sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Qual a Origem do Termo Reformado?

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Segunda retrasada foi o dia da Reforma Protestante. E com ele veio uma enxurrada de postagens sobre a importância da data. No entanto, muitas versavam sobre a questão de ser "reformado". Alguns diziam que é implicância e estupidez quando afirmam que o termo deve ser aplicado a um grupo específico, não a todos. Subjaz a este entendimento que todos os adeptos do movimento iniciado por Lutero são "reformados", afinal de contas, todos comemoram o dia da Reforma e creem em certas doutrinas.

Pois bem, transcrevo abaixo alguns testemunhos de historiadores sobre a questão do termo. Esclareço, de início, que, de modo algum, tenho a intenção de desmerecer quem quer que seja, ou de insinuar que A é melhor que B, ou que há alguns grupos não têm direito de comemorar a Reforma, ou ainda, que apenas presbiterianos são reformados. Longe disso! Meu objetivo é tão somente oferecer um esclarecimento a partir da historiografia protestante. Vamos começar com um presbiteriano, certamente o mais tendencioso na mente de muitos:

Pouco depois que o protestantismo começou na Alemanha, sob a liderança de Martinho Lutero, surgiu uma segunda manifestação do mesmo no Cantão de Zurique, na Suíça, sob a direção de outro ex-sacerdote, Ulrico Zuínglio (1484-1531). Para distinguir-se da reforma alemã, esse novo movimento ficou conhecido como Segunda Reforma ou Reforma Suíça. O entendimento de que a reforma suíça foi mais profunda em sua ruptura com a igreja medieval e em seu retorno às Escrituras, fez com que recebesse o nome de MOVIMENTO REFORMADO e seus simpatizantes ficassem conhecidos simplesmente como 'reformados'. Inicialmente, o movimento reformado esteve mais ligado à pessoa de Zuínglio. Porém, com a morte prematura deste, o movimento veio a associar-se com seu maior teólogo e articulador, o francês João Calvino (1509-1564). A propósito, os 'protestantes', fossem eles luteranos ou reformados, só passaram a ter essa designação a partir da Dieta de Spira, em 1529. Portanto, o movimento reformado é o ramo do protestantismo que surgiu na Suíça, no século 16, tendo como líderes originais Ulrico Zuínglio, em Zurique, e João Calvino [...] Até hoje, as igrejas ligadas a essa tradição no continente europeu são conhecidas como Igrejas Reformadas (da Suíça, França, Holanda, Hungria, Romênia e outros países) (NASCIMENTO, Adão Carlos; MATOS, Alderi Souza de. O que Todo Presbiteriano Inteligente Deve Saber. Santa Bárbara d'Oeste, 2007. pp. 10-11).
O tipo de Protestantismo de Calvino era conhecido como "reformado". Diferia do sistema luterano no sentido de que a Igreja era uma instituição paralela ao Estado e não subordinada a ele. A Igreja era uma organização independente que mantinha sua vida própria e usava sua posição para corrigir o Estado quando necessário (CLOUSE, Robert G. et alli. Dois Reinos: A Igreja e a Cultura Interagindo ao Longo dos Séculos. São Paulo: Cultura Cristã, 2003. p. 244).
Os milhões que aceitam a fé reformada e sua fundamentação doutrinária testemunham a importância do sistema teológico formulado por João Calvino (1509-1564), designado geralmente pelo termo 'calvinismo'. O termo 'fé reformada' APLICA-SE ao sistema de teologia desenvolvido a partir do sistema de Calvino (CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. São Paulo: Vida Nova, 1995. p. 251).

Um pouco antes, Cairns afirmou sobre Zwínglio: “Foram estas as ideias do homem que colocou os fundamentos da fé reformada na Suíça alemã. Embora Calvino tenha se tornado o herói da fé reformada, a igreja não pode esquecer o papel de Zwínglio, erudito, democrático e sincero, na libertação da Suíça das garras do papa” (p. 246).

O prestigiado estudioso Alister E. McGrath divide o protestantismo em três grandes ramos: Luterano (Reforma Luterana), Reformado (Reforma Calvinista) e Anabatista (Reforma Radical):

As origens da Reforma calvinista responsável pela constituição das Igrejas Reformadas(como a igreja presbiteriana), se encontram em acontecimentos ocorridos dentro da Confederação Suíça. Enquanto a Reforma luterana teve suas origens num contexto acadêmico, a IGREJA REFORMADA deve suas origens a uma série de tentativas de reformar a moral e o culto eclesiástico (mas não necessariamente sua doutrina) de acordo com um padrão mais bíblico. É preciso enfatizar que apesar de Calvino ter dado a esse estilo de Reforma a sua configuração definitiva, suas origens remontam a reformadores mais antigos como Zwínglio e Heinrich Bullinger, sediados em Zurique, a principal cidade da Suíça" (MCGRATH, Alister E.Teologia Histórica: Uma Introdução à História do Pensamento Cristão. São Paulo: Cultura Cristã, 2007. p. 180).

David G. Peters, um teólogo luterano, discutindo as controvérsias em torno da presença real de Cristo no sacramento da Ceia, afirmou que os luteranos "acusaram os reformados de separar as naturezas de Cristo do mesmo modo como Nestório havia feito" (PETERS, David G. The “Extra Calvinisticum” and Calvin’s Eucharistic Theology. p. 6. Disponível em:<http://www.wlsessays.net/bitstream/handle/123456789/3632/PetersCalvin.pdf>).

Na mesma página Peters afirma que "o debate eucarístico entre luteranos e reformados era simultaneamente um debate sobre cristologia" (p. 6).

Francis Pieper, dogmático luterano, faz referência aos calvinistas utilizando o termo reformado: "Cada palavra que os reformados falam contra a participação da natureza humana na divina onipresença, falam também contra sua doutrina da participação da natureza humana na Pessoa do Filho de Deus" (PIEPER, Francis. Christian Dogmatics. Vol. 2. Saint Louis, MS: Concordia Publishing House, 1951. p. 167).

Por fim, o grande historiador da Igreja, Kenneth Scott Latourette, afirma:

Paralelo ao luteranismo, outra espécie de protestantismo emergia e se desenvolvia. Esse protestantismo usualmente é conhecido como REFORMADO. Nele há variantes, inclusive o presbiterianismo em suas diversas manifestações. Todavia, de modo semelhante ao luteranismo, ele constituiu uma família de igrejas que, nos séculos 19 e 20, seriam atraídas conjuntamente em uma associação mundial (LATOURETTE, Kenneth Scott. Uma História do Cristianismo. Vol. 2. São Paulo: Hagnos, 2006. p. 1009).

Reafirmo que a intenção não é apontar o dedo para quem quer que seja, afirmando que o tal não tem direito de comemorar a Reforma Protestante. A ideia é tão somente esclarecer que o termo "reformado", em sua gênese, foi aplicado a um grupo distinto dos luteranos e anabatistas. Assim, meu desejo é que protestantes luteranos, protestantes reformados e protestantes anabatistas - ou descendentes destes grupos - juntos se alegrem em Deus pela Reforma, que no próximo ano completa 500 anos.

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Autor: Rev. Alan Rennê Alexandrino Lima
Fonte: Electus

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

LIVRE-ARBITRIO: UM GUIA PARA INICIANTES


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Por John Piper

Antes da queda de Adão, o homem era sem pecado e capaz de não pecar. Pois, “viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gênesis 1.31). Mas o homem também era capaz de pecar. Porque Deus disse: “no dia em que dela [da árvore] comeres, certamente morrerás” (Gênesis 2.17).


Assim que Adão caiu em pecado, a natureza humana foi profundamente alterada. Agora o homem era incapaz de não pecar. Na queda, a natureza humana perdeu a sua liberdade para não pecar.

