domingo, 15 de junho de 2014

Os Puritanos e o Quarto Mandamento

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Por J.I. Packer

O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. (Mc 2:27)

Neste ponto, os puritanos iam à frente dos reformadores. Estes últimos tinham seguido Agostinho e o ensino medieval em geral, negando que o domingo fosse, em qualquer sentido, um dia de descanso. Eles afiançavam que o sábado, prescrito pelo quarto mandamento, era um mandamento tipicamente judaico, prefiguração do “descanso” da relação da graça-fé com Cristo.

Eis a explicação de Calvino:


“...é extremamente apta a analogia entre o sinal externo e a realidade simbolizada, visto que a nossa santificação consiste na mortificação de nossa própria vontade... Devemos desistir de todos os atos de nossa própria mente a fim de que, operando Deus em nós, possamos descansar nEle, conforme ensina o apóstolo (Hb.3:13;4:3,9). Mas agora que Cristo já veio, o tipo foi cancelado, e seria um erro perpetuá-lo, tal como seria um equívoco continuar a oferecer os sacrifícios levíticos.

Calvino apelava aqui para Colossenses 2:16, que ele interpretava como alusão ao dia semanal de descanso. Ele admitia que, além e acima de sua significação típica, o quarto mandamento também ensina o princípio que deve haveradoração pública e privada, além de servir de dia de descanso para os servos e empregados, pelo que a plena interpretação cristã seria:


Primeiro, por toda a nossa vida podemos ter por alvo um descanso constante de nossas próprias obras, a fim de que o Senhor possa operar em nós por meio do Seu Santo Espírito; segundo, cada indivíduo deveria se exercitar com diligência em meditação devota nas obras de Deus, e... todos devem observar a ordem legal determinada pela Igreja para que se ouça a Palavra, administrando as ordenanças e a oração pública; terceiro, devemos evitar oprimir àqueles que nos estiveram sujeitos.

Mas Calvino falava como se isso fosse tudo quanto aquele mandamento agora prescreve, nada encontrando no mesmo, em seu sentido cristão, que proíba trabalho ou diversão no domingo, com prejuízo do tempo de culto. A maior parte dos reformadores falava no mesmo tom. O que há de notável é que suas declarações, em outros contextos, mostram que “os reformadores, como um grupo, defendiam a autoridade divina e a obrigação de se observar o quarto mandamento, requerendo que um dia em cada sete fosse empregado na adoração e serviço de Deus, admitindo somente as obras de necessidade e de misericórdia, em favor dos pobres e aflitos”. É um quebra cabeça, porém, porque eles nunca perceberam a incoerência entre afirmar isso, em termos gerais, ao mesmo tempo em que defendiam a exegese de Agostinho sobre o domingo cristão. Podemos apenas supor que isso se deve ao fato que não queriam entreter a idéia de que Agostinho poderia estar enganado, razão que os cegava para o fato que estavam montando dois cavalos ao mesmo tempo.

Os puritanos, contudo, corrigiram essa incoerência. Eles insistiam, de forma virtualmente unânime que, embora os reformadores estivessem certos ao enxergarem apenas um sentido típico e temporário em algumas das prescrições detalhadas no sábado judaico, contudo, eles também percebiam o princípio de um dia de descanso, para efeito de adoração pública e privada a Deus, no fim de cada seis dias de trabalho, como uma lei da criação, estabelecida em benefício do homem, e, portanto, obrigatória para o homem, enquanto ele viver neste mundo. Também destacavam que, figurando entre nove leis indubitavelmente morais e permanentes do decálogo, o quarto mandamento dificilmente teria uma natureza apenas típica e temporária.

De fato, eles viam esse mandamento como parte integral da primeira tábua da lei, que aborda sistematicamente a questão da adoração: “O primeiro mandamento fixa o objetivo, o segundo, o meio, o terceiro, a maneira, e o quarto, o tempo”. Também observaram que o quarto mandamento começa com as palavras “lembra-te...”. E isso nos faz recuar até antes da instituição mosaica. Observaram que o trecho de Gênesis 2:1 ss. representa o sétimo dia de descanso como o próprio descanso de Deus, terminada a criação, e que a sanção atrelada ao quarto mandamento, em Êxodo 20:8 ss., olha de volta para aquele fato, retratando o dia como um memorial semanal da criação, “para ser observado para a glória do Criador, como dever que temos de servi-Lo, e como um encorajamento para confiarmos naquele que criou os céus e a terra. Por meio da santificação do sábado, os judeus declaravam que eles adoravam ao Deus que criou a terra...”. Assim falou Matthew Henry, exegeta de um período posterior aos puritanos, mas que os representou em sua própria época ao comentar sobre Êxodo 20:11. Henry também frisou que o mandamento afirma que Deus santificou o sétimo dia (ou seja, apropriou-o para Si mesmo) e o abençoou (isto é, “injetou bênçãos no mesmo, encorajando-nos a esperar bênçãos da parte Dele, na observância religiosa daquele dia”); e também frisou que Cristo, embora tivesse reinterpretado a lei sobre o sábado, não o cancelou, mas antes, firmou-o, observando-o Ele mesmo, e mostrando que esperava que seus discípulos continuassem a observá-lo (cf. Mt.24:20).

Tudo isso, argumentavam os puritanos, mostra que o descanso do sétimo dia, era mais que um mandamento judaico; antes, era um memorial da criação, parte da lei moral (primeira tábua que prescreve a adoração apropriada ao Criador), e, como tal, era perpetuamente obrigatória para todos os homens. Assim, quando o Novo Testamento diz-nos que os cristãos se reuniam para adorar no primeiro dia da semana (ver Atos 20:7; cf. I Co.16:1), guardando aquele dia como “dia do Senhor” (Ap.1:10), isso só pode significar uma coisa: por preceito apostólico, e, provavelmente, de fato, por injunção dominical durante os quarenta dias antes da ascensão, esse tornara-se o dia em que os homens, doravante, deveriam guardar o dia de descanso prescrito pelo quarto mandamento. Os puritanos notavam que essa mudança, do sétimo dia da semana (o dia que assinalara o fim da antiga criação) para o primeiro (o dia da ressurreição de Cristo, que assinala o início da nova criação), não excluía pelas palavras do quarto mandamento, meramente determina que “devemos descansar e guardar, como descanso, cada sétimo dia... mas... de modo algum determina onde deve começar a sequência de dias... Não há no quarto mandamento, qualquer orientação sobre como computar o tempo...”. Portanto, coisa alguma impede-nos de supor que o Novo Testamento parece requerer que foram os apóstolos que fizeram a alteração. Nesse caso, tornara-se claro que a condenação (em Cl.2:16) do sabatismo judaico nada tem a ver com a observância do dia do Senhor. Essas, em esboço, eram as considerações feitas pelos puritanos, com base na doutrina do dia do Senhor, a qual é bem sintetizada na Confissão de Fé de Westminster (XXI: vii-viii):

vii. Como é lei da natureza que, em geral, uma devida proporção do tempo seja destinada ao culto de Deus, assim também em sua palavra, por um preceito positivo, moral e perpétuo, preceito que obriga a todos os homens em todos os séculos, Deus designou particularmente um dia em sete para ser um sábado (descanso) santificado por Ele; desde o princípio do mundo, até a ressurreição de Cristo, esse dia foi o último da semana; e desde a ressurreição de Cristo foi mudado para o primeiro dia da semana, dia que na Escritura é chamado Domingo, ou dia do Senhor, e que há de continuar até ao fim do mundo como o sábado cristão. Ref. Ex. 20:8-11; Gen. 2:3; I Cor. 16:1-2; At. 20:7; Apoc.1:10; Mat. 5: 17-18
viii. Este sábado é santificado ao Senhor quando os homens, tendo devidamente preparado os seus corações e de antemão ordenado os seus negócios ordinários, não só guardam, durante todo o dia, um santo descanso das suas próprias obras, palavras e pensamentos a respeito dos seus empregos seculares e das suas recreações, mas também ocupam todo o tempo em exercícios públicos e particulares de culto e nos deveres de necessidade e misericórdia. Ref. Ex. 16:23-26,29:30, e 31:15-16; Isa.58:13.

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Fonte: Revista Os Puritanos. Ano XVII: Nº 4: 2009. Págs.: 11,12
Via Bereianos

sexta-feira, 13 de junho de 2014

RODOLFO: “EU NÃO CONSIGO VER JESUS NESSE TIPO DE SHOW [GOSPEL]“



Por Felipe Maia

A fila já vai grande às 19h50. Algumas centenas de jovens, a maioria aparentando vinte e poucos anos, vão se amontoando em frente aos portões fechados do principal auditório da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Eles falam alto. Uns conversam em inglês. “I miss you so much!”. Quem tem pulseirinha de acesso restrito não precisa esperar a abertura oficial. Convencemos o atarefado estafe a liberar nossa entrada.

No lado de dentro a banda passa o som. Tira grave, sobe agudo, ei, som, ei, som. “Alguém quer alguma coisa?”, grita o técnico de áudio de cima do seu poleiro. “Quero um café!”, brinca Rodolfo Abrantes. Ele está no centro do palco empunhando a guitarra. Ao seu redor, sua banda, cortinas vermelhas, cem lâmpadas em forma de velas e três pessoas orando num canto.

“A gente vai fazer uma parte da adoração, é uma parte do culto”, explica Rodolfo. Ele é um missionário, alguém que, segundo as tradições evangélicas, passa a mensagem de Deus. “A carta não é a minha, eu sou o carteiro”, diz. Aos 41 anos, ele recusa o título de artista que carregou até 2001, ano em que deixou os Raimundos.

“Eu vim de uma cidade projetada, minha família toda tem médicos, era tudo planejado; e eu não queria aquilo pra mim”, conta. Rebento da segunda geração roqueira do Distrito Federal, o moleque Rodolfo viu na música a chance de sair do plano piloto a ele imposto. Ao lado de Digão, fundou os Raimundos em 1987 e em 1994, rumava ao sucesso com o primeiro álbum.

