quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Devemos ensinar publicamente a predestinação?

.


Por Thomas Magnum


É inegável que os reformados, também conhecidos como calvinistas, são conhecidos pela crença na predestinação incondicional. Muitos até acham que esse foi o tema mais abordado pelo reformador João Calvino, na verdade Calvino falou mais em oração e vida cristã do que na doutrina da predestinação e isso é facilmente observado nas Institutas e em seus comentários, principalmente o dos Salmos. 

Lembro a primeira vez que tive contato com a doutrina da eleição, foi lendo um sermão de Spurgeon sobre o assunto, fiquei estarrecido, assombrado e maravilhado com a grandeza e soberania de Deus. Os efeitos da doutrina da eleição em minha vida foram de sede, temor e adoração. Embora muitos defendam e creiam nessa verdade bíblica contida na Palavra de Deus, existe muita resistência quanto a ensina-la na igreja. Muitos ministros e líderes que professam sua crença confessional temem falar sobre isso nos cultos públicos, achando que é uma mensagem difícil ou dura demais para o povo ouvir.

Nos dias de Agostinho havia alguns franceses que deram início a essa questão, muitos se viam perturbados com a doutrina da eleição. O motivo não era que a doutrina fosse falsa em algum ponto, mas, achavam que a doutrina era perigosa e ofensiva, optando por suprimi-la e não coloca-la em evidência. Hoje também temos grupos que preferem não falar sobre o assunto, ainda que sua confissão denominacional professe a predestinação, para evitar contendas e dissenções. Creem que isso é preferível para preservar a unidade da igreja e a tranquilidade da consciência. Com isso é comum observarmos que muitos chamam a doutrina da eleição de crença secundária. A verdade de Deus não pode ser secundária e nem pode ser ofuscada por tolices humanas que se tornaram um clichê que, em vez de edificar, macula e detém o crescimento dos santos.  

Ao analisarmos essa questão biblicamente, veremos que ela não se sustenta perante o ensino das Escrituras Sagradas. Em sua despedida dos irmãos de Éfeso o apóstolo Paulo nos diz:

Vocês sabem que não deixei de pregar-lhes nada que fosse proveitoso, mas ensinei-lhes tudo publicamente e de casa em casa. Atos 20.20 NVI

Podemos observar que todo o desígnio de Deus foi ensinado por Paulo como diz outra versão. Devemos nos submeter ao que a Escritura diz, toda a Palavra deve ser pregada (Tota Scriptura) e ensinada ao povo. Lemos ainda em 2Timoteo 3.16,17:

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.

O Texto já fala por si mesmo, a Palavra de Deus é divinamente inspirada e para que? Para tornar o homem perfeito e isso vem pelo ensino e exposição das Escrituras. Em outro lugar observamos o objetivo da predestinação:

Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. Romanos 8.29

O objetivo da eleição é para sermos conforme a imagem de Jesus. Logo, se a doutrina da eleição nos leva a sermos semelhantes a Cristo, porque não ensina-la? Ainda tomando mais um texto bíblico observamos o Senhor dizendo: 

Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.” João 17.17

Toda a Palavra de Deus é verdade, não uma parte dela. E Paulo nos adverte que a Igreja de Deus é a coluna e firmeza da verdade (I Timóteo 3.15), se somos baluarte da verdade se somos coluna e firmeza da verdade, temos que pregar a verdade, como lemos em João 17, a Palavra de Deus é a verdade e ela fala da predestinação. Como Paulo disse em Éfeso temos que dizer também: “pregamos todo o desígnio de Deus”. Logo, se a Escritura é a verdade, e a verdade liberta o homem (João 8.36) e essa verdade ensina a predestinação, devemos pregar publicamente. O teólogo Fraçois Turretini diz:

Daí crermos que essa doutrina não deve ser totalmente suprimida com base numa modéstia irracional, nem ser esquadrinhada curiosamente com presunção temerária. Antes, deve ser ensinada sóbria e prudentemente com base na Palavra de Deus, de modo que evitem os rochedos traiçoeiros: de um lado, o rochedo da “ignorância fingida”, que nada deseja ver propositadamente se cega para as coisas reveladas; do outro, o rochedo da “curiosidade injustificada”, que se ocupa em ver e entender tudo, até mesmo os mistérios. Destrói-se o primeiro, que (pecando por falta) crê que devemos abster-nos da proposição dessa doutrina, e o segundo, que (pecando por excesso) deseja fazer tudo com esse mistério escrupulosamente acurado (exonychizein) e acredita que nada dela deve ser deixado de lado sem ser posto a descoberto (anexereuneton). Contra ambos, declaramos (com os ortodoxos) que a predestinação pode ser ensinada com proveito, contanto que isso seja feito sobriamente, com base na Palavra de Deus. [1]

Jesus ensinou a doutrina da predestinação: 

Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Mateus 25.34

Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus. João 8.47

Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.” João 15.16

Paulo ensinou:

Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou. Romanos 8.29,30

Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo.” Efésios 1.4,5,9

Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos. II Timóteo 1.9

Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo. I Tessalonicenses 5.9 

Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do SENHOR, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade. II Tessalonicenses 2.13

Ver também Romanos 9 todo o capitulo.

Pedro ensinou: 

Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.” Atos 2.39 

Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas. I Pedro 1.2

Lucas ensinou: 

E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam designados para a vida eterna. Atos 13.48

Thiago Ensinou: 

Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação. Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas. Thiago 1.17,18

João Ensinou:

Saúdam-te os filhos de tua irmã, a eleita. Amém.” II Jo 13

A doutrina da predestinação é um santo ensinamento da Palavra de Deus, por isso o tema deve ser pregado e ensinado com santo zelo e prudência. Calvino é acusado por muitos desconhecedores da doutrina bíblica e da história da igreja de ter criado a doutrina da predestinação, acabamos de ver que isso não é verdade, a Bíblia ensina o assunto abundantemente, vale notar que só nos atemos ao Novo Testamento, pelo foco do texto que é sobre a exposição da doutrina na igreja. Agostinho bem antes de Calvino abordou o tema de forma volumosa também. No entanto, vale citarmos o reformador: 

Quando homens quiserem fazer pesquisa sobre a predestinação, é preciso que se lembrem de entrar no santuário da sabedoria divina. Nesta questão, se a pessoa estiver cheia de si e se intrometer com excessiva autoconfiança e ousadia, jamais irá satisfazer a sua curiosidade. [2] O fundamento de nossa vocação é a eleição divina gratuita, pela qual fomos ordenados para a vida antes que fôssemos nascidos. Desse fato depende nossa vocação, nossa fé, a concretização de nossa salvação. [3] 

Portanto, fica para nós o conselho de Paulo a seu filho na fé Timóteo:

Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.  II Timóteo 4 . 2

Sola Scriptura, Tota Scriptura.

