Casal que faz parte da diversa comunidade pastoreada por Muktar no Chifre da África. Eles são beneficiados por programas de discipulado e de negócios
Sim, mesmo com uma população 99% muçulmana espalhada pelo Chifre da África, a igreja tem se expandido entre os somalis
Os somalis são mais de 99% muçulmanos e qualquer um deles que se atreva a dar as costas ao islã pode esperar consequências muito sérias, como martírio, agressão física, prisão e ostracismo. Nesse ambiente, a Portas Abertas visitou Muktar*, que exerce ministério pastoral entre os somalis há 20 anos e há cinco em parceria com a organização. O líder cristão compartilha os avanços recentes no ministério: “Muitos somalis ouviram o evangelho e receberam Jesus; cerca de 15 foram batizados e estão se tornando discípulos”. Eles formam uma comunidade de cristãos ex-muçulmanos que tem se desenvolvido através do discipulado.
Há mais de três anos, a comunidade de Muktar participa do programa de discipulado da Portas Abertas. “Por causa disso, os cristãos tornaram-se profundamente enraizados em Jesus e mantêm-se fortes diante da perseguição. Eles também conseguem compartilhar o evangelho com outras pessoas. Por exemplo: um de nossos discípulos mais jovens recentemente teve a oportunidade de compartilhar o evangelho com cinco colegas depois de orar por um aluno que havia desmaiado na escola. Um deles veio a Jesus e acreditamos que os outros quatro estão a caminho”, testemunha Muktar.
Outros cristãos somalis, em sua maioria ex-muçulmanos, participam do curso de teologia de dois anos oferecido pela Portas Abertas. Com entusiasmo, o líder cristão declara: “Eu acredito que no futuro eles levarão o evangelho adiante. Com a ajuda do seu ministério, também alugamos um lugar onde os cristãos somalis perseguidos podem ser discipulados em segurança, sem a pressão constante de temer por suas vidas”. A ideia é formar uma comunidade cristã nesse lugar seguro, treinando os cristãos em princípios de administração para que possam gerar suas próprias finanças. Seu apoio foi uma grande ajuda nesse processo!”, agradece.
“Todo mundo tem medo de ministrar entre os somalis”
Muktar conta que uma igreja foi plantada em uma cidade vizinha e o número de cristãos ex-muçulmanos também tem crescido por lá. No Chifre da África, as pessoas geralmente são muito pobres. Isso fica ainda pior quando eles vêm a Jesus e suas famílias os abandonam. Nesse caso, elas se tornam totalmente dependentes da igreja, onde chegam com todas suas necessidades.
“Os resultados de sua ajuda para nós na criação de um negócio e para ajudar os jovens através do treinamento de habilidades nos surpreenderam. Por exemplo, vocês ajudaram Medina* a iniciar um pequeno negócio. Isso lhe deu a oportunidade de compartilhar o evangelho com quatro pessoas. Essas quatro compartilharam o que ouviram com outros 26 somalis. Em breve vamos reuni-los para um jantar e mostrar o filme de Jesus”, diz Muktar.
O líder cristão expressa entusiasmo, pois essas coisas mostram que Deus está trabalhando e que terminará a obra que iniciou. “Digo a você que podemos ver, ouvir, rastrear e tocar o impacto disso. Nossa emoção é ilimitada. Deus realizou um milagre para minha família e nosso ministério. Somos muito abençoados! Todo mundo tem medo de ministrar entre os somalis. Ninguém quer alcançá-los. Mas vocês permaneceram ao nosso lado, seus líderes têm nos treinado e encorajado.”
Muktar conclui com uma palavra de agradecimento: “A todos que apoiam este trabalho: agradecemos a Deus por todos vocês e oramos sempre por vocês, para que Deus expanda seu ministério. Juntos, estabelecemos uma base sólida. Agora é necessário diligência para o trabalho futuro. Vocês demonstraram amor ao nome de Jesus e a este ministério. Saibam que está dando frutos. Deus os abençoe. Não desistam!”.
A Portas Abertas oferece treinamentos na língua local para que líderes sejam capacitados a desenvolver um ministério efetivo, oferecendo a esses cristãos um lugar seguro para congregar. Sua contribuição faz com que um líder seja treinado em regiões sensíveis do Chifre da África. Outra forma de mostrar seu apoio é participando do DIP 2020, que será realizado no dia 13 de setembro. Nosso foco este ano será levar nosso amor aos cristãos ex-muçulmanos. Cadastre sua igreja e participe!
Novo Ministro da Educação Carlos Decotelli diz: “Nas convicções que estão na Bíblia, eu acredito”.
O presidente Jair Bolsonaro escolheu como novo ministro da Educação, o professor Carlos Alberto Decotelli, de 67 anos, é evangélico, oficial da reserva da Marinha e o primeiro negro a ocupar um cargo na Esplanada.
Carlos Decotelli será o sucessor de Abraham Weintraub, que deixou o governo cercado por polêmicas e após confronto com o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso, Decotelli, no entanto, prefere se apresentar como um técnico aberto ao diálogo. “Vamos favorecer o diálogo e a comunicação com o MEC”.
Decotelli, teve sua nomeação publicada na noite do dia 25 de junho de 2020, no Diário Oficial da União, Bolsonaro não mencionou as pautas ideológicas ao convidá-lo para assumir o Ministério da Educação.
Ao ser entrevistado pelo Estadão, ele foi questionado sobre como vai tratar de temas caros à base do governo bolsonarista, como escola sem partido e ideologia de gênero, Decotelli, disse que Bolsonaro não conversou sobre essas pautas e que, neste momento, a urgência é resolver os problemas da educação decorrentes da pandemia do coronavírus.
Perguntado qual a sua opinião sobre escola sem partido e ideologia de gênero, ele se disse voltado para as questões da crença no que a Bíblia ensina no Novo Testamento.
“Eu sou um técnico. Cresci dentro da Primeira Igreja Batista do Rio e sou voltado para as questões da crença neotestamentária do núcleo evangélico tradicional, como as igrejas Batista, Metodista, Presbiteriana. Frequentei escola dominical desde dois anos de idade e hoje sou membro da Primeira Igreja Batista de Curitiba. Nas convicções que estão na Bíblia, no Novo Testamento, eu acredito. Uma questão de fé. É assim que procedo na minha vida.”
