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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O declínio da pregação e a decadência da igreja

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Por Pr. Judiclay Santos

No dia 18 de janeiro de 1548, na Cathedral of Saint Paul, no coração de Londres, um dos mais notáveis reformadores ingleses pregou uma poderosa mensagem que ecoa através dos séculos. O Sermão do Arado, pregado por Hugh Latimer, é uma trombeta do céu que ressoa sobre a igreja e exorta os pregadores.

“Quem dera nossos prelados fossem tão diligentes para semear os grãos de trigo da sã doutrina quanto satanás o é para semear as ervas daninhas e o joio! Onde o diabo está em residência e está com o seu arado em andamento, ali: fora os livros e vivam as velas!; fora as Bíblias e vivam os rosários!; fora a luz do evangelho e viva a luz das velas – até mesmo ao meio dia!; [...] vivam as tradições e as leis dos homens!; abaixo as tradições de Deus e sua santíssima Palavra[...]"[1]

A dura crítica de Latimer é verdadeira, consistente e terrivelmente atual. É impressionante considerar que a realidade da igreja na Inglaterra em meados do século 16 é muito similar à realidade da igreja no Brasil, no século 21. A situação nas igrejas cristãs, salvo as honrosas e raras exceções, é de extrema pobreza e mediocridade nos púlpitos. Dominicalmente são oferecidos sermões mortos, pregações vazias, discursos inócuos, preleções insossas. A igreja tem sido submetida a uma dieta terrível: uma sopa rala que não nutre a fé. Existe um contingente expressivo de pessoas sem maturidade e estatura espiritual, e Igrejas cheias de pessoas vazias. Há muita gente sofrendo o processo de infantilização por falta da pregação da Palavra.

Uma leitura cuidadosa da História cristã mostrará que existe uma estreita relação entre a pregação da Palavra e a vida da igreja. Todas as vezes que a pregação do evangelho floresce seu impacto se torna evidente na vitalidade da igreja e na subsequente transformação da cultura.

Se alguém gastasse uma semana lendo toda a Bíblia e, na semana seguinte, se familiarizasse com os principais acontecimentos da história da igreja, o que observaria? Que a obra de Deus no mundo e a pregação estão intimamente ligadas. Onde Deus age, ali a pregação floresce. Em todos os lugares em que a pregação é menosprezada ou está ausente, ali a causa de Deus passa por um tempo de improdutividade. O Reino de Deus e a pregação são irmãos siameses que não podem ser separados. Juntos, eles permanecem de pé ou caem.[2]

A igreja brasileira sofre por causa do declínio da pregação. A falência dos púlpitos é uma tragédia para o povo de Deus. Existem muitos palradores, mas poucos pregadores. Há uma enorme carência de homens que preguem o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo.[3] Via de regra, o que se tem visto, de norte a sul do Brasil, são homens superficiais que oferecem um tipo de “alimento” incapaz de nutrir a fé. Boa parte dos cristãos não sabe o que significa o evangelho. Muitos não conhecem as verdades elementares da fé cristã. As implicações desta triste realidade são avassaladoras. O cenário evangélico brasileiro é constituído de igrejas teologicamente confusas, moralmente frouxas, socialmente inoperantes e espiritualmente decadentes.

I. Os resultados do fracasso da pregação na vida da igreja.

1) Empobrecimento do culto cristão.

Na estrutura do culto cristão, a exposição bíblica é o principal ato de adoração. Culto público de adoração sem a pregação do evangelho não é apenas pobre, é falso. “O que vemos hoje é a marginalização do púlpito. Há uma percepção de que o púlpito é apenas um móvel decorativo no santuário e que alguém tem que usá-lo para alguma coisa”.[4] É triste e lamentável constatar a pobreza dos cultos. A falta de pregação bíblica e a quantidade de cânticos medíocres na musicalidade e heréticos no conteúdo é um escândalo. Quando a pregação não ocupa o centro no culto cristão e a Palavra perde a devida primazia na vida da igreja prevalecem o subjetivismo, o antropocentrismo, o sensacionalismo, o paganismo e todo tipo de excentricidades. Tais coisas, por sua natureza, não glorificam a Deus e não edificam a igreja de Jesus Cristo.  

2) Desfibramento moral da igreja. 

Se a pregação é o principal meio de graça, através do qual a igreja é santificada pela ação do Espírito Santo, onde não há pregação do evangelho a corrupção do coração é potencializada e se manifesta com maior força. Existem contundentes evidências da falta de integridade moral por parte de muitas pessoas que confessam ser cristãs. Valores e práticas incompatíveis com a Palavra de Deus se tornaram comuns no arraial evangélico. Se o profeta Oséias pregasse para essa geração de cristãos no Brasil, sua mensagem seria: “Volta, ó Israel, para o Senhor, teu Deus, porque, pelos teus pecados, estás caído”.[5] A exortação do Cristo ressurreto à igreja em Sardes é bem adequada à igreja brasileira: “... não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus”.[6] Uma das razões pelas quais a igreja padece de fraqueza moral é porque “há uma tendência dos púlpitos modernos a propagar uma mensagem que informa, mas não transforma, que diverte mas não converte” (Abgel).

3) Confusão doutrinária no seio da igreja. 

João Calvino, grande teólogo e experiente pastor, afirmou que “a ignorância é mãe de todas as heresias”. Onde a verdade é negligenciada floresce o erro. O Brasil, conhecido por sua cultura mística de profundas raízes no paganismo, é terreno fértil para a proliferação de ensinos errados. As matizes, quer seja, a pajelança indígena, os  ídolos do catolicismo romano, os rituais afro-ameríndios, o kardecismo anglo-saxão ou as seitas “evangélicas”, conspiram contra o genuíno evangelho. Nesse cenário de múltiplas divindades, variados cultos e tantos credos, o enfraquecimento do magistério da Palavra e a negligência da pregação tornam a igreja vulnerável e criam o ambiente para o sincretismo. Não seria essa a triste realidade da igreja evangélica no Brasil?

4) Decadência espiritual.

Um púlpito fraco é a maior tragédia da igreja. Spurgeon estava certo ao afirmar que “o mais maligno servo de Satanás que conheço é o ministro infiel do evangelho”.[7] O fracasso da pregação é a causa primária da miséria espiritual da igreja. Sempre que a igreja é transformada em teatro da fé, o púlpito em vitrine de vaidades, o culto em serviço de entretenimento e o pastor em animador de auditório, a decadência espiritual é inevitável. À luz das Escrituras, a falta de santidade, devoção, misericórdia, sabedoria, compaixão, fervor, piedade, vida e amor são evidências do declínio espiritual. A igreja tem dado sinais de fraqueza espiritual e existem algumas razões pelas quais isso acontece. O notável João Crisóstomo indica uma delas. "Quando você vir uma árvore cujas folhas estejam secas e murchas, algo de errado está acontecendo com as suas raízes; quando você vir um povo indisciplinado, sem dúvida, os seus sacerdotes não são santos".[8] A igreja que tolera um pastor negligente no ministério da pregação comete suicídio. 

II. Fatores contribuintes para o declínio da pregação.

O declínio não foi súbito, mas gradual. Um estudo criterioso apontará as razões pelas quais a glória da pregação ter sido apagada. O renomado Dr. Albert Mohler[9] aponta alguns elementos significativos, dentre os quais, destacamos três:

1) A pregação contemporânea sofre de perda na confiança no poder da Palavra.

Muitos pregadores não creem na autoridade da Bíblia como Palavra de Deus. É impressionante constatar a quantidade de pastores que deveriam nutrir a fé da igreja a partir da pregação da Palavra, mas não o fazem porque não confiam que de fato a Bíblia é a Palavra de Deus. Se um homem nega a inspiração, autoridade e suficiência da Escritura, ele não está qualificado para pregar.  

