domingo, 12 de abril de 2020

Páscoa: A pessoa e a ressurreição de Cristo




Nesse próximo Domingo iremos nos reunir como o povo do Rei ressurreto que se agrada em louvá-Lo e iremos celebrar a vitória triunfante do Rei Jesus, que morreu pelos nossos pecados, de acordo com as Escrituras, que foi sepultado e de lá saiu três dias depois, triunfante e vitorioso sobre o pecado e a morte.

Mas o volume da nossa adoração não supera a profundidade da nossa teologia. A grandeza do nosso louvor a Cristo será proporcional a quão profundamente o nosso entendimento de Sua pessoa e obra gloriosa está enraizado no rico solo da Palavra de Deus. Nossa adoração a Cristo pela ressurreição não irá além do nosso entendimento da ressurreição.

Assim, para incentivar nossa adoração pelo Senhor Jesus Cristo ressurreto enquanto esperamos pelo Domingo da Ressurreição, eu quero refletir no significado bíblico e teológico da ressurreição de Cristo, em particular nas implicações da ressurreição corporal do nosso Senhor.
O Último Adão

“Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo.” (1 Coríntios 15.20-22)

Quando Paulo diz “a morte veio por um homem”, ele está se referindo a Adão no Jardim do Éden. Deus deu a Adão e Eva o fruto de todas as arvores do Jardim para comer, mas os proibiu de comer de uma árvore específica. Ele disse “no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gênesis 2.17). E, é claro, a serpente enganou Eva, ela comeu do fruto e o deu a Adão e, assim como Deus prometeu, naquele momento a morte entrou na criação de Deus por conta do pecado humano.

E a Bíblia ensina que, de uma forma misteriosa, mas real, toda a humanidade foi unida a Adão em sua desobediência de tal forma que quando ele pecou, nós pecamos. E, a partir desse momento, todo membro da raça humana nasce espiritualmente morto, e iremos sucumbir à realidade física da morte. Romanos 5.12 diz “Portanto, assim como por um só homem [Adão] entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”.

Mas assim como “a morte veio por um homem”, da mesma maneira Paulo diz que “também por um homem veio a ressurreição dos mortos”. No meio da maldição da serpente, do homem, da mulher e de toda a criação, Deus faz uma graciosa promessa de que Ele mesmo irá enviar a semente da mulher para destruir a obra do diabo e desfazer o dano decorrido do pecado do homem. E quando Cristo deixou o túmulo naquela manhã de Domingo, Ele demonstrou que Ele é a semente prometida, pois derrotou o pecado e a morte. E, é claro, as Boas Novas do Evangelho são que todos aqueles que crerem nEle irão vencer a morte e partilhar de Sua ressurreição.

O pecado do primeiro Adão no jardim trouxe morte a todos os que estavam nele, isso é, a raça humana inteira. Mas a vida, morte e ressurreição do segundo Adão traz a ressurreição dos mortos a todos os que estão nEle, por meio de arrependimento e fé.

Assim, a ressurreição identifica Jesus como o último Adão, o grande progenitor de uma nova humanidade.
O Filho de Davi, Messias de Israel

Em segundo lugar, a ressurreição identifica Jesus como o Filho prometido de Davi, o Messias de Israel.

No sermão de Pedro no Dia de Pentecostes, ele cita três Salmos de Davi para mostrar que o Cristo ressurreto é o cumprimento das promessas de Deus a Davi. Em Atos 2.25, Pedro cita o Salmo 16.10, onde Davi declara confiantemente que Deus não irá abandonar sua alma no Hades, nem irá permitir que Seu Santo veja corrupção. No verso 29, Pedro diz “Irmãos, seja-me permitido dizer-vos claramente a respeito do patriarca Davi que ele morreu e foi sepultado, e o seu túmulo permanece entre nós até hoje”. Em outras palavras, Davi viu a corrupção, então como pode ser verdade o que ele escreveu no Salmo 16? Ele fala no verso 20, citando o Salmo 132.11, “Sendo, pois, profeta e sabendo que Deus lhe havia jurado que um dos seus descendentes se assentaria no seu trono, prevendo isso, referiu-se à ressurreição de Cristo, que nem foi deixado na morte, nem o seu corpo experimentou corrupção”. E no verso 34, “Porque Davi não subiu aos céus, mas ele mesmo declara”, no Salmo 110.1, “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés.”

O argumento de Pedro é que Davi não estava falando de si mesmo quando falou do Senhor não deixar Seu Santo ver corrupção. Como ele sabia que Deus havia prometido colocar um de seus descendentes em seu trono, e como ele sabia que esse descendente seria o próprio Deus – é por isso que ele pode chamá-lo de “Senhor” no Salmo 110.1 – ele estava escrevendo essas coisas sobre a ressurreição do Messias! Assim, a conclusão de Pedro é “Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (v. 36).

Assim, quando Jesus deixou o túmulo, Deus estava dando provas certas de que Jesus era o Filho de Davi prometido – de que Jesus era o Messias e Salvador esperado por Israel.
Cumprimento do Pacto

Ao identificar Jesus como o Filho de Davi prometido, a ressurreição também o identifica como aquele em quem todas as promessas pactuais de Deus encontrariam seu cumprimento.

“Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a nossos pais, como Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus” (Atos 13.32-33).

Paulo prossegue e cita o Salmo 2.7, Isaías 55.3 e o Salmo 16.10, demonstrando, assim como Pedro tinha feito em Atos 2, que Jesus era o cumprimento da promessa a Davi.

Mas em Atos 13.22-33, Paulo diz que a ressurreição não é meramente o cumprimento do pacto com Davi, mas o cumprimento da promessa que Deus fez a nossos pais. Esses pais são os patriarcas de Israel – Abraão, Isaque, Jacó e José. Paulo está dizendo que a ressurreição é prova de que Jesus é o cumprimento da promessa feita a Abraão também – de que em sua semente todas as nações da terra seriam abençoadas (Gênesis 22.18). Em Gálatas 3.8, Paulo ensina que essas bênçãos universais tem seu cumprimento no Evangelho da justificação pela graça somente.

E em Atos 13.38, Paulo chega ao clímax de seu sermão quando diz “Tomai, pois”, isso é, com base do fato de que Deus ressuscitou Jesus dos mortos, “pois, irmãos, conhecimento de que se vos anuncia remissão de pecados por intermédio deste; e, por meio dele, todo o que crê é justificado de todas as coisas das quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés”. Porque Jesus ressuscitou dos mortos, a remissão de pecados está disponível a todos os que creem em no Filho ressurreto de Davi. Assim, todas as famílias da terra são abençoadas na semente de Abraão.

Assim, a ressurreição identifica Jesus como o segundo e último Adão, semente da mulher (Gênesis 3.15, 1 Coríntios 15.22, 45), o Filho de Davi (2 Samuel 7.12-16, Mateus 1.1) e a semente de Abraão (Gênesis 22.18, Gálatas 3.16).
Confirmação do Testemunho de Jesus

Durante seu ministério terreno, Jesus fez uma série de afirmações estupendas e surpreendentes acerca de si mesmo. Considere algumas delas:
João 5.18 – Jesus “dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”. Em outra ocasião ele surpreende ao dizer coisas como “Eu e o Pai somos um” (João 10.30) e “Quem me vê a mim vê o Pai” (João 14.9).
João 5.21, 26 – “Pois assim como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim também o Filho vivifica aqueles a quem quer”. E no verso 26 ele diz, de forma similar, “Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo”.
João 5.22, 27 – Ele declara ele mesmo ser o justo Juiz de todas as pessoas e todas as coisas: “E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo julgamento”.
João 5.23 – Ele diz que todos devem honrar o Filho da mesma forma que honram o Pai! Ele está ordenando que todos o adorem, assim como você adoraria Deus! E diz que, se você não o adora como Deus, você desonra o Pai! Assim, você não pode adorar o Pai sem adorar o Filho! Em João 14.6, Ele diz: “ninguém vem ao Pai senão por mim”.
João 5.24 – Ele diz “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”. Crer o não crer nEle determina seu destino eterno!

Essas eram afirmações ultrajantes para fazer a respeito de si mesmo! Pessoas que dizem esse tipo de coisa nunca poderiam ser chamadas de “bom mestre” ou “exemplo de moral”. Afirmar essas coisas sobre si mesmo é, no mínimo, loucura e, no máximo, blasfêmia.

Então ele eleva o nível. Ele afirma que iria ressuscitar dos mortos.

“Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas; condená-lo-ão à morte e o entregarão aos gentios; hão de escarnece-lo, cuspir nele, açoitá-lo e matá-lo; mas, depois de três dias, ressuscitará” (Marcos 10.33-34).

E não apenas isso! Ele também disse que Ele mesmo iria ressuscitá-lo do túmulo! Em João 10.18 ele diz “Ninguém a tira [Sua vida] de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai”.

Essa afirmação ganha de todas. Todas as outras – afirmar ser igual a Deus, ser o justo Juiz de todos, ordenar ser adorado como o Pai é adorado, afirmar ser o único caminho ao Pai – poderiam apenas ser a retórica de um enganador ou um louco. Mas essa afirmação dele que Ele seria morto e iria ressuscitar a si mesmo dos mortos após três dias – isso era verificável. Ele poderia ter afirmado todas as outras coisas e ninguém poderia saber se eram verdade ou não. Mas as pessoas poderiam verificar se ele iria ou não ressuscitar dos mortos. E o ponto é: se ele podia cumprir essa afirmação, não haveria nenhuma boa razão para rejeitar as outras afirmações feitas. Se Jesus ressuscitou dos mortos, então Ele é quem Ele diz que é, e você lhe deve obediência. A ressurreição demanda obediência.

Se você está lendo isso e tem um compromisso exterior com o Cristianismo – você se diz um cristão, vai a igreja de vez em quando (no Natal, na Páscoa), cresceu na igreja e até lê a Bíblia vez ou outra – mas está evidente que você é o senhor da sua vida. Você estabelece a agenda da sua vida, e quando seguir a Cristo começa a requerer a forma com que você gasta seu tempo e dinheiro, como você trata seu cônjuge e sua família, com quais coisas você se entretém – bem, então todas aquelas coisas sobre “Jesus” são apenas um monte de bobagem para fanáticos religiosos. Mas o túmulo vazio simplesmente não permite seguidores casuais de Jesus. Ele ressuscitou dos mortos ou não?

De fato Ele ressuscitou. E porque ele vive, isso significa que Ele é o Senhor, Ele é Deus, Ele é o Juiz e Sua Palavra é a Verdade! A ressurreição abrange todos os aspectos da sua vida. E se você não está vivendo para Ele, se você ainda se apega ao seu pecado, eu o convido a, nessa Páscoa, confessar que, apesar do que você diz sobre si mesmo, você nunca realmente creu em Cristo como seu Salvador e Senhor e a olhar para o Salvador com os olhos da fé, se arrepender de seus pecados e experimentar a vida ressurreta que vem de estar unido a Ele.

Por: Mike Riccardi. © The Cripplegate. Website: thecripplegate.com. Fonte: Sunday’s Coming: The Resurrection and the Person of Christ.

Original: Páscoa: A pessoa e a ressureição de Cristo. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados.CompartilharMike Riccardi

Mike é o pastor dos Ministérios de Extensão Local na Grace Community Church em Los Angeles, onde também serve como co-pastor da GraceLife. Ele também ensina Apologética e Evangelismo no The Master’s Seminary, onde atualmente está fazendo o doutorado em Teologia.

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