Orígenes (†254) são os dois principais nomes da escola alegórica de Alexandria, no Egito. Clemente identificava cinco sentidos para um dado texto das Escrituras: 1) histórico, 2) doutrinário, 3) profético, 4) filosófico e 5) místico. Orígenes distinguia três níveis de sentidos: 1) o literal, ao nível do corpo, 2) o moral, ao nível da alma, e 3) o alegórico, ao nível do espírito. 

A hermenêutica alegórica prevaleceu durante toda a Idade Média, especialmente em sua forma quádrupla. Sua origem é provavelmente o sistema hermenêutico de Agostinho. Segundo este método, as passagens das Escrituras teriam quatro sentidos: um sentido literal, e três sentidos espirituais: moral, alegórico e anagógico. O sentido literal seria o registro do que aconteceu (o fato); o sentido moral conteria uma exortação quanto à conduta (o que fazer); o sentido alegórico ensinaria uma doutrina a ser crida (o que crer); e o sentido anagógico apontaria para uma promessa a ser cumprida (o que esperar). Assim, uma referência bíblica sobre a água, teria um sentido literal (a água), um sentido moral (exortação a uma vida pura), um sentido alegórico (o sacramento do batismo), e um sentido anagógico (a água da vida na Nova Jerusalém).[4]

Este método pode fornecer esplêndidas interpretações, mas rouba o real significado do texto, desviando a atenção do leitor do seu verdadeiro sentido, que o Espírito Santo intentou transmitir. 

O caráter fantasioso deste método de interpretação fica manifesto na conhecida interpretação alegórica de Orígenes[5] da parábola do bom samaritano (Lc 10.30-37). Segundo ele, o homem atacado pelos ladrões simbolizava Adão (a humanidade); Jerusalém, os céus; Jericó, o mundo; os ladrões, o diabo e suas hostes; o sacerdote, a lei; o levita, os profetas; o bom samaritano, Cristo: o animal sobre o qual foi colocado o homem ferido, o corpo de Cristo (que suporta o Adão caído); a estalagem, a igreja; as duas moedas, o Pai e o Filho; e a promessa do bom samaritano de voltar, a segunda vinda de Cristo.[6] 

Outro exemplo do caráter fantasioso desse método de interpretação pode ser percebido nas diferentes interpretações alegóricas atribuídas às duas moedas mencionadas nessa parábola: o Pai e o Filho, o Antigo e o Novo Testamento, os dois mandamentos do amor (a Deus e ao próximo), fé e obras, virtude e conhecimento, o corpo e o sangue de Cristo, etc. 

2. A Hermenêutica Intuitiva 

Muitos são consciente ou inconscientemente adeptos desta corrente de interpretação bíblica. Também chamados de impressionistas,[7] os hermeneutas intuitivos caracterizam-se por identificar a mensagem do texto com os pensamentos que lhes vêm à mente ao lê-lo, sem contudo dar a devida atenção à gramática, ao contexto e às circunstâncias históricas, geográficas, culturais, religiosas, etc. Um passo adiante estão os místicos, que aqui e ali aparecem na história da igreja, com a sua ênfase na iluminação interior. Uma versão moderna do método de interpretação intuitiva pode ser verificada na prática de abrir as Escrituras ao acaso para pregar ou encontrar uma mensagem para uma ocasião específica, sem o devido estudo do texto e do seu contexto histórico. 

3. A Hermenêutica Existencialista 

Há uma escola contemporânea de interpretação das Escrituras que enfatiza excessivamente o conhecimento subjetivo em detrimento do seu sentido gramatical e histórico. Trata-se da assim chamada nova hermenêutica, que nada mais é do que um desenvolvimento dos princípios hermenêuticos de Bultmann, com sua ênfase na relevância da mensagem do Novo Testamento para o homem contemporâneo. 

Líder de igreja é degolado enquanto orava por homem enfermo


Perseguição religiosa no Nepal aumentou nos últimos tempos
por Jarbas Aragão
Líder de igreja é degolado enquanto orava por homem enfermo
Líder de igreja é degolado enquanto orava
Debalal, 36, era líder de uma pequena igreja do Nepal. O líder evangélico era conhecido por visitar frequentemente pessoas doentes e oferecer conforto e orar pela sua cura.
No início da manhã de domingo, 20 de outubro, ele foi chamado à casa de Kumar Sardar, 29 para orar pela sua cura. Kumar é hindu e estava doente há alguns meses.  Ele morava cerca de 30 minutos de distância da casa da família de Debalal.
A esposa de Kumar pediu naquele domingo que orassem pelo seu marido, que estava chorando, reclamando de uma dor aguda em seu corpo. Enquanto Debalal ajoelhou-se para orar, fechou os olhos. Não percebeu quando Kumar levantou-se e saiu do quarto. Poucos minutos depois voltou segurando um khukuri, uma faca tradicional com uma borda curva.
Antes que pudesse reagir, Kumar cortou sua garganta. Debalal morreu sem saber o motivo pelo qual era odiado. Segundo foi noticiado pela Missão Gospel for Asia, que ajudava no sustento de Debalal, Kumar está sob custódia policial.
“Oposição, perseguição e martírio são parte do custo de seguir o Senhor e levar o Evangelho a um mundo desesperadamente necessitado”, disse K P Yohannan, diretor geral da Gospel for Asia.”Sempre ficamos com o coração partido quando perdemos alguém, mas enquanto choramos aqui na terra, há alegria no céu pelos que vieram a conhecer Jesus através deste homem.”
A esposa de Debalal e seus dois filhos, de 9 e 15 anos, estão sendo atendidos pela igreja local durante este tempo.
“Debalal era um servo fiel de nosso Senhor Jesus Cristo”, disse o bispo Narayan Sharma, líder do trabalho missionário no Nepal. ”Ele era diligente no ministério do Senhor e ajudou a trazer muitos para o Reino de Deus.”
Assim como ele, centenas de crentes no Nepal enfrentam diariamente a perseguição por causa de sua fé. O extremismo hindu vem crescendo no país nos últimos anos.   O Código Penal nepalês, no artigo 160 prevê punição para toda tentativa de conversão ou desvio da religião hindu “por qualquer método”.
As pessoas que forem flagrada pregando outra religião além do hinduísmo ou distribuindo textos religiosos não-hindus, podem ser condenadas a pagar uma multa de 50 mil rúpias (cerca de 1300 reais) e até cinco anos de prisão. Se a pessoa que desobedece a lei for estrangeira, será imediatamente expulsa, o que tem prejudicado o envio de missionários de outros países para o Nepal. Com informações de Charisma News e Gospel for Asia.
Via Gospelprime

