quarta-feira, 30 de novembro de 2011

PODE O PASTOR COBRAR PARA PREGAR?


Por Renato Vargens


Lamentavelmente se tornou comum os pastores cobrarem para pregar o Evangelho da Salvação Eterna. Infelizmente sei de casos de pastores cobrando até R$ 15 mil para "ministrar" numa conferência. Além disso, muitos destes exigem hotel 5 estrelas, cardápio variado, carro do ano a disposição e segurança full time. 

Pois é, definitivamente a pregação do Evangelho tornou-se um grande bussinessonde o mais importante é fechar bons negócios. 

Caro leitor, eu sou absolutamente contra aqueles que cobram para pregar. Jesus nunca cobrou para anunciar a salvação, como também nenhum dos apóstolos estabeleceram cachê para anunciar Cristo.   Paulo, apesar de ter experimentado em seus ministério  necessidades que envolvem a obra missionária, nunca exigiu que a igreja lhe enviasse ofertas, antes recebia de bom grado e com ações de graças aquilo que lhe era enviado. A verdade é que nenhum dos apóstolos do Senhor jamais estipularam uma quantia para pregar a palavra de Deus em alguma cidade.

Agora em contrapartida, existem igrejas que tratam o obreiro com enorme descaso. Há pouco soube de um fato escabroso. Uma proeminente comunidade cristã convidou um pastor para pregar em uma conferência. O pastor convidado era de um estado diferente da igreja, o que exigiu com que a viagem acontecesse no seu  próprio carro. Durante três dias o pastor pregou intermitentemente o Evangelho. Ao final do congresso, os seus anfitriões, lhe estenderam a mão agradecendo a sua vinda sem contudo lhe dar uma oferta sequer, isso sem dizer que os hospedeiros tiveram a cara de pau de não pagar as despesas relacionadas a viagem do seu convidado.  

Um amigo meu, líder de uma grande missão brasileira relata que não são poucas as vezes, que recebe de oferta R$ 50,00. Ele conta, que volta e meia viaja horas de carro, ônibus ou avião, se ausentando da igreja a qual é pastor, deixando em casa mulher e filhos, e que ao final da conferência recebe  no máximo 100 pratas de oferta.

Prezado amigo, vamos combinar uma coisa? Sou absolutamente contra quem cobra para pregar o Evangelho, entretanto, não concordo com aqueles que agem com descaso não horando com dignidade os seus convidados. Há pouco, soube de um relato de um pastor que foi convidado para ser preletor de uma grande conferência, não é que a igreja que o convidou queria cobrar dele a inscrição no congresso? Veja bem, ele seria o preletor, e ainda assim queriam que ele pagasse a inscrição, mesmo porque, ele iria comer no local. Ora, isso é um deboche!

Pois é, bom senso nessas horas é fundamental. Sem sombra de dúvidas o pastor não deve cobrar para pregar, mas em contrapartida a igreja deve tratar seus convidados com decência e dignidade. Tirar o pastor de sua igreja e família e lhe dar "esmolas" ao final do culto afronta os ensinos bíblicos.

Diante disto minha sugestão é que a igreja pense duas vezes em convidar alguém para pregar. Se ela não tem condições de arcar com as despesas relacionadas a hospedagem, transporte e oferta, é melhor não convidar.  Se não possui condições de cobrir as despesas mínimas, não convide ninguém, se organize, se capitalize, e no tempo certo convide alguém para pregar.

Pense nisso!

Fonte: Blog Renato Vargens

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

CRISTÃOS VIETNAMITAS RELEMBRAM OS MÁRTIRES DO PAÍS


Cristãos doVietnã estão relembrando os 117 mártires do seu país que sofreram por amor ao Evagelho de Jesus. Uma pequena parte dos cerca de 130 mil cristãos foi morta por testemunharem sua fé durante a perseguição feita por reis vietnamitas. 
O Cardeal disse que “o sangue dos mártires é a semente da fé de que Deus continua a derramar em nosso país nos vários períodos históricos de dificuldades e mudanças. Não há apenas o sangue dos mártires, mas há também as doces lágrimas das famílias e comunidades católicas e nossos antepassados no Vietnã. Tudo que vocês tem sacrificado para servir a Deus, à Igreja e à sociedade. Hoje nós mostramos nossa gratidão aos mártires do Vietnã e nossos antepassados, e oramos a Deus pela Igreja de hoje, pedindo que o Senhor nos dê a água da fonte, as sementes do crescimento da Igreja e da sociedade no presente e no futuro”.