Por que o homem é incapaz de não pecar? Porque após a queda “o que é nascido da carne é carne” (João 3.6), e “a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus; na verdade, ela não pode ser, e aqueles que estão na carne não podem agradar a Deus” (Romanos 8.7-8, tradução minha). Ou, como Paulo diz em 1Coríntios 2.14: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”.

Observe o termo não pode que aparece duas vezes em Romanos 8.7-8 e outra vez em 1Coríntios 2.14. Esta é a natureza de todos os seres humanos quando nascemos — o que Paulo chama de “homem natural”, e Jesus chama de “nascido da carne”.

Rebelde demais para se submeter a Deus

Paulo diz que isso significa que nesta condição nós “não podemos agradar a Deus”, ou, dito de outra forma, “não somos capazes de não pecar”. A razão básica é que o homem natural prefere a sua própria autonomia e sua própria glória acima da soberania e da glória de Deus. Isto é o que Paulo intenciona quando diz: “a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita…”.

A submissão alegre à autoridade de Deus, e ao superior valor e beleza de Deus, é algo que não somos capazes de fazer. Isto não acontece porque somos impedidos de fazer o que gostaríamos. É porque nós preferimos a nossa própria autoridade, e estimamos o nosso próprio valor, acima de Deus. Não podemos preferir a Deus como extremamente valioso enquanto preferimos supremamente a nós mesmos.

A razão para esta preferência idólatra é que somos moralmente cegos para a glória de Cristo, de modo que não podemos valorizar a sua glória como superior à nossa. Satanás está empenhado para nos confirmar nesta preferência ofuscante. “O deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo” (2Coríntios 4.4). Assim, quando o homem natural olha para a glória de Deus, seja na natureza ou no evangelho, ele não vê beleza e valor supremos.

Para crermos, nós precisamos ver beleza

Esta é a razão fundamental pela qual o homem natural não pode crer em Cristo. Crer não é apenas afirmar a verdade sobre Jesus, mas também é ver a beleza e o valor de Jesus, de tal maneira que nós o recebemos como nosso tesouro supremo. A forma como Jesus expressou isso foi dizer: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim” (Mateus 10.37). Não existe uma relação salvífica com Jesus onde a fé não consiste em valorizar Jesus acima de seus mais queridos tesouros terrenos.

Onde esse despertamento para a glória e valor supremos de Jesus (chamado de “novo nascimento”) não aconteceu, o coração humano caído é incapaz de crer em Jesus. É por isso que Jesus disse aos que se opunham a ele: “Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros e, contudo, não procurais a glória que vem do Deus único?” (João 5.44). Em outras palavras, você não pode crer em Jesus, enquanto você tem maior estima pela glória humana do que pela dele. Pois, crer é exatamente o oposto. Crer em Jesus significa recebê-lo como supremamente glorioso e valioso (João 1.12).

É por isso que o homem natural não pode agradar a Deus. Pois, ele não pode crer em Deus desta maneira. Ele não pode receber a Deus e seu Filho como extremamente valiosos. Mas a Bíblia diz: “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hebreus 11.6). Ou, como Paulo diz, ainda mais enfaticamente, em Romanos 14.23: “tudo o que não provém de fé é pecado”.

A grande renovação por meio de Cristo

Portanto, a dura realidade é que os seres humanos, como nós nascemos — com uma comum natureza humana caída — não somos capazes de não pecar. Somos, como Paulo e Jesus afirmam: “escravos do pecado” (João 8.34; Romanos 6.20). O remédio para esta condição é a livre e soberana graça de Deus operando uma mudança na essência de nossa natureza caída.

Esta mudança miraculosa, comprada pelo sangue, operada pelo Espírito a partir da qual nós percebemos e preferimos é descrita de diversas formas no Novo Testamento. Por exemplo:

Deus iluminando nossos corações: “Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo” (2Corinthians 4.6).

Deus fazendo com que nasçamos de novo: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pedro 1.3).

Deus nos ressuscitando dentre os mortos: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo” (Efésios 2.4-5).

O dom divino do arrependimento: “que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade” (2Timóteo 2.25-26).

O dom divino da fé: “Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele” (Filipenses 1.29).

O efeito dessa mudança miraculosa, operada Espírito é que nós já não somos cegos para a beleza e glória supremas de Cristo; já não preferimos a nossa própria autonomia em vez do governo soberano de Deus; já não amamos a criação de Deus mais do que o Criador; apegamo-nos a Cristo como extremamente valioso; nós confiamos em suas promessas; somos libertos da nossa escravidão à incredulidade e ao pecado, e finalmente, somos capazes de não pecar. “Porque o pecado não terá domínio sobre vós” (Romanos 6.14).

Uma definição de “livre-arbítrio”

Agora, onde o “livre-arbítrio” se encaixa nesta descrição bíblica da nossa condição no mundo?

Para responder a essa pergunta, precisamos de uma definição clara de “livre-arbítrio”. Pode ser útil oferecer três definições: Uma a partir do uso popular, uma a partir do uso bíblico comum e uma proveniente de uma discussão mais técnica.

Uma definição popular

Popularmente, o que a maioria das pessoas querem dizer quando perguntam sobre o livre-arbítrio? Eu penso que a maioria das pessoas quer dizer algo como isto: A nossa vontade é livre se as nossas preferências e nossas escolhas são realmente nossas, de tal forma que possamos ser justamente considerados responsáveis, sejam elas boas ou más. O oposto seria que as nossas preferências e escolhas não são nossas, mas que somos robôs ou fantoches não possuindo quaisquer atos significativos de preferência ou escolha.

Por essa definição, o livre-arbítrio existe tanto em seres humanos caídos quanto nos redimidos. Pois, o que a queda provocou não foi que deixamos de ser pessoas autênticas que preferem e escolhem, mas que a nossa rebelião nos inclina a preferir e escolher o mal. Todos preferem e escolhem de acordo com a sua natureza. Se a natureza é rebelde e insubordinada, como Paulo descreve em Romanos 8.7-8, nós preferimos e escolhemos de acordo com isso. Se a nossa natureza for libertada da rebelião, ela começa a preferir e escolher o que é verdadeiramente belo. Em ambos os casos, a nossa preferência e escolha é “nossa”, e somos “responsáveis” sejam elas boas ou más.

Uma definição bíblica

A segunda definição de livre-arbítrio, expressa na linguagem de Jesus e Paulo, é esta: A vontade humana é livre quando não está sob a escravidão de preferir e escolher irracionalmente. Ela é livre quando é libertada de preferir o que é infinitamente menos preferível do que Deus e de escolher o que levará à destruição. O oposto dessa visão seria que tais preferências e escolhas irracionais e suicidas devem ser chamadas de “liberdade”.

Com base nesta definição, somente aqueles que nasceram de novo têm livre-arbítrio. Esta é a forma que Jesus definiu a noção de liberdade em João 8.32: “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. E esta é a maneira como Paulo fala sobre liberdade em Romanos 6: “Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues; e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça” (Romanos 6.17-18).

Uma definição técnica

A definição mais técnica de livre-arbítrio que algumas pessoas usam é esta: Nós temos livre-arbítrio, se em última instância ou decisivamente nos autodeterminamos, e as únicas preferências e escolhas pelas quais podemos ser responsabilizados são aqueles nas quais, finalmente ou decisivamente, nos autodeterminamos. A palavra-chave aqui é finalmente ou decisivamente. A questão não é apenas que as escolhas são autodeterminadas, mas que o eu é o final ou decisivo determinador de si mesmo. O oposto desta definição seria que Deus é o único ser que, em última análise, determina a si mesmo, e ele mesmo é, finalmente, o ordenador de todas as coisas, incluindo todas as escolhas, embora existam muitas ou diversas outras causas intervenientes.