_________
Notas:
[1] Compêndio de Teologia Apologética, François Turretini. Ed. Cultura Cristã
[2] Institutas da Religião Cristã, João Calvino. Ed. Unesp
[3] Exposição de Gálatas, João Calvino. Ed. Fiel

***
Fonte: Bereianos
.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

FAMÍLIA, LUGAR DE AMIZADE


Por Hernandes Dias Lopes

O livro de Provérbios enaltece a verdadeira amizade, quando diz: “Em todo o tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão” (Pv 17.17). Os nossos melhores amigos devem estar dentro da nossa casa. Nossos amigos mais achegados devem sempre ser os membros da nossa própria família. Infelizmente, escasseiam-se os exemplos nobres da verdadeira amizade. Nem todas as pessoas que desfrutam da nossa amizade são nossos amigos verdadeiros. A palavra de Deus fala de Jonadabe, sobrinho de Davi, que deu um perverso conselho para Amnon, filho mais velho de Davi. A influência perversa de Jonadabe trouxe grandes tragédias para a família de Davi. Há amigos nocivos que são agentes de morte, e não embaixadores da vida. Há amigos utilitaristas que só se aproximam de você para conseguir algum proveito pessoal. Há amigos de boteco que apenas alugam seus ouvidos para conversas tolas e indecorosas. O verdadeiro amigo é aquele que está ao seu lado na hora mais escura da sua vida. É aquele que chega quando todos já se foram. O amigo ama sempre e na desventura é que se faz o irmão.

A família é esse canteiro divino onde devemos cultivar a amizade verdadeira. Um dos exemplos clássicos dessa amizade é a devoção de Rute à sua sogra Noemi. Muito embora Rute fosse moabita e Noemi uma viúva pobre, estrangeira e idosa, Rute apega-se a ela e torna-se melhor do que dez filhos para ela. Rute e Noemi, ambas viúvas, emergem das brumas do desalento e fortalecidas pela amizade e sustentadas pela divina providência, fazem uma jornada pontilhada de vitórias esplêndidas, pois Rute tornou-se avó do rei Davi e ancestral do Messias.

A família precisa ser lugar de encorajamento para os fracos e ânimo para os abatidos. A família é o hospital de recuperação para os doentes e o campo de treinamento para os grandes embates da vida. Na família somos aceitos não por causa de nossas virtudes, mas apesar de nossos fracassos. É no recôndito do lar que nosso caráter é forjado, nossa personalidade é firmada e nosso temperamento é provado. Na arena da família, quando caímos, somos levantados. Quando ficamos tristes, somos consolados. Quando erramos, somos perdoados. A família é lugar de aceitação, perdão e cura. É no recôndito sagrado da família que temos os nossos mais sinceros amigos, aqueles que estarão ao nosso lado, mesmo quando todos nos abandonarem e iluminarão nosso caminho mesmo nas noites mais escuras da alma.

A vida seria cinzenta sem verdadeiras amizades. Não fomos criados para a solidão. Deus nos fez à sua imagem e semelhança e ele é plenamente feliz na plena comunhão que sempre existiu entre as três pessoas da Trindade. Por termos as digitais do criador estampadas em nossa vida, a solidão nos é estranha e amarga. Nascemos dentro de uma família e Deus nos ordena a constituirmos uma família. É na família que usufruímos o pleno significado da existência. É na família que crescemos e nos multiplicamos. É na família que cumprirmos o nosso mandato cultural. É na família que aprendemos a dar e a receber. É na família que aprendemos a respeitar e a perdoar uns aos outros. É na família que aprendemos a suportar uns aos outros em amor. É na família que cultivamos a verdadeira amizade.

Nem sempre, porém, a amizade trescala seu embriagador perfume na família. Às vezes, há hostilidades e mágoas; outras vezes, há ódio e indiferença. Há muitas famílias, onde as pessoas têm o mesmo sobrenome e moram debaixo do mesmo teto, mas não se amam nem se respeitam. Vivem sem o óleo da alegria e sem o bálsamo da paz. É hora de cultivarmos amizades sinceras e desfrutarmos da amizades leais. É hora de imitarmos a Cristo, nosso supremo modelo. Dele são as palavras: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (Jo 15.13).

***

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

POR QUE ALGUNS ADOLESCENTES E JOVENS MESMO TENDO PAIS CRISTÃOS NÃO QUEREM MAIS IR A IGREJA?




Volta e meia e ouço alguns pais reclamando que seus filhos não querem mais ir a igreja. Lamentavelmente são incontáveis o número daqueles que choram pelo fato de seus filhos não desejarem mais cultar ao Senhor no ajuntamento dos santos. Ora, eu não quero ser simplista, mesmo porque, bem sei que existem inúmeros fatores externos e internos que colaboram para que um jovem não queira ir a igreja, todavia, acredito que um dos motivos preponderantes esteja relacionado ao fato dos pais negligenciarem o culto ao Senhor. 

Quantos não são aqueles que faltam cultos para assistirem uma partida de futebol na televisão? Ou quantos não preferem ficar em casa devido ao cansaço ou a chuva que cai sobre sua cidade? Pois é. os motivos são os mais variados não é mesmo? Se não bastasse isso, existem alguns pais que justificam a sua ansência ao culto cristão pelos seguintes motivos:
  1. É muito difícil levar um bebê para a igreja!
  2. Meu bebê não se acostuma ficar no berçário e chora muito!
  3. Você não imagina o quão complicado é arrumar uma crianca para sair de casa.
  4. Coitadinha da criança, brincou o dia inteiro, não vou acordá-la para ir a igreja.
  5. Meu filho faz muito barulho e não consigo controlá-lo, atrapalhando, assim, o culto!
  6. Não consigo segurar meu filho comigo sentado na igreja e por isso prefiro não ir!
  7. Tirar meu filho pré-adolescente da cama no domingo de manhã é algo impossível!
  8. Meu filho não gosta de ir à igreja e não tenho como obrigá-lo!
  9. Coitadinho, ir a igreja todo domingo é massante, afinal de contas ele é uma criança e precisa se divertir.
Caro leitor, eu também sei que o fato de levar os seus filhos dominicalmente aos culto não serve como garantia de  que permancerão no Senhor, entretanto, o fato de demonstrarmos com nossas atitudes que amamos a Deus e que devido isso nos reunimos com outros cristãos para adorá-lo, ensinará as nossas crianças que na escala de valores Deus vem em primeiro lugar. Em contrapartida, quando damos escusas para não irmos a igreja, contribuimos para que os nossos filhos entendam que cultuar ao Senhor não é tão importante assim. As Escrituras nos ensinam que devemos ficar alegres por irmos a Casa do Senhor. (Salmos 122:01) Nos ensina também que devemos instruir a criança no caminho que deve andar e quando for velho não se desviará dele. ( Provérbios 22:06)

Ora, veja bem, o texto diz que a criança deve ser ensinada no CAMINHO, isto é, pais não somente ensinam o que fazer, mas fazem juntos. Portanto, se você deseja que os seus filhos cresçam, e andem nos caminhos do Senhor, dê o exemplo mostrando aos seus filhos que não existe nada mais importante do que servir ao Senhor.