Cardeal Phạm Minh Mẫn também falou na conferência, destacando que “cada um deve refletir e identificar os obstáculos que estão no caminho para renovação, examinar a causa raiz e encontrar um caminho para sair do ciclo vicioso, que impede a expansão da comunhão da igreja e da sociedade. O objetivo é trazer os valores do evangelho e vida humana para os dias atuais da família, economia, política e sociedade. Esse é  o caminho para ser parte da missão da ova Evangelização, e acompanhar Jesus servindo para a vida e desenvolvimento da família”.
O Bispo Auxiliar Peter Nguyễn Văn Khảm pregou na celebração dos Mártires do Vietnã. Ele enfatizou que “comemorar os mártires não é apenas um caminho para demonstrar respeito pela santidade deles, mas também para promover um espírito de martírio como o deles. Estar presente significa sermos mártires bravos, testemunharmos as Boas novas de Deus e demonstrarmos o amor de Jesus em qualquer circunstância”. 
FonteAsia News
TraduçãoCecília Padilha

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

COMPROMISSO DE AMOR


O Compromisso da Cidade do Cabo é o documento final do Congresso Lausanne 3, ocorrido em outubro de 2010, na Cidade do Cabo, África do Sul. Já traduzido para o português, ele será lançado hoje à noite, em formato impresso, pela Editora Encontrão em co-produção da Editora Ultimato. O lançamento será feito no 1º Fórum da Aliança Evangélica, em Brasília (DF).
 
Leia abaixo o artigo escrito por Klênia Fassoni sobre o Compromisso da Cidade do Cabo – uma declaração teológica que mostra que o amor é a mola propulsora da responsabilidade da igreja no mundo.
 
Uma declaração de amor
O Compromisso da Cidade do Cabo, produzido por Lausanne 3, tem como subtítulo “uma declaração de fé e um chamado para agir”. Mesmo que o documento seja um minicompêndio de teologia, o subtítulo mais correto seria “uma declaração de amor e um chamado para agir”. A palavra “amor” aparece cem vezes, além das 98 vezes em que o verbo “amar” é usado. O amor é colocado como a mola propulsora para a missão da igreja e essa mesma ênfase permeou todo o conteúdo e metodologia do congresso (dramatizações, músicas, imagens, testemunhos, mesas de estudo, oração).
 
Os relatores justificam: essa “declaração foi firmada na linguagem do amor, pois o amor é a linguagem da aliança, e as alianças são uma expressão do amor redentor de Deus [...]. Como Deus é amor, o amor permeia todo o seu ser e todas as suas ações”. E reconhecem: “Quando afirmamos nossas convicções e nosso compromisso em termos de amor, estamos assumindo o mais “básico” e o mais “difícil” de todos os desafios bíblicos”.
 
Será muito bom trazermos à memória a forma como o amor de Cristo nos alcançou para, em seguida, renovarmos o nosso amor por ele. É por isso que Paulo, em Efésios (a carta foi estudada em pequenos grupos durante o congresso), ora para que Cristo habite em nós a fim de que possamos, juntamente com todos os santos, compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejamos cheios da plenitude de Deus.
 
O Compromisso da Cidade do Cabo está dividido em duas partes: “Para o Senhor que amamos; o nosso compromisso de fé” e “Para o mundo em que servimos; o nosso compromisso de agir”. A primeira parte, entregue aos participantes, é composta de dez itens, todos iniciados com a expressão “nós amamos”. 
 
E assim transcorrem 21 páginas de declarações em amor: “Renovamos o nosso compromisso de não “flertar” com o mundo caído nem com suas paixões transitórias”, “amamos a Bíblia ‘como uma noiva ama as cartas de seu noivo’, não pelo papel propriamente dito, mas pela pessoa que fala por meio dele”, “o mais elevado de todos os motivos missionários não é a obediência à Grande Comissão nem o amor pelos pecadores que estão perecendo, mas ‘o zelo apaixonado’ pela glória de Jesus Cristo”.
 
