Por Kevin Deyoung
Eu decidi escrever esse post agora, enquanto ainda tenho quatro semanas de férias de verão, para deixar claro que estou fazendo comentários genéricos sobre o ministério pastoral, não tentando receber mais elogios do meu rebanho. Eu sirvo em uma igreja muito boa, e nada nesse curto texto deve ser lido como qualquer tipo de reclamação indireta.
Esclarecimentos feitos, aqui vai uma coisa simples e muito importante que você pode fazer para encorajar seu pastor: diga a ele que você é grato por sua pregação.
Não estou falando de massagear o ego do seu pastor apenas para fazer ele (ou você) se sentir bem. Não estou falando de reconhecimento rotineiro, nem de elogios vazios. Não diga ao seu pastor nada que você realmente não sinta.
Mas se o sermão do seu pastor te ajudou a ver mais de Jesus, te ajudou a se afastar do pecado, te ajudou a entender melhor a Bíblia, te ajudou a ser um cônjuge melhor, te ajudou a confiar em Deus em meio ao sofrimento ou direcionou seus afetos para as coisas da glória, diga isso a ele. Não precisa ser toda semana e nem mesmo todo mês. Mas, quando for apropriado, e legítimo, diga a ele. Pode ser algo curto como um e-mail de duas frases ou uma conversa de dez segundos na porta da igreja. Apenas diga algo como “eu tenho crescido como cristão por causa da sua pregação”. Ou “a mensagem da semana passada realmente falou comigo”. Ou “eu tenho aprendido muito sobre a Bíblia nessa última série de sermões.”. Um pouco de encorajamento vai mais fundo do que você imagina.
Eu não digo isso porque pastores tem o trabalho mais difícil do mundo. De muitas formas, é o trabalho mais privilegiado do planeta. Somos pagos (a maioria) para estudar a Bíblia, falar de Jesus para as pessoas, orar com as pessoas passando por dificuldades e, em geral, fazer o tipo de coisas que os outros cristãos tentam fazer quando não estão nos seus empregos normais. Mas ser um pastor é algo único quando, semanalmente, nosso trabalho – e, na verdade, nosso coração e nossa alma – é colocado à vista de todos pra ser visto, aproveitado ou dormido. É natural que um pastor se pergunte, de tempos em tempos (e cada vez mais, conforme o tempo passa), “como é que eu estou indo?”.
Na maioria das vezes eu não penso que essa pergunta apareça na cabeça do pastor por causa de narcisismo, baixa autoestima ou ambição egoísta. Creio que a maioria dos pastores genuinamente não tem ideia do quanto estão fazendo alguma diferença na vida de seu rebanho. Claro, há conversas dramáticas aqui e ali, e certos membros são persistentemente encorajadores e alegres. Mas, em geral, creio que muitos ministros do evangelho passam uma boa parte de seu tempo se perguntando se não estão falando para as paredes.
Talvez alguns deles (de nós) estejam. Sem dúvida há homens no ministério que poderiam estar servindo melhor o reino fazendo outra coisa. Mas, mesmo assim, eu imagino que a maioria dos pastores não deveria deixar o pastorado. Eles estão trabalhando duro. Estão usando quaisquer que sejam seus dois, cinco ou dez talentos que lhes foram dados. Eles amam a Deus, amam Seu povo e amam a Bíblia. Mas não tem a certeza de que estão realmente fazendo alguma diferença. É por isso que eu penso que tantos pastores olham para o orçamento, o tamanho do prédio e a ocupação dos bancos. É quantificável. É mensurável. É algo que pode incentivar o coração pastoral abatido: “veja, você não está perdendo o seu tempo (nem o deles!)”.
Então em algum momento desse mês – se há algo que valha a pena incentivar no sermão do seu pastor – vá e o incentive.
Fale para ele. Pessoalmente. Com alegria e gratidão. Com sinceridade.
Não se preocupe com ele se achar demais. O Senhor sabe como manter seus pastores humildes, para que você possa se preocupar em manter o seu pastor caminhando. Quem sabe o tipo de dúvida que seu pastor pode estar enfrentando? Quem sabe o tipo de desencorajamento constante que o aflige? Quem sabe o quanto talvez ele esteja perto de deixar o ministério (seja por desistência discreta ou por escândalo público)?
“Tudo o que é verdadeiro, tudo que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvo existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Filipenses 4.8). E se o sermão do seu pastor – mesmo que não seja muito frequente – cair nessas categoria, seja grato a Deus. E pense na possibilidade de deixar isso claro para o seu pastor.
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Traduzido por Filipe Schulz no Refroma 21
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