Pense nisso, até porque, depois não adianta chorar pelo leite derramado.

Renato Vargens
Fonte:Púlpito cristão

Providência em tudo da vida

.


Por John Frame


A maioria dos cristãos que conheço fala de providência quando algo bom e incomum lhes acontece. Alguém parece arrumar seu pneu, e você chega em seu encontro exatamente no horário marcado. Quando você teme que perderá o pagamento do seu aluguel, um cheque (com precisamente a quantia que você necessita) chega via correio. Você ora pela cura de alguém amado e um pouco depois você encontra um tratamento médico que tem sucesso, quando tudo o mais falhou. Estas coisas acontecem, e nestas ocasiões frequentemente a palavra “providência” aparece em nossas línguas.
  
Assim, providência se torna a alternativa cristã para “sorte”. Quando alguém diz “boa sorte”, alguns cristãos advertirão que não cremos em sorte, mas somente na providência de Deus. Sorte é algo impessoal, um tipo de destino ou acaso. A providência está nas mãos do nosso Deus amoroso.
  
Usar a palavra “providência” para descrever bênçãos divinas especiais e coincidentes é perfeitamente correto. Nós experimentamos tais bênçãos, e providência é tão boa quanto qualquer outra palavra para descrevê-las. Mas deveríamos estar cientes de que a definição teológica de providência é muito mais ampla do que isto. A definição de providência é, certamente, teológica. A palavra é raramente, se é que alguma vez, encontrada nas traduções portuguesas da Bíblia, de forma que o conceito de providência é, até certo ponto, a tarefa de teólogos. Estes teólogos agruparam várias idéias bíblicas sob o nome de providência, e será útil para nós olharmos para tais idéias.
  
Catecismo Menor de Westminster define providência na resposta à pergunta 11: “As obras da providência de Deus são a sua maneira muito santa, sábia e ponderosa de preservar e governar todas as suas criaturas, e todas as ações delas”. Primeiro, note que a providência de Deus é universal. Ela se estende a todas as criaturas de Deus e a todas as ações delas. Assim, Efésios 1:11 fala do Deus que “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade”. É correto vermos a mão de Deus nas bênçãos especiais da vida. Mas é importante vermos a mão de Deus em nossas provas, dores e sofrimentos; até mesmo em nossas próprias decisões. A mão amorosa de Deus opera em tudo que acontece comigo e em tudo que faço. Assim, Paulo nos chama a sermos gratos em tudo (1 Tessalonicenses 5:18).
  
Frequentemente ouvimos que deveríamos ser gratos pela misericórdia de Deus em meio aos problemas. Mas é duro ver a mão de Deus em nossas decisões pecaminosas e ignorantes. Reconheçamos, contudo, que a mão de Deus na providência está nestas decisões também. Lembra-se que os irmãos de José o venderam como escravo? Mais tarde ele lhes disse: “Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós mesmos por me haverdes vendido para aqui; porque, para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós” (Gênesis 45:5) e “vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem” (Gênesis 50:20). Os irmãos fizeram uma decisão pecaminosa. Mas aquela decisão pecaminosa era parte da providência de Deus, para manter a família de Jacó viva. O relacionamento entre a providência de Deus e o pecado humano é de fato misterioso. Mas é sempre verdade que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Romanos 8:28). Não deveríamos agradecer a Deus pelo pecado, mas deveríamos agradecê-lo de todo coração por usar o pecado para promover seus bons propósitos.
  
O Catecismo também nos diz que na providência Deus “preserva” e “governa”. Governar aqui não é tanto uma metáfora política quanto é a ideia de um piloto dirigindo um navio a bombordo. Quando Hebreus 1:3 diz que Jesus “sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder”, o retrato não é tanto aquele de Atlas sustentando o mundo sobre os seus ombros, mas de um corredor de revezamento levando um bastão até a linha de chegada. O governo de Deus é um conceito dinâmico, um que dá direção à natureza e história. O progresso do mundo está se dirigindo para um objetivo, para o cumprimento de todos os propósitos de Deus no retorno de Cristo. A história não é apenas uma coisa após a outra. Ela é uma narrativa maravilhosa, que levará a uma conclusão plenamente satisfatória (algumas vezes surpreendente).

“Preservação” é outro aspecto da providência mencionada no Catecismo. Ela significa várias coisas:
  
(1) Deus preserva a existência do mundo. Sem sua permissão (e especificamente aquela de Jesus Cristo), o mundo feneceria (Colossenses 1:17).
  
(2) Deus também preserva o mundo postergando o julgamento final até seus propósitos serem completados. Assim, ele prometeu a Noé que não destruiria o mundo através de outro dilúvio (Gênesis 8:21-22). Até então, os dias e estações sucederam um após o outro de uma maneira regular. Um dia, certamente, haverá outro desastre – desta vez com fogo (2Pedro 3:7) – como nos dias de Noé, quando Deus virá no julgamento final. Entre o dilúvio e o julgamento, contudo, Deus se detém. Por que? Para dar tempo à igreja, para que esta pregue o Evangelho a todo o mundo, e dê a oportunidade para pessoas se arrependerem de seus pecados e se voltarem para Cristo (2Pedro 3:9).
  
(3) Preservação também se refere ao modo como Deus nos protege do perigo durante todas as nossas vidas. Como Deus usou o pecado dos irmãos de José para providenciar alimento para eles no Egito, assim Deus regularmente “preserva o fiel” (Salmos 31:23). Outro Salmo diz “que [ele] preserva com vida a nossa alma e não permite que nos resvalem os pés” (Salmos 66:9). Isto é o que usualmente pensamos quando usamos o termo “providência”. Ela inclui todas as coincidências preciosas às quais me referi no começo deste artigo. Deus frequentemente intervém e nos resgata, quando mais precisamos de sua ajuda. Certamente, este tipo de providência tem um limite. A menos que vivamos até o retorno de Cristo, nós todos morreremos. Mas, certamente, até mesmo então a mão de Deus nos sustenta. Se você pertence a Cristo, nem mesmo a morte pode te arrebatar da mão de Deus (João 10:29). O Senhor cumpre sua promessa de vida longa (Efésios 6:3), ultimamente, na vida eterna. E esta vida eterna começa na vida presente. Todo mundo que confia em Cristo já possui a vida eterna (João 5:24).