Nesta definição, nenhum ser humano tem livre-arbítrio, em tempo algum. Em última análise, nem antes ou após a queda, ou no céu, as criaturas determinam a si mesmas. Há grandes níveis de autodeterminação, como a Bíblia evidencia frequentemente, mas o homem nunca é a causa final ou decisiva de suas preferências e escolhas. Quando a agência do homem e a agência de Deus são comparadas, ambas são reais, mas a de Deus é decisiva. Todavia — e aqui está o mistério que faz com que muitos tropecem — Deus é sempre decisivo de tal forma que a agência do homem é real, e a sua responsabilidade permanece.

Mas, isso não é inconcebível?

Eu digo que muitos tropeçam nisso porque eles o consideram como inconcebível. A minha perspectiva é que a Bíblia ensina a compatibilidade entre a decisiva soberania de Deus e a responsabilidade do homem. Se isso parece inconcebível para você, eu pediria que você não permita que isso o impeça de crer no que a Bíblia ensina.

Mas pode ser útil fazer uma tentativa de ajudar a dar sentido a isso. Os atos de uma pessoa podem ser justamente considerados louváveis ou condenáveis se eles fluem de uma natureza boa ou má que o inclina a apenas um caminho?

Aqui está parte da resposta de João Calvino a essa objeção:

A bondade de Deus é tão entrelaçada à sua divindade, que não é mais necessário ser Deus do que ser bom; enquanto que o diabo, por sua queda, tanto se alienou da bondade que nada pode fazer, senão o mal.

Se alguém mencionar a zombaria profana de que pouco louvor é devido a Deus por uma bondade a que ele é compelido, não é óbvio que cada homem responda: “Não é devido à forçosa compulsão, mas à sua bondade infinita, que ele não pode fazer o mal”?

Portanto, se o livre-arbítrio de Deus em fazer o bem não é impedido porque ele necessariamente deve fazer o bem; e se o diabo, que nada pode fazer, senão o mal, mesmo assim peca voluntariamente; pode ser dito que o homem peca menos voluntariamente, porque ele está sob uma necessidade de pecar? (Institutas, II.3.5).

Muito mais poderia ser dito. Questionamentos não faltam. Meu apelo é que você se concentre no verdadeiro ensino das Escrituras. Tente não levar pressupostos filosóficos ao texto (pressupostos como: a responsabilidade humana não pode coexistir com Deus decisivamente fazer “todas as coisas conforme o conselho da sua vontade”, Efésios 1.11). Deixe que a Bíblia fale plena e profundamente. Confie que um dia não veremos em espelho, obscuramente, mas face a face (1Coríntios 13.12).
Por: John Piper - Original: A Beginner’s Guide to ‘Free Will’
Tradução: Camila Rebeca Almeida. Revisão: William Teixeira. - Ministério Fiel. 


"A PORNOGRAFIA É UMA DROGA QUE DESTRÓI E MATA", ALERTA PASTOR HERNANDES DIAS LOPES


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A pornografia é um mal que assola muitas pessoas. Segundo Angela Gregory, da Universidade de Notthingham (Inglaterra), homens entre 18 e 25 anos são os mais suscetíveis a sofrer com o vício em pornografia online. Ela acrescenta que grande parte dos acessos ao material pornográfico se dá por meio de celulares e notebooks. Mas, a pornografia também pode atingir aos cristãos. Este é o alerta do pastor Hernandes Dias Lopes.

Em um trecho de sua pregação, publicado na última sexta-feira (11), o pastor iniciou explanando o significado da palavra “leito” na passagem de Hebreus 13:4, que diz: “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus os julgará”.

“A palavra leito significa o que em português? Cama! Só que a palavra leito aqui não é cama. A palavra leito vem do grego ‘coitê’, de onde vem ‘coito’, relação sexual. Até porque não dá pra você saber que toda cama que você deita é sem mácula. Quem já dormiu em hotel aqui? Quem te garante que a cama que você dormiu no hotel era um leito sem mácula? Quem garante a você que não dormiu um devasso, lá?”, questiona.

“O que Deus está dizendo é que a relação sexual entre marido e mulher tem que ser sem mácula. E hoje, estatisticamente, 30% dos homens sobre tudo com o advento da internet, são viciados em pornografia. Eu vou fazer uma afirmação aqui muito complicada. Mas, eu estou diante de um auditório de mais de 200 pessoas e tem gente aqui dentro desse auditório que lida com esse problema. Pornografia”, ressaltou.

“Pornografia é uma droga. Que escraviza, que vicia, que deturpa, que destrói, que mata. O grande problema é que a pornografia, assim como a droga, a dose de hoje não serve para amanhã. Vai levando a pessoa a uma degradação contínua, progressiva”, afirmou.

Uma ilustração

O pastor Hernandes contou uma história verídica para melhor ilustrar o perigo da pornografia. “Eu estava morando nos EUA, no ano 2000 e 2001, para estudar, quando eu recebi um telefonema anônimo de uma mulher que disse: ‘Pastor, eu sou membro de uma igreja evangélica e meu marido também. Mas, o meu marido é viciado em pornografia e ele está no último estágio da degradação. Eu não sei mais o que faço’. Ela me disse: “Agora, a última dele é que ele quer que eu deite com um amigo nosso para assistir a cena e esse amigo frequenta a nossa casa e é mais jovem e mais bonito que o meu marido e eu não sei o que eu faço’”, relatou.

O pastor continua: “Eu disse para ela: ‘Confronte o seu marido. Se ele não se arrepender, abandone seu marido. É melhor você ser uma mulher divorciada do que ser uma prostituta. Se você ceder ao capricho da fantasia do seu marido, você vira prostituta. Confronte-o’”, falou.

“Eu jamais esperada isso, mas seis meses depois eu estava pregando a 2 mil quilômetros de onde eu morava. E eu estou na fila, depois do culto, na porta da igreja, cumprimentando as pessoas. Aproxima-se de mim uma mulher com seus 25 anos, estende a mão e diz: ‘Pastor, eu sou a mulher que ligou para o senhor no dia tal sobre tal assunto’. E eu disse, e ai minha filha, o que aconteceu? Ela disse: ‘Eu confrontei meu marido. Graças a Deus ele se arrependeu e pediu perdão. Deus restaurou meu marido e restaurou meu casamento. Deus salvou a nossa família’”, finalizou.

Confira o trecho completo clicando no vídeo abaixo:


 
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Guiame

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Cristianismo, Comunismo e o Papa

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"São os comunistas os que pensam como os cristãos. Cristo falou de uma sociedade onde os pobres, os frágeis e os excluídos sejam os que decidam. Não os demagogos, mas o povo, os pobres, os que têm fé em Deus ou não, mas são eles a quem temos que ajudar a obter a igualdade e a liberdade” [1].

Poucas afirmações, em toda a história da humanidade, poderiam ser tão perturbadoras como essa, que foi proferida pelo papa (sic.) Bergoglio em entrevista publicada no jornal italiano La Repubblica.

Na verdade, se essa fala tivesse sido ventilada por algum ditador comunista ou psicopata alucinado - que são mais ou menos a mesma coisa - ela não deixaria de ser ofensiva e indigesta, todavia, não seria um produto diferente do que normalmente se deve esperar de ambos. Mas não. Ela foi pronunciada por um dos maiores representantes institucionais do cristianismo no mundo, o que faz qualquer indivíduo com razoável senso de realidade desvanecer em assombro diante de tão abjeta e pervertida apresentação dos fatos.

Vejamos se realmente comunistas pensam como cristãos e se, no pensamento cristão, um suposto grupo desfavorecido é que deve ditar as diversas políticas em uma sociedade. 