As declarações abrangem todas as áreas da missão. A missão é a missão de Deus, que nasce do seu amor por todas as coisas criadas e que consiste em fazer convergir a Cristo todas as coisas no céu e na terra, reconciliando-as por meio de sua cruz (“Deus em Cristo reconciliando consigo todas as coisas” era o tema de Lausanne 3). Essa missão deve ser o nosso foco, o nosso chamado e a nossa paixão. O amor a que o Espírito de Deus nos inspira tem repercussões horizontais: é dele que vem a motivação de amar todos os povos, rejeitando qualquer forma de racismo e etnocentrismo e exigindo solidariedade e justiça, e de desejar que todas as nações o conheçam. 
 
Somos chamados também a ser uma comunidade que demonstre o amor de Deus. O Compromisso lembra que tanto o mandamento de Jesus de amarmo-nos uns aos outros como a sua oração (“para que todos sejam um”) são missionais: “Com isto todos saberão que sois meus discípulos” e “para que o mundo creia que tu [o Pai] me enviaste”. Esse é o grande desafio para o povo de Deus -- “aqueles de todas as ‘eras’ e ‘nações’ que Deus em Cristo amou, escolheu, chamou e santificou como seu povo”.
 
Neste mundo corrompido, temos sido apenas um reflexo fraco do amor, da alegria e da paz, não a noiva radiante de Cristo. Porém, o valor testemunhal de uma comunidade de amor é vital em lugares de sofrimento intenso -- onde falar de um Deus amoroso parece brincadeira -- ou em meio ao secularismo e à globalização, onde as relações são superficiais.
 
Que o amor, fruto do Espírito Santo, cresça em nós! E que ele, o Espírito missionário do Pai missionário e do Filho missionário, sopre vida e poder na igreja missionária de Deus.
 
Para os organizadores de Lausanne 3, a forma como a igreja vai receber o Compromisso da Cidade do Cabo será, em boa parte, o impacto do congresso. O documento pode e deve ser copiado, reproduzido, estudado e adaptado em sermões e estudos bíblicos. As igrejas, os seminários e as organizações evangélicas devem se apropriar desse material. Em breve estará disponível também o guia de estudos.

 
Nota
Artigo publicado originalmente na revista Ultimato nº 328 (jan-fev/2011).

sábado, 19 de novembro de 2011

PASTOR IRANIANO CONTINUA SENDO PRESSIONADO NA PRISÃO


Pastor Yousef foi condenado à morte há um ano, depois de ser sentenciado pelo tribunal de apelações em Rasht, no Irã. Ele está preso e sua saúde está se deteriorando na prisão, de acordo com um dos membros da igreja do pastor.
Ele também disse que a comunicação com Yousef é muito limitada, mas que as fontes mais próximas do pastor dizem que ele está constantemente sendo torturado, tanto fisicamente como psicologicamente.
O tribunal de Rasht está ainda esperando para pronunciar o veredito final sobre o caso de Yousef. Fontes disseram que quando existe um grande silêncio para o tribunal se manifestar, é sinal de um mau presságio. Ao invés de pronunciar o veredito, o caso foi mandado para a autoridade islâmica do país, o aiatolá Aki Khamenei.
Enquanto está preso, as autoridades continuam pressionando o pastor Yousef a negar a sua fé enquanto está na prisão. No mês passado, alguns funcionários do governo lhe deram livros e folhetos islâmicos, para que ele desacredite na Bíblia ao ler o conteúdo do material.
Segundo boatos, a decisão sobre o caso do pastor pode ser divulgada na segunda metade de dezembro. Alguns acreditam que a sentença será divulgada perto da data do Natal para que a decisão não receba tanta atenção como recebeu nos últimos meses.
Continue orando pelo pastor Yousef e por sua família. Peça que Deus o proteja de todo mal dentro da prisão, sendo luz em meio às trevas. Peça também por sua família, para que sejam confortados e consolados no Senhor e que tenham paciência para esperar a vontade de Deus se concretizar nesse momento tão difícil.
FonteCompass Direct
TraduçãoLucas Gregório
Fonte: Missão Portas Abertas

