sábado, 28 de dezembro de 2024

Líder relata aumento da perseguição na Índia: “Há pastores na prisão”

 Cristãos na Índia. (Foto: Reprodução/Unsplash/Tofin Creations)

O líder Todd Nettleton explicou como os cristãos estão sofrendo devido a acusações de conversões forçadas no país.

Recentemente, o estado do Rajastão, no norte da Índia, aprovou um projeto de lei que pode levar a penas de prisão de até 10 anos para pessoas acusadas de “forçar” conversões religiosas.

Essa legislação é frequentemente usada contra os cristãos locais e a justiça é rara. O líder Todd Nettleton, da missão “A Voz dos Mártires”, nos Estados Unidos, disse: “Antes que o caso seja decidido, os crentes são presos, e permanecem na prisão por meses ou anos, em alguns casos”.

“A polícia prende você e depois faz perguntas enquanto você está sentado em uma cela”, acrescentou ele.

Embora a Constituição da Índia garanta a liberdade religiosa, Todd contou: “Há pastores na prisão hoje por causa dessas leis anticonversão”.

Segundo Todd, não é preciso muita coisa para acusar um cristão injustamente: “Você simplesmente aparece na delegacia e diz: 'Essa pessoa tentou me induzir a mudar de religião'”.

E continuou: “E a polícia dirá: 'Bem, qual foi a abordagem?'. Em alguns estados, a resposta pode ser: 'Eu passei e ouvi um louvor tocando. Isso foi o suficiente para eu entrar e mudar de religião'”.

O Mission Network News informou que, se o projeto de lei se tornar uma lei, o Rajastão se tornará o 12º estado com legislação anticonversão.

“Os estados que aprovaram leis anticonversão têm visto um aumento na perseguição. Nos últimos meses, algumas dessas leis foram estendidas e endurecidas, e as punições têm sido mais severas”, explicou Todd.

A perseguição na Índia

Segundo o ICC, a lei se baseia no conhecimento científico para “proteger os cidadãos”:

“Esta lei supostamente quer criar conhecimento baseado na ciência e um ambiente seguro para proteger a saúde humana. Ela também visa acabar com as ‘práticas malignas’ e ‘sinistras’ que os legisladores acreditam que prosperam na ignorância e na saúde precária das pessoas”. 

Além disso, a lei criminaliza práticas que recorrem à “cura mágica” — como os legisladores se referem às orações — e estipula uma pena de prisão de três anos e uma multa para violações.

Líderes cristãos acreditam que a legislação se trata de uma tentativa de proibir e conter a disseminação do cristianismo.

“Nos últimos 10 anos, houve mais perseguição, a ponto de aqui na Voice of the Martyrs, mudarmos a maneira como classificamos a Índia no início deste ano. Ela mudou de uma área hostil, que é um lugar onde a Constituição promete liberdade religiosa, e talvez o governo tente proteger a liberdade religiosa. Ainda assim, alguns grupos não permitem a liberdade religiosa”, contou Todd.

E continuou: “O status da Índia mudou para uma nação restrita, onde o governo é o principal impulsionador da perseguição. E isso é verdade na Índia sob o primeiro-ministro Modi. Essa mudança aconteceu sob seu governo nacionalista hindu; agora é o governo o principal impulsionador da perseguição”.

“Ore para que a vontade do Senhor seja feita no Rajastão, e ore para que os crentes sejam ousados ​​e corajosos. Ore para que o Evangelho mude os líderes de grupos hindus radicais”, acrescentou.

A Índia ficou em 11º lugar na Lista Mundial da Perseguição da Missão Portas Abertas de 2024 dos lugares mais difíceis para ser cristão.

Fonte: Guiame, com informações de Mission Network News


‘Sede de Jesus’: Ucranianos clamam por mais Bíblias em meio à guerra

 
Mesmo em meio à destruição, o número de pedidos por Bíblias em ucraniano aumentou.


Um ministério cristão com sede no Texas, que nos anos 1960 contrabandeava Bíblias para a União Soviética, segue firme em sua missão décadas depois, agora levando a mensagem de Deus a milhões de pessoas afetadas pela guerra na Ucrânia e no Leste Europeu.

A organização Missão do Leste Europeu (EEM) está imprimindo e distribuindo Bíblias e materiais cristãos por meio de uma rede de igrejas e organizações locais, ajudando as pessoas em sua língua nativa. Em 2024, a meta da EEM é distribuir 970 mil Bíblias e materiais baseados na Bíblia em mais de 30 países e 20 idiomas diferentes.

Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, milhões de ucranianos foram deslocados, enfrentando destruição e perda de suas casas. Muitos buscaram refúgio em países vizinhos, como Polônia, Hungria e Moldávia. O impacto tem sido devastador, especialmente para as crianças.

Mesmo antes do conflito começar, em fevereiro de 2022, a EEM já enviava Bíblias para a Ucrânia. Hoje, o ministério percebe um fenômeno especial: refugiados ucranianos levam consigo a mensagem do Evangelho para onde vão.

“Deus usa o mal, e esta guerra claramente não vem de um lugar bom, mas Deus consegue usar até as piores situações para realizar Seus propósitos”, afirmou Dirk Smith, vice-presidente da EEM, ao site The Christian Post.

Segundo a ONU, mais de 6,8 milhões de refugiados ucranianos estão espalhados pelo mundo, enquanto outros 4 milhões permanecem deslocados dentro do próprio país.

Mesmo em meio à destruição, o número de pedidos por Bíblias em ucraniano aumentou. De acordo com Smith, isso acontece porque muitos ucranianos buscam consolo e esperança em Deus.

“Estamos vendo ucranianos crentes viajando e convivendo com outros ucranianos que não têm fé”, explicou Smith. “E os não crentes percebem: ‘Estamos passando pelo mesmo sofrimento, mas vocês lidam com isso de um jeito diferente’. Isso desperta perguntas, e os crentes aproveitam para compartilhar sobre Jesus.”

Reino de Deus avançando

Apesar do conflito, a EEM continua imprimindo Bíblias em Kiev e em regiões do oeste da Ucrânia. A guerra obrigou o ministério a reorganizar sua logística, utilizando rotas vindas da Polônia e Moldávia. Mas, segundo Smith, outros obstáculos maiores não têm surgido.

No próprio território ucraniano, a EEM trabalha com ONGs, igrejas e ministérios locais. Sempre que ocorrem ataques de mísseis, a demanda por Bíblias cresce, mostrando a busca por respostas espirituais em tempos de desespero.

Para Smith, o aumento nos pedidos é um reflexo claro do poder do Espírito Santo.

“Não se trata de nós”, disse ele. “É o poder da Palavra de Deus. Quando uma Bíblia chega às mãos de alguém, é como na Parábola do Semeador: nós apenas espalhamos a semente e Deus faz o resto.”

A Parábola do Semeador, descrita no capítulo 13 do Evangelho de Mateus, conta a história de um agricultor que planta sementes. Algumas caem em terra boa e dão frutos, mas outras são sufocadas por espinhos ou levadas por pássaros. Jesus usou essa parábola para ensinar como a Palavra de Deus cresce em corações receptivos, enquanto outros não a deixam florescer.

“Nós apenas semeamos e, em seguida, ficamos maravilhados com a forma como Deus age”, concluiu Smith.

Fonte: Guiame, com informações de Christian Post

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Escola cristã é alvo de ataque nos EUA; pelo menos 3 são mortos

 O ataque aconteceu na Abundant Life Christian School. (Foto: Reprodução/YouTube/Brasil Urgente)


A polícia acredita que o atirador é um estudante da Abundant Life Christian School e está entre os mortos.


Um atirador abriu fogo em uma escola cristã em Madison, nos Estados Unidos, na manhã desta segunda-feira (16). Pelo menos três pessoas foram mortas, outras seis ficaram feridas e foram levadas para o hospital.

Segundo a NBC News, o ataque iniciou pouco antes das 11 horas na Abundant Life Christian School, uma escola particular no estado de Wisconsin.

A polícia acredita que o atirador é um estudante da escola e está entre os mortos. À repórteres, o chefe de polícia de Madison, Shon Barnes, informou que recebeu uma chamada para a escola às 10h57 e que nenhum policial disparou armas em resposta ao tiroteio.

"Cada pessoa naquele prédio é uma vítima e será uma vítima para sempre. Esses tipos de traumas não desaparecem. No momento, meu coração está pesado pela minha comunidade. Meu coração está pesado por Madison”, declarou Barnes.

A polícia local está investigando o caso. A idade das vítimas do tiroteio ainda não foram divulgadas.

O governador de Wisconsin, Tony Evers, disse em um comunicado: "Estamos orando pelas crianças, educadores e toda a comunidade escolar da Abundant Life enquanto aguardamos mais informações e somos gratos pelos socorristas que estão trabalhando rapidamente para responder".

Em uma postagem no Facebook, a Abundant Life Christian School (ALCS) pediu orações em meio à tragédia.

“Hoje tivemos um incidente de atirador ativo no ALCS. Estamos no meio do acompanhamento. Compartilharemos informações conforme pudermos. Por favor, ore por nossa Família Challenger”, afirmou.

A Abundant Life Christian School é uma escola cristã particular fundada em 1978, que oferece educação do jardim de infância ao ensino médio. Conforme seu site, o colégio possui aproximadamente 335 alunos.


Fonte: Guiame, com informações de NBC News e New York Post

Mulher é espancada pelo marido na Somália por orar em nome de Jesus

 

Cristã perseguida na Somália. (Foto: Reprodução/Morning Star News)


Após a agressão, Fatuma sofreu graves lesões e precisou fugir de casa.


Uma cristã na Somália precisou fugir de casa após ser agredida pelo marido muçulmano depois de abandonar o islamismo para seguir a Cristo.

Fatuma, de 30 anos, aceitou Jesus no dia 15 de outubro em um culto na região de Mudug, noroeste da Somália. 

No dia 8 de dezembro, seu marido descobriu sobre sua conversão e a agrediu fisicamente. Fatuma, que é mãe de duas crianças com idade de 4 e 6 anos, fugiu de casa e não pode levar os filhos.

“Sinto falta dos meus filhos, mas não posso voltar para o meu marido porque ele vai me matar”, disse ela ao Morning Star News. 

E continuou: “Sinto muita dor devido à minha mão fraturada e cicatrizes sérias que desfiguraram meu rosto, bem como o estresse e a ausência dos meus filhos”. 

O caso ocorreu depois que sua sogra a viu orando em nome de Jesus e a mandou parar:

“Ela disse: ‘O islamismo exige que apenas oremos em nome de Alá e Maomé. Por favor, pare com esse tipo de oração imediatamente. Que esta seja sua primeira e última oração de uma forma tão ruim. Isso é diabólico, e se você não parar, será expulsa da família’”.

Violência doméstica

No entanto, Fatuma disse que sua fé veio de Deus e estava crescendo. Ela afirmou que encontrou uma vida melhor em Cristo e decidiu continuar orando secretamente em Seu nome.

Dois dias depois, quando a sogra a encontrou orando novamente, ela ficou furiosa e disse: "Eu lhe avisei, mas você decidiu ignorar. Então, meu filho terá que se divorciar de você".

No dia 8 de dezembro, seu marido chegou e a espancou com paus antes que a sogra conseguisse ajudá-la. Desde então, ela deixou a região e foi socorrida por um líder. 

“Deus prometeu nos dar paz e amor”, então precisamos orar por nossa irmã Fatuma para que Deus nos dê paz abundante neste momento difícil”, disse um cristão.

E Fatuma acrescentou: “Perdoei meu marido e estou orando para que Deus mude sua vida. Estou muito magoada e preciso de orações para curar meu coração”.

Intolerância religiosa

Segundo o Departamento de Estado dos EUA, a constituição da Somália estabelece o islamismo como religião do estado e proíbe a propagação de qualquer outra religião. 

No país, também é exigido que as leis cumpram os princípios da sharia (lei islâmica), sem exceções na aplicação para não muçulmanos.

A pena de morte por apostasia faz parte da legislação islâmica, conforme interpretado pelas principais escolas de jurisprudência. O grupo extremista islâmico Al Shabaab, na Somália, que é aliado da Al Qaeda, segue esse ensinamento.

A Somália ficou em 2º lugar na Lista Mundial da Perseguição da Missão Portas Abertas de 2024 como um dos lugares mais difíceis para ser cristão.

Fonte: Guiame, com informações de Morning Star News

Jovens são expulsos de biblioteca em Luxemburgo durante devocional


 O grupo foi expulso da biblioteca e continuou o encontro na rua. (Foto: Reprodução/Instagram/Jason Maia).

Apesar do frio, o grupo continuou o momento devocional na rua e quatro pessoas aceitaram a Jesus.


Um grupo de jovens, que fazia devocional em uma biblioteca em Luxemburgo, foi expulso do local.

Em vídeo no Instagram, o evangelista brasileiro Jason Maia, denunciou o episódio, dizendo que os cristãos foram convidados a sair por estarem estudando a Bíblia.

O líder da missão Revival Streets explicou que ele e os jovens fazem devocionais na biblioteca toda semana há mais de um ano, até que no dia 19 de novembro foram impedidos.

“Hoje, pela primeira vez, fomos expulsos por estarmos estudando a Palavra de Deus. Então, nós saímos. Estava chovendo muito e estava muito frio, muito vento, mas ninguém consegue e pode para a obra de Deus”, relatou Jason.

Neste dia, havia mais de 30 jovens reunidos para ouvir o Evangelho. O grupo continuou o momento devocional na rua.

Mesmo com a dificuldade, o Senhor se moveu poderosamente no encontro. Quatro jovens aceitaram Jesus e três pessoas foram curadas de enfermidades.

“A Europa anseia por Jesus, orem por nós. Luxemburgo pertencente a Jesus”, declarou Jason.

Fonte: Guiame

É Natal! A Verdadeira Luz do Natal.


 
Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. João 12:46


Quando nos aproximamos deste período das festas natalinas, a sensação que temos é que tudo parece estar bem. Por um momento, as luzes multicoloridas que ornamentam casas e cidades e encantam nossos olhos, parecem nos fazer esquecer que o mundo em que vivemos encontra-se em densas trevas , repleto de incertezas, conflitos e solidão. É neste cenário que Jesus se apresenta como a verdadeira luz que dissipa toda escuridão de nossas vidas. 

Não são as luzes da festa de Natal que têm o poder de nos resgatar deste ambiente de trevas, mas todo aquele que crer em Jesus, esse sim é liberto das trevas. Se o Natal não nos fizer entender que somente Cristo é a única luz que promove esperança, direção e paz, todas as demais luzes do Natal serão mera distração em um ambiente de completa escuridão.

Pb. Levi almeida

Dia do Pastor Presbiteriano 17 de Dezembro - A Vida do ex-padre Rev. José Manoel da Conceição (1822-1873)

 

A Vida do ex-padre Rev. José Manoel da Conceição (1822-1873)


A Vida do ex-padre Rev. José Manoel da Conceição (1822-1873) Primeiro Pastor da IPB


Pr. José Manoel

José Manoel da Conceição nasceu na cidade de São Paulo em 11 de março de 1822, tendo sido batizado treze dias depois. Era filho do português Manoel da Costa Santos e da brasileira Cândida Flora de Oliveira Mascarenhas. Dois anos mais tarde, a família mudou-se para Sorocaba, onde o menino foi criado e educado por seu tio-avô, o padre José Francisco de Mendonça. Desejoso de seguir o sacerdócio, foi para São Paulo, onde frequentou o curso anexo da Academia Jurídica e estudou teologia (1840-1842). Conheceu o frei Joaquim do Monte Carmelo, que foi seu amigo e defensor até o final da vida. Em abril de 1842 recebeu as ordens menores da Igreja Católica, inclusive a de subdiácono. Pouco depois, ele e o tio-avô apoiaram a Revolução Liberal, o que retardou a sua ordenação. Passou a exercer as suas atividades religiosas em Ipanema, localidade próxima de Sorocaba, onde foi instalada a primeira fundição de ferro do Brasil.

Desde os dezoito anos travou contato com a Bíblia, descobrindo conflitos entre os seus ensinos e certas práticas e doutrinas católicas. Certa vez, ao repreender o seu professor de desenho, o francês Carlos Leão Baillot, por tê-lo visto andar na igreja com o boné na cabeça, ouviu dele palavras que nunca esqueceu: “Menino, aprende em tua Bíblia a distinguir a alegoria da religião. O fim da Bíblia é ensinar-nos a amar a Deus sobre tudo e depois amarmo-nos uns aos outros como bons irmãos, filhos de um só Pai que está no céu. Ouves, meu menino?” Relacionou-se com protestantes e sentiu-se atraído por eles, levado pelo bom testemunho de suas vidas religiosas. Em Ipanema, visitou a família inglesa Godwin e as casas dos alemães, impressionando-se com a maneira respeitosa como guardavam o domingo e com a prática da leitura da Bíblia e de livros religiosos. Fez amizade com o médico dinamarquês Dr. João Henrique Teodoro Langaard, com quem aprendeu alemão, história e geografia.


No primeiro semestre de 1863, Conceição escreveu ao novo bispo, D. Sebastião Pinto do Rego, sobre as suas lutas espirituais e foi nomeado vigário da vara, um cargo administrativo sem funções sacerdotais. Comprou um sítio junto ao rio Corumbataí, perto de Rio Claro, para onde se mudou. No final do mesmo ano, recebeu a visita do Rev. Alexander Latimer Blackford, missionário presbiteriano que acabara de mudar-se para São Paulo e ouvira falar do padre que tinha ideias protestantes. Seguiu-se uma correspondência assídua entre os dois, até que, no dia 19 de maio de 1864, Conceição chegou a São Paulo para encontrar-se com Blackford. Conheceu a esposa deste, Elizabeth, que o convidou sem rodeios a se tornar protestante. Depois de várias palestras longas e proveitosas com o missionário, o sacerdote voltou para casa no dia 24 decidido a abraçar a fé evangélica. Na volta, passou por Campinas e levou a irmã Gertrudes do Amaral – Tudica (1849-1923), com apenas quinze anos, que fora educada pela família Bierrenbach. Foram para Rio Claro, onde Gertrudes se casou no início de junho com José Rufino de Cerqueira Leite – Nhô Zé (1844-1907), irmão do futuro pastor Antônio Pedro.

No dia 23 de setembro, Conceição tornou a ir a São Paulo e foi hospedado por Blackford. Dois dias depois, um domingo, participou pela primeira vez de um culto protestante. No dia 28, obteve uma audiência com o bispo e lhe comunicou que estava deixando o sacerdócio e a Igreja Católica Romana. Uma semana mais tarde, em 4 de outubro, partiu com o missionário para o Rio de Janeiro, deixando em mãos de um amigo a carta de renúncia que devia ser entregue a D. Sebastião. Sua chegada à capital do império causou sensação e quando pregou pela primeira vez, no dia 9, a sala ficou repleta. Fez amizade imediata com o Rev. AshbelSimonton, que ainda sentia a morte da esposa ocorrida há três meses. No dia 23 de outubro de 1864, Conceição fez a sua pública profissão de fé e foi batizado pelo Rev. Blackford. O Rev. Simonton proferiu breves palavras e o ex-padre explicou aos presentes o passo que havia dado. A série de conferências que fez foi o seu primeiro trabalho como evangélico. Sendo culto e eloquente, a sua conversão causou consternação no clero católico. Passou a colaborar com os missionários na redação do jornal Imprensa Evangélica, cujo primeiro número foi lançado ao público no dia 5 de novembro.

Pouco depois, sem avisar, Conceição partiu repentinamente, regressando a Brotas, onde viviam a irmã Gertrudes e seu esposo José Rufino. Debatia-se com uma grave crise de consciência por causa da sua vida anterior. Depois de algumas viagens com os missionários e de muitos esforços pacientes dos mesmos no sentido de tranqüilizá-lo, superou o sentimento de culpa que o atormentava. Foi então, em meados de 1865, que escreveu a sua bela e inspiradora Profissão de Fé Evangélica. No dia 13 de novembro daquele ano, graças ao seu trabalho evangelístico e à colaboração dos missionários, foi organizada a Igreja Presbiteriana de Brotas, a primeira do interior do Brasil. Blackford recebeu por profissão de fé onze pessoas da família Gouvêa e batizou dez crianças. Conceição apresentou a mensagem e fez uma tocante oração de encerramento.

Nos meses seguintes foram recebidos na igreja vários familiares seus, inclusive Gertrudes e José Rufino, bem como outros membros da família Cerqueira Leite. Desde fins de 1863, Conceição vinha distribuindo folhetos e Bíblias em Brotas e expondo suas dúvidas e novas convicções às famílias Gouvêa e Cerqueira Leite. Em abril e maio de 1865 acompanhara o Rev. George Chamberlain em Brotas e em outubro e novembro, o Rev. Blackford, pregando e ensinando na vila e nos sítios. Outro irmão do ex-padre que veio a se converter foi Venceslau da Costa Santos (Nhô Lau), nascido em 28 de setembro de 1846, que foi presbítero, residiu em Boa Vista do Jacaré e outros locais, e faleceu na Fazenda Olivete, em Torrinha, em junho de 1941. Era casado com Adelaide, filha de Remígio de Cerqueira Leite, um dos irmãos de Antônio Pedro.




Pr. Francis Joseph Christopher Schneider

No dia 16 dezembro de 1865, os Revs. Simonton, Blackford e Francis Schneider organizaram na cidade de São Paulo o Presbitério do Rio de Janeiro, composto das Igrejas do Rio, São Paulo e Brotas. José Manoel da Conceição foi examinado acerca das suas convicções e considerado apto. No dia seguinte, um domingo, pregou pela manhã o sermão de prova sobre Lucas 4.18-19 e à tarde foi ordenado ministro do evangelho. Blackford fez as perguntas de praxe e Simonton discursou com base em 2 Coríntios 5.20, saudando e exortando o novo pastor. Pouco depois da sua ordenação, Conceição deu início às suas famosas viagens evangelísticas, que eventualmente o levaram até Itapeva (sul de São Paulo), Brotas (oeste), Campanha (sul de Minas) e Barra do Piraí (Vale do Paraíba). Visitou as cidades e vilas onde havia sido pároco e muitas outras, plantando as sementes de futuras igrejas. O Rev. George Landes, em um folheto sobre a evangelização do Paraná, diz que certa vez Conceição visitou a vila de Castro, onde uma de suas irmãs era professora, e pregou em Ponta Grossa.

Em 28 de fevereiro de 1866, dois meses e meio após a ordenação, Conceição partiu de São Paulo pela estrada do sul, passando por Cotia, Una, Piedade, São Roque e Sorocaba, e retornou à capital. A seguir, foi novamente a Sorocaba, onde pregou por muitos dias a auditórios sempre crescentes, e distribuiu Bíblias, folhetos e muitos exemplares da Imprensa Evangélica. O primeiro culto foi realizado na casa da família Bertoldo. A seguir, Conceição foi a Porto Feliz, Rio Claro e Brotas, onde pregou na companhia de Schneider e Chamberlain. Após recuperar-se de um problema de saúde, foi para Rio Claro, onde muitas pessoas o ouviram, inclusive o vigário local. Esteve em Limeira, Campinas, Belém de Jundiaí (Itatiba) e Bragança, onde Blackford foi encontrá-lo em 25 de maio. Pregaram a auditórios de cem a duzentas pessoas, sem incidentes. Voltando a São Paulo, tomou a estrada do Rio de Janeiro no início de junho, passando pela Penha, São Miguel, Jacareí e São José dos Campos. Pregou a muitas pessoas no Hotel Figueira, sendo essa possivelmente a primeira vez que a fé evangélica foi anunciada naquela cidade. A seguir passou por Caçapava, Taubaté (onde fora vigário), Pindamonhangaba, Aparecida, Guaratinguetá, Lorena, Queluz, Resende, Barra Mansa e Piraí, onde tomou o trem, chegando ao Rio em 29 de junho para a reunião do presbitério, ao qual prestou relatório. Todo esse enorme trabalho foi realizado em apenas quatro meses, sendo a maior parte do trajeto percorrida a pé.

No ano presbiterial de 1866-1867, após retornar a São Paulo, pregou nas cidades onde já estivera e em muitas outras. Escrevendo em 30 de agosto, o aspirante ao ministério Antônio Pedro afirmou: “O nome do padre José Manoel está espalhado pelo universo; não há lugar onde se passe que não falem em seu nome”. Passou dois meses em Brotas, que também recebeu a visita de Blackford, Emanuel Pires e Schneider. Em janeiro e fevereiro de 1867, visitou vários pontos do Vale do Paraíba na companhia de Blackford. Em março, seguiu para Minas Gerais na companhia de Miguel Torres, visitando Ouro Fino, Borda da Mata, Pouso Alegre e Santana do Sapucaí. Em Borda da Mata, pregou três vezes no sítio de Antônio Joaquim de Gouvêa, parente dos crentes de Brotas. As sete reuniões realizadas em Pouso Alegre foram muito concorridas. Em 23 de abril de 1867 o jornal Correio Paulistano publicou a “Sentença de Excomunhão e Exautoração” contra o ex-padre. No mês seguinte, os jornais publicaram a resposta do Rev. Conceição, um verdadeiro manifesto evangélico. Em junho ele publicou a sentença e a respectiva resposta em um livreto que teve grande divulgação. Seguiu então novamente para o Rio de Janeiro. Tendo chegado pouco antes da reunião do presbitério (11 a 16 de julho), pregou em Copacabana, São Cristóvão, Cascadura, Maxambomba, Macacos e Serra, estações da estrada de ferro. Na reunião presbiterial, leu um texto intitulado “O Brasil necessita da pregação do evangelho?”

Como a sua saúde inspirava cuidados, os missionários o incentivaram a ir aos Estados Unidos, o que ele fez no início de agosto, lá permanecendo quase um ano. Partiu em 3 de agosto no navio Eclipse e chegou a Nova York em 12 de setembro. Apresentou ao Dr. David Irving, secretário da Junta de Missões, uma carta de recomendação de Simonton, e passou alguns dias com Chamberlain, que angariava donativos para a construção do templo do Rio. Este o levou para conhecer as igrejas portuguesas de Springfield e Jacksonville, no Illinois, nas quais Conceição trabalhou durante oito meses e onde aplicou os seus conhecimentos de medicina. Iria corresponder-se com essas igrejas até pouco antes do seu falecimento. As mesmas haviam enviado ao Brasil o Rev. Emanuel Pires e logo enviaram os Revs. Robert Lenigton e João Fernandes Dagama. Nessa estadia nos Estados Unidos, Conceição fez a revisão de uma tradução do Novo Testamento para a Sociedade Bíblica Americana e traduziu artigos e folhetos para a Sociedade Americana de Tratados. De regresso a Nova York, Irving e Chamberlain o acompanharam ao vapor Mississippi, no qual embarcou no dia 23 de junho de 1868, chegando ao Rio de Janeiro em 20 de julho. No dia 1° de agosto, embarcou com Blackford e Schneider para Santos, a fim de participar da reunião do presbitério em São Paulo (5 a 8 de agosto).

Após a reunião presbiterial, Conceição tomou o caminho do sul, passando por Cotia, São Roque, Sorocaba, Campo Largo, Alambari e Itapetininga. No início de outubro retornou a São Paulo e foi para o Rio de Janeiro. Acompanhou Chamberlain no vapor Parati ao litoral fluminense, visitando Angra dos Reis e Parati. Dali subiram a serra, passando por Cunha e Lorena, onde houve perseguição. Seguiu então para São Paulo, visitando as principais cidades e vilas do Vale do Paraíba. Na capital paulista, foi hospedado pelos Revs. Pires e McKee. No dia 15 de janeiro de 1869 partiu para Atibaia, Bragança, Amparo e Socorro. Esteve também em São José dos Campos e outros locais. Em julho voltou a São Paulo para a 5ª reunião do Presbitério do Rio de Janeiro (12-18 de agosto), a última a que compareceu. O trabalho havia mudado durante a sua ausência no exterior. A ênfase era outra: não mais o febril desbravamento, mas a consolidação em torno de alguns centros. Seu relatório foi considerado demasiado longo e recebido com certo desinteresse.

A partir de agosto de 1869, Conceição voltou a ser um solitário. Não se sentia atraído pelas estruturas e formalidades eclesiásticas. Preferia continuar viajando e pregando, apesar da saúde cada vez mais precária. Nunca mais teve companheiros de estrada; nunca mais compareceu ao presbitério nem lhe prestou relatório. Tornou-se um estranho para os próprios amigos, que raramente sabiam onde ele se achava. Era afligido periodicamente por sérias crises de depressão, que foram, no dizer de um autor, o seu “espinho na carne”. Em 21 de setembro de 1869, escreveu de São Paulo à irmã e ao cunhado dizendo-se doente “com umas feridas grandes e dolorosas” e impossibilitado de viajar. Em 6 de março de 1870 ministrou a Ceia na Igreja de São Paulo em companhia do Rev. McKee e no dia 14 oficiou no sepultamento do Rev. William D. Pitt. Em julho de 1872 esteve no Rio de Janeiro; em agosto e setembro foi visto em Queluz e depois em Caldas, Campanha e outros pontos de Minas; de outubro a dezembro andou por Areias e Mambucaba, no litoral de São Paulo. No primeiro semestre de 1873, esteve em Queluz, São Paulo, Rio de Janeiro, Piraí, Campo Belo e Caraguatatuba, entre outros locais. Tornou-se uma figura lendária nas estradas. Em muitos lugares, enfrentou tremendas perseguições e injúrias. Em Pindamonhangaba, um homem foi ouvi-lo para o insultar, mas a prédica versou sobre o Filho Pródigo e ele chorava a ausência de um filho querido. Numa fazenda, o dono o interrompeu, perseguiu-o pela estrada com um chicote e açulou os cães contra ele, deixando-o gravemente ferido. Em 1872, na cidade de Campanha, foi apedrejado por uma turba e deixado como morto na estrada.

O Rev. Conceição exerceu o seu ministério de maneira sacrificial e abnegada. Seu método era ir de vila em vila e de casa em casa, pregando, lendo e expondo a Bíblia. Vivia como um nômade, pregando em toda parte e experimentando toda sorte de privações, que lhe prejudicaram a saúde. Passava a noite em qualquer lugar que lhe oferecessem e, em sinal de reconhecimento, servia de enfermeiro a algum doente ou prestava pequenos serviços, como varrer e lavar. Alimentava-se de maneira frugal e o seu único vestuário era o que lhe cobria o corpo. Nas longas peregrinações, ocupava as horas vagas escrevendo a lápis sermões, traduzindo artigos e fazendo anotações curiosas sobre tudo o que observava. Quando se demorava por algum tempo em algum local onde podia dispor de comodidade, passava a limpo os seus sermões, hinos, notas e traduções, empregando em tudo muito método, clareza e uma bela caligrafia. Todos esses papéis ele levava consigo embrulhados em um pano, até poder dar-lhes o destino apropriado, enviando uns aos amigos e outros à redação da Imprensa Evangélica. Tinha uma presença nobre e atraente, voz harmoniosa, grande eloquência e pureza de vida. O pouco que possuía, dava aos pobres.

Na reunião do presbitério em agosto de 1873, decidiu-se que Conceição devia fixar residência no Rio de Janeiro para cuidar da saúde. Em dezembro, ele finalmente dirigiu-se só e a pé para aquela cidade, onde o Rev. Blackford alugara uma casa aprazível em Santa Teresa para ele descansar. Perto de Piraí, indo à estação da via férrea, anoiteceu e ele buscou abrigo numa casa à beira da estrada. Um policial, vendo-o descalço e mal-vestido, o levou preso como indigente. Nos três dias que passou na prisão, gastou os seus últimos recursos, tendo de seguir a pé para a capital. Ao aproximar-se da cidade, às quatro horas da tarde do dia 24, caiu desfalecido à beira do caminho, na estrada da Pavuna. Foi levado para a enfermaria militar do Campinho, onde recebeu carinhosa assistência. Mudaram-lhe as roupas e lhe deram um caldo; só respondia com monossílabos e movimentos da cabeça. Pediu para “ficar só com Deus”. Naquela madrugada, 25 de dezembro de 1873, o Rev. Conceição morreu enquanto dormia. O major Augusto Fausto de Souza, diretor da enfermaria militar, e o subdelegado Honório Gurgel do Amaral coordenaram os preparativos para o enterro. Ia ser sepultado como indigente quando chegou o futuro candidato ao ministério Cândido Joaquim de Mesquita, enviado pelo Rev. Blackford em busca de notícias. No mesmo dia, o Rev. Conceição foi sepultado condignamente no cemitério da matriz de Irajá.

O bispo D. Pedro Maria de Lacerda soube do ocorrido e repreendeu com veemência os sacerdotes responsáveis pelo sepultamento, que alegaram não saber que se tratava do excomungado José Manoel da Conceição. Três anos mais tarde, antes de vencido o prazo legal de cinco anos, seus ossos foram exumados e transferidos para São Paulo, sendo sepultados ao lado do túmulo de Simonton, no Cemitério dos Protestantes. Sua lápide tem dois versículos que bem descrevem o seu ministério: “Não me envergonho do Evangelho de Cristo” (Rm 1.16) e “Me alegro nos sofrimentos por seu corpo, que é a igreja” (Cl 1.24). O diretor da enfermaria militar, major Fausto de Souza, anos depois veio a converter-se e escreveu uma biografia desse herói da fé, publicada na Imprensa Evangélica de janeiro e fevereiro de 1884, na forma de suplemento, sob o título “Ex-padre José Manoel da Conceição”.

Conceição deixou muitos filhos espirituais, cujos descendentes atuam até hoje na Igreja Presbiteriana do Brasil. Dois exemplos entre tantos, além dos Gouvêa e dos Cerqueira Leite, são as famílias Barbosa Martins (Rev. Wadislau Martins Gomes) e Campos (D. Aurora de Campos Kerr, Rev. Heber Carlos de Campos). Colaborou na Imprensa Evangélica com artigos e sermões, alguns dos quais foram reproduzidos em um suplemento do Brasil Presbiteriano em 1972, no sesquicentenário do seu nascimento (“A devoção doméstica”, “A ilustração”, “O evangelho”, “O endurecimento do coração” e “A última ceia do Senhor”). Deixou também alguns hinos, dentre os quais “Amar-te, Jesus e crer-te”, “Oh! Se me fora possível”, “Dou de mão à vaidade” e “Escreve tu com própria mão”, o escrito “As exéquias de Abraão Lincoln, presidente dos Estados Unidos” (1865) e algumas cartas. Era versado em matemáticas e ciências físicas e naturais; conhecia francês, inglês, latim e alemão.

Em sua homenagem, a instituição fundada em 1928 pelo Rev. William A. Waddell em Jandira, nos arredores de São Paulo, recebeu o nome de Instituto José Manoel da Conceição, nome esse preservado atualmente no seminário presbiteriano situado no bairro do Campo Belo, na capital paulista. Em Votorantim, cidade próxima de Sorocaba, a igreja presbiteriana está em uma avenida que leva o seu nome, na qual também se encontra o seu busto. Como bem apontou o seu biógrafo, Rev. Boanerges Ribeiro, a maior contribuição do ex-sacerdote foi a proposta de um modelo brasileiro para a reforma da vida religiosa do seu país. Outro estudioso, Paul E. Pierson, um ex-missionário no Brasil, também destacou as características de Conceição que o qualificavam para fazer uma síntese entre o cristianismo evangélico e a cultura brasileira, em contraste com os seus colegas estrangeiros e mesmo brasileiros.

Alderi Souza de Matos

© de Alderi Souza de Matos – Usado com permissão

Fonte:Hinologia Cristã

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

É Natal! Jesus, o Pão que Dá Vida ao Mundo.


 Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo. João 6:33


Desde os nossos primórdios, o pão sempre representou o principal alimento da humanidade, simbolizando sustento e vida. Mas, frente às nossas carências, o pão de Deus, Jesus Cristo, é o alimento mais necessário a todos os homens, visto que Ele desceu do céu para nutrir nossas almas e nos dar vida, e vida em abundância. 

Por mais rico em nutrientes que seja, nenhum alimento na Terra é capaz de gerar as benesses que encontramos no pão celestial, Jesus.

Natal é, portanto, o tempo para celebrarmos o privilégio de termos recebido de Deus o pão que desceu do céu, para que, uma vez partido por causa de nossas iniquidades, repartisse salvação a todos os homens; a saber, a todos quantos nele crerem, revelando o amor incondicional de Deus a toda humanidade.

Pb. Levi Almeida

Com a queda de Assad na Síria, cristãos enfrentam ‘futuro incerto e perigoso’


 Após 24 anos no poder, o presidente sírio Bashar al-Assad renunciou e deixou o país. (Foto: Flickr/Beshr Abdulhadi)

Primeiro discurso de líder rebelde muçulmano foi feito na Mesquita dos Omíadas, onde a multidão gritava "Allahu akbar" (Deus é grande).


O líder rebelde do grupo que derrubou o ditador da dinastia familiar Bashar al-Assad fez sua primeira declaração pública de dentro da Mesquita dos Omíadas, em Damasco, a capital do país.

Após a tomada da capital síria, Abu Mohammed al-Jawlani, líder da Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham ou HTS), foi recebido na histórica Mesquita dos Omíadas por uma multidão que exclamava "Allahu akbar" (Deus é grande).

Considerado membro de uma organização terrorista, al-Jawlani é procurado com uma recompensa de US$ 10 milhões por sua captura.

No domingo (08), a histórica Mesquita dos Omíadas, o quarto lugar mais sagrado para os muçulmanos, serviu como palco para a celebração da queda de Assad, simbolizando a transição de poder na Síria.

Mesquita dos Omíadas, o quarto lugar mais sagrado para os muçulmanos. (Foto: Wikipedia)

Durante seu discurso, al-Jawlani declarou que a Síria está "livre" do regime de Bashar al-Assad e destacou a importância da diversidade religiosa no país.

No entanto, o líder do grupo insurgente também afirmou que “esta vitória, meus irmãos, é uma vitória para toda a nação islâmica”.

Regime teocrático

Segundo analistas e estudiosos do Oriente Médio, as declarações de al-Jawlani indicam uma grande possibilidade de a Síria passar a ser governada por um regime teocrático.

Isso pode significar que as minorias religiosas, incluindo os cristãos, enfrentariam um futuro incerto e perigoso sob o controle das forças rebeldes lideradas por islâmicos.

Mesmo com a população cristã minoritária da cidade, significativamente reduzida após anos de guerra civil, persiste o medo de ameaças e restrições crescentes.

Grupo terrorista

Há cerca de uma semana, as forças rebeldes islâmicas, lideradas por Hay'at Tahrir al-Sham, que é designada como uma organização terrorista pelos EUA e Reino Unido, tomaram Alepo.

Em seguida, tomaram outras cidades, como Homs, e a capital, Damasco, no final da noite de sábado, em uma ofensiva abrangente que derrubou as forças do governo sírio.

Após 24 anos no poder, o presidente sírio Bashar al-Assad renunciou e deixou o país com sua família em um voo para a Rússia na noite de sábado, onde se encontra exilado sob a proteção de Vladimir Putin.

Desde que o grupo terrorista HTS assumiu o poder em Alepo, muitos cristãos fugiram, deixando para trás um grupo pequeno, mas decidido, tentando manter sua fé e tradições.

“Os próximos dias e semanas serão cruciais para o destino da comunidade cristã”, disse Jeff King, presidente da International Christian Concern, em uma declaração ao The Christian Post.

“Os cristãos, com raízes que remontam a quase dois milênios, agora enfrentam um futuro incerto e perigoso.”

A Portas Abertas compartilha da mesma opinião: “Comunidades minoritárias, incluindo cristãos, estão se preparando para um futuro incerto. Precisamos orar por nossos irmãos e irmãs pedindo que Deus lhes dê força e coragem”.

Dificuldades

Segundo a Catholic News Agency (CNA), a escassez de pão se agravou, e a água potável continua indisponível em diversas regiões. A agência destaca que essas são apenas algumas das dificuldades enfrentadas pelos moradores.

Os toques de recolher impostos pelo grupo militante, das 17h às 5h, restringem ainda mais a vida cotidiana, deixando muitos moradores, incluindo cristãos, se sentindo confinados e vulneráveis.

Pequenas vans que distribuem pão e água gratuitamente em alguns bairros proporcionam um alívio limitado.

De acordo com a CNA, uma rodovia importante entre Damasco e Alepo também foi bloqueada, deixando os moradores com apenas uma rota alternativa congestionada e perigosa.

O isolamento resultou em várias mortes, incluindo a do Dr. Arwant Arslanian, um médico cristão que foi fatalmente atingido por tiros enquanto tentava fugir da cidade, informou a página do Facebook dos Armênios da Síria.

Um ônibus que transportava jovens cristãos também ficou preso na estrada de Alepo, encontrando abrigo posteriormente na Arquidiocese Ortodoxa Siríaca.

Vários líderes cristãos permaneceram na cidade, oferecendo orientação espiritual e apoio prático às suas comunidades.

Eles se comunicam por meio das mídias sociais, onde realizaram os serviços e orações. Os líderes estão encorajando os moradores cristãos a encarar a realidade com consciência, coragem e fé, segundo relatos.

Proteção a cristãos é duvidosa

A facção islâmica HTS, que é um desdobramento da Al-Qaeda, prometeu proteger os civis, incluindo os cristãos.

Conforme relatado pelo Al-Monitor, em Alepo, o líder al-Jawlani teria declarado:

"Alepo sempre foi um ponto de encontro para civilizações e culturas, e continuará sendo, com uma longa história de diversidade cultural e religiosa".

Apesar das garantias, os temores continuam entre os cerca de 30.000 cristãos de Alepo, uma diminuição em relação aos centenas de milhares que habitavam a cidade antes do início do conflito sírio, em 2011.

População cristã caiu drasticamente na Síria, desde 2011. (Foto: Portas Abertas)

O grupo Christian Solidarity International (CSI), com sede na Suíça, reagiu à garantia dada pelo HTS, afirmando: "A ideologia e a história do HTS oferecem às minorias religiosas em Alepo razões sérias para duvidar dessas promessas".

O HTS frequentemente tem como alvo cristãos em toda a Síria, realizando ataques violentos e sequestros, matando esses civis e confiscando suas propriedades, conforme explicou o CSI.

"Na visão de mundo salafista que orienta o HTS, os cristãos não são hereges a serem destruídos (como os alauítas e os drusos), mas sim 'povo do Livro' – seguidores de religiões reveladas antes da vinda do profeta [islâmico] Maomé. Em terras governadas pelo Islã, eles devem ser feitos dhimmis – um povo protegido, que é mantido em subordinação legal e paga um imposto adicional chamado jizya", continuou o CSI.

"Até agora, o HTS tem evitado impor o status de dhimmi aos cristãos em Idlib, referindo-se a eles como musta’min, ou residentes temporários", reconheceu o grupo. "Mas por quanto tempo o HTS manterá essa distinção?", perguntou o CSI.

A comunidade cristã em Alepo historicamente se alinhou ao governo sírio, que, sob a liderança de Bashar al-Assad, um membro da minoria alauíta, foi visto como protetor das minorias.

A ascensão dos rebeldes ao poder marca uma mudança dramática, despertando lembranças de perseguições passadas durante o regime do Estado Islâmico em partes da Síria.

O EI perseguiu sistematicamente os cristãos, destruindo igrejas e realizando sequestros em massa, antes de ser derrotado em 2019.

Fonte: Guiame, com informações do Christian Post


segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Vaticano inclui evento LGBT em seu calendário oficial de 2025

Vaticano. (Foto: Imagem ilustrativa/Unsplash/Maëva Vigier).
 

A peregrinação do grupo de católicos homossexuais "La Tenda di Gionata" (Tenda de Jônatas) acontecerá em setembro em Roma.

Vaticano incluiu um evento de católicos LGBT em seu calendário oficial de 2025. A ação representa uma abertura da Igreja Católica à comunidade gay, conforme a Reuters.

O evento é uma peregrinação do grupo italiano "La Tenda di Gionata" (Tenda de Jônatas), que acontecerá em setembro do ano que vem em Roma.

O grupo, que tem o propósito de promover o acolhimento de pessoas LGBT dentro da Igreja, vai realizar uma vigília de oração em uma paróquia local de Roma e, logo depois, fará uma peregrinação à Basílica de São Pedro.

O evento está entre as centenas de ações planejadas para o Ano Santo Católico Romano de 2025 que celebrará mais um jubileu. 

Os jubileus acontecem a cada 25 anos e Roma é o centro global do Ano Santo Católico, que começa em 24 de dezembro, na véspera de Natal, e vai até 6 de janeiro de 2026. 

Os peregrinos católicos que forem a Roma durante as celebrações do Jubileu poderão passar por "Portas Santas" que serão abertas na Basílica de São Pedro e em outras três basílicas.

Em entrevista à Reuters, uma autoridade do Vaticano negou que a inclusão do evento gay seja um apoio à ideologia LGBT.

"Não são atividades patrocinadas. Uma vez verificado que há espaço, inserimos a peregrinação no calendário geral", afirmou Agnese Palmucci, porta-voz do escritório de evangelização do Vaticano, que está organizando o Jubileu.

Críticas

Sobre os indivíduos LGBTQ, o papa Francisco demonstrou aceitação da prática homossexual, acolhendo pessoas trans no Vaticano e apoiando ativistas católicos que trabalham pela inclusão.

O cardeal Victor Manuel Fernández, nomeado por Francisco para liderar a Congregação para a Doutrina da Fé, atraiu atenção em dezembro de 2023 ao aprovar o "Fiducia Supplicans", um documento que autoriza a bênção de casais do mesmo sexo e outros casais em situações consideradas "irregulares". Além disso, ele esclareceu que pessoas transgênero podem ser batizadas e atuar como padrinhos.

Desde a publicação do documento do Vaticano autorizando a bênção gay, a medida tem sido criticada e causado discussão entre líderes e fieis católicos.

Os bispos católicos da África e Madagascar se recusaram a seguir a decisão da Igreja Católica Romana. 

Em janeiro, as conferências episcopais nacionais africanas emitiram uma declaração conjunta anunciando a decisão. No documento, assinado pelo cardeal congolês Fridolin Ambongo, os bispos afirmaram que a união homoafetiva é contrária à vontade de Deus.

Segundo Ambongo, na cultura africana, os relacionamentos LGBT “são vistos como contraditórias às normas culturais e intrinsecamente corruptas”.

O cardeal observou que a mudança, aprovada pelo papa Francisco em dezembro do ano passado, gerou escândalo e confusão entre fieis e líderes católicos africanos.

Fonte: Guiame, com informações de Reuters

China exige que hinos cristãos sejam adaptados à ideologia comunista

 

Imagem do seminário de Xiamen. (Foto: Reprodução/Bitter Winter)

Participantes de um seminário em Xiamen foram informados de que hinos e músicas cristãs devem ser "desocidentalizados".

China já exigiu que os cristãos "sinicizem" seus locais de culto, educação, estudo bíblico e até mesmo a própria Bíblia. Agora, o regime quer que os hinos também sejam adaptados à ideologia do Partido Comunista Chinês (PCC).

Sinicizar significa adaptar ou integrar algo à cultura, língua, ou sistema político da China. No contexto do Cristianismo, "sinicizar" refere-se ao processo de modificar práticas religiosas, crenças ou símbolos para alinhá-los com a ideologia, valores e normas do PCC.

Segundo o Bitter Winter, a "sinicização" também envolve uma luta para eliminar todas as características das religiões que o PCC considera "estrangeiras". Por isso, faz parte do processo reduzir a influência de tradições externas ou ocidentais.

Embora os vínculos com o período dos missionários já tenham sido cortados há tempos, o PCC ainda busca meticulosamente qualquer elemento que possa ser "desocidentalizado".

Canções 'vermelhas’

Não é raro ver canções "vermelhas" sendo tocadas em igrejas cristãs ou fora delas, em eventos que antecedem os cultos dominicais.

As canções "vermelhas" são músicas patrióticas e ideológicas associadas ao Partido Comunista Chinês (PCC) e à Revolução Cultural. Elas promovem a ideologia comunista e exaltam figuras históricas como Mao Tsé-Tung, o Partido e os valores socialistas.

Após diversas adaptações nas liturgias cristãs, agora o foco é a música. Segundo o Bitter Winter, isso não é totalmente novo, pois antigos hinos queridos foram abandonados há muito tempo.

No entanto, os cristãos agora estão sendo informados de que algo muito mais abrangente e radical é necessário.

Controle do governo

No mês passado, foi concluído em Xiamen, Fujian, o "Seminário Nacional de Treinamento de Sinicização da Música Sacra", organizado pelos Dois Conselhos Nacionais Cristãos, que são controlados pelo governo.

Mais de sessenta trabalhadores pastorais, professores teológicos e especialistas de toda a China se reuniram para discutir a "Sinicização" da música sacra cristã.

O pastor Shan Weixiang, vice-presidente do Comitê do Movimento Patriótico das Três Autonomias, fez o discurso de abertura, seguido por uma saudação do pastor Yue Qinghua, vice-presidente da Associação Cristã da China.

Foi informado aos participantes que "sinicizar" a música cristã é uma meta central do "Segundo plano quinquenal para a Sinicização do Cristianismo".

Eles devem estar preparados para abandonar ainda mais hinos antigos (embora, talvez para evitar reações, tenham sido informados de que alguns serão mantidos) e adaptar tanto as canções tradicionais chinesas quanto as canções "vermelhas".

Até mesmo a música cristã, como os crentes chineses a conhecem há séculos, parece estar prestes a desaparecer.

Fonte: Guiame, com informações do Bitter Winter

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