Metafísica

A "metafísica" dos comunistas ou marxistas é, com efeito, ontologia. Uma vez que sua visão é essencialmente materialista, para eles, não existe nada além do universo físico. Causas e arranjos inteligentes são apenas ordenações felizes de átomos, moléculas, formas e elementos.

A metafísica dos cristãos começa e termina com o ser eterno, puro, simples, absoluto e pessoal do Deus-Trindade, que é distinto do universo. Este é resultado de deliberada e teleológica criação. Além disso, o universo é movido e sustentado por uma ação imanente e exaustiva de Deus.

Filosofia da História

A filosofia da história dos comunistas ecoa muito bem seus pressupostos metafísicos, ou seja, não existe um ordenamento inteligente e proposital na história. A história é apenas uma sucessão de eventos no espaço-tempo sem significado objetivo algum.

A filosofia da história dos cristãos também deriva de sua metafísica. O mesmo Deus que criou o universo com um propósito específico conduz a história em seus mínimos detalhes para uma consolidação específica.

Epistemologia

A epistemologia dos comunistas é um assustador mosaico de ideias conflitantes e asserções injustificáveis. Ela, em seus melhores dias, se baseia no método científico da lógica indutiva e do empirismo. E, nos maus dias, quando se dá conta de que a indução e o empirismo não podem promover qualquer conhecimento real, afunda no niilismo.

A epistemologia dos cristãos parte de um ponto único e central, auto-autenticável e de amplo alcance filosófico, que é a Bíblia. A partir da Bíblia, todo o sistema de pensamento é construído por lógica dedutiva em um sistema racional redimido pela Escritura, inspirada por Deus.

Ética

A ética dos comunistas é uma ética arbitrária relativista, que não encontra nenhum fundamento mais sólido do que o próprio homem ou, em termos mais amplos, do que sociedades particulares. O certo e errado não são mais "certo e errado" do que se convenciona em dada cultura. Além disso, sua ética é situacionista e utilitarista, o que significa que os princípios morais estabelecidos pelos agentes éticos variam conforme as circunstâncias. O errado de hoje pode se tornar o certo de amanhã, sem problema algum.

A ética dos cristãos baseia-se em sua metafísica, de tal modo que se pode falar em uma metaética. Os valores éticos são absolutos pois partem de Deus - de seu caráter e revelação. Eles também são objetivos porque têm o seu locus fora do homem.

Antropologia

A antropologia dos comunistas é materialista. O homem, em última análise, não é mais do que matéria. Não existe no homem nada que o torne especial senão sua inteligência superior. Essencialmente, homens e plantas não são diferentes.

A antropologia dos cristãos afirma que o homem é um ser especial, pois foi criado por Deus à sua imagem. O homem, mesmo nascendo em pecado e, portanto, merecedor da condenação divina, ainda assim é considerado por Deus como um ser distinto cuja vida e propriedades têm um valor especial.

Sociologia

Na sociologia comunista, o homem nasce bom e é corrompido pela sociedade. Os indivíduos não são realmente culpados por suas transgressões, antes, essa culpa é abstraída no coletivo, segundo o interesse do momento para o Estado. Os grupos minoritários é quem dão a tônica para certas políticas econômicas e de segurança, ao menos até que o Estado esteja fortalecido o suficiente para não precisar mais do artifício tático de separar os cidadãos em grupos e instigá-los ao conflito.

Na sociologia cristã, o homem nasce mau, corrupto e com ódio de Deus. Uma sociedade má é assim porque é constituída de indivíduos maus. Os indivíduos são culpados por suas transgressões e devem ser punidos por elas. Crimes que envolvem assassinato devem ser punidos com pena de morte. Os grupos minoritários não ditam nada. Nem tampouco os majoritários. A sociedade deve ser regida por leis que espelhem os valores divinos para sociedades, valores sempre baseados no indivíduo, no valor da vida humana, na propriedade privada e no livre comércio.

Política

Na estrutura política dos comunistas o valor da propriedade privada é questionado em função de uma suposta necessidade de igualdade social. A concentração de poder é outorgada ao Estado que deve se encarregar de cuidar dos cidadãos. Assim, a segurança dos cidadãos cabe ao Estado. A educação dos cidadãos cabe ao Estado. As posses dos cidadãos cabe ao Estado. As relações comerciais são controladas pelo Estado. O coletivo é posto como prioridade.

No pensamento político cristão a propriedade privada é, no sentido popular do termo, sagrada. Não deve haver igualdade social porque não é essa a vontade de Deus visto que, no sistema cristão, a pobreza não é necessariamente ruim, desde que o pobre tenha a dignidade do alimento e de uma estrutura básica para sobreviver. Quem distribui as riquezas é Deus e Ele o faz outorgando responsabilidades para o rico (para que faça um uso caridoso e responsável de suas posses) e para o pobre (para que confie na providência de Deus - que vem por intermédio do rico - e busque Nele sua esperança). Não há concentração de poder. O Estado é mínimo! A segurança dos cidadãos cabem, em primeira instância, a eles mesmos e, em última, ao Estado. A educação dos cidadãos cabem a eles mesmos e é desenvolvida no seio familiar. As posses dos cidadãos são suas. As relações comerciais devem ser livres. O indivíduo é posto como prioridade.

Diante do exposto, pergunto: Em que universo os pensamentos do comunismo e do cristianismo poderiam convergir para um ponto, qualquer ponto, em comum? Em que universo o cristianismo afirma que os pobres e "excluídos" devem ser os ditadores das asserções políticas?

Não há sequer um ÚNICO ponto de congruência entre as cosmovisões cristã e comunista.

A posição de Bergoglio acerca do cristianismo redefine o conceito de absurdo e nos constrange à oração: oração pelo Ocidente, oração pela consolidação do Reino de Deus e oração para que a graça divina alcance as principais autoridades intelectuais do mundo com discernimento e justiça.

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Notas e referências:

1. EFE. Papa diz que "comunistas pensam como cristãos", 2016. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/mundo/papa-diz-que-comunistas-pensam-como-os-cristaos/>. Acesso em 12 de nov. 2016

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Autor: Paulo Ribeiro
Fonte: Teologia Expressa

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Pastor é morto a tiros no Rio enquanto evangelizava traficantes

O pastor Marco Aurélio Bezerra de Lima, de 48 anos, foi morto quando fazia a evangelização de traficantes no bairro São Leopoldo, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, na tarde desta sexta-feira.
O caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Segundo o delegado Giniton Lages, o pastor foi baleado por um traficante. A ocorrência ainda está em andamento.
O pastor deixou três filhos. Um deles, Jeremias Costa de Lima, de 23 anos, conversou com o amigo que estava com seu pai no momento do crime.
– Ele contou que meu pai estava sentado no carro, no banco do carona, mostrando as fotos de traficantes que ele conseguiu levar para a igreja. Foi quando veio um cara, que parecia alterado, e atirou nele. O tiro pegou no ombro e atravessou o peito. O amigo do meu pai acelerou o carro e o levou até o Corpo de Bombeiros. Em seguida, foram para o Joca (Hospital municipal Jorge Júlio Costa dos Santos), mas ele já estava morto – lamentou Jeremias.
O filho contou que a família está em choque:
– Ele nasceu e cresceu em São Leopoldo. E estava acostumado a evangelizar em favelas da região. A família está muito unida nesse momento.
Marco Lima foi candidato a vereador de Belford Roxo, em 2012, pelo DEM. Ele era pastor da Assembleia de Deus Missão Sem Fronteiras e, segundo seu Facebook, nasceu no Ceará.
Com informações Jornal Extra e Portal do Trono
Imagem: Reprodução
Via: http://conscienciacristanews.com.br/