Assim, a providência envolve muito mais do que algumas vezes pensamos. Sim, Deus nos dá pequenas surpresas durante a vida, e é uma bênção maravilhosa saber isso. Mas a providência também se estende a tudo o que acontece. Ela abarca todo o tempo e espaço. Ela nos conduz desde a criação até a eternidade futura. Tal providência merece nosso louvor extasiado: “Aleluia! Rendei graças ao SENHOR, porque ele é bom; porque a sua misericórdia dura para sempre” (Salmos 106:1).

***
Fonte: Monergismo via Bereianos
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

ABSALÃO E AS ANTIGAS ESTRATÉGIAS DA POLÍTICA MODERNA


Por Ericon Fábio

Nestes dias que antecedem o pleito para escolha popular dos magistrados em nosso País, são nitidamente observáveis as estratégias de campanha dos candidatos, que se utilizam de diversos meios para conquistar a confiança do povo e lograr êxito nas eleições que se aproximam. Geralmente os candidatos agem de maneira leviana e sem qualquer tipo de pudor e ética. A história Bíblica nos mostra que tais práticas não são recentes. Bem antes mesmo que os cientistas políticos identificassem estas artimanhas eleitoreiras, a Palavra de Deus já revelava os intentos perversos dos homens em busca do “trono”, como ocorreu com Absalão, um dos filhos do rei Davi.

As Escrituras relatam a conspirata por parte de Absalão para com seu pai, afim de usurpar a coroa real e se tornar o líder daquela nação (2 Samuel 15.1-12). Observemos seus artifícios:

Atrair a simpatia do povo: Ciente de que Davi gozava de grande empatia e prestígio por parte dos israelitas, Absalão procurou se aproximar da população. Sua primeira medida foi ir para o corpo a corpo com o povo para furtar o coração do povo. Sua presença diária à porta da Cidade para receber cada um daqueles que buscavam ao rei Davi. Com aparente cordialidade, sutilmente ele foi atraindo a simpatia de seus conterrâneos, e entre abraços e beijos, foi conquistando a lealdade dos homens de Israel. Fato semelhante a este acontece em épocas de campanha eleitoral. É comum nos esbarrarmos em candidatos que estão a cada esquina, cumprimentando e acenando atenciosamente gratuitamente, impulsionados pela busca exacerbada por votos.

Instigar o povo contra o rei: Não demorou muito para que Absalão começasse a provocar na população de Israel um sentimento de indignação em relação ao Rei Davi. O filho usurpador acusava o monarca de dá pouca atenção as demandas trazidas pelos moradores da região. “Então, Absalão lhe dizia: Olha, a tua causa é boa e reta, porém não tens quem te ouça da parte do rei.”. Sua presença diária com o povo, somada as críticas ao atual governo, ao mesmo passo que causava ira, provocava instintivamente o desejo de mudança dentre o povo. Levar o povo a uma reflexão é totalmente legítimo, mas se valer de acusações levianas e infundadas é uma manobra repugnante. O rei Davi, não foi conhecido por ingerência, mas foi um brilhante governante para Israel.

Fazer promessas de melhoria: Mas Absalão não apenas apresentava as falhas do governo de seu pai, mas apresentava-se como o solucionador de tais problemas. As promessas também faziam parte da estratégia para obter o trono real. "Quem me dera ser designado juiz desta terra! Todos os que tivessem uma causa ou uma questão legal viriam a mim, e eu lhe faria justiça", este era o discurso de Absalão, como aquele que seria capaz de resolver as falhas do reinado de Davi. O governo vigente era injusto, mas ele era justo, a administração atual era ausente, mas ele estaria sempre presente assistindo o povo em suas necessidades. Um discurso de esperança.  E a cada quatro anos aparecem messias por todos os lados, se apresentando como real solução para os problemas sociais e econômicos da nação, como Absalão.

Conquistar seguidores: Não demorou muito para que o filho do rei conquistasse um número cada vez crescente de seguidores. A escolta composta de cinquenta homens (v.15) em quatro anos quadruplicou. A conspiração ganhou força, e cresceu o número dos que seguiam Absalão.Ao retornar de Hebrom (2 Sm 15.10), onde se proclamou rei, para dá suacartada final, já eram duzentos homens. Seus aliados sequer suspeitavam que estavam sendo usados por Absalão para tomar o poder de Davi. Os israelitas foram ingenuamente enganados e participavam ativamente do plano de Absalão. Uma massa alienada a serviço de um político inescrupuloso, este era o cenário de Israel. Uma adesão em massa pode ser letal para qualquer sociedade, quando seus militantes lutam em prol de objetivos particulares de seus comandados em detrimento de melhorias para toda sociedade.

Apesar de toda investida, ao final de sua empreitada, Absalão não logrou êxito. Foi morto no campo de batalha, no “bosque de Efraim”, antes de alcançar o posto tão almejado. Deus preservou o reinado de Davi, para cumprir a aliança que havia estabelecido com seu servo (2 Sm 7.16). Apontando assim para o messias prometido que viria de sua descendência (Ap 5.5), cujo trono, é para todo sempre.

As similaridades das atitudes de Absalão com a dos políticos atuais em busca do poder, principalmente neste período eleitoral, são bastante claras. É certo que a monarquia é totalmente distinta do regime democrático, mas traçando uma paralelo comportamental, só muda o sistema de governa, pois os homens continuam se valendo das mesmas práticas pecaminosas. Independente de formas de governo a luta pelo poder, incorre sempre pelos mesmos córregos mal cheirosos da politicagem. Por trás da disputa legítima pelo magistrado, existem interesses mesquinhos de homens que querem o poder pelo poder. Para estes, os meios justificam os fins. Eles estão dispostos a caluniar, perseguir, usar e furtar o coração do povo. É preciso ter cuidado com os muitos “Absalões” que estão à procura de nosso voto.

Que o Senhor nos dê discernimento em nossas escolhas, para que possamos votar de maneira sábia.

***

Ericon Fábio é missionário presbiteriano e colunista do UMPdaQuarta

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Falsos Apóstolos já Atacavam Igrejas no Novo Testamento

.


Por Rev. Augustus Nicodemus Lopes


Examinemos agora o caso daqueles a quem o apóstolo Paulo chama de “superapóstolos” e “falsos apóstolos”, na sua segunda carta aos coríntios (2Co 11.5; 11.13 e 12.11). Trata-se de obreiros que apareceram na igreja de Corinto, ostentando o título de apóstolos, apresentando credenciais que supostamente provavam esta reivindicação, querendo diminuir Paulo como apóstolo e assumir a liderança da igreja.

Paulo os chama de “super apóstolos,”  (2Co 11.5; 12.11), provavelmente como uma ironia.[1] Os tais se apresentavam com reivindicações extravagantes e se colocando acima de Paulo e talvez dos doze. Paulo os considera “falsos apóstolos” (2Co 11.13), não somente porque a mensagem deles representava um desvio do ensino apostólico original, mas também porque eram imitadores, tentando se passar por apóstolos de Cristo. [2]

Robertson e Plummer afirmam que “não poderia ter havido falsos apóstolos (2Co 11.13), a menos que o número de Apóstolos [sic] fosse indefinido”. [3] O que eles querem dizer é que se reconhecia a existência de apóstolos além de Paulo e dos doze, e que não havia limite para o número de apóstolos naquela época. De acordo com esta interpretação, os “falsos apóstolos” eram falsos não porque estavam usurpando um título que era somente dos doze ou de Paulo, pois havia muitos outros apóstolos além deles. Eles eram falsos somente porque pregavam um falso evangelho. Assim, de acordo com esta linha de interpretação, a existência de falsos apóstolos no período apostólico é uma prova de que havia muitos apóstolos em atividade naquela época e que consequentemente não existe nenhuma razão pela qual se deva negar a existência deles em nossos dias.

Todavia, uma análise mais atenta aos textos de 2 Coríntios que se referem aos falsos apóstolos, parece sugerir que Paulo os considera “falsos” não somente por serem falsos mestres, mas também por serem usurpadores do título. Eles se apresentavam como apóstolos similares aos doze e a Paulo, e não como enviados de alguma igreja para cumprir uma missão. Eles queriam poder, autoridade, reconhecimento e, especialmente, GANHAR DINHEIRO. Suas credenciais envolviam sonhos, visões, revelações, milagres, ascendência judaica e outras coisas destinadas a impressionar os crédulos coríntios. É verdade que haviam outros apóstolos além de Paulo e dos doze, conforme já mostramos anteriormente, mas estes que apareceram em Corinto não eram do nível de Silas, Timóteo, Barnabé ou Epafrodito – não, eles eram “superapóstolos”, como os doze e acima de Paulo. Eles eram falsos porque o grupo de “apóstolos de Jesus Cristo” ao qual eles queriam pertencer – os doze e Paulo – era limitado. [4]

Examinemos mais de perto as evidências. Quase que certamente esses obreiros eram judeus, supostamente convertidos ao Cristianismo, pregadores itinerantes, que se vangloriavam de sua ascendência judaica e de serem ministros de Jesus Cristo. [5] Eles haviam entrado na igreja de Corinto e estavam fazendo graves acusações contra Paulo, o que levou o apóstolo a ter de escrever esta carta depois de haver visitado a cidade para tratar do assunto.

Paulo diz que eles “mercadejavam a Palavra de Deus”, uma alusão às exigências financeiras que estavam fazendo (2Co 2.17). Eles se apresentavam com “cartas de recomendação,” provavelmente da igreja de Jerusalém, com o intuito de imporem a sua autoridade sobre a igreja (2Co 3.1-3). [6] Ao apresentar-se como “ministro de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito” (2Co 3.6) e ao fazer o contraste entre o Evangelho e o Judaísmo (2Co 3.6-18), Paulo deixa transparecer que eles pregavam as glórias da antiga aliança baseada na lei de Moisés como superior ao Evangelho de Paulo. [7] Ao fazer isto, eles astutamente “adulteravam” a Palavra de Deus (2Co 4.2) e pregavam a si mesmos e não a Cristo (2Co 4.5). Paulo os critica por se “gloriarem na aparência”, o que pode ser uma referência ao fato de que se gloriavam de ser judeus legítimos, talvez de Jerusalém, ao contrário de Paulo que era da Dispersão (2Co 5.12). Eles haviam sugerido que Paulo havia enlouquecido (2Co 5.13). Criticavam-no por proceder como o mundo (2Co 10.2) e de ser covarde, pois escrevia cartas fortes e graves quando estava distante, mas quando estava presente, sua apresentação pessoal era “fraca” e sua palavra “desprezível” (2Co 10.9-10; cf. 11.6). Eles insinuavam que Paulo queria aproveitar-se financeiramente deles, ao inventar uma coleta para os pobres de Jerusalém (2Co 8.14-18). [8] Eles apresentavam-se como verdadeiros israelitas (2Co 11.22) e “ministros de Cristo” (2Co 11.23), talvez operadores de milagres (2Co 12.12), que tinham visões e revelações do Senhor (2Co 12.1). Apresentavam-se como no mesmo nível de Paulo, ou mesmo como superiores a ele, por terem maiores e melhores credenciais (2Co 11.12). A igreja de Corinto, ou um grupo dentro dela, estava aceitando a presença e o discurso deles, com suas críticas a Paulo, que certamente tinham o objetivo de minar a sua liderança e autoridade e, finalmente, assenhorear-se da comunidade (2Co 11.1-4).

A resposta de Paulo a tudo isto vem de várias maneiras. Primeira, ele responde às reivindicações destes “apóstolos” apresentando, constrangido, as suas próprias credenciais apostólicas, aceitando, num primeiro momento, que estas credenciais definem um apóstolo de Cristo: ele também é judeu (2Co 11.22), faz sinais e prodígios (2Co 12.12), tem visões e revelações do Senhor (2Co 12.1-4).

Mas, paralelamente, Paulo apresenta as credenciais de um verdadeiro apóstolo que estes “apóstolos” não tinham, e que o faziam um verdadeiro “ministro de Cristo,” em contraste com eles, que eram ministros de Satanás: eles traziam cartas de recomendação, mas a recomendação de Paulo eram os próprios coríntios, convertidos pela sua pregação (2Co 3.1-4). Eles se vangloriavam de seus predicados e credenciais, mas Paulo se gloriava de seus sofrimentos (2Co 6.4-10), de um espinho na carne (2Co 12.7-10) e de ter tido de fugir uma vez de uma cidade descido num cesto, pelo muro, para não ser morto pelos judeus (2Co 11.32-33).

Terceiro, Paulo os denuncia como “falsos apóstolos,” “obreiros fraudulentos,” que na verdade eram ministro de Satanás travestidos de ministros de Cristo, seguindo a estratégia do diabo de se passar por Deus (2Co 11.13-15). Ele apela aos coríntios para não se porem em “jugo desigual com os incrédulos,” no que parece ser uma referência a estes falsos apóstolos (2Co 6.14-18).