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

ATAQUE A IGREJAS DA NIGÉRIA DEIXA 150 MORTOS

Militantes islâmicos gritando “Allahu Akbar”, ou ‘Alá é grande’, executaram ataques coordenados com bombas e armas contra igrejas e delegacias de polícia no norte da Nigéria, matando pelo menos 150 pessoas e ferindo outras 100, confirmaram os assistentes humanitários e testemunhas no dia 5 de novembro.O grupo militante Boko Haram, ou ‘A educação ocidental é um pecado’, reivindicou responsabilidade pelo que o presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, descreveu como violência “hedionda” em Damaturu, capital do estado de Yobe.
A confirmação dos ataques de sábado, 5 de novembro, veio quando parentes de luto assustados tentavam sair de suas casas para começar a sepultar seus mortos.
Boko Haram, que busca implementar a shariah, ou lei islâmica, em toda a nação de mais de 160 milhões de pessoas, prometeu mais ataques.
Um grupo de assistência humanitária da Cruz Vermelha e testemunhas disseram que os combates começaram na sexta-feira, 4 de novembro, próximo a Damaturu, capital do estado de Yobe, quando um carro bomba explodiu do lado de fora de um prédio de três andares usado como escritório militar e alojamento, com muitos agentes de segurança uniformizados mortos com a explosão.
O Tenente-Coronel Hassan Mohammed disse aos repórteres que os agressores “suicidas”, dirigindo um veículo utilitário esportivo preto, detonaram seus explosivos próximo ao portão do prédio usado pela Força-Tarefa Conjunta, a unidade militar empregada para conter a violência no local.
IGREJAS ATACADAS
Várias outras delegacies de polícia e seis igrejas também foram atacadas, disseram os moradores e assistentes humanitários. Entre as áreas alvejadas pelos militantes estava Jerusalém, uma vizinhança predominantemente cristã, de acordo com testemunhas.
Um morador, Isa Jakusko, foi citado pela Agência de Notícias Francesa AFP dizendo que a cidade tinha sido lançada no caos. “Houve diversas explosões de bombas e tiroteio. Enquanto estou falando com vocês, ainda há troca de tiros entre os agressores e o pessoal da segurança, com os agressores gritando ‘Allahu Akbar’”, ele teria dito.
Tiros ainda teriam sido ouvidos no sábado, 5 de novembro, de partes diferentes da cidade, com o céu negro de fumaça, aparentemente de prédios em chamas.
Em outra parte do norte do país, centenas de jovens realizaram protestos furiosos após homens armados terem aberto fogo contra uma congregação de cristãos que oravam em um vilarejo, no estado de Kaduna, durante a noite, disseram testemunhas. 
O ataque ocorreu em uma área onde centenas de pessoas foram mortas na violência que irrompeu após a vitória nas eleições de abril do Presidente Goodluck Jonathan, cristão, contra seu maior rival, Muhammadu Buhari, muçulmano.
VILAREJO SOB RAJADAS
Testemunhas disseram que homens armados também tinham atacado o vilarejo próximo de Potiskum e a cidade de Maiduguri mais cedo e tinham se engajado em várias horas de batalha armada com as forças de segurança, disseram testemunhas.
Em outro lugar, no norte do país, jovens protestaram contra um ataque mortal a uma igreja no vilarejo de Tabak, região do estado de Kaduna, disseram ativistas cristãos a Worhty News.  
Jovens bloquearam estradas durante a noite para um ataque na quinta-feira, 3 de novembro, contra uma reunião de oração da Igreja Católica Santo Agostinho, que deixou duas pessoas mortas, disse o grupo de advocacia Christian Solidarity Worldwide (CSW).
Testemunhas teriam dito que homens armados invadiram a igreja no final da reunião de oração, dispararam contra a congregação que consistia, em sua maioria, de mulheres e crianças, e escaparam para dentro da mata.
“Duas mulheres morreram no local, doze outras ficaram feridas nos braços e nas pernas e estão recebendo tratamento no Hospital S. Louis, próximo a Zonkwa”, disse a CSW em uma declaração a Worthy News.
“CONGREGAÇÃO INOCENTE”
O director de advocacia da CSW, Andrew Johnston, disse que o ataque “contra uma congregação inocente, de mulheres e crianças em sua maioria, é deplorável, e o fato de que pudesse ocorrer a despeito de forte presença militar na área é motivo de grande preocupação”.
Ele disse que seu grupo instou com o governo para que melhorasse a segurança, pois “é vital que esses ataques sejam interrompidos rapidamente de forma a restaurar a confiança e a segurança da população”. 
Fonte:portasabertas.org.br
FontePersecution
TraduçãoGetúlio Cidade

terça-feira, 15 de novembro de 2011

IMPUREZA SEXUAL:TEM CURA?