Congresso mexicano nega projeto de lei para casamento gay

A comissão da Câmara de Deputados do México rechaçou nesta na última quarta-feira a proposta do Presidente Enrique Peña Nieto para legalizar o casamento gay no país, uma que iniciativa que desencadeou manifestações a favor e contra.
CIDADE DO MEXICO – Na Comissão de Pontos Constitucionais da câmara, a iniciativa que buscava consagrar à constituição o direito de pessoas do mesmo sexo se casarem foi negado por votação de 19 a 8 e uma abstenção.
Edgar Castillo Martinez, secretário da comissão, disse que o resultado significa que o assunto está “totalmente e definitivamente concluído”, de acordo com o resumo apresentado pela Câmara de deputados.
A Corte Suprema determinou no ano passado que era inconstitucional o estado proibir o casamento de pessoas do mesmo sexo, mas essa decisão não teve o efeito de revocar ou modificar nenhuma lei, o que significa que os “casais” ainda devem apresentar uma denuncia em cada caso pelo direito de se casarem.
Os casamentos gays somente foram legalizados formalmente em algumas jurisdições, como na Cidade do México, no estado de Coahuila, ao norte e Quintana Roo no Caribe.
A proposta de Peña Nieto, que em maio apelou para a Constituição os princípio da falha na Corte Suprema. O Partido Revolucionário Institucional, o qual o presidente pertence, sofreu forte queda nas eleições legislativas efetuadas em junho, e posteriormente não conseguiram impulsionar o assunto.
A legisladora Guadalupe Acosta Naranjo, do partido da Revolução Democrática, disse que a medida havia sido negada devido à “maquiagem política” no assunto.
“Uma reforma da qual deveríamos sentir orgulho”, afirmou Acosta, de acordo com a transcrição. “Porque os direitos da minoria não se põe à votação, apenas reconhece, e o Congresso é quem deveria protege-los”.
Cándido Ochoa Rojas, do partido Verde – aliado com o PRI – disse que estava votando contra a medida devido aos conflitos constitucionais e porque o casamento está governado pelos códigos civis dos estados.
“Como vamos desenvolver a família se à exposição desses motivos  que diz que a procriação não é um elemento decisivo no casamento”?
Com informações Noticias Cristianas
Tradução: Jonara Gonçalves
Imagem: Reprodução
Fonte:http://conscienciacristanews.com.br/

Heresias contemporâneas


Por Vinicius Couto
heresias

Introdução
A Bíblia trata do caráter apologético das doutrinas centrais da fé cristã em praticamente todos os seus livros do Novo Testamento. Desde a ressurreição de Cristo, muitas heresias se introduziram no meio da Igreja. Embora os Apóstolos, os pais apostólicos, os pais apologistas e os pais polemistas tenham lutado pela fé que uma vez nos foi dada, alguns resquícios dessas falsas doutrinas permaneceram e/ou evoluíram para os séculos posteriores.
Na presente era da Igreja, encontramos esses resíduos primitivos em conceitos teológicos profundamente equivocados. Os atributos de Deus são confundidos em muitas seitas pseudo-cristãs. A natureza de Cristo ainda sofre má interpretação em relação a Sua divindade e humanidade. O Espírito Santo é questionado em alguns grupos religiosos. A doutrina da graça ainda é pervertida. O cânon das Escrituras continua a ser atacado por alguns supostos cristãos. Certos homens insistem em recosturar o véu. A simonia permanece desgraçando a autenticidade do cristianismo.
No presente artigo poderemos ver que, na ânsia de alguns em querer reinventar a roda, trouxeram à tona heresias que não possuem nada de novo. São apenas continuações ou evoluções de ideias antigas, as quais permearam os primeiros cinco séculos da era cristã.
Misticismo e revelações
A maioria das heresias ocorre em virtude da ênfase exageradamente mística que alguns dão à religiosidade.[1] É certo que Deus é um ser pessoal e que se relaciona com seu povo. Todavia, devemos buscar explicações para nossas experiências à luz da Palavra de Deus e não vice-versa. Berkhof diz que, esta “posição deve ser sustentada em oposição a todas as classes de místicos”, pois eles alegam revelações especiais, bem como um conhecimento metafísico não mediado pela Palavra de Deus, o que pode nos levar “a um oceano de ilimitado subjetivismo”.[2]
Essa influência parte de um dos primeiros grupos heréticos que os cristãos tiveram que enfrentar: os gnósticos. Este termo deriva do grego, gnosis, que significa conhecimento. Tais pessoas acreditavam que existia uma revelação secreta e que somente pessoas especiais tinham o privilégio de ter acesso a elas. Para isso, usavam da astrologia, ocultismo, numerologia e outras práticas de adivinhação. Eles também negavam a natureza humana de Jesus. Era contra esse grupo que o Apóstolo João escrevia alertando os cristãos primitivos (1 Jo 4.1-3).
Os “cristãos” gnósticos provavelmente foram influenciados pelas religiões de mistério que os romanos haviam importado.[3] Dentre elas, podemos citar o mitraísmo, uma religião da antiga Pérsia e da Índia e que tinha muita popularidade entre os soldados romanos. Segundo essa religião, Mitra era o deus da luz e da sabedoria, o qual matou o touro sagrado. Logo após mata-lo, saíram todas as espécies boas da fauna e da flora do cadáver do touro. Eles acreditavam, ainda, que a imortalidade era era recebida através de rituais e de um rigoroso sistema ético.[4]
Na história da Igreja, alguns movimentos deram maior ênfase ao relacionamento pessoal com Deus, a fim de vivermos uma vida mais piedosa. O pietismo foi um desses. Ao passo que os luteranos haviam se dedicado ao conhecimento intelectual das doutrinas e haviam entrado num estado de relapso prático, numa espécie de secularização da igreja, o grupo citado buscava algo mais equilibrado, isto é, mais piedade e intimidade com Deus, sem no entanto, cair num cristianismo superficial.[5] Após estes, podemos citar os moravianos e o movimento wesleyano, os quais deram forte influência para o movimento pentecostal clássico.
Apesar de movimentos legítimos como os que foram citados, outros acabaram se desviando dos fundamentos escrituríticos. O descuido empírico levou muitas pessoas a afirmarem aberrações teológicas e até mesmo a negarem Cristo, como é o caso do islamismo. Experiências angelicais, como aconteceu no mormonismo, levou Joseph Smith a se afastar da ortodoxia e a contaminar a mentalidade de vários desconhecedores da Palavra de Deus (cf Gl 1.8).
Lutero, afirmando o princípio sola scriptura, tomou uma medida drástica contra as experiências extra-bíblicas: “Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida quanto para a que há de vir”.[6]
Graça barata
É assim que poderíamos conceituar os ensinos do pregador cingapuriano Joseph Prince contidos em seu Best-seller “Destined to Reign” (Destinados a Reinar). A expressão “graça barata” foi cunhada pela primeira vez pelo teólogo alemão, Dietrich Bonhoeffer. Para ele, “A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, o batismo sem a disciplina comunitária, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado”.[7] A graça barata tem sido mais chamada de “hipergraça” atualmente, tendo em vista a ênfase que seus proponentes dão nas conquistas do sacrifício de Cristo a despeito da santificação.
Prince ensina que nossos pecados do passado, presente e futuro já foram perdoados e que desta forma não é mais necessário que um cristão peça perdão a Deus caso venha a pecar. Além disso, ele crê que Deus não pune o homem por suas falhas e encontra apoio para esse argumento nas epístolas paulinas. Segundo ele, os demais livros são legalistas e não expressam genuinamente a graça de Deus, o qual até era punitivo e agia com justiça na Antiga Aliança, mas que na Nova a graça é o atributo em evidência. Ele baseia toda sua doutrina em torno de uma “graça” mal compreendida.[8]
Os ensinos de Prince, além de conduzirem ao antinomianismo, resgatam alguns aspectos da velha heresia marcionista. Marcião ensinava que os livros do Antigo Testamento estavam ultrapassados e rejeitava-os, usando seu próprio compêndio de livros sacros, os quais compreendiam o Evangelho de Lucas e as cartas de Paulo, exceto as pastorais. Ele propagava uma contradição de dois deuses: um Demiurgo inferior que criou o universo, o Deus do judaísmo (severo e manifesto na Lei) e um Deus supremo, cheio de graça e amor redentor, revelado em Cristo. Ele tinha convicção de que estava restaurando o “puro Evangelho”.[9]
Outra heresia relacionada a graça divina foi a de um grupo chamado em Apocalipse de Nicolaítas (Ap 2.6,15). A interpretação dessa passagem é analisada em pelo menos três perspectivas: 1) eram seguidores de Nicolau, um dos sete que foram designados diáconos em At 6 e que acabou deixando a ortodoxia; 2) gnósticos que queriam se infiltrar na igreja e 3) pessoas que seguiam o ensinamento de falsos Apóstolos e de Balaão.[10]
Embora não haja consenso sobre a origem dos nicolaítas, sabemos que eles pregavam uma versão inovadoramente imoral do Cristianismo. Era um evangelho sem exigências, liberal e sem proibições, no qual queriam gozar o melhor da igreja e o melhor do mundo. Eles incentivavam os crentes a comer comidas sacrificadas aos ídolos e diziam que o sexo antes e fora do casamento não era pecado, estimulando a imoralidade.[11]
Clemente de Alexandria disse que Nicolau (ele cria que fosse um dos sete diáconos) foi repreendido por se enciumar de sua mulher que era muito bonita. Respondendo a essa reprovação, ele disse que quem quisesse poderia tomá-la como esposa, ou seja, ter relações sexuais com ela. Clemente acrescenta, ainda, que Nicolau passou a ensinar que os apóstolos tinham permitido relações promíscuas e comunitárias com as mulheres.[12]
Eusébio de Cesaréia confirma a citação de Clemente em sua história eclesiástica. Entretanto, alega ter pesquisado sobre a vida de Nicolau e descobriu que, embora este tenha ensinado que “cada um deve ofender a própria carne”, ele mesmo não viveu com outra mulher a não ser sua esposa, manteve suas filhas em virgindade até idade avançada, bem como seu filho incorrupto. Eusébio entende que Nicolau tenha permitido sua mulher se relacionar com outros homens para suprimir sua paixão carnal e os prazeres que buscava com tamanho empenho.[13]
Infelizmente, alguns seguiram a prática nicolaíta e se entregaram às paixões sob a alegação de que a carne para nada se aproveita. Easton disse que “eles se pareciam com uma classe de cristãos professos, que procuravam introduzir na igreja uma falsa liberdade ou licenciosidade, desta forma abusando da doutrina da Graça ensinada por Paulo”.[14]
Kistemaker, entretanto, faz uma excelente colocação sobre o tema. Segundo ele, os crentes de Éfeso odiavam as obras dos nicolaítas e além de serem elogiados por conta disso, Jesus acrescenta que Ele odeia igualmente essas obras. “Note que o ódio é direcionado para as obras, não para pessoas. Jesus odeia o pecado, porém estende seu amor para o pecador. Enquanto o pecado é uma afronta a sua santidade, a missão de Jesus é conduzir os pecadores ao arrependimento”.[15]
Judaizantes
Se por um lado “se introduziram furtivamente certos homens (…) ímpios, que convertem em dissolução a graça de nosso Deus, e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo” (Jd 4), por outro vieram alguns que tentaram recosturar o véu que foi rasgado de alto abaixo no dia da expiação de Cristo.
Alguns grupos judaizantes da atualidade criaram doutrinas singulares, tais como negar o uso do nome Jesus no idioma português, sob o pretexto de que esse nome deriva da forma grega iesus, cujo significado seria deus-cavalo (para eles deve-se usar todos os nomes bíblicos no idioma hebraico), sistematizar o Espírito Santo num entendimento unicista, negar a fórmula batismal de Mt 28.19,20, negar a inspiração dos livros neotestamentários, além de dogmatizar a guarda do sábado.[16]
Israel é uma nação de importância histórica, política, econômica, militar e religiosa. Foi lá o berço do monoteísmo e também lá que nasceram homens que marcaram suas gerações. O judaísmo tinha aspectos de uma Aliança feita de Deus para com os homens, todavia, esses aspectos eram sombras que apontavam para o futuro, para uma Nova Aliança ratificada e firmada pelo Sangue do Cordeiro Jesus Cristo (Cl 2.17). Embora o cristianismo traga consigo a história dos hebreus, é peculiar e diferente do judaísmo.
Nos primeiros anos da jovem Igreja fundada por Cristo e dirigida pelo Espírito Santo, alguns homens que se converteram religiosamente ao cristianismo, não quiseram abrir mão de alguns aspectos do judaísmo farisaico e fizeram de tudo para misturar o Evangelho puro e simples com a Lei de Moisés. Essa controvérsia trouxe sérios aborrecimentos ao Apóstolo Paulo, o qual exortou irmãos que estavam deixando a doutrina de Cristo para ir após outro evangelho em sua carta aos gálatas.
As principais religiões judaicas do primeiro século da era cristã eram os fariseus, saduceus, zelotes e essênios. Cada um desses grupos tinham costumes que lhes eram próprios e com a proliferação do cristianismo para os gentios, houve um grande choque cultural entre estes e os judeus, os quais quiseram impor a continuação da circuncisão.
Esta discrepância doutrinária trouxe uma discussão acalorada entre Paulo, Silas e os fariseus recém-convertidos. Tal controvérsia só pôde ser apaziguada em uma reunião conciliatória em Jerusalém por volta do ano 51. d.C.. Embora este concílio tenha definido as contramedidas solucionadoras, algumas práticas judaizantes insistem em bater a nossa porta nos dias de hoje.
Falsos Cristos e falsos profetas
Vez ou outra aparece alguém com ideias absurdamente loucas, se autoproclamando um emissário de Deus, um profeta especial ou até mesmo Cristo. Na Sibéria, por exemplo, um homem chamado Sergei Torop passou por uma experiência mística em Maio de 1990. Nessa ocasião, ele alega ter recebido uma revelação de que é a reencarnação de Jesus e tem arrebatado milhares de seguidores pelo mundo.
Além dele, outros homens fizeram a mesma exposição. Podemos destacar o inglês David Shapler, o americano Ernest L. Norman, o cômico brasileiro INRI Cristo, o suicida Jim Jones, o japonês já morto Shoko Asahara, o americano Michel Travesser e o porto-riquenho José Luís de Jesus Miranda (o mais perigoso entre eles).[17]
Champlin ainda enumera pelo menos seis falsos Cristos da antiguidade, a saber: Teudas (44 d.C.), Barcocabe (132 d.C.), Moisés cretense (400 d.C.), Davi Alroy (1160 d.C.), Asher Lammlein (1502 d.C.) e Sabbethai Zebi (1625-1676 d.C.).[18] Desde o século XIX podemos também destacar outros nomes: John Nichols Thom (1799-1838), Arnold Potter (1804-1872), Bahá’u’lláh (1817-1892), William W. Davies (1833-1906), Mirza Ghulam Ahmad, (1835-1908) e Lou de Palingboer (1898-1968).[19]
Outra pessoa que teve certa expressividade no Brasil foi o fundador da Igreja da Unificação, o Reverendo Sun Myung Moon. Ele alegava ter sido comissionado pelo próprio Jesus enquanto ainda era um espírito vagante para completar a missão messiânica, pois Cristo não teria conseguido termina-la por completo. [20] O unificacionismo ensina que a missão de Cristo era estabelecer uma nova humanidade, casando-se e tendo filhos purificados da natureza satânica implantada no homem através da queda de Adão.[21] A culpa da missão inacabada de Cristo era de João Batista que deveria ter seguido Jesus logo após batiza-lo. Dessa forma, Moon se auto declarava o paracleto de Deus.
Entre os anos 120 e 180 da era cristã, viveu Montano, um profeta da Frígia que tinha profecias e revelações sobre a segunda vinda, além de outras ideias inovadoras. Ele denominou-se o “paracleto”, isto é, aquele em quem se iniciaria e se findaria o ministério do Espírito Santo. Ele acreditava ser o consolador prometido.[22] Tertuliano, um dos mestres da igreja acabou se aliando ao montanismo no final de sua vida.
Batalha Espiritual
Existe um movimento no evangelicalismo pós-moderno que trouxe consigo uma gama de heresias problemáticas. Estamos nos referindo ao movimento de batalha espiritual. Este movimento consiste em enfatizar a guerra que os crentes enfrentam a todo o momento com satanás e suas hostes malignas. Possui uma visão dualística do reino de Deus.
A existência de anjos, demônios e de tentativas do inimigo de nossas almas em frustrar a propagação do Evangelho é inegável. Paulo estava preso quando escreveu sua epístola aos efésios e nessa ocasião tranquilizou-os sobre sua situação. O fato de ter sido preso não deveria desmotivar os demais irmãos na continuação da missão da Igreja. Destarte, ele avisa àqueles irmãos que, embora ele tenha sido perseguido pelos soldados romanos, seus reais adversários não eram eles e sim as hostes espirituais da maldade (Ef 6.12).
Não era necessário tomar espadas e combater líderes religiosos, políticos, soldados ou pessoas que não criam na mensagem de Boas Novas. Aliás, as armas da milícia de Cristo não são carnais, mas espirituais e poderosas o suficiente para derrubar raciocínios errados, bem como todo baluarte que se ergue contra o conhecimento de Cristo (2 Co 10.4,5).
Após observar os soldados que lhe guardavam no cárcere, Paulo ainda compara suas armas com nosso equipamento bélico espiritual. Ao invés de uma couraça de metal, devemos utilizar a couraça da justiça. Verdade ao invés de cinto. A pregação do Evangelho a toda criatura ao invés de sandálias de couro. A Palavra de Deus ao invés de um gládio romano. A fé ao invés de um escudo. Uma mente renovada em Cristo ao invés de um capacete.
O movimento da batalha espiritual é cheio de ramificações. O Dr. Augustus Nicodemus cita em seu livro “O Que Você Precisa Saber Sobre Batalha Espiritual” um estudo do Professor do Christian Counseling & Educational Foundation (CCEF), David Powlison, no qual são citadas quatro linhas do movimento em questão: 1) Os carismáticos, representado dentre várias personalidades por Benny Hinn; 2) Os dispensacionalistas, de orientação não-carismática, com uma filosofia menos fantástica e mais concentrada em aconselhamento pastoral e oração em favor pelos oprimidos, cujos proponentes mais conhecidos são Mike Bubeck e Merril Unger; 3) Uma linha mais moderada com representantes como Neil Anderson, Timothy Warner e Ed Murphy e 4) a que tem mais popularidade no Brasil, identificada com o diretor de Escola de Missões Mundiais do Seminário Fuller, C. Peter Wagner [23].
As principais controvérsias do movimento de batalha espiritual, são portanto, ensinos como mapeamento espiritual, espíritos territoriais, quebra de maldições, maldições hereditárias, transferências de espíritos, terceirização da culpa pelo pecado (tudo passa a ser culpa do diabo, inclusive as obras da carne), revelações demoníacas, criaturas místicas e folclóricas (lobisomens, vampiros e zumbis), supervalorização dos demônios em detrimento de Cristo, bem como atribuições de super poderes às hostes do mal.
O movimento da batalha espiritual acaba por resgatar um tipo de heresia que já foi combatida há séculos pela Igreja: o Maniqueísmo. Esse foi o movimento fundado por Mani, que foi considerado com o último dos gnósticos. Ele nasceu por volta de 216 d.C. na Babilônia e ensinava que Deus usou diversos servos, como Buda, Zoroastro, Jesus e, finalmente, ele mesmo, o profeta final (paracleto, como ele afirmava).
Dizia, ainda, que o universo é dualista, isto é, existem duas linhas morais em existência, distintas, eternas e invictas: a luz e as trevas. Segundo os maniqueístas, essas duas forças cósmicas eram iguais, porém, opostas entre si.[24] As ideias de Mani foram refutadas por Orígenes e Agostinho, sendo ainda rejeitadas pela Igreja por contrariar a Soberania de Deus em controlar todas as coisas, além de ser satanás uma mera criatura, diferentemente da forma como o consideravam.
Apesar dos exageros do movimento de guerra espiritual, “precisamos nos guardar contra dois perigos extremos. Não podemos tratá-lo com muita leviandade, para não subestimar seus perigos. Por outro lado, também não podemos nos interessar demais por ele”. [25]
Finalizando esta seção, é válido comentar que, a Bíblia afirma ainda que o adversário das nossas almas é astuto, isto é, possui uma habilidade para enganar as pessoas de forma inteligente e usa de ciladas, armadilhas bem elaboradas, como fez com Eva no jardim do Éden (Gn 3.1; Ef 6.11).
Todavia, o diabo não é invencível. Jesus riscou o escrito de dívida que era contra nós, cravando-o na cruz, onde despojou os principados e as potestades, exibiu-os publicamente e deles triunfou (Cl 2.14,15). Além disso, aguardamos o cumprimento da promessa de que “o Deus de paz em breve esmagará a Satanás debaixo dos nossos pés” (Rm 16.20 – paráfrase de nossos em vossos).
A divindade de Cristo
As principais heresias cristológicas dos tempos hodiernos são as das Testemunhas de Jeová. Esequias Soares escreveu uma excelente obra esgotando cada uma das controvérsias jeovistas. As TJ’s não creem que Jesus é Deus e traduziram Jo 1.1 como sendo Jesus “um deus”, admitindo uma espécie de henoteísmo, isto é, um politeísmo em que existe um deus superior a outros deuses súditos menores do que ele.[26]
Na concepção jeovista, portanto, Jesus é um deus inferior a Jeová, bem como criatura sua. Essa alegação fica ainda pior quando admitem satanás sendo um terceiro deus, baseados em 2 Co 4.4. Jesus e Cristo são duas coisas distintas na concepção das TJ’s. Ele teria se tornado Cristo somente após o batismo no Jordão. Depois de sua morte, o Jesus de Nazaré terrestre não fora ressuscitado, isto é, não houve ressurreição corporal, apenas espiritual. Afirmam, ainda, que a verdadeira identidade de Jesus é outra. Ele seria na verdade o Arcanjo Miguel.[27]
Uma vez negada a divindade de Cristo, a doutrina cristã da Trindade fica ausentada de uma pessoa, Cristo. Mas não é apenas Ele que fica fora de Seu posto. O Espírito Santo também. Para a doutrina jeovista, o Espírito Santo é nada mais, nada menos que uma força ativa impessoal.
Além disso, eles negam alguns atributos incomunicáveis de Deus (entenda-se aqui Jeová), alegando que Ele não é onipresente porque tem morada e não é onisciente porque não sabe o futuro e não sabia o resultado da prova de Abraão.[28]
Não é objetivo deste artigo analisar as heresias da Sociedade Torre de Vigia, pois além de falta de espaço sairia de nosso propósito inicial. Entretanto, como se vê, as TJ’s afetam não apenas doutrinas cristológicas, mas paracletológicas, teontológicas, soteriológicas, hamartiológicas e escatológicas também. Isso sem falar de outras heresias não citadas.
Destarte, mostraremos que as heresias expostas aqui possuem considerável tempo de existência e embora tenham sido descartadas pelos primeiros cristãos, sofreram mutações e fundições no arraial jeovista.
A primeira delas foi a controvérsia conhecida como arianismo. Ário foi presbítero de Alexandria. Ele ensinava que Jesus Cristo era um ser criado e que encarnou num corpo humano que faltava uma alma racional. Sua profissão de fé declarava que ele reconhecia apenas um único Deus que é o único não gerado (auto-existente), único eterno, único sem começo, único verdadeiro, único detentor de imortalidade, único sábio, único bom, único juiz, etc. O Filho então, na visão ariana, seria uma criatura formada a partir do nada e sem nenhum dos atributos incomunicáveis da divindade (sempiterno, onipotente, onisciente, onipresente).[29]
Nestório ensinava que existiam as duas naturezas (humana e divina), porém, negava que ambas as naturezas compunham uma verdadeira unidade. Assim sendo, ele acabou ensinando que as duas naturezas eram duas pessoas. Para ele, Jesus era um hospedeiro de Cristo.[30]
Os monarquianistas dinâmicos (ou adocianistas) diziam que Cristo tinha assumido a forma divina somente após o batismo. Para eles, Jesus era um homem comum e que depois foi escolhido ou adotado como filho de Deus.[31]
Além das controvérsias já citadas, muitas outras confusões foram feitas sobre a natureza de Cristo. Os ebionitas entendiam que Jesus fosse apenas humano; Os docetas criam que Ele fosse apenas divino e que Seu sofrimento tinha sido apenas simbólico; Os eutiquianistas (monofisistas) ensinavam, à semelhança dos atuais localistas, uma natureza amalgamada. Os apolinarianistas negavam a natureza humana completa de Jesus, alegando que oLogos substituiu a alma humana de Cristo; cria-se, ainda, que Seu corpo era glorificado antes da ressurreição. Os sabelianos (monarquianistas modalistas ou somente modalistas) diziam ser Cristo o segundo modo das três sucessivas manifestações de Deus. Os patripassianistas, uma variante desta última, ensinavam que o próprio Pai havia morrido na cruz (patripassianismo).
Conclusão
Olhar para o passado nos ajuda a refletir sobre o presente e a pensar como queremos ser no futuro. Estudar as heresias primitivas nos capacita a entender o reflexo de suas controvérsias na atualidade e prevenir futuros resgates do que já foi antes rejeitado.
Embora dezenas de heresias tenham sido citadas aqui, muitas outras ainda ficaram faltando. Algumas por falta de espaço, outras por falta de pertinência temática. Contudo, que a Igreja continue utilizando o divino par de lentes que “coletando-nos na mente conhecimento de Deus de outra sorte confuso, dissipada a escuridão, mostra-nos em diáfana clareza o Deus verdadeiro”,[32] afinal, “A Bíblia, toda a Bíblia e nada mais do que a Bíblia, é a religião da igreja de Cristo.”[33] Ela é efetivamente “absoluta ou obsoleta”.[34]
Notas
[1] BREESE, Dave. Conheça as marcas das seitas. Fiel, 2001, pp.18-22
[2] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Cultura Cristã, 2012, p.614.
[3] GONZALEZ, Justo. Uma História Ilustrada do Cristianismo: a era dos mártires. Volume I. Vida Nova, 1989 , pp. 25-28.
[4] CAIRNS, Earle E.. O cristianismo através dos séculos. Vida Nova, 2008, pp. 31-33.
[5] RIVERA, Paulo B., Tradição, transmissão e emoção religiosa. Olho d’água, 2001, 234.
[6] LUTERO apud BLANCHARD, John. Pérolas para a vida. Edições Vida Nova, 1993.
[7] BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado. São Leopoldo: Sinodal, 2004, p. 10
[8] COUTO, Vinicius. As heresias de Joseph Prince. Disponível em: http://www.cacp.org.br/as-heresias-de-joseph-prince/. Acesso em: 27 de Setembro de 2013.
[9] KELLY, J.N.D. Patrística. Vida Nova, 2009, p. 42.
[10] KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: Apocalipse. Cultura Cristã, 2004, pp. 158-159.
[11] LOPES, Hernandes Dias. Comentário bíblico expositivo de Apocalipse. Hagnos, 2005, p. 21.
[12] CLEMENTE, Tito Flávio. Stromata 3.4.
[13] CESAREIA, Eusébio de. História Eclesiástica. CPAD, 1999, pp. 107-108.
[14] EASTON, George. Easton’s Bible Dictionary: Nicolaitanes. Thomas Nelson, 1897.
[15] KISTEMAKER, Simon. Op. cit., pp. 158-159.
[16] SOARES, Ezequias. Heresias e modismos. CPAD, 2010, pp. 286-302.
[17] CASTRO, Carol. Ele está entre nós. Superinteressante, n 298 de dezembro de 2011.
[18] CHAMPLIN, Norman; BENTES, João. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Volume 2. Hagnos, 1991, p. 677
[19] List of people claimed to be Jesus. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_people_claimed_to_be_Jesus. Acesso em 28 de Setembro de 2013.
[20] Série Apologética – Volume IV. Instituto Cristão de Pesquisas, pp. 51-63.
[21] OLSON, Roger. História das controvérsias da teologia cristã.  Vida, pp. 229, 231-232, 241, 245.
[22] CESAREIA, Eusébio de. Op. Cit., pp. 180-184.
[23] NICODEMUS, Augustus. O Que Você Precisa Saber Sobre Batalha Espiritual. Cultura Cristã. São Paulo. 2006, p. 30,31.
[24] Heresias Primitivas. Artigo da Edição Especial Defesa da Fé – ICP, CD-Rom, 26/07/10.
[25] ERICKSON, Millard J. Introdução a Teologia Sistemática.  Vida Nova. São Paulo. 1992, p. 200
[26] SOARES, Ezequias. Testemunhas de Jeová. Hagnos, 2008, 113.
[27] Ibid, p. 114.
[28] Ibid, p. 112.
[29] KELLY, J.N.D. Op. cit., pp. 172-176; 212-218.
[30] Ibid, pp234-240.
[31] Ibid, pp. 86, 103, 239-240.
[32] CALVINO, João. Institutas. I, VI, 1.
[33] SPURGEON apud BLANCHARD, John. Op. Cit.
[34] HAVNER apud  BLANCHARD, John. Op. Cit.
Fonte:NAPEC

07 virtudes que uma mulher deve procurar num futuro marido




Quantas não são as mulheres que depois de casarem descobrem que seus maridos parecem mais com sapos do que príncipes? Muitas, não é mesmo? Aliás, não são poucas aquelas que sentem que "compraram" gato por lebre e que em virtude disso, tem experimentado um casamento horroroso. Diante do exposto gostaria de elencar sete virtudes que uma mulher deve procurar num futuro marido, senão vejamos:

1- Que ame a Cristo acima de todas as coisas, inclusive ela.

2- Que goste de trabalhar e entenda que cai sobre ele a responsabilidade de ser o provedor do lar.

3- Que compreenda que deve tratar a esposa como a parte frágil no relacionamento.
4- Que viva a vida comum do lar participando  do cotidiano de sua mulher.

5- Que esteja disposto a protegê-la da maldade, do homem mal , e dos ataques do adversário de nossas almas.

6- Que esteja disposto em liderar sua família no temor do Senhor

7- Que seja gentil, atencioso e preocupado com a saúde, o bem estar físico, bem como a vida espiritual de sua esposa.

Pense nisso!

Renato Vargens

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