Fica evidente, então, de nossa análise, que estes obreiros fraudulentos haviam arrogado a si mesmos o título de apóstolos de Jesus Cristo, numa tentativa de se imporem autoritativamente sobre as igrejas, numa espécie de imitação dos doze, com o fim de dominarem sobre elas. Eles eram apóstolos falsos, não somente porque o grupo de apóstolos ao qual eles reivindicavam pertencer estava já fechado, mas também porque não possuíam as credenciais essenciais de um verdadeiro apóstolo. Além disso, estavam adulterando a Palavra de Deus no intento de auferir ganhos financeiros das igrejas.

Nossa conclusão está de acordo com o fato de que apareceram muitos, quando os doze e Paulo ainda viviam, reivindicando um status similar. Encontramos um exemplo disto no livro de Apocalipse, na carta à igreja de Éfeso: “Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos” (Ap 2.2). À semelhança do que havia acontecido em Corinto, homens maus apareceram na igreja de Éfeso dizendo-se apóstolos. Ao contrário do que havia acontecido na igreja de Corinto, os crentes de Éfeso puseram estes apóstolos à prova – certamente examinando as suas reivindicações, suas credenciais e sua mensagem – e concluíram que eles eram impostores, no que foram aprovados pelo Senhor. Aqui cabem as palavras de Spence-Jones: “Chamar um homem de sucessor dos apóstolos, o qual não tem o caráter apostólico – nobreza, lealdade a Cristo e total auto-abnegação – é uma farsa malévola”. [9]

O status de apóstolo era cobiçado desde cedo na história da igreja cristã, não como um indicativo de alguém que estava envolvido na obra missionária, mas pelo poder, autoridade e respeito que este status comandava. E é exatamente neste sentido que ele vem sendo apropriado e usado por muitos hoje que se apresentam como apóstolos de Jesus Cristo.

__________
Notas:
1. Cf. “tais apóstolos”, ARA; “superapóstolos”, NVI; “superapóstolos” NTLH. A ARC, todavia, traduziu como sendo uma referência não irônica,“aos mais excelentes apóstolos”, o que altera substancialmente a interpretação da passagem, sugerindo que estes apóstolos “mais excelentes” eram os doze com quem Paulo estava se comparando.
2. Alguns estudiosos sugerem que Paulo estava se referindo ironicamente aos doze apóstolos de Jesus Cristo, sediados em Jerusalém. Contudo, diante dos relatos do livro de Atos e de Gálatas capítulo dois, da concordância e harmonia entre Paulo e os doze, esta sugestão não se sustenta. Veja os argumentos contra a ideia de que os “superapóstolos” eram os doze em Kirk, “Apostleship since Rengstorf,” 253.
3.  Robertson, Corinthians, 279.
4.  “Apóstolos de Jesus Cristo” é uma designação quase que exclusiva dos doze e Paulo no Novo Testamento, cf. a argumentação na seção “Apóstolos de Jesus Cristo”.
5.  Cf. Carson, New Bible Commentary, na Introdução.
6.  Isto não quer dizer que os apóstolos de Jerusalém estariam de acordo com a atividade sectária e mercenária deles, em Corinto.
7. Para uma posição contrária, veja Clark, “Apostleship,” 359-360 e Carson, New Bible Commentary, Introdução. Mesmo admitindo que os oponentes de Paulo eram judeus cristãos, Carson não acredita que eram judaizantes, como aqueles que infestaram as igrejas da Galácia. Contudo, o contraste entre as duas alianças no capítulo 3 só faria sentido no contexto de uma mensagem judaizante dos oponentes de Paulo.
8. Esta é, provavelmente, a razão pela qual Paulo toma várias precauções para evitar acusações de apropriação indébita das ofertas que ele haveria de levar a Jerusalém, cf. 2Co 8—9.
9. Spence-Jones, Galatians, 140.

***
Fonte: Ministério Fiel

Se você vive nesse contexto e é liderado por algum "apóstolo" ou se deseja conhecer a fundo sobre esse movimento, não deixe de ler o livro Apóstolos - verdade bíblica sobre o apostolado. Você poderá adquiri-lo diretamente no site da Editora Fiel. Acesse o hot site aqui!

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Pr. Silas e Magno Malta detonam hipocrisia de Dilma; assista


Na noite desta segunda-feira (1º), após o debate entre os presidenciáveis no SBT, Dilma Rousseff deu uma declaração em que a defende a criminalização da homofobia no país:
“Sou contra qualquer forma de violência contra pessoas. No caso específico da homofobia, acho que é uma ofensa ao Brasil. Então, fico triste de ver que temos grandes índices atingindo essa população. Acho que a gente tem que criminalizar a homofobia, que não é algo com o que a gente pode conviver”, disse Dilma.
Confira a fala do Pr. Silas Malafaia e deixe o seu comentário:
Na última terça-feira (2) o senador Magno Malta também detonou a hipocrisia da presidente-candidata Dilma Rousseff.
Assista a declaração:

Fonte:Verdade Gospel


Aniversário do Presbitério de Garanhuns

Convidamos a todos para juntos louvarmos ao Senhor por mais um ano de organização do Presbitério de Garanhuns. 


A Consistência da Soberania Divina e da Responsabilidade Humana 1/3

.


Por Matt Perman


No último artigo, nós vimos como pode ser que o Deus de toda eternidade ordenou “tudo quanto acontece” e ainda assim não é “o autor do pecado” (Confissão de Fé de Westminster III.I). Tendo mostrado isso, o assunto que nós iremos focar nesse artigo é: como o controle de Deus sobre todas as coisas não destrói a responsabilidade humana. Como a Confissão de Fé de Westminster prossegue dizendo, a soberania de Deus não violenta a “vontade da criatura”.

Muitas coisas que nós dizemos no último artigo lançam luz nesse assunto da responsabilidade humana sob a providência de Deus. Por exemplo, o fato que o pecado não é um resultado de Deus injetar o mal no coração de alguns, mas mais um problema dele conter sua graça que impediria a pessoa de pecar, é uma coisa que preserva nossa responsabilidade moral e torna claro que Deus não é o autor do pecado. Nós iremos, agora, olhar mais de perto como Deus determina a vontade, que irá primariamente mostrar por que sua soberania não destrói a responsabilidade moral, e secundariamente dar adiante prova do fato que Deus não é o autor do pecado.

Para ser específico, esta análise irá responder duas perguntas para nós. Primeira, como nós podemos sustentar a responsabilidade por nossas ações pecaminosas quando elas são pré-determinadas por Deus? Segunda, como podem nossas escolhas boas serem genuínas quando elas todas foram pré-determinadas e trazidas a tona por Deus?