Solus Christus – Série 5 Solas (4/5)


SoCristo


A reforma protestante teve como base 5 princípios, conhecidos como os 5 solas. Nessa série nós estudaremos o significado de cada um deles. Seguiremos hoje com o “Solus Christus”, ou “Somente por Cristo”:
A teologia reformada afirma que a Escritura e sua doutrina sobre a graça e fé enfatizam que a salvação é solus Christus, “somente por Cristo”, isto é, Cristo é o único Salvador (Atos 4:12). B.B. Warfield escreveu: “O poder salvador da fé reside, portanto, não em si mesma, mas repousa no Salvador Todo Poderoso”.
A centralidade de Cristo é o fundamento da fé protestante. Martinho Lutero disse que Jesus Cristo é o “centro e a circunferência da Bíblia” — isso significa que quem ele é e o que ele fez em sua morte e ressurreição são o conteúdo fundamental da Escritura. Ulrich Zwingli disse: “Cristo é o Cabeça de todos os crentes, os quais são o seu corpo e, sem ele, o corpo está morto”.
Sem Cristo, nada podemos fazer; nele, podemos fazer todas as coisas (João 15:5; Filipenses 4:13). Somente Cristo pode trazer salvação. Paulo deixa claro em Romanos 1-2 que, embora haja uma auto-manifestação de Deus além da sua obra salvadora em Cristo, nenhuma porção de teologia natural pode unir Deus e o homem. A união com Cristo é o único caminho da salvação.
Nossos antepassados reformados, aproveitando uma perspectiva que rastreia todo o caminho de volta aos escritos de Eusébio de Cesaréia, no século IV, acharam útil pensar a respeito de Cristo como Profeta, Sacerdote e Rei. A Confissão Batista de Londres de 1689, por exemplo, coloca isso da seguinte forma: “Cristo, e somente Cristo, está apto a ser o mediador entre Deus e o homem. Ele é o profeta, sacerdote e rei da igreja de Deus” (8.9). Observemos mais detalhadamente esses três ofícios.
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Joel Beeke é presidente e professor de teologia sistemática no 
Puritan Reformed Theological Seminary (EUA) e pastor da Heritage Netherlands Reformed Congregation. Beeke é Ph.D. em teologia pelo Westminster Theological Seminary. Publicou 50 livros, dentre eles, “Vivendo para a Glória de Deus” e “Vencendo o Mundo” (Fiel).
Por Joel Beeke. Extraído do site www.ligonier.org. © 2013 Ligonier Ministries. Original: Christ Alone
Este artigo faz parte da edição de Novembro de 2012 da revista Tabletalk.
Tradução: Isabela Siqueira. Revisão: Renata do Espírito Santo – © Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. Website: www.MinisterioFiel.com.br. Original: Solus Christus – Série 5 Solas (4/5)
Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor, seu ministério e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.

Cientistas anunciam terem resolvido teorema matemático que “prova” a existência de Deus

Cientistas anunciam terem resolvido teorema matemático que “prova” a existência de Deus

Dois cientistas anunciaram recentemente terem formalizado um teorema sobre a existência de Deus, escrito pelo renomado matemático austríaco Kurt Gödel. O trabalho foi realizado por Christoph Benzmüller da Universidade Livre de Berlim e seu colega Bruno Woltzenlogel Paleo, da Universidade Técnica de Viena, e anunciado na última semana pelo diário alemão Die Welt sob a manchete “Cientistas provam a existência de Deus”.
O trabalho de Benzmüller e Paleo teve como base o argumento ontológico de Kurt Gödel, que propôs um argumento matemático para a existência de Deus.
Apesar de argumentos ontológicos não serem algo novo mesmo nos tempos de Gödel, falecido em 1978, o matemático propôs uma nova ideia, expressando seus teoremas e postulados em um complexo conjunto de equações matemáticas, que agora foram comprovadas por Benzmüller e Paleo.
Porém, apesar das manchetes usadas na divulgação de seu trabalho, os cientistas ressaltam que o trabalho desenvolvido por eles não provam necessariamente a existência de um ser divino, mas é uma demonstração do que pode ser alcançado com as tecnologias atuais nos diversos campos do conhecimento científico, visto que conseguiram resolver o complexo conjunto de equações com o uso de um notebook comum.
Segundo a publicação Spiegel, os cientistas, que têm trabalhado juntos desde o início do ano, acreditam que seu trabalho pode ter muitas aplicações práticas em áreas como inteligência artificial e da verificação de software e hardware.
Por Dan Martins, para o Gospel+

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