sábado, 29 de fevereiro de 2020

O cristão e o divórcio: O que de fato diz a Bíblia?

Resultado de imagem para o cristão e o divorcio

Want create site? Find Free WordPress Themes and plugins.
Crente pode se divorciar? Como a Bíblia trata a questão do casamento, divórcio e novo casamento? Será que um cristão autêntico pode, depois de um divórcio, se casar novamente? A Bíblia permite um novo casamento para quem se separou?
Esse artigo surge da necessidade de explicar uma posição, e responder de modo definitivo o que está na prescrição bíblica sobre o tema. Obviamente não tratarei de todos argumentos e detalhes propostos pelas partes. E nem vou abordar exatamente aquilo que já foi expôs por outros.
Bem acertadamente John Murray disse “sobre esta questão, a igreja está, na prática, fortemente dividida”. Por um lado, vemos uma linha histórico-confessional afirmar a possibilidade do novo casamento para aqueles que se divorciaram – não sem algumas restrições. Entretanto há pastores famosos (não só de agora) que afirmam, quase que isoladamente, mas sem medo algum, que todos os novos casamentos – mesmo depois de um processo formal de divórcio – são, na verdade, relações (biblicamente) ilegais e adúlteras, ideia que sempre teve um bom número de adeptos.
É um tema importante, embora melindroso. Quase sempre quando falamos dessa matéria, aparece a acusação – brincadeira ou não – de que estamos procurando uma brecha para nosso caso; ou ainda “só defende isso quem é divorciado ou tem algum caso assim na família”; de outra feita, claro, há quem levante a voz a favor do caso, tentando constranger a outra parte do risco de amanhã ser ela a buscar o novo casamento!
Mas um cristão autentico não pode escolher qual doutrina cristã abraçar. Com temor e tremor, ele precisa abandonar toda a pretensão de ser capaz de dirigir sua vida, e então, se submeter a todas as ordens e instruções divinamente reveladas na Palavra. Afinal, Ele é sábio, santo e bom! E para nós pastores, o peso é ainda maior, pois não somos questionados sobre isso apenas por curiosidade ou interesse acadêmico. Muitas pessoas passam por problemas reais nessa área, e precisam ser consoladas e renovadas na esperança da clara, inequívoca, inerrante e suficiente Palavra de Deus.
VAMOS AO CASO
Ao tratar desse assunto, somos rapidamente lembrados de textos como: “Eu odeio o divórcio”, diz o Senhor, o Deus de Israel… (Ml 2;16)” ou “…o que Deus ajuntou não separe o homem” (Mc 10;9) ou ainda “…a mulher casada está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive… (Rm 7;2)”, além é claro das falas diretas de Jesus sobre o assunto. Talvez por isso fica fácil perceber na cristandade pelo menos 3 teses concorrentes. Investigar qual delas é a que condiz com o todo ver revelado, subjaz no cerne desse artigo:

1- Qualquer divórcio é totalmente proibido na Bíblia;
2- O divórcio é possível em um único caso, mas o novo casamento é vetado;
3- Para único caso de divórcio possível é também possível um novo casamento.
Passando ao largo da fala de gente famosa, é fácil desconstruir a tese 1, afinal Moisés legislou sobre o assunto (Dt 24;1). E mesmo que apenas instituindo regras simples sobre o repúdio (uma forma de dizer ‘divórcio’), é tácito em todo o Velho Testamento: a prática ocorria! Isso é tão verdade que quanto Cristo foi questionado sobre o caso, ele não negou que Moisés deu orientações para situação. E mais, o Mestre usa dessa ‘permissão’, aplicando-a especificamente a relação sexual ilícita (Mt 5;31 e 32 e correlatos).
Já o apóstolo Paulo quando manda em 1Co 7;10 “…que a mulher não se separe do marido” também diz no verso 11, “se, porém, ela vier a separar-se…” – o que em si confirma claramente a possibilidade do divórcio (e aqui sem julgar o mérito da causa) – e mais, no v.15, diz: “se o descrente quiser apartar-se, que se aparte” acrescentando no v.16, “como sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? Ou, como sabes, ó marido, se salvarás tua mulher?”. Assim definitivamente caindo a tese 1 “não há base bíblica para o divórcio”, nem mesmo o apelo a fé em uma futura conversão serve de apoio para o constrangimento.
E se ainda ficou dúvidas, em especial quanto a Ml 2;16 (Deus odeia o divórcio) ali Deus condena haver vontade (ou causas) para o divórcio; se fala contra o abandono sem motivo ou por frívolas paixões. Em Mc 10;9 (o que Deus juntou…) pela análise do contexto, sabemos que Jesus não impossibilita o divórcio mas reafirma a óbvia prescrição divina da fidelidade. Assim temos que nesses textos, o Senhor põe limites a ocorrência da separação (divórcio, repúdio), legislando seus detalhes, diferenciando os casos uns dos outros.
UMA ALIANÇA FRÁGIL:
O casamento é uma aliança conjugal, pública e formal, de auxílio mútuo, cuidados, amor e fidelidade sexual entre um homem e sua mulher (CFW, cap. XXIV. II). Foi estabelecida por Deus antes mesmo da Queda (Gn 2;18). Deve ser mantido e protegido em qualquer circunstância. Esse pacto molda o início ideal da família, o modo pelo qual Deus ordinariamente decidiu exercer seu controle na Criação, revelar Seu Caráter a todas as criaturas (Gn 1;26 e 28) e trazer à existência os eleitos (o Seu Povo). Serve de figura para o relacionamento entre Deus e Israel; dá o pano de fundo para algumas histórias redentivas que apontam para Cristo Jesus. O apóstolo Paulo diz que essa aliança revela um grande mistério, Cristo e a Igreja (Ef 5;32).
Pensando assim a infidelidade conjugal ganha um aspecto ainda mais terrível. Afinal é um atentado direto, primeiramente a Deus, que estabeleceu as regras (inalteráveis) do próprio casamento – falando simplesmente: sexo só para um homem e sua mulher; abolindo ontologicamente qualquer configuração diferente. Mas tal coisa é também um abuso, ou blasfêmia contra o próprio Cristo, expondo a ignomínia a figura de sua santa relação com a Igreja. Não por outra razão, em mais de uma vez, o SENHOR demonstra especial ira contra esse tipo de traição – que é comparada a idolatria! Essa ocorrência, de forma mais terrível, é capaz de abalar e até ruir um casamento. Sendo alvo de uma legislação intrincada na lei mosaica, tem já no sétimo mandamento, “não adulterarás” (Ex 20;14)” sua condenação, e a desobediência desse preceito era para ser punida com a morte!
Ora, digno de toda honra (cuidado, manutenção, proteção) é o casamento sem pecado sexual (Hb 13;4). Mas quando uma das partes quebra essa aliança, trazendo para essa relação um terceiro (1Co 6:16)? Como fica a manutenção e proteção dessa Aliança uma vez quebrada? E se uma das partes simplesmente vai embora, some, abandona? Como manter aquilo que perdeu sua função de ser? E nesse ponto é importante lembrar que o apóstolo Paulo em 1Co 7;15,16 diz que em havendo o desejo do incrédulo se separar (ou literalmente se houver abandono, separação, divórcio, rompimento prático, efetivo dessa aliança) o cristão não fica preso nessa relação inexistente e, afinal ele não sabe se o cônjuge fará parte do povo de Deus para que possa alimentar esperanças[ii].
Em outras palavras como se pode exigir a manutenção de uma aliança com quem não quer ou não está em aliança, em especial da parte que ainda fielmente, muitas vezes enganada, suporta essa relação? Não há o que manter, o pacto foi quebrado! E não há porque se firmar numa esperança futura, antes o que é verificável dita as ações. Ou seja, não há obrigatoriedade alguma da outra parte manter-se numa aliança que uma vez foi rompida.
Assim descartamos a ideia de que não há provisão bíblica para o divórcio (tese 1) e também demonstramos o porquê há essa saída. É graça divina haver libertação de algo tão vil e maligno como a confusão sexual, em especial sob a tutela do termo cunhado por Deus para descrever a sublimidade da relação mais íntima de um casal.
PODE OU NÃO PODE:
Jesus fala de modo descomplicado – como lhe é próprio – sobre Casamento, divórcio e novo casamento em diversos momentos. Mas somente em Mateus 19:9 todos esses temas aparecem juntos de uma vez. É como diz John Murray “a passagem mais fundamental (…) particularmente porque é a única passagem do Novo Testamento na qual temos a combinação da cláusula de exceção e da cláusula do novo casamento”. Então compreender essa passagem trará a resposta definitiva nesse artigo, demonstrando biblicamente se para o divórcio possível é ou não também possível um novo casamento, ou seja, definindo se a tese 2 ou a 3 é a mais adequada com a Palavra.
Mateus 19:9:

“Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério e o que casar com a repudiada comete adultério.”

O texto diz, mais literalmente:
“Digo-vos Eu, porém, todo e qualquer homem que mandar embora a sua esposa se não por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e aquele havendo casado com aquela que foi mandada embora, comete adultério.”
Ou parafraseando:
A não ser que seja por causa do sexo ilícito, quem se divorcia e se casa novamente comete adultério e quem se casa com esse divorciado também comente adultério.
É simples, temos três afirmações do Mestre, considerando já a indiferença dos gêneros:

A. Quem se divorciar se torna adúltero ao se casar com outra pessoa;
B. Quem se casar com esse divorciado, comete adultério;
C. A exceção é se o divórcio for por causa de alguma relação sexual ilícita;
O resultante delas é óbvio e definitivo – afinal quem fala sobre isso é Jesus, suas palavras são leis. Assim, pedir (ou dar) o divórcio (separar ou repudiar) não é a mesma coisa de cometer adultério; entretanto um divórcio, pode expor as partes ao adultério, em que pese um casamento com outra pessoa (ponto A e B), a não ser que o repudio (separação, divórcio) tenha sido causado por relações sexuais ilícitas (ponto C).
Isso fica patente pela maneira de Cristo impor que um casamento não deve se interrompe definitivamente por qualquer motivo (Ponto C). Interessantemente de modo semelhante, Paulo fala em 1Co 7;5 de concessão – não uma lei – o casal não pode se privar sexualmente um do outro, ou seja, romper (ou interromper) essa pactualidade de forma leviana, mas se eventualmente for necessário que seja em mútuo consentimento, por um tempo (ou seja não definitivamente) e no mais das vezes especificamente para alguma disciplina espiritual.
Assim, segundo Jesus (e Paulo em I Co 7), o divórcio só ocorre em definitivo, ao ponto de permitir que até um novo contrato de casamento seja firmado sem problemas, quando, e somente quando, é motivado por atos sexuais ilícitos que quebram a aliança ou por um abandono (divórcio, separação) que o torna nulo! Daí, como uma aliança, que já foi desfeita justamente, pode exercer algum impedimento sobre as partes? Ora, que liberdade esse que Paulo afirmar para o cristão abandonado mais ainda o prende a um casamento inexistente? O casamento acabou na prática, foi quebrada a aliança de amor e fidelidade; a parte fiel, está mantendo sozinho um acordo que era para os dois; como obrigar que essa aliança seja mantida e tenha seus efeitos sobre aquele que nada fez para quebrá-la? E mais, como uma aliança desfeita formalmente e por força da justiça ainda pode exigir obrigações, em especial da parte inocente do fim (ou quebra) dessa aliança? Não há como! O casamento que acabou num divórcio lícito, é definitivamente encerrado, as partes estão livres das obrigações. A aliança de outrora cessou!
ALGUMAS OBJEÇÕES COMUNS:
Primeira objeção:
Há quem afirme que a cláusula de exceção dita por Jesus (ponto C) nessa passagem de Mateus é apenas um complemento para fundamentar o direito ao repudio, e não do novo casamento. Normalmente citam as passagens paralelas e dizem, “em Lc 16:18 ou Mc 10:11 não consta da cláusula de exceção (ponto C), logo por esses textos Jesus nega a possibilidade de um novo casamento”.
Contra argumentação:
Ocorre que como já vimos (tese 1), divorciar não é a mesma coisa de adultério – se o divórcio pode levar ao adultério no caso de um novo casamento (ponto B), evidentemente divórcio e adultério são coisas diferentes – e como tanto em Lc 16:18 quanto Mc 10:11, claramente Jesus não está impedindo o divórcio por que então estranhamente em Mateus apareça a exceção pela ocorrência do sexo ilícito, como lançada apenas para o divórcio? Ora, o texto aborda a controvérsia do novo casamento. Essa passagem narra a expressão (ponto C) de Cristo, afirmando que o novo casamento feito depois de um divórcio, por causa de sexo ilícito, não é igual a adultério. Os detalhes extras presentes nesse trecho não podem sofrer abusos só para que sejam igualados a outras partes da Bíblia. Assim, aquilo que para esses é a força do argumento contra o novo casamento, se mostra a verdadeira fraqueza dessa convicção. Sobrando óbvio que as diferenças no Texto Sagrado, trazem outro (acréscimo) ensino aos demais. Nada que foi escrito é dispensável ou sem autoridade.
Segunda objeção:
Alguns argumentam que πορνεια (porneia) traduzido mormente por “relações sexuais ilícitas” no lugar da expressão μοιχαω (de μοιχος – moichos; literalmente adultério, usado para traduzir o 7º mandamento na LXX[iii]) limita a instrução de Cristo, na passagem em voga, ao ocorrido antes do enlace efetivo; que descreve o pecado (ou pecados) cometido no noivado (ou compromisso de casamento, segundo o costume dos judeus). Desse modo, a única exceção do divórcio lícito (ponto C) e consequentemente casamento novo (posterior) diz daquilo que foi cometido antes do vínculo formal e definitivo do matrimônio, e até antes de haver algum acordo nupcial.
Contra argumentação:
O termo πορνεια (porneia) era de uso comum (os correlatos aparecem mais de 50 vezes na LXX) para descrever a prática (aparentemente corriqueira) da prostituição, leviandade, promiscuidade e depravação sexual já da época, logo, μοιχος (moichos: adultério) está inserido no conceito. Literalmente o que Cristo fez foi ir além do óbvio, ele informou que há mais práticas que atentam contra a fidelidade conjugal. Ele fez exatamente isso quando disse que olhar uma mulher com intenções impuras é o mesmo que adulterar (Mt 5;32 – o termo traduzido por adulterou é μοιχος – moichos) ou ainda nos versos anteriores quando discorre sobre assassinato e ódio. Sabendo que havia outras formas de desfazer um compromisso de casamento (noivado), sem que fosse num repúdio (ou divórcio), não faz sentido algum dos fariseus questionarem Jesus acerca do fim de um compromisso de casamento, e nem dele legislar que só era justo o fim de um noivado por evidente pecado sexual. E mais, havia sentença de morte e não um processo de divórcio sobre a moça prometida em casamento que teve relações com outro antes mesmo do casamento (Lv 22;20,21 e 23). Fora que é fácil demonstrar o uso do termo repúdio no Velho Testamento para caso de quem já literalmente consumo o casamento.
Terceira objeção:
A morte presumida do adúltero, ou “quando Jesus permitiu o novo casamento ele tinha em mente a morte certa do adúltero, por isso a cláusula de exceção (ponto C)”.
Contra argumentação:
Bem comum, mas também bastante flácida, não é razoável afirmar que essa exceção de Jesus para o novo casamento está apoiada na previsibilidade da pena de morte como fim natural do processo de divórcio (repúdio). Essa sentença nem era certa. E mais, morte de adúlteros não era tão comum assim nem na época de Jesus, e nem antes, haja vista as inúmeras histórias bíblicas de adultérios que não culminaram com a morte de ninguém em todo a VT. Mas que isso, se assim não fosse, para que haveria notação proibitiva do casamento com repudiados no fim da passagem, desde quando na Bíblia há casamento com mortos?
Quarta objeção:
“Você tem que perdoar setenta vezes sete!” Ou, o cristão tem que fazer tudo para manter o casamento, inclusive perdoar e suportar o adultério.
Contra argumentação:
Pode haver restauração, mas isso é uma possibilidade. O perdão e reconciliação entre os cônjuges cristãos[iv] que tiveram a aliança rompida por um adultério, é muito mais que aconselhável, certamente é o preferível e precisa ser buscado, mas não pode haver desculpas, desconsideração, desqualificação do pecado, especialmente em nome de uma piedade – falsa, claro! – ou espiritualidade extremista, porém incompatível (desobediente, diabólica) com as Santas Escrituras. O mesmo Jesus que instou a perdoar setenta vezes sete, também permitiu o fim do casamento por causa de sexo ilícito; não seja impertinente querendo ser mais santo que Jesus. Ora, quanto aos ímpios, impuros, adúlteros, que comunhão pode haver entre a luz e as trevas? Não se ponha (ou se mantenha) em julgo desigual. A condescendência ao adultério é tão nojenta quanto o adultério em si (Is 5;20, Pv 26;10, Lv 10;6, Et 4;14), e por isso mesmo a outra parte, sob hipótese nenhuma, pode manter-se nessa condição, sob o risco de também ofender ao SENHOR. Negar tal verdade é tão obtuso (Jo 14;26) e perigoso quanto esconder qualquer outro aspecto da verdadeira religião (Mt 5;17 a 20). Pensar assim é tanto lançar os irmãos (o cônjuge fiel) ao incerto, o obrigando muitas vezes a se unir (1Co 6;15 a 19) em uma só carne com prostitutas – além das demais consequências físicas (Rm 1;27) – quanto chamar o certo de errado e o errado de certo! E mais, quando depender de nós, empreendamos todos os esforços para a paz (certamente aplicável na manutenção do casamento, propósito divino) mas o que fazer quando a coisa vem pelo outro?
Quinta Objeção:
O verso 10 de Mt 19 (Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar) não aponta que Jesus tenha vetado de forma tão definitiva o novo casamento, que deixa os discípulos assustados?
Contra argumento:

O v. 10 demonstra o descontentamento dos discípulos com as intrusões de Jesus, mas antes dela sugerir uma releitura da clara afirmação no verso 9, em especial quanto a extensão da cláusula de exceção, tal passagem aponta que o coração humano, mesmo do que segue Jesus, está mais propenso a se desviar da direção divina e então assumir saídas aparentemente melhor no no fundo inconvenientes e insanas, que trarão consequências pesadas (lembre-se de Abraão e Ismael). Sempre o melhor é seguir a vontade prescrita de Deus e não se desviar nem para a direita e nem para a esquerda, mas ter coragem para fazer exatamente tudo o que Deus mandou.

Sexta objeção:
“A mulher está ligada ao marido enquanto esse for vivo” citando o apóstolo Paulo em Rm 7.
Contra argumentação:
Simples, de fato a mulher está ligada ao marido enquanto esse for vivo, e não ao ex-marido. Se a aliança acabou, obviamente não pode exercer domínio sobre as partes. Claro que no contexto da fala paulina não havia a necessidade dele esclarecer isso, pois ele não trazia norma para o casamento mas estava tomando emprestado uma situação local para exemplificar uma doutrina.
Sétima objeção:
“O casamento é indissolúvel”, ou “Jesus se mantém fiel na aliança conosco e por isso devemos também permanecer na aliança do casamento”.
Contra argumentação:
Note como isso é sério, fora não entender as óbvias diferenças entre o tipo e o antítipo, entre o casamento e aquilo que ele representa Cristo e a Igreja (Ef 5;31,32), estamos dizendo que o Senhor não pode, não tem a liberdade (Rm 9;14 a 16), para se apartar de nós. Nos esquecendo que sua permanência (ou insistência) é tão somente pela Graça Incondicional. Ele é fiel a si, e não a nós ou mesmo a alguma moralidade residente per si. A Aliança entre nós (eleitos) e nosso Deus, é indissolúvel por causa dEle, que se obriga a manter a relação e não por causa de uma obrigação moral que detenha Deus, ou por algum detalhe no Pacto que o aprisiona! Deus tem todo o direito de nos despedir e de constituir outros para si como Povo. E tanto poderíamos apontar a ruptura definitiva da aliança com os israelitas, já no exílio babilônico (lembre-se, as 10 tribos que se separaram ao norte, foram simplesmente apagadas do mapa), quanto o fim da relação com os próprios judeus (como povo exclusivo), quando Espírito Santo foi derramado também sobre os gentios, e antes disso tudo, com a caminhada no deserto por 40 anos, e ainda temos o triste, mas não menos justo, divórcio coletivo – a mando divino – nos tempos de Esdras (Cáp. 8 e 9) que obviamente precedeu novos casamentos… Se não fosse a obediência ativa de Cristo, imputada a nós, seu povo, nós teríamos o mesmo fim (Hb 6;4 a 8), seriamos abandonados a nós mesmos. Mas Cristo, em si mesmo, é que nos “mantém fiel nesse casamento”, afinal Deus provando seu amor, em nos conceder no Amado toda sorte de benção, e nisso também o espírito de filhos (Rm 8;15), com o qual clamamos “Aba, Pai” e laboramos pela santificação, sem a qual ninguém verá a Deus. E assim, e só assim, que a Noiva de Cristo é sem mancha e sem mácula (Ef 5;27, 2Co 11;2, Ef 1;4, Jd 1;24, Cl 1;22). Não se compare a Deus, você não é capaz de garantir nem a sua fidelidade, que dirá do outro. Além disso não pode imputar justiça (fidelidade) a ninguém!
CONCLUSÃO:
É preciso reconhecer que muita gente boa já trabalhou esse assunto. Analisando textos e mais textos, e subjugando tudo a uma exegese profunda, intrincada, complexa e por vezes indecifrável. Mas longe de tudo isso – não por mero simplismo, mas por uma convicção que me prende, digo: o Texto é Revelador – não se pode afirmar nada contra a simplicidade da leitura natural de um texto normativo da Bíblia. O Texto Sagrado não é, e não pode ser gnóstico, sob o risco de imaginarmos que a ação do Espírito fica na dependência do academicismo e não pela fé de se achegar a Palavra.
Ele nunca ficou sem testemunha! De forma que as questões mais complexas, questiúnculas e preciosismos quanto aos detalhes das línguas originais, em especial que artificialmente surgem nesse assunto, devem ficar para os especialistas. Descansemos no conhecimento médio, que sempre esteve estabelecido na Igreja, seja nas regras históricas e difusas das políticas de equivalência nas traduções, seja nas múltiplas línguas em que já fora vertida a Palavra de Deus, por vezes até milenares.
Então negar que haja um (único tipo de) divórcio bíblico, quer seja pela pronta afirmação mal compreendida, “o casamento é indissolúvel”, quer seja pelo simulacro piedoso “o cristão deve sempre perdoar” – dois modos comuns de impor aos casados aquilo que Deus não impôs – é desrespeitar o Texto, e insistir em pregar algo que não tem apoio bíblico, um erro terrível. Impor que uma aliança quebrada e formalmente encerrada ainda exerça obrigações sobre quem já não está preso a ela, é até bobo. Além disso – que não é pouca coisa – ao assumirmos que não há possibilidade de divórcio bíblico (obviamente incluso o direito da parte fiel propor novas núpcias depois do casamento ser devidamente extinto) desvalorizamos o leito conjugal sem mácula, igualando o casamento fiel com o infiel, quanto diminuímos a doutrina das Alianças com Deus.
Para os com problemas no casamento: Divórcio não é uma opção! Ele só é remédio para quando a Aliança foi rompida. Mesmo assim a reconciliação, a restauração é algo que se deve considerar em primeiro lugar. Usando como alegoria a passagem de João 2 (o casamento em Caná da Galileia) Jesus é capaz de transformar água em vinho! A obediência a Palavra de Deus pode mudar consideravelmente os rumos do seu casamento. Outra coisa, não espere a coisa ficar terrível para então pedir ajuda, certamente seu pastor está a disposição para tratar do caso.
Para os divorciados: A obediência é a única opção. Se há como restaurar o casamento é isso que você deve fazer. Mas lembre-se essa aliança tem regras claras e imutáveis, que não estão disponíveis para alterações. O casamento deve ser feito no Senhor, e isso diz da restauração dele também. Um crente não deve retornar ao enlace (que uma vez foi desfeito) com um descrente; casamento misto (crente e descrente) é pecado, recasamento também! Não é correto se pôr em julgo desigual sob o pretexto de restaurar a família. Mas é melhor casar que viver abrasado, orienta também o apóstolo Paulo, assim como o casamento foi dado para o auxílio e para ajudar na continência sexual, convém que aqueles que ainda possuem desejos, se casem no Senhor! Mormente isso demandará um processo longo e cuidadoso, a Igreja pode te ajudar muito nisso.
Para os que se casaram novamente: Não encare seu novo casamento como um adultério, pode não ser mesmo o caso. Romper essa nova aliança não é a saída. Em especial quanto a coisa já aconteceu há tempos. Claro que tudo deve ser visto com cuidado e novamente seu pastor e sua igreja poderão ajudar muito. Por fim, lembrando que já houve outra história de fracasso matrimonial, se esforce, no exemplo de Cristo, para que esse novo casamento seja mesmo novo, e não só uma reedição com outros personagens da história antiga.
Para os adúlteros: Deus abomina o que você tem feito! Não pense que sempre haverá tempo e escapatória. Lembre-se, os adúlteros não herdarão o Reino dos Céus (1Co 6;9 e 10). Se arrependa agora, confesse seus pecados, em especial para seu cônjuge. Peça perdão também para Deus, e também sua ajuda para a mudança de comportamento. Procure o seu pastor e se submeta a disciplina eclesiástica aplicável. Não tente racionalizar sua atitude, e nem culpe o outro por qualquer razão que você possa pensa existir.
Para cada um de nós: Visto que nós por nós mesmos nada podemos fazer, revistamo-nos de maior humildade, e clamemos ao Pai que santifique a nós e nosso cônjuge para que não venhamos a experimentar tamanha oposição em nossa própria carne, e não imponhamos aos outros, cargas que não somos capazes de carregar e nem mesmo são justas diante de Deus. Antes, ensinemos a verdade sem receios e libertemos os aprisionados através desse conhecimento (Jo 8;32).
Apêndice
A fala de alguns pregadores famosos que pensam assim também:D.M.L-Jones, no famoso Estudos no Sermão do Monte aponta exatamente isso:
“O divórcio, quando legítimo, põe fim a toda e qualquer vinculação anterior, segundo ensinou o próprio Senhor Jesus. O relacionamento daquele homem para com sua esposa tornou-se o mesmo como se ela tivesse morrido; e este homem inocente tem o direito de casar-se de novo. Mais do que isso, se ele é um homem crente, então tem o direito de ter um casamento cristão. Porém, nesse caso, somente ele teria esse direito, e não ela; ou vice-versa, caso o culpado tivesse sido o homem.”
John Murray conclui seu artigo de análise das passagens em voga, dizendo:
“…este afastamento (o repúdio por causas de fornicação) tem o efeito de dissolver o vínculo do casamento; como resultado de que ele é livre para voltar a se casar sem, assim, incorrer na culpa do adultério. Em termos simples, isso significa que o divórcio em tal caso dissolve o casamento e que as partes não são mais marido e mulher.”
John Stott, depois de boas considerações pastorais afirma no livro Contracultura Cristã:
“A única situação em que o divórcio e o novo casamento são possíveis sem transgredir o sétimo mandamento é quando o casamento já foi quebrado por algum sério pecado sexual. Neste caso, e só neste caso, Jesus parece ter ensinado que o divórcio seria permissível, ou pelo menos poderia ser obtido sem que a parte inocente adquirisse mais tarde o estigma do adultério.”
Matthews Henry, em sua grande obra:
“Jesus permite o divórcio em caso de adultério; sendo que a razão da lei contra o divórcio consiste na máxima: “Serão dois numa só carne”. Se uma parte se prostituir e se tornar uma só carne em adultério, a razão da lei cessa, e também a lei. (com alterações)”.
Willian Hendricksen, em seu comentário ao evangelho de Mateus:
“…infidelidade conjugal é um ataque à própria essência do laço matrimonial. No presente exemplo, é a parte infiel quem está “separando” o que Deus juntou. Até onde vai o registrado, essa é a única base que Jesus mencionou para dar à pessoa inocente o direito de divorciar-se de sua esposa e casar-se novamente. (com alterações)”
Esli Soares
É pastor presbiteriano a 10 anos, atualmente titular da 4º Igreja Presbiteriana de Boa Vista – Roraima (RR)


Fonte:CCN

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

5 milhões de cristãos saem às ruas em protesto contra perseguição na Nigéria




Só em janeiro deste ano mais de 100 cristãos nigerianos foram sequestrados e mortos no país.




5 milhões de cristãos marcham em 28 dos 36 estados da nigerianos. (Foto: Reprodução / CAN).
5 milhões de cristãos marcham em 28 dos 36 estados da nigerianos. (Foto: Reprodução / CAN).

Cerca de 5 milhões de cristãos nigerianos foram às ruas de todo o país em protesto contra o aumento da violência, perseguição, sequestros e assassinatos produzidos pelos grupos terroristas locais: o Boko Haram e o Fulani.
A marcha central ocorreu em Lagos e foi liderada por Enoch Adeboye, o superintendente geral da Igreja Cristã Redimida de Deus (RCCG).
Marchando por cinco quilômetros e seguido por uma multidão, Adeboye podia ser visto segurando um cartaz que dizia: “Todas as almas são preciosas para Deus”.




Cristãos no estado de Kwara participam das marchas de domingo patrocinadas pela Associação Cristã da Nigéria. (Foto: Reprodução / CAN).
Antes da marcha, o RCCG havia participado de um jejum de três dias organizado pela Associação Cristã da Nigéria (CAN) em resposta a um aumento nos ataques contra a comunidade cristã nas mãos de grupos terroristas islâmicos.
A marcha de Lagos foi uma das várias realizadas em 28 dos 36 estados da Nigéria. A CAN estimou que um total de cerca de 5 milhões de pessoas compareceram às manifestações.
“Embora já tenhamos protestado antes, esse evento assumiu uma nova dimensão”, disse o presidente da CAN, Samson Ayokunle, ao Christianity Today.
“Com uma voz, dissemos ‘não’ a ​​assassinatos, ‘não’ à ​​negligência de segurança e ‘não’ à perseguição de cristãos na Nigéria. É um alerta para o governo”, explicou.
Falta de ação do governo
O presidente Buhari tem enfrentado fortes críticas por sua falta de ação decisiva contra os vários grupos islâmicos que vêm causando estragos contra a comunidade cristã nos últimos anos.
“Senhor, tenha misericórdia da Nigéria, que haja paz e segurança”, Adeboye orou durante o grande evento. “Deus vê todas as coisas e sabe onde os terroristas estão se escondendo”.
“Oramos para que Deus envie sua luz à Nigéria e exponha os malfeitores do país”, pediu.




Cristãos oram nas ruas contra a violência na Nigéria. (Foto: Reprodução/UGCN)
Houve vários ataques recentes que despertaram interesse da mídia em larga escala na situação dos cristãos na Nigéria. No mês passado, o pastor Lawan Andimi foi decapitado pelos combatentes do Boko Haram logo após ser visto em um vídeo de reféns no qual ele declarou que havia renunciado a seu destino à “vontade de Deus”. Foi amplamente divulgado que os terroristas executaram Andimi porque ele se recusou a renunciar sua fé em Cristo.
Ataques terroristas, cometidos principalmente por grupos como pastores do Boko Haram e do islamita Fulani, resultaram na morte de mais de 100 pessoas somente em janeiro.
Em dezembro, o Fundo de Ajuda Humanitária (HART), liderado pela Baronesa Cox, divulgou um relatório estimando que cerca de 1.000 cristãos nigerianos foram mortos ao longo de 2019.
A marcha tomou as ruas de diversos estados nigerianos.
Assista:






FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO PREMIER

Calvino e o Empréstimo a Juros

Imagem relacionada

“Vimos até este momento que a atividade econômica já era bem ativa mesmo antes de Calvino nascer. Tanto o comércio local como de longa distância e também as Cruzadas necessitavam de crédito e utilizaram o empréstimo a juros, disto se aproveitaram muito bem os banqueiros. Vimos também, que a Igreja de Roma, mesmo que condenando a prática do empréstimo a juros, em muitas situações ela não só autorizava como também os realizavam. A Igreja mantinha negócios com os banqueiros, pois estes cuidavam dos seus interesses por toda a Europa. Seu envolvimento nos negócios financeiros e com os usurários era tão grande que ela criou o Purgatório a fim de salvá-los da perdição eterna, e também, poder assim, arrecadar mais alguns valores.
Pudemos observar também que este assunto sempre esteve em questão, muitos Doutores da Igreja trataram sobre o assunto, sendo que a maioria sempre condenou tal prática, o que não foi muito observada por seus lideres posteriores. Mas também pudemos notar que alguns entendiam que, devido aos tempos serem diferentes daqueles em que os doutores se situavam, não viam problemas em autorizar os empréstimos a juros, como é o caso de Erasmo.
Pudemos notar a posição de Lutero, criado dentro da Igreja de Roma, vendo seus erros e abusos, se manifestou contrário ao empréstimo a juros. Para Lutero os empréstimos deveriam ser realizados desde que houvesse alguma sobra, para que, ao emprestar, não ficasse fazendo conta deste dinheiro, se o tomador devolver, muito bem, se não, não nos faria falta. Ele entende que o problema está no interior do homem, no seu desejo de ostentação, que leva o homem a gastar mais do que possui.
Ao falarmos de Calvino, vimos como foi sua educação, o meio em que viveu, seu pensamento central, onde todas as nossas atitudes devem glorificar a Deus e também em prol da nossa comunidade. Vimos também o que disse sobre a importância do homem exercer sua vocação através do trabalho, e que este mesmo homem deve ter uma vida frugal, sem extravagâncias. Só pelo que já vimos poderíamos tirar algumas conclusões. Porém estaremos tratando neste momento sobre seu pensamento quanto ao empréstimo a juros.
Os Fatos Históricos - Calvino nasceu no início do século XVI, onde “o mundo do comércio havia se expandido assustadoramente com a descoberta das Américas; bem, como com a abertura de novas rotas comerciais”. Isto provocou uma grande mudança, não só na atividade econômica da Europa, como na vida das pessoas, pois, “o aumento no suprimento de ouro e a abundância de moedas tinham produzido uma inflação que se espalhou por toda parte. O novo comércio parecia estar tornando o pobre mais pobre ainda”. Como comenta Biéler:
O descobrimento do Novo Mundo canalizou para a Europa ouro em quantidade para fecundar inúmeras indústrias e para multiplicar as trocas comerciais. Os antigos quadros corporativos não podiam mais conter nem orientar essa transbordante atividade. Nascia, assim, um capitalismo não controlado e que se desenvolvia rapidamente fora dos antigos centros urbanos de produção. Ao mesmo tempo que gerava o aumento vertiginoso do custo de vida, esse desenvolvimento econômico produzia a depreciação da mão-de-obra, o que provocava a proletarização rápida das cidades e dos campos. Acumulavam-se grandes fortunas e seu número se multiplicava ao mesmo tempo que proliferavam as massas miseráveis.Mas o que isto importa a Calvino? Sua preocupação era apenas dedicar-se aos estudos. Mas, quando por necessidade de repouso, decide passar apenas uma noite em Genebra, é instado por Farel a ajudá-lo a promover a reforma religiosa nesta cidade, a isto Calvino argumenta: “Sou acanhado e tímido. […] Uma sala de estudos é o lugar para mim. Sou um homem de letras. […] Não pode exigir isso de mim”. – ao que respondeu Farel – “Digo-te, em nome de Deus Todo-poderoso, que estás apresentando os teus estudos como pretexto. Deus te amaldiçoará se não nos ajudares a levar adiante o Seu trabalho”. Era para ser apenas uma noite, agora já são quase dois anos de permanência até ser expulso da cidade, para posteriormente, rogarem seu retorno, para dali sair apenas para a glória celestial.
Esta cidade transformou este homem, que transformou esta cidade. Agora ele se preocupa com os acontecimentos e se manifesta sempre que for necessário. Como nos mostra Wallace: Ele era tão ousado em condenar a “face inaceitável” do novo sistema comercial estabelecido quanto outros pregadores de seus dias. Ele mesmo poderia descrever a vida de um mercador como “muito semelhante à vida de uma prostituta”, cheia de truques e armadilhas e enganos, e “muitas artimanhas novas e desconhecidas a fim de ganhar dinheiro”. Porém ele reconhecia que no século 16 não poderia haver nenhum movimento de retorno a uma sociedade agrária primitiva “ideal”. Calvino aproveitou uma única oportunidade que lhe fora dada para poder transformar esta cidade. Calvino não era cidadão de Genebra, ao menos até poucos anos antes de sua morte, portanto não tinha direito a votar e nem de ser votado, assim, as mudanças que ocorreram em Genebra não foram implantadas por Calvino, ele influenciou, mas quem realmente implantou foram os conselhos que administravam a cidade. Entendamos melhor os fatos: Os habitantes de Genebra eram divididos em três tipos de categorias. Os cidadãos “eram aqueles que haviam nascido (e foram subsequentemente batizados) na cidade e eram filhos de pais que eram citoyens. O corpo diretivo o Petit Consiel – era inteiramente composto por cidadãos”.239 Uma segunda categoria eram os bourgeois, que eram os “habitantes da cidade que possuíam (ou tinham condições de adquirir ou de outro modo negociar) o privilegiado título”. Estes poderiam votar e serem votados para os outros dois conselhos: os dos sessenta e dos duzentos. E, uma última categoria, a dos estrangeiros “que eram residentes legais, com nenhum direto de voto, de portar armas ou de assumir qualquer posto público na cidade”, estes só poderiam se tornar pastores ou dar aulas, mesmo assim, “somente em razão da ausência praticamente absoluta de outras pessoas, que fossem nascidas em Genebra e estivem qualificadas para desempenhar tais funções”. Calvino se encontrava nesta situação.
De 1550 a 1560 a população de Genebra quase dobrou, isto devido ao “grande número de refugiados protestantes que buscavam refúgio lá”. Muitos destes refugiados possuíam profissões, alguns tiveram que deixar tudo para trás, outros vieram com suas riquezas. Como nos relata Wallace a respeito de um escrito de Calvino: O Empréstimo a Juros Como visto, o empréstimo já era uma realidade nos tempos de Calvino, e o comércio necessita cada vez mais de crédito. Em Genebra os grandes comerciantes, que dispunham de capital, abriam a outros comerciantes créditos, sob a forma de empréstimo a juros. Assim, o capital e o crédito se tornaram fundamentais para o avanço da economia.
Mas capital e crédito são indispensáveis; o financista não é um pária, mas um parceiro útil da sociedade; e emprestar a juros, contanto que a taxa seja razoável e os empréstimos aos pobres sejam gratuitos, não é per se mais extorsivo que quaisquer outras transações econômicas sem as quais os negócios humanos não podem ser levados avante. Biéler ao comentar sobre a necessidade evidente de crédito nesta época nos fala que “toda indústria um pouco vultuosa reclama capital agora; o pedido de crédito se torna por toda parte de tal modo imperioso que se organiza a despeito de entraves morais que ainda encontra”. Estes entraves a que ele se refere é a posição da Igreja de Roma que ainda reprova os empréstimos a juros, mas, como visto anteriormente, em muitos casos ela permitia.
Com efeito, em 1532, de novo a Universidade de Paris reprova o empréstimo a juros. A Igreja não cessou de condená-lo em seu princípio, se bem que o tenha admitido sob a forma da sociedade em comandita a comportar riscos e indenização. Mas, os soberanos espanhóis, Carlos V e Philippe II, por melhores católicos que fossem, são os primeiros a reconhecer-lhe a legitimidade, sob a condição de que não exceda 12%; Henrique VIII faz o mesmo, fixando-lhe a taxa máxima em 10%(1545).
Dessa forma, a discussão quanto à prática do empréstimo a juros não era coisa nova, Biéler nos relata que “em Genebra, o empréstimo a juros foi praticado desde muito tempo antes da Reforma”, isto nos esclarece que, o empréstimo a juros, era praticado bem antes de Calvino, e isto, com o aval da Igreja, que protegia aos emprestadores, assim, continua Biéler dizendo: “Um artigo das franquias, confirmadas pelo bispo Adhemar Fabri, em 1387, diz expressamente; não se pode inquietar os emprestadores, nem sequestrar, nem tomar-lhes os bens, nem deles fazer inventário”, e mais: Não obstante, as ordenanças da Igreja se opõem a eles formalmente. Em 1179, o Concílio Geral de Latrão ameaça de excomunhão aos usuários manifestos e lhes recusa sepultamento cristão, se morrerem neste pecado. Em 1273, Gregório X ordena os soberanos banirem, dentro de três meses, a todos os usuários estrangeiros em seus Estados. E em 1312, Clemente V condena os estatutos municipais que autorizam o empréstimo a juros. Também, quando, em 1444, os cidadãos de Genebra querem sejam confirmadas pelo papa Felix V, administrador do bispado, as franquias de sua cidade, os artigos referentes à usura são supressos por sua ordem. O empréstimo a juros nem por isso cessa de ser praticado como por toda parte, aliás, e não tarda a obter a proteção do Duque de Sabóia, que bem depressa compreende todo o lucro que pode daí auferir. Algo que sempre foi praticado, mesmo que condenado pela Igreja, se bem que muitas vezes era por ela autorizado e praticado, porque então não regulamentá-lo? Não controlá-lo? Talvez pelas vantagens que eram obtidas, não seria interessante torná-lo comum. “É Calvino o primeiro dos teólogos cristãos a exonerar o empréstimo a juros do opróbrio moral e teológico que a Igreja havia feito pesar sobre ele até então”, pois, “a vasta expansão do mercado monetário exigia uma nova avaliação da proibição do empréstimo de dinheiro a juro”. Porém não se pode atribuir a ele a justificação integral do capitalismo liberal. “Suas concepções sobre as riquezas e seus fins sociais levam-no a exigir uma regulamentação assaz estrita do empréstimo a juros; tinha ele pressentido profeticamente a gama de males sociais a que o liberalismo puro deveria conduzir”.
A postura de Calvino que, por um lado, se mostra “revolucionária na história da teologia e estimulante para a vida econômica, não deixa de ser restritiva em muitos aspectos, de outro”. Ele consegue, das autoridades que mantenham a taxa de juro lícito primitivamente fixado em 5% ao ano, e depois a 6,66% ao ano, uma taxa relativamente baixa para a época. O objetivo dele era de “impedir que se desenvolvesse de imediato o empréstimo a juro em Genebra e que nela aparecessem os emprestadores profissionais, a quem o Reformador é estritamente oposto”. Em face disto nos diz Biéler: O dito referido desta época: Não se vai a Genebra para ganhar dinheiro, mas para perdê-lo, se explica, mercê das causas mencionadas acima, porque se não acham reais banqueiros em Genebra durante a segunda metade toda do século XVI. Calvino, escrevendo em 1547, observou que muitos desses refugiados haviam sido forçados a deixar para trás seus bens e base na experiência de habilidosos refugiados franceses e italianos e no capital, fornecido por astutos banqueiros comerciais italianos. […] As feiras de Genebra, que já haviam sido ponto de distribuição para as mercadorias italianas, na Europa ocidental, tornaram-se, nesse momento, o centro de uma rede de distribuição para os itens produzidos em Genebra.
Assim, Calvino não se mostra desfavorável à atividade financeira, mas, preocupado com a parcela da população mais carente, ele se manifesta contra toda prática ou atividade que possa prejudicar a parcela mais pobre da população. “Busca, sem afrouxamento, salvaguardar sempre um justo equilíbrio entre o surto econômico e a justiça social”. Neste sentido, Calvino vai ensinar que o dinheiro é o meio que Deus usa para prover o sustento do homem e de seus semelhantes. As riquezas devem ser utilizadas para o benefício também da sociedade, e não só em causa própria.
Referindo-se à Escritura, o reformador ensina que os bens materiais são os instrumentos de providência de Deus. O dinheiro, enquanto representa esses bens, é o meio do qual Deus se serve para proporcionar ao homem o que é necessário para o sustento de sua existência e da de seus companheiros. A riqueza é colocada à disposição do homem para que organize sua vida e a da sociedade da qual é solidariamente responsável. Para Calvino, diferentemente de Aristóteles e São Tomás de Aquino, que entendiam que o uso do dinheiro era apenas como meio de troca, o dinheiro é uma mercadoria, portanto, ele é produtivo, desde que seja usado com o objetivo de promover a economia através da indústria e do comércio, e não, se usado para socorrer as necessidades de alguém. Assim, o dinheiro só tem caráter produtivo se for usado como investimento.
No fundo da atitude economicamente positiva de Calvino, apesar de todas as suas restrições morais, encontramos a ideia de que o próprio dinheiro é mercadoria e que, portanto, ele é tão produtivo quanto qualquer mercadoria. Neste sentido, Calvino adota o ponto de vista de uma economia moderna, aquela em que o empréstimo de produção, ou empréstimo de empresa, precede ao empréstimo de consumo. Sem perceber ainda todas as suas consequências, Calvino pressente a importância da noção de aplicação. O dinheiro não frutifica espontaneamente, mas pode frutificar se for investido.
Calvino preocupado com o comportamento que, a partir de suas declarações, alguns poderiam tomar, a fim de justificarem os abusos e a usura, ele faz então a distinção entre o EMPRÉSTIMO DE CONSUMO E O EMPRÉSTIMO DE PRODUÇÃO. Para Calvino “o primeiro [empréstimo de consumo] que não é senão um empréstimo de assistência, improdutivo para o devedor, não faz jus a nenhuma remuneração” – já quanto ao empréstimo de produção ele nos diz – “com o segundo chamado também de empréstimo de aplicação, o devedor, acrescentando-lhe seu trabalho, vai poder alcançar novo ganho, donde ser legítimo remunerá-lo”.
Calvino entendia que a Bíblia, ao falar sobre o empréstimo a juro, estava tratando dos desejos humanos que são desenfreados por lucro. Assim, a Bíblia condena a usura e seus abusos. Ela não está tratando do empréstimo de produção. Ela condena a usura quando o empréstimo é dado para socorrer alguém, como também reconhece como sinal verdadeiro de fé quando o empréstimo é gratuito.
Que diz a Bíblia, segundo Calvino? Encontramos nela a imagem realista de uma humanidade ávida de lucro. É essa a razão, diz Calvino, por que a Bíblia condena a usura e todos os seus abusos. Ela acentua com igual ênfase, porém, o empréstimo desinteressado.

O Reformador, porém, não aprova a cobrança de juros de forma desenfreada e ao bem querer daqueles que emprestam dinheiro. Ele mostra através da Bíblia que esta condena a busca desenfreada dos lucros, ou seja, Calvino compreende que o sentido está no coração, no sentimento das pessoas pelo desejo de ficar rico.
Comprova ele que a Bíblia não proíbe formalmente o empréstimo a juros, condena ela, porém, as tendências naturais do homem de outra coisa não buscar senão o seu interesse próprio, de tardar em assistir aos outros, de esperar recompensa por seu serviço. Deus, pelo contrário, exige uma caridade ativa e desinteressada. Vejamos, agora o que ele fala em seus comentários de alguns textos da Bíblia. Comentando o Texto de 1ª Timóteo capítulo 6 versos 9 e 10 ele nos diz que o problema não são as riquezas, mas o apego a elas, e também dos males que este apego pode provocar, chegando até ao homicídio: Não são as riquezas em si a causa dos males que Paulo menciona aqui, mas o profundo apego a elas, mesmo quando a pessoa seja pobre. […] E é especialmente verdade no tocante à vil avidez por lucros, que não há males que este não produza farta e diariamente: incontáveis fraudes, falsidades, perjúrio, impostura, extorsão, crueldade, corrupção judicial, contendas, ódio, envenenamentos, homicídios e toda sorte de crimes. Comentando o Salmo 15 versículo 5, ele condenava aqueles que queriam ludibriar usando outros nomes a fim de disfarçar a usura praticada: Nesse versículo Davi prescreve aos santos a não oprimirem seu próximo com usura, nem a forçá-lo a aceitar suborno em favor de causas injustas. Com respeito à primeira cláusula, como Davi parece condenar todo e qualquer gênero de usura, em geral e sem exceção, o próprio nome tem sido por toda parte detestado. Os homens astutos, porém, têm inventado nomes ilusórios sob os quais ocultam os vícios; e, acreditando poderem escapar com tais artifícios, têm despojado com maior excesso do que se tivessem emprestado com usura franca e declarada. Deus, contudo, não se deixará enganar nem permitirá qualquer imposição das pretensões sofísticas e falsas. Ele julga o fato pelo prisma da realidade. Ele condena, ainda, o desejo por lucro em prejuízo da outra parte, onde a equidade não é respeitada.
Não há pior espécie de usura do que aquele modo injusto de fazer barganhas, quando a equidade é desrespeitada de ambos os lados. Lembremo-nos, pois, de que toda e qualquer barganha em que uma parte injustamente se empenha por angariar lucro pelo prejuízo da outra parte, seja que nome lhe demos, é aqui condenada. Condenava, também, o usurário e cita Cato que comparava a usura ao homicídio.
Com respeito à usura, é raríssimo encontrar no mundo um usurário que não seja ao mesmo tempo um extorquidor e viciado ao lucro ilícito e desonroso. Consequentemente, Cato desde outrora corretamente colocava a prática da usura e o homicídio na mesma categoria de criminalidade, pois o objetivo dessa classe de pessoas é sugar o sangue de outras pessoas. Também condenava aqueles que, ao invés de trabalhar, vivem às custas do trabalho dos outros.
É também algo muito estranho e deprimente que, enquanto todos os demais homens obtêm sua subsistência por meio do trabalho, enquanto os cônjuges se fatigam em suas ocupações diárias e os operários servem à comunidade com o suor de sua fronte, e os mercadores não só se empenham em variados labores, mas também se expõem a muitas inconveniências e perigos – os agiotas se deixam levar por vida fácil sem fazer coisa alguma, recebendo tributo do labor de todas as outras pessoas. Além disso, sabemos que, geralmente, não são os ricos que são empobrecidos por sua usura, e, sim, os pobres, precisamente quem deveria se aliviado. Ele demonstrava ainda, o perigo de condenarmos, ou de liberarmos a usura, devido às intenções humanas.
Se condenarmos tudo sem qualquer distinção, há o risco de que muitos, por se encontrarem em tal circunstância, achando que o pecado deve ser exposto, para onde quer que se volvam, não sejam entregues a extremo desespero e se lancem de ponta cabeça a todo gênero de usura, sem escolha ou discriminação. Por outro lado, sempre que concordamos que alguma coisa se pode licitamente fazer nesta área, muitos vão viver a rédeas soltas, crendo que lhes foi concedido a liberdade de praticar a usura sem controle ou moderação. Em primeiro lugar, pois, acima de tudo aconselharia meus leitores a se precaverem de engenhosamente inventar pretextos, pelos quais tirem proveito de seus semelhantes, e para que não imaginem que qualquer coisa pode ser-lhes lícita, quando para outros é grave e prejudicial. Citando, Levítico 25. 35-36, ele comentou que a proibição da usura se deve ao fato de que os pobres não fossem oprimidos, mas quando o empréstimo é praticado sem a intenção de oprimir, quando é feito para alguém que não está passando por necessidade, alguém que irá fazer render mais ainda do que foi emprestado, neste caso a usura não é ilícita.
Vemos que o propósito pelo qual a lei foi elaborada consistia em que os homens não oprimissem cruelmente os pobres, os quais devem, antes, receber simpatia e compaixão. Essa foi, na verdade, uma parte da lei judicial que Deus destinara aos judeus em particular; mas ela é um princípio comum de justiça que se estende a todas as nações e a todas as épocas, para que sejamos guardados de despojar e devorar os pobres que estão em aflição e necessidade. Desse fato segue-se que o lucro que obtém alguém que empresta seu dinheiro no interesse lícito, sem fazer injúria a quem quer que seja, não está incluído sob o epíteto de usura ilícita.E também, que a regra a qual devemos seguir é a da equidade, se agirmos assim, pouco será necessário tratar.
Em suma, uma vez que tenhamos gravada em nossos corações a regra da equidade que Cristo prescreve em Mateus: “Portanto, tudo quanto quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também o mesmo” [7.12], não será necessário entrar em longa controvérsia em torno da usura. Ele demonstrou com clareza o perigo de se praticar a usura, pois, “a prática do juro tem quase sempre estes dois companheiros inseparáveis: crueldade e a arte de ludibriar”, desta forma, os que a praticam, não são vistos por ele com bons olhos, assim, “bem raro é ver um homem de bem e, ao mesmo tempo, usurário”.
Como, pois, não era possível que ocorresse um empréstimo onde não ocorria a cobrança de juros, Calvino deu sua opinião quando e em quais circunstâncias os juros poderiam ser cobrados. Segundo o Reformador, a prática dos juros podia ser realizada quando o tomador se mostrava indisposto a pagar no prazo fixado o empréstimo tomado.
Se o que toma emprestado, por má vontade, não reembolsa no prazo fixado. Se um mau pagador tergiversa e prolonga o termo com prejuízo de seu credor, seria admissível que sua esperteza e má fé lhe derivassem proveito com haver lesado? Certamente, creio, ninguém negará que deva ele pagar usura da soma, para ressarci-lo das perdas sofridas. A isso se chama juros, mas, para mim, é tudo a mesma coisa. E, se o tomador do empréstimo for auferir ganhos com o valor emprestado, entende que, neste caso, é justo que o emprestador tenha também algum lucro, é a isto Calvino que vai chamar de empréstimo produtivo.
Se o empréstimo é produtivo, destinado a fazer render um bem. Este gênero de empréstimo, Calvino acentua, no momento quando o surto econômico da Europa vai crescendo, torna-lhe mais frequente dia após dia. Se um homem rico e bem situado, querendo comprar uma boa granja, toma emprestada de seu vizinho parte da soma, por que o que empresta não poderá auferir certo lucro da renda, até onde haja contribuído com o seu dinheiro? Muitos casos semelhantes ocorrem todos os dias, aos quais, no que tange à equidade, os juros não são piores que uma barganha. Por fim, Biéler comenta acerca do desejo de Calvino com relação à usura: […] Calvino declara que não desejaria que se creia que sua intenção é favorecer a prática da agiotagem; quanto a si, bem que preferiria que o próprio termo fosse abolido do mundo, em razão das misérias que ela engendra. Reconhecendo, porém, que se trata, na vida econômica de então, de coisa de grande importância, não se sente com autoridade de condená-la com fazer a Bíblia dizer o que não diz, além do que comportam as próprias palavras de Deus. Deixa, então a cargo da consciência de cada um, admoestando porém, que teremos de dar conta de nossos atos a Deus.
Em conclusão, diz Calvino, não há lei alguma, casuística nenhuma, que poderá estabelecer um limite entre o que é lícito e o que o não é. Só a regra eterna da caridade e da justiça que decorre da fé em Jesus Cristo servirá a cada um de norma, em se lembrando que é diante de Deus, não perante os homens, que terá finalmente de prestar conta de seus atos.
Calvino e a Limitação às Taxas de Juros - Sendo, pois, Calvino contrário à prática dos juros, principalmente daqueles que, ao invés de trabalhar, queriam ganhar dinheiro ás custas dos outros. Conforme Biéler citando Calvino, diz: “não aprovo, se alguém propõe fazer do ganho de juros verdadeira profissão”. Mas, reconhecendo que lhe é impossível aboli-lo, mostra em quais situações é permitido a cobrança de juros. Entretanto, compreende que tal prática podia levar os homens a agir de forma cruel e mesquinha, com sentimentos egoístas, fez então, várias restrições a tal prática.
Em primeiro lugar, Calvino declarou que não se deve tirar proveito da miséria de alguém. “Que se não cobrem juros do pobre e que ninguém seja coagido, quando em aperturas por indigência ou afligido de calamidade”.
Em segundo lugar, ele argumentou que não se devia usar da prática do empréstimo, sem antes suprir as próprias necessidades e as dos necessitados. “[…] aquele que dá em empréstimo não seja de tal modo interessado no ganho, que deixe de atender aos deveres necessários, nem tão preocupado em colocar seu dinheiro em mão seguras, que desconsidere os irmãos pobres”.
Em terceiro lugar, que usasse das mesmas condições que gostaria que usassem com ele. “[…] que nada intervenha que não se conforme à equidade natural e, se a coisa se examina segundo a regra de Cristo, isto é, o que quereis que vos façam os homens.”
Em quarto lugar, que só se cobre juros desde que o tomador ganhou mais do que lhe foi emprestado. “Que aquele que toma emprestado faça outro tanto ou mais de ganho com o dinheiro emprestado”. Em quinto lugar, que os costumes e hábitos do meio em que vivemos não sejam usados como argumento para a cobrança de juros. “que não estimemos o costume vulgar e recebido que é que nos seja lícito, […] pelo contrário, que tomemos como regra uma só, a Palavra de Deus”.
Em sexto lugar, que tenhamos consciência que os juros incidem sobre o custo de vida da população, e não apenas no proveito de quem toma emprestado. “que não levemos em conta somente o proveito particular daquele com quem entabolamos negócio, mas ainda consideremos o que é expediente para o público”.
Em sétimo lugar, que se considere o que preceitua as leis existentes, embora seja melhor reger-se pelas da equidade. “que não se exceda a medida que as leis públicas da região ou do lugar concedem, embora isto nem sempre baste, […]. É, pois, de mister preferir equidade que cerceie o que exceder o justo limite.”
De acordo com o pensamento do Reformador, a taxa de juros deve ser estipulada de acordo com o juízo moral e espiritual do emprestador, pois, o juro irá sempre incidir sobre o consumidor. “Com perspicácia que vai muito além da ciência econômica de seu tempo, Calvino observa que a taxa de juros tem certa incidência sobre o custo de vida e que os juros são pagos, em última instância e em sua maior parte, pelo próprio consumidor”.
E que não se deve basear somente pelo meio em que vive e nem pela lei civil. Para o Reformador, o cristão deve se basear no Evangelho e no seu comportamento diante de Deus, e ainda que tal condição impossibilite o tomador de trabalho e de ter liberdade sobre sua vida.
Qual, porém, a taxa normal? Calvino insiste no fato de que não há regra objetiva para fixá-la. O que deve ser determinante é o juízo espiritual e moral do emprestador, se ele é um cristão autêntico. Sua determinação será ditada pela justiça e pela caridade, compreendidas como o entende o Evangelho e medida pelas necessidades do próximo. […] Não somente, pois, não se pode fixar uma taxa uniforme que estabeleceria o limite abaixo do qual seria legítimo o juro, mas é ainda preciso ter-se em conta o fato de que um crente não está aprovado diante de Deus, se contente se mostra com as diretrizes ou normas em vigor no meio em que vive, ou com a taxa sancionada pela lei civil.[…] Em definitivo, a só regra determinante hão de ser o amor e o bem do próximo tal como no-lo revela e ensina Jesus Cristo no Evangelho. Tão exigente é este amor que jamais poderia o emprestador, para fazer valer seus direitos a ser remunerado ou reembolsado, privar alguém das suas possibilidades de trabalho ou obter um poder discricionário sobre sua vida privada. Portanto, a taxa de juros não deve ser abusiva, deve ser justa, independentemente das condições propostas pela lei. De acordo com o pensamento de Calvino, antes de se aplicar uma taxa de juro, deve-se avaliar o motivo do empréstimo, e o emprestador deve ter a consciência de que ele está a emprestar para seu semelhante feito á imagem de Deus. Mesmo em uma transação financeira devemos manifestar a glória de Deus.”
Fonte:
MAURICIO DE CASTRO E SOUZA: “O EMPRÉSTIMO A JUROS EM JOÃO CALVINO”. (Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências da Religião. Orientadora: Profª Drª Márcia Mello Costa De Liberal). São Paulo, 2006.
Nota:
A imagem inserida no texto não se inclui na referida tese.
As notas e referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.
O texto postado é apenas um dos muitos tópicos abordados no referido trabalho.
Para uma compreensão mais ampla do tema, recomendamos a leitura da tese em sua totalidade.
Disponível digitalmente no site: Domíni

Reflexões sobre a quarta-feira de cinzas: arrependimento exige mudança de mente, dizem pastores

Resultado de imagem para quarta-feira de cinzas 2020



A quarta-feira de cinzas marca, para muitos cristãos católicos, um dia de arrependimento pelos excessos cometidos durante a festa carnavalesca, e define o reinício das atividades profissionais em todo o país.


O reverendo presbiteriano Hernandes Dias Lopes publicou em sua página no Facebook um pequeno texto, em que propõe uma reflexão sobre o real sentido do arrependimento.

“Muitas pessoas hoje passarão por um rito religioso, colocando cinzas sobre a testa. Afinal hoje é quarta-feira de cinzas. É uma espécie de arrependimento dos pecados e excessos cometidos no carnaval. A grande pergunta é: o que é arrependimento? Será que um ritual externo pode limpar o coração e aliviar a consciência?”, questiona.

Em seu texto, Lopes observa que o arrependimento passa por mudanças de atitude conscientemente e transformação da mente.

“Arrependimento tem três implicações. A palavra grega “metanoia” traz a idéia de mudar de mente. Portanto tem um componente racional. Depois traz a idéia de sentir tristeza segundo Deus, ou seja, uma profunda convicção que o pecado é uma ofensa contra Deus. Portanto, o arrependimento tem um envolvimento emocional. Finalmente, o arrependimento envolve a vontade, pois significa dar meia volta e tomar uma nova direção. Não é arrependimento e novamente arrependimento, mas arrependimento e frutos de arrependimento”, pontua o reverendo.

Já o bispo anglicano e doutor em Escatologia e Ciência da Religião Hermes C. Fernandes publicou um artigo em forma de oração a Deus, em que fala sobre a quarta-feira de cinzas do ponto de vista de quem assiste ao pós-folia.

“Ninguém nos conhece tão bem quanto o Senhor. Tu sabes o quão suscetíveis somos às paixões carnais. Por isso, dirijo-me a Ti para rogar o Teu perdão e a Tua misericórdia sobre nosso sofrido povo brasileiro. Não somos inocentes. Sabemos exatamente onde e quando erramos e magoamos o Teu coração. Porém, nem todos conhecem a Ti por meio de Teu Filho Jesus Cristo. Estes carregam nos ombros o insuportável peso da culpa, sem ao menos saberem a quem recorrer em busca de alívio”, escreveu Fernandes.

Em sua oração escrita, o bispo Fernandes confessa que por sermos humanos, todos pecamos, e todos devem buscar perdão na quarta-feira de cinzas: “Muitos de nós, desejosos de Te agradar, preferiram privar-se da festa, isolando-se em seus domicílios ou em retiros promovidos por suas igrejas. Mesmos estes não estão imunes ao pecado, seja ele de ordem moral ou por pura presunção. No fundo, somos todos “farinha do mesmo saco”. O pecado não está na Avenida onde acontecem os desfiles, nem nos blocos, nos bailes ou na transmissão televisiva. Antes, o pecado está em nós, em nossa natureza caída. Por isso, todos, igualmente, temos nossas próprias razões para nos arrepender. Inclusive pela nossa indiferença e alienação”.

O artigo se encerra com um pedido a Deus por mais graça: “Ajude-nos, Senhor, a que sejamos mais compassivos e menos jactanciosos. Que sejamos sal da terra, luz do mundo, e não sal no saleiro ou holofotes voltados para nós mesmos. Que tenhamos mãos estendidas no lugar de dedos em riste. Tire-nos de nosso comodismo e ostracismo, e conduza-nos na direção do outro, mesmo quando este pensa e age de maneira contrária aos nossos valores e princípios. Que o mundo conheça através de nosso testemunho de amor, aquela alegria perene que não termina em cinzas, festa que não tem hora para acabar”.

Leia a íntegra do texto “Quarta-feira de cinzas”, do reverendo Hernandes Dias Lopes neste link.

Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie é o novo presidente da Capes







Benedito Guimarães Aguiar Neto, então presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub), durante encontro com Jair Bolsonaro, em março passado; ele foi nomeado hoje presidente da Capes Foto: Marcos Corrêa/PR

Benedito Guimarães Aguiar Neto foi nomeado nesta sexta-feira para o comando do órgão de fomento à educação superior, que governo quer fundir com o CNPq



Resultado de imagem para Benedito Guimarães Aguiar Neto, então presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub), durante encontro com Jair Bolsonaro, em março passado

Benedito Guimarães Aguiar Neto, então presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub), durante encontro com Jair Bolsonaro, em março passado; ele foi nomeado hoje presidente da Capes Foto: Marcos Corrêa/PR


RIO — O reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Benedito Guimarães Aguiar Neto, foi nomeado nesta sexta-feira presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
O nome de Aguiar Neto estava sendo cogitado desde dezembro, quando Anderson Ribeiro Correia deixou o posto para assumir a reitoria do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). A exoneração do ex-presidente e a nomeação do novo foram publicadas no Diário Oficial da União desta sexta.
Aguiar Neto tem graduação e mestrado em engenharia elétrica pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde também foi diretor do Centro de Ciências e Tecnologia, de 1997 a 2005.
Fez doutorado na Alemanha, na Universidade Técnica de Berlim, e pós-doutorado na Universidade de Washington (EUA), como bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
É reitor da paulistana Mackenzie desde 2011 e também ocupou, entre 2016 e 2019, o posto de presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub).
Nesta função, foi recebido pelo presidente Jair Bolsonaro em março do ano passado, quando apresentou propostas do conselho “para a superações dos recorrentes problemas da educação brasileira”.
Durante a crise causada pelo contingênciamento das verbas da educação, que levou a cortes de bolsas de pós-graduação da Capes e do CNPq, Bolsonaro citou a Mackenzie como exemplo de universidade que faz pesquisa no Brasil, em detrimento das públicas.
— Entre as 250 melhores universidades do mundo não tem nenhuma brasileira e vocês vão me falar que estamos prejudicando pesquisa? Pesquisa até temos, na Mackenzie, no IME, ITA, em algumas poucas universidades. Não temos nada no Brasil.
“Com um projeto pedagógico institucional avançado, a UPM é reconhecida pela excelência no ensino na pesquisa e na extensão universitária.” Prof. Dr. Ing. Benedito Guimarães Aguiar Neto
Graduado em Engenharia Elétrica (1977) e Mestre em Engenharia Elétrica (1982) pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Doutor em Engenharia Elétrica pela Technische Universität Berlin, Alemanha (1987) e pós-doutor pela University of Washington, EUA (2008). Em janeiro de 2013 foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pelo Gordon College, USA.
Foi Professor Titular do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande, no qual atuou como Professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, nas áreas de Telecomunicações e Processamento de Sinais.
Foi Coordenador do Curso de Engenharia Elétrica da UFPB de 1989 a 1993 e Diretor do Centro de Ciências e Tecnologia da UFPB e Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) de 1997 a 2005. Foi Editor da Revista de Ensino de Engenharia da ABENGE, de 1999 a 2004 e Presidente do Conselho Diretor da Fundação Parque Tecnológico da Paraíba, de 2003 a 2005. Foi membro do Conselho Deliberativo do Instituto Presbiteriano Mackenzie e do Conselho Universitário da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Foi Vice-Presidente do Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras, Diretor Acadêmico da Associação Brasileira de Educação em Engenharia, membro da Comissão Assessora do Enade (engenharias-grupo II) e membro da Comissão de Especialistas de Engenharia MEC/Confea. 
Em junho de 2013 foi agraciado pela UFPB com o título de Professor Emérito. Ainda em 2013 foi agraciado pela Câmara Municipal de Campina Grande, Estado da Paraíba, com o título de Cidadão Campinense. No mesmo ano recebeu o título de Cidadão Paraibano outorgado pela Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba.
É Avaliador Institucional do INEP, membro do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta desde março de 2011. Atualmente é Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB), exerce a Vice-Presidência para a Educação Superior da Associação Brasileira de Instituições Educacionais Evangélicas (ABIEE) e, a partir de 2018, assumiu a Vice-Presidência Regional do Brasil da Organização Universitária Interamericana (OUI).
Desde 2011 é Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Fonte: O Globo/Mackenzie

Japoneses podem ser classificados como grupo de povos não alcançados, dizem missionários



As Olimpíadas no Japão têm o potencial de começar a mudar essa condição, ao abrir oportunidade de evangelismo no país.

Os missionários no Japão acham que é a hora certa para Deus se mover no país. (Foto: Reprodução/IMB)

Os missionários no Japão acham que é a hora certa para Deus se mover no país. (Foto: Reprodução/IMB)
Ao compartilhar o Evangelho com uma pessoa japonesa, há 99% de chances de que essa seja a primeira vez que ela ouve a mensagem da Palavra de Deus, dizem missionário da IMB.
Segundo grupo missionário americano, com essa estatística, o povo japonês pode ser classificado como um grupo de pessoas não alcançadas.
Eles dizem que esse fato pode ser uma surpresa para os que pensam em “grupos de pessoas não alcançados” como homens e mulheres vivendo em lugares remotos, como selvas ou desertos.
Em vez disso, dizem, os japoneses não alcançados costumam ser empresários trabalhando em arranha-céus e jovens adultos com conexão digital incomparável.
Com a proximidade das Olimpíadas do Japão, que acontecem em meados de 2020, os missionários veem uma “oportunidade sem precedentes de alcançar os japoneses com o Evangelho”. Eles dizem que o evento esportivo internacional pode deixar “o povo japonês cada vez mais aberto a ouvir sobre esperança e vida eterna”.
Essa possibilidade, está entusiasmando os cristãos e missionários japoneses que podem ver a história cristã no país ser mudada. Daniel e Tara Rice, missionários do IMB em Tóquio, esperam que as porcentagens daqueles que não ouviram o evangelho diminuam.
Resistência
Por que não há mais seguidores japoneses de Jesus? E por que tem sido tão difícil alcançar o japonês com o evangelho?
Carlton Walker, que trabalha no Japão há 40 anos, diz que o Japão é um país e uma cultura de homogeneidade. O isolamento geográfico do Japão manteve muitas influências externas. Isso não quer dizer que não houve influências externas. Parte do alfabeto japonês, o Kanji, veio da China, assim como o budismo.
No entanto, o domínio imperial japonês trouxe isolamento político por mais de 200 anos. A tradição ditava que as classes sociais mais baixas, como os pescadores, eram respeitadoras das mais altas, e as classes não se misturavam. As mudanças na sociedade foram mínimas.
Os japoneses têm um ditado famoso: “A unha que sobressai é martelada”. Esse medo de ser derrotado manteve o status quo. Manter a unidade e a uniformidade da cultura tem sido mais importante para eles.
Walker diz que os japoneses ouvirão apresentações sobre o Evangelho e, como muitas pessoas em culturas de honra / vergonha, não querem envergonhar a pessoa que compartilha o Evangelho, discordando delas. Isso pode fazer parecer que a pessoa que está ouvindo o Evangelho está interessada quando o oposto pode ser verdadeiro.
Walker explica que o método evangelístico ocidental de compartilhar que pecamos e precisamos nos arrepender não é eficaz no Japão. Mais eficaz é enquadrar o Evangelho como a vergonha de um relacionamento quebrado que precisa ser restaurado.
Embora a história e a cultura tenham sido obstáculos para o avanço do Evangelho, os missionários do IMB dizem que, sob o verniz da tradição e a cultura de honra e vergonha, um zelo religioso está esperando para ser revelado.
Era de restauração
Como na maioria das sociedades, o zelo e o fervor podem ser facilmente encontrados em festivais e eventos esportivos no Japão. Os Rices e Walker dizem que a atmosfera permite liberdade de expressão. Nessas ocasiões, os missionários dizem que os japoneses têm maior probabilidade de ouvir as apresentações do Evangelho.
Os Jogos Olímpicos de 2020 em Tóquio proporcionarão que missionários, crentes japoneses e voluntários cristãos falem sobre Jesus no Japão.
Nos últimos seis meses e nos meses que antecederam os Jogos Olímpicos de Verão de 2020, as igrejas dos Rices e do Japão estão realizando festivais comunitários. Os festivais contarão com jogos para a família, atividades, comida e apresentações do Evangelho. Voluntários das igrejas batistas do sul dos EUA são os principais parceiros nos festivais.
“Os festivais são vistos como um primeiro passo no discipulado”, disse Daniel. “Eles estão sempre conectados a uma igreja local, e nós encorajamos fortemente que a igreja local tenha algo planejado a seguir”.
Durante as Olimpíadas, as equipes missionárias se concentrarão no evangelismo através de coisas como uma cafeteria pop-up e troca de pinos olímpicos. O objetivo de cada esforço será compartilhar o Evangelho com japoneses e visitantes que possam ser mais receptivos à mensagem.
Após as Olimpíadas, as igrejas japonesas acompanharão as pessoas interessadas em ouvir mais sobre o cristianismo. O envolvimento de cristãos japoneses garante que o Evangelho não saia com os voluntários de curto prazo ou com os missionários do IMB quando os termos de serviço terminarem.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DA BPNEWS

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *