domingo, 28 de agosto de 2016

O mito de que o culto precisa ser transformado em show para a conversão dos incrédulos


A indústria do entretenimento tem tomado conta de inúmeras igrejas. Nessa perspectiva, pastores e lideres tem entendido que o culto a Cristo, precisa ser mais light, menos pesado, com uma pregação positiva, além é claro de proporcionar ao visitante a possibilidade de desfrutar de um ambiente com muita música, arte, teatro e shows.

Volta e meia eu ouço alguém dizer: 

"Mas, pastor se não transformarmos o culto num grande show as pessoas não se converterão, por isso, precisamos criar estratégias para que os incrédulos se convertam.

Caro leitor, em que lugar nas Escrituras nós encontramos o Senhor ou os apóstolos orientando a igreja a promover entretenimento com vistas a salvação dos perdidos?

Charles Spurgeon, o príncipe dos pregadores, em pleno século XIX disse que Escrituras não afirmam, em nenhuma de suas passagens, que prover entretenimento para as pessoas é uma função da igreja. Se esta é uma obra cristã, afirmou o pastor do Tabernáculo Metropolitano, por que o Senhor Jesus não falou sobre ela? “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15) — isso é bastante claro. Se Ele tivesse acrescentado: “E oferecei entretenimento para aqueles que não gostam do evangelho”, assim teria acontecido. No entanto, tais palavras não se encontram na Bíblia. Sequer ocorreram à mente do Senhor Jesus. E mais: “Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres” (Ef 4.11). Onde aparecem nesse versículo os que providenciariam entretenimento? O Espírito Santo silenciou a respeito deles. Os profetas foram perseguidos porque divertiam as pessoas ou porque recusavam-se a fazê-lo? Os concertos de música não têm um rol de mártires. 

Spurgeon também dizia que prover entretenimento está em direto antagonismo ao ensino e à vida de Cristo e de seus apóstolos. Qual era a atitude da igreja em relação ao mundo? “Vós sois o sal”, não o “docinho”, algo que o mundo desprezará. Pungente e curta foi a afirmação de nosso Senhor: “Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos” (Lc 9.60). Ele estava falando com terrível seriedade! 

Prezado amigo, fomos chamados a pregar a Palavra, nada além da Palavra. O que temos visto hoje em boa parte das igrejas deste país é o que denomino de "mundanização" do evangelho. Em nome da contextualização os pastores trocaram Escrituras pela música, o louvor pelo show e a pregação por ministrações de autoajuda e bem estar humano. Senão bastasse isso, nos cultos destas igrejas não há espaço para pregar sobre o pecado, sobre o juízo eterno bem como a salvação pela graça mediante a fé em Cristo. Para piorar a situação, os pastores são performáticos, os ministros de louvor, artistas e a igreja um grande teatro.

Concluo este texto afirmando que aqueles que transformam a igreja num teatro ou casa de show com certeza lotam seus templos de visitantes, todavia, isso em hipótese alguma significa dizer que os frequentadores deste tipo de igreja nasceram de novo. Na verdade, se formos olhar os frutos destas aparentes conversões ruborizaremos de vergonha, mesmo porque, shows não regeneram ninguém. Alias, a regeneração de um pecador se dá mediante o Espírito Santo que mediante decreto do Eterno, determinou os homens seriam salvos mediante a pregação do Evangelho.

Pense nisso!

Renato Vargens

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