segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Desperta, Levanta-te! Há libertação no Senhor


Encorajamento para tempos difíceis

Atos 12
O pastor britânico, evangelista e escritor Alan Redpath (1907-1989)) costuma dizer: “Vamos manter a cabeça erguida e os joelhos dobrados – a vitória está do nosso lado!
Meus irmãos, imagine ser acordado por um anjo e levantar-se para um milagre! Foi o que aconteceu com Pedro quando estava na prisão pela terceira vez, à espera de seu julgamento quando muito em Israel naquele tempo estavam esperando pela sua morte.
Anos depois, quando escreveu sua primeira epístola, Pedro talvez tivesse essa experiência em mente ao citar o Salmo 34:15 e 16: “Porque os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos às suas súplicas, mas o rosto do Senhor está contra aqueles que praticam males” (1 Pe 3:12). Sem dúvida, essa citação resume o que Deus fez por Pedro naquela noite quando o rei Herodes estava prestes apresenta-lo e revela três certezas maravilhosas para dar encorajamento em tempos difíceis aos servos de Deus em nossos dias.
1. DEUS VÊ NOSSAS TRIBULAÇÕES (At 12:1-4)
“Porque os olhos do Senhor repousam sobre os justos” (1 Pe 3:12).
Deus viu e atentou para o que Herodes Agripa fazia contra seu povo. Esse homem perverso era neto de Herodes, o Grande, que havia mandado matar as crianças de Belém, sobrinho de Herodes Antipas, que havia ordenado a decapitação de João Batista. Família de gente dada a intrigas e assassinatos, desprezada pelos judeus que não aceitavam a ideia de ser governados por edomitas. É evidente que Herodes sabia disso, de modo que perseguiu a igreja a fim de convencer os judeus de sua lealdade às tradições de seus antepassados. Agora que os gentios haviam sido aceitos abertamente pela igreja, o plano de Herodes parecia ainda mais apropriado para os judeus nacionalistas que não queriam coisa alguma com os “pagãos”.
Herodes ordenou a prisão de vários cristãos, dentre eles Tiago (irmão de João), o qual ordenou que fosse decapitado. Assim, Tiago tornou-se o primeiro dos apóstolos a ser martirizado.
Se os judeus haviam ficado contentes com a morte de Tiago, ficariam ainda mais satisfeitos com a execução de Pedro! Deus permitiu que Herodes prendesse Pedro e que o colocasse sob forte vigilância na prisão. Havia dezesseis soldados para guardá-lo, quatro para cada turno, mais dois soldados para guardar a porta, além de outros dois guardas a quem o apóstolo ficava acorrentado. Afinal, da última vez que fora preso, Pedro havia desaparecido misteriosamente da prisão, e Herodes não estava disposto a permitir que isso se repetisse.
Por que Deus permitiu que Tiago morresse, mas salvou Pedro? Afinal, ambos eram servos dedicados do Senhor e necessários para a Igreja. A única resposta é a vontade soberana de Deus, justamente aquilo sobre o que Pedro e a igreja haviam orado depois de sua segunda perseguição (At 4:24-30). Herodes estendera sua mão para destruir a igreja, mas Deus estenderia sua mão para realizar sinais e prodígios, a fim de glorificar seu Filho (At 4:28-30). Deus permitiu que Herodes matasse Tiago, mas o impediu de fazer mal a Pedro. O trono celeste estava no controle, não o governante aqui da Terra.
É importante observar que a igreja não escolheu um substituto para Tiago, como havia feito no caso de Judas (At 1:15-26). Enquanto o evangelho era levado “primeiro aos Judeus”, era necessário ter um grupo completo de doze apóstolos para testemunhar às doze tribos de Israel. O apedrejamento de Estêvão encerrou esse testemunho especial a Israel, de modo que o número de testemunhas oficiais não importava mais.
Meus irmãos, nada foge ao controle do nosso Deus, ele é soberano, transcendente e imanente. Ele sabe o que se passa com o seu povo. Assim podemos contemplar a Palavra de Deus nos ensinando em êxodo “Então disse o Senhor: Com efeito tenho visto a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheço os seus sofrimentos, e desci para o livrar da mão dos egípcios, e para o fazer subir daquela terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra que mana leite e mel; para o lugar do cananeu, do heteu, do amorreu, do ferizeu, do heveu e do jebuseu.  E agora, eis que o clamor dos filhos de Israel é vindo a mim; e também tenho visto a opressão com que os egípcios os oprimem. ”(Ex 3.7-9). E em Atos também nos diz: “Vi, com efeito, a aflição do meu povo no Egito, ouvi os seus gemidos, e desci para livrá-lo. Agora pois vem, e enviar-te-ei ao Egito” (At. 7.34).
Deus sabe o que você está passando, nada foge ao seu controle, Ele conhece o nosso sentar e levantar ( Sl 139.1-3).
É bom saber que, por mais difíceis que sejam as provações ou por mais decepcionantes que sejam as notícias, Deus ainda está assentado em seu trono e está no controle de todas as coisas. Talvez nem sempre compreendamos seus caminhos, mas sabemos que sua vontade soberana é o que há de melhor.
2 . DEUS OUVE NOSSAS ORAÇÕES (A t 1 2 :5 -1 7 )
 “E os seus ouvidos estão abertos às suas súplicas” (1 Pe 3:12).
As palavras “mas havia oração incessante” constituem o ponto crítico desta história. Não devemos jamais subestimar o poder de uma igreja que ora! “O anjo chamou Pedro na prisão”, disse o pregador puritano Thomas Watson, “mas foi a oração que foi buscar o anjo”. Acompanhemos as cenas do relato emocionante de Atos 12.
Pedro dorme (w. 5, 6). Será que conseguiríamos dormir a sono solto se estivéssemos acorrentados a dois soldados romanos diante da possibilidade de sermos executados no dia seguinte? Provavelmente não, mas foi o que Pedro fez. Dormia tão pesadamente que o anjo teve de tocá-lo para que despertasse!
Não foi o fato de já ter sido preso em outras ocasiões que deu tranquilidade ao coração de Pedro. Essa experiência foi diferente das outras duas. Dessa vez, estava sozinho, e o livramento não veio de imediato. Nas outras ocasiões, a prisão havia ocorrido depois de grandes vitórias, mas, dessa vez, veio depois da morte de Tiago, seu querido amigo e companheiro de ministério. Era uma situação inteiramente nova.
O que deu a Pedro tanta confiança e paz? Em primeiro lugar, havia muitos cristãos orando por ele (At 12:12) continuamente, ao longo de toda a semana, e isso ajudou a lhe dar paz (Fp 4:6, 7). A oração é capaz de nos trazer à memória as promessas da Palavra de Deus, como por exemplo: “Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro” (SI 4:8). Ou “não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Is 41:10).
Mas o principal motivo da paz que Pedro sentia era sua consciência de que Herodes não poderia matá-lo. Jesus prometera que Pedro viveria até uma idade avançada e, então, seria executado em uma cruz romana (Jo 21:18, 19). Pedro simplesmente se apropriou dessa promessa e entregou a situação toda ao Senhor, e Deus lhe deu paz e descanso. Não sabia como ou quando Deus o livraria, mas sabia que o livramento estava a caminho.
Pedro obedece (w. 7-11). Vemos aqui, mais uma vez, o ministério de anjos (At 5:19; 8:26; 10:3, 7) e somos lembrados de que eles cuidam dos filhos de Deus (SI 34:7). O anjo trouxe luz e liberdade à cela da prisão, mas os guardas nem suspeitaram do que estava acontecendo. A fim de ser libertado, Pedro precisou obedecer às ordens do anjo. É provável que tenha pensado que se tratasse de um sonho ou de uma visão, mas ainda assim se levantou e seguiu o anjo para fora da prisão e até a rua. Só então se deu conta de que havia vivenciado mais um milagre.
O anjo ordenou que Pedro prendesse as vestes no cinto e calçasse as sandálias. Sem dúvida, eram coisas bastante triviais para fazer durante um milagre! Mas Deus, muitas vezes, junta o miraculoso ao trivial para nos incentivar a manter o equilíbrio. Jesus multiplicou pães e peixes, mas, em seguida, ordenou que os discípulos recolhessem os restos. Ressuscitou a filha de Jairo e, logo depois, pediu aos pais que dessem à menina algo para comer. Até mesmo em seus milagres, Deus é sempre prático.
Somente Deus pode fazer o extraordinário, mas seu povo deve fazer coisas triviais. Jesus ressuscitou Lázaro, mas os homens tiveram de remover a pedra da entrada do túmulo. O mesmo anjo que removeu as correntes das mãos de Pedro poderia ter colocado as sandálias nos pés do apóstolo, mas pediu que Pedro o fizesse. Deus nunca desperdiça milagres.
Pedro teve de se levantar antes de caminhar. Trata-se de uma excelente lição sobre humildade e obediência. Na verdade, é possível que, daquela noite em diante, toda vez que Pedro calçava as sandálias, lembrava o milagre da prisão e era estimulado a crer no Senhor.
Seu livramento ocorreu na época da Páscoa, quando os judeus celebravam o êxodo do Egito. O verbo “livrar”, em Atos 12:11, é o mesmo termo que Estêvão usou ao falar do êxodo de Israel (At 7:34). Pedro experimentou um novo tipo de “êxodo” em resposta às orações do povo de Deus.
Pedro bate à porta (vv. 12-16). Enquanto Pedro seguia o anjo, Deus foi abrindo caminho, e, quando o apóstolo ficou livre, o anjo desapareceu. Havia terminado seu trabalho e deixado ao encargo de Pedro crer no Senhor e de usar o bom senso para dar o próximo passo. Uma vez que foram as orações do povo de Deus que ajudaram Pedro a ser liberto, o apóstolo decidiu que o lugar mais apropriado para se encaminhar seria a reunião na casa de Maria. Além disso, desejava lhes dar a boa notícia de que Deus havia respondido a suas orações. Assim, Pedro se dirigiu à casa de Maria, mãe de João Marcos.
Quando lembramos que: (a) muitas pessoas estavam orando; (b) oravam com fervor; (c) oravam dia e noite por vários dias; e (d) oravam especificamente pela libertação de Pedro, a cena descrita a seguir é quase cômica. A resposta a todas essas orações estava a sua porta, mas não tiveram fé para abri-la e deixar Pedro entrar! Deus conseguiu tirar Pedro da prisão, mas Pedro não conseguiu entrar em uma reunião de oração!
É claro que poderiam ser os soldados de Herodes batendo à porta em busca de mais cristãos para prender. Rode (“rosa”) precisou de coragem para atender à porta, mas podemos imaginar qual não foi sua surpresa quando reconheceu a voz de Pedro! Ficou tão feliz que se esqueceu de abrir a porta! O pobre apóstolo teve de continuar batendo e chamando, enquanto os “homens e mulheres de fé” na reunião de oração resolviam o que fazer! Quanto mais tempo precisava esperar à porta, mais perigo corria.
