Ao meditarmos no Salmo 77, especificamente nos versículos 11 a 14, nos
transporta de um estado de angústia e dúvida para uma renovada certeza:
"Deus faz maravilhas". O salmista, em meio à sua aflição, encontra o
ponto de virada na decisão consciente de relembrar. A lembrança não é um
exercício nostálgico vazio, mas um ato de fé poderoso, focando nas obras do
Senhor e nas Suas "maravilhas da antiguidade". Esse registro
histórico das ações divinas serve como um farol na escuridão, provando que o
poder e a fidelidade de Deus não são conceitos abstratos, mas sim fatos
concretos e verificáveis.
O cerne dessa redescoberta reside na meditação e na proclamação. O salmista
promete: "Meditará também em todas as tuas obras e falarei dos teus
feitos" (v. 12). A reflexão profunda sobre a magnitude dos atos de Deus
leva inevitavelmente à fala e ao testemunho. É impossível guardar para si a
grandeza de um Deus que age de forma tão extraordinária. Essa meditação
transforma a perspectiva, tirando o foco das preocupações imediatas e
direcionando-o para a eternidade e a soberania divina, reafirmando que a natureza
de Deus é a de um ser que atua na história, intervindo com poder e graça.
Essa jornada reflexiva culmina no reconhecimento da santidade e
singularidade de Deus. O salmista questiona: "O teu caminho, ó Deus, está
no santuário. Que deus é tão grande como o nosso Deus?" (v. 13). O
"santuário" representa o lugar da revelação e da santidade,
implicando que os caminhos de Deus são puros, justos e inigualáveis. A pergunta
retórica estabelece um contraste absoluto: não há divindade que se compare ao
Senhor em poder, glória ou moralidade. A santidade de Seus caminhos é a base da
Sua capacidade de operar de maneira sobrenatural, estabelecendo-o como o único
digno de confiança plena.
O clímax da passagem é a declaração inequívoca da identidade divina:
"Tu és o Deus que fazes maravilhas; tu fizeste notória a tua força entre
os povos" (v. 14). Esta frase encapsula a essência da fé do salmista. O
poder de Deus não é oculto ou inerte; Ele é ativo e operante, tornando a Sua
força manifesta publicamente, não apenas para um indivíduo, mas "entre os
povos". Esta maravilha é a prova visível da Sua deidade. É a manifestação
da Sua capacidade de realizar o impossível, de redimir e de transformar situações
que para o homem são irresolúveis.
Portanto, Salmo 77:11-14 nos ensina que a fé inabalável diante da
adversidade nasce da memória e da meditação. Ao olharmos para trás e
recordarmos as "maravilhas da antiguidade" – os milagres, as
provisões, e os livramentos de Deus – somos capacitados a ver o presente com a
certeza do Seu poder inigualável. O Senhor, cujos caminhos são de santidade, é
o Deus que continua a operar prodígios. Essa lembrança é o antídoto para a
dúvida e o fundamento para uma vida de louvor e confiança, pois se Ele fez
maravilhas no passado, certamente continuará a fazê-las para aqueles que Nele
confiam.
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