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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Materialismo: um salto de fé

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Por Jorge Fernandes Isah


Sempre entendi que um darwinista baseia todas as suas convicções e conceitos não na ciência, muito menos na comprovação científica ou empirismo, mas na falsa premissa da não existência de Deus.

O que os move não é o conhecimento científico, nem as descobertas que “poderiam” apontar para a não existência de Deus, mas o contrário, eles direcionam e acomodam a ciência para dentro do seu escopo filosófico, o qual se evidencia metodologicamente corrompido pela forma como se manipulam, burlam, gerenciam as informações a fim de se ratificar o pressuposto filosófico da não existência de Deus.

A ciência torna-se apenas o veículo para a corroboração da crença na descrença; o meio pelo qual eles dão vazão aos seus pressupostos através da falsa ideia de que estão à procura da razão e da verdade; quando a ciência transforma-se no meio de propagação doutrinária, a despeito do seu apelo pseudo-racional querer excluir a fé, quando, na verdade, ela está arraigada na fé. É o discurso panfletário idealizando-se anti-panfletário, como se fosse possível condenar o proselitismo religioso usando-se do proselitismo para difundir o materialismo, uma nova religião tão ou mais radical como nenhuma outra já foi.

No fundo, o cético faz da ciência e de si mesmo os seus “deuses”; esses são os elementos forjadores da cosmovisão materialista, e ao rejeitarem o Criador simplesmente o substituem por Suas criaturas [sim, a ciência não é criação humana, mas parte da criação divina, assim como o homem]. É o que Paulo alerta: “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos… Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém” [Rm 1.22, 25]. Na verdade, esse trecho da Escritura explica muito bem o que acontece atualmente: o homem se entregando à pregação, ao discurso, em favor do autonomismo, e assim excluí-se o teocentrismo para, em seu lugar, erguer altares antropocêntricos.

Em suas argumentações e sofismas, os crédulos ateus utilizam-se do fato da ciência não ser neutra para contaminá-la com sua filosofia naturalista, e assim dizer que agem em neutralidade. Parecendo racionais são levianos, e forçam até a exaustão o rótulo de inconsistentes, místicos e preconceituosos aos outros crédulos [em especial, os cristãos] quando suas concepções estão viciadas exatamente pela inconsistência, pelo misticismo, preconceitos e uma metodologia completamente corrompida. Verdadeiramente os naturalistas não estão a serviço da ciência, mas servem-se dela para atingir seus objetivos; usam-na como “ambiente” para disseminar e estabelecer seus dogmas. Em sua maioria são tão fundamentalistas como os fundamentalistas que atacam e execram, pois não estão dispostos ao diálogo, mas à doutrinação mais agressiva que se possa estabelecer e exercitar, e ela começa pelo pressuposto de desqualificar e rejeitar qualquer premissa que não seja igual a “Deus não existe” [não que haja algum benefício em dialogar com eles, pois se encontram de tal maneira presos em seu círculo vicioso que a menor hipótese de liberdade intelectual parecem-lhes pior do que o ferrolho a prender-lhes pés e mãos].

Afinal, quem é mais crédulo? O crente ou o ateu?

É interessante que o “novo ateísmo”[1] proclama a liberdade do homem de todas as formas de opressão religiosa, e o faça direcionando-o explicitamente ao materialismo filosófico, como única e última opção. Ou seja, prega-se uma “libertação”, mas essa libertação somente existirá se o liberto tornar-se ateu. Não é interessante? Quer dizer que para se ser livre o homem somente o será se a liberdade o levar ao âmago do sistema ateísta? E até onde será possível ir em defesa dessa liberdade? Como reagirão diante daqueles que se recusarem  a aceitá-la? Os neo-ateístas não estarão revivendo tudo aquilo que dizem combater, mas que é bem possível repetir em nome da sua fé? Ao final, o que teremos serão homens enjaulados, sem sequer uma réstia de luz.

Esse método se assemelha, ou melhor, é idêntico ao discurso marxista. Ao livrar o homem do capitalismo, fatalmente a única opção passa a ser o comunismo. O homem é livre para escolher o comunismo, e tão somente ele; e, chegando lá, estará invariavelmente aprisionado ao sistema, sem nenhuma chance de volta ou outra opção de escolha. A menos que se auto-imploda por ineficiência ou fragilidade, por sua própria inexiquilidade. Em nada é diferente da liberdade que bois e porcos têm no “corredor da morte” em direção ao matadouro. Não há escolha nem salvação. Essa é a liberdade do ateísmo e do marxismo… Mais uma mentira vergonhosa, em que o homem está preso pela suposta liberdade de querer se manter preso.

Por exemplo, Richard Dawkins[2] propõe a mesma libertação comunista: a de aprisionar o homem no ateísmo, no materialismo. E somente estando-se ali ele será, no seu conceito esdrúxulo, livre. Mas livre de quê? De algum tipo de fé? De algum tipo de sistema autoritário e despótico? De algum tipo de jogo onde as cartas estejam marcadas? E depois nos chamam de burros, de cegos. Ou querem enganar a quem além de si mesmos? Como esses homens podem conviver com tanta incoerência e ilogicidade? Somente a desonestidade intelectual como resposta. Ou seria uma fé equivocada? Ao ponto em que o “neo-ateísmo” esforça-se em excluir a história da própria História?

O modelo que desejam para a sociedade é, basicamente, o modelo marxista implementado na extinta URSS por Lenin e Stalin, na China por Mao, em Cuba por Fidel, no Camboja por Pol Pot, e em tantos outros lugares; é o mesmo projetado pelo ateísmo moderno: para aniquilar a ideia de Deus é preciso exterminar o homem, ao não permitir que ele pense, racionalize, mas tenha seus pensamentos reduzidos a um padrão de indiferença, onde todos estarão confinados a um modelo unificado de comportamento e expressão: a submissão cega. Milhões de pessoas sentiram na pele a ideologia marxista, o controle do Estado sobre a sociedade e o indivíduo; a impossibilidade de se “escapar” com vida desse sistema a não ser rendendo-se incondicionalmente; ser controlado completamente pelas forças de “libertação”, ou seja, fazer do homem uma simples máquina a serviço da vontade burocrática. Isso é fruto de um irracionalismo voluntário, da falta de discernimento analítico, o aniquilamento do senso crítico, da razão, tornando homens em manadas de idiotas.

O Estado não serve, precisa ser servido em sua voracidade perversa; o Estado não admite Deus, mas quer se fazer um; o Estado não pretende ter cidadãos, mas escravos; não aceita nada menos do que o seu ideal maníaco de onipotência e onipresença. Da mesma forma, o gene egoísta é a nova desculpa para que o Estado controle, domine e subjugue o homem. E a desculpa é sempre a mesma escandalosa mentira: assim é melhor!… Mas para quem?

A loucura doentia do neo-ateísmo, que simplesmente revive conceitos experimentados e fracassados à exaustão, como se fossem novidade, é ser essencialmente aquilo que diz combater. Será que os novos ateus pretendem reescrever a História, ou ficarão apenas na idade média, em especial no período negro da inquisição? Se o falso cristianismo existe e é injusto, há contudo o verdadeiro cristianismo, o qual é justo. Mas o que dizer do marxismo? Que nada mais é do que o materialismo levado às últimas consequências? O naturalismo em sua expressão mais virulenta e odiosa? Em qual lugar houve justiça? Ele apenas promoveu e ainda promove a injustiça em sua sanha destrutiva, em sua descrença em Deus e nos valores cristãos. Ateísmo e marxismo são irmãos siameses a serviço do mesmo senhor: o diabo!

E como tal, não prescinde a fé, mas vive por ela… equivocadamente, diga-se de passagem, posta num ídolo de barro.

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Notas:

[1] Novo ateísmo ou antiteísmo é a oposição ativa ao teísmo, ao ponto em que não basta rejeitar a Deus, mas lutar para o extermínio de qualquer crença divina, pois, assim o mundo seria muito melhor. Ou seja, eles crêem que não crendo tudo caminhará para a perfeição, mas, além da crença em si mesmo e em suas idéias, o que têm de concreto?
[2] Clinton Richard Dawkins é o maior expoente do neo-ateísmo na atualidade. Ele conclama os ateus a “sairem do armário” e ir à luta contra as religiões e seus deuses, e militarem por um mundo melhor, onde não há espaço para as religiões.

- Este texto tem como ponto de partida o “Bate-Papo com André Venâncio” e os vários comentários à postagem, e a leitura do ótimo livro “Cartas para Dawkins”, da Editora Monergismo.

- Para o título, utilizei-me de uma expressão do filósofo e teólogo dinamarquês, considerado o pai do existencialismo, Soren Kierkegaard, “o salto da fé”, o qual para ele a fé é uma aposta, uma aventura arrojada, um mergulho no desconhecido, um salto arriscado, em que a fé se opõe à razão, de tal forma que são mutuamente exclusivas. Acredito que o darwinismo é mais ou menos isso: uma fé-cega a lançar o homem na treva mais densa que a mente humana pode conceber.

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Fonte: NAPEC
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Pastor que usava cobras em culto morre após ser picado


Fiéis chegaram a acionar a ambulância, mas ele recusou o atendimento médico e faleceu em sua residência
por Leiliane Roberta Lopes

Pastor que usava cobras em culto morre após ser picadoPastor que usava cobras em culto morre após ser picado
O pastor Jamie Coots, conhecido internacionalmente por usar cobras durante os cultos, morreu neste sábado (15) depois de ser picado por uma das cobras.
A morte do religioso foi confirmada pelo  Departamento de Polícia de Middlesboro, em Kentucky (Estados Unidos), que recebeu uma chamada de emergência vinda da própria igreja onde o pastor pregava naquela noite.
Após ser picado pelo cobra, o pastor não quis esperar o socorro e foi para sua casa. As equipes de emergência chegaram até a residência de Coots, mas ele recusou o tratamento e uma hora depois faleceu.
O pastor usava as cobras para testar a fé dos fiéis durante o culto e manipulava os animais para tentar provar o poder de Deus. Em alguns cultos os fiéis precisavam segurar esses animais nas mãos enquanto recebiam uma oração de Coots.
A forma como ele pregava chegou a ser tema de uma reportagem do canal National Geographic no episódio “Snake Salvation”.
Jamie Coots também ganhou destaque nacional quando foi pego em flagrante transportando três cascavéis e duas copperheads de Knoxville, no Tennessee, para o estado de Kentucky, onde morava. O caso aconteceu em janeiro de 2013 e os policiais confiscaram as cobras e prenderam o pastor por posse ilegal de animais selvagens.  Por conta desse crime, ele foi condenado e recebeu um ano de liberdade condicional sem supervisão.
Fonte:gospelprime

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Calvinistas Sarcásticos – Derek Rishmawy


calvinistas-sarcasticos

Eu sou bem novo na tradição reformada e ainda estou juntando todas as peças, especialmente quando se trata das questões espinhosas da eleição e da soberania. De certa maneira, sou um calvinista relutante; ainda prefiro palavras como “mais ou menos reformado” para descrever a mim mesmo; porque me identifico sim com a tradição em geral, mas também por causa da lentidão com que tenho sido atraído. Sendo assim, ainda me lembro de como é achar o calvinismo e os calvinistas completamente irritantes.
Havia diferentes razões para essa desconfiança.

Três Homens em Conflito

Primeiro, havia as razões tolas como orgulho pessoal e ignorância. É triste dizer que quando se tratava de calvinismo, eu pensava que sabia exatamente do que estava falando e o que estava rejeitando, sem de fato estar familiarizado com a tradição. Houve um tempo em que eu era um anticalvinista instintivo que zombava toda vez que o reformador genebrês era sequer mencionado, tudo sem ter aberto uma página das Institutas. Ah, a ironia.
Depois havia o que eu chamava de boas razões: objeções de boa-fé que repousavam em perguntas legítimas da filosofia, da doutrina de Deus e de sã exegese bíblica. Essas são razões com as quais eu ainda luto, razões pelas quais oro, razões que eu penso que podem sempre estar no fundo da minha mente. O que você faz com toda a linguagem bíblica sugerindo escolha legítima? O que significa “amor” se é uma conclusão pré-existente? Ou como Deus pode ser verdadeiramente todo-benevolente se seu amor salvífico é exclusivo para os “eleitos”? E como é justo que alguém nascido em pecado, sem esperança de se voltar para Deus por si mesmo, seja condenado por uma escolha que nunca foi, de fato, dada a ele? Então o Deus que “ordena todas as coisas” é o autor do mal?
Claro, eu sei que há objeções em conceber essas perguntas dessa maneira (objeções que agora compartilho). Mas ainda são boas perguntas à primeira vista que outros cristãos que leem a Bíblia, amam a Jesus e odeiam o pecado lutam para entender — e frequentemente as respondem diferentemente por razões sãs, piedosas e inteligentes. O fato é que muito da teologia reformada é contra intuitivo e difícil de abraçar de primeira, especialmente para aqueles de nós que foram criados no ocidente moderno.
Alguns de vocês podem estar se perguntando: “Por que se dar ao trabalho de falar disso? Isso é óbvio. Quem questionaria isso?” Sejamos honestos: muitos calvinistas não admitem essa dificuldade, e isso vem da maneira condescendente, agressiva, desagradável e que em nada ajuda que eles discutem teologia com pessoas de quem discordam. Você sabe do que estou falando. Você os encontra nos estudos bíblicos, seções de comentários de blogs, igrejas reformadas insulares que ninguém visita; o arquetípico novato que apresenta repetições remendadas de doutrinas reformadas, como se elas fossem as mais óbvias verdades de Deus que apenas um tolo perversamente obstinado não perceberia; o especialista irritadiço que acrescenta condescendência e sarcasmo somente o suficiente para contradizer toda a sua fala a respeito da graça. (“Apenas assista este sermão em Romanos 9 e você vai me agradecer por te mostrar o quão burro você é”).
Essa foi minha razão final para me irritar com o calvinismo: calvinistas realmente arrogantes, cabeças-duras, (frequentemente jovens) sabe-tudo e sarcásticos. Quem quer ser plantado em um solo que produz tais frutos? A longo prazo, essa não é a melhor razão para rejeitar uma doutrina, assim como outra versão da comum objeção ateísta: “Se o cristianismo fosse verdade, então os cristãos deveriam ser ótimos, mas todos os cristãos que eu conheço são uns babacas, então o cristianismo deve ser falso” (vide C.S. Lewis em Cristianismo Puro e Simples). Ainda assim, ainda há algo a considerar dada a declaração do próprio Cristo de que as pessoas são conhecidas por seus frutos.