A exclamação “É o seu anjo!” (At 12:15) mostra que acreditavam em “anjos da guarda” (Mt 18:10; Hb 1:14). A pergunta lógica seria: “Por que um anjo se daria o trabalho de bater à porta?” Só precisava entrar. Infelizmente, uma teologia correta misturada com uma dose de incredulidade gera medo e confusão.
Devemos encarar o fato de que, mesmo nas reuniões de oração mais fervorosas, por vezes ainda existe certo espírito de dúvida e incredulidade. Somos como o pai que clamou a Jesus: “Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!” (Mc 9:24). Esses cristãos de Jerusalém acreditavam que Deus poderia responder a suas orações, de modo que clamaram dia e noite. Mas quando a resposta bateu à sua porta, se recusaram a crer. Em sua graça, Deus honra até a fé mais fraca, mas poderia fazer muito mais se confiássemos nele plenamente.
Convém observar que Atos 12:16 emprega o plural: “então, eles abriram, viram-no e ficaram atônitos”. Temos a impressão de que, por uma questão de segurança, decidiram abrir a porta juntos e encarar juntos o que estava do outro lado. Rode teria aberto a porta sozinha, mas estava feliz demais. É louvável que uma serva humilde tenha reconhecido a voz de Pedro e se regozijado por ele estar livre. Sem dúvida, Rode cria no Senhor Jesus Cristo e era amiga de Pedro.
Pedro faz uma declaração (v. 17). Ao que parece, todos começaram a falar ao mesmo tempo, e Pedro teve de pedir silêncio. Relatou rapidamente o milagre de seu livramento e, sem dúvida, agradeceu a todos por suas orações. Pediu que contassem o que havia acontecido a Tiago, o meio-irmão de Jesus, líder da congregação de Jerusalém (Mt 13:55; At 15:13ss; Gl 1:19) e autor da epístola homônima.
Meus irmãos, hoje também precisamos refletir sobre a melhor maneira dos cristãos orarem pelos que se encontram na prisão, pois ainda hoje há muitas gente presa por crer em Cristo. “Lembrai-vos dos encarcerados, como se presos com eles” é a instrução de Hebreus 13:3. Em outras palavras, devemos orar por eles como gostaríamos que orassem por nós se estivéssemos na mesma situação. Devemos pedir que Deus lhes dê graça para suportar o sofrimento, a fim de serem testemunhas vitoriosas para o Senhor. Devemos pedir ao Espírito que ministre a Palavra a esses prisioneiros e que os faça lembrar das Escrituras. Podemos pedir que Deus proteja os seus e que lhes dê sabedoria para lidar com o inimigo cada dia. Devemos pedir a Deus que, se for da sua vontade, sejam libertos da prisão e do sofrimento e reunidos com seus entes queridos.
Mas, não devemos orar somente orar porque aqueles que estão presos, como também pelos momentos difíceis que passamos, nossos planos e projetos, etc. Na certeza de que o Senhor ouve e responde as nossas orações.
Conta-se que “certa vez o doutor A. T. Pierson foi hóspede de Jorge Müller no seu orfanato. Uma noite, depois que todos se deitaram, Jorge Müller o chamou para orar dizendo que não havia coisa alguma em casa para comer. O doutor Pierson quis lembrar-lhe que o comércio estava fechado, mas Jorge Müller bem sabia disso. Depois da oração deita­ram-se, dormiram e, ao amanhecer, a alimentação já esta­va suprida e em abundância para 2.000 crianças. Nem o doutor Pierson, nem Jorge Müller chegaram a saber como a alimentação foi suprida. A história foi contada naquela manhã, ao senhor Simão Short, sob a promessa de guardá-la em segredo até o dia da morte do benfeitor. O Senhor despertara essa pessoa do sono, à noite, e mandara que le­vasse alimentos suficientes para suprir o orfanato durante um mês. E isso sem a pessoa saber coisa alguma da oração de Jorge Müller e do doutor Pierson!” (Extraído do Livro Heróis da Fé).
3 . DEUS LIDA COM NOSSOS INIMIGOS (A t 12:18-25)
 “Mas o rosto do Senhor está contra aqueles que praticam males” (1 Pe 3:12).
Se o relato tivesse terminado com a partida de Pedro, ficaríamos imaginando o que foi feito de Herodes e dos guardas. Não sabemos a que horas o anjo libertou Pedro,
mas quando o grupo seguinte de soldados entrou na cela, qual não foi sua consternação ao descobrir que os guardas estavam lá, mas o prisioneiro havia desaparecido! Se a guarda recém-chegada teve de despertar os soldados da guarda anterior, certamente não o fez de modo gentil. Se a guarda anterior estava acordada e alerta, não deve ter sido fácil explicar a situação aos outros soldados. Como um prisioneiro acorrentado conseguiu escapar, quando havia quatro guardas na cela e as portas estavam trancadas?
De acordo com a lei romana, se um guarda deixasse um prisioneiro escapar, deveria receber o mesmo castigo que o prisioneiro teria recebido, mesmo que fosse a pena de morte (ver At 16:27; 27:42). A lei não se aplicava com tanto rigor à jurisdição de Herodes e, portanto, não tinha a obrigação de mandar matar os guardas; mas, sendo quem ele era, mandou executá-los mesmo assim. Em vez de matar um homem para cair nas graças dos judeus, matou quatro na esperança de lhes agradar ainda mais. “O justo é libertado da angústia, e o perverso a recebe em seu lugar” (Pv 11:8). Essa verdade é ilustrada pela morte de Herodes. Apesar de Deus nem sempre fazer justiça tão rapidamente, não há dúvida de que o Juiz de toda a Terra fará o que é certo (Gn 18:25; Ap 6:9-11).
O povo de Tiro e Sidom, que dependia dos alimentos que adquiria dos judeus (ver Ed 3:7) havia, de algum modo, desagradado o rei Herodes e corria o risco de perder sua assistência. Como bons políticos, subornaram Blasto, encarregado da câmara (quarto de dormir) do rei e, portanto, um funcionário de confiança; este, por sua vez, convenceu o rei a se encontrar com a delegação estrangeira. Era uma oportunidade para o rei orgulhoso demonstrar sua autoridade e glória e para os delegados lhe agradarem com suas lisonjas.
De acordo com o historiador judeu Josefo, a cena ocorreu durante uma festa em homenagem ao imperador Cláudio e, nessa ocasião, Herodes vestia um belíssimo traje de prata. Não sabemos o que o rei disse em seu discurso, mas sabemos que seu objetivo era impressionar o povo. E conseguiu! Falaram ao ego do rei e lhe disseram que ele era um deus, deixando-o absolutamente enlevado.
No entanto, Herodes não deu glória a Deus, de modo que essa cena toda não passou de idolatria.
“Eu sou o S en h o r, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem” (Is 42:8; ver 48:11). Em vez de Pedro ser morto por Herodes, o rei é que foi morto pelo Deus de Pedro! Talvez o mesmo anjo que livrou Pedro também tenha ferido o rei. Herodes caiu enfermo, com uma doença que atacou seus intestinos e, segundo Josefo, morreu cinco dias depois, no ano de 44 d.C.
Esse acontecimento é mais do que uma página da história antiga, pois tipifica o mundo e as pessoas de hoje. Os cidadãos de Tiro e Sidom só estavam preocupados em conseguir alimento suficiente para encher o estômago. Sem dúvida, o alimento é essencial à vida, mas há algo de errado quando estamos dispostos a pagar qualquer preço por ele. A delegação sabia que conseguiria o que desejava, se lisonjeasse o rei e o chamasse de deus.
É impossível não ver no rei Herodes uma ilustração do futuro “homem da iniquidade” que, um dia, governará sobre o mundo e perseguirá o povo de Deus (2 Ts 2; Ap 13). 0 “homem da iniquidade” (ou Anticristo) afirmará ser um deus e exigirá que o mundo todo o adore. Mas Jesus Cristo voltará e julgará tanto esse homem quanto seus seguidores (Ap 19:11-21).
O mundo ainda vive em função de aplausos e prazeres. O ser humano tornou-se seu deus (Rm 1:25). O mundo continua buscando apenas o físico e ignora o espiritual (ver 1 Jo 2:1 5-1 7). Vive pela força e pela lisonja, não pela fé e pela verdade e, um dia, o mundo será julgado.
Hoje, assim como no Israel da Antiguidade, a Igreja sofre por causa de pessoas como Herodes, que usam sua autoridade para se opor à verdade. Desde o Faraó do Egito, o povo de Deus sofre sob o domínio de déspotas e de seus governos, e Deus sempre preservou seu testemunho no mundo. Nem sempre Deus julgou os governantes como fez com Herodes, mas sempre cuidou de seu povo e providenciou para que não sofressem nem morressem em vão. A liberdade de que desfrutamos hoje foi comprada pelos que abriram mão de ser livres.
A Igreja primitiva não tinha qualquer influência política nem amigos em altos escalões para “mexer os pauzinhos” por eles. Em vez disso, se dirigiam ao trono mais elevado de todos, o trono da graça. Os primeiros cristãos eram um povo de oração, pois sabiam que Deus poderia resolver seus problemas. O trono glorioso de Deus era muito maior do que o trono de Herodes, e o exército celestial de Deus poderia derrotar os frágeis soldados de Herodes a qualquer momento! Não precisavam pagar subornos para conseguir que se fizesse justiça. Simplesmente levavam seu pleito à Suprema Corte e o entregavam ao Senhor!
Qual foi o resultado de tudo isso? “A palavra do Senhor crescia e se multiplicava” (At 12:24). Trata-se de mais um dos resumos ou “relatórios de progresso” de Lucas, dos quais o primeiro se encontra em Atos 6:7 (ver 9:31; 16:5; 19:20; 28:31). Lucas está cumprindo o propósito de seu livro ao mostrar como, a partir de suas origens modestas em Jerusalém, a Igreja espalhou-se por todo o mundo romano. Que grande estímulo para nós hoje!
No início de Atos 12, Herodes parecia no controle, e tudo indicava que a Igreja perdia a batalha. Mas, no final do capítulo, Herodes está morto, enquanto a Igreja está bem viva e crescendo rapidamente!
Era uma Igreja que orava, por isso foi bem-sucedida. Quando estava em dificuldades, a missionária Isobel Kuhn orava: “Se este obstáculo vem de ti, Senhor, eu o aceito; mas, se vem de Satanás, eu o rejeito e também a todas as suas obras em nome do Calvário!” E Alan Redpath (Alan Redpath foi um evangelista, pastor e escritor britânico. (1907-1989)) costuma dizer: “Vamos manter a cabeça erguida e os joelhos dobrados – a vitória está do nosso lado!”
Pr. Eli Vieira (C. de W.W.)

