quarta-feira, 2 de julho de 2014

Quem são os menos evangelizados no Brasil?


Deus chamou toda a Igreja para proclamar todo o Evangelho em todo o mundo. Há ainda mais de 2.000 povos no mundo sem o conhecimento do Evangelho, cerca de 3.000 línguas sem um verso bíblico em seu idioma e 2 bilhões de pessoas que não conhecem o Senhor Jesus.

No Brasil há oito segmentos reconhecidamente menos evangelizados, sendo sete socioculturais e um socioeconômico. 

1. Indígenas
Com 117 etnias sem presença missionária e sem o conhecimento do Evangelho1. Estas etnias, com pouco ou nenhum conhecimento de Cristo, espalham-se por todo o Brasil com forte concentração no Norte e Nordeste2

2. Ribeirinhos
Na bacia amazônica há 37.000 comunidades ribeirinhas3 ao longo de centenas de rios e igarapés. As pesquisas mais recentes apontam a ausência de igrejas evangélicas em cerca de 10.000 dessas comunidades4

3. Ciganos (sobretudo da etnia Calon)
Há cerca de 700.000 Ciganos Calon no Brasil5 e apenas 1.000 se declaram crentes no Senhor Jesus. Os Ciganos espalham-se por todo o território nacional nas grandes e pequenas cidades, vivendo em comunidades nômades, seminômades ou sedentárias.

4. Sertanejos
Louvamos a Deus por tudo que tem ocorrido no Sertão nos últimos 10 anos – centenas de assentamentos sertanejos evangelizados e muitas igrejas plantadas. Há, porém, ainda 6.000 assentamentos sem a presença de uma igreja evangélica6

5. Quilombolas
Formados por comunidades de afrodescendentes que se alojaram em áreas mais ou menos remotas nos últimos 200 anos. Há possivelmente 5.000 comunidades quilombolas no Brasil, sendo 3.524 oficialmente reconhecidas7. Estima-se que 2.000 ainda permaneçam sem a presença de uma igreja evangélica8

6. Imigrantes
Há mais de 100 países bem representados no Brasil por meio de imigrantes de longo prazo com uma população de quase 300.000 pessoas9. Dentre esses, 27 são países onde não há plena liberdade para o envio missionário ou pregação do Evangelho. Ou seja, dificilmente conseguiríamos enviar missionários para diversos países que estão bem representados entre nós, sobretudo em São Paulo, Brasília, Foz do Iguaçu e Rio de Janeiro. 

7. Surdos, com limitações de comunicação 
Há mais de 9 milhões de pessoas nesta categoria em nosso país e menos de 1% se declara crente no Senhor Jesus10. Há pouquíssimas ações missionárias especificamente direcionadas para os surdos em todo o território nacional.

8. Os mais ricos dos ricos e os mais pobres dos pobres
O oitavo segmento não é sociocultural como os demais, mas socioeconômico. Divide-se em dois extremos: os mais ricos dos ricos e os mais pobres dos pobres. As últimas pesquisas nacionais demonstram que a presença evangélica é expressiva nas escalas socioeconômicas que se encontram entre os dois pontos, porém sensivelmente menor nos extremos11. Em alguns Estados brasileiros há três vezes menos evangélicos entre os mais ricos e os mais pobres do que nos demais segmentos socioeconômicos12.

A Igreja de Cristo foi chamada para ser sal da terra e luz do mundo onde estiver e por onde passar (Mt 28.19). Foi-lhe entregue também um critério de prioridade nas ações evangelizadoras: onde Cristo não foi anunciado (Rm 15.20). É, portanto, momento de orar pelo mundo sem Cristo, por a mão no arado e não olhar para trás.

Notas:
1. Departamento de Assuntos Indígenas da Associação de Missões Transculturais do Brasil(DAI/AMTB).  
2. Há 32 etnias indígenas no Nordeste ainda sem presença missionária, segundo pesquisa da Aliança Evangélica Indígenas do Nordeste e AMTB.  
3. Reconhecidas pelo IBGE 2012.  
4. Projeto Fronteiras – pesquisa entre comunidades tradicionais da Amazônia – dados parciais 2014.Associação Evangélica Pró Ribeirinhos do Brasil
5. Missão Amigos dos Ciganos – Dados 2014. Associação Evangélica Pró Ciganos do Nordeste
6. Missão JUVEP – Dados 2014.  
7. Fundação Palmares.
8. Os dados são parciais. Pesquisa em andamento pela Associação Evangélica Pró Quilombolas do Brasil.  
9. IBGE 2012: 268.201 imigrantes no Brasil.  
10. IBGE 2014.  
11. IBGE 2010, 2012 e 2014.  
12. Projeção de dados quantitativos por categoria socioeconômica.

Leia também
Missões brasileiras 
Lausanne 3  
A Questão Indígena – uma luta desigual 
Indígenas do Brasil 
Cidades do Interior 
História da Evangelização do Brasil 

Ronaldo Lidório é doutor em antropologia e missionário da Agência Presbiteriana de Missões Transculturais e da Missão AMEM. É organizador de Indígenas do Brasil -- avaliando a missão da igreja e A Questão Indígena -- Uma Luta Desigual.
Fonte:Ultimato

+Eva

Marxismo Cultural: uma nova religião?

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Neste vídeo o Pb. Solano Portela discorre acerca do Marxismo Cultural na 1ª Semana Teológica de 2014 do Seminário Teológico Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição. Assista:



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Fonte: Seminário JMC

Via Bereianos
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Uma teoria teísta cristã da realidade

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Por Cornelius Van Til


Vimos, anteriormente, que a primeira e principal pedra angular de uma verdadeira filosofia é uma teoria do conhecimento que esteja relacionada com a concepção de um Deus que conhece todas as coisas.

Devemos agora notar que a segunda pedra angular é, mais uma vez, a concepção de um Deus absolutamente autoconsciente. Imediatamente alguém levanta uma objeção e afirma que há, então, não duas, mas apenas uma pedra angular. Exatamente – as duas convergem em uma só. As duas são apenas uma. A razão para isso é que, em Deus, conhecimento e realidade são idênticos. Este ponto é fundamental, como veremos. Notemos que devido a essa identidade, uma verdadeira teoria do conhecimento implica numa verdadeira teoria da realidade e vice-versa.