O Ensino das Escrituras

A primeira coisa que eu gostaria de ressaltar é que as Escrituras vêem a soberania divina como consistente com a responsabilidade moral. Elas ensinam tanto que nós somos responsáveis por nossos atos e que Deus, no final das contas, determina nossas escolhas. Como nós iremos ver em breve, isso nos dá um princípio que é essencial para resolver o mistério.

Em Êxodo 7.2-4 Deus diz a Moisés: “Tu falarás tudo o que eu te ordenar; e Arão, teu irmão, falará a Faraó, para que deixe ir da sua terra os filhos de Israel. Eu, porém, endurecerei o coração de Faraó e multiplicarei na terra do Egito os meus sinais e as minhas maravilhas. Faraó não vos ouvirá; e eu porei a mão sobre o Egito e farei sair as minhas hostes, o meu povo, os filhos de Israel, da terra do Egito, com grandes manifestações de julgamento.” Esta é uma PASSAGEM incrível! No verso 2, Deus diz que Moisés e Arão estão, na autoridade de Deus, para comandar ao faraó que deixe Israel ir. Mas no verso 3, Deus diz que ele irá endurecer o coração do faraó tanto que ele não deixasse Israel ir. No verso 4, nós lemos que Deus irá julgar o faraó e o Egito por sua desobediência. Desta forma, não vemos nas Escrituras a soberania de Deus destruindo a responsabilidade moral de faraó ao endurecer o coração dele, por Deus julgar faraó por sua desobediência. Nós sabemos que o faraó merecia este julgamento porque todos os julgamentos e caminhos de Deus são justos; “todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto” (Deuteronômio 32.4). de fato, mais tarde na história, o próprio faraó reconheceu sua culpa: “Esta vez pequei; o SENHOR é justo, porém eu e o meu povo somos ímpios” (Êxodo 9.27).

Igualmente, no livro de Atos nós lemos que o ato pecaminoso dos judeus, gentios, Heródoto e Pôncio Pilatos que resultaram na morte de cruz de Cristo, foram todos predestinados por Deus (Atos 4.28). Todavia, eles foram considerados moralmente culpados por esses pecados (2.23; 7.52). Jesus parece afirmar no mesmo sentido que a soberania de Deus sobre sua traição e a culpa moral daquele que o traiu: “Porque o Filho do Homem, na verdade, vai segundo o que está determinado, mas ai daquele por intermédio de quem ele está sendo traído!” (Lucas 22.22). Em 2 Tessalonicenses 2.9-12 nós lemos de um tempo quando, para aqueles que rejeitaram o Evangelho, “Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça”. Muitas outras instâncias poderiam ser dadas, mas esta é suficiente para mostrar que as Escrituras crêem que a soberania de Deus é consistente com o fato que ele nos atribui toda responsabilidade por nossos pecados.

As Escrituras também crêem que nossas escolhas boas são genuínas, tanto quanto elas são trazidas por Deus. Em 2 Coríntios 8.16, Paulo diz que o amor e a solicitude de Tito pelos corintos foram colocadas por Deus em seu coração. Desse modo, Paulo considera a solicitude de Tito como genuína, dizendo “partiu voluntariamente para vós outros” (v.17). Ezequiel 33.27 ensina que a obediência dos cristãos é causada pelo Espírito de Deus: “Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos …”. Assim, quem ousaria dizer que sua obediência não é genuína! Igualmente, da fé é dita ser dada a nós vinda de Deus (Filipenses 1.29), ainda assim nossa fé agrada a Deus (Hebreus 11.6).

As Escrituras parecem claramente negar a crença comum que humanos são a causa última que determina suas próprias escolhas (“livre-arbítrio”). Jeremias 10.23 diz: “Eu sei, ó SENHOR, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos”.

De tudo isso, devemos concluir que de acordo com a Escritura, o controle de Deus não destrói a responsabilidade moral em considerar nossos atos pecaminosos, e nem destrói a genuinidade das boas escolhas que os cristãos fazem. Desde que as Escrituras ensinam, nós deveremos acreditar nisso, mesmo que não entendamos como isso se encaixa na lógica. Em outras palavras, nós deveremos acreditar que a soberania de Deus é consistente com nossa ação moral porque Deus diz que isso é assim, e Deus sempre fala a verdade.

Existem aqueles que param após este ponto, dizendo que o modo para ser entendido de como essas coisas são consistentes é um mistério. Isso é perfeitamente normal. Parece-me, porém, que a simples reflexão revela que as Escrituras resolvem muito desse problema. Como isso? Isso me parece desta forma: o fato que as Escrituras ensinam que nós somos responsabilizados pelo que Deus, em última instância causa em nós, ensina que o livre-arbítrio não é um pré-requisito para a responsabilidade moral. Em outras palavras, você não precisa ter o poder de autodeterminação como regra para ter responsabilidade por suas escolhas.

Você vê, a razão que podemos pensar que a relação entre soberania divina e responsabilidade humana é um mistério, é por causa de uma fixa pressuposição que temos: que responsabilidade moral requer que nós tenhamos autodeterminação – que nós tenhamos a palavra final sobre o que irá acontecer. Mas, desde que as Escrituras mostram que Deus, em última instância, determina o que irá acontecer, e ainda assim nós temos responsabilidade por nossas ações, nós devemos concluir que a crença comum que responsabilidade moral requer livre-arbítrio é falsa. Porém, responsabilidade moral é estabelecida por alguma outra coisa vinda da liberdade de determinação de Deus.

E sobre os versos de “escolha”?

Antes de olhar o que nos faz ter responsabilidade por nossas escolhas, há uma coisa que é importante para entender neste ponto. Muito freqüentemente, pessoas tentam refutar a soberania divina mostrando várias passagens onde humanos são ditos fazerem escolhas. O argumento é como este: “Olhe para todos esses versos que dizem que fazemos escolhas. Por exemplo, João 3.36 diz que quem crê no Filho tem a vida eterna. Isso significa que Deus deu-nos o poder de decisão última sobre o que irá acontecer. Ele não controla todas as coisas porque ele deixou muitas coisas sobre nós”.