“Minha saúde destruída, perdendo peso, cheio de caroço espalhado pelo corpo: eu me sentia morrendo” 
Em pouco tempo ele deixou de ser fã de rockstars para se tornar um deles. Rodava o Brasil na rotina avião-hotel-palco-hotel-avião. Ao lado de bandas como Planet Hemp e Charlie Brown Jr, os Raimundos tocaram o último acorde do rock brasileiro de grandes proporções. Lotavam casas de show, vendiam quilos de CDs e arrepiavam os ouvidos mais carolas com a mistura de riffs velozes e distorcidos, vocabulário calango e histórias de sexo oral, escatologia, erva e outras peculiaridades.

O sucesso aumentava e Rodolfo ficava cada vez mais junkie. Maconha era mato. “Eu fumava um e já estava pensando no próximo, cheguei a cheirar e tomava ácido pra caramba”, conta. Para ele, o ápice da fama coincidiu com o fundo do poço. “Minha saúde destruída, perdendo peso, cheio de caroço espalhado pelo corpo: eu me sentia morrendo”.

Rodolfo decidiu que daria fim àquilo logo após a gravação do aclamado álbum MTV Ao Vivo, em junho de 2001. Ele se convertera no começo daquele ano, motivado, num primeiro momento, por Alexandra (então namorada e atual esposa). “Nosso relacionamento estava indo por água abaixo”. A convite dela, evangelistas da periferia de São Paulo foram à sua casa. Anos depois de entrar num puteiro em João Pessoa, o músico encontrava seu Deus.

Homem de fases

Rodolfo conta sua história e sua crença com precisão litúrgica. Embora sempre leia a Bíblia, não menciona passagens com proselitismo pastoreiro. Fala de forma complacente. Sua prosódia em nada lembra os pregadores ufanistas, mas tampouco resgata a língua frenética de músicas como “Nêga Jurema”, em que cuspia duzentas e três palavras em apenas dois minutos.

“Eu tenho 100% de arrependimento”, diz ele sobre suas letras na época dos Raimundos. As dezenas de composições feitas durante esse tempo garantem parte de seu orçamento por meio dos direitos autorais, mas ele não toca mais nenhuma dessas músicas. Atualmente, a maior parte das suas contas é paga pelos seus álbuns de cunho evangélico, assinados com a sigla RABT, e pelas apresentações que faz pelo país. Nesse caso, o pagamento vem como oferta – uma das formas de remuneração instituídas na Bíblia, segundo ele. “Eu saio da minha casa e posso não receber nada”, afirma.

“Eu tenho 100% de arrependimento” [sobre as letras da época do Raimundos] Assim como não enxerga verdade em alguns pastores – “tem pilantra se passando por pastor” -, Rodolfo também não acredita no endinheirado mercado gospel. “Eu não consigo ver Jesus nesse tipo de show porque o povo está aplaudindo o cara que está tocando, e a adoração não serve pra ninguém me aplaudir”, diz ele em meio ao barulho que antecede o culto.

“Dia histórico”, “Tua casa, senhor”, “Te sentimos aqui”. Muitas palavras de ordem e muitas palmas. Já passa das 21h quando os jovens do grupo Dunamis Pockets se reúnem como numa concentração pré-jogo de futebol. Um dos líderes da organização, Felippe Borges, puxa o coro em voz alta em meio a frases desencontradas. Rodolfo mantem a voz baixa, talvez porque vá precisar dela dali a pouco.

Ao sair da coxia, Felippe invade o palco entoando a pregação como se fosse dono de uma startup também repleta de fieis. Às vezes, ele rima “man” com “amém”. Sua voz se mistura a um estridente exemplar da febre EDM, trilha para os dizeres de amor, paz e união que se revezam com imagens de skatistas no telão.

Sem pompa, Rodolfo toma seu lugar ao centro. Ele é mais um entre aquelas lâmpadas incandescentes em forma de vela e sob um holofote de vários lúmens. Sua apresentação sobrepõe o misancene imposto, mas não atrai os olhares da plateia: a maioria das pessoas está de olhos fechados e pouquíssimos celulares estão em mãos.

“Eu não consigo ver Jesus nesse tipo de show [gospel] porque o povo está aplaudindo o cara que está tocando e a adoração não serve pra ninguém me aplaudir”

O missionário Rodolfo sabe que o culto se estende até a meia-noite. Depois, ele grava em um estúdio de São Paulo. A poucos quilômetros dali, em Ribeirão Preto, o restante dos Raimundos tocaria no dia seguinte como parte do festival João Rock. Rodolfo não conversa com os companheiros de estrada de outrora, assim como não conhece a agenda da sua antiga banda.

Nesse mesmo dia, ele teria de se apresentar como parte de um culto em Campina Grande. Rodolfo mora em Balneário Camboriú e, quando dá tempo, surfa na praia logo em frente a sua casa. Cair na água é um dos poucos hábitos que mantem desde a adolescência. Mas sua prioridade é sua missão terrena. Ele não acha que corre o risco de ter uma overdose. Afinal, Deus é veneno? “Não, porque ele não é desse mundo.”

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Revista Trip, via Pavablog.

Via Pulpito Cristão

Dia dos namorados, namorados e a Bíblia

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Por Denis Monteiro


No dia 12 de Junho comemora-se o Dia dos Namorados. Infelizmente, este dia é (quase) sempre motivado por paixões pecadoras. Por exemplo, o dia dos namorados pode ser considerado uma festa pagã. Em Portugal, assim como em outros países da Europa, comemora-se este dia em 14 de Fevereiro, chamando de Dia de São Valentim. Este nome se dá em homenagem ao um Bispo da Igreja Católica – Valentim – o qual fora proibido pelo Imperador Claudio II de realizar cerimônias de casamento para que os solteiros servissem o país na guerra. Este bispo foi preso e sentenciado à morte, pelo fato de realizar casamento as escondidas. Em 14 de Fevereiro de 270 ele foi decapitado. Nesta data, na Roma antiga, também se comemoravam dia da deusa Juno (deusa da mulher e do matrimônio) e ao deus Pan (deus da natureza), onde que, neste dia fazia-se uma passeata da fertilidade. Nos EUA, desde o séc. XVII este dia é chamado deThe Valentine’s Day, mas não se sabe bem ao certo como este dia foi adotado. Mas em 1840, Esther Howland, uma artista, vendeu 5.000 doláres em cartões do dia dos namorados. Desde esse dia teve-se o costume de enviar cartões aos namorados. No Brasil, a data que se comemora, apesar de haver caraterísticas norte-americana, ela está relacionada ao Frei Fernando de Bulhões (Santo Antônio) que em suas homilias ele dava ênfase no amor e no casamento. A data 12 de Junho foi escolhida por ser véspera do dia de Santo Antônio (13 de Junho). Outra possibilidade, no Brasil, para comemorar esta data é por causa de que quando um comerciante paulista, João Dória, trouxe esta ideia do exterior.[1]  

Infelizmente, mais um dia, assim como o dia das mães, o motivo de comemoração é sempre financeiro. A diferença é que este dia (dos namorados) dar-se a entender que também envolve idolatria, o qual é pecado (Êx. 20.3). Outra parte infeliz desta data é a falsidade que o envolve, um dia onde todos são amigos e namorados. Por exemplo, há um episódio do Chaves onde que neste Dia de São Valentim[2], na vila todos são amigos, até a Dona Florinda é amigona do Seu Madruga (O Dia de São Valentim neste seriado é comemorado não só como dia dos namorados, mas entre amigos também). Ou seja, em todo o ano há brigas e discórdias, mas só neste dia há uma mera reconciliação eamizade? Entendemos biblicamente que tais datas: dia das mães, dia dos pais, dia dos namorados e dia das crianças; não devem ser só lembrados por causa de datas fixas festivas em nosso calendário, pois fazem da criação de Deus uma data mercadológica ao invés de algo que glorifica a Deus. Logo, se o princípio desta comemoração não é glorificar a Deus (1Co 10.31), como o centro de todas as coisas, isso é idolatria. 

Então, devemos entender que o motivo de se comemorar esse dia não pode ser por causa da data fixa no calendário. Por exemplo, o casal não deve somente trocar presentes nesta data como se fosse algo obrigatório, pois obrigatoriedade não expressa amor. Este carinho com o próximo deve existir sempre, baseando-se nas Escrituras. 

1) Então, como comemorar o Dia dos Namorados? 

Provérbios nos dá uma base para isso. O sábio diz: alegra-te com a mulher da tua mocidade. (Pv 5.18); A mulher virtuosa é a coroa do seu marido” (Pv 12.4); a esposa prudente vem do Senhor (Pv. 19.14 – NVI). Em Provérbios 31, o rei Lemuel descreve como é esta mulher virtuosa com seu caráter e ofícios (mulher, trabalhadora, dona de case e mãe). Com todas essas características e vendo de onde ela provém (do Senhor), eu não posso esperar uma data fixa e específica para honrar a minha namorada e/ou esposa, não devo moldar meu amor à minha namorada e/ou esposa por causa de uma data de calendário, mas devo fazer isso todos os dias de minha vida. E assim, a mulher, ao considerar-se sábia e virtuosa, tem de honrar seu futuro esposo e/ou marido no Senhor. 

2) O que a Bíblia diz sobre o namoro? 

A Bíblia não mostra de modo explícito sobre o namoro. Existe uma concepção entre alguns cristãos um movimento chamado de “corte bíblica”, no qual um jovem passa a conhecer uma jovem na companhia da família dela e com um ajuda de um líder, conselheiro espiritual. Este tipo de conhecimento é para que se evite um namoro sem supervisão, para que não deixe que o casal de namorados se leve pela tentação. Temos que entender que a corte não é uma ordenança bíblica, pois temos o caso de Isaque que não cortejou Rebeca. Mas isso não anula a responsabilidade dos pais em “fiscalizar”.

3) Quais as principais características que devem ser vistas para começar um namoro?

3. 1 - A compreensão de que o(a) pretendente tem de Deus e o que Ele requer de nós. 