Por outro lado, uma falsa teoria do conhecimento não é um brinquedo inocente, antes envolve uma falsa teoria da realidade e vice-versa. O ponto a partir do qual você inicia seu raciocínio faz pouquíssima diferença, contanto que você tome Deus em consideração desde o princípio. Um Deus absolutamente autoconsciente é a pressuposição de uma filosofia de vida verdadeiramente teísta. A razão pela qual devemos pressupor Deus é que não podemos tê-Lo de outra maneira. Apenas para se certificar: você pode ter um deus que não seja tomado como pressuposto, no entanto, ele não será mais do que um deus finito. A “espécie” de Deus que necessitamos deve ser pressuposta. Caso você seja demasiado “científico”, você não pode se dar ao luxo de começar com uma pressuposição. Contudo, eu não posso me dar ao luxo de estar desprovido de um Deus absoluto. Essas duas posições são semelhantes a dois homens, um dos quais preferem utilizar seu dinheiro para adquirir uma casa e o outro um carro? De modo nenhum – nós devemos raciocinar juntos até à morte. Eu continuarei mantendo que sua posição termina no inferno e a minha no céu. Ajo assim ousadamente porque o faço humildemente, como alguém que recebeu pela graça.

Deus

Na teologia, nós tratamos acerca dos atributos de Deus. Se tomarmos, agora, todos estes atributos juntos e direcioná-los para um único pensamento concentrado, nós podemos considerar tal pensamento como a pedra angular de nossa teoria da realidade. Esse pensamento, em si mesmo, não pode ser expresso em outra palavra a não ser Deus. Em nossa teoria da realidade, o elemento mais importante a ser mantido é que Deus tem a realidade de Si mesmo. Nós sempre ouvimos sobre a “realidade última”. Deus é nossa realidade última. Como tal, Ele deve ser eterno e, por sua vez, tudo que é temporal é derivado. Como realidade última, Ele deve ser completamente autoconsciente, e tudo aquilo que não é completamente autoconsciente é derivado. De semelhante modo, Ele deve ser autossuficiente; e tudo aquilo que não é autossuficiente é derivado.

O universo

O termo “universo” é frequentemente tomado como se incluísse Deus e o mundo. Nós o utilizamos como referência a toda a realidade não idêntica a Deus. O teísmo afirma que o universo é temporal. Assim, para um teísmo genuíno, o termo “dependência”, quando aplicado ao universo, não significa apenas “dependência lógica”. Antes, implica a temporalidade inerente do universo em distinção da eternidade de Deus. Roma talvez esteja satisfeita em dizer que, filosoficamente, nós não precisamos nem podemos manter algo além da “dependência lógica”; todavia, nós, como Protestantes, não podemos fazer outra coisa a não ser sustentar que a doutrina da criação temporal é um elemento do teísmo cristão. A relação entre tempo e eternidade é insondável para nós. Como teístas cristãos nós admitimos francamente este fato. Se alguém julga que não pode aceitar uma filosofia a menos que compreenda plenamente todos os seus conceitos, tal pessoa não pode se tornar um teísta cristão. Nossa única resposta a ela é que não podemos prescindir de Deus. Se não podemos manter duas posições simultaneamente, é preferível manter aquela que nos é imprescindível[1]. Mas nossos oponentes desprezam nossa inabilidade de prescindir de Deus. Eles pensam nisso como “uma prova de perdição”[2] intelectual. Para eles, nossa visão de criação temporal é a marca d’água de incompetência mental. Vejamos o que eles dizem.
  
O Deus do antiteísmo

Eles dizem que nosso Deus é tão inútil como (segundo o dito) o é um ministro numa pensão. É dito acerca de nosso Deus que Ele não possui “valor” algum para a “consciência religiosa”. Pelo contrário, Ele extrai uma grande quantidade de energia dos homens, que seria mais bem direcionada na melhoria das favelas. Eles substituem nosso Deus “inútil” por um deus útil. Para ser realmente útil, um deus não deve estar “afastado” do mundo. Ele deve ser um “Deus que suja suas mãos”. Ele não deve estar assentado, como um monarca oriental, mas deve ser “o Presidente da grande comunidade”. Desse modo, Ele é colocado no seu cargo mediante voto popular; Ele deve ser “a vontade comum idealizada” e “o Democrata”. Um deus dessa “espécie” é realmente útil porque ele fará tudo que puder para nos ajudar, bem como a si mesmo; ele é “o grande trabalhador”. Se nos sentimos desencorajados, ele está ao nosso lado, e se ele, por seu turno, também está desencorajado, talvez possa “extrair de nossa fidelidade força vital e um aumento de seu bem-estar”. Este deus é extremamente sociável. Ele não é aquele “monopolista rixoso que afirma:‘não terás outros deuses além de Mim’”, sobre o qual lemos nas Escrituras. O deus “útil” permitir-nos-á sermos “científicos”. Ele mesmo é realmente um cientista pioneiro – uma verdadeira “mente aberta”, sempre em busca de novos fatos. Sua juventude é constante renovada como a da águia[3]. “Atualmente, a deidade é sempre a qualidade empírica superior em relação à qualidade presentemente evoluída”. Ele é uma “variante” ao invés de uma constante. Ele é o produto de um Vir-a-ser ao invés da Fonte do Ser. Está intimamente unido ao fluxo universal das coisas. Portanto, Ele pode ser (e de fato é) o verdadeiro cientista.
  
O universo do antiteísmo

Para nós, Deus é a fonte do universo. Para nossos oponentes, o universo é a fonte de Deus. Para eles, o Espaço-tempo precede a Divindade; o Processo é anterior à Realidade. Deus "é, stricto sensu, uma criatura, e não um Criador”. Ou, novamente, talvez seja preferível dizer que Deus é um aspecto ao invés de um produto do processo do universo. Ele é “apenas a tendência ideal nas coisas”. Em cada caso, o universo é mais original do que Deus; Ele e os homens são cidadãos no universo que existe independentemente de ambos. Acerca da origem do universo, ninguém sabe nada efetivamente. Mas isso não importa. Acidentes acontecerão. Se você colocar seis macacos datilografando várias máquinas de escrever, eles eventualmente produzirão todos os livros do Museu Britânico. O racional, de alguma forma, procede do não-racional; o maior, de alguma maneira, procede do menor; a mais escassa possibilidade, de algum modo, produz a realidade.

O futuro deste universo é igualmente uma questão de sorte. Talvez haja propósito no mundo, mas caso haja, tal propósito é, de qualquer maneira, autogerado; Deus não o colocou ali. Em suma, devemos afirmar que o universo “adquiriu” Deus e anunciou publicamente a fusão empresarial. Enquanto a transição está sendo efetuada, os homens podem ainda assinar cheques no antigo banco e serão honrados pelo novo. Em breve, contudo, novas cédulas serão impressas e o comércio dos homens religiosos continuará exclusivamente com o universo. Então, por que não comprar algumas ações na nova “especulação da fé”? A religião não precisa do Deus antigo. Por enquanto, você pode pensar que sim – você se acostumou com o seu Deus antigo da mesma maneira que se acostumou com seu chapéu antigo. E, assim como você se habituará ao seu novo chapéu após usá-lo por um tempo, você se habituará ao seu novo Deus. Ele, de fato, tem uma aparência melhor do que o anterior – ele vai durar mais tempo. É hora de mudança.

Conclusão

Acaso fizemos uma caricatura da posição de nossos oponentes? Não, de modo nenhum. Há vários filósofos que acreditam num Deus tal como descrevemos. Não é necessário buscar em livros empoeirados, mas nas listas das obras mais populares para encontrar o tipo de deus e de universo que abordamos. Sendo assim, não é injustiça afirmar que a representação que se faz de Deus é o deus de grande parte da literatura atual. É verdade que há pensadores idealistas que não usariam a terminologia grosseira de seus irmãos mais pragmáticos. Contudo, se eles levassem a cabo as implicações de sua própria posição – até o amargo fim delas –, eles terminariam exatamente onde o Pragmatismo termina. Os Idealistas, assim como os Pragmatistas, admitem, logo no princípio de seu raciocínio, que o “universo” (ou, como eles constantemente se referem, a “realidade”) é um conceito fundamental mais extenso e mais fundamental do que o conceito de Deus. Podem não afirmar com estas palavras, mas o sentido é equivalente. Eles incluem Deus e o homem no seu termo “realidade”. Portanto, desde o princípio, a posição deles se configura como monista[4].

E se Deus está, desse modo, confinado ao universo, Ele deve se tornar um deus em evolução ou temporal, uma vez que o universo é temporal. Quando um se move, o outro também o faz, tal como as rodas da visão de Ezequiel. Podemos concluir que o Deus que esboçamos acima é a única alternativa para o Deus que servimos. Você deve servir um desses dois Deuses. Todo ser humano, na verdade, serve a um ou ao outro. A completude e a exclusividade desta alternativa deveriam ser apontadas em tempo oportuno e em tempo não oportuno. Josué afirmou que pouco importava quais deuses, dentre todos disponíveis, o povo serviria. Todos os ídolos, ele descreve, eram em última análise o mesmo, não importa quais eram seus nomes ou formas. Josué também não tentou ocultar do povo estes deuses. Ele apresentou todos os ídolos perante os olhos dos jovens e lhes disse para fazer uma escolha. Sua política era exibir todos estes ídolos a fim de que sua vacuidade pudesse vir à tona. Essa é uma política perigosa? Certamente, mas todas as outras são mais perigosas. Não se pode encontrar segurança tentando esconder de nossa juventude aquilo que está acontecendo no mundo. Eles descobrirão de qualquer modo. A única questão diz respeito ao modo como encontrarão, seja conosco e sob nossa orientação, seja por si mesmos. Portanto, devemos buscar, no desenvolvimento de uma filosofia verdadeiramente cristã, mostrar aos nossos jovens homens e mulheres que todas as posições, com exceção do teísmo, conduzem à total e final destruição de toda experiência humana. Se formos fiéis nisso, nesta nossa tarefa, podemos confiadamente esperar que o Espírito de Deus usar-nos-á como instrumentos para o estabelecimento de Seu reino nos corações dos homens.

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Notas:
[1] No original o autor realiza um jogo de palavras, baseado em uma expressão idiomática, praticamente intraduzível para o Português: “If we cannot have both cake and bread we would rather have bread than to have neither of the two”.
[2] Referência a Filipenses 1:28.
[3] Referência a Isaías 40:31.
[4] Monismo (do grego  μόνος, único, sozinho) é concepção filosófica segundo a qual a multiplicidade e variedade dos entes podem ser explicadas em termos de uma única realidade ou substância. Dito de outra forma, existe apenas uma substância da qual todos os entes são derivados. Dentre os pré-socráticos, Tales e Heráclito foram um dos principais adeptos dessa corrente e, séculos depois, Plotino, o principal Neoplatônico da Antiguidade, advogava a existência de um deus transcendental e inefável, denominado “O Uno”, a primeira hipóstase, de cuja natureza indivisível derivavam três outras hipóstases; são elas: o Nous (νους), o Pensamento, a Inteligência Divina; a Psyché (ψυχή), a Alma Cósmica; e, finalmente, o Cosmos (κόσμος), mundo em toda a sua ordem e harmonia.

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Fonte: Presuppositionalism 101Cornelius Van Til - Collection of Articles From 1920–1939. The Christian Theistic Theory of Reality - The Banner, 1931, Volume 66, Pages 1032ff
Tradução: Fabrício Moraes
Divulgação: Bereianos
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AGORA GAYS PODEM CASAR NA IGREJA PRESBITERIANA DOS ESTADOS UNIDOS (PCUSA)



Por Augustus Nidocemus

No dia 19 deste mês (Junho de 2014) a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos (PCUSA) aprovou com maioria folgada uma alteração na sua Constituição. Em vez de dizer “o casamento é entre um homem e uma mulher,” a Constituição da PCUSA agora diz “o casamento é entre duas pessoas”. Obviamente, a alteração foi feita para poder acomodar dentro da PCUSA os gays que querem casar na igreja e ter cerimônia religiosa realizada por pastores/pastoras presbiterianos.

Esse é mais um passo na direção da apostasia, desde que a PCUSA entrou pelo caminho do liberalismo teológico. Veja a notícia aqui.

Antes de mais nada, preciso esclarecer que essa denominação norte-americana nada tem a ver com a Igreja Presbiteriana do Brasil. Na verdade, a IPB tem consistentemente rechaçado nas últimas décadas todas as tentativas oficiais de aproximação com PCUSA, feitas tanto das bandas de lá como das bandas de cá. É injusto colocar todos os presbiterianos no mesmo saco em que esta denominação apóstata se meteu. Ela traiu sua herança presbiteriana e o que é mais importante, traiu o Cristianismo bíblico.

Não vou dizer que fiquei estarrecido, surpreso ou chocado com a decisão tomada finalmente pela assembléia geral da PCUSA. Não estou surpreso porque já era de se esperar que tal coisa acontecesse, cedo ou tarde. Afinal, as decisões que vinham sendo tomadas por esta denominação presbiteriana em décadas recentes, não poderiam levar a outra coisa senão a decisões como tais. A decisão de aceitar casamento gay como sendo cristão é o resultado da fermentação de vários conceitos e pressupostos que ao longo do tempo foram lentamente sendo introduzidos na alma da denominação, formando irreversivelmente a sua maneira de pensar e de agir.

Tudo começou quando a PCUSA passou a tolerar que o liberalismo teológico fosse ensinado nas suas instituições teológicas, as quais são responsáveis pela formação teológica, eclesiástica e ministerial dos seus pastores. O liberalismo teológico retira toda a autoridade das Escrituras como palavra de Deus, introduz o conceito de que ela é fruto do pensamento ultrapassado de gerações antigas e que traz valores e conceitos que não podem mais ser aceitos pelo homem moderno. Assim, coloca a Bíblia debaixo da crítica cultural. O passo seguinte foi a aprovação da ordenação de mulheres cristãs ao ministério, em meados da década de 60, com base exatamente no argumento de que os textos bíblicos que impõem restrições ao exercício da autoridade eclesiástica por parte da mulher cristã eram culturalmente condicionados, e portanto impróprios para a nossa época, em que a mulher já galgou todas as posições de autoridade.

O argumento que vem sendo usado há décadas pelos defensores do homossexualismo dentro da PCUSA segue na mesma linha. Os textos bíblicos contrários ao homossexualismo são vistos como resultantes da cosmovisão cultural ultrapassada dos escritores bíblicos, refletindo os valores daquela época. Em especial, os textos de Paulo contra o homossexualismo (Romanos 1 em particular) são entendidos como condicionados pelos preconceitos da cultura antiga e pela falta de conhecimento científico, que segundo os defensores do homossexualismo hoje já demonstra que ser gay é genético, não podendo, portanto, ser mais considerado como desvio moral ou pecado. Já que a cultura moderna mais e mais aceita o homossexualismo como normal, chegando mesmo a reconhecer o casamento entre eles em alguns casos, por que a Igreja, que deveria sempre dar o primeiro exemplo em tolerância, aceitação e amor, não pode receber os homossexuais como membros comungantes e pastores da Igreja? Essa foi a argumentação que finalmente prevaleceu, pois a decisão permite que homossexuais praticantes considerem a sua escolha sexual como uma questão secundária e não como matéria de fé, sujeita à disciplina eclesiástica da denominação.

Não estou dizendo que todos os que defendem a ordenação de mulheres necessariamente são defensores da ordenação gay e do casamento de homossexuais. Tenho bons amigos que defendem um e abominam o outro. Estou apenas dizendo que, em ambos os casos, o argumento usado para sua aprovação dentro da PCUSA foi o mesmo: o que os escritores bíblicos dizem sobre estes assuntos não tem validade para os dias de hoje, e portanto, a Igreja deve se guiar por aquilo que é culturalmente aceitável, politicamente correto e que faz parte do bom senso comum.

Existe uma brava minoria dentro da PCUSA que, de longa data, tem lutado contra a introdução desses conceitos. Agora, assiste com tristeza a derrota bater à sua porta. Desde que a PCUSA aceitou o homossexualismo, mais de 10.000 igrejas já saíram dela. Esta que já foi a maior denominação presbiteriana do mundo hoje está reduzida a 1,8 milhões de membros. E este número cai mais a cada ano.

Não devemos pensar que esse é um problema que se restringe àquela denominação americana. Os mesmos pressupostos que a levaram a tomar essa decisão já estão em operação em nosso país, a começar pelos seminários e instituições de ensino teológico que já caíram vítimas do método histórico-crítico de interpretação, do liberalismo teológico, do pragmatismo e do relativismo. O campo está sendo preparado no Brasil para que em breve evangélicos passem a considerar a homossexualidade como sendo uma questão pessoal e secundária, abrindo assim a porta para ordenação de gays e lésbicas praticantes ao ministério da Palavra e para a realização de casamento gay nas igrejas evangélicas.

Acredito que a única medida preventiva é não abrirmos mão da legitimidade e aplicabilidade dos valores e dos ensinamentos bíblicos para todas as épocas e culturas. Isto nos permitirá sempre fazer uma crítica da cultura a partir do referencial da Palavra inspirada e infalível de Deus. Foi quando a PCUSA subjugou a Bíblia à cultura que a lata de minhocas foi aberta. A Bíblia passou a ser julgada pela cultura. Vai ser difícil para liberais, neo-ortodoxos, libertinos e outros grupos no Brasil, que de maneiras diferentes colocam a cultura à frente da Bíblia, resistir à pressão. Quem viver, verá.

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Fonte: Blog O Temporas, O Mores.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Um esclarecimento sobre os jogadores que oram a "Oração do Pai Nosso"



Por Denis Monteiro


É muito comum vermos os jogadores orando em campo diante de uma decisão, quando vão entrar no lugar de outro jogador e/ou quando vai começar o jogo, eles fazem uma roda, falam algumas palavras de incentivo e oram a "Oração do Pai nosso".

O problema em si não é o fato de que cada um exerça a sua fé - bom, sabemos que a fé verdadeira deve ser, totalmente, voltada para Deus em Cristo Jesus - mas por eles orarem a "Oração do Pai nosso" e, por conseguinte, os evangélicos que estão assistindo se alegrarem com isso.

Então, aqui vão algumas considerações sobre a "Oração do Pai nosso"; não é um estudo "sistemático" sobre esta oração, mas uma parte dela, na qual ninguém presta atenção.

A "Oração do Pai nosso" começa justamente com a frase, "Pai nosso...". Por que "Pai nosso"?

A oração se inicia com o sentido de confiança e humildade. Confiança por chamar Deus de Pai, não só como criador, mas como providenciador de nossas necessidades. Mas, acima de tudo, quando O chamamos de Pai, é pelo respeito que devemos ter por Ele. E assim, a nossa humildade de reconhecermos que necessitamos diariamente de um único Pai.

Mas quando O chamamos de Pai, devemos entender esse "Pai" por que Ele é o criador de toda a humanidade, pois a Bíblia chama alguns de filhos por causa da morte expiatória de Cristo, onde que, por esses que Cristo morreu, serão:Eleitos, Chamados, Regenerados, Convertidos, Justificados, Adotados, Santificados, Perseverantes e Glorificados.

Nem todo o mundo pode chamar Deus de "Pai".

• A Bíblia é clara em mostrar que os que são Seus filhos são nascidos de Deus: "Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus." João 1.13.
• Estes que são nascidos de Deus, também foram predestinados para serem adotados: "E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,"Efésios 1.3.
• E todos aqueles que são nascidos de Deus, predestinados para serem adotados por Cristo Jesus e recebem o Espirito Santo, podem clamar "Aba, Pai", porque recebemos o Espirito de Adoção (Rm 8.15; cf. Gl 4.6).

Calvino, diz:

A primeira regra em toda oração consiste em apresentar-se a Deus em nome de Cristo, pois neste nome ninguém pode ser-lhe desagradável.
Ao chamar a Deus de Pai nosso, já pressupomos o nome de Cristo.
Mais ninguém no mundo é digno de apresentar-se a Deus e de aparecer perante seu rosto. Este bom Pai celestial, para livrar-nos de uma confusão que inevitavelmente nos turbaria, nos deu como mediador e intercessor a seu Filho Jesus. Detrás dos passos de Jesus podemos aproximar-nos a Ele confiadamente, tendo plena certeza de que não será rejeitado nada do que peçamos em nome deste Intercessor, pois o Pai não pode negá-lhe nada.[1]

Então, podemos concluir, de que se alguém não se encaixa da ordem descrita acima e nem Cristo é o centro de sua vida, logo, não deve chamar Deus de Pai. Porque somente por Cristo, como o centro de nossas vidas, podemos nos achegar a Deus e chama-LO de "Pai".

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Nota:
[1] João Calvino, Breve Instrução Cristã.


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Fonte: Bereianos

A verdade sobre o sábado em 10 minutos

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Neste vídeo o Rev. Dorisvan Cunha faz uma breve exposição sobre o Dia do Senhor... afinal, é sábado ou domingo? Veja e tire suas conclusões.




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Sobre o autor: Rev. Dorisvan Cunha é pastor da Igreja Presbiteriana em Parauapebas-PA. 
Fonte: A Verdade do Evangelho
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Manifestações espirituais do Rei Saul e dos evangélicos

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Por Leonardo Dâmaso


O meu propósito neste artigo não é examinar as duas passagens de 1 Samuel 18.10 e 19.23 detalhadamente, mas quero apenas enfatizar a questão das "manifestações espirituais" que Saul teve após o Senhor tê-lo rejeitado (15.11, 26, 35) e o seu Espírito "ter se retirado dele" (16.14).

Em 1 Samuel 18.10 vemos descrito que, "no dia seguinte, o espírito mau da parte de Deus se apoderou de Saul"que começou a ter "manifestações proféticas" no meio da casa enquanto Davi tocava a harpa, como de costume... Mas adiante, no capítulo 19.23, é dito também que ele (Saul) "foi para Naiote, em Ramá e o Espírito de Deus veio também sobre ele, e ele ia caminhando e tendo manifestações proféticas até chegar a Naiote, em Ramá." (Versão Almeida Século 21) 

Todavia, sabemos pelo contexto de 1 Samuel que Saul nunca foi regenerado, isto é, nunca nasceu do Espírito. Assim como Balaão (Nm 22-24), Judas Iscariotes (Jo 6.70-71; At 1.15-26), Himeneu e Alexandre (1Tm 1.20) e Demas (2Tm 4.10), Saul é um grande exemplo de um falso crente e de que Deus usa descrentes muitas vezes na sua obra para propósitos específicos na vida dos verdadeiros crentes (veja como exemplo Mt 7.21-23)! É bem verdade que o Espírito Santo não se retira do verdadeiro cristão; entretanto, podemos, sim, entristecer o Espírito através de nossos pecados (Ef 4.30) e extingui-lo (1Ts 5.19), que é apagar a chama da sua presença em nós através da prática habitual do pecado, onde ficamos cauterizados e passamos a não mais sentir a sua presença e a alegria da salvação em Cristo Jesus, como aconteceu com Davi, quando pecou contra Deus e escreveu esta experiência no Salmo 51. 

Não obstante, quando é dito que o Espírito Santo se apoderou de Saul (10.6; 11.6), não significa que ele passou a habitar nele, pois se o Espírito Santo habita em alguém, logo esta pessoa foi regenerada e é um verdadeiro crente. Porém, com Saul não foi assim; antes, o Espírito Santo estava sobre ele ou vinha sobre ele em alguns momentos como em (11.6), mas não habitava permanentementenele. Contudo, depois que o Espírito Santo não vinha mais sobre Saul porque Deus o rejeitou, vemos um fato curioso descrito em 1 Samuel 18.10 e no capítulo 19.23, onde no primeiro texto (18.10) Saul teve "manifestações proféticas" dentro de sua casa influenciado não pelo Espírito Santo, mas pelo espírito mau que vinha da parte do Senhor.  

Era como se Saul entrasse numa espécie de transe extático; ou como diz um chavão evangélico popular no meio pentecostal e neopentecostal - era como se Saul entrasse no mistério ou no "reteté" e começasse a pular, rodopiar, dançar, falasse em línguas "estranhas" e glorificasse a Deus nesse comportamento aparentemente inusitado; porém, visto como uma manifestação fervorosa por parte de alguns pentecostais e neopentecostais desatentos e sem discernimento espiritual. No entanto, Saul não fez tudo isso influenciado pelo Espírito Santo, mas pelo espírito mau; ou seja, pelo demônio! Já no segundo texto (19.23), Saul teve mais uma manifestação profética, dessa vez influenciado pelo Espírito Santo que veio sobre ele novamente. 

Em vista disso, o que podemos aprender com estas duas passagens de 1 Samuel?

(1) Nem toda experiência espiritual é oriunda do Espírito Santo; influenciada por ele.

(2) Nem toda experiência espiritual é oriunda do demônio; influenciada por ele.

(3) Algumas ou muitas experiências espirituais são de origem psicológica, tendo como influência o ambiente frenético e agitado, as pessoas ao redor tendo supostas experiências espirituais e pela indução das mesmas e do próprio pastor.
 
(4) A verdadeira experiência espiritual impinge a pessoa a se voltar mais para as coisas de Deus, isto é, produz fome por Deus, pela sua palavra, pela a oração e por uma vida mais piedosa.   

(5) Se a experiência espiritual não atrair a pessoa a uma vida mais profunda com Deus na oração, no estudo das Escrituras, no serviço cristão e numa vida piedosa, tal experiência espiritual é falsa e não veio de Deus. Ou veio de um sentimento de emoção reprimido que foi extravasado no culto ou do Diabo! 
 
Que venhamos a discernir entre a verdadeira experiência espiritual da falsa experiência espiritual pautados nas Escrituras, e não nelas mesmas. É a Palavra de Deus que deve nortear toda a nossa vida, e não as experiências espirituais. Se uma experiência espiritual não estiver de acordo com o que diz a Escritura, tal experiência é falsa e deve ser rejeitada. 

Sola Scriptura!!!  

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Nota:  Para uma abordagem mais ampla do assunto experiências espirituais, recomendo a leitura dos livros: "A Genuína experiência espiritual" e "Uma fé mais forte que as emoções", de Jonathan Edwards.

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Fonte: Bereianos

segunda-feira, 30 de junho de 2014

A esperança cristã e o debate político



Por Rev. Paulo Ribeiro Pontes


Tenho observado com alegria a participação de cristãos no debate político ora em curso no país. Muito embora a participação de alguns esteja limitada tão somente à militância partidária e ideológica, alegra-me o fato de que alguém queira trazer a perspectiva cristã para o debate. Afinal de contas o sonho de um país melhor, sem violência e sem corrupção; o sonho de uma sociedade mais justa e fraterna é um sonho de todos: cristãos e não cristãos.

Mas sendo ano eleitoral, a tensão está alta e a tendência, a meu ver, é que o tom do debate suba ainda mais depois da Copa. E o meu receio é o de que nós, os cristãos, saíamos do debate piores do que entramos e que a nossa contribuição para a expansão do Reino seja pífia. Como o debate já está se polarizando de maneira maniqueísta entre direita e esquerda, isto pode nos levar a uma participação cristã no debate ancorada apenas numa esperança intramundana e não numa esperança que penetra além do véu (Hebreus 6.19).

Todos querem a cura para os nossos males. Todavia há quem ancore a sua esperança de cura numa sigla partidária, numa ideologia ou num programa de governo. Outros são mais específicos e acham que a cura virá por meio da educação, da tecnologia ou de uma descoberta científica qualquer. Eu me lembro de como o mundo assistiu pela televisão, no dia 20 julho de 1969, o primeiro homem pisando na lua. Foi um feito tão incrível que muitos tiveram dificuldades de acreditar que o homem tivesse mesmo pisado na lua. E muitos se encheram de esperança. Como afirmou Neil Armstrong ao dar os primeiros passos sobre a superfície lunar: "Este é um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade". O homem pisar na lua foi, sem dúvidas, um acontecimento impressionante e que encheu de esperança a muitos. Entretanto, a esperança que move o cristão está num fato muitíssimo mais impressionante: o Criador do universo, pisou na terra.

Devemos nos lembrar de que estamos encapsulados dentro de uma realidade que ficou totalmente comprometida pelo pecado. Toda criação está sujeita a vaidade (Romanos 8.20) E tudo dentro da realidade criada traz em si a marca do pecado. Portanto qualquer esperança que seja apenas intramundana estará fadada à frustração. Parafraseando o Eclesiástes, dentro da capsula tudo é vaidade e correr atrás do vento. Toda solução que procede somente de dentro da realidade criada será fútil. Toda e qualquer esperança nascida dentro da capsula resultará em frustração. Podemos até experimentar melhoras aqui e acolá. Mas a solução definitiva não será derivada de dentro da capsula. Ele terá que vir de fora. E esta é a peculiaridade da esperança cristã que está ancorada além do véu.

A esperança do cristão está no fato de que Deus mesmo, o Criador do universo, invadiu pessoalmente a história humana. Há mais de dois mil anos nasceu um menino em Belém da Judéia. Seu nascimento foi diferente de todos os outros antes ou depois do dele. Sua mãe era uma virgem que, pelo poder de Deus, engravidou sem que tivesse tido relações sexuais. Portanto, Jesus Cristo veio a este mundo por meio de um milagre biológico. Este fato aponta para o paralelo existente entre Adão e Jesus Cristo (Romanos 5.12 – 21, 1 Coríntios 15.45). Todas as pessoas nascidas no mundo nascem de maneira ordinária, do concurso de um pai e de uma mãe. As duas exceções são Adão e Jesus Cristo. Ambos entraram na história de maneira extraordinária. Ao criar Adão, de maneira extraordinária, Deus deu início à história humana, que posteriormente foi corrompida pelo pecado. E todos que nasceram a partir de Adão nasceram para o pecado e para a morte, porque o pecado e a morte passaram a reinar dentro da esfera criada. Mas lá em Belém, por meio do nascimento extraordinário de Jesus Cristo, Deus começou um projeto “novo” que a Bíblia chama de nova aliança, por meio da qual uma nova criação está vindo à existência.

O cristão espera por novos céus e nova terra, nos quais habita a justiça (2 Pedro 3.13). Ele anseia pelo tempo em que coisas tais como direita e esquerda, PT e PSDB não existirão mais. Para o cristão todos os reinos deste mundo tem prazo de validade. Ele está empenhado na defesa e na expansão do Reino Eterno do Cordeiro. Embora a esperança do cristão possa parecer alienação, é nela que reside o diferencial da participação do cristão no debate político. Pois considerando que tal esperança está ancorada além do véu, e não numa sigla partidária, numa ideologia ou em qualquer ponto do espectro político, o cristão tem liberdade para reconhecer de maneira desapaixonada a virtude e o erro onde eles estiverem. Ele será livre, por exemplo, para apreciar ao mesmo tempo a livre iniciativa tão valorizada pela direita e a promoção de justiça social tão valorizada pela esquerda. Ele será livre para denunciar e combater coisas tais como o totalitarismo, o autoritarismo, a corrupção, a violência, a desonestidade onde quer que tais coisas possam ser encontradas no espectro político.

Com o que foi dito acima não estou advogando neutralidade. O próprio Jesus Cristo disse que tal neutralidade inexiste (Marcos 9.40; Lucas 9.50). Em nossa participação no debate e no processo político, como em tudo mais, estaremos nos sujeitando ao Senhor e ao seu Ungido ou nos rebelando contra Ele (Salmo 2). Aqueles que, por exemplo, se relacionam comigo, ainda que por meio das redes sociais da internet, já perceberam que eu entendo que a reeleição da Presidente Dilma não será boa para o Brasil. A tendência totalitária e autoritária do projeto de país defendido por seu governo muito me preocupa. Tal tendência ficou clara, a meu ver, por meio do 3º Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) instituído, em 2009, por meio do Decreto presidencial nº 7.037. E agora, mais uma vez, por meio do Decreto 8.243 o atual governo brasileiro mostra a sua face totalitária. A tendência totalitária a que me refiro fica exposta também por meio da simpatia que o nosso atual governo demonstra para com governos totalitários de outros países como Venezuela, Cuba e Irã. Eu estou convencido de que nunca na história deste país as liberdades de expressão e de culto estiveram tão ameaçadas.

Como é que Deus escreverá a história política do nosso país nós não sabemos. Não sabemos quem será eleito. Não sabemos o que o futuro nos reserva. Entretanto, se a nossa esperança estiver ancorada além do véu continuaremos a defender os valores que sempre defendemos e denunciando os erros que sempre denunciamos independentemente do resultado das eleições.

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Sobre o autor: Paulo Ribeiro Fontes é pastor titular da Igreja Presbiteriana Ebenézer desde 2000. Foi pastor auxiliar na 1ª Igreja Presbiteriana de Governador Valadares, e pastor efetivo nas seguintes igrejas: Primeira Igreja Presbiteriana de Barra de São Francisco-ES, Igreja Presbiteriana de Bom Jardim (Ipatinga-MG) e Igreja Presbiteriana Filadélfia (Governador Valadares-MG). Foi diretor do Seminário JMC no período de 2003 a 2006. É graduado em Teologia, mestre em Teologia Sistemática pelo CPAJ (Centro de Pós-graduação Andrew Jumper - Universidade Mackenzie - 2001) e Doutorando em Ministério pelo CPAJ.

Fonte: Igreja Presbiteriana Ebenezer

sábado, 28 de junho de 2014

Conhecendo Deus e conhecendo a nós mesmos



Por João Calvino


1. Todos os homens vivem para conhecer Deus

Não se pode achar nenhum homem, em parte alguma, por mais incivilizado ou selvagem que seja, que não tenha alguma ideia de religião. Isso porque todos nós fomos criados para conhecer a majestade do nosso Criador e, ao conhecê-la, pensar nela mais elevadamente do que em qualquer outra coisa. Devemos honrar a majestade de Deus com pleno temor, amor e reverência.

Os incrédulos só procuram apagar toda a lembrança deste senso de Deus, que está arraigado em seus corações. Deixando-os de lado, nós, que alegamos que temos uma religião pessoal, devemos trazer à mente que a presente vida não durará, e logo acabará. Devemos passá-la pensando na imortalidade.

Pois bem, não se pode achar a vida eterna e imortal em parte alguma, exceto em Deus. Segue-se, então, que o principal cuidado e interesse da nossa vida devem consistir em buscar Deus com todo o afeto dos nossos corações, e não pretender encontrar descanso e paz em lugar nenhum, senão unicamente nEle.

2. A diferença entre a religião verdadeira e a falsa

Em geral se concorda que viver sem religião é viver numa verdadeira miséria, e que em nenhum aspecto viver assim é ser melhor que os animais selvagens. Sendo assim, ninguém vai querer ser considerado como uma pessoa inteiramente indiferente a uma religião pessoal e ao conhecimento de Deus.

Entretanto, há muitas diferenças quanto à forma visível que a religião toma. Assim é porque a maioria dos homens não é afetada pelo temor de Deus. Não obstante, querendo ou não, eles não podem escapar da ideia de que existe algum ser divino cujo poder ou os exalta ou os humilha. Essa ideia sempre volta às suas mentes. Impactados pelo pensamento que lhes vem acerca de um poder tão grande, de um modo ou de outro eles o reverenciam. Isso para evitar desprezá-lo demais, temendo provocar a Sua ação contra eles. Contudo, vivendo desordenadamente e rejeitando toda forma de honestidade, eles exibem uma óbvia falta de preocupação com a maneira pela qual desconsideram o juízo de Deus.

Em acréscimo, uma vez que a sua avaliação de Deus é governada pelo tolo, impensado e presunçoso conceito formulado por sua própria mente, e não pela majestade infinita do próprio Deus, eles de fato ficam afastados do Deus verdadeiro. É por isso que, mesmo quando eles fazem reais e zelosos esforços para servir a Deus, isso tudo acaba sendo pura perda de tempo. Não é ao Deus eterno que eles estão adorando, mas, antes, aos sonhos e ilusões dos seus corações.

Bem, existe um temor que, tendo o maior desejo de fugir do juízo de Deus e não podendo fazê-lo, cresce mais que nunca. A verdadeira piedade não está nesse terror. Ela consiste, antes, de um zelo puro e verdadeiro que ama Deus como um Pai de verdade e O contempla como um Senhor de verdade; ela abraça a Sua justiça e detesta mais ofendê-lO do que morrer.

E todos aqueles que têm este zelo não se dispõem a fabricar, imprudentemente, um deus que esteja de acordo com os seus desejos. Em vez disso, eles procuram obter do próprio Deus um verdadeiro conhecimento dEle mesmo, e não o concebem como diferente do que Ele Se revela e do que Ele lhes dá a conhecer.

3. O que devemos saber acerca de Deus

Desde que a majestade de Deus está intrinsecamente acima e além do poder do entendimento humano, e simplesmente não pode ser compreendida por este, devemos adorar a Sua posição exaltada, e não investigá-la criticamente, para que não sucumbamos inteiramente sob tão grande brilho.

Por isso devemos buscar e considerar Deus em Suas obras, as quais, por essa razão, as Escrituras denominam manifestações daquilo que é invisível (Romanos 1: 19, 20; Hebreus 11: 1), porque estas obras retratam para nós o que de outra maneira não poderíamos conhecer do Senhor.

Não estamos falando aqui de especulações vãs e frívolas, coisas que manteriam as nossas mentes num estado de incerteza, mas de algo que é essencial que saibamos - algo que nos faz bem, que estabelece em nós uma piedade sólida e veraz, isto é, fé mesclada com temor.

Então, ao observarmos este universo, contemplamos com êxtase a imortalidade do nosso Deus. É esta imortalidade que dá surgimento ao princípio e à origem de tudo quanto existe. Contemplamos com êxtase a imortalidade do nosso Deus. É esta imortalidade que dá surgimento ao princípio e à origem de tudo quanto existe. Contemplamos com êxtase o Seu poder, que criou um sistema tão vasto e que ora o sustém. Contemplamos com êxtase a Sua sabedoria, que trouxe à existência uma tão grande e variegada fileira de criaturas, e que as governa de maneira finamente equilibrada e ordenada. Contemplamos com êxtase a Sua bondade, que é propriamente a razão pela qual todas estas coisas foram criadas e continuam a existir. Contemplamos com êxtase a Sua justiça, que se desdobra maravilhosamente para a proteção dos bons e para a punição dos maus. Contemplamos com êxtase a Sua misericórdia, que tão gentilmente suporta os nossos pecados tendo em vista exigir que endireitemos as nossas vidas.

É realmente muitíssimo necessário que sejamos instruídos acerca de Deus, e de fato deveríamos deixar que o universo nos fizesse isso. E ele o faria, não fora o fato de que a nossa rude insensibilidade é cega para tão grandiosa luz. Mas não pecamos somente por sermos cegos. Tão grande é a nossa perversidade que, quando ela considera as obras de Deus, não há coisa alguma na qual ela não veja um sentido mau e perverso. Ela põe abaixo toda a sabedoria do céu que, sem essa perversão, fulge tão esplendidamente ali.

Temos, pois, que vir à Palavra de Deus onde, por meio das obras de Deus, Ele é descrito muito bem para nós. Ali as Suas obras não são avaliadas segundo a perversão do nosso julgamento, mas pelo padrão da verdade eterna. Nela aprendemos que o nosso Deus, que é o único Deus, e que é eterno, é a fonte de onde emana toda vida, justiça, sabedoria, força, bondade e misericórdia. Tudo o que é bom, sem absolutamente nenhuma exceção, vem unicamente dEle. E assim é que todo louvor deve, com pleno direito, retornar a Ele.

E, embora todas estas coisas se manifestem claramente em cada parte do céu e da terra, é supremamente na Palavra de Deus que sempre entendemos, verdadeiramente, qual é a meta maior para a qual elas nos fazem avançar, qual é o valor delas e em que sentido as devemos entender. Então nos aprofundamos em nosso próprio ser interior e consideramos como o Senhor exibe em nós a Sua vida, a Sua sabedoria e o Seu poder, e como Ele exerce para conosco a Sua justiça, a Sua bondade e a Sua generosidade.

4. O que devemos saber acerca do homem

No princípio, o homem foi formado à imagem e semelhança de Deus, para que admirasse o seu Criador na dignidade da qual Deus tão nobremente o investira, e o honrasse com a adequada gratidão.

Mas o homem, confiando na enorme excelência da sua natureza e esquecendo de onde viera e por quem continuava a existir, empenhou-se em exaltar-se independentemente do Senhor. Por isso teve que ser despojado de todos os dons de Deus dos quais estultamente se orgulhara, a fim de que, privado de toda glória, conhecesse este Deus que o enriquecera tanto com o Seus generosos dons e que ele se atreveu a desprezar.

Por essa causa, todos nós - que devemos a nossa origem aos descendentes de Adão, e em quem a semelhança com Deus foi apagada - somos carne oriunda de carne. Sim, pois, apesar de sermos constituídos de alma e corpo, nuca sentimos nada senão a carne. O resultado é que, seja qual for o aspecto do homem pelo qual o observemos, é-nos impossível ver nele outra coisa além daquilo que é impuro, irreverente e abominável para Deus. Porquanto a sabedoria do homem, cega e mergulhada em numerosos erros, posta-se contra a sabedoria de Deus; a vontade, iníqua e cheia de afetos corruptos, odeia a justiça de Deus mais do que qualquer outra coisa; e o poder humano, incapaz de qualquer bem, seja este qual for, inclina-se desenfreadamente para a iniquidade.

5. O livre-arbítrio

As Escrituras asseveram muitas vezes que o homem é escravo do pecado. O que isso significa é que sua mente acha-se tão longe da justiça de Deus que só pensa, deseja e empreende o que é mau, perverso, iníquo e sujo; pois o coração, cheio do veneno do pecado, não pode emitir nada senão frutos do pecado.

Todavia, não devemos pensar que existe uma imperiosa necessidade impelindo o homem a pecar. Ele peca com pleno acordo da sua vontade, e ele o faz avidamente, seguindo suas próprias inclinações.

A corrupção do seu coração indica que o homem tem forte e persistente ódio a toda a justiça de Deus. Acresce que ele se vota a toda espécie de mal. Por causa disso se diz que ele não tem livre poder de escolha entre o bem e o mal - não tem o chamado livre-arbítrio.

6. O pecado e a morte


Nas Escrituras, pecado significa tanto aquela versão da natureza humana que é a fonte de todo erro e vício, como os maus desejos que daí nascem, e também os atos injustos e vergonhosos que brotam desses desejos: homicídios, roubos, adultérios e outras coisas do gênero.

Todos nós, então, pecadores que somos desde o ventre de nossa mãe, nascemos expostos à ira e à retribuição de Deus.

Tornando-nos adultos, aumentamos sobre nós - mais pesadamente - o juízo de Deus.

Finalmente, no transcurso de toda a nossa vida, aceleramos os passos para a morte.

Pois não há dúvida de que a justiça de Deus acha toda iniquidade repugnante. Que podemos esperar, então, da face de Deus - nós, pessoas miseráveis, sobrecarregadas por tão grande peso do pecado e corrompidas por inumeráveis impurezas - senão que a Sua justa indignação com toda a certeza nos vai fazer corar de vergonha?

Temos necessidade de conhecer esta verdade, muito embora ela ponha abaixo o homem pelo terror e o esmague pelo desespero. Despojados da nossa justiça própria, escoimados de toda a nossa confiança em nossas forças, distanciados de toda a esperança de sequer ter vida, o entendimento da nossa própria pobreza, miséria e desgraça dessa forma nos ensina a prostrar-nos diante do Senhor. Mas, reconhecendo a nossa iniquidade, a nossa falta de poder e a nossa ruína, aprendemos a dar-lhe toda a glória por Sua santidade, por Seu poder e por Sua obra de salvação.

7. Como somos conduzidos à salvação e à vida

Este conhecimento de nós mesmos, se entrou realmente em nossos corações, mostra-nos a nossa nulidade e, por seu intermédio, o caminho para o verdadeiro conhecimento de Deus é facilitado para nós. E o Deus de quem estamos falando já abriu para nós, digamos assim, uma primeira porta para o seu reino quando destruiu estas duas pragas medonhas: o sentimento de segurança quando defrontados por Sua retribuição, e uma falsa confiança em nós mesmos. Pois é depois disso que começamos a elevar os nossos olhos para o céu, olhos anteriormente fitos e fixos na terra. E nós, antes acostumados a buscar descanso em nós mesmos, anelamos pelo Senhor.

E também, por outro lado, embora a nossa iniquidade mereça algo inteiramente diferente, este Pai misericordioso, por Sua estupenda bondade, revela-se então voluntariamente a nós, que dessa forma nos sentimos aflitos e abatidos pelo medo. E, fazendo uso desse meios, que Ele sabe ser úteis para nós, em nossa fraqueza Ele nos chama de volta do rumo errado para o caminho certo, da morte para a vida, da ruína para a salvação, do domínio do diabo para o Seu próprio domínio.

A todos aqueles a quem Lhe apraz restabelecer como herdeiros da vida eterna o Senhor ordenou, como primeiro passo, que sejam afligidos em sua consciência, curvem-se sob o peso dos seus pecados e passem a viver no temor do Seu nome. Portanto, para começar, Ele nos expõe e Sua Lei, a qual nos conduz a esse estado.

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Fonte: João Calvino, A Verdade Para Todos os Tempos, PES, pp. 13-22.
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quinta-feira, 26 de junho de 2014

Academia em Debate 42 - Escatologia

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Neste vídeo o Rev. Augustus Nicodemus Lopes Entrevista o Rev. Leandro Lima e o Rev. Heber Carlos de Campos Jr. sobre o Fim do Mundo (Escatologia). Assista:



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Fonte: Academia em Debate - TV Mackenzie
 
Via Bereianos

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