Jogos de azar – Pode ou Não?



Por Augustus Nicodemus Lopes
Já me fizeram esta pergunta várias vezes. Sou contra jogos de azar, mas este é o tipo de posição que admite revisão se me aparecerem argumentos melhores e mais coerentes do que aqueles que vou colocar aqui.
Entre os jogos de azar estão aqueles jogos permitidos por lei, que são as várias modalidades de loteria, os bingos – este último, muito usado até por igrejas cristãs e instituições – e os sorteios pelo telefone valendo dinheiro, carros e outros prêmios. Quem explora este tipo de jogo tem licença de órgão público competente. Mas nem por isso quer dizer que sejam jogos que convêm ao crente.
Temos também os jogos ilícitos, cujo mais popular é o Jogo do Bicho. Os cassinos são mais uma modalidade de jogos de azar cuja legalidade e implantação oficial está sendo discutida no Brasil. Para o cristão, o que realmente importa é se estas modalidades de jogo acabam por afetar algum princípio bíblico.
A Bíblia não proíbe de forma explícita os jogos de azar. Entretanto, nossa ética é elaborada não somente com aquilo que a Bíblia ensina explicitamente como também com aquilo que pode ser legitimamente derivado e inferido das Escrituras. Existem diversos princípios bíblicos que deveriam fazer o crente hesitar antes de jogar:
1. O trabalho é o caminho normal que a Bíblia nos apresenta para ganharmos o dinheiro que precisamos, Ef 4:28; 2Ts 3:12; Pv. 31. Quando uma pessoa não pode trabalhar, por motivos diversos, desde desemprego até incapacidade, ela deve procurar outros meios  de sustento e depender de Deus pela oração (Fp 4.6, 19). A probabilidade da situação do desempregado piorar ainda mais se ele gastar seu pouco dinheiro em jogo é muito grande.
2. Tudo que ganho pertence a Deus (Sl 24.1), e como mordomo, não sou livre para usar o dinheiro do jeito que quiser, mas sim para atingir os propósitos de Deus. E quais são estes propósitos? Aqui vão alguns mencionados na Palavra: (1) Suprir as necessidades da minha família (1Tm 5.8), o que pode incluir, além de sustento e educação, lazer e outras atividades que contribuam para a vida familiar; (2) compartilhar com os irmãos que têm necessidades e sustentar a obra do Evangelho (2Co 8-9; Gl 6:6-10; 3 João; Ml 3.10).
3. Deus usa o dinheiro para realizar alguns importantes propósitos em minha vida: suprir minhas necessidades básicas (Mt 6:11; 1Tm 6:8); modelar meu caráter (Filip 4:10-13); guiar-me em determinadas decisões pela falta ou suficiência de recursos; ajudar outros por meu intermédio; mostrar seu poder provendo miraculosamente as minhas necessidades. Jogar na loteria não contribui para qualquer destes objetivos.
4. Cobiça e inveja são pecado (Ex 20:18; 1Tm 6:9; Heb 13:5), e são a motivação para os jogos de azar na grande maioria das vezes. A atração de ganhar dinheiro fácil tem fascinado a muitos evangélicos.
5. Existem várias advertências no livro de Provérbios sobre ganhar dinheiro que podem se aplicar aos jogos de azar: o desejo de enriquecer rapidamente traz castigo (Pv 28.20,22); o dinheiro que se ganha facilmente vai embora da mesma forma (Pv 13.11); e riqueza acumulada da forma errada prejudica a família (Pv 15.27).
Uma palavra aos presbiterianos do Brasil: o Catecismo Maior da Igreja Presbiteriana do Brasil enquadra os jogos de azar como quebra do oitavo mandamento, “não furtarás”. Após fazer a pergunta, “Quais são os pecados proibidos no oitavo mandamento?” (P. 142), inclui na reposta “o jogo dissipador e todos os outros modos pelos quais indevidamente prejudicamos o nosso próprio estado exterior, e o ato de defraudar a nós mesmos do devido uso e conforto da posição em que Deus nos colocou”. É claro que esta posição oficial da IPB vale para seus membros, mas não deixa de ser interessante verificar os argumentos usados e sua aplicabilidade para os cristãos em geral.
É importante lembrar, ainda, que os jogos de azar são responsáveis por muitos males sociais, emocionais e jurídicos no povo, tanto de crentes como de não crentes. Menciono alguns deles:
1. O empobrecimento. Há pessoas que são cativadas pelo vício de jogar e, diariamente estão jogando. E, como só um ou poucos ganham, há pessoas que passam a vida toda jogando sem nunca ganhar. Não poucos perderam tudo o que tinham em jogos. Muitos pais de família pobres gastam o dinheiro da feira no jogo.
2. O vício de jogar apostando dinheiro. A tentação para jogar começa desde cedo a estimular uma compulsão entre crianças e jovens que começam a adquirir o hábito de “tentar a sorte”. Há milhares de jovens que já são viciados no jogo, especialmente com a vinda da internet e a possibilidade de jogos online com apostas.
3. Arruinar vidas e carreiras. Não são poucas as histórias de pessoas que se arruinaram financeiramente jogando na bolsa de valores – conheço pelo menos uma pessoa nesta condição – ou apostando em outros tipos de jogo.
4. Jogar dinheiro fora. As chances de se ganhar na loteria são piores do que se pensa. Para efeito de comparação, a probabilidade de uma pessoa morrer em um atentado terrorista durante uma viagem ao exterior é de 1 em 650 mil e atingida por um raio é de 1 em 30 mil. Se uma pessoa compra 50 bilhetes a cada semana, ela irá ganhar o prêmio principal uma vez a cada 5 mil anos.
Outra pergunta frequente é se as igrejas deveriam receber ofertas e dízimos de dinheiro ganho em loteria. Minha tendência é dizer que não deveriam. Guardadas as devidas proporções, lembro que no Antigo Testamento o sacerdote era proibido de receber oferta de dinheiro ganho na prostituição (Dt 23:18) e que no Novo, Pedro recusou o dinheiro de Ananias e Safira (At 5) e de Simão Mago (At 8:18-20).
Alguém pode dizer que o valor gasto nas apostas em casas lotéricas é muito pequeno. Concordo. Mas é uma questão de princípio e não de quantidade. Quando o que está em jogo são princípios, um centavo vale tanto quanto um milhão.
Fonte:O Tempora! O Mores!

Não Consigo Entender Cristãos Que Se Dizem Comunistas


Por Renato Vargens


Há pouco tempo participei no Rio Grande do Sul, como preletor de um Congresso Missionário organizado pela Igreja Irmãos Menonitas. Na ocasião tive a oportunidade de conhecer e conversar com um pastor octagenário, cuja família sofreu horrores nas mãos de Stalin. De forma emocionante, meu novo amigo me contou as barbáries cometidas pelo ditador russo, bem como, a forma sangrenta com que milhares de cristãos menonitas foram mortos em nome do comunismo. 

Pois é, ao ouvir sobre os tristes relatos de irmãos em Cristo que foram assassinados por esse maldito sistema fui tomado de grande emoção. Segundo o pastor quase 100 mil menonitas foram mortos ou levados para apodrecerem nas masmorras da Sibéria.

À luz de histórias como essa, confesso que não consigo entender como é que cristãos podem se dizer comunistas. Lamentavelmente tem sido comum encontrarmos nesse brasilzão de meu Deus, uma relativa quantidade de crentes em Jesus identificados com o comunismo. Para tanto, basta andarmos pelas ruas ou visitarmos algumas reuniões evangélicas que encontraremos jovens vestidos com camisetas estampadas com as fotos de Che Guevara, Fidel Castro e outros tantos mais. Se não bastasse isso, volta e meia vejo pastores e teólogos fazendo alusões “positivas” tanto no púlpito, como nos seminários a idealistas como Karl Marx e Friedrich Engels.

Caro leitor, talvez você não saiba mas o comunismo matou mais pessoas do que o Nazismo de Hitler. De acordo com "Le livre noir du communisme" (Livro Negro do Comunismo) o comunismo produziu quase 100 milhões de vítimas, em vários continentes, raças e culturas.

Os números de mortos pelo comunismo estão assim classificados por ordem de grandeza: China (65 milhões de mortos); União Soviética (20 milhões); Coréia do Norte (2 milhões); Camboja (2 milhões); África (1,7 milhão, distribuído entre Etiópia, Angola e Moçambique); Afeganistão (1,5 milhão); Vietnã (1 milhão); Leste Europeu (1 milhão); América Latina (150 mil entre Cuba, Nicarágua e Peru); movimento comunista internacional e partidos comunistas no poder (10 mil).

O comunismo fabricou três dos maiores carniceiros da espécie humana - Lênin, Stálin e Mao Tse-tung. Lênin foi o iniciador do terror soviético. Enquanto os czares russos em quase um século (1825 a 1917) executaram 3.747 pessoas, Lênin superou esse recorde em apenas quatro meses, após a revolução de outubro de 1917.

Fidel Castro é o campeão absoluto da "exclusão social", pois 2,2 milhões de pessoas, 20% da população de Cuba, tiveram que fugir durante o regime comunista. Fidel criou uma nova espécie de refugiado, os "balseros", (fugiam de Cuba em balsas improvisadas), milhares dos quais naufragaram antes de alcançarem a liberdade.

Prezado irmão, alguém já disse que o o comunismo é uma das mais bem sucedidas armas satânicas dos últimos tempos, e que tem destruido milhões de pessoas no mundo, incutindo na mente de jovens e adultos tanto o ateísmo como o materialismo. O famoso primeiro ministro inglês Winston Churchill (1874-1965), afirmou que o socialismo é o evangelho da inveja, o credo da ignorância, e a filosofia do fracasso. Martin Luther King chegou a afirmar que o comunismo existe por que o cristianismo não está sendo suficientemente cristão.

Isto posto, a luz destas afirmações, além é claro de entender que o comunismo ASSASSINOU milhares de cristãos no século XX, sou levado a acreditar que boa parte dos evangélicos se envolveram com essa filosofia satânica e maldita por desconhecimento histórico, até porque, recuso-me a acreditar que existam pessoas regeneradas pelo Espírito de Deus que verdadeiramente acreditem neste sistema do mal.

Pense nisso!
Renato Vargens

terça-feira, 20 de agosto de 2019

DEUS PROCURA UM HOMEM


Qual é o homem que Deus procura?
Ezequiel 22:30
DWIGHT LYMAN MOODY (1837-1899) – nasceu em 5 de fevereiro de 1837, o sexto filho de nove, numa pobre família do Connecticut, EUA. Sua mãe ficou viúva com os filhos ainda pequenos, o mais velho tinha 12 anos e ela estava grávida de gêmeos quando seu marido morreu. Sua mãe foi uma crente fiel e soube instruir seus filhos no Caminho do Senhor.
Então, não muito depois de casar-se, com a idade de vinte e quatro anos, Moody deixou um bom emprego com o salário de cinco mil dólares por ano, um salário fabuloso naquele tempo, para trabalhar todos os dias no serviço de Cristo, sem ter promessa de receber um único cêntimo. De­pois de tomar essa resolução, apressou-se em ir à firma B. F. Jacobs & Cia., onde, muito comovido, anunciou: – “Já resolvi empregar todo o meu tempo no serviço de Deus!” -“Como vai manter-se?” – “Ora, Deus me suprirá de tudo, se Ele quiser que eu continue; e continuarei até ser obriga­do a desistir.”
Certa vez Moody resolveu, fazer uma visita à Inglaterra. Quando ele Chegou em Londres, antes de tudo, foi ouvir Spurgeon pregar no Metropolitan Tabernacle. Já tinha lido muito do que “o príncipe dos pregadores” escrevera, mas ali pôde verificar que a grande obra não era de Spurgeon, mas de Deus, e saiu de lá com uma outra visão.
Visitou Jorge Müller e o orfanato em Bristol. Desde aquele tempo a Autobiografia de Müller exerceu tanta influência sobre ele como já o tinha feito “O Peregrino”, de Bunyan.
Entretanto, nessa viagem, o que levou Moody a buscar definitivamente uma experiência mais profunda com Cristo, foram estas palavras proferidas por um grande ganhador de almas de Dubim, Henrique Varley“O mundo ainda não viu o que Deus fará com, para, e pelo homem inteiramente a Ele entregue.” Moody disse consigo mesmo: “E­le não disse por um grande homem, nem por um sábio, nem por um rico, nem por um eloquente, nem por um inte­ligente, mas simplesmente por um homem. Eu sou um ho­mem, e cabe ao homem mesmo resolver se deseja ou não consagrar-se assim. Estou resolvido a fazer todo o possível para ser esse homem.”(Livro Heróis da Fé)
Assim como Jeremias (1:2), Zacarias (1:1) e João Batista (Lc 1:5ss), Ezequiel (“Deus fortalece”) foi chamado por Deus do sacerdócio para servir como profeta. Como porta-voz de Deus para os exilados judeus na terra da Babilônia, ele os repreenderia por seus pecados e exporia a idolatria deles, mas também lhes revelaria a glória futura que o Senhor havia lhes preparado. Ezequiel tinha trinta anos quando foi chamado (Ez 1:1), a idade em que um sacerdote normalmente começava o ministério (Nm 4:1-3, 23).Teria sido muito mais fácil para Ezequiel ter permanecido no sacerdócio, pois os sacerdotes eram tidos em alta consideração pelos judeus, e um sacerdote podia ler a lei e aprender tudo o que precisava saber para realizar seu trabalho. Os profetas normalmente eram desprezados e perseguidos. Recebiam suas mensagens e ordens do Senhor de acordo com o que a ocasião exigia e nunca sabiam, ao certo, o que aconteceria depois. Era arriscado ser profeta(Wersbe).
Ele viveu no exílio na Babilônia, onde profetizou durante 22 anos, no século 6º antes de Cristo. Ele foi contemporâneo de Jeremias, que pregava aos que tinham ficado na Palestina. Por essa época também, Daniel começava seu ministério na corte imperial.
As mensagens dos primeiros 24 capítulos foram proferidas antes da queda de Jerusalém, como uma advertência do que poderia acontecer por causa do pecado do povo, pecado que os levara ao cativeiro.
O profeta mostra que o povo, mesmo depois de tanta experiência de pecado e sofrimento, ainda não se purificara diante de Deus (v. 24a). Por esta razão, ainda não experimentara o consolo (chuva na hora da desolação — v. 24b). Naquela época, Israel estava vivendo (governantes, sacerdotes e profetas) de conformidade com as próprias leis e não segundo as leis de Deus.
Por isto, seus profetas, em lugar de cuidar das almas, devoravam-nas (v. 25) e lhes ofereciam falsas mensagens como se fossem verdades vindas de Deus (v. 28). Seus sacerdotes, em lugar de interceder pelo povo, profanavam os santos símbolos de Deus (v. 26). Seus governantes só pensavam em ficar ricos (v. 27). O povo desobediente seguia no mesmo caminho, fazendo contra seus irmãos aquilo de que também era vítima: extorquindo, roubando e praticando toda sorte de injustiça contra os pobres (v. 29).
O desejo de Deus e do profeta Ezequiel era que o povo se arrependesse de seus pecados. Para isto, precisava de uma pessoa, apenas de uma pessoa, de uma pessoa disposta a reparar o muro arrebentado e ficar na passagem (brecha) intercedendo pelo povo. Deus não achou ninguém(v. 30), como vemos também no tempo de Isaías (Isaías 59.16). Por isto, sobreveio a desolação sobre o povo (v. 31).
Diante de um cenário tão decepcionante, marcado pela desobediência ao Senhor, Deus levantou o seu servo para transmitir a sua mensagem quer Israel ouvisse ou deixasse de ouvir, mensagem esta que continua falando ainda hoje, e nos desafiando a vivermos de forma diferente.
                Como no tempo do profeta Ezequiel, Deus ainda hoje procura homens para se colocar na brecha. Mas qual o homem que Deus procura hoje para se colocar na brecha?
1-DEUS NÃO PROCURA UM HOMEM DE GRANDE STATUS SOCIAL*
*Status social é o prestigio que um indivíduo tem na sociedade, através de sua posição social. O Status social depende de vários fatores, pode ser desde que a pessoa nasce, geralmente de famílias ricas, adquirido com o tempo, através de amigos e relacionamentos, ou através de sua capacidade financeira.
O texto em tela nos diz que Deus procurou um homem em Judá para colocar-se na brecha. Não diz que Deus procurou um homem de grande status social. Na época do AT algumas classes destacavam-se como: os sacerdotes, os reis os profetas, etc.
O profeta Ezequiel não diz que Deus procurou um homem com grande destaque social, tais como: um homem rico, um sacerdote, um príncipe ou profeta, etc, mas um homem.
Meus irmãos, o homem que Deus está procurando hoje não é: um galã de novela da globo, um milionário desde mundo materialista, um super-crente, um teólogo, um político, etc.
Deus está procurando um homem de conformidade com os seus critérios, assim como ele procurou a Davi: “Mas o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque eu o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração”(1 Samuel 16.7).
Como disse Wesbie: “O povo que se esquece de Deus torna-se, aos poucos, sua própria divindade e começa a desobedecer à Palavra de Deus”. Em Jerusalém, o profeta Jeremias estava acusando o povo desse mesmo pecado” (Jr 3:21).
Não é tão diferente em nossos dias, o homem tem desobedecido a Deus, e como consequência este está se tornando a seu próprio Deus, e assim achando que não precisa de Deus.
Portanto, como foi naquele tempo Deus procura homens e mulheres para se colocarem na brecha em favor da nossa nação, da nossa igreja, ou para ser um reparador de brechas de si mesmo, pois quantos não crentes e até mesmo crentes, estão cheios de brechas.
2- DEUS PROCURA UM HOMEM ARREPENDIDO ( Ez 18.30-32)
Naquele momento o povo de Deus, havia se deixado levar pelo pecado, os homens eram sanguinários ( Ez. 22.1-9), eram caluniadores (Ez. 22.9), corruptos( Ez. 22.10-12), os sacerdotes eram desobedientes e profanos (Ez.22.26), os príncipes eram como lobos e corruptos (Ez. 22.27), os profetas eram falsos Ez. 22.28,29.      
O povo de Israel estava rendido ao pecado, não havia um homem para se colocar na brecha. Israel se tornara presa fácil, pois havia muitas brechas naquela nação que deveria viver de forma diferente. Dos versos 26 ao 29 do capítulo 22, podemos ver uma lista das coisas erradas que os sacerdotes, os príncipes do povo e o próprio povo de Deus praticavam em total profanação e descaso de Deus e de suas leis tais como: Sacerdotes violando as leis, profanando coisas santas, não fazendo diferença entre o santo e o profano, não ensinando a discernir entre o impuro e o puro, escondendo os seus olhos dos sábados.
  • Os seus príncipes estavam no meio dela sendo como lobos que arrebatam a presa, derramando sangue e destruindo vidas, adquirindo lucro desonesto.
  • Os profetas que eram para ser a boca de Deus, estavam fazendo para eles reboco com argamassa fraca. Os profetas tendo visões falsas, adivinhando-lhes mentira, dizendo: Assim diz o Senhor Deus; sem que o Senhor tivesse falado.
  • O povo da terra usando de opressão, roubando e fazendo violência ao pobre, oprimia injustamente ao necessitado e ao estrangeiro.
“Procurei entre eles um homem que erguesse o muro e se pusesse na brecha diante de mim e em favor da terra, para que eu não a destruísse, mas não encontrei nem um só”(Ez 22.30).
Para Judá apenas poderia haver esperança através de um verdadeiro arrependimento, como nos ensina o Senhor (I Sm. 7.3,4; 2 Cr 7.13,14 e Ez. 18.1ss).
Israel precisava se arrepender dos seus pecados, como o profeta Isaías ao ter uma visão da glória de Deus, ele pediu perdão (Is 6.1ss). Como Davi ao confessar os seus pecados, ao pecar contra Bete- Seba (Sl 51). Judá precisava se arrepender e deixar suas abominações Ez 20.1ss, mas não deram ouvidos a voz do Senhor.
João Batista pregou o arrependimento no seu tempo aos filhos de Israel, dizendo: “ARREPENDEI-VOS… (Mt 3.2 ), Jesus pregou o arrependimento, dizendo: “ARREPENDEI-VOS” (Mt. 4.17, Mc 1.15). Pedro pregou o arrependimento (At.2.38).
Os reformadores pregaram o arrependimento, conforme podemos ver nas teses de Lutero: 1ª Tese – Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: Arrependei-vos…. [Mt 4.17], certamente quer que toda a vida dos seus crentes na terra seja contínuo arrependimento.O arrependimento deve ser uma constante, na vida do homem, pois este é pecador.
Só o homem que reconhece os seus pecados e se arrepende, e pede perdão, pode se colocar na brecha, e servir verdadeiramente a Deus, pois todos são pecadores e necessitam da graça de Deus e da misericórdia. Sem uma genuína conversão o homem não pode se colocar na brecha em favor deste povo.
3- DEUS PROCURA UM HOMEM OBEDIENTE ( Ez 2.1-7; 5.5-7)
     O terceiro elemento é obedecer: (Ez 3:19). Deus não enviara o profeta (mensageiros) para seu povo a fim de entretê-los ou de dar-lhes bons conselhos. Ele espera que obedeçamos àquilo que ordena. Infelizmente, os judeus tinham um histórico triste de desobediência à lei do Senhor e de rebelião contra a vontade de Deus. Foi o que fizeram durante quarenta anos no deserto (Dt 9:7) bem como ao longo de mais de oitocentos anos em sua própria terra (2 Cr 36:11-21). Nenhuma outra nação foi abençoada por Deus como Israel, pois os israelitas possuíam a santa lei do Senhor, as alianças, uma terra rica, o templo e os profetas para lhes dar advertências e promessas sempre que precisavam delas (Rm 9:1-5).
Deus garantiu a seu profeta que ele lhe daria tudo o que fosse necessário para resistir à oposição e desobediência do povo. Em Ezequiel 3:8, encontramos um jogo de palavras que significa “Deus é forte” ou “Deus fortalece”. Também significa “Deus endurece”. Se o povo endurecesse o coração e a fronte, Deus endureceria seu servo e o manteria fiel a sua missão. Ele fez uma promessa semelhante a Jeremias (Jr 1:1 7).
Quando Deus restaurou Israel da mão dos Egípcios “Então lhes disse: cada um lance de si as abominações de que se agradam os seus olhos, e não vos contamineis com os ídolos do Egito; eu sou o Senhor vosso Deus(Ez. 20.7). Deus chamou Israel para ser um povo obediente Deut. 6.1-25; 10.12-11.1-32. O segredo da existência de Israel estava em sua obediência a Deus Deut. 28.1-68; 30.15-20. Mas os filhos de Israel rebelaram-se contra o Senhor e não obedeceram aos seus mandamentos (Ez.20.7-8).
Israel precisava olhar para o exemplo do patriarca Abraão, que ao ouvir o chamado divino não duvidou, mas se dispôs a obedecer (Gn.12.1-4), e saiu de sua terra do meio da sua parentela. Quando Deus o pôs a prova Abraão obedeceu Gn 22.1-22 porque estava pronto para oferecer o filho em Sacrifício Pela fé Abraão, quando Deus o pôs à prova, ofereceu Isaque como sacrifício. “Aquele que havia recebido as promessas estava a ponto de sacrificar o seu único filho, embora Deus lhe tivesse dito: “Por meio de Isaque a sua descendência será considerada”. Abraão levou em conta que Deus pode ressuscitar os mortos; e, figuradamente, recebeu Isaque de volta dentre os mortos Hb. 11.17-19.
Samuel nos ensina que o obedecer é melhor do que sacrificar Porém Samuel disse: Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” (1 Sm 15.22).
Como o povo de Israel, muitas pessoas hoje ouvem a Palavra, mas não procuram entendê-la ou, se entendem, recusam-se a lhe obedecer.
Meus irmãos, Deus está procurando homens que estejam dispostos a obedecer a sua Palavra, como Daniel que decidiu não se contaminar com as iguarias de Nabucodonosor:  “Daniel, contudo, decidiu não se tornar impuro com a comida e com o vinho do rei, e pediu ao chefe dos oficiais permissão para se abster deles”(Dn 1.8) e a ser jogado na cova dos leões(Dn 6.1-28), isto é, estava pronto a morrer não a pecar, assim como também os seus amigos que estavam prontos a morrer não a pecar: “Sadraque, Mesaque e Abede-Nego responderam ao rei: “Ó Nabucodonosor, não precisamos defender-nos diante de ti. Se formos atirados na fornalha em chamas, o Deus a quem prestamos culto pode livrar-nos, e ele nos livrará das suas mãos, ó rei. Mas, se ele não nos livrar, saiba, ó rei, que não prestaremos culto aos seus deuses nem adoraremos a imagem de ouro que mandaste erguer”(Dn 3.16-18).
Não basta ter boa intenção, é preciso ser obediente, assim como os discípulos de Jesus foram homens obedientes, depois que receberam o Espírito Santo, diante dos desafios, das lutas que enfrentaram, falaram …ANTES, IMPORTA OBEDECER A DEUS DO QUE AOS HOMENS (At. 5.29).
Meus irmãos, obediência é o que Deus quer dos seus filhos que foram chamados, justificados, adotados e santificados por Cristo que morreu para nos redimir na cruz do calvário.
Esse é o nosso desafio como igreja do Senhor hoje, assim como fora o desafio dos nossos irmãos no passado. Pois, vivemos em um mundo depravado, onde somos tentados a desobedecermos, mas nós precisamos seguir o exemplo de Noé, que não se conformou com a sua geração, mas andou com Deus (Gn 6.1-9).
Nesse mundo onde muitos vivem a procura de reconhecimento dos homens, nós precisamos responder como os discípulos de Jesus, mas antes importa obedecer a Deus e não aos homens.
Portanto, se queremos ser verdadeiros homens de Deus hoje, precisamos ser obedientes a Ele, não podemos nos conformar com o mundo, como nos ensina o apóstolo Paulo: “Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.1,2).
O que o povo realmente precisava era uma reconstrução espiritual total! Não utilize a religião como a cal, arrume sua vida ao viver os princípios da Palavra de Deus. Logo poderá unir-se a outros que estão na “brecha” e fará para Deus uma diferença no mundo
3- DEUS PROCURA UM HOMEM DE ORAÇÃO (INTECESSOR) (Ez 22.30; Dn 6.10 At 2.42)
Ao olharmos para aquele povo, podemos ver que era um povo decepcionante (vv. 30, 31). Deus procurou no meio de seu povo uma pessoa em que se colocasse na brecha e que não permitisse que o inimigo penetrasse os muros e invadisse a cidade, mas não encontrou ninguém. É claro que o profeta Jeremias estava em Jerusalém, mas era um homem sem qualquer autoridade, que havia sido rejeitado pelos políticos, sacerdotes e falsos profetas e pelo povo. O próprio Jeremias percorrera a cidade à procura de um homem piedoso: Dai voltas às ruas de Jerusalém; vede agora, procurai saber, buscai pelas suas praças a ver se achais alguém, se há um homem que pratique a justiça ou busque a verdade; e eu lhe perdoarei a ela... (Jr 5:1-6), mas sua busca havia sido em vão.
O profeta Isaías também não teve sucesso nessa empreitada: “Viu que não havia ajudador algum e maravilhou-se de que não houvesse um intercessor; pelo que o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua própria justiça o susteve” (ls 59:16). O Senhor prometeu poupar Sodoma e Gomorra se encontrasse dez homens justos na cidade (Gn 18:23- 33), e teria poupado Jerusalém por um único justo. O Senhor continua procurando homens e mulheres que defendam a lei moral de Deus, que se coloquem na brecha do muro e confrontem o inimigo com a ajuda de Deus.
Ao ler sobre a história, encontramos homens e mulheres justos que tiveram a coragem de resistir aos males comuns de sua época e ousaram mostrar as rachaduras nos muros e consertá-las. O Senhor está buscando intercessores (Is 59:1-4, 16) que clamem a ele por misericórdia e pela volta da santidade. Sem dúvida, o Senhor deve sentir-se decepcionado por seu povo ter tempo para tudo, menos para a oração intercessora.
                Quando Israel estava caminhando para a terra prometida e desobedecera ao Senhor, Moisés se colocou na brecha em favor de Israel como nos ensina o salmista “Por isso, ele ameaçou destruí-los; mas Moisés, seu escolhido, intercedeu diante dele, para evitar que a sua ira os destruísse”(Salmo 106.23).
A mensagem de Ezequiel foi para os líderes e para o povo em geral. Ele buscava uma pessoa entre os líderes e entre o povo. Deus está chamando servos interessados em consertar os muros derrubados da igreja e em se colocar na brecha. Estar na brecha é procurar a orientação de Deus, a favor do povo e contra o inimigo que está entre nós. Deus não tolera o pecado e iniquidade entre nós. Por isto, exige arrependimento e purificação. Deus nos quer na brecha do muro para interceder pelo povo, como na belíssima experiência de Neemias: “Porém nós oramos ao nosso Deus e, como proteção, pusemos guarda contra eles, de dia e de noite” (Neemias 4.9).
Meus irmãos, nosso empenho deve ser feito com oração. O conserto dos muros é uma obra de nossas mãos e uma obra das mãos de Deus. Ação e oração são faces de um mesmo relacionamento. Oração sem ação é preguiça; ação sem oração é pretensão.
O profeta diz que Deus procura pessoas que estejam em pé para interceder pelo povo. Estar em pé sugere o oposto de descanso. Há muita gente que quer ficar sentada diante de Deus. Ele quer pessoas que se disponham a ficar em pé. Nada, portanto, de descanso (Is 62.6-7). Estar em pé sugere também persistência. Não há outro modo de se fazer a obra de Deus.
Portanto, pare e pense! Estar na brecha é estar diante de Deus.
A vida cristã é uma jornada que se faz com os olhos fitos em Deus. Neste sentido, não tem a ver com religião institucional. É algo interior. É uma disposição de vida. Deus não é apenas o futuro para onde se caminha. É o presente que nos leva para o futuro.
Estar na brecha é estar na companhia de Deus; anelar por ela; ter prazer nela. Quem ora tem comunhão Deus, tem prazer em está em sua presença. Como alguém disse: “Orar é ter prazer em Deus. Quem não ora, tem prazer em outras coisas”.
Oh irmãos!Se, é verdade que “o pecado nos leva para longe da oração, também é verdade que a oração nos mantém longe do pecado”. Temos pensado muito em oração, isto é, como palavras, e pouco em oração como convívio com Deus, como comunhão com Deus. Quando Paulo nos pede para orar sem cessar (1Tesalonicenses 5.17), não pode estar pedindo oração-palavra, mas oração-vida. Quando vivemos na presença de Deus, buscamos depender dele (que não é fácil, embora o seja no discurso).
Às vezes temos dificuldade em obter a bênção de Deus, não porque Deus queira reter sua bênção, mas porque não estamos preparados para recebê-la. Nosso preparo não é técnico (porque a técnica tem a ver com palavras e um, certo tipo de magia), mas espiritual. Nosso preparo é tão somente confessar os nossos pecados, humilharmo-nos perante ele, arrependermo-nos obedecermos e orar. São estas as únicas condições que Deus nos impõe (2 Cr 7.14).
Ilustração:
Conta-se que uma mulher procurou um pastor e falou de sua preocupação porque seu marido não era crente.
A mulher pediu então que o pastor orasse por seu marido. Ao que o líder respondeu: —  Eu me comprometo a orar uma hora por dia por seu marido, se a senhora também se dispuser a orar  uma hora por dia por ele.
A mulher respondeu que isto não era possível e saiu do gabinete do pastor, para nunca mais voltar.
A intercessão tem um preço. O caminho da cruz tem três estágios: salvação, santificação e intercessão. Através da intercessão nos movemos em direção aos outros. Por ela nos tornamos canais pelos quais Deus abençoa o mundo.
A necessidade de um intercessor, hoje assim como nos ensina as escrituras:
“Sobre os teus muros, ó Jerusalém, pus guardas, que todo o dia e toda a noite jamais se calarão; vós os que fareis lembrado o Senhor, não descanseis, nem deis a Ele descanso até que restabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na terra.” (Isaías 62:6)
“Viu que não havia ajudador algum, e maravilhou-se de que não houvesse intercessor; pelo que o seu próprio braço lhe trouxe a Salvação, e a sua própria justiça o susteve.” (Isaías 59:16)
“Olhei, e não havia quem me ajudasse, e admirei-me de não haver quem me sustivesse; pelo que meu próprio braço me trouxe a salvação…” (Isaías 63:5).
“Já não há ninguém que invoque o teu nome, que se desperte, e te detenha…” (Isaías 64:7).
A intercessão de um homem só, pode afetar uma nação! Olhe para o exemplo do pai do presbiterianismo John Knox que orava clamando “Oh Deus dá-me a Escócia, se não, eu morro”, e Deus ouviu as suas orações.
“E busquei dentre eles um homem que levantasse o muro, e se pusesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém a ninguém achei. Por isso eu derramei sobre eles a minha indignação; com o fogo do meu furor os consumi; fiz que o seu caminho lhes recaísse sobre a cabeça, diz o Senhor Deus.” (Ezequiel 22:30-31)
“No princípio de tuas súplicas, a resposta foi dada, e eu vim para declará-la para ti; porque es muito estimado…” (Daniel 9:23)
“… Porque, desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e, por causa das tuas palavras, é que eu vim.” (Daniel 10:12).
             Portanto, está na brecha, não significa só olhar para o povo de Israel no passado e julgá-los, pois, como é fácil para nós hoje em dia julgar o povo de Deus da antiguidade, mas e quanto ao povo de Deus da atualidade?
Os pecados sexuais nas igrejas e nos lares que se dizem cristãos destruíram igrejas e famílias e, em nossos dias, muitas igrejas fazem vista grossa a essas transgressões.
A pornografia – impressa, em vídeo ou na Internet – é comum hoje em dia e está se tornando cada vez mais ousada na televisão. Casos de pessoas solteiras morando juntas, num “período de experiência” antes de casar; “casamentos gays” e até “troca de parceiros” têm aparecido nas igrejas, e quando pastores fiéis tentam tratar desses pecados, acabam ouvindo que não devem se intrometer nos assuntos particulares delas. E logo, os transgressores simplesmente saem de uma igreja e começam a frequentar outra, onde podem viver como bem entendem.
Não só são estes pecados, mas há corrupção, culto a personalidade, falsos profetas, falsos crentes, pastores profanando a obra do Senhor, etc. Meus queridos como disse Ruth Bell Graham: “Se Deus não julgar a América, terá de pedir perdão a Sodoma e Gomorra”.
“Nosso mundo de hoje vive perdido em ilusões e mitos, pois, como os judeus do tempo de Ezequiel, não aceita a autoridade da Palavra de Deus. As pessoas ainda acreditam que as coisas podem ser resolvidas pela força, que o dinheiro é a medida e o valor do sucesso e que o objetivo da vida é se divertir e fazer o que bem desejarmos. Acham que é possível acreditar no que quiserem a respeito de Deus, de si mesmos e dos outros e que tudo acabará bem, pois nada acontecerá. Um dia, porém, Deus mostrará a estupidez dessas ilusões, e nosso mundo descobrirá, tarde demais, que aquilo em que cremos e a maneira como nos comportamos têm consequências” (Comentário de Wersbe).
Estar na brecha é ser um guarda dos muros, dos próprios muros e dos muros da igreja. No Antigo Testamento, as cidades eram cercadas por muros. Sobre eles, nas esquinas e pontos estratégicos de visão, ficavam os guardas, os primeiros encarregados da sua proteção. Eles ficavam de prontidão durante três horas. Depois, descansavam durante três horas e voltavam ao trabalho, num revezamento que durava o dia inteiro. Era um trabalho necessário, mas duro. Exige disciplina e treinamento, vigilância e paciência. A igreja precisa de pessoas com esta disposição.
Estar na brecha é viver com Deus, como Enoque. Não se trata de algum tipo de misticismo vago, de uma espécie de união entre nosso espírito e o de Deus. Trata-se, antes, de nos deixarmos orientar por ele na vida toda, e não apenas naquelas coisas que a gente imagina que Deus esteja interessado.
Meu querido irmão, não fale eu sou tão pequeno para me colocar na brecha, se você já confessou e se arrependeu dos seus pecados, Deus te chama para viver uma nova vida. Uma vida de obediência e intercessão para honra e glória dele.
Autor: Eli Vieira

REV. MARTINHO DE OLIVEIRA – Fundador do Seminário Presbiteriano do Norte






Martinho de Oliveira nasceu em Recife no dia 15 de janeiro de 1870. Seus pais, Teodoro Cavalcanti de Oliveira e Maria Hermina Albuquerque de Oliveira, trabalhavam como vendedores ambulantes e tinham outro filho, Teodoro, dois anos mais velho que Martinho. Devido aos limitados recursos da família, os meninos foram alfabetizados em casa. Aos 18 anos, Martinho foi convidado por um amigo a visitar a Igreja Presbiteriana de Recife. Seu pai já havia falecido e o irmão seguira para o Rio de Janeiro à procura de emprego. O jovem eventualmente foi recebido por profissão de fé e batismo pelo Rev. Juventino Marinho.

Após a morte da mãe, no final de 1889, Martinho tornou-se guarda-livros de uma loja de tecidos, resolveu estudar por conta própria e propôs casamento à jovem Maria, residente no bairro de Areias, que após três meses de namoro também havia resolvido se batizar. O casamento ocorreu em junho de 1891, na residência dos pais da noiva. Em setembro de 1892 nasceu a primogênita, Hermina. Autodidata, Martinho estudava com afinco, sendo incentivado pelo seu pastor. Seu currículo era composto de inglês, francês, história, geografia e doutrinas básicas da fé cristã, entre outras matérias. Os livros eram emprestados por amigos. Começou a colaborar com o trabalho evangelístico da igreja, revelando interesse pela carreira ministerial.

Martinho foi recebido como candidato ao ministério pelo Presbitério de Pernambuco em outubro de 1892, numa reunião realizada em Fortaleza. Em novembro de 1894 mudou-se para João Pessoa a fim de estudar teologia com o pastor local, Rev. George E. Henderlite. A Igreja de Fortaleza necessitou de mais um obreiro e o jovem estudante foi enviado para lá, onde nasceu o segundo filho, Alfeu, em 12 de novembro de 1895. Após ter prestado os devidos exames diante do Presbitério de Pernambuco, foi ordenado no dia 21 de julho de 1896, em João Pessoa, na mesma ocasião em que o colega Manoel Alfredo Guimarães. O novo ministro pastoreou inicialmente a Igreja de Pão de Açúcar, no Estado de Alagoas.

Na época, trabalhava em Garanhuns o médico e missionário Rev. George William Butler, que fundara a igreja local em 1895 (a igreja seria formalmente organizada em 22 de janeiro de 1900). Butler idealizou um colégio para a formação de obreiros para o Nordeste. Em 1899, ao transferir-se para Canhotinho, convidou Martinho para substituí-lo na Igreja de Garanhuns e fundar a escola, o que ocorreu no mesmo ano. Seu primeiro aluno foi Jerônimo Gueiros (1880-1953), membro de uma família que daria grandes contribuições à igreja e à sociedade no Nordeste brasileiro. Essa escola foi o embrião do futuro Seminário Presbiteriano do Norte, posteriormente transferido para Recife, que comemorou o seu centenário em 1999. Na noite de 17 de junho de 1900, reunido o Presbitério de Pernambuco, Martinho pregou no culto de inauguração do templo da Igreja de João Pessoa. No ano seguinte, foi eleito presidente do presbitério.

Além da assistência ao seu vasto campo pastoral, composto de muitas congregações e pontos de pregação, Martinho dedicou-se ao preparo dos estudantes para o ministério. Em seu “colégio”, ele lecionava inglês, francês, latim, geologia, trigonometria e música. Depois, ensinava português, aritmética e geografia a dois estudantes que iriam retransmitir essas matérias a outros. Também dava aulas à sua esposa, Maria Barra de Oliveira, e a outra professora, que dirigiam uma escola primária. À noite ensinava alguns rapazes que trabalhavam de dia e a outro grupo ministrava aulas utilizando a Teologia Sistemática de Charles Hodge. Seu objetivo era preparar líderes nativos para as igrejas do Nordeste, levando em conta as peculiaridades culturais da região, o que fez de modo abnegado e incansável em meio a muitas dificuldades. Seu trabalho foi continuado pelo Rev. George Henderlite, que havia se transferido para Garanhuns em 1901.

No final da sua carreira, Martinho tinha sete estudantes, três dos quais casados e com filhos. Henderlite contou em 1903 como esse obreiro, sem um vintém e sem a menor evidência de apreensão, enfrentou dias aflitivos através da oração, recebendo às vezes recursos de modo providencial, enquanto cuidava de estabelecer para o ano seguinte, no seu presbitério, uma rede de manutenção do seminário. Martinho deu ao educandário incipiente o nome de Escola Paroquial Evangélica de Garanhuns. Essa modesta instituição foi precursora não só do Seminário do Norte, mas do Colégio Evangélico Quinze de Novembro.

O Rev. Martinho teve um ministério curto e brilhante. Forte e vigoroso, assistiu à reunião do seu presbitério nos dias 2 a 9 de julho de 1903, em Recife. Naquela ocasião, viu concretizada a primeira parte do seu sonho, visto que o presbitério adotou a sua escola teológica, reconhecendo-a como um seminário, sendo ele eleito diretor e professor. Antes de terminar a reunião do presbitério, começou a sentir-se mal, com séria indisposição estomacal. De regresso a Garanhuns, deteve-se em Palmares para organizar a igreja, em 12 de julho, na companhia do Rev. Henderlite e do presbítero e futuro pastor Benjamim Marinho. No dia 20 de julho, agravando-se o seu estado, falou à esposa e aos colegas de modo sereno, afirmando que o Senhor o chamava. A Henderlite, especialmente, pediu: “Não abandone a educação dos nossos moços”. Mandou lembranças a vários colegas, citando pelo nome Juventino Marinho, Woodward Finley, Cassius Bixler, Jerônimo Gueiros (“meu filho no ministério”), Manuel Francisco N. Machado e Belmiro de Araújo César. Ao filhinho Alfeu, deixou um recado recomendando que fosse um homem honrado como o pai.

A despeito dos cuidados médicos e de uma comovida oração do Dr. George Butler, o Rev. Martinho de Oliveira faleceu em Garanhuns no dia 28 de julho de 1903, na véspera da cisão presbiteriana. No seu sepultamento, o Rev. Henderlite proferiu as palavras que se tornaram célebres: “Morreu Martinho, mas não morreu o Seminário”. Em setembro de 1941, os ossos de Martinho seriam trasladados para a base do púlpito do novo templo da Igreja de Garanhuns. Dona Maria veio a casar-se com um aluno do esposo, o Rev. Antônio Almeida, que mais tarde estudou no Seminário Teológico Union, na Virgínia, e foi professor no Seminário do Norte. O Rev. Antônio foi um verdadeiro pai para os filhos do falecido e teve duas filhas com Maria: Ila e Jair.

O Rev. Martinho deixou quatro filhos: Hermina, Alfeu, Séfora e Débora. Séfora foi casada com o Rev. Aureliano Gonçalves Guerra. Alfeu Barra de Oliveira foi sucessor do pai no ministério. Professou a fé em 1907, na Igreja de Garanhuns, com o Rev. Antônio Almeida. Cursou o Seminário do Norte e foi ordenado pelo Presbitério Bahia-Sergipe em 15 de janeiro de 1926. Pastoreou inicialmente várias igrejas do sul de Sergipe (Anápolis, Urubutinga, Riachão e Estância) e mais tarde a Igreja de Caruaru, em Pernambuco. Também pastoreou interinamente por duas vezes a Igreja de Aracaju. O Rev. Hilton Figueiredo de Oliveira, um neto de Alfeu, reside em Campinas, onde coopera com uma nova igreja na Chácara Primavera. No dia 24 de setembro de 1966, o então seminarista Enos Moura criou o Instituto de Pesquisa Martinho de Oliveira, no Seminário Presbiteriano do Norte, para preservar a memória do presbiterianismo no Norte e no Nordeste do Brasil.

Alderi Souza de Matos

sábado, 8 de junho de 2019

Um Tributo ao Médico Amado: Centenário da Morte do Missionário Dr. George William Butler


George W. Butler nasceu em Roswell, na Geórgia, em 12 de julho de 1854. Filho de família
pobre, estudou as primeiras letras com a esposa do pastor presbiteriano de sua comunidade. Bacharelou-se no Davidson College, na Carolina do Norte, e depois se mudou para Nova York, onde começou a dedicar-se ao estudo da medicina. Dadas as dificuldades, transferiuse para Baltimore, onde, em 1880, graduou-se pela Escola de Medicina Johns Hopkins, da Universidade de Maryland. Clinicou em Roanoke, Virgínia, de 1880 a 1882. Sentindo a vocação para a obra missionária, apresentou-se como candidato em 15 de agosto de 1882.
  • A imagem pode conter: 1 pessoa, no palco, em pé e área interna
  • No dia 25 de maio de 2019 ás 19:00h aconteceu na Igreja Presbiteriana de Canhotinho-PE o culto em Ações de Graças pelos – “100 ANOS DA MORTE DE GEORGE BUTLER” O MÉDICO AMADO. Na oportunidade o pregador foi o historiador da IPB O REV. ALDERI SOUZA MATOS. O propósito do culto foi agradecer a Deus pela PELA VIDA E OBRA DESSE HOMEM DE DEUS!!!
  • E no dia 26 de maio de 2019 o Rev. Alderi esteve pregando na Igreja Presbiteriana de Lajedo-PE, falando sobre a vida e marte do médico amado o missionário Dr. George Butler: “100 ANOS DA MORTE DE GEORGE BUTLER” O MÉDICO AMADO. Na oportunidade o pregador foi o historiador da IPB O REV. ALDERI SOUZA MATOS. O propósito do culto foi agradecer a Deus pela PELA VIDA E OBRA DESSE HOMEM DE DEUS!!!
  • E NESTA TERÇA-FEIRA dia 28/05/2019, ÀS 17H30, A CÂMARA MUNICIPAL DA CIDADE DE CANHOTINHO ESTARÁ REALIZANDO UMA SESSÃO SOLENE EM TRIBUTO AO REV. BUTLER. AGRADECEMOS DESDE JÁ A INICIATIVA DA CÂMARA NA PESSOA DE SUA PRESIDENTE: VEREADORA SARAH LEANDRO.*
  • *Informações do pastor Emanuel Clementin

A Vida do Rev. Dr. George William Butler
O “médico amado” de Pernambuco
Embarcou para o Brasil em 31 de janeiro de 1883, chegando a Recife no dia 22 de fevereiro na dupla capacidade de professor e médico. Ajudado pelo Rev. John Rockwell Smith, logo aprendeu a língua e a maneira de viver do povo. No ano seguinte, teve de fazer uma viagem aos Estados Unidos devido a um problema nos olhos. Nessa ocasião, foi ordenado pelo Presbitério de Maryland. Era uma exceção, visto que não tinha curso de seminário nem passara pelo período regular de licenciatura. No dia 27 de abril de 1884, casou-se com Mary Rena Humphrey, retornando ao Brasil apenas dois dias após o enlace matrimonial.
Após um estágio em Recife e o nascimento do primeiro filho, transferiram-se em 1885 para São Luís do Maranhão, onde chegaram no dia 15 de maio. Nessa cidade, a primeira pessoa convertida e batizada pelo Dr. Butler foi uma senhora da alta sociedade local, D. Maria Bárbara Belfort Duarte, esposa de um parlamentar e tribuno do império. O segundo grupo, composto de seis pessoas, foi batizado pelo missionário no dia 6 de junho de 1886, data a que se atribui a organização inicial da Igreja de São Luís, cujo templo foi inaugurado em 26 de julho do ano seguinte. Butler teve bons cooperadores em São Luís, entre os quais os cônsules da Inglaterra e de Portugal; também cercou-se de bons colportores e pregadores leigos. Obreiro consagrado e grande evangelista, o trabalho do Rev. Butler estendeu-se pelo interior do Maranhão, principalmente à cidade de Caxias, que visitou pela primeira vez em maio de 1886, e a Teresina, capital do estado vizinho do Piauí, onde fez conferências na mesma ocasião. Fez viagens missionárias pelos rios Itapicuru e Mearim e praticou a medicina entre a população carente. A organização definitiva da Igreja de São Luís ocorreu no dia 5 de abril de 1892, quando Butler encerrou o seu pastorado pioneiro naquela igreja.
Por conta de suas primeiras férias, foi aos Estados Unidos e ao regressar, em 29 de abril de 1893, fixou residência em Recife, substituindo-o em São Luís o Rev. Belmiro de Araújo César. Butler assumiu o pastorado em lugar do Rev. John Rockwell Smith, que havia seguido para Nova Friburgo a fim de lecionar no Seminário Presbiteriano. Em Recife, Butler iniciou a construção do novo templo, cujas obras prosseguiriam no pastorado do seu sucessor, Rev. Juventino Marinho. No ano seguinte, atendendo a apelos do Rev. Henry J. McCall, o casal Butler foi residir em Garanhuns, onde a obra evangélica fora iniciada recentemente, debaixo de violenta perseguição. No dia 6 de janeiro de 1895, o missionário batizou os primeiros conversos (quinze pessoas), entre os quais o futuro pastor Jerônimo Gueiros (1880-1953). Eventualmente, muitos membros dessa importante família iriam filiar-se à igreja presbiteriana. As perseguições continuavam: a casa do Dr. Butler, onde se realizavam os cultos, era constantemente apedrejada. Sua esposa tinha de colocar os filhos debaixo de uma mesa para protegê-los das pedras arremessadas no telhado. O grande
adversário dos evangélicos foi um frade salesiano, frei Celestino de Pedávoli, cujo
secretário, Constâncio Omero Omegna (1877-1927), converteu-se e veio a ser grande pastor, educador e musicista na Igreja Presbiteriana do Brasil.
Naquela época, houve uma epidemia de febre amarela em Garanhuns que ceifou a vida de mais de 800 pessoas. Butler desdobrou-se no atendimento aos enfermos. Quando cessou a epidemia, o missionário havia granjeado a estima e o respeito de todo o povo. Seu trabalho evangelístico produziu muitos frutos em toda a região e Garanhuns tornou-se um centro irradiador da fé evangélica. Butler construiu o templo local, fundou uma escola paroquial (origem do Colégio 15 de Novembro) e contribuiu para a criação de um curso teológico que mais tarde viria a ser o Seminário Presbiteriano do Norte. Nesse projeto, contou com a colaboração de dois valorosos obreiros, os Revs. George E. Henderlite e Martinho de Oliveira. Em Garanhuns, Butler exerceu a medicina, mas, para não ser acusado de charlatanismo, levando a família, passou o ano de 1896 em Salvador. Após um período de estudos, no dia 17 dezembro de 1896 defendeu tese na Faculdade de Medicina e Farmácia da Bahia para poder clinicar no Brasil. A tese versou sobre o emprego do clorofórmio na medicina. Um relatório de 1896 diz que no último ano o missionário fizera, em viagens
evangelísticas, quase 7000 km de trem, 500 km a cavalo, e prestara assistência médica a 1500 pessoas.
Após a sua volta da Bahia, Butler passou ainda um ano em Garanhuns e então se mudou para Canhotinho, distante cerca de 25 km dali, onde passou o restante da sua vida. Em fevereiro de 1898, ao visitar a cidade de São Bento do Una, encontrou forte oposição clerical. No dia 7, quando ele e seus companheiros saíam da cidade, um carteiro tentou matá-lo, mas o punhal atingiu o Sr. Manoel Correia Vilela (conhecido como Né Vilela), que morreu imediatamente. Anos mais tarde, o Dr. Butler transferiu para o novo templo de Canhotinho os restos mortais daquele amigo que morrera para salvá-lo. Até hoje as igrejas do Nordeste contam com membros dessa família, como é o caso do Rev. Maely Ferreira Vilela, professor no Seminário de Recife. Na localidade de Glicério (atual Paquevira) converteram-se as famílias dos Srs. Lourenço Alves de Barros, Eusébio Leitão e Antônio da Silva Romeu, das quais procederam muitos pastores.
Lourenço de Barros (1859-1905) foi ordenado ao ministério em 1901 e pastoreou a Igreja de Pão de Açúcar (Alagoas) e a de Manaus, por ele organizada em 18 de novembro de 1904, na companhia do Rev. William M. Thompson. Faleceu em 26 de abril do ano seguinte, vitimado pelo beribéri. Foi pai do Rev. João Alves de Barros (1887-1976), nascido em Rio Formoso (PE), que por sua vez foi progenitor do Rev. Dante Sarmento de Barros. Da família Leitão, chegaram ao ministério os irmãos José Martins de Almeida Leitão e Davi de Almeida Leitão, seus sobrinhos Boanerges, Natanael e Uriel de Almeida Leitão, e o primo destes Milton de Almeida Leitão, que foram pastores no leste de Minas e no interior de São Paulo. Todos eles estudaram no Colégio 15 de Novembro, na época do Rev. Thompson. O único sobrevivente do grupo é o Rev. Natanael de Almeida Leitão, nascido em 1º de dezembro de 1922 e residente em Americana. O Rev. Uriel é o pai da conhecida jornalista Miriam Leitão, da Rede Globo de Televisão. Antônio da Silva Romeu foi o progenitor do Rev. Cícero Siqueira (1894-1963), que teve no Dr. Butler o seu grande mentor e incentivador.
Em janeiro de 1900, verificou-se a organização das duas igrejas que o missionário havia fundado em Pernambuco: no dia 21, Dr. Butler e Juventino Marinho organizaram a Igreja de Canhotinho e no dia 22, Juventino Marinho e William C. Porter organizaram a Igreja de Garanhuns. O trabalho missionário e médico de Butler continuou a expandir-se nas duas décadas seguintes. Sua fama de grande médico e cirurgião atraía pessoas de 500 km ao redor, a quem ele atendia mediante modesto pagamento ou gratuitamente, das 6 horas da manhã às 11 da noite. Quase todos os dias fazia cinco a dez operações, geralmente muito bem-sucedidas. Atendia a todos, até mesmo alguns de seus antigos perseguidores. O padre que provocara a perseguição em São Bento, da qual resultara a morte de Né Vilela, tempos depois foi obrigado a procurar o Dr. Butler. Este, com lágrimas nos olhos, disse que
gostaria de restaurar-lhe a saúde, mas a sua moléstia era incurável. De tal maneira correu a fama do médico missionário que até mesmo o padre Cícero, de Juazeiro, mandava-lhe doentes para tratamento.
Butler era admirado como evangelista e pregador, e também como um homem de oração – orava antes das operações e durante as mesmas. Além do grande templo de Canhotinho, inaugurado em 20 de julho de 1915, construiu um colégio e um hospital (ele os chamou de Fé, Esperança e Caridade). Trabalhou na construção do templo com as próprias mãos, assim como fizera em São Luís. O edifício ostentava dois torreões na fachada, o que de longe o identificava como igreja, coisa proibida na época do império. Havia florescentes congregações em Glicério, Quipapá, Quebrangulo e Tupi. Em tudo isso, o missionário teve o concurso da sua notável esposa (o Rev. William M. Thompson disse que D. Rena valia por uma multidão). Outros dois notáveis auxiliares foram Cícero Siqueira e Cecília Rodrigues, que se casaram no dia 2 de fevereiro de 1917, seis dias após a ordenação de
Cícero.
Em agosto de 1918, o Rev. Butler deixou o hospital entregue a Humphrey, o filho médico, a igreja a Cícero, pastor auxiliar, e o colégio evangélico a Cecília, e viajou com a família para os Estados Unidos. A vocação missionária, porém, falou mais alto, e oito meses depois ele regressou sozinho ao Brasil. Os seus últimos sermões foram muito comoventes; em um deles, que versou sobre Hebreus 9.27-28, mostrou profundos conhecimentos científicos e  impressionou o auditório. Terminou chorando. Sexta-feira, 23 de maio, foi à estação despedir-se do Rev. Henderlite, que se transferia para Recife, e voltou para casa doente. O “médico amado” faleceu em Canhotinho às 3 horas da tarde do dia 27 de maio de 1919, um dia em que choveu muito naquela região após uma longa estiagem. No dia seguinte, ao ser sepultado entre a igreja e o colégio, todo o comércio da cidade fechou as  ortas espontaneamente. Esse homem de Deus deixou solidamente implantada a fé evangélica no Agreste Pernambucano e estabeleceu em Garanhuns o grande centro irradiador onde se formaram pastores para todo o Norte e Nordeste do Brasil. O casal Butler teve sete filhos: George, Humphrey, Grace, Janet, Rena, Hilda e Helen. O Dr. Humphrey Butler faleceu em  1922.
Bibliografia:
 Lessa, Annaes, 212, 278, 280, 568s, 653.
 Ferreira, História da IPB, I:231-34, 301-303, 445s, 460-68, 558s; II:98s, 184-89.
 Natanael Cortez, Norte Evangélico (25-06-1919).
 “Jubileu do Presbiterianismo no Norte do Brasil”, Norte Evangélico (11-08-1928).
 Natanael Cortez, O Presbiterianismo no Norte do Brasil, 1957.
 Bear, Mission to Brazil, 40-42, 48s, 51-53, 59-61.
 Juracy Fialho Viana. Cecília [biografia romanceada de Cecília Siqueira]. Recife:
Missão Presbiteriana no Brasil, 1970.
 Igreja Presbiteriana do Recife. Anais do Centenário. 1978.
 Edijéce Martins Ferreira. A Bíblia e o Bisturi [biografia do Rev. George Butler]. 2ª ed.
São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1987.
 Ribeiro, Igreja Evangélica e República Brasileira, 82-91.
38
 Domingos Borges de Pádua. História da Igreja Presbiteriana de São Luís: 1886-1986.
 Uriel de Almeida Leitão. Testemunho de Fé. Belo Horizonte: Cuatiara, 1992.
 Maria Anecy Calland Marques Serra. Histórias da História da Igreja Presbiteriana de
Caxias. São Luís: Gráfica Universitária, 1995.
 Caleb Soares. Januário dos Pés Formosos. Campinas: Luz Para o Caminho, 1996.
 Célio Siqueira. Embaixador e Forasteiro: Biografia do Rev. Cícero Siqueira. São
Paulo: Cultura Cristã, 1996.
 Fernandino Caldeira de Andrada, “Rev. Dr. George W. Butler”, Brasil Presbiteriano
(Jan 1996), 18.
 Silvandro Cordeiro Fonseca. Centenário da I. P. de Garanhuns: 1900-2000.

Teólogo aponta crescimento do `cristianismo reformado´ na Indonésia, maior país muçulmano

Com mais de 16 mil alunos, a “Universitas Pelita Harapan” é uma das maiores universidades cristãs reformadas do mundo. Criada há apenas 22 anos, a instituição de ensino oferece uma escola de direito, uma escola de medicina, uma escola de engenharia e uma faculdade de professores, tudo a partir de uma visão de mundo reformada. 
“Nós nem sequer temos isso nos Estados Unidos ou na Europa”, disse Ric Cannada, chanceler emérito do Seminário Teológico Reformado. “Está na Indonésia. O Senhor costuma fazer coisas incríveis no lugar menos provável – o país com a maior população muçulmana do mundo”, disse. 
Embora os cristãos sejam apenas 10% da população da Indonésia, a nação é tão populosa que cerca de 25 milhões de cristãos vivem lá. Aproximadamente um terço desse número são católicos, enquanto os protestantes são tipicamente pentecostais ou reformados. 
Bancado por um empresário indonésio extremamente bem sucedido e que ama Deus e a teologia reformada, a fundação Pelita Harapan – onde Ric é um conselheiro sênior – abriu 55 escolas cristãs nos últimos 25 anos. Pelita Harapan é o lado da missionário do empresário James Riady. Mas é claro que ele também tem um lado de negócios. E é enorme: 30 hospitais, 64 shoppings, 125 lojas de departamentos e o maior grupo de mídia do país. 
Ambos são formados pela tradição reformada, disse Niel Nielson, ex-presidente da Covenant College, que agora lidera a ala de educação da fundação e se senta na diretoria de seus hospitais e lojas de departamento. 
“A família Riady é apaixonadamente reformada em sua perspectiva teológica, e eles ligam tudo isso em termos de como eles entendem a corporação”, disse ele. “Há energia e foco na integração, ao contrário de qualquer coisa que eu já vi em qualquer lugar do mundo”, ressaltou. 
“Estamos apaixonados pelos negócios – sobre a sustentabilidade econômica – mas também pela visão bíblica da graça comum que leva à graça salvadora para o país”, disse Nielson. 
“Construir hospitais de qualidade em áreas de baixa renda, significa ter médicos cristãos conversando com seus pacientes muçulmanos, não apenas sobre a saúde de seus corpos, mas também sobre a saúde de suas relações familiares, comunidades e almas”, ressaltou.
“A gente sempre diz que acreditamos que todos foram criados exclusivamente à imagem de Deus, e Ele tem um propósito para cada ser humano”, disse Nielson. Essas convicções cristãs não ficam atrás dos bastidores, mesmo que raramente estejam no centro do palco. Por exemplo, as 60 máquinas de café de Riady tocam músicas cristãs, e os funcionários tratam as pessoas com dignidade.
Escrituras
A teologia reformada e sua influência chegou na Indonésia há um bom tempo. Chegou em primeiro lugar no final de 1500 com os holandeses, que pretendiam monopolizar o comércio de especiarias. Junto com os comerciantes, os holandeses enviaram pastores que, como grande parte da Holanda, abraçaram o calvinismo. 
Esses pastores chegaram ao povo indígena, mas o calvinismo nunca se tornou dominante na Indonésia, pelo menos por duas razões, de acordo com Yudha Thianto, professor do Trinity Christian College. 
Primeiro, a presença arraigada do Islã. Em segundo lugar, os holandeses vieram como conquistadores, não como amigos, o que fez a conversão à sua religião parecer traiçoeira para os indonésios nativos. 
Mas os holandeses ficaram lá por um longo tempo, até agosto de 1945. Assim, o calvinismo teve tempo de sobra para ganhar um teto. Em 1945, missionários e pastores sentiram a influência dos ensinamentos de Abraão Kuyper sobre a importância da graça comum e o envolvimento de Deus em cada centímetro quadrado da criação.
Assim, no final do século XIX, as agências missionárias criaram escolas cristãs, hospitais cristãos e igrejas reformadas. Thianto, que nasceu em 1965, foi criado em uma dessas igrejas. “Eu cresci cantando os salmos e hinos enraizados na Genebra de Calvino, adotados pelos holandeses, e depois trazidos para o arquipélago e traduzidos para a língua que agora é indonésio”, disse ele.
Queda
Lamentavelmente, muitas dessas igrejas acabaram por perder seu vigor bíblico e teológico. “No final da geração de meus pais, o cristianismo reformado tornou-se muito prático em termos de seu alcance. Eles estão próximos do que eu chamaria de ‘evangelho social’, alcançando a comunidade sem pregar. Eles estavam tentando aplicar em cada centímetro quadrado, em sua vida cotidiana, mas eles esqueceram o fundamento doutrinário”, comentou Thianto. 
Mas há uma boa notícia: a geração de Thianto instigou uma espécie de renovação, agora com cerca de 25 anos, que levou muitos a redescobrir uma nova excitação para o evangelismo que encontra sua origem nas raízes reformadas. “Estávamos cansados de aplicação sem conteúdo”, disse ele. “Pelo menos três de meus amigos são agora presidentes de seminários na Indonésia, que são evangélicos e reformados”, finalizou.
Publicado originalmente em CPAD News

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *