domingo, 20 de agosto de 2017

John Piper alerta cristãos sobre como vencer o diabo: "Memorizem a Palavra de Deus"

O pastor afirmou que ter a Palavra de Deus na mente pode fortalecer sua fé e fazer com que você medite dia e noite em sua Palavra.
O pastor alertou os crentes em Jesus para vencer as tentações. (Foto: Reprodução).

O pastor alertou os crentes em Jesus para vencer as tentações. (Foto: Reprodução).
Há muitas maneiras pelas quais podemos lutar contra o diabo e seus esquemas. Através da oração, adoração e fixar constantemente nossos olhos em Jesus. Podemos frustrar as provações e tentações de satanás. Mas o pastor John Piper sugere outra maneira que foi altamente eficaz para ele em sua jornada cristã.
"Memorizar as Escrituras torna a meditação possível. Nas vezes em que você não pode ler a Bíblia, a meditação é o caminho para uma compreensão mais profunda", diz Piper. "Se você vai meditar sobre a lei do Senhor dia e noite, você precisa ter algo em sua cabeça".
Além disso, isso muda a forma como vemos o mundo, argumenta Piper. "Quando medito sempre nas Escrituras, isso muda minha mente de acordo com o ponto de vista de Deus em relação a tudo", ressalta.
"Memorizar as Escrituras torna a Palavra de Deus mais fácil de alcançar para vencer a tentação do pecado. Porque as advertências e as promessas de Deus são a maneira como obtemos conquistas sobre as enganosas mentiras do Diabo", pontuou.
"Memorizar as Escrituras me permite vencer o Diabo, batendo em sua cara com uma força na qual ele não pode resistir. Para proteger a mim e a minha família de suas investidas. Com o que você está batendo nele?", questiona o líder.
"Ele é milhões de vezes mais forte que você. Ele odeia você, seu casamento e sua família, a Igreja e Deus. Como alguém atravessa este mundo governado pelo diabo sem uma espada nas mãos?", indaga.
O pastor afirma que ter as Escrituras na mente fortalece a fé, pois a fé vem pelo ouvir e ouvir a Palavra de Deus. Além disso, nos ajuda a detectar falhas em nossas vidas de forma mais rápida e eficaz.


Confira o trecho de sua pregação (em inglês):


FONTE: GUIAME

Como vivem os cristãos no Butão

Apesar da pressão e violência contra nossos irmãos, a jovem igreja butanesa está crescendo e experimentando milagres

19-butao-vista-da-cidade
De 2016 para 2017, o Butão subiu de 38º para 30º na Lista Mundial da Perseguição. Muito desse aumento deve-se ao crescimento da violência contra os cristãos. As poucas igrejas que existem são frequentemente monitoradas pelo governo, então a maioria dos cristãos prefere praticar a fé secretamente. A igreja butanesa é muito jovem, com a primeira geração de cristãos completando agora 20 anos. A nova geração lida com as mesmas dificuldades que seus pais enfrentaram há 20 anos, como a necessidade de discipulado e formação de liderança.
Diante desse cenário, a Portas Abertas tem trabalhado com eles através de programações que visam o sustento espiritual por meio de seminários, conferências para a liderança, treinamento de líderes, apoio às escolas bíblicas e retiro para jovens. O objetivo é equipar essas pessoas para que tenham condições apropriadas de articular a fé e também sejam testemunhos vivos de transformação em todas as áreas da vida.
Apesar das restrições, a igreja butanesa tem experimentado a manifestação de Deus no meio dos fiéis, através de curas, visões e sonhos. Pessoas que antes seguiam o budismo estão experimentando agora um relacionamento com Cristo. O que precisam agora é de um bom discipulado para firmar a fé em quem Jesus é, não apenas nos milagres que ele faz. Embora o cristianismo não seja aceito pela sociedade e ainda não seja reconhecido pelo governo, milagres seguidos de conversões têm ocorrido com frequência.
Fonte: Portas Abertas

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Lista Mundial da Perseguição

ONDE SEGUIR A CRISTO PODE CUSTAR A VIDA




A Lista Mundial da Perseguição (anteriormente chamada Classificação da Perseguição Religiosa) traz os 50 países com maior grau de perseguição para com aqueles que seguem a Cristo. Ela é atualizada anualmente com base em pesquisas da Portas Abertas, que consideram as leis no país, a postura das autoridades, da sociedade e da família em relação a cristãos, novos convertidos e igreja.

Um questionário cobrindo esses aspectos determina a posição do país na Lista. Atualmente, cerca de 215 milhões de cristãos são perseguidos nos 50 países que compõem a Lista. Isso faz que os cristãos sejam o grupo religioso mais perseguido do mundo.
Assim, de acordo com a pontuação nessa pesquisa, a perseguição religiosa é dividida em:

Extrema: quando as leis do país são regidas de forma a tirar toda a liberdade do cristão, levando-o à prisão, tortura e morte.

Severa: as leis do país podem não ser específicas quanto ao culto aberto e à religião, mas há perseguição tanto do governo, quanto da família, sociedade e grupo ao qual o cristão pertence. A violência também está presente neste caso, mas de maneira mais esporádica e pontual. 
Alta: apesar de a legislação do país permitir a prática de outras religiões, que não a oficial, grupos religiosos minoritários enfrentam perseguição, por meio de violência, abusos de autoridade, ofensas e até prisões.








Fonte: Portas Abertas



Ore pelo recomeço do irmão Yklas

O pregador cumpre sentença de dois anos numa colônia penal e será libertado no final do ano

Ore pelo recomeço do irmão Yklas
As acusações que pesam sobre o irmão Yklas Kabduakasov (54) são: extremismo religioso e distribuição ilegal de material cristão. Sim, ele distribuía material evangelístico e pregava o  evangelho para quem encontrava. O problema é que o governo não gostava disso. De acordo com a investigação, no período entre novembro de 2014 e agosto de 2015, o cristão dava palestras para estudantes universitários num apartamento alugado na capital Astana. Depois disso, ele foi condenado a dois anos de prisão por ato ilícito.
Ele trabalhava como segurança para uma empresa de construção, onde demonstrava uma vida piedosa. Várias vezes ele impediu que o material da empresa fosse roubado das obras. Yklas sempre foi conhecido como um homem honesto. Sua esposa e oito fihos, que foram deixados sem nenhuma assistência, aguardam ansiosamente pela liberdade e retorno do pai. Várias igrejas, pessoas e organizações estão ajudando a família. A Portas Abertas tem também a oportunidade de visitá-los de tempos em tempos.
A maior fonte de perseguição aos cristão no Cazaquistão é o governo que exerce controle sobre todo o país. Mais de 20% da população é cristã. Suas orações e apoio aos cristãos perseguidos cazaques são muito importantes. Ore pelo irmão Yklas que sera liberado nos próximos meses. Sua saída está prevista para outubro ou novembro deste ano. Peça por proteção, força e que ele tenha um recomeço de paz.

Fonte: Portas Abertas

Amor e a desumanidade do casamento homossexual

image from google


Mais e mais comentaristas dizem que já passamos do ponto crítico em relação ao casamento homossexual nos Estados Unidos. Quase que diariamente um político ou uma celebridade encara um microfone e declaram seu apoio à causa. Parece que o paradigma mudou, que os valores estão invertidos.

Se o casamento homossexual é politicamente uma realidade indiscutível, eu não sei. O que me preocupa, atualmente, é a tentação entre os cristãos de seguirem a corrente. A premissa é de que a nação não compartilha mais de nossa mesma moralidade e nós não podemos impor nossa visão aos outros ou ultrapassar a linha que divide Estado e Igreja. Além do mais, nós não queremos que nenhuma política impertinente entre no nosso caminho de pregar o evangelho, certo? Então nós também devemos simplesmente engolir essa realidade. E dessa maneira, o pensamento continua.

O quanto os verdadeiros cristãos devem ativamente combater a ideia do casamento homossexual é uma questão de sabedoria. Mas com certeza nós não devemos apoiar isso, e eu adoraria convencê-lo, é uma questão de princípios bíblicos. Votar a favor disso, legislar em favor disso, governar em favor disso, dizer aos seus amigos que você acha isso aceitável – tudo isso é pecado. Apoiá-lo pública ou privadamente é “dar sua aprovação àqueles que praticam” as coisas que Deus prometeu julgar – exatamente aquilo que nos é dito para não fazer em Romanos 1.32.

Além disso, o casamento homossexual estabelece uma definição de humanidade que é menos humana e uma definição de amor que é menor que amor. E não é a liberdade da religião o que os defensores do casamento homossexual querem, eles desejam a repressão de uma religião em favor da outra.

Cristãos, de forma alguma, devem seguir a corrente. Eles precisam amar aqueles que defendem o casamento homossexual mais do que amam a si mesmos precisamente recusando-se a endossar essa prática.

Eu estou dizendo isso para o bem de vocês que são crentes, que afirmam a autoridade das Escrituras, que acreditam que a prática homossexual é errada e que acreditam no julgamento final. Não pretendo aqui convencer ninguém que não compartilhe dessas convicções.

Meu objetivo nisso tudo é encorajar a igreja a ser igreja. Para que serve o sal se não tiver sabor? Ou para que serve a candeia se estiver escondida debaixo de uma vasilha? Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus.

Entendimento mais profundo de humanidade

Acredito que Voddie Baucham está extremamente correto ao dizer que “homossexual não é o novo negro”, e que não devemos formalmente equiparar orientação sexual com etnia ou sexo como componente essencial da identidade pessoal. É surpreendente para mim que batalhas legais recentes simplesmente presumem isso sem antes analisar de forma clara.

Há diversas premissas por trás da ideia de que uma pessoa com atrações homossexuais pode dizer “Eu sou homossexual” da mesma forma que alguém pode dizer “Eu sou homem” ou “Eu sou negro”. Primeiro, assume-se que desejos homossexuais estão enraizados na biologia e, portanto, é parte natural do indivíduo. Segundo, assume-se que nossos desejos naturais são basicamente bons, até o ponto em que não machucam os outros. Terceiro, assume-se que saciar esse desejo bom e natural é parte de ser um ser humano completo.

Toda essa discussão sobre “igualdade” depende dessas premissas básicas acerca do que significa ser um humano.

Casamento, então, torna-se um importante prêmio a ser conquistado pelas pessoas com atrações homossexuais porque, sendo uma das mais antigas e mais humanas instituições, casar-se publicamente legitima esses desejos profundos. Todo mundo que participa de um casamento – desde o pai que caminha com a noiva pelo centro do salão, os amigos presentes, o pastor liderando a cerimônia, o estado que certifica a união – participa em uma afirmação positiva e formal da união do casal. É difícil pensar numa maneira melhor de afirmar o desejo homossexual como bom e parte integrante de ser um humano completo do que o poder da celebração de uma cerimônia de casamento.

Não se engane: a questão fundamental em jogo no debate sobre o casamento homossexual não são os direitos de visitação, direitos de adoção, direitos de herança ou toda discussão sobre “união estável” ou “união civil”. Todas essas são questões derivadas. A questão é fundamentalmente sobre serem publicamente e completamente reconhecidos como humanos.

Cristãos com uma mentalidade bíblica, claro, não tem problema em reconhecer pessoas com atrações homossexuais como completamente humanos. Há membros na minha igreja que experimentam atrações homossexuais. Nós adoramos com eles, nós passamos férias com eles, nós os amamos. Todavia, o que o cristianismo não faz é ratificar que satisfazer todos os desejos naturais é o que torna um ser humano completo.

O cristianismo, na verdade, oferece um conceito mais maduro e profundo de humanidade, mais maduro e profundo que a própria pessoa envolvida em um estilo de vida homossexual tem dela mesma.

É mais maduro porque o cristianismo começa com a franca afirmação de que seres humanos pós-queda são completamente corruptos, em todas as áreas da vida. Uma criança afirma que todos os seus desejos são legítimos. Adultos, espero, se conhecem melhor. E um entendimento maduro da natureza caída reconhece que nossa queda afeta completamente tudo, de nossa biologia e fisiologia até nossas ambições e desejos. Atração homossexual é apenas mais uma manifestação dessa realidade. Por isso que Cristo nos ordena a ir e morrer, e porque nós devemos nascer de novo. Devemos ser novas criaturas, um processo que começa na conversão e se completa com a volta de Cristo.

Além do mais, o fato de Jesus ser o Senhor significa que sua autoridade sobre nossas vidas é completa, em todas as facetas de nossa existência. Não temos o direito de estar perante ele e insistir em nossos conceitos de masculinidade, feminilidade, amor, casamento e sexualidade. Ele que define os conceitos, até mesmo quando esses vão contra nossos desejos ou ideias mais profundos de si mesmo.

Enraizado na biologia ou não, existe uma diferença significativa entre gênero, etnia e “orientação”. Orientação consiste primariamente de – é vivida através de – desejo. E o fato de que isso envolve desejo significa que é um objeto de avaliação moral de uma forma que “ser homem” ou “ser asiático” não são.

Aqui está o que frequentemente é esquecido: nem o fato do desejo, nem a possibilidade de base biológica, conferem legitimidade moral. Não confunda “é” com “deve”. Entendemos isso bem quando tratamos, por exemplo, de comportamentos associados a vícios em substâncias ou uma desordem bipolar.  O componente biológico dessas doenças certamente clama por compaixão e paciência, mas não torna os comportamentos praticados moralmente legítimos. Assumir que eles são moralmente legítimos significa tratar seres humanos como se eles fossem animais. Ninguém condena moralmente um leopardo por ele agir instintivamente. No entanto, nossos padrões morais para os seres humanos não deveriam envolver algo além do que concordar com a bioquímica do desejo? Somos mais que animais. Somos alma e corpo. Somos criados à imagem de Deus. Legitimar o desejo homossexual simplesmente porque é natural ou biológico, ironicamente, é tratar a pessoa como menos que humana.

Tudo isso para dizer que: o Cristianismo não apenas oferece um conceito mais maduro de humanidade, como também oferece um conceito mais profundo. Ele diz que somos mais do que um composto de nossos desejos, entre os quais alguns são frutos da queda, outros não.

Notavelmente, Jesus diz que nossa humanidade é mais profunda do que sexo e casamento, e certamente mais profunda do que as versões caídas dos mesmos. Ele diz que, na ressurreição, não haverá casamento ou ser dar em casamento. Casamento e sexo, ao que parece, são sombras bidimensionais que apontam para realidades tridimensionais que estão por vir. A humanidade e identidade de alguém não dependem finalmente, de forma alguma, da sombra do casamento. Ousaremos negar a humanidade total de Cristo porque ele não se casou ou teve descendentes? De fato, a humanidade desse segundo Adão não foi plenamente demonstrada pela geração de uma nova humanidade?

Há algo desumano sobre a versão do ser humano oferecida pelo pensamento homossexual. É desumano avaliar moralmente pessoas como se fossem animais, como se seus instintos as definissem.

E há algo de desumano na versão do casamento dada pelo pensamento homossexual. É desumano chamar aquilo que é bom de mau, ou desejos errados de corretos. É desumano equiparar a pessoa com a versão caída dessa pessoa, como se Deus tivesse nos criado para sermos essas versões caídas de nós mesmos. Porém, é exatamente isso que o casamento homossexual nos chama a fazer. Ele nos chama a publicamente afirmar que o mal é bem – a institucionalizar o errado como correto.

O Cristianismo diz que nós não somos integralmente definidos por etnia, sexo, casamento, ou até mesmo por desejos pecaminosos. Somos imagem e embaixadores de Deus, chamados para mostrar ao cosmos como a trina justiça de Deus, Sua santidade e Seu amor são. A mensagem cristã a uma pessoa que tem um estilo de vida homossexual é que cremos que ela é mais humana do que ela mesma acredita.

Amor mais profundo

O Cristianismo também oferece um conceito mais maduro e profundo de amor. O amor não é fundamentalmente uma narrativa de expressão e realização pessoal. Não é sobre achar alguém que “me completa”, no qual eu suponho que o “eu sou” é um axioma, e que alguém autenticamente “me” ama somente se esse alguém me respeitar exatamente como eu sou, como se o “eu” fosse de alguma forma sagrado.

O amor cristão não é tão ingênuo. É muito mais maduro (veja 1Coríntios 13.11). Ele reconhece como as pessoas são após a queda, quebradas pelo pecado, e as ama em sua própria fragilidade.  Ele é oferecidocontrariamente ao que as pessoas merecem. Nós alimentamos, vestimos e somos amigos delas, até mesmo quando nos atacam. Porém o amor cristão, com maturidade, convida essas pessoas à santidade. Através da oração e da disciplina, o amor cristão chama pessoas à mudança – ao arrependimento. Esse amor reconhece que os amados por ele terão verdadeira alegria apenas quando, cada vez mais, eles se moldarem conforme a imagem de Deus, pois Deus é amor. É por isso que Jesus nos diz que, se nós o amamos, vamos obedecer aos seus mandamentos, como ele ama o Pai e, assim, obedece a Seus mandamentos.

O amor cristão também é mais profundo que o conceito de amor na nossa cultura. Ele sabe que o amor verdadeiro foi demonstrado perfeitamente quando Jesus deu sua vida pela igreja para fazê-la santa, um ato que Paulo faz analogia com o amor de marido e esposa e o chamado do marido de conduzir sua esposa com a Palavra (Rm 5.8; Ef 5.22-32). A figura central do verdadeiro amor na Bíblia é perdida no casamento homossexual, assim como é perdida também quando um marido trai sua esposa.

A posição progressista pode chamar a visão ortodoxa cristã acerca do casamento gay de intolerante. Porém cristãos devem reconhecer que a posição progressista é oposta ao amor e é desumana. E assim nós devemos ama-los mais verdadeiramente do que eles amam a si próprios.

Esfera Pública e a Religião Idólatra

O que então devemos dizer sobre a esfera pública? O nosso entendimento sobre a separação entre Estado e Igreja e liberdade religiosa não deveria evitar que “impuséssemos” nossas ideias sobre os outros? Porque a igreja sendo igreja afetaria nossa postura na esfera pública entre os incrédulos?

O que as pessoas parecem perder é a distinção entre as leis que criminalizam uma atividade e as leis que incentivam ou promovem uma atividade. As leis que cercam o casamento pertencem a última categoria. O governo se envolve nessa área do casamento – para irritação dos liberais – porque pensa ter algum interesse em proteger e promover o casamento. Ele vê que o casamento contribui para a ordem, paz, e o bem da sociedade em geral. E por isso, oferece incentivos financeiros para o casamento, como incentivos fiscais ou direitos de herança.

Em outras palavras, institucionalizar o casamento gay não torna o governo meramente neutro em relação à iniquidade; significa que o governo está promovendo e protegendo a iniquidade. A decisão de 2003 da Suprema Corte Americana de derrubar as leis que criminalizavam o comportamento homossexual, pelo contrário, não precisa ser interpretada como uma promoção ou proteção desse comportamento. A ironia da posição progressista sobre o casamento do mesmo sexo é que ela se baseia na linguagem da neutralidade política, quando na verdade é exatamente o oposto. É uma afirmação positiva de um rótulo de moralidade e de todo um arcabouço de pressupostos teológicos por trás dessa moralidade.

Colocando em termos bíblicos, institucionalizar o casamento gay não é nada mais nada menos que “consentir com aqueles que praticam” as coisas que a Palavra de Deus condena (Rm 1.32). E, Paulo afirma, por trás dessa afirmação moral está a “troca [religiosa] da glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível” (Rm 1.23). Estabelecer o casamento homossexual é, em outras palavras, um clamoroso e total ato religioso, pelo fato de ser idólatra.

Para o cristão, portanto, o argumento é muito simples: Deus julgará toda a injustiça e idolatria. Logo, os cristãos não devem privada ou publicamente endossar, incentivar ou promover a injustiça e a idolatria, que o casamento homossexual pratica. Deus julgará tal idolatria, mesmo entre aqueles que não acreditam Nele.

Deus julgará as nações

Deixe-me explicar melhor. Velho e Novo Testamentos prometem que Deus julgará as nações e seus governos por terem abandonado o Seu padrão de justiça e retidão. Os presidentes e parlamentos, eleitores e juízes de todo o mundo são integralmente responsáveis perante Ele. Não há nenhuma área da vida fora da avaliação divina.

Por isso, Deus julgou os contemporâneos de Noé, Sodoma e Gomorra, Faraó do Egito, Senaqueribe na Assíria, Nabucodonosor na Babilônia, e a lista continua. Você pode ler sobre os julgamentos de Deus contra as nações em passagens como Isaías 13-19 ou Jeremias 46-52.

Consequentemente, não é surpreendente que o Salmo 96 e muitas outras passagens deixam clara a natureza transnacional de Deus: “Dizei entre as nações: O Senhor reina! (…) Ele julgará os povos com retidão.” (Sl 96.10; veja também Sl 2 e Jer 10.6-10).

O mesmo princípio se aplica no tempo do Novo Testamento? SIM! Os governantes do mundo tem sua autoridade derivada de Deus e serão julgados por Deus pelo modo como usam tal autoridade: César não menos que Nabucodonosor, presidentes não menos que o Faraó:
  • Jesus diz a Pilatos que a autoridade de Pilatos deriva de Deus (João 19)
  • Paulo descreve o governo como “servo de Deus” e um “agente” para trazer a justiça divina. (Romanos 13)
  • Jesus é descrito como: “príncipe dos reis da terra” (Apocalipse 1.5)
  • Reis, príncipes e generais sentem a ira do Cordeiro e se escondem dela (Apocalipse 6.15)
  • Os reis da terra são acusados de cometer adultério com a grande Babilônia (Apocalipse 18.3)
  • Cristo virá com uma espada “para ferir com ela as nações” (Apocalipse 19.15), deixando que os pássaros comam “a carne dos reis, e a carne dos tribunos, e a carne dos fortes.” (versículo 18).
  • Deus julgará todas as nações e governantes. Eles são politicamente responsáveis perante o padrão de justiça e retidão de Deus, e não para seus próprios padrões. Afastar-se da justiça e retidão divina – para todo e qualquer governo, no Velho e no Novo testamento – é incorrer na ira de Deus.

O fato de vivermos em uma sociedade pluralística na qual muitos não reconhecem o Deus da Bíblia não faz diferença para Deus. “Quem é o Senhor para que eu o obedeça?”, perguntou o Faraó. O Senhor rapidamente demonstrou precisamente quem Ele é. O fato de reconhecermos um governo que governa pela “vontade do povo” também não faz diferença. Um cristão sabe que a verdadeira autoridade emana de Deus, e que ele ou ela jamais devem promover ou incentivar injustiça ou iniquidade, mesmo que 99% dos eleitores pedirem por isso.

Isso não significa que os cristãos devem decretar o juízo de Deus contra todas as formas de injustiça agora, mas significa que nós cristãos não devemos privada ou publicamente envolver-nos com nada que Deus julgará no Dia Final. Sim, a política muitas vezes envolve compromisso, e há momentos em que os eleitores ou políticos cristãos serão obrigados a decidir entre o menor de dois males. E, para tais ocasiões, acreditamos que Deus é misericordioso e compreensivo. Devemos empenhar nossos esforços em não votar em algo que apoia, governar apoiando, ou dizer aos nossos amigos no escritório que apoiamos a injustiça.

Isso significa que podemos impor a nossa fé a descrentes? Não, porém endossar o casamento gay é outra coisa. Endossá-lo é evolver-se pessoalmente com iniquidade e uma falsa religião, e uma iniquidade que Deus prometeu julgar.

Na verdade, o próprio casamento homossexual é um ato de imposição governamental injusta. Martinho Lutero escreveu: “Pois quando alguém faz aquilo para o qual não tem autoridade ou sanção da Palavra de Deus, tal conduta é inaceitável a Deus, e pode ser considerada tanto como vã como inútil.” E Deus nunca deu autoridade aos governos humanos para definir casamento.  Ele definiu em Gênesis 2 e não autorizou ninguém a redefini-lo. Qualquer governo que o faz é culpado por usurpação.

Uma vez que o casamento homossexual é completamente fundamentado na religião idólatra (Rm 1.23,32), sua institucionalização representa nada mais nada menos que a postura progressista de impor essa religião idólatra a todos nós.

Eu não estou dizendo quantos recursos os cristãos devem gastar no combate a falsos deuses em praça pública, mas eu estou dizendo que você não deve se juntar com esses deuses. Não há terreno neutro nesse aspecto.

Amem e permaneçam firmes

As igrejas deveriam amar seus irmãos e irmãs que batalham contra a atração homossexual, assim como deveriam amar todos os pecadores arrependidos.

E as igrejas deveriam permanecer firmes em concepções de amor mais profundas e mais bíblicas, amando aqueles que defendem o casamento homossexual mais profundamente do que eles amam a eles mesmos. Fazemos isso ao insistirmos na doce e transformadora natureza da verdade e santidade de Deus.

Em nosso contexto cultural atual, o amor cristão custa caro aos próprios cristãos e à igreja. Mesmo que você reconheça que a Bíblia define homossexualidade como pecado, mas (erroneamente) apoie o casamento gay, sua posição certamente irá ofender alguém. Os desejos pessoais mais fortes – os desejos que as pessoas se recusam em abandonar – revelam suas adorações. Condenar a liberdade sexual atualmente é condenar um dos altares de adoração favoritos da sociedade. E eles não lutarão pelos seus deuses? Eles não vão excomungar todos os hereges?

Entretanto, mesmo quando a Escritura promete perseguição a curto prazo para a igreja, estranhamente e simultaneamente, ela também aponta para louvor a longo prazo: “Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma, tendo o vosso viver honesto entre os gentios, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no Dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem” (1 Pedro 2.11-12). Eu não sei como explicar isso, mas eu creio.

***
Autor: Jonathan Leeman
Fonte: The Gospel Coalition 
Tradução: Luis Felipe Heringer
Via: Reforma 21

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Lições Bíblicas para Liderança na Igreja Local - Parte 1/2


Introdução

Muitos estudos têm sido empreendidos na área de liderança, na verdade há sempre uma necessidade de reavaliar tais posicionamentos sobre a questão da condução de qualquer obra, grupo, igreja, povo, tribo ou nação. A liderança é algo necessário e presente na cultura humana. A liderança não foi instituída por causa da Queda. Deus já havia instituído tal liderança a Adão e também a Eva. Eram eles subgerentes na criação. Deus havia lhes dado os mandatos da criação: espiritual, social e cultural¹.

Então temos de fato uma necessidade de refletir biblicamente sobre liderança. Sobre os princípios que a Bíblia ensina sobre liderança, a importância disso é muito grande, uma liderança sem princípios é como um navio sem bússola. Liderança sem o processo de experiência é como um navio sem o capitão. Liderança sem um padrão é como um navio sem porto seguro². Tal é a importância dos princípios bíblicos para a liderança, serão uma bússola, um capitão, um padrão, um porto seguro. Os princípios ditarão o que será a liderança e mostrarão os pressupostos da liderança exercida. Se o pressuposto não for a glória de Deus, o que teremos é uma liderança que glorifica a criatura em vez do Criador. Isso é relevante para entendermos o que disse o Dr. Shedd:

Os eventos, as pessoas e as circunstâncias afetam as atitudes e produzem reações que as pessoas desenvolvem desde o nascimento até a morte. Enquanto uma pessoa amadurece, ela aprende através da experiência e da reflexão. A leitura, o estudo e a discussão afetam o processo que transforma um jovem imprudente em um líder respeitado³.

Os princípios serão aprimorados pela experiência do líder, Paulo nos diz isso em várias de suas epístolas, “Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo”, (1 Timóteo 3.6); é um exemplo escriturístico. Então, como disse Shedd, a experiência e reflexão devem seguir os princípios bíblicos. Tudo na liderança deve girar em torno da sabedoria bíblica. A boa liderança bíblica é marcada pela integridade de caráter e sabedoria bíblica. Alguém pode até ser um bom líder e arrebanhar multidões sem ser bíblico e íntegro. Portanto, o que marca o líder cristão não é o sucesso diante dos homens, mas, sua fidelidade a Deus e sua Palavra. O que um líder cristão precisa ler? Ele pode ler bons livros sobre liderança, pode recorrer a palestras e a congressos, mas, diante da enxurrada de literatura sobre o assunto pautada na literatura secular empresarial, meu conselho é simples, o líder bíblico deve procurar sabedoria, então, leia Provérbios.

Deve ser piedoso, buscar sabedoria. Temos muitos líderes com muito conhecimento, mas pouca sabedoria. Fontes sem águas. A sabedoria bíblica é prática. O conhecimento de Deus deve permear a comunidade e redundar em prática, em vida. Devemos ensinar nosso povo a buscar conhecimento, mas, também devemos ensiná-los a amar a sabedoria, afinal, “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria”, (Pv 1.7), isso é tão básico que esquecemos tamanha riqueza.

Uma liderança bíblica destoa grandemente do tipo de liderança que temos visto em nosso tempo. Não podemos negar que uma grande onda de influência empresarial tem invadido, mudado o foco e distorcido o que dizem as Escrituras sobre uma liderança bíblica. Estratégias, planejamento, projeções, análises de dados tem sido as principais abordagens de muitos autores que escrevem nessa área, não apenas isso, muitos pastores têm tomado conselhos de uma abordagem puramente empresarial e não bíblica da liderança e isso causa consideráveis problemas a igreja. Neste artigo, iremos caminhar observando alguns líderes na Bíblia, extrairemos alguns exemplos nas narrativas que mencionam cada um deles. Necessário é sabermos que o foco não está, de fato, na vida deles, mas, como Deus operou através deles, usou e corrigiu muitos dos seus erros. A Bíblia é o maior manual de liderança já conhecido. Não há e não haverá outro livro que supere a Bíblia nos ensinamentos sobre liderança, nela temos as diretrizes eternas para o exercício da liderança espiritual.

A Igreja não funciona como uma empresa

Não queremos dizer com isso que a igreja não deve se preocupar com suas obrigações como registro de funcionários, pagamentos de contas como de água, luz, telefone e internet. Não queremos dizer com isso que uma igreja não possa ter trabalhos como creches ou escolas infantis, absolutamente não. Não queremos dizer que a igreja não deva valer-se de recursos vindos do mundo empresarial, porque se fizéssemos isso, estaríamos negando a graça comum. Quando dizemos que a igreja não funciona como uma empresa, dizermos que o rebanho do Senhor não pode ser visto como consumidores, funcionários, gerentes, supervisores (no sentido empresarial) e proprietários. A igreja é uma organização no sentido de que ela precisa estar organizada com fins a melhor testemunhar com evangelho de Cristo, mas, a igreja também é um organismo vivo. Então, é necessário cuidado com abordagens seculares a respeito da liderança, liderar na igreja não é a mesma coisa de chefiar um departamento numa empresa. A liderança espiritual está totalmente ligada a edificação da igreja para glória de Deus.

A Igreja não funciona como um clube

Muitos tem figurado a igreja como um clube ou agremiação. Uma associação de pessoas que estão ali para viverem juntas em com um objetivo terapêutico. Não devemos duvidar que a vida em comunidade na igreja também é terapêutico, pessoas solitárias, deprimidas, atribuladas, indecisas, assoladas por tragédias e sofrimentos que não temos como listar, estão na igreja e são atraídas para a igreja. Essas pessoas são, em grande medida, transformadas pelo evangelho e desfrutam na comunidade de fé de amizades saudáveis, relacionamentos que lhes fazem bem, companhia e cura de dores dos seus sofrimentos. É verdade que na igreja pessoas tristes encontram alegria de viver em comunidade, mas, isso não faz da igreja um clube. A igreja é a comunidade da Palavra, todos os benefícios que a igreja proporciona deve girar em torno da Palavra. Toda comunhão, alegria, solidariedade, compaixão, misericórdia, bondade, longanimidade e fé são frutos da Palavra e para a glória da graça que opera na santa igreja de Deus.

A Igreja como Comunidade Cristã

Segundo a confissão de fé congregacional, mais conhecida como Declaração de Savoy, sobre a igreja:

A igreja católica ou universal, a qual é invisível, consiste de todo o número dos eleitos que têm sido, são ou serão reunidos num só corpo, sob Cristo – sua Cabeça; ela é a Esposa, o corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas⁴.

Isso é a igreja de Cristo, a reunião dos eleitos de Deus, que foram predestinados, chamados, justificados, santificados e que serão glorificados, para a glória única do Deus triúno. Nos diz ainda o Catecismo de Heidelberg, pergunta 55:


O que você crê sobre a comunhão dos santos?
Resposta: Primeiro, creio que todos os crentes, juntos e cada um em particular, como membros de Cristo, têm comunhão com Ele e participam de todos os Seus tesouros e dons. Segundo, creio que cada um têm o dever de usar seus dons com disposição e alegria para o benefício e o bem-estar dos outros membros.

Através dessa pergunta do catecismo podemos mensurar o que é a liderança bíblica: o exercício de dons para a edificação da igreja. Os dons de liderança que foram dados a igreja em todas as eras, mostram que a finalidade da existência de líderes é para o bem-estar  da comunidade de fé que é regida pela Palavra de Deus. Líderes bíblicos servem a Deus e o glorificam, cuidando da igreja seguindo os princípios bíblicos e não formulas empresariais ou publicitárias. A liderança cristã bíblica é cativa ao ensino bíblico e a busca da sabedoria bíblica. 


A Liderança Espiritual Bíblica

Aqui temos um princípio básico, a liderança espiritual é humilde e exemplo. Quando era menino ouvi muito um ditado proferido por cristãos imaturos dizendo “manda quem pode e obedece quem tem juízo”, há certa verdade nesse ditado, mas absolutamente ele não transmite o que a Bíblia diz sobre liderança cristã. Temos vários exemplos de liderança cristã nas Escrituras, vamos falar um pouco sobre cada uma delas. Nossos objetos de estudo serão as lideranças de Adão, Moisés, Davi e Josias.

A Liderança de Adão

Poderíamos tratar de vários personagens bíblicos que serviriam de estudo de caso para a liderança bíblica, mas, por questões de espaço selecionamos alguns. Nosso primeiro estudo será com base na liderança de Adão. Deus criou o homem e a mulher (Gn 1.26,27) a sua imagem e semelhança. Colocando-os como vice-gerentes na criação. Eles tinham que cuidar, gerir tudo aquilo que Deus tinha colocado em suas mãos. Nesse contexto, temos a liderança de Adão como o cabeça de sua esposa. Adão deveria governar o que Deus havia lhe dado como trabalho na criação e também sua mulher e seus filhos. Observamos na narrativa bíblica algo interessante, vejamos:

E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim, (Gênesis 3.8)

Podemos extrair algumas aplicações desse texto sagrado. Depois de pecarem, o homem e sua mulher, não mais eram atraídos pela voz do Senhor, mas, temeram juízo. A liderança de Adão foi destruída por causa do seu pecado, Adão agora perdera a comunhão com Deus; sem comunhão como poderia liderar justamente, como poderia exercer aquilo para que Deus o havia criado? Adão pecou, seu pecado comprometeu sua liderança. Uma liderança bíblica deve ser santa, uma vida que busca a piedade e afasta-se do pecado. O apóstolo Paulo disse que o presbítero deve ser irrepreensível, equilibrado, modesto e que tenha domínio próprio (1 Timóteo 3). Essas são algumas das características para um pastor, mas, devemos perceber que tais atribuições morais e espirituais não são restritas a pastores, mas a todo cristão. Mas, de fato, principalmente aqueles que lideram. Um líder intemperante, ímpio, sem equilíbrio não promoverá saúde aos seus liderados.

***
Continua em breve...
____________________
Notas:
[1] Para estudos mais profundos sobre esse assunto da liderança de Adão e Eva, as obras de Gerard Van Groningen são uma contribuição ímpar. Criação e Consumação, são três volumes publicados pela editora cultura cristã.
[2] SHEDD, Russell. O Líder que Deus Usa. Ed. Vida Nova, p. 25.
[3] Ibid, p. 24.
[4] Declaração de Savoy. Capítulo 26. 1. Ed. Aliança.

***
Autor: Rev. Thomas Magnum de Almeida
Divulgação: Bereianos

PIEDADE: VIVER PARA A GLÓRIA DE DEUS



Pv 3.9,10; 1 Co 10.31

O pastor Joel Beeke escreveu “em nossos dias poucas pessoas gostam de ser chamadas piedosas”, pois muitas vezes o termo é usado de forma pejorativa. Mas, Deus nos chamou para vivermos uma vida piedosa. Para o reformador suíço João Calvino piedade designa uma atitude para com Deus e obediência a Ele.

A verdadeira piedade envolve o nosso relacionamento com Deus e resulta na nossa comunhão com o nosso próximo. O lema da vida reformador Calvino resume a sua vida piedosa “ofereço-te Senhor meu coração pronta e sinceramente”. Para viver uma vida piedosa que glorifica a Deus, o homem precisa:

1-VIVER EM COMUNHÃO COM CRISTO (Jo 3.1-15; Rm 5.8-11) –
O ponto de partida para uma vida piedosa é a união do crente com Cristo. Essa união só é possível porque Cristo se fez homem, isto é, encarnou e assumiu a nossa natureza. Esta união do homem com Cristo só possível, porque é realizada através da fé operada pelo Espírito Santo, pois só ele pode unir Cristo no céu com o crente na terra, pobre e frágil pecador.

A fé une os servos de Deus a Cristo por intermédio da Palavra, de tal forma que o crente é iluminado a receber a Cristo como está prometido nas escrituras sagradas e oferecido graciosamente pelo Pai. Desta maneira o crente cresce mais e mais objetivando se parecer com o seu Senhor, pois ao sermos justificados por Jesus devemos cada dia viver uma vida de santificação, onde nos tornamos mais conformados a Cristo no coração, conduta e devoção a Deus, buscando uma vida cada dia de comunhão com os nossos irmãos. É a contínua transformação que o Espírito graciosamente realiza no crente, a consagração total do homem a Deus, isto exige mortificação da carne e renúncia do mundo.

Para que possamos viver esta vida de comunhão com Cristo o homem precisa nascer de novo, não basta apenas ser religioso, como era Nicodemos ou fazer parte uma denominação, mas ele precisa aceitar a Jesus como Senhor e Salvador, e cada dia viver uma vida de santidade, renunciando o mundo e mortificando o pecado que tenazmente tenta nos separar de Deus.

2- VIVER PARA GLÓRIA DE DEUS (Sl 19.1;Pv 3.9,10; 1 Co 10.31) – Aqueles que foram alcançados pela graça de Deus, precisam olhar constantemente para a glória que resplandece nos atributos de Deus, na estrutura do mundo, na glória e ressurreição de Cristo, devem nos levar a glorificar cada dia a Deus. Mas, como podemos viver para glória de Deus? Deus nos prescreveu uma maneira como podemos viver para glória dele, ou como ele será glorificado. Nós podemos glorificar a Deus através de uma vida piedosa, que consiste na obediência a sua Palavra que encontra-se revelada no Velho e no Novo Testamento. Isto implica rendição completa a Deus, a sua palavra e a sua vontade (Rm 11.33-12.2).

O salmista Davi de maneira bela se manifestou dizendo: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”(Sl 19.1). Ao olharmos para o firmamento podemos contemplar a grandeza do nosso Deus e ao olharmos para Cristo, contemplamos o seu amor incomparável para conosco, ao enviar o seu filho para morrer em nosso lugar nos libertar da escravidão do pecado, então só podemos viver para a glória de Deus.

3- VIVER O EVANGELHO DA GRAÇA (1 Sm 15.22; Mt 7.24-27; Tg 1.22-27) – O Evangelho não é uma cerimônia religiosa, uma ortodoxia morta, uma especulação filosófica ou uma experiência em laboratório, mas é vida prática. A nossa intimidade com o Senhor, não pode ser apenas nas quatro paredes de um templo, mas precisa ser externada na caminhada diária.

O evangelho da graça de Deus envolve a vida toda daqueles que nasceram de novo, que foram justificados, santificados e reconciliados com Deus através do Senhor Jesus Cristo, de tal maneira que o servo do Senhor almeja viver de forma diferente do mundo. Mas como assim? Exercendo a sua fé, louvando a Deus, praticando boas obras, tendo uma vida de oração que o principal exercício da fé dos eleitos de Deus. Calvino ao falar sobre a oração nos oferece seis propósitos para orarmos ao Senhor: 1)Ir a Deus com toda necessidade e obtermos dele o que não temos para viver a vida cristã; 2)aprender a desejar, de todo coração, o que é certo, enquanto colocamos diante de Deus todas as nossas petições; 3)prepararmos para receber os benefícios e as respostas de Deus as nossas petições, com gratidão e humildade; 4) levar-nos a meditar na bondade de Deus para conosco, quando recebemos o que pedimos; 5)cultivar o espírito apropriado deleite nas respostas de Deus; 6) confiar a fiel providência de Deus, para que o glorifiquemos e confiemos de bom grado em sua ajuda presente, enquanto testemunhamos regularmente que ele responde as nossas orações.

Como crentes em Cristo, precisamos nos arrepender. Este arrependimento é o fruto da fé e da oração. Calvino disse que o arrependimento não é o começo da vida cristã é a própria vida cristã. O verdadeiro arrependimento, envolve confissão de pecados e crescimento em santidade.

Na prática do evangelho, nós somos desafiados como crentes em Cristo, a renunciarmos o nosso o eu e a levar a cruz. Ao levarmos a cruz, “somos despertados na esperança, treinados na paciência, instruídos na obediência e disciplinados no orgulho”(Beeke, 2012, p.204).De tal maneira que ao olharmos para a obediência de Cristo ao pai também nós somos concitados a viver em obediência a vontade de Deus que é a essência da piedade.O cristão precisa olhar para Cristo e seguir o seu exemplo em casa, na igreja e na sociedade. Para os reformadores do século XVI, a doutrina, piedade e práticas estão conectadas.

Portanto, se queremos viver uma vida piedosa para a glória de Deus, precisamos viver em comunhão com Cristo, obedecendo a Deus e praticando o que Deus nos ensina em sua Palavra.


1-Beeke, R. Joel – Vivendo Para a Glória de Deus- 1ª Ed. Editora Fiel, 2010


Sobre o autor: Eli Vieira é formado pelo Seminário Presbiteriano Norte-Recife, cursando administração na Uninassau e pastor efetivo da Igreja Presbiteriana Filadélfia, Garanhuns-PE.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Ministro da Palavra: Santo e Douto


A Bíblia revela que há um conselho de líderes que são responsáveis pelo governo e o bom andamento espiritual do rebanho de Deus. Esse conselho é chamado de presbíteros, sempre no plural e com algumas características essenciais para a função (1Tm 5.17; Tt 1.7; 1 Pe 5.1-2; 1Tm 3.2; 2Tm 4.2; Tt 1.9; At 20.17, 28-31; Tg 5.14; At 15.16).

Dentre esses presbíteros há alguns que são chamados para se afadigarem na Palavra, seguindo mais de perto a decisão dos apóstolos e sucedendo o ministério apostólico como Ministros da Palavra (At 6.4; 1Tm 5.17). Normalmente esses presbíteros que ministram e ensinam são chamados de pastores, isso se deve ao fato de Efésios atribuir à docência aos pastores (Ef 4.11).

Por essas razões, o Pastor é mestre e um verdadeiro Ministro. Tem como sua principal função pregar e ensinar, tanto pela sã doutrina, como pelo exemplo de vida – na espiritualidade e piedade. Pensando nessas questões de piedade e docência é que lanço mão de dois deveres do Ministro: Ser irrepreensível e apto a ensinar (Tt 1.6; 1Tm 3.2). Por isso, o Ministro da Palavra (Pastor) precisa ser um homem santo[1] e douto[2] (culto), pois sem santidade não agrada a Deus e nem verá sua presença (Hb 12.14) e sem a Palavra conduzirá o povo a destruição e miséria espiritual (Pv 29.18; Os 4.6).

A História demonstra que o esforço para nomear ministros menos capacitados e com mais habilidade política e “prática” causou igrejas mais mundanizadas, secularizadas e acostumadas com modismos. A ênfase na prática em detrimento do conhecimento profundo tem produzido doutrinas controvertidas, heréticas e até práticas seitarias nos cultos públicos. Também vê-se que o predomínio de ministros leigos em algumas denominações promovem divisões sem fim e é a bandeira do movimento neopentecostal, com suas esquisitices.

A crise atual da Igreja no contexto religioso brasileiro é acima de tudo teológica/doutrinária, por isso, o que precisamos na verdade é de ministros do evangelho mais santos e doutos. Homens piedosos, que servem de joelhos com os olhos ao alto e ao mesmo tempo são conhecedores profundos das ciências bíblicas e gerais, verdadeiros teólogos; exercendo seu conhecimento na pregação das Escrituras, na visitação do rebanho, no auxílio aos necessitados e na defesa do evangelho que foi entregue aos santos.

Um Ministro não santo governa a igreja com libertinagem e escandaliza o evangelho do Senhor. Não se submete a ninguém e muito menos a disciplina, seu poder e domínio é absoluto e sua administração é déspota. Não segue a Escritura e se apega ao alegorismo e múltiplas interpretações para justificar seus demandos e libertinagem. É visível homens assim na atualidade, assim como era na Igreja Medieval. Um Ministro não douto (alguns se orgulham da prática) leva a igreja para inovações, sem reflexão e nem razão de ser. A quantidade de ministros aderindo ao neopentecostalismo ou ao movimento de crescimento de igreja é enorme; hoje é comum encontrar em igrejas e até mesmo de minha denominação práticas católicas, superstições, estruturas secularizadas, mensagens de auto-ajuda, interpretações relativizadas da Bíblia, entre outras coisas.

Quero dedicar algumas linhas para expor dois movimentos (modismos) que vem crescendo no Brasil e já entrou sorrateiramente em muitas igrejas históricas. O primeiro é profano e blasfemo, o chamado “Caminho da Graça”. Seu principal tema é a graça; fundado por um lunático que desdém das Escrituras e da Igreja de Cristo. Esse movimento é moralmente orientado pela inclusão e tolerância pós-modernas, rejeitam os ensinos da Bíblia sobre a Igreja e as doutrinas e super valorizam a informalidade (ex: o culto para eles é reunião de amigos ao redor da mesa, a pregação é conversa sobre qualquer coisa). Não vou gastar mais tempo com esse grupo, basta acessar sites e youtube para conhecê-los, é público.

Outro movimento é o chamado MDA (movimento de discipulado apostólico). No link a seguir você pode conferir a história e perceber que começou com novas visões do Espírito e não pela Bíblia, também há uma forte ênfase pragmática (a igreja tem que crescer) - https://www.youtube.com/watch?v=zVSv3wJ7DME. Os princípios de discipulado são bíblicos e acredito que devem ser considerados, os problemas estão nas práticas. Eu mesmo participei de uma conferência em São Paulo e me lembro bem das ênfases em restauração de todos os dons, curas, crescimento numérico, pregação temática e desejo de ser como a igreja primitiva.

Tenho em mãos um documento de uma igreja ligada ao MDA, onde diz que seus discipulandos devem “submissão total”. O ponto onde descrevem essa submissão é posterior a explicação do MDA, onde se afirma que o discipulado se desenvolve com o conceito de paternidade e na questão da submissão, o discipulando deve se submeter ao discipulador da mesma forma como a seus pais. Me lembro recentemente de visitar uma igreja ligada a esse movimento e um pastor auxiliar chamava o pastor presidente de “meu pai”.

Outra questão é que no ponto quatro do material dizem que o discipulando precisa “pensar igual ao discipulador”. É uma corrente de manipulação e subtraem a liberdade de consciência do indivíduo, fazendo acreditar que o movimento é de Deus e o único capaz de retornar a igreja nos moldes primitivos.

Recentemente conversei com um importante pastor batista que entrou e saiu deste movimento, ele me relatou: “Glauco, nós saímos porque percebi que nossas práticas mudaram muito e todas as igrejas de minha região que aderiram ao movimento se tornaram neopentecostais”. Se não bastasse, no mesmo documento citado acima, no ponto 5, pede-se ao discípulo “lealdade plena”. Conforme testemunhas que participaram do movimento “quem discordar das práticas desses grupos é considerado rebelde por seus líderes”.

Para esses movimentos de crescimento de igreja não há liberdade e a tradição deve ser rejeitada e colocada de lado. Concluo esse ponto com a fala de um pastor no culto público sobre sua tradição e denominação: “Eu quero que a convenção b... vá as favas, não quero nem saber, nossa igreja será como a igreja primitiva”. Um pastor me testemunhou que ouviu do mesmo líder: “Faço qualquer negócio para minha igreja crescer”. Lembro-me bem da febre “Igreja com Propósitos”, depois “Vineyard”, Willow Creek”, “MDA”, “Igreja Emergente” e qual será o próximo?

O Ministro santo e douto é importante porque todas as práticas estranhas ao Evangelho de Cristo ou são introduzidas pelo Ministro ou autorizadas por ele. Sendo assim, um Ministro não douto produz leigos ignorantes ao Evangelho, suscetíveis ao erro e uma igreja distante da vontade de Deus e sensível a todo vento de doutrinas e inovações sem fim. Meu apelo é que a Igreja Cristã Protestante invista e motive seus obreiros ordenados e leigos a uma vida piedosa e estudiosa das Escrituras e da teologia bíblica, sistemática e prática. O verdadeiro Ministro da Palavra busca a santidade e simplicidade, assim como busca ser um teólogo para o pastoreio, evangelização mundial e qualidade da sua igreja local.

Que o Deus da nossa vocação nos ajude para sua própria glória!

____________________
Notas:
[1] Santo: Alguém separado para uma vida de piedade e de acordo com a vontade de Deus, separado do mundo.
[2] Douto: Alguém muito instruído, sábio, inteligente, estudioso e doutrinado
***
Autor: Pr. Glauco Pereira
Fonte: Pastor Reformado

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *