Perdão: Setenta vezes sete
A necessidade do perdão é uma evidência de que
não somos perfeitos. Não estamos ainda glorificados. Há fissuras em
nossa indumentária moral, há flancos abertos em nossa armadura espiritual.
Ainda não atingimos a perfeição. Ainda temos motivos de queixas uns contra os
outros. Não conseguimos apontar o dedo para o outro sem diagnosticar nosso
próprio pecado, a não ser que estejamos com nossas lentes embaçadas ou
domesticados pelo espírito farisaico.
O perdão é uma questão vital para nossa
sobrevivência. Não há vida cristã sem o exercício do perdão. Não há saúde
emocional, física e espiritual sem o perdão. Sem o exercício do perdão nossas
orações, nossas ofertas e nossa própria profissão de fé não passam de ritos
vazios. Mas, a questão é: Até onde ir no exercício do perdão? O apóstolo Pedro
aventurou em perguntar a Jesus se deveríamos perdoar até sete vezes. No
entendimento do esquentado discípulo isso já seria uma expressão de robusta
piedade. Mas a resposta de Jesus é desconcertante. Jesus coloca a régua mais
acima e diz: “Não até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. Fica patente que
Jesus não está tratando do limite de um número, mas enfatizando que o perdão
deve ser pleno, completo, cabal e constante. O perdão é ilimitado.
O apóstolo Paulo capturou o entendimento dessa
afirmação de Jesus ao ensinar que devemos perdoar assim como Deus em Cristo nos
perdoou. Deus nos perdoa completamente, cabalmente, eternamente. Ele perdoa
nossos pecados e deles não mais se lembra. Ele não joga em nosso rosto os
pecados que nos perdoou nem cobra mais a dívida que ele nos perdoou. O perdão
divino é completo e final. Assim, devemos também perdoar uns aos outros. Se
alguém vier sete vezes no dia dizendo que está arrependido e nos pedir perdão,
devemos perdoar, perdoar até setenta vezes sete.
O perdão, sendo obra da graça de Deus em nós,
é maior do que o ódio. O perdão cura, liberta e restaura. O perdão é a assepsia
da alma, a faxina da mente e a alforria do coração. Guardar mágoa é autofagia.
Não liberar perdão é viver numa masmorra emocional, numa prisão espiritual. O
perdão, por sua vez, traz saúde para nosso corpo e restauração para nossa alma.
Então, resolva perdoar, perdoar como Deus em Cristo nos perdoou, perdoar
setenta vezes sete.
Rev. Hernandes Dias Lopes
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