Mas esse argumento vai além do texto. Aqueles que acreditam no controle de Deus sobre todas as coisas, reconhecem que nós fazemos escolhas. Eu repito: humanos fazem escolhas. Esse não é o assunto que é debatido. O assunto é este: Por que nós fazemos as escolhas que fazemos? Como nós viemos a fazer nossas escolhas? É Deus, talvez, aquele que, em última instância, causa-nos a escolha do que fazemos? As muitas passagens na Bíblia onde nos é dito escolher certas coisas não interessam a esse assunto, por elas não dizerem como é que nós fazemos as escolhas que fazemos. Tudo o que eles dizem é que fazemos escolhas. Com isso, a predestinação concorda. Mas os textos não dizem que nós temos autodeterminação. Eles não lidam com o assunto de se Deus é ou não a causa última atrás de nossas escolhas. Para esse assunto, nós devemos nos voltar para outros textos das Escrituras, que nós vimos que claramente ensinam o controle de Deus sobre todas as coisas. Assim, nós devemos concluir que humanos fazem, realmente, genuínas escolhas. Mas Deus é a causa última que determina o que nós iremos escolher.

Com esse entendimento, nós iremos agora examinar a visão chamada compatibilismo, que se esforça em explicar como a soberania divina é consistente com a responsabilidade humana. Talvez o melhor defensor desta visão, que largamente influenciou este artigo, é o trabalho de Jonathan Edwards chamado On the Freedom of the Will (Na liberdade da vontade).

Depois de dada evidência para o compatibilismo e mostrar como é consistente com o senso comum (e, como nós vimos acima, que isso é assumido pelas Escrituras), nós iremos, então, ver como a visão oposta da liberdade, chamada Arminianismo (que acredita que os humanos têm poder de autodeterminação), é contraditória e impossível.

Tudo que acontece tem uma causa

Uma causa é uma coisa que faz algo acontecer do jeito que é. X é a causa de Y se X é a razão de Y acontecer. Além disso, causas são necessariamente conectadas aos seus efeitos. Em outras palavras, se X faz certo que Y irá ocorrer, X é dito ser a causa de Y. Se a ocorrência de X não faz certo a ocorrência de Y, nós não dizemos que X causa Y. Particularmente, nós poderíamos meramente dizer que X faz Y possível.

Nós todos sabemos que tudo que acontece tem uma causa. Nós vivemos vidas baseadas sobre esta suposição, sem ela, o mundo poderia não fazer sentido. Se seu carro não quer ligar, você tenta encontrar o porquê. Se você fica extremamente doente, você vai ao médico para encontrar o que está causando sua enfermidade. Ninguém espera um tigre enfurecido vir à existência no meio da sala por nenhuma razão. Isso é absolutamente oposto ao senso comum, pensar que algo pode vir a ser sem alguma causa por de trás disto.

Outro bom argumento é que “se um acontecimento não tem causa, então este pode ter sido diferente na forma que ele aconteceu, mesmo se tudo anterior a ele era exatamente o mesmo. Desde que a observação mostra que não importa o que seja, há formas diferentes no modo como as coisas habitualmente acontecem, há também diferenças nas condições primárias, nós podemos concluir que tudo que acontece tem causas”.

Todas as nossas escolhas têm uma causa – isto é, foram feitas por alguma razão

Se todas as coisas têm uma causa, então está claro que nossas escolhas devem ter causas também. Elas não acontecem sem razão. Isso é, na verdade, a concepção que todos nós temos. Freqüentemente nós dizemos um ao outro: “Por que você fez aquilo?” Isso é o mesmo que dizer: “Qual é a razão por de trás de sua escolha? O que fez você agir dessa forma?” A pessoa irá frequentemente responder: “Eu fiz por causa de x, y e z”.

Todas as nossas escolhas são feitas de acordo com as razões que nós pensamos serem as melhores

Mas não existem frequentemente várias razões a favor de várias escolhas? Por exemplo, que tal quando você está entre fazer o dever de casa e ficar com os amigos? Como nós decidimos, então? A resposta é que em toda escolha nós sempre escolhemos a coisa que é mais apelativa a nós. Em outras palavras, nossas escolhas não são apenas feitas por uma razão, elas são feitas de acordo com a razão que nós pensamos ser a melhor. Agora, isso não significa que nós sempre escolhemos o que é mais lógico. Nossas emoções, bem como nossa lógica, participam de nossas decisões. Assim, talvez seja melhor expressar dessa forma: nós sempre escolhemos a opção que nós temos uma grande preferência por ela. Outros dois caminhos para expressar isso são que nós escolhemos de acordo com nosso grande desejo, ou que nós sempre escolhemos o que nós pensamos ser melhor. Mas parece que o caminho mais claro para expressar esta verdade é dizendo “grandes preferências”, porque isso parece conduzir mais claramente ao fato que há uma combinação da lógica e fatores emocionais nas razões de nossas escolhas.

Eu irei dar três razões para sustentar o fato de que nós sempre escolhemos o que preferimos. Primeiro, isso é auto evidente, negar isso é correr para absurdos. As alternativas seriam: “nós sempre escolhemos o que é pior”, ou “nós freqüentemente escolhemos o que nós não queremos”. Segundo, se escolhermos contrários a nossa grande preferência, então, isso significará que uma influência fraca pode sobrepor a influência mais forte – o que é uma contradição.

Terceiro, escolher contrário a sua grande preferência seria igual a escolher sem razão (o que vimos ser impossível). Por que isso? Porque, então, não há explicação por que a pessoa veio a escolher o que ela escolheu. Deixe-me escrever o dilema dessa forma: se você pode escolher contrário a sua grande preferência, você terá uma razão para agir dessa forma, ou não teria. Se há uma razão para você agir dessa forma, então, isso significa que você está realmente fazendo a escolha porque era mais razoável que outra. Mas, isso é o mesmo que dizer que você escolheu de acordo com sua preferência – sua grande preferência sendo a coisa mais razoável. Mas, se havia razões para essa escolha que eram contrárias a sua grande preferência, então a escolha foi essencialmente feita sem causas porque nenhuma razão poderia ser dada para o porque de você escolher uma coisa ao invés de outra. Nessa situação, você poderia ser inclinado a uma certa escolha, e ainda, sem razão alguma, escolher alguma outra coisa. Como vimos anteriormente, é impossível fazer uma escolha sem uma causa.

Mas o que dizer, por exemplo, quando alguém opta por estudar para um teste quando essa pessoa realmente teria encontrado maior prazer em ir ao cinema? Nesse caso, a pessoa desejou os benefícios de longo alcance através da boa nota que o estudo poderia trazer, mais do que o prazer de curto prazo que um bom filme teria trazido. Em si, o filme teria sido mais agradável. Mas considerando todas as coisas, estudar era mais preferível. 

_______________________
Continua nos próximos dias...

***
Fonte: The Consistency of Divine Sovereignty and Human Accountability
Tradução: Rev. Ricardo Moura Lopes Coelho
Revisão: Ruy Marinho
Divulgação: Bereianos

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *