sábado, 16 de abril de 2022

Hebraísta explica como a Páscoa foi contaminada por paganismo e profanação

 

Na Páscoa, judeus devem preparar os pães sem fermento. (Foto: Unsplash/Nadya Spetnitskaya)

A Páscoa deveria ser a principal festa do cristianismo, já que celebra a vida e a morte de Jesus. “Ele mandou celebrar sua morte, não seu aniversário”, disse.

Getúlio Cidade, hebraísta e autor do livro A Oliveira Natural. (Foto: Captura de tela/Zoom)
Getúlio Cidade, hebraísta e autor do livro A Oliveira Natural. (Foto: Captura de tela/Zoom)

Por ocasião da chegada da Páscoa, muitos estão preocupados com o alto preço dos ovos de chocolate, as escolas estão contratando pessoas fantasiadas de ‘coelhinho’ e muitos ingredientes estão sendo comprados para o almoço de domingo.

Porém, segundo a Bíblia, esse movimento não está de acordo com as especificações dadas por Deus para a comemoração dessa festa. Para falar sobre isso, o hebraísta Getúlio Cidade e autor do livro “A Oliveira Natural” deu uma entrevista exclusiva ao Guiame.

Ele explica que a festa da Páscoa, segundo as Escrituras, é um tempo de celebração à liberdade e acontece no mês de Nisan, mês do nascimento de Isaque, filho de Abraão. Segundo a tradição judaica, ele foi amarrado como oferta sobre o altar no mesmo mês. 

Importância do mês de Nisan

O mês de Nisan também marca outros eventos importantes para Israel, como a liberação do decreto de Artaxerxes para que Jerusalém fosse reedificada sob a liderança de Neemias, após décadas de abandono. 

“A inauguração do tabernáculo no deserto também aconteceu no mês de Nisan, quando Arão começou a servir como sumo sacerdote e, pela primeira vez, desceu fogo do céu”, conforme o hebraísta em seu artigo “A Páscoa e o tempo de nossa liberdade”, publicado no site “A Oliveira Natural”. 

O dia 10 de Nisan, em especial, ficou conhecido como o dia em que o povo de Israel atravessou o rio Jordão para tomar posse da Terra Prometida, depois de 40 anos de peregrinação. 

E, cerca de 1.300 anos depois,  também no dia 10 de Nisan, Jesus fez sua entrada triunfal dentro dos muros de Jerusalém, cumprindo a profecia de Zacarias 9.9, conforme especifica o hebraísta. 

Mas, de todas as datas importantes do mês de Nisan, nenhuma delas é tão conhecida como a Páscoa.

Calendário de Deus

No período de 7 dias, entre 15 a 21 de Nisan, em Israel, são comemoradas três festas, simultaneamente — Páscoa (Pesach), Pães Asmos (Hag HaMatzot) e Primícias (Hag Bikkurim).

Dia 15 a 21 de Nisan / Páscoa — Para os judeus, a Páscoa é uma festa que dura 7 dias para a comemoração da liberdade. Na época, essa liberdade aconteceu após a retirada do povo judeu do Egito. 

Dias 15 a 21 de Nisan / Pães Asmos — É uma festa comemorada em conjunto com a Páscoa e se resume em preparar os pães sem nenhum fermento. Simbolicamente, o fermento é o pecado do homem, ou seja, toda maldade que contamina o coração. Comer o pão sem fermento, durante as comemorações da Páscoa, simbolizava seguir uma vida de pureza e santidade.

Na Páscoa, judeus devem preparar os pães sem fermento. (Foto: Unsplash/Nadya Spetnitskaya)

Dia 17 de Nisan / Festa das Primícias — No primeiro dia da semana, era quando o sacerdote apresentava a oferta movida a Deus, com as primícias da colheita do povo. Foi justamente nesse dia que Jesus ressuscitou, tornando-se primícia entre os que dormem.

As três festas estão conectadas diretamente ao Messias e à sua primeira vinda para salvar a humanidade de seus pecados. Elas eram observadas normalmente pela Igreja no século I, antes de ser absorvida pelo Império Romano, quando muito paganismo se mesclou à fé cristã. 

Páscoa: diferença da celebração entre judeus e cristãos

Embora a festa seja a mesma, Getúlio explica que na cultura judaica ela se limita a comemorar a libertação do povo de Israel do Egito. Somente 1.300 anos depois foi que Jesus morreu na cruz e ressuscitou para se revelar como Messias. 

“O livro de Êxodo conta toda a história de como foi estabelecida a Páscoa e que ela deveria estar em estatuto perpétuo. No dia 14 de Nisan aconteceu a preparação e no dia 15 aconteceu a saída do Egito. O povo levou 7 dias para chegar até o Mar Vermelho e é por isso que a festa tem essa duração”, explicou. 

“Para nós, cristãos, essa festa tem um significado muito profundo. A simbologia é ampla e perfeita — Jesus é o cordeiro ferido e morto para salvar a humanidade e o Egito é o mundo em que vivemos”, compartilhou.

“O pecado, simbolizado pelo fermento, é uma forma de escravidão que nos prende ao mundo. Faraó simboliza satanás que insiste em escravizar a alma das pessoas. As águas do Mar Vermelho representam a nossa passagem da morte para a vida”, continuou.

Ovo de Páscoa, coelho e profanação

De acordo com o hebraísta, até a data da Páscoa foi desvinculada do cenário bíblico. “Hoje em dia, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Outros elementos que entraram para a celebração da Páscoa são resultado do paganismo e da profanação”, disse.

Ele também explica que a data 14 de Nisan é fixa, então em cada ano ela cai num dia diferente do calendário. Por esse motivo, não faz sentido falar em “sexta-feira santa”, por exemplo. 

“A profanação vem da Babilônia, onde havia a deusa da fertilidade, também conhecida como Ishtar, rainha dos céus ou Astarote, entre outros nomes, mas a entidade era a mesma”, especificou.

Ovos de Páscoa. (Foto: Piqsels)

Segundo Getúlio, na crença popular da época, essa deusa havia descido do céu através de um enorme ovo e havia celebrações feitas a ela. Como a Páscoa teve sua data alterada, as duas festas se misturaram e os costumes também. 

“Era costume durante as celebrações babilônicas, a distribuição dos ovos de Ishtar. Além disso, havia uma representação através do coelho que simbolizava a fertilidade”, associou.

A ligação do coelho, nesse caso, não é associada ao ovo, pois os coelhos são mamíferos. Mas, como Ishtar era considerada a ‘deusa da fertilidade’, o coelho servia de representação graças à sua intensa prática reprodutiva. 

“A profanação foi praticamente imediata e, durante as festas da primavera, passou a ser comemorada a festa de Ishtar e a festa da Páscoa. O problema é que as pessoas não diferenciam as coisas pagãs das coisas sagradas”, disse ainda. 

