André. (Foto: Portas Abertas)
O missionário conhecido mundialmente deixou um legado de 67 anos de trabalho pela Igreja Perseguida.
Faleceu nesta terça-feira (27), em sua casa na Holanda, aos 94 anos de idade, o missionário Anne Van der Bijl — conhecido simplesmente como Irmão André.
Entregar Bíblias “clandestinamente” na antiga União Soviética se tornou uma missão para ele. Conhecido também como “Contrabandista de Deus”, seu legado de mais de 67 anos de trabalho pela Igreja Perseguida inspira muitos cristãos até o dia de hoje.
O fundador da Portas Abertas — ministério internacional em favor dos cristãos perseguidos — começou seu trabalho em 1955, quando foi com uma delegação holandesa ao Festival Mundial da Juventude Comunista na Polônia.
Foi lá que ele descobriu uma igreja cristã por trás da Cortina de Ferro que precisava de Bíblias desesperadamente. E ali o Irmão André distribuiu uma mala cheia de literatura cristã, marcando assim o humilde início da organização.
Sobre o Irmão André
Nascido num pequeno vilarejo na Holanda, no dia 11 de maio de 1928, um dos seis filhos de um ferreiro e de uma dona de casa, se transformou num “grande missionário”.
Ele teve um encontro com Deus depois que começou a ler a Bíblia, em 1949, aos 21 anos. “Não havia muita fé em minha oração. Apenas disse: Senhor, se me mostrares o caminho, eu te seguirei”, ele contou em certa ocasião.
“A Palavra de Deus transforma as pessoas e elas mudam as situações ao seu redor”, ele afirmava.
O jovem Anne passou por diversas dificuldades familiares e tinha o desejo por desafios — isso o levou até a guerra da Holanda contra a Indonésia. “Ele era sedento por uma aventura que fizesse a vida valer a pena”, conforme a Portas Abertas.
Porém, as duras consequências das batalhas, como sofrimento e mortes, frustraram o soldado. Foi após levar um tiro na perna, que Anne foi conduzido, gradativamente, aos caminhos do Senhor.
“Com uma nota no vento berrando para mim para não ser tolo, entreguei-me a Deus por completo — corpo, alma, espírito e aventura”, declarou certa vez.
Assim que começou a viajar contrabandeando Bíblias por países comunistas como Tchecoslováquia, Iugoslávia, Romênia e Bulgária, Anne ganhou o fusca azul como companheiro para as viagens. O carro rodava pelas estradas abarrotado de Bíblias, livros e suprimentos para as pessoas em campos de refugiados.
Os relatos sobre a vida e começo do ministério do Irmão André são encontrados no livro “O Contrabandista de Deus”, que se tornou um best-seller. Nele, estão registradas suas viagens para países da chamada “Cortina de Ferro”, fechados ao Evangelho, com a finalidade de levar Bíblias para cristãos locais.
O Irmão André foi casado por 59 anos com Corry, que faleceu em 23 de janeiro de 2018. Eles deixam cinco filhos e onze netos.
“Fortaleça o que resta e que estava para morrer”
Sabe-se que a base bíblica para o início do trabalho missionário foi Apocalipse 3.2: “Esteja atento! Fortaleça o que resta e que estava para morrer”.
Com esse foco espiritual, a Portas Abertas completou 67 anos de ministério em 2022 e já alcança mais de 60 países.
A missão conta com mais de 1.400 colaboradores globalmente, com o propósito de apoiar e fortalecer cristãos perseguidos e igrejas em países onde há perseguição aos que se declaram cristãos.
O Irmão André sempre dizia: “Nossa missão se chama Portas Abertas porque acreditamos que todas as portas estão abertas, em todo o tempo e qualquer lugar. Eu literalmente acredito que toda porta está aberta para ir e pregar o Evangelho, desde que você esteja disposto a ir e não esteja preocupado em voltar”.
Para o secretário-geral da Portas Abertas no Brasil, Marco Cruz, “o irmão André, nos deixa um exemplo de obediência ao Senhor e ao seu chamado. Foi obediente ao ponto de colocar muitas vezes em risco a sua própria vida”.
“Ele não media esforços para seguir o chamado recebido de Deus e servir aos cristãos perseguidos. Como ele mesmo dizia: ‘Claro que é perigoso, mas é mais perigoso não obedecer a Deus. Segurança é algo que não está em jogo quando se trata da Grande Comissão’”, citou.
‘Somos gratos pela vida e legado do nosso querido Irmão André’
Estima-se que o Irmão André tenha visitado 125 países e percorrido mais de um milhão de milhas em suas viagens para pregar o Evangelho e fazer amizade com pessoas em necessidade.
Sua amizade e amor a Deus o levaram a reuniões privadas com líderes de vários grupos fundamentalistas. Ele foi um dos poucos líderes ocidentais que regularmente ia a esses grupos como um embaixador de Cristo.
Seu livro de 2004, “Força da Luz: uma tocante história da igreja pega no meio do fogo cruzado no Oriente Médio”, em co-autoria com Al Janssen, conta sobre seu evangelismo no Oriente Médio.
Um outro livro, também em co-autoria com Al Janssen, publicado em 2007, foi “Cristão Secretos: o que acontece quando muçulmanos creem em Cristo”.
IO Irmão André levou a Portas Abertas a lugares onde a maioria dos cristãos não iria. Sua rede subterrânea de cristãos locais ajudou na distribuição de milhões de Bíblias a cada ano em todo o mundo, bem como no treinamento de centenas de milhares de líderes cristãos.
Conforme a organização, o ministério também assiste a Igreja Perseguida por meio de ajuda socioeconômica, alfabetização, treinamento vocacional, entre outras frentes de atuação, nos países mais perigosos do mundo.
“Somos imensamente gratos pela vida, exemplo e legado do nosso querido Irmão André. Saber que ele não estará mais conosco nos deixa com o coração pesado e triste. Por outro lado, temos o desafio e a responsabilidade de continuar o seu trabalho de apoio à Igreja Perseguida”, disse ainda Marco Cruz.
“Ele mesmo disse: ‘Todo cristão que sofre por causa de sua fé deve ser lembrado e apoiado por outros cristãos. Enquanto existir um cristão preso por sua fé em Jesus Cristo, eu não sou livre’”, lembrou Marco Cruz ao concluir.
O Guiame sente muito pela morte do Irmão André e ora pelo conforto da família e amigos que se despedem do grande missionário.
Irmão André. (Foto: Portas Abertas)
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DE PORTAS ABERTAS
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