Existe um mal que ocorre em nossas igrejas que não vem de hoje, estou falando de uniões mistas, namoros mistos.  Este mal vem sendo praticado desde o Antigo Testamento, e todas as vezes que havia estas uniões, Deus se irava e mandava que elas fossem desfeitas. Por quê? O descrente não consegue entender quem é o Deus que nós servimos. Eles não conseguem entender o que a Bíblia requer de nós. A Bíblia trata estas uniões como “jugo desigual” (2Co 6.14). Quando um crente unia-se com pessoas que não eram regeneradas, os crentes passam a participar das obras infrutíferas das trevas. A principal preocupação que o Antigo Testamento mostra com a união mista é a idolatria (Êx. 23.33). E assim, uma pessoa que não é regenerada ela não saberá da vontade de Deus para o casal de namorados. A Bíblia requer santidade no relacionamento e que este relacionamento seja entre dois regenerados, poisnamoro com descrente não é um método de evangelismo

O termo “compreensão” não está atrelado à sua concepção teológica e filosófica de quem é Deus. Mas sobre de quem é este Deus de uma forma que se pode ser vista em sua vida no dia a dia. E como essa concepção de Deus pode ajudar e moldar este namoro. 

3.2 - O seu caráter

Nós vimos acima que se o (a) seu (sua) pretendente não professar a fé cristã, não devemos nos unir com ela. Então, nem adianta olhar o caráter que ela possui, pois mesmo sendo uma ótima pessoa, ela é boa sem saber o que a Bíblia fala o que é ser bom e porque tal pessoa faz coisas boas. No entanto, tratarei neste tópico com aqueles que viram no seu (sua) pretendente um ponto positivo segundo o ponto acima. 

Este caráter não pode ser analisado por sua frequência na igreja, por responder as perguntas levantadas na Escola Dominical ou por orar bonito. Mas este caráter deve ser analisado a partir do princípio de como esta pessoa aplica o conhecimento que ela tem de Deus em sua vida. Analisemos Efésios 5.23-29, 33 de como deve ser este caráter, igual ao de Cristo:


Mas alguém poderá perguntar: essas características não se aplicam a marido e mulher? Sim, se aplica. Mas se em um namoro nenhum dos dois não mostra ou nem tenta se esforçar para ter estas características, possivelmente, este namoro, quando virar um casamento, terá sérios problemas. 

4) O que não se pode procurar para começar um namoro.  

4.1 – Etnia

Esta questão de racismo – e o racismo não é somente de branco para com os negros, mas de todos quantos rejeitam à outro que é diferente de você, e usa essa diferença (físicas) para desqualificar o mesmo – não é algo que só afeta o redil dos descrentes, mas também é algo que afeta até a igreja de Cristo. Infelizmente, racismo é algo universal. Em alguns lugares são mais explícitos os índices de racismo. Você já deve ter ouvido ou presenciado pais obrigando seus filhos a terminarem os seus relacionamentos porque namoravam pessoas de outra etnia. Jamais devemos procurar pretendentes exclusivamente que sejam da mesma cor. Cor não define caráter. A Escritura é clara em mostrar de que Deus não faz acepção de pessoas, ou seja, Deus não usa características distintivas para eleger alguém. 

4.2 - Condições financeiras

Este é um “segundo mal” que permeia alguns relacionamentos e/ou o início do mesmo. Em muitos casos acontece o que nós conhecemos popularmente de “golpe do baú”. Este golpe é quando uma pessoa sem nenhum senso moral namora e casa com outra pessoa só por causa do dinheiro, para que após engravidar, faz com que essa gravidez segure o casamento. Na maioria das vezes essa gravidez lhe proporcionará uma renda “fixa” até a criança completar a maioridade. 

Essa atitude envolve pecado. O pecado da avareza, da cobiça e do engano que é falta de amor ao próximo. A avareza, segundo Paulo, é idolatria (Cl 3.5). Justamente o que Cristo mostra ao falar de pessoas que põe o seu coração nas riquezas do que em servir a Deus (Mt 6.19-24). Cobiçar o que é do próximo é desejar o que é do próximo, o qual não é seu. E cobiçar o que é do próximo é transgredir o décimo mandamento “não cobiçarás” (Êx. 20.17). A avareza é um desejo dominante em relação ao dinheiro; a cobiça é o mesmo desejo dominante em relação às posses de outrem. 

Paulo diz aos Efésios que eles deveriam deixar a mentira, e falar a verdade cada um com seu próximo. A falta de temor a Deus e amor faz com que pessoas mintam e vivam uma vida de mentiras para alimentar outros pecados. Então, casar por causa de questões financeiras não é amor, tal relacionamento não provém de Deus. 

4.3 - Estética 

É sabido que todo ser humano tem o seu senso estético das coisas, principalmente quando se trata de atração física entre um homem e uma mulher. Mas o grande problema é que muitos casais que se apaixonam por causa de suas belezas exteriores não consideram que futuramente nem tudo estará no lugar. Agora, quando se trata de amor, “o amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Co 13.4-7). Se um namoro começa sem amor, mas por atração física, este relacionamento não durará por muito tempo. E assim, há uma grande possibilidade que traições aconteçam. Pois, se algum relacionamento começa tendo como base a atração e beleza física, o padrão de escolha será exclusivamente estético, futuramente ambos poderão achar outra pessoa mais bonita e ficar com ela.

Então, podemos entender que se faltar amor conforme o padrão bíblico, este relacionamento não durará muito. 

Portanto, qual é o bom propósito do namoro cristão? Visar o casamento para a glória de Deus, que cumpre com o que Deus ordenou a Adão no Éden de se unir à sua esposa e contrair uma família. 

Por fim, deixo uma explicação. No Catecismo Maior de Westminster, dos deveres exigidos e pecados proibidos do sétimo mandamento:

138. Quais são os deveres exigidos no sétimo mandamento? 
Os deveres exigidos no sétimo mandamento são: castidade no corpo, mente, afeições, palavras e comportamento; e a preservação dela em nós mesmos e nos outros; a vigilância sobre os olhos e todos os sentidos; a temperança, a conservação da sociedade de pessoas castas, a modéstia no vestuário, o casamento daqueles que não têm o dom da continência, o amor conjugal e a coabitação; o trabalho diligente em nossas vocações; o evitar todas as ocasiões de impurezas e resistir às suas tentações.
139. Quais são os pecados proibidos no sétimo mandamento? 
Os pecados proibidos no sétimo mandamento, além da negligência dos deveres exigidos, são: adultério, fornicação, rapto, incesto, sodomia e todas as concupiscências desnaturais; todas as imaginações, pensamentos, propósitos e afetos impuros; todas as comunicações corruptas ou torpes, ou o ouvir as mesmas; os olhares lascivos, o comportamento impudente ou leviano; o vestuário imoderado; a proibição de casamentos lícitos e a permissão de casamentos ilícitos; o permitir, tolerar ou ter bordéis e a frequentação deles; os votos embaraçadores de celibato; a demora indevida de casamento; o ter mais que uma mulher ou mais que um marido ao mesmo tempo; o divórcio ou o abandono injusto; a ociosidade, a glutonaria, a bebedice, a sociedade impura; cânticos, livros, gravuras, danças, espetáculos lascivos e todas as demais provocações à impureza, ou atos de impureza, quer em nós mesmos, quer nos outros.
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Notas:

[1] Cf. Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_dos_Namorados). Acessado: 15/05/14 às 01:00
[2] Cf. o Vídeo Aqui ( https://www.youtube.com/watch?v=vzTEhl-XseM )

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Fonte: Bereianos
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domingo, 8 de junho de 2014

A Lei da Palmada e o desafio cristão

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Por Leonardo Bruno Galdino

Irmãos,

estamos diante de uma situação delicada. Refiro-me ao Projeto de Lei 7.672 — também conhecido como a “Lei da Palmada” —, que desde 2010 tramitava no Congresso e foi aprovado na última quarta-feira pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Em resumo, é isso: os pais estarão proibidos de castigarem fisicamente os seus filhos. A invasão do estado (que é um governo) à soberania da esfera familiar (que também é um governo) caminha a passoscada vez mais galopantes em terra brasilis.

O apóstolo Paulo ensina que toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para oensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim deque o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Timóteo 3.16-17). Ora, se é verdade que "A Escritura não pode falhar" (João 10.35), então é fato que essa proibição absurda produzirá o que países como a Suécia — o primeiro a instituir uma Lei da Palmada, em 1979 — está experimentando: uma geração de crianças mimadas e mal preparadas para a vida adulta. E isso é o mínimo, pois sabemos que efeitos muito mais devastadores para a sociedade poderão decorrer daí (criminosos de toda espécie, por exemplo).

"A Escritura não pode falhar".

Provérbios 29.15 diz que a vara e a disciplina dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma vem a envergonhar a sua mãe”. Diz também que filhos corrigidos trazem “descanso” e “delícias” à alma dos seus pais (Corrige o teu filho, e te dará descanso, dará delícias à tua alma” — Provérbios 29.17). A experiência sueca (e agora a do Brasil, daqui para a frente) poderia ser bem diferente caso esse preceito fosse aplicado.

A referida Lei tem o objetivo expresso de “estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante”. Mas vejam como a definição que a alínea I do Parágrafo Único dá a “castigos físicos” é elástica:
Ação de natureza disciplinar ou punitiva com o uso da força física que resulte em sofrimento ou lesão à criança ou ao adolescente”.

Vocês concordam que um simples segurar o filho pelo braço (que é uso da força física) e lhe dar umas broncas poderá ser enquadrado como castigo físico, uma vez que poderá resultar em “sofrimento” para a criança? OK, vocês podem até não concordar que poderá resultar (e, de fato, poderá mesmo não resultar). Mas o fato é que, para o estado, i-ne-vi-ta-vel-men-te resultará, não tenham dúvida. Muita coisa (para não dizer tudo) poderá resultar em sofrimento para a criança: bastará o estado definir o quê. Aparentemente, é por amor aos menores que esse tipo de lei é pensado. Mas a Escritura, que, lembrando, “não pode falhar”, diz que privar a criança do castigo físico é, na verdade, odiá-la: “O que retém a vara aborrece [no hebraico, odeia] a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina” (Provérbios 13.24).

É evidente que não estou a defender aqui a violência contra as nossas crianças. Provérbios 19.18 alerta: “Castiga a teu filho, enquanto há esperança, mas não te excedas a ponto de matá-lo”. O fato de achar essa lei absurda não significa que a violência contra a criança não existe. Sim, ela existe, e eu mesmo conheço casos e mais casos de pais que se excedem no castigo que infligem aos seus filhos quase “a ponto de matá-los”. Mas o fato é que o disparate dessa gente é tanto que rebatizaram a então Lei da Palmada para “Lei Menino Bernardo”, em homenagem a Bernardo Boldrini, que foi covardemente assassinado pelo pai e pela madrasta. Ou seja, "o pai que dá um tabefe na bunda de um moleque mal educado é rebaixado à condição de potencial psicopata que pode eventualmente matá-lo e dar um sumiço em seu corpo", como bem colocou Guilherme Macalossi. Querem exemplo maior de loucura?

A bancada evangélica no Congresso resistiu, mas não foi suficiente: a lei foi aprovada com unanimidade de votos. O marxismo, em sua guerra contra a família, acaba de ganhar mais uma batalha. Os pais serão ameaçados pelos próprios filhos, como já pude ouvir de um irmão da igreja em que sirvo.
  
desafio que temos pela frente é grande, pois quando o estado legisla contra a Palavra de Deus nós somos chamados a resisti-lo (cf. Atos 5.29). A Escritura diz que a criança não é o anjinho que o pensamento politicamente correto pinta. Pelo contrário, a estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela (Provérbios 22.15). Se de fato amamos as nossas crianças, deveremos desobedecer ao estado neste particular. Como está escrito, não retires da criança a disciplina, pois, se a fustigares com a vara, não morrerá. Tu a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do inferno (Provérbios 23.13-14). A única coisa que a Lei da Palmada fará é povoar o lugar que Deus preparou para o diabo e seus anjos.

Que Deus proteja as nossas famílias do deus-estado e nos dê a sabedoria necessária tanto para enfrentá-lo como também para educar as nossas crianças no Seu temor.

Amém!

Para discussão: desobedecer ao estado mesmo correndo o risco de perder aguarda da criança? Qual a alternativa diante desse risco e do risco de repetir a experiência sueca (que já é a experiência de muitas famílias brasileiras)?

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Fonte: Optica Reformata
Via Bereanos
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sábado, 7 de junho de 2014

Ação de evangelismo: “mendigo” pede abraços ao invés de esmolas e emociona passageiros; Assista

Por Tiago Chagas
Ação de evangelismo: “mendigo” pede abraços ao invés de esmolas e emociona passageiros; Assista

Uma ação de evangelismo que usou meios incomuns e muita criatividade se tornou um viral nas redes sociais, com inúmeros compartilhamentos e certeza de que a Palavra de Deuspode ser levada a qualquer lugar, em qualquer circunstância.
A ideia do projeto Operação Evangelismo era atrair a atenção de passageiros de ônibus e para isso um ator se caracterizou de mendigo, mas não pedia esmolas, e sim,abraços. Junto com o ator, a equipe de filmagem e outros voluntários seguiam disfarçados. Quando alguém cedia ao apelo do “mendigo” e dava um abraço no ator, os demais participantes aplaudiam.
O que acontecia na sequência era o mendigo usar a situação protagonizada por ele mesmo como ilustração do amor de Deus. Resultado: duas conversões, treze abraços dados, e 244 pessoas evangelizadas.
“Pensamos em uma forma de mostrar o pecado das pessoas que antes só ouviam falar pecado, mas não tinha alguma ilustração sobre ele” disseram os idealizadores do projeto. “As ideias são direcionadas por Deus, pois não queremos fazer nada por emoção ou agito. Oramos e pedimos uma direção d’Ele para que façamos um evangelismo impactante”, acrescentam.
Fonte:gospelmais

Casal de pastores unge vinho da Santa Ceia e gera polêmica

O ato profético usou taças com água que receberam vinho
por Leiliane Roberta Lopes

Casal de pastores unge vinho da Santa Ceia e gera polêmicaCasal de pastores unge vinho da Santa Ceiae gera polêmica
O apóstolo Agenor Duque e sua esposa, Ingrid Duque, da Igreja Apostólica Plenitude do Trono de Deus, geraram polêmica nasredes sociais por conta de uma nova campanha.
Fotos publicadas no perfil oficial da denominação no Facebook mostram o 1º dia da campanha “Domingo Provadores de Milagres” que aconteceu no dia 25 de maio.
As imagens mostram o casal com as mãos dentro de grandes taças com vinho da Santa Ceia. O ato profético começou com as taças cheias de água e depois o apóstolo foi adicionando vinho criando uma mistura que em seguida recebeu a benção dos líderes da denominação.
Muitas pessoas entraram na fanpage da igreja para criticar as imagens dizendo que os atos proféticos não possuem validade espiritual e que são apenas encenação.
santa ceia ungida Casal de pastores unge vinho da Santa Ceia e gera polêmica
Diante das críticas os responsáveis pela página no Facebook excluíram as imagens onde o casal aparece com as mãos dentro das taças deixando apenas outras fotografias do culto mostrando, inclusive, outros atos proféticos realizados naquela noite.
Fonte:gospelprime

Bíblia "Free Style": libertinagem gratuita e sem estilo

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Por Norma Braga


O pastor reformado Ageu Magalhães esteve em um programa de entrevistas na TV para debater com o pr. Ariovaldo Júnior (não é filho do pr. Ariovaldo Ramos!), autor da chamada "Bíblia Free Style". As impressões do pr. Ageu sobre o entrevero (muito polido, por sinal) são descritas aqui. Recentemente, Yago Martins e Felipe Cruz fizeram um vídeo que contribuiu para a discussão, abordando pontos que ficaram de fora na entrevista. Não resisti e resolvi também, como profissional do idioma, apresentar minhas contribuições ao assunto.

Primeira. A linguagem que escolhemos usar está sempre em estreita correlação com a mensagem que pretendemos passar. A paródia free style, em primeiro lugar, não é free style ("estilo livre"), mas adota um "style" só: o de uma linguagem chula, descuidada e vulgar, que nas situações de vida real só surge em contextos muito específicos de informalidade, intenção humorística, desejo de chocar ou insultar o interlocutor. Ao uniformizar todas as situações de discurso da Bíblia (que contém momentos de ensino, exortação, argumentação filosófico-existencial etc.) fazendo-as caber em contextos descontraídos - como se todos os personagens bíblicos estivessem sempre na praia, de roupas de banho, conversando com amigos íntimos e ocasionalmente falando palavrão -, o autor da "free style" demonstra um desconhecimento completo do conceito linguístico da ADEQUAÇÃO. Por utilizar somente um registro informal e chulo, a versão deve ser considerada imprópria por todo aquele que tem não só amor pela Bíblia, mas também amor pela linguagem, pura e simplesmente. Não se trata só da presença de palavrões (falei sobre eles aqui). A formalidade, a contenção, o cuidado com a correspondência entre o que se diz e como se diz (para sentidos altos, palavras respeitosas), tudo isso faz parte da vida e necessariamente se reflete na linguagem. O tradutor que nega isso acaba negando a própria realidade, com toda a sua dinâmica e relações multicolores, plurais.

Segunda. Ao chegar aos evangelizáveis com essa informalidade excessiva, alegando ser esta a linguagem do público-alvo, os utilizadores da "free style" caem em um erro grave. Será que toda prostituta, todo presidiário, todo viciado em drogas e todo morador de rua usam necessariamente, o tempo todo, com todo mundo, uma linguagem chula, descuidada e vulgar? Claro que não. (Que mico: é como abordar todo mundo na rua com risadas e tapinhas nas costas. Coisa de quem quer forçar a amizade.) E será que todas essas pessoas realmente preferirão ouvir pregações bíblicas em uma linguagem chula, descuidada e vulgar? Muito menos! Quem se expressa impropriamente sabe que o faz e provavelmente não gostaria de ver essa linguagem imprópria misturada com pregação religiosa. Sem medo de errar, conhecendo várias experiências de missões urbanas, afirmo que, nesses grupos, a maioria não responderá positivamente a isso. Ao demonstrar tremendo descaso com a Palavra de Deus, envolvendo em baixo calão a mensagem de um Deus santo, tais idealizadores rebaixam ainda mais o que creem ser o padrão linguístico de seus evangelizados. Nas palavras de um amigo, "o Ariovaldo se torna pior que o desbocado comum por querer sacralizar o palavrão como socialmente aceitável em termos absolutos, coisa que nem o xingador comum faz". Ora, o contraste entre obscenidade na forma e santidade de conteúdo é chocante, evidentemente; com isso, os defensores freestylianos se inserem na velharia de uma cultura que, há pelo menos cinquenta anos, agride orgulhosamente o que considera tradição e bom senso com sua pretensa "liberdade". De fato, seria mais honesto que parassem de usar o campo missionário como pretexto para essas atividades textuais grotescas e tivessem a coragem de admitir o que me parece arbitrária preferência pessoal.

Prostitutas, moradores de ruausuários de drogas e presidiários, como alvos da pregação do Evangelho, merecem exatamente o mesmo tratamento que qualquer outra pessoa. Escolher uma linguagem de baixo nível para essas pessoas na atividade de evangelização é, com todas as letras, preconceito. Se não é conveniente que o cristão use tal linguagem, não a utilizemos de modo algum. Não só porque é pecado, nem apenas em respeito pela Bíblia, mas também por amor aos evangelizados, que em missões urbanas dificilmente serão amigos íntimos. O argumento de que, nesses grupos, muita gente precisará de uma linguagem mais simplificada é respondido de modo também simples: cabe ao evangelista comunicar a Palavra de Deus com suas próprias palavras, personalizando-a de acordo com cada ouvinte, como muitos já fazem; e, caso haja necessidade de uma versão bíblica mais acessível, elas existem e não cedem um milímetro à vulgaridade de uma "Bíblia" que, dizendo-se free, enreda de saída os possíveis novos convertidos em uma atmosfera mundana da qual eles deveriam ser incentivados a se libertar.

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Fonte: Blog da autora

Leia também: Uma análise sobre a "Bíblia Freestyle"

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