“Cristãos deveriam observar o calendário bíblico”

Para o hebraísta, os cristãos deveriam focar mais nas datas bíblicas para as festas que Deus instituiu. “O dia 14 de Nisan é tão importante para Deus, que Jesus foi crucificado nesse mesmo dia e no mesmo horário dos sacrifícios no Templo, 1.300 anos depois”, apontou. 

Durante os 13 séculos, ano após ano, conforme especifica Getúlio, o sacrifício de cordeiros era feito até chegar o grande dia de sacrificar o Cordeiro de Deus — Jesus Cristo.

“Então, essa festa deveria ser a mais importante para os cristãos. Deveríamos honrar o sacrifício do Senhor em 14 de Nisan e não a tal da sexta-feira santa”, observou. 

hebraísta sugere o “Seder” ou uma refeição em família, como a que Jesus fez ao se assentar com os discípulos para comer os pães asmos, ervas amargas e tomar os cálices com vinho. 

“Não na igreja ou nas sinagogas, mas nas próprias casas, convidando amigos e vizinhos para celebrar a vida e a morte de Jesus por nós, porque ele mandou celebrar sua morte. Em nenhum momento, as Escrituras mandam celebrar seu aniversário”, alertou. 

Cálice. (Foto: Unsplash/Jametlene Reskp)

A Páscoa e os quatro cálices do Seder

Durante o Seder — uma refeição bastante demorada, pois os judeus contam toda a história do Êxodo — o hebraísta explica que eles bebem quatro cálices de vinho, que simbolizam as quatro promessas que estão em Êxodo, capítulo 6.6-7.

“O primeiro cálice, bebido logo no início do Sedar, é o cálice da santificação. Ele simboliza a promessa que Deus fez de livrar Israel das cargas dos egípcios”, disse.

“O segundo faz referência ao livramento do povo de Israel e, ao mesmo tempo, ao juízo sobre o povo egípcio. É um cálice tomado não com muita alegria, pois Deus não se alegra da destruição e nem da morte do ímpio”, continua.

“O terceiro é o mais importante de todos para nós, já que simboliza a redenção. Foi quando Jesus instituiu a Ceia do Senhor, pois era o cálice da salvação. E o quarto cálice simboliza o louvor e está associado ao Salmo messiânico 118, que foi cantado pelo próprio Jesus”, disse ainda.

“A Páscoa é, talvez, a principal festa bíblica e a nossa melhor oportunidade de compreender nossas raízes judaicas, que estão em Israel. Desejo que nessa Páscoa, o Messias se revele, que as pessoas busquem a santidade de Deus. O Cordeiro de Deus está entre nós e deve ser celebrado”, concluiu.

FONTE: GUIAME, CRIS BELONI

Pela 1ª vez em séculos, mais de 50% dos alemães não pertencem mais a uma igreja

 

rejas são menos frequentadas na Alemanha. (Foto: Unsplash)

A previsão é de que em 2060 apenas cerca de 30% da população ainda será católica ou protestante.

A queda de fiéis alemães que frequentam a igreja é sentida nos dois principais ramos do cristianismo: o católico e o protestante. A Igreja Evangélica na Alemanha (EKD) e do Grupo de Pesquisa World Views na Alemanha (Fowid) mostram que menos da metade da população alemã é membro de uma delas.

“É uma ruptura histórica, pois, como um todo, é a primeira vez em séculos que não é mais ‘normal’ ser membro de uma igreja na Alemanha”, diz o cientista social Carsten Frerk, do grupo de pesquisa Fowid.PUBLICIDADE

A queda é uma tendência que vem acontecendo há algum tempo, segundo Frerk. “Mas acelerou mais nos últimos seis anos do que se pensava anteriormente”, explica.

Trinta anos atrás, cerca de 70% dos alemães ainda eram membros da Igreja Católica Romana ou da EKD (Igreja Evangélica na Alemanha), enquanto 50 anos atrás, o número de frequentadores da igreja era de mais de 90% na Alemanha Ocidental.

As igrejas também previram que em 2060 apenas cerca de 30% da população ainda será católica ou protestante, informa o The Local.

Embora parte do declínio possa ser atribuído ao envelhecimento da população de membros da igreja, os motivos para deixar a igreja variam de economizar impostos a protestar contra a igreja e seu tratamento de casos históricos de abuso.

De acordo com Robert Stephanus, presidente da associação interdenominacional REMID (Religious Studies Media and Information Service) também existem grandes diferenças regionais em relação à membresia da igreja.

Na Baviera a situação é muito diferente da antiga RDA (Alemanha socialista), disse Stephanus, onde o número de membros da igreja protestante caiu de quase 15 milhões para 4 milhões entre 1950 e 1989, enquanto o número de católicos caiu pela metade para cerca de um milhão.

Outras religiões

Apesar da queda dos frequentadores de igrejas, a maioria da população na Alemanha ainda é oficialmente cristã. Além dos membros das duas grandes denominações, ainda existem alguns milhões de outros cristãos, membros de igrejas livres e cristãos ortodoxos (como os gregos, búlgaro, russo, ucraniano, sérvio, romeno ou ortodoxo georgiano).

Mais de 40 por cento da população é agora não-denominacional, cerca de quatro por cento são contados como muçulmanos denominacionais, e o restante é distribuído entre outras religiões, incluindo judeus.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO THE LOCAL

POR QUE NÃO ME ENVERGONHO DO EVANGELHO?


 

Por que NÃO ME ENVERGONHO DO EVANGELHO?

Romanos 1.14-17

Na atualidade “há os que se envergonham do evangelho, os que são a vergonha do evangelho e os que não se envergonham do evangelho”.

O evangelho que Paulo anunciou a igreja de Roma, foi o evangelho prometido pelos profetas do Antigo Testamento e revelado aos Apóstolo do Novo Testamento.Por que Paulo sequer teria sido tentado a envergonhar-se do evangelho ao planejar sua viagem para Roma? Ele confiava em sua mensagem e nos deu várias razões por que não se envergonhava do Evangelho.

1 – PORQUE É O EVANGELHO DE DEUS (Rm 1.1, 16ª)

Ao levar em conta, todos os fatores que circundavam o apóstolo Paulo, poderíamos perguntar: Por que Paulo seria tentado a envergonhar-se do evangelho ao planejar sua viagem para Roma? Paulo deseja ir a Roma para compartilhar o evangelho. Alguns podiam objetar que não havia nada a receber de um pregador cristão. Eles tinham muitos deuses. Tinham o poder político. Tinham riquezas e glórias humanas. E nesse contexto que Paulo diz: “Eu não me envergonho do evangelho”.

                Paulo, o maior bandeirante do cristianismo, não se envergonhou do evangelho. Porque o evangelho, não emana da terra, mas do céu; não procede de homens, mas de Deus; não é fruto da lucubração humana, mas da revelação divina. O evangelho é a boa-nova do amor de Deus ao homem(1.16,17); é a boa notícia do perdão de Deus ao pecador. No evangelho resplandecem tanto o amor quanto a justiça de Deus.

A condição para a salvação do judeu e do gentio é a mesma: a fé em Cristo. — O resultado do evangelho (1.17). O evangelho produz não apenas fé salvadora, mas também fé santificadora. O justo viverá pela fé. O justo é salvo pela fé, vive pela fé, vence pela fé e caminha de fé em fé.

2- PORQUE O EVANGELHO É PODEROSO (1.16)

Precisamos definir melhor o que é o evangelho. Antes de analisar o que é, veremos o que não é o evangelho.

O evangelho que Paulo anuncia não é o evangelho da prosperidade,não está centralizado em milagres e prodígios. O evangelho que Paulo anuncia não é o evangelho do descompromisso com o senhorio de Cristo. Hoje temos visto muita adesão e pouca conversão. Muito ajuntamento e pouco quebrantamento. Muito barulho carnal e pouco choro pelo pecado. Os crentes entram para o evangelho, mas o evangelho não entra neles. Muitos estão vivendo um evangelho customizado, mas não o evangelho de Cristo.

Este evangelho é o da onipotência divina (1.16), operando para a salvação. O evangelho é o poder de Deus para a salvação. O evangelho não é um poder destruidor, mas salvador. Mas, o evangelho estabelece uma condição clara para a salvação: a fé em Cristo.

O evangelho entra em todas as culturas e quebra o muro de separação entre os povos. Entrou no palácio de Nero e conquistou o coração dos soldados da guarda pretoriana. O evangelho conquistou o coração do povo romano. Em poucos anos, o evangelho havia dominado o mundo. O evangelho entrou nas muralhas de concreto do comunismo. Penetrou nas prisões e libertou os encarcerados, e hoje continua libertando o homem das garras do diabo.

3- PORQUE O EVANGELHO É EFICAZ (1.17)

O apóstolo Paulo menciona algumas verdades importantes aqui, que o evangelho é o poder de Deus para a salvação porque nele se revela a justiça de Deus (1.17). Paulo diz que a ira de Deus se revela contra toda impiedade e perversão dos homens (1.18), mas a justiça de Deus se revela no evangelho (1.17).

A justificação é mais do que perdão. Cristo não apenas cancelou a nossa dívida, pagando-a completamente por meio do seu sacrifício substitutivo, mas também Deus depositou em nossa conta a infinita justiça de Cristo, de tal forma que estamos completamente quites com a lei e com a justiça divina. O perdão é a imputação da nossa dívida a Cristo. A justificação é a imputação da justiça de Cristo a nós. A justiça de Deus é recebida pela fé, e não operada pelas obras. O justo vive pela fé. A nossa justiça não é a nossa própria, mas a justiça de Cristo a nós imputada e por nós recebida mediante a fé.

Portanto, meus irmãos é tempo de nos levantarmos e proclamarmos o evangelho, porque ele é poder de Deus para salvação de todo aquele que crer em Jesus Cristo.

(Ext. ad. do comentário de Romanos do pastor H. D. Lopes)

Pr. Eli Vieira

sábado, 2 de abril de 2022

AS MARCAS DE UM CRISTÃO

 


AS MARCAS DE UM VERDADEIRO CRISTÃO

1 João 1.1-2.17

            A Primeira Carta de João, segundo alguns estudiosos, ocupa o lugar mais elevado nos escritos inspirados, a ponto de João Wesley chamá-la de “A PARTE MAIS PROFUNDA DAS ESCRITURAS SAGRADAS”. Ela, é tanto prática quanto teológica.

            Esta carta de João não foi endereçada à igreja de Éfeso, nem à igreja de Pérgamo, nem mesmo às igrejas da Ásia coletivamente, mas a todas as igrejas. Entretanto, seus ensinos e suas exortações não se restringem àquela época e àquelas igrejas. As doutrinas e exortações são tão oportunas para as igrejas de hoje como o foram para as igrejas daquele tempo.

             O apóstolo João teve um duplo propósito ao escrever essa carta: Primeiro, expor os erros doutrinários dos falsos mestres e segundo enfatizar a necessidade de obediência  dos cristãos aos mandamentos divinos.

              Diante do exposto, quero refletir com os irmãos, sobre as marcas do verdadeiro cristão.

1- A PRIMEIRA MARCA É TEOLÓGICA, CRER EM JESUS “O FILHO DE DEUS”(3.23; 5.6,10,13).

            A Primeira Carta de João tem uma mensagem tão urgente e decisiva para a igreja que o apóstolo, deixando de lado as saudações costumeiras, vai direto ao assunto e apresenta Jesus, a manifestação suprema de Deus entre os homens.

            A mensagem de João é que Deus não está distante nem indiferente a este mundo, como pensam os gnósticos e deístas. O testemunho de João é que Deus está profundamente interessado neste mundo. Ele enviou seu Filho ao mundo e seu nome é Jesus Cristo, o verbo da vida. Ele é o Messias, o Salvador do mundo.

            Não há qualquer sombra de dúvida de que o propósito da carta é anunciar aquele que é, desde o princípio, o verbo da vida, a vida eterna. Aquele que estava com o Pai manifestou-se em carne e foi ouvido, visto e tocado. Assim, João enfatiza a humanidade de Cristo. Contrariando os ensinos gnósticos que proclamavam que a matéria era essencialmente má, João mostra que Jesus veio em carne (1.1-3,5,8; 4.2,3,9,10,14; 5.6,8,20).

             Ela é uma carta que enfatiza que Jesus é o Salvador. Jesus morreu pelos pecados dos homens (1.7; 2.1,2). O Pai enviou seu Filho como Salvador do mundo (4.14).Ele manifestou-se para tirar os pecados e nele não existe pecado (3.5). Com respeito ao pecado do homem, Jesus é: primeiro, o nosso advogado junto ao Pai (2.1) e segundo, a propiciação pelos nossos pecados (2.2; 4.10). Um sacrifício propiciatório restaura a relação quebrada entre duas partes. E um sacrifício que reconcilia o homem e Deus.

            Portanto, sem Jesus o homem está perdido, pois não há salvação distante de Cristo.

2- SEGUNDA MARCA É MORAL, A OBEDIÊNCIA – SE PRATICAMOS OS MANDAMENTOS DE DEUS (1.5; 2.3-11; 3.5)

            João não é um filósofo, mas um teólogo. Sua mensagem não é apenas para o deleite da mente, mas para a transformação do coração. Sua teologia não é destinada apenas a uma elite intelectual na igreja, mas para todos os que reconhecem seus pecados e se voltam contritos para Deus. A teologia não é separada da ética, mas exige santidade de vida. A teologia cristã não é apenas conceitual, mas, sobretudo, prática.

            Sua mensagem tem profundas implicações práticas. O propósito do apóstolo é mostrar que não podemos ter comunhão com Deus e com os irmãos sem obediência. E impossível andar nas trevas e ter comunhão com Deus, que é luz. William Barclay tem razão quando diz que o caráter de uma pessoa estará determinado necessariamente pelo caráter do Deus a quem adora.  

            A teologia não é neutra, mas exige do homem um posicionamento. Aqueles que dizem conhecer a Deus, que é luz, mas vivem nas trevas; aqueles que, embora pecadores, negam a própria natureza pecaminosa; aqueles que, embora manchados pela mácula do pecado.   Concordo com Augustus Nicodemus quando diz: “Os atos de um cristão professo são mais eloquentes do que suas palavras, e revelam o estado real de seu relacionamento com Deus”.

             Nesta carta, o apóstolo João, enfatiza a necessidade de separação do mundo, e a necessidade de obediência aos mandamentos divinos. A prova moral de que pertencemos à família de Deus é a obediência (2.3-8,29; 3.3-15,22-24; 4.20,21; 5.2-4,17-19,21).O conhecimento de Deus e a obediência a Deus devem caminhar sempre juntos. Aquele que diz que conhece a Deus, mas não guarda seus mandamentos é mentiroso (2.35).

                John Stott diz que temos razão de suspeitar dos que alegam intimidade mística com Deus e, entretanto, “andam nas trevas”. Religião sem moralidade é ilusão, uma vez que o pecado é sempre uma barreira para a comunhão com Deus. Andar nas trevas significa viver no erro, no pecado, na ignorância de Deus e em hostilidade a ele. Nesse caso, mentimos e não praticamos a verdade.

                Andamos em trevas quando as coisas mais cruciais da vida passam sem o exame da luz de Cristo. Se nossa carreira, nossa vida sexual, dinheiro, família, autoimagem, esperanças e sonhos jamais lhe foram abertos, nosso cristianismo e vida eclesiástica são uma mentira eloquente. E esse o motivo da falta de poder de tantos cristãos hoje e a razão de haver igrejas sem vida e sem poder.

3-A TERCEIRA MARCA É SOCIAL, O AMOR –  SE NOS AMAMOS UNS AOS OUTROS ( 2.7-11)

            O amor, a evidência da verdadeira caminhada na luz, de que realmente conhecemos a Cristo (2.7-11). Se CRER em Jesus é a Marca teológica, a obediência (santidade) é a Marca Moral que identifica o verdadeiro cristão, o amor é a Marca Social. João faz uma transição da Marca Moral para a Marca Social, da obediência aos mandamentos para o amor ao próximo.

             O novo mandamento de Cristo nos desafia a amar como ele nos amou. Isso é mais do que amar o próximo como a si mesmo, uma vez que Cristo nos amou e a si mesmo se entregou por nós. O amor cristão não é sentimento, é ação. Não somos quem dizemos ser, mas o que fazemos. Cristo deu sua vida por nós e devemos dar a nossa vida pelos irmãos (3.16).

            Jesus redefiniu o significado de “próximo”. O próximo que devemos amar é qualquer pessoa que precise da nossa compaixão, independentemente de raça ou posição. Devemos amar até mesmo os nossos inimigos. Em Jesus o amor busca o pecador. Para os rabinos judeus ortodoxos, o pecador era uma pessoa a quem Deus queria destruir. Os judeus desprezavam os pecadores, considerando-os indignos do amor de Deus, e repudiavam os gentios, considerando-os combustível do fogo do inferno. Porém Deus amou o mundo.

            João diz que “Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino” (3.15) e que “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso” (4.20). Quem odeia a seu irmão desobedece aos mandamentos de Deus, está longe da verdade e vive em trevas espirituais.

            Meus irmãos, João ergue sua voz para dizer que o ódio cega como as trevas. O amor não é cego; o ódio, sim, cega! Uma pessoa amargurada fica cega. Seu raciocínio obscurece. Perde-se o equilíbrio. Perde-se o discernimento. Perde-se a direção. Perde-se a bem-aventurança eterna. Que eu e você possamos a cada dia nos firmar nos ensinamentos da Palavra de Deus, vivendo em amor para honra e glória do Senhor.

Diante do exposto, como cristãos servos do Senhor Jesus, somos desafiados a evidenciarmos estas marcas em nossas vidas para a Glória de Deus.

Pastor Eli Vieira

ANDAR COM DEUS

 



Como podemos andar com Deus?

Êxodo 13:17- 15:21

“A HISTÓRIA NÃO CONFIA A GUARDA DA LIBERDADE POR MUITO TEMPO ÀQUELES QUE SÃO FRACOS OU TÍMIDOS.” O presidente Dwight Eisenhower disse essas palavras em seu discurso de posse, no dia 20 de janeiro de 1953. Como o homem que ajudou a liderar os Aliados rumo à vitória na Segunda Guerra Mundial, o general Eisenhower tinha amplo conhecimento do altíssimo preço da vitória, bem como do fardo pesado da liberdade que sempre segue o triunfo.

Israel havia vivido muitos anos como escravo no Egito, agora estava livre da escravidão, mas pra não ser escravizado mais uma vez precisava andar com Deus. O êxodo de Israel ensinou ao povo que seu futuro sucesso estava em caminhar com Deus. Quando estudamos o livro de Êxodo podemos aprender algumas lições sobre como podemos andar com Deus. Andar com Deus implica: seguir ao Senhor (Êx 13:17-22), confiar no Senhor (14:1-31) e adorar ao Senhor (15:1-21).

1-SEGUIR A DIREÇÃO DO SENHOR (ÊX 13:17-22)

O êxodo de Israel do Egito não foi o fim de sua experiência com Deus; na verdade foi um recomeço. “Foi preciso uma noite para tirar Israel do Egito, mas foram necessários quarenta anos para tirar o Egito de Israel”, disse George Morrison. Se Israel obedecesse à vontade de Deus, o Senhor os conduziria à terra prometida e lhes daria sua herança. Quarenta anos depois, Moisés lembraria a nova geração de que Deus “te tirou do Egito […] para te introduzir na sua terra e ta dar por herança” (Dt 4:37, 38).

A mesma coisa pode ser dita da redenção que temos em Cristo: Deus nos livrou da escravidão para que pudesse nos conduzir à bênção. A. W. Tozer costumava nos lembrar de que “somos salvos de, como também para”. A pessoa que confia em Jesus Cristo nasce de novo e passa a fazer parte da família de Deus, mas esse é só o começo de uma nova e empolgante aventura que deve nos conduzir ao crescimento e a conquistas. Deus nos liberta e, então, nos conduz através das várias experiências da vida, um dia de cada vez, para que possamos conhecê-lo melhor e para que, pela fé, possamos nos apropriar de tudo o que ele deseja nos dar.

         Deus traça o caminho para seu povo (w. 17, 18). Deus não é surpreendido por nada. Ele planeja o melhor caminho a ser percorrido por seu povo. E possível que nem sempre compreendamos o caminho que ele escolhe ou que nem mesmo concordemos com ele, mas o caminho de Deus é sempre certo. Podemos dizer cheios de confiança: “Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome” (SI 23:3) e devemos orar com humildade e pedir: “Faze-me, Senhor, conhecer os teus caminhos, ensina-me as tuas veredas. Guia-me na tua verdade e ensina-me” (SI 25:4, 5).

Se houvesse algum estrategista militar no meio do povo de Israel naquela noite, ele provavelmente teria discordado da rota de desocupação escolhida por Deus, pois era longa demais. Deus sabia o que estava fazendo quando escolheu o caminho mais longo.

Se você permitir que Deus dirija seus passos (Pv 3:5, 6), espere ser conduzido, de vez em quando, por alguns caminhos que parecem desnecessariamente longos e sinuosos. Lembre-se de que Deus sabe o que está fazendo, de que ele não está com pressa e de que, enquanto você segui-lo, estará seguro sob a bênção dele. É possível que ele feche algumas portas e, de repente, abra outras, e devemos ficar alertas para isso (At 16:6-10; 2 Co 2:12, 13).

Deus encoraja a fé de seu povo (v. 19). Antes de morrer, José fez seus irmãos prometerem que, quando Deus livrasse Israel do Egito, seus descendentes levariam consigo os restos mortais dele para a terra prometida (Gn 50:24, 25; Hb 11:22). José sabia que Deus cumpriria sua promessa e salvaria os filhos de Israel (Gn 15:13-16). José também sabia que seu lugar era na terra de Canaã, junto com seu povo (Gn 49:29-33).

O que esse caixão significava para as gerações de judeus que viveram durante os terríveis anos de escravidão no Egito? Sem dúvida, os judeus podiam olhar para o caixão de José e ser encorajados. Afinal, o Senhor havia cuidado de José durante suas provações e, por fim, o havia libertado, e faria o mesmo pela nação de Israel, libertando-a no devido tempo. Durante os anos que passou no deserto, Israel viu o caixão de José como uma lembrança de que Deus tem seu tempo e cumpre suas promessas. José estava morto, mas servia de testemunho da fidelidade de Deus. Quando chegaram a sua terra, os judeus cumpriram sua promessa e sepultaram José na terra prometida a Abraão, Isaque e Jacó (Js 24:32).

Enquanto continuamos a obedecer ao Senhor, tais lembranças podem servir para encorajar nossa fé. O importante é que elas apontem para o Senhor e não para um passado morto e que perseveremos em caminhar pela fé e em obedecer ao Senhor em nossos dias.

Deus vai adiante de seu povo para mostrar o caminho (w. 20-22). A nação foi guiada por uma coluna de nuvem, durante o dia, e uma coluna de fogo, durante a noite. Essa coluna é identificada como o anjo do Senhor, que guiou a nação (Êx 14:19; 23:20- 23; ver Ne 9:12). Houve ocasiões em que Deus falou de dentro da coluna de nuvem (Nm 12:5, 6; Dt 31:15, 16; Sl 99:7), e ela também protegeu o povo enquanto caminhavam sob o sol escaldante durante o dia. (Sl 105:39). Quando a nuvem se movia, o acampamento também se deslocava; quando a nuvem parava, o acampamento esperava (Êx 40:34-38).

Não temos o mesmo tipo de orientação visual hoje em dia, mas contamos com a Palavra de Deus, que é luz (Sl 119:105) e fogo (Jr 23:29). É interessante observar que a coluna de fogo servia de iluminação para os israelitas, mas era escuridão para os egípcios (Êx 14:20). O povo de Deus é esclarecido por sua Palavra (Ef 1:15-23), mas os que não são salvos não conseguem compreender a verdade de Deus (Mt 11:25; 1 Co 2:11-16).

Como teria sido insensato os israelitas pararem sua marcha a fim de fazer uma votação sobre o caminho que deveriam tomar para o monte Sinai! Certamente há um lugar para a deliberação e para o referendo comunitários (At 6:1-7), no entanto, quando Deus fala, não há motivo para fazer uma assembleia. Em mais de uma ocasião, nas Escrituras, a maioria estava errada.

2. CONFIAR NAS PROMESSAS DO SENHOR (Êx 14:1-31)

         O Senhor Deus manifestou os seus caminhos a Moisés e os seus feitos aos filhos de Israel” (SI 103:7). O povo judeu foi informado daquilo que Deus desejava que fizesse, porém Moisés foi informado do porquê de Deus estar fazendo tais coisas. “A intimidade do Senhor é para os que o temem” (SI 25:14). A liderança de Moisés foi um elemento essencial para o sucesso da CAMINHADA de Israel. Nesta caminhada ele enfrentaram muitas circunstâncias adversas.

Faraó e a seus oficiais, ao deixarem os hebreus escaparem, haviam colocado em risco – ou talvez até destruído – toda a economia de sua terra, portanto o mais lógico era ir atrás deles e levá-los de volta ao Egito. Encontramos, aqui, outro motivo pelo qual o Senhor escolheu aquele determinado caminho: os relatos levariam o Faraó a crer que os hebreus estavam vagando como ovelhas perdidas no deserto e que, portanto, poderiam facilmente ser perseguidos e capturados pelo exército egípcio e assim perseguiram os israelitas (vv.1-9). O Senhor estava atraindo os egípcios para sua armadilha, pois Deus estava no controle.

Enquanto os israelitas mantivessem seus olhos fixos na coluna de fogo e seguissem ao Senhor, estariam andando pela fé e nenhum inimigo poderia tocá-los. Contudo, quando tiraram os olhos do Senhor e olharam para trás, viram os egípcios se aproximando, apavoraram-se e começaram a murmurar, entraram em pânico(vv.10-12).

“Visto que andamos por fé e não pelo que vemos” (2 Co 5:7).

Quando você se esquece das promessas de Deus, começa a imaginar as mais terríveis possibilidades. A incredulidade consegue apagar de nossa memória todas as demonstrações que vimos do grande poder de Deus e todos os exemplos que conhecemos da fidelidade de Deus a sua Palavra.

Moisés era um homem de fé e confiava no poder de Deus, que sabia que o exército do Faraó não consistia, de modo algum, numa ameaça para Jeová. Moisés deu várias ordens ao povo, e a primeira delas foi: “Não temais” (v. 13). Às vezes, o medo nos enche de energia e procuramos evitar o perigo. Em outras ocasiões, porém, ele nos paralisa e não sabemos o que fazer. Israel foi tentado a fugir, mas Moisés deu-lhe mais uma ordem: “Aquietai-vos e vede o livramento do Senhor” (v. 13). Pela fé, os israelitas haviam marchado para fora do Egito e deveriam, portanto, pela fé, aquietar-se e ver Deus destruir os soldados da cavalaria egípcia.

Moisés não disse apenas para se aquietarem, mas também “vós vos calareis” (v 14). Como teria sido fácil chorar, murmurar e criticar Moisés, mas nenhuma dessas coisas teria ajudado o povo a sair daquela situação. A incredulidade gera murmuração, mas a fé leva à obediência e traz glória para o Senhor. “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (Sl 46:10). Que motivo há para reclamação quando temos a maravilhosa promessa de que “O Senhor pelejará por vós” (Êx 14:14)? Mais tarde, em sua jornada, o Senhor ajudaria Josué e o exército israelita a combater suas batalhas (Êx 1 7:8), mas, dessa vez, Deus derrotaria os egípcios sem a ajuda de Israel.

A ordem seguinte foi de Deus para Moisés: “Que marchem!” (14:15) O fato de Israel estar diante do mar não era problema para Deus, e ele disse a Moisés exatamente o que fazer. Quando Moisés erguesse a vara, as águas se separariam, e Israel poderia atravessar em terra seca e escapar do exército egípcio.

Por que Deus realizou essa série de milagres para o povo hebreu? Em primeiro lugar, ele estava cumprindo sua promessa de que livraria Israel e de que os tomaria para si como seu povo (Êx 3:7, 8). Em tempos vindouros, os judeus mediriam todas as coisas tomando como parâmetro a demonstração do grande poder de Deus no êxodo. No entanto, Deus tinha mais um propósito em mente: Em segundo lugar, revelar outra vez seu poder e glória na derrota do exército egípcio. “E os egípcios saberão que eu sou o Senhor” (Êx 14:18).

A coluna posicionou-se entre Israel e os egípcios, indicando que Deus havia se tornado uma muralha de proteção entre seu povo e seus inimigos. A coluna servia de luz para os israelitas, mas era escuridão para os inimigos, para o povo incrédulo do Egito, que não era capaz de compreender os caminhos do Senhor. Quando Moisés estendeu a mão, o Senhor enviou um forte vento que separou as águas do mar e abriu caminho para o povo atravessar. O Salmo 77:16-20 indica que esse vendaval foi acompanhado de uma grande tempestade e que, depois de Israel ter atravessado, a tempestade transformou o caminho seco percorrido pelos hebreus numa estrada lamacenta.

Jesus perguntou a seus discípulos depois de acalmar uma tempestade: “Por que sois assim tímidos?! Como é que não tendes fé?” (Mc 4:40). A fé e o medo não podem viver juntos no mesmo coração, pois uma coisa destrói a outra. A verdadeira fé depende daquilo que Deus diz e não daquilo que vemos ou da maneira como nos sentimos. Alguém disse, muito corretamente, que fé não é crer apesar das evidências – isso é superstição -, mas sim obedecer apesar das consequências.

Essa série de milagres divinos certamente foi uma revelação da grandeza e do poder de Deus, de sua fidelidade às suas promessas e de sua preocupação por seu povo. O milagre do êxodo tornou-se parte da confissão de fé de Israel ao levarem suas ofertas ao Senhor (Dt 26:1-11).

Hoje, nós precisamos olhar para os milagres de Deus em nosso viver, a vida é um milagre, mas o maior e o melhor milagre é a salvação em nosso Senhor Jesus Cristo e sermos testemunhas dele a cada passo em nossa jornada.

3. ADORAR AO SENHOR (ÊX 15:1-21)

Uma vez que os inimigos haviam se afogado e que a liberdade era certa, o povo de Israel irrompeu em cânticos e adorou ao Senhor. Não lemos que adoraram a Deus enquanto eram escravos no Egito, e, durante a saída da terra, queixaram-se a Moisés pedindo que os deixasse voltar ao Egito. Mas é preciso haver maturidade da parte do povo de Deus a fim de ser capaz de entoar “canções de louvor durante a noite” (Jó 35:10; SI 42:8; Mt 26:30; At 16:25), e naquele tempo os israelitas ainda eram imaturos em sua fé.

O hino de louvor tem quatro estrofes: a vitória de Deus é anunciada (Êx 15:1-5), as armas de Deus são descritas (vv. 6-10), o caráter de Deus é exaltado (vv. 11-16a) e as promessas de Deus são cumpridas (vv. 16b-18).

 O Senhor é mencionado dez vezes nesse hino, enquanto Israel cantava ao Senhor e sobre o Senhor, pois a verdadeira adoração envolve o testemunho fiel de quem Deus é e do que ele faz por seu povo. A vitória de Deus foi gloriosa, pois em tudo foi obra do Senhor. O exército egípcio foi lançado no mar (vv. 1 e 4), e os soldados afundaram como pedras (v. 5) e como chumbo (v. 10). Foram consumidos como restolho (v. 7).

A declaração: “O Senhor é homem de guerra” (v. 3) pode ser perturbadora para aqueles que acreditam que qualquer coisa relacionada à guerra não se encaixa com o evangelho e com a vida cristã. Algumas denominações tiram os hinos “militantes” de seus hinários, inclusive o “Avante, Avante O Crentes”. Porém, Moisés prometeu ao povo: “O Senhor pelejará por vós” (Êx 14:14; ver Dt 1:30), e um dos nomes de Deus é “Jeová Sebaoth”, que significa “Senhor dos Exércitos”, título que aparece mais de duzentas e quarenta vezes no Antigo Testamento. Em seu hino da reforma, Castelo Forte, Martinho Lutero escreveu:

A nossa força nada faz

Num mundo tão perdido,

Mas nosso Deus socorro traz,

Por Cristo, o escolhido.

 Conosco está Jesus,

O que venceu na cruz,

 Senhor dos altos céus;

E, sendo o próprio Deus,

Triunfa na batalha. (Hinário Luterano, n 2165)

Se temos neste mundo um inimigo como Satanás e se o pecado e o mal são abomináveis ao Senhor, então Deus deve guerrear contra eles. “O Senhor sairá como valente, despertará o seu zelo como homem de guerra; clamará, lançará forte grito de guerra e mostrará sua força contra os seus inimigos” (Is 42:13). Jesus Cristo é tanto o Cordeiro que morreu pelos nossos pecados como o Leão que julgará o pecado (Ap 5:5, 6) e, um dia, cavalgará para a conquista de seus inimigos; (Ap 19:11).

Em três ocasiões específicas registradas nas Escrituras, o povo de Israel cantou: “O Senhor é a minha força e o meu cântico; ele me foi por salvação” (Êx 15:2):

1-Quando Deus livrou Israel do Egito,

2-Quando o remanescente judeu lançou os alicerces do segundo templo (Sl 118:14)

3- Quando os judeus foram reunidos e voltaram para sua terra a fim de desfrutar as bênçãos do reino (Is 12:2). Em cada um desses casos, o Senhor deu força, salvação e um cântico.

O Senhor é um “homem de guerra” que não luta com armas convencionais. Ao usar características humanas para descrever atributos divinos, os cantores declaram que sua destra é gloriosa em poder, sua majestade lança por terra os inimigos e sua ira os consome como o fogo que queima o restolho.

Não é de se admirar que seu povo cantou: “Ó Senhor, quem é como tu entre os deuses?” (v. 11; ver Mq 7:18), eles exaltaram o caráter de Deus, A resposta, obviamente, é que não há ninguém como o Senhor, pois nenhum outro ser no Universo é “Glorificado em santidade, terrível em feitos gloriosos, que opera(s) maravilhas” (Êx 15:11). Essa estrofe prossegue louvando a Deus por seu poder (v. 12), por sua sabedoria ao conduzi-los (v. 13) e pela grandeza de sua presença ao inspirar o medo no coração de seus inimigos (v. 14).

A promessa de Deus é cumprida (w. 16b18). Essa estrofe refere-se à futura conquista de Canaã por Israel e afirma que Deus comprou Israel e que são seu povo. As nações de Canaã ficariam mudas como pedras, quando os exércitos israelitas conquistassem a terra e as tribos se apropriassem de sua herança. Deus os tirou do Egito para levá-los a Canaã e plantá-los em sua própria terra (Sl 44:2; 80:8, 15; Is 5). Deus colocaria seu santuário no meio do povo e habitaria com eles em glória. A frase “O Senhor reinará por todo o sempre” (Êx 1 5:18) é o apogeu do cântico, enfatizando que Deus é soberano e eterno.

Não apenas Moisés liderou os homens no cântico desse hino de louvor (Êx 15:1) como também Miriã formou um coral especial de mulheres israelitas, que se juntaram a ela repetindo as primeiras palavras do cântico. Seu entusiasmo cheio de regozijo expressou-se enquanto cantavam, tocavam seus tamborins e dançavam na presença do Senhor (ver 1 Sm 18:6; 2 Sm 1:20).Então, creram nas suas palavras e lhe cantaram louvor” (Sl 106:11, 12). 

 Não foi fácil para eles carregar o fardo da liberdade, e Deus precisou ensiná-los a viver um dia de cada vez durante aqueles quarenta anos, em nossa peregrinação rumo a pátria celestial nós precisamos seguir os ensinamentos do Pai, crer em suas promessas e viver em adoração para honra e glória dEle. Ad. Pr. Eli Vieira

sábado, 12 de março de 2022

Como Viver para a Glória de Deus?


 

Vivendo em Comunhão com Deus

Gn 35.1-15

O grande filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard certa vez disse: “quem vive na presença de Deus, tem um senso íntimo de comunhão com ele, e qualquer coisa de errado perturba essa comunhão”. Para Charles Fuller “comunhão com Deus, significa uma ininterrupta luta contra o mundo”.

Jacó tinha permanecido por alguns anos em Siquém, talvez por causa das vantagens econômicas. Mas ele precisou ter uma profunda experiência com Deus para fazê-lo voltar a sua terra, Hebrom (Gn. 37.1). Voltaria para casa, mas antes faria uma parada em Betel, onde edificaria outro altar e receberia as instruções divinas. Quase trinta anos antes, Jacó tinha feito um voto e uma promessa em Betel (Gn 28.20,21). Agora ele deveria renovar seus votos e propósitos espirituais. Ele tinha completado as suas peregrinações pelo estrangeiro e agora era instruído a voltar para casa.

Dois temas percorrem o capítulo trinta e cinco de Gênesis: termino e correção. Temos aqui uma história de termino, porque Jacó estava de volta a terra prometida com sua família e com toda a sua riqueza; e a vitória tinha sido ganha, o alvo tinha sido atingido, e a promessa divina tinha se cumprido. Mas também temos uma história de correção, porquanto os seus familiares não serviam totalmente a Deus. Ídolos precisavam ser enterrados, e Rubén disciplinado, etc. Para que eles vivessem uma nova história. Esse novo momento teria que ser em comunhão com Deus para a glória dEle. Mas, como  viver para a glória de Deus. No texto de Gn 35.1-15 podemos tirar algumas lições para vivermos para a glória de Deuscom Deus. Viver para a glória de Deus:

1-Implica em abandonar todos os ídolos (pecado) Gn 35.2,4 – O texto nos diz que até aquele momento havia ídolos entre os familiares de Jacó. Jacó exigiu a eliminação de todos os deuses, incluindo os ídolos, os terafins de Raquel (Gn 31.19) e as argolas que eram amuletos associados com o culto pagão. Era preciso abandar tudo aquilo que impedia uma vida de comunhão com Deus.

Quando Deus nos chama, e verdadeiramente mudamos, nos arrependemos e precisamos renunciar qualquer coisa que tente impedir ou atrapalhar a nossa comunhão com Deus.

A exigência primária da aliança é verdadeira lealdade exclusiva a Deus ( Ex. 20.3-5). Lealdade exigida por Josué aos filho de Israel ao falar com eles dizendo: “Agora, pois, temei ao Senhor e servi-o com integridade e com fidelidade; deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais dalém do Eufrates e no Egito e servi ao Senhor”(Js 24.14).

Para vivermos para a glória de Deus, nós precisamos de intimidade, comunhão com Deus , para que isso seja real, é preciso abandonar tudo aquilo que tenta roubar a nossa verdadeira intimidade com ele, seja os ídolos externos, construídos pelas mãos do homem ou internos, os ídolos do coração. Você tem algo que precisa ser abandonado ou removido da sua vida? Faça isso agora, não deixe para amanhã. Não permita que nada na sua vida tome o lugar de Deus e atrapalhe a sua comunhão ele.

2- Implica em mudança de vida (Gn 35.10) – O texto de gênesis, enfatiza a mudança do nome de Jacó para Israel. O novo nome de Jacó. Os antigos, com frequência mudavam de nome, quando havia alguma profunda mudança na vida ou quando esperavam que houvesse tal mudança. “De vez em quando, vemos Deus mudando o nome de alguém, simbolizando um novo status ou uma nova identidade – caso de Abraão, Sara e Jacó. Às vezes, o próprio portador do nome muda sua alcunha, representando uma nova situação. Noemi (“doce”) resolve chamar-se de Mara (“amarga”) após a morte de sua família (Rt 1.20), mas termina a história com um “nome afamado” (4.14). Aliás, note como a ideia do nome move todo o livro de Rute. Quando alguém na época do Antigo Testamento ou do mundo antigo dava um nome a outra pessoa ou coisa, significava que ela possuia essa pessoa ou coisa. Ou saber o nome de alguém, especialmente o nome de Deus, frequentemente significava entrar em um relacionamento íntimo com essa pessoa ou poder (G.K. Beale)”.

A mudança do nome de Jacó para Israel, foi uma mudança profunda. Pense comigo, o fraco Jacó tornou-se o poderoso Israel, agora era um príncipe de Deus, o grande patriarca, através do qual o messias viria ao mundo por intermédio dele, a fim de abençoar todas as nações e todos aqueles que creem em Cristo são abençoados e também são mais que vencedores (Rm. 8.37).

O homem transformado por Deus através da ação do Espírito Santo, recebe um novo nome para viver de forma diferente do mundo, como diz o profeta Isaías  “a seus servos chamará por outro nome” (65.15). Em apocalipse nós aprendemos que vamos receber um novo nome “Ao que vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus e dele nunca sairá, e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome” (3.12). Mais adiante, em 14.1, aprendemos que os crentes terão o nome do Pai em suas testas, o que lembra que os sacerdotes usavam uma lâmina de ouro com os dizeres “santidade ao Senhor” (Êx 28.36-38).

Beale explica: “Parte do significado dos cristãos terem o nome de Deus e de Cristo em suas frontes é que eles compartilham da presença, da semelhança e do caráter de Deus e de seu Messias, como consequência de consagrar-se a eles”.O que isso tudo significa? uma nova condição, uma nova identidade – como Abraão, Jacó e Noemi tiveram – pela bondade de Yahweh.

O mestre Jesus ensina ao mesmo tempo que temos um novo nome e que Deus escreveu em nós seu Nome. E como termina o livro de Apocalipse? Com um casamento. Nós somos a noiva e receberemos o nome do Noivo. Os dois agora são um”.(Reforma21)¹.Mas o que isso nos ensina, a nossa condição, a nossa nova identidade em Cristo, não somente no povir, mas somos chamados para vivermos como servos de Deus hoje, para vivermos uma verdadeira comunhão ele, pois só assim o homem pode viver para a a glória de Deus.

A Palavra de Deus nos ensinaque todo o nosso viver precisa ser para a glória de Deus. Veja o que o apóstolo Paulo inspirado pelo Espírito Santo escreveu: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (1 Co 10.31).

Como você está vivendo hoje? O seu viver tem sido em comunhão com Deus para a glória dEle?, se não arrependa-se, enquanto se diz hoje, e mude de vida. Viva na presença dele e seja uma bênção na sua casa, igreja e sociedade.

3- Implica em confiar em Deus (Gn 35.11,12)

O Deus todo-poderoso falou com Jacó e ele confiou, na certeza de que o Senhor cumpre as suas promessas, a sua palavra não falha. Ele precisava confiar em Deus em suas peregrinações, em meios aos desafios da sua vida, assim como o seus pais Abraão e Isaque confiaram em suas promessas Gn 15.18.

Quando olhamos para Gn 28.3 podemos ver a expressão “uma multidão de povos”, ali a declaração faz parte da bênção dada a Jacó por Isaque. Além disso reis descenderiam de Jacó como Saul, Davi, Salomão, etc (Gn 17.6), culminando no rei-messias descendente de Judá através de Lia. Nesse ponto seria atingida a dimensão espiritual do pacto, de tal modo que aquilo que era bênção material, torna-se-ia em bênção espiritual para a salvação de todo aquele que crer.

Em Gn 28.10 Jacó teve uma visão do Senhor, uma experiência pessoal com Deus. Em Gn 32.22 lutou e foi transformado por Deus, e em Gn 35.14 Jacó levantou um altar ao Senhor, no lugar onde Deus falara com ele. Jacó ao longo da jornada demonstrou sua confiança em Deus, ao ouvir e obedecer a sua palavra. Ele teve fé no Senhor e se entregou aos seus cuidados, mesmo sendo fraco e pecador.

Hoje nós precisamos confiar em Deus sem reservas, como nos ensina o salmista “entrega o teu caminho ao Senhor” Sl 37.5. Como nós temos dificuldade de nos entregar a Deus, tudo o que temos, o que somos, precisamos entregar nas mãos de Deus.

Meu irmãos, para vivermos para a glória dEle, precisamos confiar nele, pois quando confiamos em Deus, temos sede da Palavra, buscamos ter uma vida de oração como servos eleitos, vida de oração é uma das características do servos eleitos de Deus e firmados nas Promessas da Palavra iremos viver pela fé.

Certo jovem queria aprender a ter uma vida de comunhão com Deus: “Um jovem cristão subiu a montanha que ficava de frente ao mar, onde no topo morava um grande mestre cristão, conhecido por ter uma vida de grande comunhão e proximidade com Deus.

Perguntou o jovem:  – Mestre, o que eu faço para ter uma vida de profunda comunhão com Deus? Qual o segredo?

O sábio mestre, sem responder palavra alguma, se levantou, foi até à porta e sinalizou ao jovem que lhe acompanhasse por um caminho.

 Desceram a montanha em um silêncio ensurdecedor, pois o jovem estava inquieto para saber a resposta sobre o segredo para se chegar mais perto de Deus.

Chegando à praia o mestre continuou caminhando em direção à água. A água batia nos pés, depois nas canelas, nos joelhos e o mestre continuava a ir cada vez mais para o fundo.

O jovem cristão hesitou, mas o mestre insistiu que ele lhe acompanhasse. A água já estava na altura da cintura quando, de repente, o mestre derruba o jovem e segura sua cabeça debaixo d’água, sem dar-lhe qualquer chance de se levantar.

O jovem se debate, tenta escapar dos braços do mestre, se esperneia, bebe água do mar — mas o mestre o segura com a maior firmeza possível.

Quando o jovem cristão já estava quase morrendo afogado, o mestre lhe solta. O rapaz se levanta com violência, finalmente respira engasgado, cospe água salgada e não consegue esconder a raiva que estava sentindo:

– Você está louco?! Você quer me matar?!

O velho e sábio mestre cristão responde:

– Eis o segredo da comunhão com Deus que você está buscando! Está diante de você!

– Qual é esse segredo?

– O dia em que você buscar a Deus como você buscava o ar para respirar enquanto estava com a cabeça debaixo d’água e quando te soltei, você O encontrarᔲ.

Portanto, meu irmão, Deus te chamou para você viver para honra e glória dEle, pois foi com este fim que ele nos criou, como nos ensina o breve catecismo de Westminster em sua primeira pergunta, quando indaga: qual o fim principal do homem? resposta: Glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”. Essa verdade nos ensina a viver em comunhão com ele. O diabo não quer que você e eu vivamos esta vida de intimidade com o Senhor. Mas, se há algum ídolo ou pecado no seu coração, jogue para fora hoje mesmo, viva a sua nova vida em Cristo, firmado nas promessas de Deus para honra e glória dEle, na certeza de que com o Senhor, nós somos mais do que vencedores. Precisamos ansiar mais e mais pela presença de Deus hoje. Somente a glória de Deus.

 Referências Bibliógraficas

1-Ribeiro Jr., Josaias. O que significa receber um “novo nome”?, 2011. Disponível em http://reforma21.org/artigos/o-que-significa-receber-um-novo-nome.html.  acesso em 07.09.2017

2- Sanchez, André . Ilustrações Cristãs – Como ter uma vida de profunda comunhão com Deus? Disponível em https://www.esbocandoideias.com/2013/07/ilustracoes-cristas-como-ter-uma-vida-de-profunda-comunhao-com-deus.html acesso em 07.08.2017

Sobre o autor: Pastor Eli Vieira é formado pelo Seminário Presbiteriano do Norte-Recife e pastor efetivo da Igreja Presbiteriana Semear, Itabuna-BA

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