2) A pregação contemporânea sofre de obsessão por tecnologia.

Vivemos em uma sociedade de forte apelo audiovisual. O emprego de novas tecnologias não deve ser descartado, mas avaliado criteriosamente. O risco não é usar esses recursos, mas se tornar escravo deles. Um pastor não pode gastar mais tempos preparando slides para apresentar o seu sermão do que estudando o texto bíblico e orando diante de Deus, por si e pelos seus ouvintes. Como bem observou o dr. Moller, Deus decidiu ser ouvido e não visto. 

3) A pregação contemporânea sofre de focalização em necessidades sentidas.

A principal necessidade do ser humano é a paz com Deus por meio de Cristo. Desconsiderar essa verdade torna o púlpito um centro de aconselhamento para tratar realização profissional, saúde financeira e relacionamentos interpessoais. A psicologização do púlpito é uma triste realidade no cenário evangélico brasileiro. Enquanto os pregadores gastam tempo falando sobre os sete passos para melhorar o casamento, muitos casais nada sabem sobre o que significa o texto: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela”.[10]

O pastor moderno precisa voltar-se para o estudo profundo das Escrituras e para a pregação expositiva da revelação divina. Pequenos sermões tópicos, carregados de ilustrações sentimentais, que se ouvem nos púlpitos, [...] não satisfazem as mais profundas necessidades espirituais dos ouvintes”.[11]

Felizes são as igrejas cujos pastores pregam a Palavra de Deus. A história testemunha que as igrejas que mais crescem espiritualmente são aquelas que valorizam a pregação. Enquanto o púlpito não ocupar a primazia no culto não haverá edificação.

III. Encorajamento aos pregadores.

A Reforma Protestante, a despeito de todas as acusações de seus detratores, deixou um glorioso legado para o cristianismo, o resgate da pregação pública da Palavra de Deus. Os reformadores não inventaram a pregação, mas certamente lutaram para que ocupasse a primazia no culto cristão. Eles exortavam os que estavam sob a sua liderança  a buscar excelência na pregação da Palavra.  John Owen declarou que “o primeiro e principal dever de um pastor é alimentar o rebanho pela pregação diligente da Palavra”. Para tanto, eles tinham um pressuposto e uma motivação. Primeiro, eles entendiam que a pregação da Palavra de Deus é “um meio de graça indispensável e sinal infalível da verdadeira igreja” (Calvino). Segundo, a incansável luta desses gigantes da fé tinha como alvo a glória de Deus. Sendo essa a motivação primária para subir ao púlpito e anunciar o evangelho da graça. Deus é glorificado quando a igreja é edificada, e isso acontece através da diligente e fiel pregação da Palavra.

Martin Lloyd-Jones disse que a pregação é a tarefa mais importante do mundo. Calvino entendia que o púlpito é o trono de onde Deus governa a sua igreja. A reforma da igreja começa no púlpito da igreja. “O avivamento da igreja acontece quando se acende uma fogueira no púlpito”. (D. W. Moody).

Uma palavra de encorajamento.

1) Pregue a palavra.

Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina.[12]

Uma grande honra é sempre acompanhada de uma grande responsabilidade. A exortação de Alexander Wyte é muito oportuna: “Nunca pense em abrir mão da pregação! Os anjos em derredor do trono invejam sua grandiosa obra.” 

2) Estude exaustivamente o texto.

Sem disciplina nos estudos não é possível pregar com excelência. “Pregação que não custa nada não vale nada”, exortava John Henry Jowett. O pastor deve dedicar-se aos estudos e a preparação do sermão. Alguém sugeriu que para cada minuto de pregação o pregador deveria investir uma hora de preparação. Pode parecer muito, ou até mesmo impraticável, mas o ponto é que o preparo é fundamental. Segundo Spurgeon, o príncipe dos pregadores, “aquele que cessa de aprender cessa de ensinar. Aquele que não semeia nos estudos não colhe no púlpito”. 

3) Crie pontes entre o mundo bíblico e o contemporâneo.

Não torne a sua pregação uma coisa enfadonha e sem sentido. Conheça a Escritura, mas também o povo para o qual você prega. Mostre as pessoas a conexão entre o texto bíblico e a vida delas. Use ilustrações vivas e verdadeiras. Uma boa ilustração é como janelas em uma casa, iluminam e arejam o ambiente. A viva e eficaz Palavra de Deus precisa ser comunicada com clareza, a fim de que haja uma correta aplicação para os ouvintes. 

4) Seja humilde: você depende da graça de Deus.

Certo pregador subiu ao púlpito cheio de confiança em si mesmo. Foi um completo fracasso. Então alguém lhe disse: Se você subisse como desceu (humilde) teria descido como subiu (confiante). A humildade é uma virtude que faz toda diferença na vida do pregador. Os talentos não são suficientes. Para obter a bênção de Deus no exercício da pregação é necessário suplantar a soberba e pregar na completa dependência do Senhor. McCheyne acertou ao dizer que “não é tanto os talentos o que Deus abençoa, mas uma grande semelhança com Jesus. Um ministro de vida santa é uma tremenda arma nas mãos de Deus”.[13]

5) Ore invocando a presença do Espírito Santo.

Sermões áridos e sem vida matam a igreja. O que torna um sermão uma pregação é o poder do Espírito. “A pregação é lógica em fogo” (Lloyd Jones). Todo pregador deve buscar a unção do Espírito, sem o qual os frutos são impossíveis. Em uma época de aguda fraqueza espiritual nos púlpitos, acompanhada de inúmeras conversões fabricadas pela manipulação das emoções humanas, todo pregador deveria levar em consideração as palavras do apóstolo Paulo, um dos maiores pregadores da história do cristianismo: “porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós”.[14]

Em suma, sem pregação bíblica, proclamada no poder do Espírito Santo, não há esperança para a igreja brasileira. Deus tenha misericórdia de nós.

* Texto publicano no site da Edições Vida Nova (Teologia Brasileira)
__________________________________

[1] LATIMER, Hugh. Citado por STOTT, John. Eu Creio na Pregação. Vida: São Paulo, 2001, pp. 27-28.
[2] OLYOTT, Stuart. Pregação Pura e Simples. Fiel: SJC, 2008, p. 23.
[3] Efésios 3.8.
[4] MOHLER, Albert. Apascenta o meu rebanho. Cultura Cristã: São Paulo, 2009, p. 25.
[5] Oséias 14.1.
[6] Apocalipse 3.2.
[7] SPURGEON, Charles H. O Ministério Ideal, Vl 2. PES: São Paulo, 1990, p. 65.
[8] CRISÓSTOMO, In: Homilias sobre o Evangelho de Mateus (38), citado por SPENER Filipe Jacob, Pia Desideria, p. 26.
[9] MOHLER, Albert. Deus não está em silêncio. Fiel: São José dos Campos, 2011, pp. 22-28.
[10] Efésios 5.25.
[11] CRABTREE. A Doutrina Bíblica do Ministério Pastoral. Rio de Janeiro: Juerp, 1981, p. 81.
[12] 2 Timóteo 4.1-2.
[13] MCCHEYNE, Robert M. Citado por STOTT, John. O perfil do pregador. São Paulo Vida Nova, 2005, p. 114.
[14] 1 Tessalonicenses 1.5.

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Fonte: Blog do autor
Via Bereianos

Cristãos estão em extinção em países do Oriente Médio, afirma ministra do Reino Unido

Cristãos estão em extinção em países do Oriente Médio, afirma ministra do Reino Unido

Durante um discurso proferido na Universidade de Georgetown, em Washington, a Ministra de Fé e Comunidades do Reino Unido, Sayeeda Warsi, afirmou que em algumas partes do mundo, como o Oriente Médio, os cristãos “correm risco de extinção”, devido à violência dirigida a eles.
- Estou preocupada, assim como outros membros da sociedade, com a significativa quantidade de correspondência que recebemos alertando que o berço do cristianismo – partes do mundo onde o cristianismo se propagou primeiro – está vendo uma grande parte da comunidade cristã indo embora e os que restam sendo perseguidos – afirmou Warsi.
- Um em cada dez cristãos vive em situação de minoria e, um grande número de pessoas que vive em situação de minoria em todo o mundo é perseguido. Eles estão sendo vistos como os recém-chegados, estão sendo tratados como ‘o outro’ dentro dessa sociedade, apesar de estarem ali por muitos e muitos séculos – completou a ministra.
Primeira Muçulmana a servir ao governo Britânico, Warsi é Ministra de Fé e Comunidades, cargo que a coloca como uma ministra sênior do Estado no Escritório de Relações Estrangeiras do Reino Unido.
De acordo com o World Watch Monitor, a ministra ressaltou que “os Cristãos no Oriente Médio são vistos como ‘intrusos’ na região onde têm vivido desde o despontar do Cristianismo”. Ela disse ainda que os cristãos “são vistos como ‘forasteiros’ em sociedades que ajudaram a moldar por séculos, e culpados por ofensas ocidentais”.
- Um êxodo em massa está acontecendo, numa escala Bíblica. Em alguns locais há o perigo real de que o Cristianismo seja extinto – completou Warsi.
Sayeeda Warsi exortou ainda líderes políticos a manterem sua palavra garantindo que suas constituições nacionais sejam cumpridas e que as leis internacionais de direitos humanos sejam seguidas.
- Há muito mais a fazer. Há um consenso internacional na forma de uma resolução do conselho de direitos humanos sobre o tratamento das minorias e a tolerância para com outras religiões, mas nós precisamos construir uma vontade política por trás disso. Temos artigos internacionais, que são os mais traduzidos sobre a liberdade de religião, mas eles não estão implementados; logo, não é apenas ter leis, é necessário que os políticos que tenham a vontade política para implementar essas leis – completou a ministra em seu discurso.
Filha de imigrantes Paquistaneses, Warsi nasceu na Inglaterra e foi elevada à Casa dos Lordes em 2007, aos 36 anos, sendo a mais jovem integrante do parlamento na época. Em 2010, o Primeiro Ministro David Cameron a apontou como ministra sem pasta, em 2012 foi nomeada para a pasta de Fé e Comunidades.
Por Dan Martins, para o Gospel+

sábado, 30 de novembro de 2013

O Estupro dos Cânticos de Salomão - 4/4

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Por John MacArthur

Antes de encerrarmos esta breve série, prometi responder tantas perguntas quanto possível daquelas pessoas que têm comentado aqui, via e-mail, através do Twitter e no Challies.com.

Primeiramente, gostaria de agradecer a Tim Challies pela coragem em hospedar uma discussão acerca deste tópico. A simples menção de boas maneiras e linguagem, obviamente suscita paixões no evangelicalismo contemporâneo – e não necessariamente de uma maneira que seja útil. Não é fácil encontrar fóruns na internet onde uma questão tão volátil pode ser discutida abertamente com lucro. E, devido a alguns dos vários problemas que esta série tem abordado, mesmo fóruns Cristãos não são sempre um paraíso a salvo da profanação e do comportamento grosseiro e carnal. Sou grato ao Tim por assegurar um nível mais digno de diálogo.

Faço eco ao choque total que Tim expressou quando foi exposto a algo do material do sermão de Driscoll na Escócia (a mensagem que disparou esta série neste blog). Após ler algumas das declarações ultrajantes de Driscoll, Tim reagiu da mesma maneira que qualquer Cristão de mente pura reagiria:

Eu tenho um verdadeiro problema com qualquer um que interprete os Cânticos de Salomão deste jeito... Para ser honesto, as palavras me faltam quando eu sequer tento me explicar – quando eu tento explicar como eu simplesmente não posso sequer conceber os Cânticos de Salmão assim. A natureza poética dos Cânticos é inteiramente corroída quando atribuímos tal significado a eles: tal significado específico. E eu fico pensando qual o bem que pode fazer a um casal estar apto a dizer “Veja, este ato sexual específico é obrigatório na Escritura. Portanto, vamos praticá-lo”. Isso pode ser dito a um cônjuge que não tem desejo de fazer este ato, ou que até mesmo o considera de mau gosto. E ainda, com nossa interpretação dos Cânticos de Salomão, a qual realmente não temos meios de provar (pelo menos, não para além de qualquer dúvida razoável), estamos potencialmente forçando um parceiro relutante a fazer algo. Eu apenas... novamente, as palavras realmente me faltam aqui.

Tim, você estava certo em ficar chocado. A coisa mais chocante para mim é que algumas pessoas não parecem estar chocadas de maneira alguma. O que facilmente receberia do mundo uma classificação NC-171, está sendo divulgado e defendido por alguns na igreja.

Devo explicar que não uso a internet diretamente; Eu nem sequer possuo um computador ou uma conexão a internet em minha casa. Sou totalmente dependente da equipe e dos estagiários no ministério pastoral que imprimem o material que preciso para ler e garantem que eu o consiga.

Portanto, para aqueles que talvez esperassem que eu interagiria com seus comentários em tempo real no blog, simplesmente não tenho meios fáceis de fazer isto. Faço uma varredura nos comentários quando os recebo – que usualmente não é até o dia seguinte – mas não posso responder os comentários do blog diretamente, nem seria capaz de devotar meu tempo aos fóruns de internet mesmo se estivesse conectado.

Mas, quero aproveitar esta oportunidade para responder as perguntas mais freqüentes dos últimos dias. Praticamente todos os questionamentos e críticas que têm sido levantados podem ser agrupados em duas categorias. Alguns poucos são questionamentos e observações sobre a interpretação adequada dos Cânticos de Salomão. Praticamente todo o restante tem a ver com minhas críticas a Mark Driscoll.

Responderei muitos questionamentos da primeira categoria e sumariarei minhas respostas a segunda categoria em duas respostas finais.

1. Podemos “dar o sentido” quando pregamos a poesia sem fazer uma exposição versículo por versículo, preceito por preceito? Ou é melhor deixá-lo “cuidadosamente velado” como MacArthur escreve?

A pergunta interpreta erroneamente o que eu disse. Nunca sugeri que o claro significado de qualquer texto deva ser “cuidadosamente velado”. Eu apontei para o fato de que algumas coisas na Escritura estão cuidadosamente veladas, e nós não devemos impor nossas próprias interpretações especulativas sobre elas.

Em outras palavras, estou incitando os pastores a lidar com o que o texto diz, e se afastar de impor um estilo gnóstico de significados secretos sobre as idéias que são deliberadamente deixadas obscurecidas ou totalmente escondidas pelo Espírito Santo.

Não estou dizendo nada além do que diria sobre interpretações especulativas de qualquer parte da Escritura: isto é insensato. Não, isto é seriamente perigoso. “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós...” (Deut. 29:29).

Também estou dizendo que o modo como o Espírito discursa sobre a santa intimidade e privacidade do amor conjugal é a antítese do tipo grosseiro das pseudo-interpretações gráficas que alguns evangélicos contemporâneos parecem almejar.

2. Os Cânticos de Salomão são um livro explicitamente erótico. Como pode você possivelmente argumentar que este livro da Bíblia, o qual é a Santa Palavra de Deus, é qualquer coisa, menos “completamente explícito”? Não é uma negação do óbvio afirmar que os Cânticos de Salomão não são uma bela descrição gráfica de sexo?

Explícito – ek • SPLIS • isto – Expressar distintamente tudo o que se entende; não deixando nada meramente implícito ou sugerido; sem ambigüidades.

Desde que não há nenhuma menção de uma parte reprodutiva do corpo ou ato sexual nos Cânticos de Salomão, nenhum comentarista dos Cânticos que se preze jamais faria sequer tal afirmação acerca deste livro. Além do mais (e este é o ponto chave de toda a discussão), os Cânticos de Salomão não são literatura “erótica” em qualquer sentido que seja – i. é., não se destina a despertar os leitores sexualmente. Claramente, ele nunca deveria ser pregado de uma maneira que tenha este efeito. Este é um ponto tão óbvio que apenas um explorador do livro o ignoraria por interesses lascivos.

3. Você não vê a distinção entre metáfora e eufemismo?

É claro. Mas as vezes uma metáfora é também um eufemismo, e este é claramente o caso de algumas das disputadas imagens dos Cânticos de Salomão. Não há meio exegético para decidir o que as várias jóias, flores, aromas, óleos e outros prazeres sensuais nomeados no poema representam na mente do autor. Ele propositalmente os deixa vagos. Portanto, não significa necessariamente que os símbolos devam ter qualquer relação de um-para-um com as realidades correspondentes; ao contrário, eles são emblemas gerais da beleza e do desejo. Salomão usa o simbolismo ao invés de dizer qualquer coisa explícita – o que (por definição) torna aquelas metáforas eufemísticas também.

Ao longo daquelas linhas, Richard Hess, nas páginas 34-35 de seu Baker Old Testament Commentary, observa os perigos da leitura demasiada das belas metáforas dos Cânticos:

As metáforas dos Cânticos são as mais ricas de qualquer dos livros da Bíblia. De qualquer modo, não pretendem prover uma simples correspondência do tipo um-para-um. De fato, os intérpretes são mais susceptíveis a perderem-se em absurdos quando se esforçam para igualar as coisas onde elas não são explícitas... A melhor interpretação deve manter-se sensível à linguagem das imagens e tentar seguir seus contornos sem impor demasiada exigência sobre os detalhes de interpretação... Os cânticos não apresentam entretenimento a seus leitores através de exposições lascivas, nem os educa como um manual de sexo.

4. Será que seus escrúpulos acerca de descrições gráficas de atos sexuais não são culturais e produtos de uma geração? Talvez a cultura na qual você ministra não seja tão desinibida quanto as sub-culturas que outros pregadores estão tentando alcançar.

Sexo não é algo novo na era pós-moderna. Cada cultura e cada geração tem lidado com as mesmas obsessões e perversões que lidamos hoje – embora nem sempre com a mesma auto-indulgência desenfreada que nossa cultura tem encorajado. Cada cristão tem sempre encarado os mesmos desejos e tentações que nos assaltam: “Não vos sobreveio nenhuma tentação, senão a que é comum ao homem” (1 Coríntios 10:13). Aqueles que pensam que a pornografia e a libertinagem desenfreada não eram comuns na era pré-internet devem visitar as ruínas de Pompéia e ver como era a vida na cultura de Roma durante a geração do apóstolo Paulo.

Paulo ministrou em culturas muito menos “inibidas” que a nossa. No entanto, quando ele achou necessário lidar com tópicos sexuais – seja para dar instruções positivas sobre a relação no casamento ou exortações negativas acerca de pecados sexuais – ele nunca falou em termos sexualmente gráficos.

Além disso, o que era pecaminoso na era de Paulo ainda é pecaminoso em nossa cultura saturada de pornografia. E a estratégia de Paulo para alcançar os Coríntios (uma das sub-culturas mais pervertidas sexualmente já conhecida) é a mesma estratégia que devemos usar hoje. Isto inclui alguns cuidados, dignidades e ensino autenticamente bíblico sobre questões de sexo (cf. 1 Coríntios 7). Santidade, e não um método de como aconselhar sobre sexo, é o coração do que os pastores deveriam estar ensinando sobre sexo (especialmente em uma cultura viciada em sexo). E nosso ensino sobre o assunto deve ser feito com graça, dignidade e santificação, não na forma de uma comédia erótica.

A verdade é que a Palavra de Deus nunca dá instruções específicas sobre os detalhes das preferências sexuais de um casal em sua vida sexual. Sermões que pretendem encontrar tais instruções, como a preocupação sexual demonstrada nesses assaltos aos Cânticos de Salomão, são mais prejudiciais que úteis – porque erguem a imaginação do pregador a uma posição mais elevada de proeminência e autoridade do que a verdadeira revelação de Deus.

Nem Paulo ou qualquer outro legítimo líder da igreja em 2000 anos têm sequer achado necessário (ou mesmo útil) utilizar a sabedoria das ruas para a educação sexual – nem como uma estratégia evangelística, e certamente nem como um meio de santificação para as pessoas já dominadas pela conversação sobre sexo de uma cultura corrompida. Adotar a obsessão do mundo por conversação sexual e suja não pode possibilitar um efeito santificador, porque a própria estratégia é profana.

A noção de que sub-culturas degeneradas e pessoas sexualmente viciadas não podem ser alcançadas sem o “aprender a falar a língua deles”, é uma falácia absoluta. A Grace Church está a sete milhas de Hollywood, no coração do Sul da Califórnia, em uma cultura carnal de prazer doentio, bem conhecida no mundo todo por tudo, menos por valores espirituais saudáveis. Nenhuma cidade na América é mais “desigrejada” que nosso vale, o qual abriga mais de três milhões de pessoas. O povo da Grace Church está alcançando amigos e vizinhos em todas as sub-culturas imagináveis – dos ex-presidiários aos ex-católicos e as pessoas na indústria do entretenimento. Batizamos novos convertidos praticamente todo domingo a noite. Não é necessário nem útil injetar referências sexuais explícitas nas conversas a fim de alcançar pessoas de tais culturas. Deus os traz a Cristo através do Evangelho.

5. Você intitulou seus artigos de “O estupro dos Cânticos de Salomão”. Se você discorda tanto da linguagem forte e de temas sexuais, não parece ser sobre isto o tópico?

Um dos problemas fundamentais em toda essa discussão é a recusa por parte de muitos em reconhecer a distinção crucial (e fundamental) entre linguagem forte e linguagem obscena. O próprio Mark Driscoll contribuiu para esta confusão ao misturar e obscurecer os dois assuntos em sua mensagem ano passado na Conferência Desiring God. A Escritura condena hereges em termos vigorosos, as vezes indelicados, (por exemplo, Gálatas 5:12). Mas a Bíblia nunca é indecente, e a linguagem forte na Escritura certamente não faz da linguagem profana ou suja uma piada aceitável (Efésios 5:4).

No primeiro artigo da série, expliquei por que o título é apropriado. Se alguém acha que é um exemplo do que tenho condenado, esta pessoa não entendeu nada do que falei. O estupro é um ato de violação forçada; e este tratamento dos Cânticos de Salomão é um abuso do livro, arrancando-lhe o véu designado por Deus, contaminando publicamente sua pureza, e mantendo-o a vista para olhares e sorrisos maliciosos.

6. O sermão de Driscoll foi realmente tão ruim quanto você diz? Você não está exagerando o que, em última análise, foi apenas uma diferença no estilo?

Durante a Controvérsia Downgrade, Charles Spurgeon foi essencialmente acusado da mesma coisa – uma deturpação dos fatos e uma reação exagerada as questões. Aqui está o que Spurgeon disse em resposta aos seus críticos:

A controvérsia que tem se levantado de nossos artigos anteriores é muito ampla em seu alcance. Mentes diferentes terão suas próprias opiniões quanto a maneira com a qual os combatentes têm se portado; de nossa parte estamos satisfeitos em deixar milhares de assuntos pessoais passarem desapercebidos. O que importa quais sarcasmos e gracejos possam ter sido proferidos às nossas custas? A poeira da batalha baixará no devido tempo; pois, no presente, o interesse principal é manter o estandarte em seu lugar, e preparar-se contra as arremetidas do adversário.
Nosso alerta tinha a intenção de chamar atenção para um mal que pensávamos ser aparente a todos: nunca imaginamos que “a questão precedente” seria levantada, e que uma companhia de estimados amigos arremeteria em meio aos combatentes, e declararia que não havia motivo para a guerra, mas que nosso moto poderia continuar a ser “Paz, paz!” No entanto, tal tem sido o caso, e em muitos lugares a pergunta principal não é o “Como podemos remover o mal?”, mas “Existe algum mal para ser removido?” Nenhum fim de carta tem sido escrito com isto como seu tema – “As acusações feitas pelo Sr. Spurgeon são realmente verdadeiras?” Deixando de lado a questão de nossa própria veracidade, não poderíamos ter qualquer objeção a uma discussão mais aprofundada do assunto. Por todos os meios, deixe a verdade ser conhecida.

No espírito de Charles Spurgeon, então, sinto que não há outro curso de ação, a não ser deixar que a verdade seja conhecida. Este link (o qual alguém me enviou por e-mail ontem) o levará a algumas das coisas que Mark Driscoll tem dito sobre os Cânticos de Salomão. Minha preferência seria não “linkar” aquelas coisas de maneira alguma (de fato, há muito mais que eu poderia “linkar”), e gostaria de avisar que o conteúdo é altamente ofensivo (especialmente por ter sido pregado em um culto de Domingo onde crianças, adolescentes e jovens solteiros estavam presentes). Mas, como Paulo disse aos Coríntios, as vezes é necessário suportar uma pequena tolice a fim de que a verdade seja conhecida.

O Novo Testamento não poderia ser mais claro. A boca fala do que o coração está cheio (Mateus 12:34). E aqueles que ensinam publicamente são levados a um nível mais alto de responsabilidades (Tiago 3:1). Pastores, em particular, devem ser modelos de pureza (1 Tim. 4:12), acima de qualquer reprovação, tanto dentro da igreja como fora dela (1 Tim. 3:2-7). Pureza na doutrina, pureza na vida e pureza no falar fazem parte das qualificações bíblicas para aqueles que serão porta-vozes de Deus.

Efésios 4:29 Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que seja boa para a necessária edificação, a fim de que ministre graça aos que a ouvem.

Efésios 5:4–5 Nem baixeza, nem conversa tola, nem gracejos indecentes, coisas essas que não convêm; mas antes ações de graças. Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus.

1 Tessalonicenses 4:7 Porque Deus não nos chamou para a imundícia, mas para a santificação. Portanto, quem rejeita isso não rejeita ao homem, mas sim a Deus, que vos dá o seu Espírito Santo.

Tito 2:6–8 Exorta semelhantemente os moços a que sejam moderados. Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra integridade, sobriedade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se confunda, não tendo nenhum mal que dizer de nós.

É por isso que estou fazendo uma discussão tal como esta. Porque o Novo Testamento faz uma discussão assim. Não é simplesmente uma diferença de opinião, geração, preferência, estilo ou metodologia. É uma discussão que se levanta dos claros mandatos do Novo Testamento relacionados ao caráter de um presbítero. De qualquer modo, não acho que tenha reagido com força suficiente.

7. Por que você escolheu Driscoll e o conectou com os “desafios sexuais”? Por que levá-lo a público? Ele já se arrependeu de seu discurso underground, e está sendo discipulado de maneira particular por homens como John Piper e C. J. Mahaney, que o fazem prestar contas. Você os consultou antes de chamar Driscoll pelo nome? Se o problema é tão sério como você alega, por que eles não disseram nada publicamente acerca disto?

No sermão que motivou esta série, Mark Driscoll (falando especificamente as esposas na congregação) fez vários comentários que foram muito, mas muito piores do que sórdidos desafios sexuais. Além do mais, os editos de Driscoll às mulheres casadas não eram meros “desafios”, mas diretivas reforçadas com a alegação de que “Jesus Cristo ordena que você faça [isto]”. Este material tem estado online e circulado livremente por mais de um ano. Mas você terá muita dificuldade para encontrar um único fórum sequer na Web onde alguém tenha exigido que Driscoll explicasse porque ele se sentia livre para dizer tais coisas publicamente.

Estou apontando algo que não deve ser nenhum pouco controverso: pastores não são livres para falar assim. Em resposta, uma enchente de jovens revoltados, incluindo muitos pastores e seminaristas – nenhum dos quais tenha sequer tentado uma conversa em particular comigo sobre este tópico – têm se sentido livres para postar insultos e públicas reprovações em um fórum público, declarando enfaticamente (sem a óbvia consciência da ironia) que eles não crêem que tais coisas devam ser tratadas em fóruns públicos.

(Para ser claro: não estou sugerindo que alguém precisa me contatar em particular sobre declarações públicas que eu tenha feito. Muito pelo contrário. Mas aqueles que insistem que tais desacordos devam ser tratados privadamente revelam a hipocrisia do que alegam quando usam fóruns públicos para censurar e acusar um pastor de quem eles discordam.)

Quando 1 Timóteo 5:20 diz: “Aqueles que continuam em pecado, repreenda-os na presença de todos”, ele está falando aos presbíteros em particular. Aqueles em um ministério público devem ser repreendidos publicamente quando seus pecados se repetem, em público, e são confirmados por várias testemunhas.

No entanto, tenho escrito para Mark em particular sobre minhas preocupações. Ele rejeitou meu conselho. Com relação a este fato, ele pregou o sermão que venho citando, sete semanas após receber minha carta privada onde o encorajava a levar a sério o padrão de Santidade que as Escrituras impõem aos pastores. Aqui está uma pequena seleção da carta de seis páginas que o enviei:

Você [não] pode fazer cristãos adotarem modismos mundanos como se fossem um caso bíblico – especialmente quando aqueles modismos estão diametralmente em oposição ao discurso saudável, mente pura e comportamento casto que Deus nos conclama a exibir. Em sua essência, trata-se de ideologia. Não importa o quanto a cultura possa mudar, a verdade nunca muda. Quanto mais a igreja se acomoda as bases elementares da cultura, mais ela comprometerá inevitavelmente sua mensagem. Não devemos trair nossas palavras através de nossas ações; devemos estar no mundo, mas não ser do mundo... É vital que você não envie uma mensagem sobre a importância da sã doutrina e uma mensagem totalmente diferente sobre a importância do discurso são e da pureza de mente irrepreensível.

A resposta de Mark Driscoll a esta admoestação e as coisas que ele tem dito desde então só têm aumentado minha preocupação.

Mark Driscoll realmente expressou arrependimento sobre a reputação que sua língua o rendeu a alguns anos atrás. No entanto, nenhuma mudança substancial é observável. Apenas a algumas semanas, em uma diatribe raivosa dirigida a homens de sua congregação, Driscoll mais uma vez lançou um palavrão totalmente desnecessário. Algumas semanas antes disto, ele fez um escárnio público de Eclesiastes 9:10 (algo que ele tem feito repetidamente), fazendo piada disto em cadeia nacional. Então, aqui estão mais dois vídeos inapropriados de Driscoll que estão circulando entre jovens e estudantes universitários por quem tenho alguma responsabilidade pastoral. Em sua imaturidade, eles geralmente pensam que é maravilhosamente legal e transparente para um pastor falar assim. E eles se sentem a vontade para xingar e fazer piadas de forma semelhante em ambientes mais casuais.

Já passou da hora da questão ser tratada publicamente.

Finalmente, é seriamente exagerado dizer do envolvimento de John Piper e C. J. Mahaney que eles estão “discipulando” Mark Driscoll. Em primeiro lugar, a idéia de que um homem crescido, já em ministério público e sob os holofotes da TV nacional, necessita de espaço para “receber a instrução de mentores” antes que seja justo sujeitar suas atitudes públicas ao escrutínio bíblico parece inverter todo o processo. Estes problemas têm sido discutidos em ambos os contextos, público e privado, por pelo menos três ou quatro anos. Em algum ponto, o argumento de que esta é uma questão de maturidade e que Mark Driscoll apenas precisa de tempo para amadurecer perdeu a eficácia. Neste ínterim, a mídia está tendo um festival para escrever histórias que sugerem que conversação desprezível é uma das marcas registradas do “Novo Calvinismo”; e inúmeros estudantes a quem amo e conheço pessoalmente estão sendo conduzidos a um comportamento carnal semelhante ao imitarem o discurso e estilo de vida de Mark Driscoll. Para tudo há um limite.

Sim, eu informei John Piper e C. J. Mahaney das minhas preocupações sobre este material a várias semanas atrás. Discriminei todas estas questões em detalhes muito mais minuciosos do que tenho escrito aqui, e disse-lhes expressamente que estava preparando esta série de artigos para o blog.

Para aqueles que perguntam por que os pastores Piper e Mahaney (e outros em posições chaves de liderança) não têm expressado publicamente suas próprias preocupações similares, esta não é uma pergunta para mim. Espero que você escreva e pergunte a eles.

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1 É uma espécie de classificação de conteúdo para que os pais americanos tenham uma idéia daquilo com que seus filhos estão tendo contato. NC-17 seria, por exemplo, um filme contendo senas de sexo explícito ou violência excessiva. Poderia ainda conter obscenidades, pornografias, linguagem sexual ou violenta [N. do T.].

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Fonte: Grace to you
Tradução: Nelson Ávila

O Estupro dos Cânticos de Salomão - 3/4

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Por John MacArthur

[Nota do Editor: O leitores devem ser advertidos que este artigo contém material ofensivo. No entanto, ele está incluído aqui com o objetivo de fundamentar a tese deste artigo.]

Eu enfaticamente concordo com aqueles que dizem que os Cânticos de Salomão não são mera alegoria. Ele é melhor entendido quando o tomamos como de fato se propõe a ser, como qualquer outro texto da Escritura. Muitos intérpretes a quem, em outro caso, mantenho em alta estima (incluindo Spurgeon e a maioria dos Puritanos), infelizmente fizeram mais para confundir do que para esclarecer a mensagem dos Cânticos ao tratá-la de uma maneira puramente alegórica que acaba por eliminar seu sentido primário.

Os Cânticos de Salomão são, como tenho dito desde o princípio, um poema de amor entre Salomão e sua noiva, celebrando o amor mútuo de um pelo outro, incluindo os prazeres do leito conjugal. Interpretar esta — ou qualquer outra porção da Escritura— de uma maneira puramente alegórica é tratar a própria imaginação do intérprete como mais autoritativa do que o sentido literal do texto.

De qualquer modo, aqueles que fingem saber o significado dos símbolos poéticos que não estão claramente identificados a partir do próprio texto cometem o mesmíssimo erro. Suas especulações são igualmente um modo de exaltar suas próprias imaginações a um nível de autoridade superior ao sentido literal do texto.

É um problema particular quando o interprete vê um mandato para sexo oral numa simples metáfora acerca do fruto de uma árvore, ou imagina que a melhor maneira de contextualizar e ilustrar porções do texto é despindo verbalmente sua própria esposa a fim de fazer o ponto tornar-se o mais vívido possível.

Num caso como este, o orador não apenas tem dado peso demasiado a sua própria imaginação especulativa; ele tem dado um sinal bastante claro de que sua imaginação não é totalmente pura (Lucas 6:45).

E este é um problema muito mais sério do que meramente alegorizar o texto.

De maneira alguma desejo minimizar os perigos de se alegorizar o texto. Essa aproximação hermenêutica é cheia de prejuízos, mesmo nas mãos de homens de mente pura, que geralmente são saudáveis em sua doutrina. Eu não aprovo os vôos da fantasia alegórica, especialmente com um texto como os Cânticos de Salomão, o qual impõe bastante dificuldade com as, obviamente embutidas, metáforas e linguagem poética que possui.

Alegorizadores dos Cânticos de Salomão geralmente o vêem como uma expressão de terno amor mútuo entre Cristo e Sua igreja. A maioria deles diria que Cristo é representado pela voz de Salomão; a igreja é representada pela voz de Sulamita. Alguns intérpretes vão ainda mais longe e dizem ouvir três ou mais vozes falando do texto. (Invariavelmente, aqueles que multiplicam as vozes tentam fazer com que os versículos se encaixem em algum libreto complexo que se levanta mais de suas próprias agendas pessoais do que do texto em si).

Ainda assim, independentemente de quantas vozes sejam ouvidas e quem esteja supostamente falando, quase todos os que alegorizam este poema vêem-no como um cântico de amor entre Cristo e a igreja. É provavelmente adequado dizer que esta visão alegórica sobre Cristo e a igreja tem sido a interpretação dominante do poema através da história da igreja.

Isto, é claro, não é o certo a ser feito. Acontece que penso não ser esta a abordagem correta para interpretar este texto. Mas esta não é uma visão que deva ser rejeitada com desprezo vulgar — especialmente com uma piada grosseira atribuindo comportamento homossexual a Cristo.

Se você já ouviu qualquer dos estudos de Mark Driscoll sobre os Cânticos de Salomão, certamente terá ouvido sua piada naquele sentido. Por exemplo, no sermão que me impulsionou a escrever estes artigos, Driscoll diz, “Alguns têm alegorizado este livro, e assim fazendo, eles o têm destruído. Eles dirão que ele é uma alegoria entre Jesus e sua noiva, a igreja. O que, se for verdade, é estranho. Porque Jesus está fazendo sexo comigo e pondo sua mão sobre minha camisa. E isto parece estranho. Eu amo Jesus, mas não desse jeito.”

Drsicoll disse quase exatamente a mesma coisa nos últimos três outros sermões. Por exemplo: “Jesus continua fazendo comigo e me tocando em locais impróprios”. “Agora eu sou gay, ou altamente perturbado, ou ambos”. “Como um cara, eu não me sinto confortável com Jesus, como você sabe, me beijando, me tocando e me levando para a cama. Ok? Acho que essa espécie de visão acerca dos Cânticos de Salomão é muito homo-erótica.”

Mesmo em sua série mais recente, Peasant Princess, ele repete uma versão daquela mesmíssima piada:

Agora, o que acontece é que alguns dizem “Bem, nós cremos no livro [dos Cânticos de Salomão], e o ensinaremos, mas o faremos alegoricamente.” E há então uma interpretação alegórica e uma literal. Eles dirão, “Bem, a interpretação alegórica não é entre um marido e sua esposa, Cânticos de Salomão, amor, romance e intimidade; do que ela trata? Sobre nós e Jesus.” Realmente? Eu espero que não. [Risos da platéia] Se eu chegar no céu e ele desabar, não sei o que farei. Quero dizer que este será um mau dia. Certo? Eu falo sério. Vocês caras, sabem do que eu estou falando. É como, “Não, eu não estou fazendo isto. Você sabe que eu não estou fazendo isto. Eu O amo [Jesus], mas não deste jeito.” [Risos da platéia].

Driscoll escapa da crítica a respeito deste tipo de piada alegando que não é blasfêmia pelo fato de não ter nada a ver com o “verdadeiro” Jesus. Ele diz que está simplesmente tirando sarro de uma falsa noção sobre Jesus. E ele continua fazendo a piada. Aqui está o problema com isto: a Escritura claramente ensina que o amor entre marido e mulher em todos os seus aspectos é uma metáfora de Cristo e a igreja (Efésios 5:31-32).

Assim, mesmo uma interpretação não alegórica dos Cânticos de Salomão (simplesmente tomando a canção de amor entre Salomão e Sulamita no sentido em que ela se propõe a ser), em última análise aponta-nos a Cristo e seu amor pela igreja. O texto deve ser manuseado pelo pregador, portanto, não como um pretexto para se banhar na sarjeta de nossa cultura obsessiva por descontração, com uma conversação grosseira acerca de sexo e descrição de imagens sexuais.

Alguns dos que tem comentado esses artigos sugeriram que eu deveria fazer uma exposição completa dos Cânticos de Salomão ao invés de simplesmente criticar os maus intérpretes e condenar a fixação da igreja contemporânea por sexo.

Isto exigiria uma série longa, e eu preferiria não devotar semanas de tempo neste blog a um tópico que levantei apenas com o objetivo de uma simples admoestação particular. Mas aqueles que desejam conhecer minha exposição dos Cânticos de Salomão ficarão felizes em encontrar notas completas sobre o texto na Bíblia de Estudo MacArthur.

Aquelas notas devem ser uma resposta suficiente àqueles que pretendem saber se o que estou falando é que seria melhor não comentar os Cânticos de Salomão de maneira alguma.

É claro que não é o que estou dizendo, nem pode alguém asseverar que tenho afirmado implicitamente qualquer coisa do tipo — sem torcer minhas palavras ou colocar suas palavras em minha boca. (Isto aconteceu literalmente numa série de comentários em outro blog onde este artigo estava em discussão. Um comentarista precipitadamente me acusou de oposição a exposição linha-por-linha dos Cânticos. Em metade dos comentários, as pessoas estavam pondo esta alegação entre aspas, atribuindo-a a mim.)

O que estou dizendo é que os limites da decência — especialmente quando se lida com temas como sexo — devem ser aplicados a qualquer texto com o qual estejamos lidando. Interpretar a bela poesia de modo a transformá-la num indecente pornô soft é corromper a intenção primordial do texto.

Isto está longe de ser tão difícil de entender como alguns estão imaginando, mas talvez um simples paralelo seja suficiente: Existem outras funções privadas do corpo e partes do corpo “menos honrosas” ou “indecorosas” (1 Coríntios 12:23). Encontramos estas mencionadas ou aludidas às vezes nas Escrituras sem, contudo, serem demasiadamente especificadas. Todos nós seríamos certamente ofendidos se o pregador fizesse um longo discurso descritivo, ou desse instruções do tipo “como-é”, no culto de Domingo, sublinhando aquelas coisas “indecorosas”.

Por razões mais fortes que a simples modéstia, certos atos envolvendo fornicação, auto-erotismo e outras coisas que as pessoas geralmente “fazem em segredo”, são vergonhosas para serem discutidas em qualquer contexto público (Efésios 5:12), muito menos num culto da igreja. Elas podem ser temas adequados para uma sessão de aconselhamento privado, para um consultório médico ou para uma aula de biologia da faculdade, mas não são temas apropriados para um culto onde Deus deve ser glorificado, onde Cristo deve ser exaltado, onde respeito deve ser mostrado para com as mulheres, onde a inocência das crianças deve ser resguardada e onde as curiosidades luxuriosas de pessoas solteiras não devem ser inflamadas desnecessariamente.

Quando um orador deliberadamente desperta desejos que não podem ser realizados com retidão em universitários solteiros, ou quando suas ilustrações pessoais deixam de preservar a privacidade e honra de sua própria esposa, isto já é algo bem pior do que meramente inapropriado. Quando feito repetidamente e com o comportamento de um bad boy imaturo, tal prática reflete um defeito de caráter maior, que é a desqualificação espiritual. Qualquer homem que faz tais coisas demonstra simplesmente que a marca registrada de seu estilo não está realmente acima de qualquer reprovação.

Tão recentemente como há uma década, este ponto de vista não teria levantado um pio de controvérsia.

O fato de que isto é tão controverso agora é simplesmente uma prova a mais de que os evangélicos têm se tornado parecidos demais com o mundo, e muito confortáveis com as características maléficas de nossa cultura.

Amanhã, se o Senhor quiser, postarei o capítulo final desta série. Várias perguntas têm chegado repetidamente de pessoas que têm comentado sobre estes artigos, e no capítulo final de amanhã quero responder o maior número delas possível.

Continua...
***
Fonte: Grace to you
Tradução: Nelson Ávila

O Estupro dos Cânticos de Salomão - 2/4

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Por John MacArthur

Francamente, é difícil pensar em um abuso mais terrível da Escritura que transformar os Cânticos de Salomão em pornô soft. Quando pessoas não conseguem mais ler esta porção da Escritura sem que imagens pornográficas entrem em suas mentes, a beleza do livro já tem sido corrompida, sua descrição da justiça amorosa pervertida, e sua função na santificação e elevação do relacionamento matrimonial desviada. Que pregadores façam isso no culto público é inconcebível.

Os Cânticos de Salomão são deliberadamente velados em eufemismos que, em qualquer medida, mostram-se belos. Algumas das imagens são absolutamente óbvias, outras altamente discutíveis. Em muitos lugares o significado é indistinto o bastante para permitir uma grande dose de imaginação hermenêutica, e a sabedoria parece ensinar que aqui —especialmente aqui — é melhor para o pregador não ser muito mais explícito do que o foi o Espírito Santo.

E encaremos isto: em geral, o Cântico está tão longe do explícito quanto pôde o escritor fazê-lo.

Além disso, desde que o simbolismo trata obviamente acerca de paixão, romance, amor, desejo e ternura, sua ambigüidade seve a um propósito deliberado: ela fala em termos secretos aquilo que deveria ser mantido em secreto. A linguagem é claramente concebida para comunicar afeições de privacidade íntima através de termos velados, confidenciais e quase clandestinos.

Este é um ponto vital: O estilo da comunicação entre aqueles dois amantes oculta belamente o significado mais essencial de suas canções de amor, de um modo que preserva a profundidade da privacidade pessoal (e divinamente pretendida) do leito conjugal.

O Cântico de Salomão é incrivelmente belo precisamente por ser tão cuidadosamente velado. É a perfeita descrição da maravilhosa e terna descoberta da intimidade que Deus designou que acontecesse entre um jovem homem e sua noiva num lugar de segredo. Nós não somos informados em termos vívidos o que todas as metáforas significam, porque a beleza da paixão conjugal está no olho do expectador — onde deve permanecer.

Tom Gledhill sabiamente resume este ponto em seu comentário sobre os Cânticos de Salomão (pp. 29-31):

Ao desempacotar metáforas e desembrulhar eufemismos [nos Cânticos de Salomão] pode acontecer que nossos pensamentos espiralem fora de controle, e acabemos por cometer adultério em nossas imaginações. E o que fazer então se a interpretação das Escrituras se mostrar ser uma pedra de tropeço, e uma causa de ofensa para alguns que crêem? ... Uma vez que uma linha particular de interpretação tem sido sugerida, é difícil não ver explícitas alusões sexuais em todos os lugares, até que todo o trabalho se torna saturado de referências a genitália, relações sexuais e sexo explícito.

... A resposta do Novo Testamento é muito clara e direta. Jesus disse, “Se teu olho direito te faz pecar, arranca-o... É melhor perder uma parte do corpo do que ter todo o corpo lançado no inferno”. Em outras palavras, não andemos em tentação de olhos abertos quando conhecemos nossas áreas específicas de fraqueza.

... A linguagem que usamos para descrever várias partes da anatomia humana (o que o apóstolo Paulo descreve como nossas ‘partes decorosas’) é um assunto para delicada sensibilidade... Quando [explicitadas inapropriadamente] palavras são usadas em discurso verbal, uma profunda desorientação toma lugar nos ouvintes, a qual tem uma tendência de bloquear, em grande medida, qualquer capacidade adicional para uma discussão racional. Eles agem, por assim dizer, como granadas de mão. Seu uso é uma atividade terrorista, causando destruição desenfreada.

Tremper Longman III diz o seguinte acerca dos pregadores e comentaristas que interpretam as imagens poéticas dos Cânticos em termos abertamente explícitos: “A livre associação [deles] com as imagens dos Cânticos é tão prevalecente que aprendemos muito mais sobre os interpretes que sobre o texto” (NICOT, p. 14).

Considere, por exemplo, a seguinte passagem de Cânticos de Salomão 4:12-16. Aqui Salomão descreve sua noiva com uma metáfora complexa empregando símbolos florais, e ela responde fazendo eco as imagens:

Jardim fechado é minha irmã, minha noiva, Sim, jardim fechado, fonte selada. Os teus renovos são um pomar de romãs, Com frutos excelentes; a hena juntamente com nardo, O nardo, e o açafrão, o cálamo, e o cinamomo, Com toda sorte de árvores de incenso; A mirra e o aloés, com todas as principais especiarias. És fonte de jardim, poço de águas vivas,correntes que manam do Líbano! Levanta-te, vento norte, E vem tu, vento sul; Assopra no meu jardim, espalha os seus aromas. Entre o meu amado no seu jardim, E coma os seus frutos excelentes!

Salomão descreve assim sua noiva como um jardim fechado e selado. Para ele, ela é um lugar agradável, cheio de aromas encantadores e substâncias tranqüilizantes. A descrição desenhada por ele é bela em todos os níveis. Os detalhes (“frutas escolhidas, hena com nardo, o nardo e o açafrão, o cálamo e o cinamomo... árvores de incenso, mirra” etc.) podem ou não possuir significados específicos que teriam sido conhecidos pela noiva.

O que todo interprete cauteloso pode dizer com certeza é que Salomão considera sua noiva aprazível a todas as suas percepções sensoriais. Ele, então, a compara à imagem mais agradável e bela que pode imaginar — ungüentos, fragrâncias e deleites visuais — tudo concentrado em um único e bem cultivado local. Um jardim. O jardim está “fechado”, o que, novamente, enfatiza a privacidade íntima do amor conjugal puro. Nada requer que o exegeta vá além disto. A própria Escritura não vai além disto.

“É franco, mas não é grosseiro”, disse Mark Driscoll num Domingo, a uma congregação escocesa, a menos de 18 meses atrás. Mas então ele continuou a parafrasear Salomão de uma maneira que foi totalmente grosseira e nem remotamente próxima daquilo que o Espírito Santo pretendeu. (Uma cópia em CD desta mensagem chocante, intitulada Sexo: Um Estudo das Partes Boas dos Cânticos de Salomão, me foi enviada por alguns cristãos do Reino Unido, profundamente ofendidos e preocupados. Esta é a razão primária de eu estar fazendo esta série).

Na mente de Driscoll, não é a noiva em si que é um jardim, mas uma parte específica de sua anatomia. Da maneira que ele recria a passagem, não é um poema sobre o deleite da privacidade que os cônjuges usufruem entre si; é uma maneira sorrateira de expor abertamente essa intimidade para que todos possam ver.

Em essência, ele trata os Cânticos de Salomão como a velha lenda urbana acerca das letras de “Louie, Louie”. Apenas aqueles com um conhecimento secreto podem realmente entender; e, portanto, seu verdadeiro significado deve ser algo sujo.

Esta abordagem satisfaz ouvidos lascivos. É difícil vê-lo como algo diferente de mero exibicionismo. O pior de tudo é que isto inverte todo o propósito dos Cânticos de Salomão.

Tremper Longman estava certo: eisegesi como esta não revela nada acerca do livro, mas tudo acerca do interprete.

Continua...
***
Fonte: Grace to you
Tradução: Nelson Ávila

Candidata a presidente promete “não fazer nada que vá contra o que a Bíblia ensina”


Após aceitar Jesus, candidata chilena muda campanha
por Jarbas Aragão

Candidata a presidente promete “não fazer nada que vá contra o que a Bíblia ensina”Candidata a presidente promete "não fazer nada que vá contra a Bíblia"
A candidata a presidência do Chile, Evelyn Matthei, da União Democrática Independente, ficou com cerca de 25% dos votos no primeiro turno. Dia 15 de dezembro os eleitores decidirão entre ela e Michele Bachelet, que tenta a reeleição e teve 46,8% no primeiro turno.
Contudo, na última semana ocorreu um fato que mudou a vida de Matthei e pode influenciar no restante de sua campanha. No sábado, 23, ele recebeu em sua casa um grupo de pastores evangélicos, que manifestaram seu apoio a ela. Conservadora, Matthei se opõe abertamente ao aborto e o casamento gay, questões defendidas por Bachelet, do grupo esquerdista Nova Maioria.
Mas a grande repercussão do encontro com os pastores foi o fato de Evelyn Matthei ter aceitado a Cristo como seu Senhor e Salvador. Um vídeo filmado por um desses pastores tem circulado na internet.
Muitas das declarações de Matthei nas últimas semanas mostram como isso a afetou. “Comprometo-me, em nosso futuro governo e se Deus quiser assim, a não fazer nada que vá contra o que a Bíblia diz: O casamento é entre um homem e uma mulher. A vida humana deve ser cuidada desde o momento da concepção até a morte natural. Não ao aborto, não à eutanásia”.
Uma das curiosidades da campanha de Matthei é que ela foi escolhida pelo partido de última hora, após a desistência de Pablo Longueira, que havia vencido as primárias. Enquanto muitos apostavam na reeleição da atual presidente no primeiro turno, o partido de Evelyn conseguiu vencer a desconfiança e ampliar o debate no segundo turno.
A candidata também passou a subir o tom das críticas a Michelle Bachelet, que pede a aprovação de diferentes leis que visam “tirar Deus da vida dos chilenos”. Defensora de uma nova Constituição para o país, a atual presidente do Chile repetidas vezes tem insistido que deseja um Estado totalmente laico e que pretende eliminar todas as referências, juramentos e símbolos religiosos dos órgãos do governo, incluindo as escolas públicas.
Mesmo assim, ela também procurou um encontro com representantes evangélicos, onde garantiu que não haverá perseguição religiosa, como tem sido divulgado. Mesmo assim, ela tem sido vaiada por manifestantes evangélicos em diversas ocasiões. Com informações de Acontecer Cristiano e Cooperativa.cl.
Fonte:gospelprime

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