Muitos podem estar se perguntando: o que é isso? Do que se trata? E acredito que poucos sabem que esse “Baleia Azul” é um jogo mortal e criminoso. Criado por um grupo conhecido como “#F57” oriundo da Rússia, suspeito de ter induzido mais de 130 adolescentes a cometerem suicídio desde 2015, o Baleia Azul chegou recentemente ao Brasil, e já há três casos recentes de suicídio atribuídos a esse jogo, em Minas Gerais, Mato Grosso e Paraíba.
O jogo começa com um convite para a página privada deste grupo “#F57” no Facebook, e nela um instrutor passa alguns desafios aos seus novos jogadores. No total, são propostos 50 desafios, tais como: escrever com uma faca a sigla #F57 na palma da mão, cortar o próprio lábio, desenhar uma baleia em seu corpo com uma faca, até chegar ao desafio final, que ordena tirar a própria vida.
Confesso que não fiquei surpreso com a notícia da existência de um jogo como esse, pois num mundo onde o mal habita, devemos esperar de tudo. Mas os comentários que li e ouvi a respeito do jogo me deixaram bastante triste. Muitos comentários do tipo: “Só um idiota pra participar de um jogo assim!”; “quem vai jogar pra tirar a própria vida?”; “jogo de babaca”.
Comentários assim, demonstram a falta de conhecimento de muitas pessoas sobre um grave problema existente em nossa sociedade: “o alto índice de depressão e suicídio na adolescência”. Revela que as pessoas estão alheias ou ignoram as estatísticas sobre essa questão. Notícias como essas: “Suicídio já mata mais jovens que o HIV em todo mundo”; “Taxa de suicídio entre jovens cresce 30% em 25 anos no Brasil”; “O suicídio agora é o que mais mata adolescentes no mundo”; deveria ser do conhecimento de todos os pais de crianças e adolescentes.
Geralmente, os adultos têm a mania de menosprezar os problemas vividos pelos adolescentes. Já ouvi pais dizerem assim: “Ele não tem motivo para estar depressivo, não é ele quem paga as contas, não tem meta para bater, só tem que estudar”. Quando agimos assim, ignoramos os desafios da adolescência. Vistos sob a perspectiva de um adulto, esses problemas parecem mesmo insignificantes, entretanto, para um adolescente, pode ser algo extremamente aterrorizador. Precisamos compreender que estão entrando em uma fase totalmente nova, desconhecida e cheia de incertezas. Sentem medo, insegurança, rejeição, desconfiança, entre outros sentimentos, e não conseguem se encontrar. Ao invés de receberem ajuda dos adultos, acabam recebendo críticas e sermões desprovidos de sabedoria. Muitos acabam cometendo o suicídio por não suportar mais a dor causada pela depressão, pela angústia e pela falta de esperança. Quando chegam ao suicídio, não estão pensando em acabar com a vida, mas sim em acabar com a dor. São nesses momentos que desafios como o da Baleia Azul são aceitos. Para nós, pode até ser um desafio idiota e sem sentido. Mas para quem já perdeu o sentido da vida e quer acabar com o sofrimento da alma, esse pode ser um último desafio.
Precisamos ser sensíveis às necessidades e desafios dos nossos filhos. Seja pai, mas não deixe de ser amigo. Abra a possibilidade para o diálogo. Procure entender o que eles têm a dizer, antes de falar alguma coisa. Não menospreze o sofrimento. Não pense que seu filho está imune a essa realidade. Se você fechar os olhos, que seja para orar, pedindo a Deus que os proteja desse mal, mas não para o perigo que eles estão correndo. Lembre-se do que o apóstolo Pedro escreveu: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge, procurando alguém para devorar” (1Pe 5:8). Não vamos permitir que ele devore nossos adolescentes!
Autor: Rev. Rogério Bernardes da Mota
Fonte: Boletim - Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia - Ano XXI - Nº 17
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