Sistema de cotas
Em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta sexta-feira, 26, Decotelli disse que as cotas são mecanismos para tentar diminuir diferenças no acesso à educação. “Não podemos exigir resultados iguais para aqueles que não tem igualdade no acesso. Cotas dependerão sempre de reflexão de toda a sociedade”, disse.
Decotelli adotou um discurso neutro ao se referir a questão, mas reconheceu estruturas que mantêm o racismo na sociedade brasileira.
“Passamos mais de 300 anos com esse conceito de escravocrata. Hoje, ainda temos muitas contaminações de metodologias, subjetividades. Eu nunca, como negro, fui um George Floyd. Nunca sofri o racismo de tomar dois tiros nas costas. Mas [sim de] perceber olhares, de eugenia de ambientação, ou seja, criar um ambiente que não seja para negros”, contou.
Ele ainda citou que os Estados Unidos criou uma “pandemia racial” com os protestos antirracistas, evidenciando que o país “não aprendeu a conviver com a diferença”.
O economista reforçou sua visão de que as cotas — adotadas por universidades públicas para garantir um maior número de negros e indígenas nos cursos acadêmicos — refletem uma autocrítica da sociedade. Ele mesmo disse que é bisneto de um ex-escravo liberto através da Lei do Sexagenários.
“Vamos dar oportunidades para os desiguais, vamos igualar oportunidades. Está muito fora de moda pensar sistemas de diferenças entre seres humanos. Esse negócio de cor da pele, de origem, deixe de lado. Mas neste momento, precisa de reflexão”.
Os pastores e cristãos norte-coreanos já eram perseguidos no país número 1 da Lista Mundial da Perseguição 2020
Monumento da Coreia do Norte exalta batalhas travadas por soldados durante a Guerra da Coreia
Hoje faz 70 anos que a Coreia do Norte bombardeou alguns campos da Coreia do Sul e iniciou a Guerra da Coreia. Depois de três dias, a capital do Sul, Seul, já estava sob o domínio comunista e outras cidades também foram tomadas gradativamente, até setembro. Mas com a chegada dos soldados da Organização das Nações Unidas (ONU) em Incheon, o Exército Vermelho começou a recuar. Então, no final de outubro, Seul e Pyongyang estavam sob o controle das tropas da ONU. Logo, a China entrou na batalha ao lado dos comunistas e forçou a retirada das forças da ONU até o paralelo 38, que faz a divisa entre as Coreias.
Quando a guerra iniciou, a península coreana já estava dividida desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos ocupavam a parte sul e a União Soviética, a norte. Neste período, os cristãos da Coreia do Norte já estavam enfrentando uma violenta perseguição. Muitos foram obrigados a se registrar no Partido dos Trabalhadores, e os que se recusavam foram presos, banidos e até mortos. As pequenas igrejas se fundiram com outras maiores para facilitar a vigilância e os pastores colocaram fotos do ditador Kim Il-sung nos templos.
Hea-Woo tinha 10 anos na época e lembra das mudanças que os conflitos impuseram aos coreanos. “Nossa vila ficava na fronteira entre o Norte e o Sul, o que significava que estava bem na linha de frente. Não demorou muito para que soldados norte-coreanos aparecessem e dissessem a todos que tinham que sair da região”, testemunha a cristã e colaboradora da Portas Abertas, que já visitou igrejas brasileiras em duas ocasiões, 2015 e 2019. Ela, a mãe e a irmã precisaram fugir. Já o pai estava trabalhando como médico do exército na guerra, onde faleceu sem rever a família.
Fé secreta, mas visível
Muitos cristãos já viviam secretamente a fé. Pois já era comum que os líderes e seguidores de Jesus fossem sequestrados e mortos. Algumas igrejas nas grandes metrópoles eram forçadas a comemorar os triunfos das tropas do Norte em cultos especiais. Na capital da Coreia do Norte, o pastor e tio de Kim Il-sung promoveu uma “manifestação cristã” em que todos os participantes deveriam demonstrar lealdade ao líder do futuro país comunista.
Hea-Woo não sabia nada sobre a fé da mãe, até que um dia avistou uma cruz pendurada no pescoço dela. Quando a menina perguntou o que aquele símbolo significava, a mãe pediu que ela mantivesse aquilo em segredo. “Eu nunca disse nada a ninguém sobre isso, mas sempre me lembrei do que aconteceu. E apenas muitos anos depois eu percebi que minha mãe era cristã”, afirma. A garota foi morar com a avó na China, enquanto a mãe esperava o pai voltar da guerra, na Coreia do Norte.
Alguns anos mais tarde, a jovem voltou a viver na Coreia do Norte. Ela cresceu vendo a mãe ser gentil com as pessoas necessitadas e dizer diversas coisas sobre o céu. Mas Hea-Woo só foi ouvir a respeito de Cristo quando o marido dela se tornou cristão nos anos 1990. Ele teve um encontro com Jesus quando tentava fugir da China para a Coreia do Sul. Mas foi capturado e forçado a voltar para a Coreia do Norte. Quando os filhos foram visitar o pai na prisão, ele escreveu na mão de um deles a seguinte mensagem: “Acredite em Jesus”. Após seis meses do breve testemunho, o marido de Hea-Woo morreu na prisão, por consequência da fome e tortura.
Na hora e no lugar certo
Porém, a norte-coreana só teria o próprio encontro com Cristo, quando ela fugisse para China e lá fosse ajudada por cristãos. “Só há uma explicação para o fato de eu ter aceitado a história incrível como verdade: minha mãe e meu marido oraram por mim. Estou convencida disso”, reconhece. Após ser capturada, a cristã retornou para o Norte onde passou muitos anos em um campo de trabalho forçado. Apesar de enfrentar tortura diária, Hea-Woo tinha certeza da presença de Deus com ela, tanto que viveu experiências impactantes como uma cura e viu outros cinco prisioneiros se entregarem a Jesus. “Permaneci fiel e Deus me ajudou a sobreviver”, completa a cristã.
A igreja norte-coreana hoje
Apesar dos tempos não serem fáceis para os cristãos da Coreia do Norte, a igreja no território tem crescido. Estima-se que existam entre 200 mil e 400 mil cristãos no território comunista. Muitos dos novos convertidos souberam de Cristo quando fugiram para a China e encontraram alimentação e acolhimento em abrigos seguros administrados pela Portas Abertas. Boa parte dos novos convertidos retornam para o país de origem com a missão de levar as boas notícias de Cristo aos familiares.