Um Apelo à Útil Humildade

Estou fazendo um apelo retórico aos meus irmãos e irmãs reformados por paciência (ou uma “útil humildade”) para com aqueles que não abraçam os distintivos da teologia reformada, o calvinismo, e àqueles de nós para com aqueles que abraçam.
Como eu disse, eu abracei muito lentamente a tradição reformada. Levou anos de leitura de diferentes textos, trabalhando questões pesadas de metafísica, pensando profundamente através das implicações da distinção entre Criador e criatura, e chegando a apreciar a tradição reformada além de sua soteriologia. Eu fui trazido à sua mais rica tradição de espiritualidade através de uma apreciação de sua ênfase em uma constelação de doutrinas bíblicas como a revelação, a união com Cristo, a providência, a expiação e a Ceia do Senhor, que formam o contexto apropriado para seu ensino sobre a eleição.
Contudo, esse processo não aconteceu em um vácuo. Dois amigos pacientes incorporaram a útil humildade para comigo conforme eu passava pelas questões. Eles eram prontos a celebrar as verdades as quais compartilhávamos. Eles argumentavam graciosamente comigo nos momentos certos, mas nunca questionaram minha fé ou minha inteligência. Eles me apontavam bons recursos e eram dispostos a ler alguns que eu apontava a eles. Essencialmente, eles se preocupavam em ouvir e entender meus problemas conforme discutíamos. Mais do que isso, eles honestamente tentaram estender a livre graça que eles criam ter recebido de Deus sem nenhum mérito deles mesmos.
Por favor, não entenda este artigo como um chamado a abandonar a discussão teológica ou a clara pregação da verdade — mesmo dos pontos distintivos — ou a uma espécie de cristianismo molenga de menor denominador comum. É simplesmente um lembrete de que, sim, muitas dessas coisas são estranhas e contraintuitivas no início, então devemos ser compreensivos, especialmente se queremos ser ouvidos.
Deixe-me colocar da seguinte maneira: se você é realmente um calvinista e crê que você recebeu o conhecimento da verdade pela absoluta graça de Deus, que é o que ensina a visão reformada de conhecimento, então seja paciente com aqueles que não veem da mesma maneira. Deus foi (e continua sendo) paciente com você em alguma área também. Então pare de ser sarcástico e peça a Deus para torná-lo humilde o suficiente para ser útil para com aqueles ofendidos por (ou que lutam para entender) aquelas doutrinas que você agora preza.
Derek Rishmawy é o diretor do ministério de universitários e jovens adultos na Trinity United Presbyterian Church em Orange County, Califórnia, onde disputa jovens universitários para Cristo. Ele recebeu seu bacharelado em filosofia na Universidade da Califórnia, Irvine, e seu mestrado em estudos teológicos na Azusa Pacific University.
O blog do Derek é o Reformedish. Você pode segui-lo no Twitter.
Por: Derek Rishmawy. © 2014 The Gospel Coalition. Website: The Gospel Coalition; Original: Sneering Calvinists
Tradução: Alan Cristie; © 2014 Voltemos ao Evangelho. Original: Calvinistas Sarcásticos – Derek Rishmawy;

João 3:16, Desejos do Homem e Novo Nascimento

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por John Hendryx


Tendo Deus ressuscitado o seu Servo, enviou-o primeiramente a vocês, para abençoá-los, convertendo cada um de vocês das suas maldades” (Atos 3:26).

Uma pessoa só pode receber o que lhe é dado dos céus” (João 3:27) .

Freqüentemente me pego debatendo com cristãos que acreditam que homem e Deus têm papéis iguais na regeneração (sinergistas) e que nossa escolha é osine qua non do novo nascimento. Eles argumentam que Deus dá a todos a graça preveniente, mas o homem pode exercer seu livre-arbítrio autônomo para fazer a graça eficaz. Estes cristãos ensinam que o homem escolhe a Cristo apesar de seus desejos e isso é o que faz sua vontade livre. Escolher algo diferente de seus desejos constitui verdadeira liberdade para eles, já que a liberdade está acima e é independente de todas as outras influências. Mas é isto o que a Bíblia ensina? 

O primeiro alvo deste texto é provar pelas Escrituras que nós sempre escolhemos o que nós queremos (desejamos) mais e que isso é baseado em nossa natureza. Nós escolhemos alguma coisa porque nós a desejamos. Em outras palavras, nós acreditamos em Jesus porque nosso desejo por Cristo se torna maior que nosso desejo pelo pecado. O segundo alvo é explorar de onde esse desejo vem. Ele vem de nossa natureza degenerada (como os sinergistas crêem) ou ele é um dom incondicional de Deus? Meus amigos sinergistas dizem que, utilizando a graça de Deus, apesar de nossos desejos, nossa vontade autônoma definitivamente determinará nosso destino final. Eu argumentarei porque essa posição é fatal para seu sistema teológico inteiro. 

Nós Escolhemos O Que Nós Desejamos Mais 

Vamos começar com alguns textos bíblicos que ensinam que nossa natureza determina nossos desejos e nossos desejos determinam nossas escolhas. Cristo diz:

O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração” (Lucas 6:45).

O que Jesus diz aqui é claro – a água não corre contra a correnteza. Nossa decisão de dizer algo bom ou ruim é somente determinada pela condição de nosso coração. Há uma grande evidência para o mesmo conceito em Mateus 7:18. 

A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons”.

Aqui, Jesus está ensinando que é a natureza da árvore que determina o que virá dela. Somente aquele que tem uma boa natureza é capaz de criar um pensamento correto, gerar uma afeição correta, ou originar uma volição correta. Jesus martela novamente o mesmo conceito nos judeus incrédulos, quando discute se eles são ou não descendentes de Abraão: 

Por que a minha linguagem não é clara para vocês? Porque são incapazes de ouvir o que eu digo. Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira (...) Aquele que pertence a Deus ouve o que Deus diz. Vocês não o ouvem porque não pertencem a Deus”. (João 8:43,44,47)

Na passagem acima, os judeus não puderam ouvir a palavra de Deus porque eles pertenciam ao diabo (suas naturezas) e isso aumentou suas vontades de fazer o que desejavam. Suas naturezas os tornaram moralmente impotentes para ouvir as palavras de Jesus. Mais tarde, Jesus ensina que antes de alguém ouvir as palavras de Deus, ele deve ser de Deus. Em outras palavras, uma pessoa não entenderá o evangelho enquanto permanecer em seu estado não-regenerado e decaído.

Deus Exige Perfeição 

Na história do jovem rico, Jesus o ensina que se ele obedecer todos os mandamentos, ele terá a vida eterna. Todos nós sabemos que esta história foi contada para expôr nossa inabilidade de cumprir tudo isso. Mas o jovem (equivocadamente) confiava que ele guardou tudo desde sua juventude. Jesus, conhecendo seu coração e onde ele vacilaria, ordena que o rapaz venda todas suas posses, dê aos pobres e o siga. Em outras palavras, Jesus lhe disse que o arrependimento de sua ganância e a fé em Cristo eram onde ele ainda falhava. Mas ele se afastou entristecido. Jesus então diz a seus discípulos que é mais difícil que um homem rico entre no Paraíso que um camelo passar por um buraco de agulha. “Quem então poderá ser salvo?”, os discípulos perguntam, sabendo que Jesus está dizendo que o caminho para o céu está fechado a todos os homens – um padrão santo que ninguém poderia alcançar. A resposta que Jesus dá é “Para o homem é impossível [arrependimento e fé], mas para Deus todas as coisas são possíveis”. A natureza do jovem não poderia se colocar acima de seus desejos e Jesus diz que isso é impossível para todos os homens. Apenas Deus tem a capacidade de fazer isto. A Bíblia é recheada com exemplos assim. É realmente um mito que o homem em seu estado natural está genuinamente buscando a Deus. Homens podem procurar um deus, mas eles não procuram o verdadeiro Deus, revelado nas Escrituras. Exceto pelo novo nascimento, ninguém vem à luz do verdadeiro Deus, mas suprimi a verdade pela injustiça. 

A Bíblia, por esta razão, ensina além de qualquer dúvida que nós agimos ou escolhemos de acordo com nosso maior desejo, que é baseado é nossa natureza. Jesus, como notamos acima, ensina que é impossível ser de outra forma. Mais ainda, como uma conseqüência da morte física de Adão e seus descendentes (Gn 2:17) existem muitos outros problemas com a natureza do homem em seu estado decaído, incluindo sua incapacidade de entender Deus (Salmos 50:21; Jó 11:7,8; Rm 3:11); ver coisas espirituais (Jo 3:3); conhecer seu próprio coração (Jr 17:9); direcionar os próprios passos no caminho da vida (Jr 10:23; Pv 14:12); libertar a si mesmo da maldição da Lei (Gl 3:10); receber o Espírito Santo (Jo 14:17); nascer por si só na família de Deus (Jo 1:13; Rm 9:15,16); produzir arrependimento e fé em Jesus Cristo (Ef 2:8,9; Jo 6:64.65; 2 Ts 3:2; Fp 1:29; 2 Tm 2:25); ir a Cristo (Jo 10:26; Jo 6:44); e agradar a Deus (Rm 8:5,8,9). Estas conseqüências da desobediência de Adão em seus descendentes são o que os teólogos freqüentemente se referem como a total depravação do homem. Sem uma mudança de disposição, o amor de Deus e Sua lei não é a mais profunda motivação e princípio do homem natural. 

O Que Tudo Isso Tem a Ver com João 3:16?

Sinergistas freqüentemente me dizem: “Predestinacionistas acreditam em um Deus que requer mais do que Ele capacita ou permite os homens alcançarem. Este é o tipo de Deus em quem eles acreditam”. Nisto eles estão parcialmente corretos, mas a falha está no homem, não em Deus... porque a natureza de Deus nunca mudou, mas a nossa muda. A Lei de Deus é perfeita porque Ele é perfeito. Ele não pode diminuir Seus padrões por nós ou Ele não mais seria Deus. Por esta razão, Deus teve um propósito específico em exigir perfeição moral em nós e isso inclui o mandamento de crer em Cristo. 

Declarações bíblicas como “se tu o buscares” e “todo aquele que nele crer” como em João 3:16 estão num modo hipotético. Um gramático explicaria que há uma declaração condicional, que não expressa nada de forma indicativa. Nesta passagem o que nós “deveríamos” fazer não implica necessariamente que nós “podemos” fazer. Os dez mandamentos, da mesma forma, falam do que nós deveríamos fazer mas eles não implicam que nós temos a habilidade moral de cumprí-los. Os mandamentos de Deus nunca serviram para nos fortalecer, mas para arrancar nossa confiança em nossas próprias capacidades de tal forma que seria o fim de nós mesmos. Com uma clareza pungente, Paulo ensina que este é o intento da legislação divina (Rm 3:20, 5:20; Gl 3:19,24). Se alguém está tentado a argumentar que essa crença é meramente um convite, e não um mandamento, leia 1 João 3:23: “E este é o seu mandamento: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo...”. Então, eu creio que aqueles que sustentam a idéia de que Deus ordena aos homens decaídos e não-regenerados a fazerem algo que já são capazes de fazê-lo estão impondo uma teoria antibíblica no texto. Um mandamento ou convite com uma afirmação abertamente hipotética, como João 3:16 faz não implica na capacidade de cumpri-lo. Isto é especialmente verdadeiro à luz de textos como Jo 1:13, Rm 9:16, Jo 6:37, 44, 63-65, Mt 5:16-16, 1 Co 2:14 e muitos outros que mostram a incapacidade moral do homem no estado decaído em crer no Evangelho. Em nossa natureza não-regenerada nós não podemos fazer nada a não ser amar as trevas e nunca nos aproximarmos da luz.

Na Cruz Deus Nos Dá o que Ele Exige de Nós

Como isso pode ser boa-nova se os homens nunca se encontrarão naturalmente desejando se submeter em fé aos humilhantes termos do Evangelho de Cristo? (Rm 3:11; Jo 6:64,65; 2 Ts 3:2). Porque Deus nos deu graciosamente o que Ele exige de nós. No evangelho, Deus nos revela a mesma justiça e fé que Ele exige de nós. O que nós deveríamos ter, mas não poderíamos criar ou alcançar ou cumprir, Deus nos garante livremente, como é chamada, a justiça de Deus (2 Co 5:21) e a fé de Cristo. Ele revela, como um dom em Cristo Jesus, a fé e a justiça que antes era somente uma exigência. Fé não é algo com que o pecador contribui para pagar o preço de Sua salvação. Jesus já pagou todo o preço por nós. Fé é nosso primeiro fôlego na respiração de nosso novo nascimento, antes de falar. É uma testemunha da obra da graça de Deus que tomou seu lugar dentro de nós (Ef 2:5,8; 2 Tm 2:25).

Romanos 3:11,12 diz “não há ninguém que busque a Deus, ninguém” e 1 Co 2:14 diz que o homem natural não consegue entender as coisas do Espírito, que são loucura para ele e não é possível que sejam aceitas porque devem ser discernidas espiritualmente. Mesmo Pedro teve de ser revelado pelo Pai que Jesus era o Cristo. Os arminianos e nós concordamos que “todo aquele que crer” tem a vida eterna, mas a questão vai além disso – o que leva alguém a crer?

C.H. Spurgeon, em seu sermão Incapacidade Humana expõe isso com grande clareza:

"Oh", diz o Arminiano, "os homens podem serem salvos se quiserem." Nós replicamos: "Meu querido senhor, todos nós cremos nisto; mas é precisamente no se eles quiserem onde está a dificuldade. Afirmamos que ninguém quer vir a Cristo, a menos que ele seja trazido; pelo contrário, nós não afirmamos isto, mas o próprio Cristo o declara: "Mas não quereis vir a mim para terdes vida"; e enquanto este "não quereis" permanecer registrado na Santa Escritura, não seremos inclinados a crer em qualquer doutrina da liberdade da vontade humana. É estranho como as pessoas, quando falam sobre o livre-arbítrio, discutem de coisas que eles não tem nenhum entendimento. "Ora", diz alguém, "eu creio que os homens podem ser salvos se eles quiserem." Meu querido senhor, de modo algum é esta a questão. A questão é: os homens alguma vez são encontrados naturalmente dispostos a submeterem-se aos termos humilhantes do evangelho de Cristo? Declaramos, sob a autoridade das Escrituras, que o homem está tão desesperadamente em ruína, tão depravado, e tão inclinado a tudo o que é mal, e tão oposto a tudo o que é bom, que sem a poderosa, sobrenatural e irresistível influência do Espírito Santo, nenhum ser humano quererá jamais ser constrangido para Cristo. Você replica, que os homens algumas vezes estão desejosos, sem a ajuda do Espírito Santo. Eu respondo: Você encontrou alguma vez alguma pessoa que estivesse?

Eu argumentaria que este é o porquê de Jesus enfatizar o novo nascimento durante toda a passagem de João 3. Nicodemos não podia entender a linguagem de Jesus: “O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito”. Assim como somos passivos em nosso nascimento físico, também no nascimento espiritual o somos. Nós não participamos ativamente de qualquer nascimento com nossos esforços. O Espírito é semelhante ao vento nesta passagem, que não se sabe se está indo ou vindo – assim é todo aquele nascido em espírito. O trabalho do Espírito é soberano e sobrenatural. Assim como um cego não enxergará se você lançar uma luz nos seus olhos, ordenando a ele tudo que você quiser. Não é de luz que ele precisa, mas de um novo par de olhos. É assim que o novo nascimento parece. Antes da regeneração, Satanás nos tornou cativos de sua vontade. Ele nos cegou para a verdade. Nós devemos ser libertos de nossos próprios desejos e o cativo somente é completamente livre pelo dedo de Deus através do trabalho final de Cristo.

Em João 3:19-20, no mesmo contexto de 3:16 (três versos depois), Jesus qualifica Seu “todo aquele que crê” com a seguinte afirmação: “Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más. Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, temendo que as suas obras sejam manifestas”. (Isto é para todos nós anterior à regeneração)

Mas todos nós sabemos que alguns virão para a luz. Leia o que João 3:20-21 diz sobre eles. “Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas em Deus”. Então, veja que existe aqueles que vêm para a luz; e suas obras são o trabalho de Deus. “Feitas em Deus” significa trabalhado em e por Deus. A não ser pelo gracioso trabalho divino de regeneração, todos os homens odeiam a luz de Deus e não irão até ela.

Ao invés de balançar nossas cabeças para o versículo que se encaixa em nosso sistema particular de teologia, nós devemos interpretar escritura com escritura, especialmente no contexto da passagem. Agora que nós vimos João 3 por completo, o verdadeiro significado do texto se torna claro. João 1:10-12 é também um dos favoritos dos sinergistas quando anunciam o evangelho:

Ele estava no mundo, e o embora mundo tenha sido feito por intermédio dele, o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus”.

Grande passagem, eu também adoro usar estes versos, mas nós não podemos parar aqui. Nós precisamos reconhecer que devemos adicionar a qualidade do verso 13:

os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus” (João 1:13).

Eu acho estranho muitos deixarem esse versículo de fora de sua evangelização: todos os versículos caminham juntos. Isso repete um tema constante nas Escrituras: que nós somos ordenados a nos arrepender e crer no evangelho, mas adicionalmente, que nós somos moralmente incapazes de fazer tanto sem o eficaz trabalho do Espírito Santo. A oferta de “todo aquele que nele crer” é para todos os homens e verdadeiramente oferecida a todos os homens, mas nenhum homem natural deseja a Deus. TODOS rejeitam este dom, mas o que nós não podemos fazer por nós mesmos, Deus faz por nós. Aqueles que vêm a Deus dão glórias a Ele porque Ele tem preparado seu coração, dando-lhes um desejo por Cristo que é maior que o desejo de permanecer no pecado. Isto é o que Ele fez por Lídia através da pregação de Paulo, no livro de Atos: “O Senhor abriu seu coração para atender à mensagem de Paulo”. O que aconteceu a Lídia é o que acontece a todo aquele que vem para a fé em Cristo. Se o Senhor abrir nosso coração, nós desejaremos crer, e nenhuma resistência existe, porque nós não desejaremos resistir. Nossas novas naturezas vivificadas pelo Espírito Santo têm novos desejos e disposições, que não poderíamos produzir por nós mesmos. Se o Senhor abriu o coração de Lídia para ela atender à mensagem e ela resistisse, isto seria uma afirmação contraditória. Note que Deus abriu seu coração para “atender à mensagem”. Se Deus desarmou a hostilidade de Lídia de forma que ela creria, então não deveria haver mais debates de como Ele faz com todos aqueles que têm fé. Apesar do fato de nós termos uma crença real em nós mesmos, pelo esquema sinergista, no entanto, o homem volta sua afeição e fé para Deus enquanto ainda está em sua caída e degenerada condição de coração petrificado. Mas o homem deve primeiro ter uma nova natureza para crer – ou seja, a Escritura ensina que o homem sem o Espírito não deseja, entende, tampouco é capaz de obedecer ou se voltar a Deus (1 Co 2:14, Rm 8:7, Rm 3:11). Se nós iremos acreditar, Deus deve primeiramente transformar nosso coração de pedra em um coração de carne:

Darei a vocês um coração novo e porei um espírito novo em vocês; tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei o meu Espírito em vocês e os levarei a agirem segundo os meus decretos e a obedecerem fielmente às minhas leis” (Ezequiel 36:26,27).

Os sinergistas acreditam que o grande desejo por fé, pelo qual nós creremos no Deus que justifica pecadores, pertence a nós por natureza e não por um dom da graça, que está, pela inspiração do Espírito Santo, aumentando nossa vontade e tirando ela da descrença para fé e da falta de Deus para Deus. Mas o Apóstolo Paulo diz: “Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Fl 1:6). E novamente, “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus” (Ef 2:8). Pior ainda, os sinergistas ensinam que Deus tem misericórdia de nós quando, a partir da graça regeneradora, nós acreditamos, queremos e desejamos, mas não confessam que é através do trabalho e inspiração do Espírito Santo em nós que teremos a fé, a vontade ou força para fazer todas estas coisas. Se eles fazem a ajuda da graça depender de nossa humildade ou obediência, mas não concordam que é um dom da própria graça que nós sejamos obedientes e humildes, eles contradizem a Bíblia, que diz “O que você tem que não tenha recebido?” (1 Co 4:7) e “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou” (1 Co 15:10).

Então vamos perguntar a nossos amigos sinergistas porque um homem crê e outro não?

Pelo esquema arminiano, Deus dá ao homem graça suficiente para colocá-lo numa posição de decidir por si mesmo se irá ou não crer. Então um homem será mais inteligente, mais sábio e mais humilde? Se este fosse o caso, Deus nos salvaria com base na personalidade gerada por nós mesmos e não pela graça. Pergunte a eles como seus olhos se voltaram a Deus. Um homem usa a graça dada a ele e outro não. O que no homem determina sua escolha e por quê? Isso nos deixa com salvação pelo mérito, desde que um homem que tem pensamentos e afeições por Deus O escolhe enquanto o outro não. Não já provamos que as Escrituras ensinam que fazemos nossas escolhas baseados no que mais desejamos? Onde o homem conseguiu sabedoria e inclinação a Deus, enquanto o outro permaneceu endurecido? Como um homem criou um pensamento reto, afeição reta, ou originou volição reta? Se não veio de seus desejos, então veio de onde? As escolhas são baseadas no que nós somos. Um homem natural nunca escolheria a Deus por si mesmo sem a graça regeneradora. Então Deus sobrenaturalmente enxerta a obra regeneradora do espírito ao despertar a fé de Seus eleitos.

Então, porque alguns homens rejeitam a Deus?  

Resposta muito simples: Porque eles são malignos. “Ele fará uso de todas as formas de engano da injustiça para os que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar” (2 Ts 2:10). Eles odeiam a Deus e não O querem, como toda pessoa sem o Espírito. Cristo diz “vocês não crêem, porque não são minhas ovelhas”. Jesus claramente mostra que a natureza da pessoa determina as escolhas que faz. Ele não diz “vocês não crêem, por isso não são minhas ovelhas” . Não, Ele diz “vocês não são minhas ovelhas, (POR ISSO) vocês não crêem”. A Bíblia afirma claramente porque alguns crêem e outros não. Nossa natureza determina nossas escolhas. Descrença é conseqüência da maldade, segundo as Escrituras. Crer é conseqüência da misericordiosa mudança na disposição do coração (em direção a Deus) através da rápida ação do Espírito Santo. O esquema sinergista deixa cada pessoa decidir por elas mesmas enquanto ainda estão em sua natureza decaída. O homem em seu estado não-regenerado decide baseado em um princípio dentro dele. Nossa vontade por si só não é autônoma, mas controlada por quem somos naturalmente. Nós nunca escolhemos o que nós não queremos ou odiamos. Em nosso estado não-regenerado nós ainda somos hostis para com Deus, amamos as trevas e somos cegos pelo diabo, tomados cativos para fazer a vontade dele, e não desejamos ou queremos coisas espirituais.

Se a graça preveniente dos arminianos somente faz o coração neutro, como eles admitem, então o homem não é motivado nem desmotivado para crer ou descrer – conseqüentemente a única opção é pelo acaso que alguém creia ou não. Eles irão argumentar ardentemente contra isso mas não encontrarão outra alternativa bíblica. Nossa escolha, qual seja, é baseada em nosso caráter interior, não pelo acaso. Um homem escolhe e o outro não, porque um foi renovado pelo gracioso trabalho de Deus. Apenas isso dá toda glória a Deus pela salvação.

O Espírito dá vida; a carne não produz nada que se aproveite. As palavras que eu lhes disse são espírito e vida. Contudo, há alguns de vocês que não crêem” (...) E prosseguiu: "É por isso que eu lhes disse que ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai” (João 6:63-65).

Concluindo, minha oração é que a igreja do século XXI finalmente aprenda a doutrina “somente pela graça” corretamente. Oh! Que nós entendamos a pobreza da condição do homem perdido e a glória da misericórdia e graça divinas, e que não nos preocupemos em proclamá-las. Acredito que percorreremos um longo caminho parar criarmos uma postura de adoração que dê completa honra a Deus, em que Seu povo terá pensamentos corretos sobre Ele e alcançará um estágio de verdadeiro reavivamento. Esta tem sido uma longa batalha desenhada através da História da igreja (Agostinho/Pelágio, Lutero/Erasmo, Calvino/Armínio, Wesley/Whitefield) mas eu permaneço muito otimista quanto ao futuro crescimento do reino de Deus.

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Tradução livre: Josaías Cardoso Ribeiro Jr.
Fonte: Monergismo

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A Mitologia do Cristianismo pós-moderno

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Por Thomas Magnum


E disse o Homem: Farei Deus a minha imagem, conforme a minha semelhança. É estranho ler uma frase assim para muitos, é blasfemo, enfatizam alguns, é herético dizem outros. Talvez até aqueles que não são religiosos repudiarão essa afirmativa. Alguém em sã consciência não diria que faria Deus, ou diria? Desde Dave Hume, passando por Nietzsche, dando uma paradinha em Freud e dando uma olhadinha em Foucault, só para citarmos os mais recentes, não é difícil observamos tal pensamento, ou poderíamos voltar um pouco mais e observarmos Atenas nos tempos do apostolo Paulo, que tinha por volta de trinta mil deuses, seja por isso que muitos historiadores dizem que existiam mais deuses do que homens em Atenas.¹

Aqueles que tiveram sua mente cientifica e filosófica prostradas a serviço do eu que se distanciou do tu e que ignorou o Ele, ou do filho que ignorou o ventre que o gerou, pintaram e esculpiram um deus descartável ou substituível, ou morto, ou negaram sua existência como fator fundamental para darem suporte para construção de seus edifícios teóricos e delírios filosóficos. Como dizia o filósofo John Locke: 

"Reconheço que tenho a noção de um primeiro ser sem começo e penso ser inevitável para uma criatura racional dotada de ponderação deparar com algo assim".²

Em um discurso na colina de Marte na Grécia antiga lemos uma das mais belas peças de oratória já registrada na história, que dizia: 

"O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor do céu e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas. Ele não é servido por mãos de homens, como se necessitasse de algo, porque ele mesmo dá a todos a vida, o fôlego e as demais coisas. De um só fez ele todos os povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar. Deus fez isso para que os homens o buscassem e talvez, tateando, pudessem encontrá-lo, embora não esteja longe de cada um de nós. Pois nEle vivemos, nos movemos e existimos, como disseram alguns dos poetas de vocês: Também somos descendência dele.Atos 17:24-28

Eis aí uma declaração sobre o verdadeiro Deus, feita por uma das mentes mais brilhantes que pisaram nessa terra, Paulo o apostolo, homem que humilhou sua sabedoria e inteligência aquele que o criou. Mas, a criatura, deseja ser maior que o criador, criando seus deuses domésticos como nos povos antigos. Mas a "criação" de tais divindades nada mais são do que um bezerro de ouro ou melhor um cavalo de Troia que no fim das contas os levará a um estado deplorável. "Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos." 2 Timóteo 4:3-4

Mas, os deuses multiformes criados por religiosos e filósofos não são produto de um passado histórico ou acadêmico. Hoje, vemos a proliferação das heresias em arraiais cristãos, falsos deuses sendo pregados, profanação do altar. Vejamos o evangelho de muitas igrejas hoje que se assemelham com a mitologia: 

Pluto: deus das riquezas, representava a riqueza em termos gerais.

Ares: deus da guerra, sanguinário e agressivo, personificava a natureza brutal da guerra. Embora Ares fosse guerreiro e feroz, não era invencível, mesmo contra os mortais.

Erínias: Também conhecidas como Fúrias, eram as três divindades que administravam a vingança divina, sendo elas: Tisífona (a vingança contra os assassinos), Megera (o ciúme) e Alecto (a raiva contínua).

Apolo: Na lenda de Homero ele era considerado, principalmente, como o deus da profecia. Apolo era músico e encantava os deuses com seu desempenho com a lira.

Seria estranho isso para nós? Teologia da prosperidade, guerra espiritual (leia-se dualismo), teologia da vingança, e divinização da música no culto público? Quantos deuses os homens tem criado a tantos séculos, a profanação do altar semelhante ao que fez Antíoco Epifanes. A exortação bíblica é grave:

"Amados, embora estivesse muito ansioso por lhes escrever acerca da salvação que compartilhamos, senti que era necessário escrever-lhes insistindo que batalhassem pela fé uma vez por todas confiada aos santos. Pois certos homens, cuja condenação já estava sentenciada há muito tempo, infiltraram-se dissimuladamente no meio de vocês. Estes são ímpios, e transformam a graça de nosso Deus em libertinagem e negam Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor. Embora vocês já tenham conhecimento de tudo isso, quero lembrar-lhes que o Senhor libertou um povo do Egito mas, posteriormente, destruiu os que não creram." Judas 1:3-5

Portanto, creiamos no Deus das Escrituras, no Deus que se revelou, e nos adverte: "Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste." João 17:3

Como nos diz a Confissão de Fé de Westminster: 

Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeições. Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem corpo, membros ou paixões; é imutável, imenso, eterno, incompreensível, onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo tudo para a sua própria glória e segundo o conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, muito bondoso e verdadeiro remunerador dos que o buscam e, contudo, justíssimo e terrível em seus juízos, pois odeia todo o pecado; de modo algum terá por inocente o culpado.

"Reformai, portanto, vossa vida e modo de agir, escutando a voz do Senhor, vosso Deus, a fim de que afaste de vós o mal de que vos ameaça." Jeremias 26:13

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Notas:
1- Novo Testamento: R.N. Champlin 
2- Draft A do Ensaio sobre o entendimento humano- John Locke

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Sobre o autor: Thomas Magnum é formado em teologia e graduando em jornalismo, pesquisador na área de religiosidade brasileira, é casado a oito anos com Kelly Gleyssy e mora em Recife.

Imagem: St Paul Preaching in Athens, 1515Pintura de Rafael Sanzio, adaptado para o Blog Bereianos.

Divulgação: Bereianos

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

1º ENCONTRO DE PRESBÍTERO DO INTERIOR DE PERNAMBUCO









































O Sínodo de Garanhuns estará realizando o 1º Encontro der Presbíteros do Interior de Pernambuco no dia 12 de abril de 2014 na Igreja Presbiteriana de Heliópolis - Garanhuns - PE. Na oportunidade teremos como preletores o Rev. Roberto Brasileiro presidente do Supremo Concílio da IPB, Presbítero Vicente Lúcio presidente da Junta de Missões da IPB e o presbítero Renato Piragibe relator da Comissão de Revitalização das Sociedade Internas da IPB.  Você que é Presbítero não pode ficar de fora!!! Agende-se e faça sua inscrição as vagas são limitadas!!!

1º Encontro der Presbíteros do Interior de Pernambuco. Local: Igreja Presbiteriana de Heliópolis - Garanhuns - PE. Você que é Presbítero não pode ficar de fora!!! Agende-se e faça sua inscrição as vagas são limitadas!!!

Quem matou Santiago Andrade?

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Por Solano Portela


Santiago teve morte cerebral hoje, 10 de fevereiro de 2014. Um dos desordeiros e criminosos, que considerou um ato normal estourar bombas no meio das pessoas, já está preso. Aquele que, supostamente, colocou o explosivo no chão que culminou na morte do cinegrafista da Rede Bandeirantes de Televisão, provavelmente também já estará preso quando você estiver lendo isto. Mas quem; quem, realmente, matou o Santiago? Foram só esses dois? De jeito nenhum!

Muitos contribuíram para essa morte e carregam parcela de culpa, não somente desse assassinato, mas de outros e dos ferimentos de tantas outras pessoas; de propriedades que vêm sendo destruídas; de ônibus queimados, trens depredados, veículos destroçados – pelo estágio de desordem no qual nos encontramos, solo fértil para que Santiago viesse a morrer. É preciso que se apontem as consequências geradas por uma visão distorcida da pessoa humana; pela negligência dos limites entre o certo e o errado; pela complacência com o crime, falta de investimento em segurança, e outros tantos desvios do pensamento sadio que deveria sustentar a frágil matriz de nossa sociedade. Podemos seguir impunemente abandonando princípios e valores fundamentais de nossa sociedade judaico-cristã, provados durante séculos, como temos repetidamente testemunhando nos textos, palavras e ações de pessoas que ocupam posição de destaque ou mando em nossa nação?

Santiago foi morto por aqueles que acatam e incentivam os “rolezinhos”, com uma ingenuidade doentia, como se o desrespeito às pessoas, a falta de postura civilizada e a agressão à propriedade alheia, não fizessem parte de uma incubadora maligna na qual cresce e floresce a semente da violência indiscriminada, que progredirá a agressões maiores - até a assassinatos. Apavorar pessoas é coisa inocente? Sair atacando e beijando adolescentes e senhoras à força, não é assédio sexual? Roubar e depredar são legítimas expressões de divertimento? Muitos participantes e defensores dos rolezinhos parecem pensar assim. Carregam culpa na morte de Santiago.

Santiago foi morto por um judiciário leniente, que solta os indisputavelmente culpados. Por juízes que em vez de executarem justiça em proteção aos inocentes, jogam criminosos nas ruas, retardam o julgamento de processos. Não por coincidência, pelo menos um dos envolvidos com a morte de Santiago, tinha várias passagens pela polícia – e isso resultou em quê? Como suas prévias quebras da lei foram consideradas “de menor monta”, joga-se ele na rua, para que se envolva em coisas maiores – na morte de alguém. Sim, juízes inconsequentes são culpados do clima de violência que gera a morte de muitas pessoas, como Santiago.

Santiago foi morto por alguns comandantes da Polícia, que covardemente acatam as ordens de políticos e, sem contestação, repassam aos seus comandados diretrizes para “observar as coisas de longe” e “não se envolver” nas demonstrações e protestos, mesmo quando obviamente eles descambam para a depredação e baderna. Ordens que causam asco a qualquer cidadão de bem, quando observam as imagens, na televisão, de criminosos tocando fogo, agredindo, chutando, saqueando, enquanto a força policial só observa de longe, “cumprindo ordens”. Sim, esses que depois das violentas ações de black blocs e outros congêneres, dessa súcia repelente, declaram – “a polícia agiu exemplarmente”, sem coibir a violência, carregam culpa na morte de Santiago.

Santiago foi morto por políticos inconsequentes e imbecis, que satisfazem seus próprios ventres, preocupam-se com seus próprios interesses e, desavergonhadamente, no pleno exercício da incompetência, mantêm “diálogos” com baderneiros e criminosos; convocam a Brasília, para encontros com lideranças da nação, aqueles desocupados que claramente já se encontram à margem da lei. Políticos que, enquanto complacentemente bajulam párias da sociedade, ignoram os que apenas necessitam de paz e segurança na ocupação de suas atividades diárias. Políticos que nem prestam atenção à principal função do estado, que é proporcionar segurança aos cidadãos, e deixam as pessoas de bem sucumbir dia a dia à incapacidade do governo em protegê-las dos malfeitores que tomaram conta das cidades e campos do nosso país. Esses políticos carregam intensa culpa na morte de Santiago.

Santiago foi morto por idiotas de plantão, travestidos de sociólogos e acadêmicos, que ignoram a necessidade básica da natureza humana de ser regida por lei e ordem, pois postulam que a maldade não faz assento nato no coração das pessoas. Estes que perderam a capacidade de identificar o mal. Ou por articulistas da grande imprensa que abraçam e propagam a noção irreal e deletéria de que comportamentos criminosos são apenas fruto de “pressões sociais” ou da “opressão da classe dominante”. Tais “intelectuais” são predadores que utilizam a arma da escrita e do discurso para, com suas ideias, insultar milhões de trabalhadores, aposentados e famílias que, mesmo com grandes e reconhecidas necessidades financeiras, conseguem seguir a trilha da honestidade e do trabalho, mantendo uma consciência tranquila e promovendo a paz, em vez da discórdia e dissenção. Esses intelectualoides, anões do pensar, carregam culpa pela morte de Santiago.

Santiago foi morto por religiosos espúrios que ignoram a origem divina e a realidade da justiça retributiva; que desprezam a clara rejeição às pessoas violentas encontrada nos textos sagrados, e a delegação ao estado, para combatê-las “com o poder da espada”. Religiosos que dedicam mais atenção aos criminosos do que às vitimas da violência, quer do chamado “crime organizado”, quer da criminalidade “desorganizada” que se aproveita da ausência de repressão encorajada por esses enganadores de mentes e corações. Esses não têm desculpa e carregam, também, culpa na morte de Santiago.

Santiago foi morto pelos que atualmente ocupam um poder executivo falho, fraco e maquiador da triste realidade de insegurança que reina em nosso Brasil. Governantes que não combatem de frente e sem apologias a criminalidade institucionalizada; que ignoram as fábricas de criminosos e vitrines de barbárie, que são as nossas prisões. Líderes omissos que, encastelados em suas fortalezas, ignoram que o mundo está desabando ao seu redor e acham que a tarefa de corrigir esses infernos estatais dos presídios pode tranquilamente passar à própria geração. Como carregam, estes, culpa na morte de Santiago.


Santiago foi morto por pessoas como eu e você, quando, esquecemos as lições da história, o debacle dos impérios socialistas moribundos, as atrocidades de ditaduras cruéis que agem “em nome do povo”, acatamos filosofias e políticas de esquerda, aplaudimos os ditadorezinhos  emergentes idiotas que pululam ao nosso redor. Escorregamos quando votamos em políticos de partidos anacrônicos que falam no bem estar das pessoas, mas apoiam todo o descalabro e desrespeito que vivenciamos; quando encorajamos os movimentos violentos de ocupação e desrespeito às autoridades; quando não enxergamos que os “sem isso” ou sem “aquilo”, na cidade ou no campo, são constituídos por uma infeliz massa manipulada, eivada de aproveitadores, sugadores do dinheiro público, agitadores, baderneiros violentos e até assassinos profissionais, os quais, apoiados por partidos que têm na essência a destruição à própria sociedade que os gerou. Sim, se não utilizarmos a inteligência, voltarmos aos fundamentos universais que regem uma sociedade pacífica e apoiarmos candidatos que concentrem as ações do governo na sua proteção e na da sua família, estaremos todos contribuindo para a derrocada final e carregaremos a culpa da morte de Santiago e de muitos outros Santiagos que virão por aí.

Solano Portela - 10.02.2014

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Foto: Agência O Globo, adaptada para o blog Bereianos
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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Panelinha na igreja

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Por André R. Fonseca


É muito comum encontrar pregadores e blogueiros criticando as panelinhas na igreja. Tipicamente, a crítica se dirige aos adolescentes e jovens quando se agrupam por afinidades. Alguns jovens, que não conseguem lugar no grupo ou grupos, sentem-se excluídos, e a igreja deve ser sempre um lugar de inclusão onde todos se sentem acolhidos e bem! A reclamação contra as tais panelinhasé, portanto, legítima!

Se você, leitor, veio aqui encontrar mais um para ojerizar as panelinhas na igreja, a qualquer custo, sairá decepcionado... Não tenho nada contra elas; mas, antes de apresentar minha defesa, gostaria de fazer uma ressalva: de qual panelinha estamos falando?

Além de diminutivo para panela, a palavra "panelinha" recebe uma acepção de sentido figurado no dicionário, "um conjunto de pessoas que se reúnem para prejudicar outras" - segundo o Dicionário Eletrônico da Língua Portuguesa da Porto Editora. Sou veemente contra esse tipo de panelinha! Os jovens da igreja não podem se reunir com o intuito de prejudicar o próximo. Mas, se tratarmos o termo "panelinha" nesse sentido mais comum do evangeliquês, não vejo problema algum em adolescentes e jovens se reunirem por afinidades.

Eu tenho uma calopsita, domesticada desde bebê. Foi trazida para nossa casa ainda sem penas. Foi alimentada por mim com papinha numa seringa. Por ser um pássaro de bando, parece-me que fomos tomados por ela como seu bando. Quando começamos a comer em sua presença, ela vai para seu potinho de comida comer também. Por várias vezes, durante a limpeza da gaiola, esquecemos a portinha aberta e, ao invés de fugir, ela sempre voou ao nosso encontro. Algumas vezes, voando do quintal para o interior da casa atrás da gente. Já percebemos que há uma gradação de preferência; se não há ninguém em casa, ela fica com minha filha numa boa; mas, se estou em casa, ela voa do ombro da minha filha para o meu ombro e bica forte se minha filha tentar tirar ela do meu ombro. Mas ela morre de amores mesmo é por minha esposa... É só ouvir a voz da minha esposa no portão de casa pra começar a cantar desesperadamente! E não há quem fique com ela na mão se minha esposa estiver em casa. Se há aparente seleção por afinidade para um animalzinho como uma calopsita, por que não haveria panelinhas na igreja?

Assim como a calopsita, animal que vive em bandos, social em seu comportamento com os outros de sua espécie, o ser humano é um animal social também. Gostamos de viver em grupo, gostamos de ter alguém para conversar, desejamos o convívio. Um dos treinamentos mais difíceis para astronautas de longas viagens são os testes de isolamento. Por que a solitária é punição tão cruel para um preso? Por que o náufrago solitário, interpretado pelo ator Tom Hanks, escolhe conversar com o Wilson, uma bola de basquete? Se nós somos assim tão desesperadamente dependentes do convívio com outras pessoas, pois o isolamento enlouquece, por que não aceitar que haveremos de dar preferência para algumas pessoas e outras nem tanto por simples afinidade? A afinidade, coincidência de gostos ou de ideias entre os indivíduos com quem convivemos, é tão natural quanto a nossa necessidade de convivência.

Pense um pouco... Numa família com muitos irmãos, há sempre dois deles que andam juntos para todos os lados, compartilham segredos que os outros nem suspeitam ou que tendem a ser mais cúmplices um do outro em suas "aventuras". Se assim acontece naturalmente entre irmãos de sangue, por que não haveria panelinhas entre irmãos da igreja?

A tal panelinha, criada por afinidades, está presente também na escola, no trabalho, no bairro ou condomínio, entre vizinhos, no clube de xadrez... Aqui no Brasil, no Canadá, Rússia e Japão. E, pelo jeito, na palestina do primeiro século também! Ou vamos ao púlpito acusar Jesus e seus discípulos de formação depanelinha? Seria “Pedro, Tiago e João num barquinho” ou numa panelinha?

De uma montoeira de discípulos, Jesus escolheu apenas doze. Mas esses formavam uma panelinha tipo classe “platinum”. Entre os doze, esses três do barquinho da Galileia formavam a panelinha “Golden”. Na transfiguração, um dos marcos no ministério de Jesus, quais foram as testemunhas sortudas? Pedro, Tiago e João. Momento ápice do ministério, a oração no Getsêmani, Jesus vai com os discípulos para o lugar, mas puxa para mais próximo a sua panelinha: Pedro e os dois filhos de Zebedeu! Mas, ainda assim, podemos dizer que havia o discípulo “Golden Master Plus”, o discípulo a quem Jesus amava... Se podemos enxergar uma relação de afinidades entre os discípulos e Jesus, como não aceitar que na igreja as pessoas também não se agrupem por afinidades NA-TU-RAL-MEN-TE???

Vejo que a panelinha pode ser um problema realmente, mas acho que as pessoas estão exagerando na dose da crítica e andam também classificando qualquer relação de afinidade como “panelinha deplorável”!

O discurso é típico: “Irmãos, em nosso churrasco de confraternização, observamos que o objetivo não foi alcançado! Os irmãos se agruparam nas panelinhas de sempre!

Esperar que os irmãos não se confraternizassem no evento, no churrasco ou no bate-papo na saída do culto, em grupos formados por afinidades é querer sonhar com uma igreja formada por pessoas que não existem! É querer projetar na igreja um ideal impossível de ser alcançado. Minha proposta seria apenas aceitar que isso é natural, aceitável e desejável. Uma igreja saudável não é aquela que não tem panelinha, mas aquela que entende que é natural para as pessoas se agruparem por afinidades e que cada indivíduo precisa se enquadrar em sua própria turma. Não criticar o grupo que gosta de conversar sobre teologia quando você acha que teologia é um porre desnecessário! Se você não gosta de teologia, meu filho, não espere por mim. O papo é futebol? Tenho dois motivos pra não fazer parte do seu grupo. São afinidades... Não vou criticar aqueles que curtem conversar sobre futebol. Entendeu? São eles lá, e eu aqui com os meus, e todos são felizes!

Não sei se foi exatamente isso o que meu amigo blogueiro Denis quis dizer com “panelinha sem tampa”; mas concordo com ele, se minha interpretação de sua metáfora estiver correta, que a panelinha fechada é realmente um problema comum. Uma panelinha sem tampa, sem bloqueio, sem impedimento para novos integrantes que compartilham das mesmas afinidades é o recomendável.

Vamos tomar o devido cuidado para não generalizar. Vamos tentar identificar aspanelinhas fechadas e as destampadas antes de sair criticando. Vamos louvar as confraternizações saudáveis definidas por afinidades. Combinado?

Autor: André R. Fonseca 
www.andreRfonseca.com
Twitter: @andreRfonseca

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Ilustração: Wikipédia, adaptada p/ o blog Bereianos
Fonte: Teologia et cetera
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