Assim, como Hea-Woo e o marido dela, outros norte-coreanos ainda irão encontrar Cristo por meio de um abrigo cristão na China. Ore e contribua com a Portas Abertas para que muitos cristãos que estão em território chinês recebam ajuda emergencial como comida, medicamentos e roupas.
De acordo com o pastor, muitos pregadores têm focado em uma mensagem antropocêntrica, mas falta a mensagem da cruz.
Em uma série de reflexões no Facebook, o pastor Hernandes Dias Lopes destacou sobre a mensagem da cruz de Cristo, que de acordo com ele tem sido esquecida.
“O apóstolo Paulo, o maior pregador do cristianismo, disse que pregava a Cristo, e este crucificado. Disse que se gloriava na cruz”, destacou o pastor no último domingo (21).
“Foi na cruz que Jesus redimiu-nos. Foi na cruz que ele esmagou a cabeça da serpente. Foi na cruz que ele satisfez a justiça de Deus e demonstrou-nos seu mais eloquente amor”, continuou.
Fazendo uma análise sobre os sermões atuais, Lopes lamenta: “Hoje, muitos pregadores substituíram a mensagem da cruz por uma mensagem humanista e antropocêntrica. Pregam prosperidade. Pregam curas. Pregam milagres. Pregam a si mesmos. Pregam a igreja. Pregam outro evangelho. Mas, falta a mensagem da cruz, a mensagem da salvação”.
Ele ainda faz um apelo àqueles que formam as vozes nos púlpitos: “Que os pregadores voltem à sensatez. Que os púlpitos sejam trombetas a proclamar a mensagem da cruz!”
Em outra reflexão, Lopes observou que apesar da variedade de culturas, há um único Evangelho que não pode ser distorcido. “Jesus comprou com o seu sangue aqueles que procedem de toda tribo, povo, língua e nação. Porém, Jesus chama todas essas tribos através de um único evangelho”, disse.
“Não há outra mensagem a ser proclamada. Não há outro evangelho a ser anunciado. Não há outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos a não ser o nome de Jesus. O propósito de Deus é o evangelho todo, por toda igreja, em todo o mundo, a todas as tribos!”, destacou.
Grupo radical controla áreas do Iraque e Síria e impõem sua visão extrema do islamismo a todos os que moram em seu território
Cristã refugiada que precisou fugir de sua casa no Iraque após a violência causada por combatentes do Estado Islâmico
O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) surgiu no cenário internacional em 2014, quando tomou várias áreas de território na Síria e Iraque. Ele se tornou notório por sua brutalidade, que inclui mortes em massa, sequestros e decapitações. Embora o grupo tenha apoio em outras partes do mundo muçulmano, uma coalizão, liderada pelos Estados Unidos, se comprometeu a destruí-lo.
O que o Estado Islâmico quer?De acordo com artigo da BBC, em junho de 2014, o grupo declarou formalmente o estabelecimento de um califado – um estado governado de acordo com a lei islâmica, sharia, por um representante de deus na terra, ou seja, o califa. Isso exige que muçulmanos de todo o mundo jurem fidelidade ao seu líder, até então Ibrahim Awad Ibrahim al-Badri al-Samarrai, mais conhecido como Abu Bakr al-Baghdadi, e migrem para territórios sob seu controle.
Porém, o líder do grupo extremista se matou durante uma operação militar dos Estados Unidos no Noroeste da Síria, próximo à fronteira com a Turquia. Enquanto era perseguido por cães do exército norte-americano em um túnel no vilarejo de Barisha, em Idlib, Abu Bakr al-Baghdadi detonou seu colete suicida, como anunciou o presidente norte-americano, Donald Trump. Segundo o portal de notícias da BBC, o sucessor anunciado foi Abu Ibrahim al-Hashimi al-Quraishi, mas ainda não se sabe seu nome real, uma vez que esse é um dos nomes de guerra que a organização costuma usar.
O EI também disse a outros grupos jihadistas que deveriam aceitar sua autoridade suprema. O grupo busca erradicar obstáculos para restaurar a lei de deus na Terra e defender a comunidade muçulmana mundial contra infiéis e apóstatas. O grupo optou por um confronto direto com a coalizão liderada pelos Estados Unidos, vendo isso como o prenúncio de um confronto dos finais dos tempos entre muçulmanos e seus inimigos, descrito no islamismo como profecias apocalípticas.
Quais são as origens do Estado Islâmico?Em 2004, um ano após a invasão americana no Iraque, Abu Musab al-Zarqawi, um jordaniano, prometeu aliar-se a Osama Bin Laden e formar a Al-Qaeda no Iraque (AQI), que se tornaria uma grande força de insurgência. Após a morte de Zarqawi, em 2006, a AQI criou uma organização central, o Estado Islâmico no Iraque (ISI, da sigla em inglês). Porém, o ISI foi enfraquecendo continuamente por conta do aumento repentino das tropas americanas e a criação da Sahwa, um conselho de indígenas árabes sunitas que rejeitavam sua brutalidade.
Islâmicos mostrando apoio ao grupo Estado Islâmico após a tomada de Mossul (foto: AP)
O antigo líder do grupo, Baghdadi, que já tinha sido detido pelos Estados Unidos, assumiu essa posição em 2010 e começou a reconstruir as capacidades do ISI. Em 2013, o grupo realizou novamente dezenas de ataques, em um mês, no Iraque. O grupo também se uniu a rebeldes que lutavam contra o presidente Bashar al-Assad, na Síria, estabelecendo então a Frente Al-Nusra. Em abril do mesmo ano, Baghdadi anunciou uma junção de forças no Iraque e Síria, criando o “Estado Islâmico do Iraque e do Levante” (ISIS, da sigla em inglês). Os líderes da Al-Nusra e da Al-Qaeda rejeitaram o movimento, mas combatentes leais a Baghdadi se separaram da Al-Nusra e ajudaram o ISIS a permanecer na Síria.
No fim de dezembro de 2013, o ISIS mudou seu foco de volta ao Iraque e explorou um impasse político entre o governo xiita e a comunidade minoritária sunita. Auxiliado por tribais e antigos seguidores de Saddam Hussein, o ISIS tomou o controle da cidade central de Faluja. Em junho de 2014, o ISIS invadiu o Nordeste da cidade de Mossul e avançou para o Sul, em direção a Bagdá, massacrando adversários e ameaçando erradicar minorias étnicas e religiosas do país. No final do mesmo mês, após consolidar seu domínio sobre dezenas de cidades, o ISIS declarou a criação de um califado e mudou seu nome para Estado Islâmico.
Quanto do território do Iraque e Síria o Estado Islâmico controla?Segundo a rede de notícias BBC, em setembro de 2014, o então diretor do Centro Nacional de Contraterrorismo dos Estados Unidos (NCTC, da sigla em inglês), Matthew Olsen, disse que o EI controlava boa parte da bacia do rio Tigre-Eufrates – uma área similar ao tamanho do Reino Unido ou cerca de 210 mil km².
Um ano depois, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos declarou que as linhas de frente, em parte do Nordeste e Centro do Iraque e Nordeste da Síria, tinham diminuído significativamente por conta das operações de solo e ataques aéreos da coalizão liderada pelos americanos. O Estado Islâmiconão pode mais operar livremente em aproximadamente 20 a 25% das áreas habitadas no Iraque e Síria.
Situação de algumas casas e ruas em Bartella, no Iraque, totalmente danificadas ou destruídas por causa dos combates com o Estado Islâmico
O Departamento de Defesa estima que o grupo radical perdeu cerca de 15 a 20 mil km² de território no Iraque, ou seja, cerca de 30 a 37% do que controlava em agosto de 2014, e de 2 a 4 mil km² na Síria, o que corresponde a cerca de 5 a 10%. Apesar disso, o grupo conquistou novos territórios de valor estratégico no mesmo período, incluindo a cidade de Ramadi, na província de Ambar, no Iraque, e Palmira, na província de Homs, na Síria.
Analistas também notaram que os números americanos não refletem necessariamente a situação na região. Na realidade, militantes do Estado Islâmico exercem controle completo apenas sobre uma pequena parte do território, que inclui cidades, rodovias principais e instalações militares. Eles usufruem de liberdade de movimento nas grandes áreas inabitadas, o que o Instituto para o Estudo da Guerra chama de “zonas de controle”.
Também não é inteiramente claro como as pessoas vivem sob controle total ou parcial do grupo extremista na Síria e Iraque. Dentro dessas áreas, mulheres são forçadas a se cobrir totalmente, as decapitações públicas são comuns e os não muçulmanos são forçados a escolher entre pagar uma taxa especial, se converter ou morrer.
Quantos combatentes o Estado Islâmico tem?Em fevereiro de 2015, o Diretor de Inteligência Nacional americano, James Clapper, disse que o EI reunia “algo em torno de 20 a 32 mil combatentes” no Iraque e Síria. Mas observou que há “atrito substancial” em suas hierarquias desde que os ataques aéreos liderados pelos norte-americanos começaram, em agosto de 2014. Em junho de 2015, o então vice-secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse que mais de 10 mil combatentes foram mortos.
Para ajudar a reduzir a perda de homens, o Estado Islâmico passou a recrutar em algumas áreas. O historiador iraquiano, Hisham al-Hashimi, acredita que apenas 30% dos combatentes do grupo são “idealistas”, o restante se une ao grupo por medo ou coerção. Um número significativo de combatentes do grupo islâmico não são iraquianos nem sírios. Em outubro de 2015, o então diretor do Centro Nacional de Contraterrorismo, Nicholas Rasmussen, disse ao Congresso dos Estados Unidos que o grupo atraiu mais de 28 mil combatentes estrangeiros. Desses, há pelo menos 5 mil ocidentais, sendo que aproximadamente 250 deles são americanos.
Estudos do Centro Internacional para Estudo da Radicalização e Violência Política (ICSR, da sigla em inglês), com base em Londres, e do Grupo Soufan, com base em Nova York, sugerem que, enquanto cerca de um quarto dos combatentes estrangeiros são do Ocidente, a maioria é de países árabes próximos, como Tunísia, Arábia Saudita, Jordânia e Marrocos.
Quais os alvos do Estado Islâmico fora do Iraque e Síria?Ainda segundo a BBC, no final de 2015, o EI começou a reivindicar ataques fora de seu território. Um afiliado egípcio, o grupo Província do Sinai, disse ter derrubado um avião comercial russo na Península do Sinai, matando 228 pessoas a bordo. Eles não deram detalhes, mas Reino Unido e Estados Unidos disseram ser provável que uma bomba causou a queda – podendo estar ou não ligada ao Estado Islâmico.
O grupo radical também reivindicou duas explosões na capital libanesa, Beirute, que mataram ao menos 41 pessoas. Em 13 de novembro do mesmo ano, pelo menos 128 pessoas foram mortas em uma onda de ataques ao redor de Paris. O Estado Islâmico disse estar por trás da violência.
Quais armas o Estado Islâmico tem?Os combatentes do grupo extremista têm acesso, e são capazes de usar, uma ampla variedade de armas leves e pesadas, incluindo caminhões com metralhadoras montadas, lançadores de mísseis, armas antiaéreas e sistemas de mísseis portáteis. Eles também capturaram tanques e veículos blindados dos exércitos sírio e iraquiano. Entre os veículos do exército iraquiano estão utilitários militares blindados e caminhões à prova de bomba, originalmente produzidos para o exército norte-americano. Alguns estão cheios de explosivos e são usados para efeito devastador em ataques suicidas.
Tanques e veículos dos exércitos sírio e iraquiano são tomados pelo grupo Estado Islâmico (foto: AP)
Acredita-se que o grupo possua uma cadeia de abastecimento flexível que garante um constante abastecimento de munição e armas leves para seus combatentes. Seu poder de fogo considerável os ajudou a invadir posições do exército curdo, no Nordeste do Iraque, em agosto de 2014, e do exército iraquiano em Ramadi, em maio de 2015.
De onde vem o dinheiro do Estado Islâmico?Acredita-se que o grupo militante é o mais rico do mundo. Inicialmente, recebia recursos de grandes doadores e caridades islâmicas do Oriente Médio, interessados em destituir o presidente al-Assad, da Síria. Apesar do dinheiro continuar sendo usado para financiar viagens de combatentes estrangeiros para a Síria e Iraque, o grupo agora se autofinancia.
O Tesouro americano estima que em 2014, o EI pode ter conquistado milhares de dólares por semana, chegando a 100 milhões de dólares no total, da venda de petróleo e produtos refinados para intermediários locais, que por sua vez contrabandeiam para a Turquia e Irã ou vendem para o governo sírio. Mas, ataques aéreos da coalizão liderada pelos Estados Unidos a estruturas relacionadas ao petróleo foram considerados responsáveis pela diminuição de tal rendimento.
Sequestros também geraram ao menos 20 milhões de dólares em pagamentos de resgate em 2014. Além disso, o Estado Islâmico arrecada milhões de dólares por mês por meio da exportação de pessoas que vivem em áreas sob seu controle total ou parcial, de acordo com o Tesouro norte-americano. Acredita-se que o grupo também arrecade milhões de dólares por mês roubando, saqueando e extorquindo. Pagamentos ainda são obtidos daqueles que transitam, conduzem negócios ou simplesmente vivem em território do grupo extremista.
Minorias religiosas são forçadas a pagar taxas especiais. O Estado Islâmico também lucra com assaltos a banco, venda de antiguidades, roubos e controle da venda de gado e produtos agrícolas. Já meninas e mulheres sequestradas são vendidas como escravas sexuais.
Por que as táticas do Estado Islâmico são brutais?Membros do EI são jihadistas que aderiram a uma interpretação extrema do islamismo sunita e se consideram os únicos e verdadeiros fiéis. Eles acreditam que o resto do mundo é feito de infiéis que buscam destruir o islamismo, o que justifica os ataques contra outros muçulmanos e não muçulmanos. Decapitações, crucificações e tiroteios em massa têm sido usados para aterrorizar seus inimigos. Membros do grupo islâmico justificam tais atrocidades citando o Alcorão e o Hádice, um conjunto de leis, lendas e histórias sobre a vida de Maomé.
Como vivem os cristãos no Iraque e Síria?O Estado Islâmico é conhecido por ter como alvo minorias religiosas, sendo responsável por sequestros e mortes. Apesar do grupo ter perdido território no Iraque, a ideologia do EI continua viva e não limitada a um espaço geográfico. Em um esforço para provar que continua relevante, o grupo extremista continua executando e inspirando ataques no Ocidente e Oriente Médio. Enquanto isso, milhares de militantes fugitivos “desapareceram” em meio à população civil da Planície do Nínive, o que aumenta o sentimento de insegurança para minorias religiosas, como os cristãos.
Meghrik (pseudônimo) é um cristão sírio de Alepo que foi sequestrado pelo Estado Islâmico
Participe da reconstrução do Iraque Muitos líderes de igrejas dizem que viver sob o terror do Estado Islâmico e ser expulso de suas casas foi a pior perseguição que a igreja na região já experimentou. A derrota do grupo radical deve trazer uma melhora na situação dos cristãos no Iraque. O risco é que como agora o grupo é considerado derrotado no país, a perseguição aos cristãos será ignorada ou classificada como questão secundária. Agora, muitos deles já voltaram para suas cidades, no entanto, ainda há muito a fazer. Ao doar para este projeto, você possibilita a reconstrução de casas e igrejas no Iraque.
Ajude os cristãos sírios a se levantarem Na Síria, autoridades governamentais restringem as atividades de cristãos evangélicos para prevenir que haja instabilidade. Eles são, muitas vezes, interrogados e monitorados. Discursos de ódio contra cristãos por líderes islâmicos ocorrem, mas não são permitidos em áreas controladas pelo governo. Para apoiar os cristãos perseguidos na Síria, a Portas Abertas desenvolve vários tipos de projetos, como reconstrução de casas e igrejas, reabertura de escolas e bibliotecas, e microcrédito. No entanto, ainda há uma grande necessidade de ajuda emergencial e distribuição de cestas básicas. Através de parceiros locais, inclusive nos Centros de Esperança, a Portas Abertas distribui alimentos para 15 mil pessoas na Síria. Sua doação possibilita que, em um mês, três cristãos recebam cestas básicas.
Em apenas um ano, a Convenção Batista do Sul perdeu 287.655 membros, representando uma queda histórica.
O número total de membros da maior denominação protestante dos Estados Unidos caiu a uma taxa histórica entre 2018 e 2019, de acordo com um relatório divulgado na quinta-feira (4).
A Convenção Batista do Sul tinha 14,5 milhões de membros em 2019, uma queda de 287.655 em relação ao ano anterior. O número de membros diminuiu 2%, a maior queda em mais de 100 anos, de acordo com um levantamento da LifeWay Christian Resources, braço de pesquisa da denominação.
O declínio reflete uma tendência entre os americanos, que estão deixando o cristianismo em um ritmo acelerado. Segundo o Pew Research Center, 65% dos americanos se descrevem como cristãos, uma queda de 12% na última década.
Os batistas do sul também viram uma queda de mais de 4% nos batismos, queda de 1% na frequência aos cultos, escola dominical e pequenos grupos e diminuição de 1,44% nas doações.
“A Convenção Batista do Sul não é imune à crescente secularização entre os americanos, que é mais vista em nossos filhos e vizinhos, que não têm interesse em ir a Jesus”, disse Scott McConnell, diretor executivo da LifeWay Research.
A Convenção Batista do Sul (SBC, na sigla em inglês) está em constante declínio há quase 15 anos, atingindo seu pico em 2006. Além da queda de membros, a convenção foi marcada em 2019 por casos de abuso sexual envolvendo pastores.
O atual presidente da denominação, J.D. Greear, pastor de uma megaigreja de 47 anos na Carolina do Norte, trouxe um rosto mais jovem à convenção. Em um artigo publicado pela Baptist Press, Greear lamenta o declínio da denominação.
“Muitos de nós se preocupam mais com o fato do nosso lado estar ganhando no ciclo de notícias do que com as almas dos nossos vizinhos, semeando a divisão em questões secundárias mais do que apontando as pessoas para Jesus, e focamos mais em preservar nossas tradições do que em alcançar nossos netos”, ele escreveu.
Presidente da Convenção Batista do Sul, J.D. Greear. (Foto: Mark Humphrey/AP)
Os batistas do sul dão muita ênfase à plantação de igrejas, mas o número de igrejas cresceu pouco expressivo durante o mesmo período. A SBC tem 47.530 igrejas no total, e 74 foram plantadas entre 2018 e 2019.
Ronnie Floyd, que lidera o comitê executivo da SBC, disse que 75% das igrejas participaram da pesquisa e que é essencial “para o nosso futuro que o evangelismo continue sendo a prioridade de nossas igrejas e convenções”.
A convenção deveria realizar sua reunião anual na próxima semana em Orlando, mas o evento foi cancelado devido ao novo coronavírus.
Enquanto menos americanos se identificam como cristãos, os pesquisadores observam um número crescente de pessoas se identificando como “não religiosas”. Agora, 17% dos americanos dizem que não têm religião, uma taxa que era de 12% em 2009, segundo a Pew.
O aumento da pressão no país tem feito a situação para os cristãos piorar gradualmente desde o final de 2014
A comunidade de quase 350 mil cristãos representa apenas 1% da população total do Uzbequistão
O Uzbequistão é governado por uma das mais duras ditaduras da Ásia Central. O cristianismo é considerado como algo estrangeiro e um fator desestabilizador. Além disso, cristãos ex-muçulmanos enfrentam pressão adicional em seu ambiente sociocultural. A pequena minoria cristã, de apenas 1,1% da população, é fraca devido a muita divisão e pouca cooperação entre as diferentes denominações. Isso torna a igreja fraca e a joga nas mãos do governo.
O cenário para os cristãos no Uzbequistão tem se deteriorado gradualmente desde o final de 2014. O aumento da pressão de um nível muito alto para extremo mostra como a situação para os convertidos no Uzbequistão piorou. O país está na 18ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2020 e tem uma população cristã de 349 mil dos seus 32,8 milhões de pessoas.
A pressão média sobre os cristãos está em um nível extremamente alto (14 pontos), diminuindo de 14,1 na LMP 2019. Houve uma ligeira diminuição nas pontuações para as esferas da vida nacional e igreja, indicando um impacto menor da paranoia ditatorial. Duas esferas da vida mostram níveis de pressão muito altos (vida familiar e nacional) e três têm pontuações extremamente altas (comunidade, privada e igreja, em ordem crescente). O fato de a pontuação mais alta ainda estar na esfera igreja reflete a pressão extrema que o Estado continua a impor através de muitas restrições.
A pontuação para violência diminuiu de 3,2 na LMP 2019 para 3 na LMP 2020, devido principalmente ao menor número de incidentes violentos relatados. Veja no gráfico abaixo.
A situação da mulher no Uzbequistão
Embora as leis no Uzbequistão deem direitos iguais a homens e mulheres, a cultura islâmica tradicional coloca as mulheres abaixo dos homens e subservientes a elas no contexto familiar. A submissão total é esperada das mulheres aos pais ou, se casadas, aos maridos.
Dentro deste contexto, as mulheres não são livres para escolher a própria religião e enfrentarão perseguição após a conversão ao cristianismo. A estrutura rígida da sociedade significa que, inversamente, as mulheres também são alvo de perseguição como forma de infligir danos psicológicos a seus maridos ou outros membros da família.
O encarceramento em prisão domiciliar é uma forma comum e socialmente aceita de colocar as convertidas sob pressão. O acesso aos círculos sociais, sobretudo os meios cristãos, é restringido, na esperança de que o convertido retorne ao islã. As convertidas em regiões conservadoras correm o risco de serem sequestradas e casadas à força com homens muçulmanos.
Se já são casadas quando se convertem, o marido muçulmano geralmente se divorcia da esposa e nega seus direitos na divisão de bens. Em casos mais extremos, a esposa é forçada a fugir, como foi o caso de uma mãe uzbeque, em fevereiro de 2019. Ela tentou se refugiar do marido agressivo com amigos cristãos na Turquia, mas foi confrontada pelo marido no aeroporto, onde ele cortou o pescoço dela e a matou.
Pedidos de oração
Ore pelos cristãos ex-muçulmanos que geralmente ficam isolados por causa da nova fé. Eles também enfrentam medo e pressão por saberem que se a família descobrir a conversão, isso significará ridicularização, perseguição e até mesmo morte. Cada vez que buscam comunhão com outros cristãos, colocam a vida em risco, assim como a dos outros que fazem parte do grupo.
Clame por mudança e por aceitação do cristianismo no país.
Interceda por cristãos que são ameaçados, revistados, multados e presos. Nenhuma atividade religiosa, além das instituições dirigidas e controladas pelo governo, é permitida.
Há 10 anos, o grupo mantém a iniciativa de estabelecer um Estado totalmente islâmico por meio de ataques violentos
Muitos cristãos são obrigados a fugir de suas cidades por conta de ataques do grupo extremista islâmico
A opressão islâmica tem se tornado o tipo de perseguição mais dominante na Nigéria, especialmente após a intensificação da violência instigada pelo grupo militante islâmico Boko Haram. O grupo tem, nos últimos anos, realizado uma campanha sistemática contra o Estado nigeriano, alvejando especificamente cristãos com suas ideologias, retóricas e ações com a intenção de estabelecer um Estado islâmico.
Em 26 de julho de 2019 marcou-se 10 anos da atuação do Boko Haram na Nigéria. Enquanto oficiais nigerianos repetidamente alegam vitória sobre o grupo, a insegurança continua e, de acordo com relatório publicado, mais de 7 milhões de pessoas continuam dependendo de ajuda alimentar. O pior é que o trauma não permaneceu apenas dentro das fronteiras da Nigéria. Chade, Níger e Camarões compartilham as atrocidades do grupo. Hoje, cerca de 50% dos ataques do Boko Haram ocorrem nesses países.
De acordo com o escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, da sigla em inglês), aproximadamente 10 milhões de pessoas, ou metade da população atingida pelo conflito na região precisa de ajuda humanitária enquanto o conflito se arrasta. Cerca de 2,5 milhões de pessoas estão desabrigadas apenas nessa área. Os níveis de fome e desnutrição também permanecem altos.
O que é o Boko Haram?Segundo a BBC, o grupo militante islâmico Boko Haram tem causado estragos na Nigéria, país mais populoso da África, por meio de uma onda de bombardeios, assassinatos e sequestros. Além disso, luta para derrubar o governo e criar um Estado islâmico. O Boko Haram promove uma versão do islamismo que torna proibido para muçulmanos tomar parte em qualquer atividade política ou social associada com o Ocidente. Isso inclui votar em eleições, restrições de vestuário ou receber uma educação secular.
O Boko Haram considera o Estado nigeriano controlado por descrentes – independente do presidente ser muçulmano ou não – e tem estendido sua campanha militar alvejando países vizinhos. O nome oficial do grupo é Jamaatu Ahlis Sunna Liddaawati wal-Jihad, que em árabe significa “Pessoas Comprometidas em Propagar os Ensinamentos do Profeta e a Jihad”. Porém, moradores da cidade nigeriana de Maiduguri, onde o grupo tem sua sede, os apelidaram de Boko Haram, que traduzido de forma livre significa: “a educação do Ocidente é proibida”.
Desde que partes do que agora é o Nordeste da Nigéria, Níger e Sudeste de Camarões, estiveram sob controle britânico, em 1903, houve resistência entre alguns muçulmanos da área quanto a educação ocidental. Muitos recusavam enviar os filhos para as “escolas ocidentais”, dirigidas pelo governo. Contra esse cenário, o clérigo muçulmano, Mohammed Yusuf, formou o Boko Haram em Maiduguri, no ano de 2002. Ele criou um complexo religioso, que inclui uma mesquita e uma escola islâmica.
Muitas famílias muçulmanas pobres de toda a Nigéria e de países vizinhos matricularam seus filhos na escola. Mas, o grupo não estava apenas interessado na educação. Sua meta política era criar um Estado islâmico e tornar a escola um campo de recrutamento para jihadistas, militantes da guerra islâmica.
Ataques do grupo Boko HaramEm 2009, o Boko Haram realizou uma série de ataques a delegacias de polícia e outros prédios governamentais em Maiduguri, capital do estado de Borno. Centenas de apoiadores do grupo foram mortos e milhares de moradores fugiram da cidade. As forças de segurança da Nigéria finalmente confiscaram a sede do grupo, capturando seus combatentes e mataram o então líder Yusuf. O corpo foi mostrado na televisão estatal e as forças de segurança declararam o Boko Haram acabado.
O grupo realizou uma série de ataques em 2009 (foto: AFP)
Mas seus combatentes se reagruparam sob o comando de um novo líder, Abubakar Shekau, e intensificaram sua revolta. Em 2013, os Estados Unidos designaram o grupo como organização terrorista, com medo de que os militantes nigerianos tivessem desenvolvido ligações com outros grupos, como a Al-Qaeda, para promover uma jihad global.
Ainda de acordo com a BBC, a marca oficial do Boko Haram era originalmente atiradores em motocicletas, matando policiais, políticos e qualquer um que os criticasse, incluindo clérigos de outras tradições muçulmanas e pregadores cristãos. O grupo, então, começou a realizar ataques mais audaciosos, incluindo bombardeio de igrejas, ônibus, bares, quartéis militares e até mesmo a polícia e o escritório da Organização das Nações Unidas (ONU) na capital, Abuja. Em meio à crescente preocupação sobre o aumento da violência, o governo declarou estado de emergência em maio de 2013 nos três estados onde o Boko Haram era mais forte: Borno, Yobe e Adamawa.
Sob o comando de Abubakar Shekau (ao centro), o Boko Haram intensificou sua revolta (foto: AFP)
Enfraquecimento do Boko HaramA implantação de tropas e a formação de grupos de vigilantes levou muitos militantes para fora de Maiduguri, recuando para a floresta de Sambisa, para o sul e para as Montanhas Mandara, próximas à fronteira com Camarões. De lá, os combatentes lançaram ataques em massa a vilas e cidades, saqueando, matando, sequestrando mulheres e crianças, e recrutando homens e garotos para seu exército.
Em abril de 2014, o Boko Haram sequestrou mais de 200 alunas na cidade de Chibok, no estado de Borno, dizendo que as trataria como escravas e os militantes se casariam com elas – em referência a uma crença islâmica ancestral na qual mulheres capturadas em conflito são consideradas espólio, ou seja, bens tomados do inimigo em uma guerra. O grupo também mudou sua tática, mantendo-se no território em vez de se retirar após um ataque.
Grupo de mulheres viúvas nigerianas devido a ataques do Boko Haram
Em agosto do mesmo ano, o novo líder, Shekau declarou um califado nas áreas sob controle do Boko Haram, com a cidade de Gwoza como sede do seu poder. “Nós estamos em um califado islâmico. Não temos nada a ver com a Nigéria, não acreditamos no governo desse país”, disse Shekau, cercado por combatentes mascarados e com armas. Depois, o líder prometeu formalmente lealdade ao grupo Estado Islâmico, virando as costas para a Al-Qaeda. O Estado Islâmico aceitou sua lealdade, nomeando o território sob o controle do Boko Haram como Estado Islâmico da Província do Oeste da África, uma parte do califado global que tentava estabelecer.
Mas em março de 2015, o Boko Haram perdeu todas as cidades que estavam sob seu controle após uma coalizão regional – formada por tropas da Nigéria, Camarões, Chade e Níger – ser formada para combatê-lo. Novamente, o Boko Haram recuou para a floresta Sambisa, onde militares nigerianos os perseguiram, livrando centenas de cativos.
Troca de poder no Boko HaramConforme artigo da BBC, em agosto de 2016, o grupo aparentemente se dividiu, com um vídeo do Estado Islâmico anunciando que Shekau fora substituído por Abu Musab al-Barnawi. Shekau contestou, insistindo que continuava no comando. Em meio a tudo isso, 21 das meninas do Chibok, vistas como bens preciosos para Shekau, foram libertadas em outubro do mesmo ano, após conversas envolvendo militantes, os governos nigeriano e suíço, e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Apesar disso, a Anistia Internacional afirma que cerca de 2 mil crianças permanecem cativas e muitas outras precisam ser libertadas.
Por causa da violência direcionada a comunidades cristãs, muitas de suas plantações foram prejudicadas, resultando em fome e desnutrição
Enquanto muitos combatentes são mortos e armas são confiscadas, alguns analistas dizem que é muito cedo para descartar o Boko Haram. O grupo tem sobrevivido mais que outros militantes no país e tem construído uma presença em estados vizinhos, onde realiza ataques e recruta combatentes.
Oficiais da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos estimam que ele tem cerca de 9 mil homens e células especializadas em bombardeios. Por conta de ataques a bases militares e bancos, tem ganhado controle de grandes quantidades de armas e dinheiro. Por isso, as chances de ser derrotado em breve – apesar do presidente Buhari alegar que foi “tecnicamente derrotado” – são pequenas, já que a pobreza crônica da região e o fraco sistema educacional o ajuda a ganhar novos recrutas.
A Nigéria tem sido assolada por ataques do Boko Haram e é inegável o fator religioso dos conflitos, que já causaram a morte e deslocamento de milhares de cristãos. Apenas durante o período de pesquisa da Lista Mundial da Perseguição 2020 (1 de novembro de 2018 a 31 de outubro de 2019), em que o país ocupa a 12º posição, 1.350 cristãos foram mortos por causa da fé. Com isso, muitas mulheres acabam perdendo não apenas o marido, mas também casa e propriedade, ao fugirem dos ataques. Sem recursos e sem ter a quem recorrer, elas se tornam alvos fáceis de novos ataques e abusos. Para responder a essa realidade, desafiamos você a mostrar o cuidado de Deus com essas viúvas. Com uma doação, você possibilita que uma viúva cristã e sua família recebam alimentos por cerca de dois meses.
Veja como Deus usou um jovem obediente para mobilizar o mundo na causa da Igreja Perseguida
O fundador da Portas Abertas completa 92 anos de aventuras e fortalecimento da Igreja Perseguida no mundo
Hoje é aniversário do Irmão André. O fundador da Portas Abertas completa 92 anos. Porém, antes de encontrar Jesus, o jovem Anne van der Bijl teve dificuldades familiares e o desejo por desafios o levou até a guerra da Holanda contra a Indonésia. Ele era sedento por uma aventura que fizesse a vida valer a pena, porém as duras consequências das batalhas, como sofrimento e mortes, frustraram o soldado. Foi após levar um tiro na perna, que Anne foi sendo conduzido, gradativamente, aos caminhos do Senhor. As orações dos amigos e longas conversas sobre Deus não pareciam fazer efeito imediato. Mas um dia, voltou a ler a Bíblia e não conseguiu mais parar.
A hora de se render a Deus
“Não havia muita fé em minha oração. Apenas disse: Senhor, se me mostrares o caminho, eu te seguirei.”
Quando voltou para casa, a sede de compreender mais sobre a palavra continuou. O próximo passo dado foi frequentar uma igreja. Após a dispensa do exército em 1949, ele comprou uma bicicleta e por meio dela pôde participar também dos cultos em cidades vizinhas. “Em cada um deles, anotava cuidadosamente o que dizia o pregador e passava a manhã seguinte procurando passagens na Bíblia para ver se tudo o que dissera estava realmente lá”, contou. A repentina mudança nos hábitos do jovem preocupou os familiares, pois poderia ser alguma “neurose de guerra”. Mas foi em 1950 que ele parou de lutar e rendeu-se a Deus. “Com uma nota no vento berrando para mim para não ser tolo, entreguei-me a Deus por completo – corpo, alma, espírito e aventura. Não havia muita fé em minha oração. Apenas disse: Senhor, se me mostrares o caminho, eu te seguirei. Amém. Foi simples assim”, afirmou.
A partir daí a verdadeira aventura começou na vida de Anne. Ele estava sem reservas diante de Deus, mas nunca tinha se sentido tão seguro. Nessa época foi chamado para ser missionário e as oportunidades para pregar começaram a aparecer na cidade natal e municípios vizinhos. O primeiro campo foi a fábrica de chocolate Ringers. Lá, conseguiu testemunhar o amor de Cristo e acabou sendo promovido, mas sentia-se atraído por algo maior. Depois de muita pesquisa e um tempo de espera, ingressou na Cruzada de Evangelização Mundial. Lá estudou por dois anos e aprendeu na prática como Deus supre as necessidades daqueles que se propõem a trabalhar para o reino. Na semana anterior da formatura, o cristão viu uma propaganda em uma revista, onde jovens foram convidados para um festival da juventude comunista em Varsóvia, capital da Polônia. Ele escreveu uma carta para os organizadores e compareceu ao evento como um missionário cristão.
“Não havia nenhum plano, nenhuma visão, certamente nenhum pensamento sobre liderar uma organização mundial. Deus revelou uma necessidade que eu podia satisfazer e foi isso que fiz.”
“Minha mala estava pesada. Nela havia apenas umas poucas vestimentas, uma muda de roupa de cama e alguns livretos de 32 páginas intitulados O caminho da Salvação”, testemunhou Anne. A partir dessa viagem, ele encontrou muitos cristãos que viviam por trás da Cortina de Ferro e começou a trabalhar para que eles tivessem Bíblias e literatura cristã. Assim que começou a viajar contrabandeando Bíblias por países comunistas como Tchecoslováquia, Iuguslávia, Romênia e Bulgária, Anne ganhou o fusca azul como companheiro para as viagens. O carro rodava pelas estradas abarrotado de Bíblias, livros e suprimentos para as pessoas em campos de refugiados. “Parei de usar meu nome completo e comecei a usar o nome pelo qual era conhecido atrás da Cortina, onde os sobrenomes praticamente deixavam de existir entre os cristãos: Irmão André”, contou o fundador da Portas Abertas.
“Não fomos feitos para nos defender, ou defender a igreja, ou o cristianismo em geral. Fomos feitos para antecipar as ações.”
As histórias das arriscadas missões do Irmão André foram relatadas no livro “O Contrabandista de Deus” em 1967. Logo, os cristãos de diferentes países tiveram acesso ao trabalho e se juntaram na grande aventura de fortalecer a Igreja Perseguida em território comunista.
A partir de 1970, o trabalho passou a ser apoiado por nações como África do Sul, Holanda, Austrália, Suíça, Estados Unidos, Reino Unido e Brasil. Gradativamente, foram surgindo oportunidades de expandir os projetos e chegaram até o Oriente Médio, África e América do Sul. Em todas as viagens, as Bíblias e livros cristãos eram itens essenciais na bagagem e o Irmão André não deixava de se reunir com líderes nacionais para conversar e apresentar a mensagem da cruz. “Há muito que podemos fazer, começando de joelhos. É verdade que não posso mais viajar e ver meus irmãos e amigos. Mas posso orar.Recentemente estive desafiando os cristãos para serem mais ativos. Na maior parte do tempo, sentimos medo porque ficamos na defensiva. Não fomos feitos para nos defender, ou defender a igreja, ou o cristianismo em geral. Fomos feitos para antecipar as ações”, completou.
O Irmão André casou-se com Corrie Van Dame, cristã que conheceu enquanto trabalhava na fábrica de chocolate Ringers, e tem cinco filhos e 11 netos. Corrie já foi para o Senhor. Conheça mais experiências do fundador da Portas Abertas que foram contadas na obra “O Contrabandista de Deus”. Leia ou presenteie um amigo com os relatos das missões em apoio à Igreja Perseguida.