Outro dia tive uma conversa estimulante, mas também algo abaladora com um pastor, no final de uma palestra sobre educação. Na palestra eu havia mencionado um princípio do pensamento reformacional -- a ideia de que não há contradições estruturais na ordem criada. Assim, não há contradição essencial entre, por exemplo, a esfera da justiça e a da moral, ou entre a esfera estética e a esfera da fé, e assim por diante. Porém, uma das minhas alegações fez acenderem luzinhas no painel dos presentes, incluindo no do amigo pastor: a de que não haveria contradição estrutural entre as esferas biológica e psíquica e a esfera moral.

Ao término da exposição ele reagiu prontamente com uma questão muitíssimo prática: a tentação sexual: “Há pouco eu aconselhei um homem envolvido em adultério. O casal está aos poucos se refazendo, e a esposa está disposta a perdoar; quanto ao marido, ele deixou claro para mim que amava a sua esposa. Ele simplesmente foi fraco e caiu. Não lhe faltava amor; faltavam-lhe forças para resistir à tentação sexual. Mas isso não implica em uma contradição entre o nível biológico e o nível moral?”.

Sem dúvida, as impressões do pastor refletiam um lugar-comum da imaginação evangélica: a tentação seria uma fraqueza interna ao campo sexual, a ser vencida por meio de uma resistência ao desejo sexual, seja por uma intervenção diretamente biológica (arrancar os olhos, ou outra coisa, eventualmente) ou por uma equilibração psíquica. De um modo ou de outro, espera-se que o desejo sexual distorcido seja controlado. Mas se, enfim, perdemos o controle, é porque falta disciplina no trato com o desejo. Precisamos disciplinar o corpo, basicamente; dobrá-lo pela supressão do desejo.

Pois bem; essa é uma das mais falsas verdades que os cristãos gostamos de espalhar. É uma verdade, sim, que o corpo deve ser disciplinado, e o desejo controlado; não é o “domínio próprio” um fruto do Espírito? Entretanto, é uma baita falsidade que possamos controlar os desejos assim mecanicamente, ou mesmo “cirurgicamente”.

Imagine o mundo sem o pecado
Façamos alguns exercícios de imaginação cristã; imaginemos o mundo sem pecado. Nesse paraíso, Adão tem desejos de todos os tipos, incluindo os desejos sexuais. Esses desejos têm uma base instintiva biopsíquica, e são acionados automaticamente por sinais óbvios: a forma do corpo da fêmea, certas cores, certos cheiros etc. Adão está sujeito a tais estímulos exatamente como qualquer outro macho de sua espécie, sendo que sua sexualidade, nesse nível, tem forte analogia com a de outros animais.

Porém, Adão não é apenas um animal, feito de pó como todos os outros. Adão é o pó com o sopro divino, é o portador da imagem de Deus. De algum modo essa imagem está impressa no mesmo pó do qual as outras criaturas foram feitas, e entre as características particulares que Adão apresenta está a sua função moral. Adão é capaz de um altruísmo perfeito, muito além do altruísmo de cães e golfinhos. Ele é capaz de amar de forma pura, reconhecendo na forma da fêmea não um corpo adequado ao acasalamento, mas a superfície material de uma pessoa; não como mero objeto, mas como evento dotado de profundidade pessoal, como um Tu que precisa ser amado incondicionalmente por meio do trato que se dispensará ao seu corpo.

Teríamos aqui uma contradição estrutural? Haveria aqui um choque da dinâmica biopsíquica contra a dinâmica moral? Penso que temos excelentes razões para crer que não; não apenas razões teológicas (tudo o que Deus criou é bom), mas também filosóficas. Vou lançar mão aqui da noção de sobredeterminação utilizada em ontologia (a teoria sobre a natureza da realidade). O conceito não é muito complicado, mas exige alguma atenção.

Sobredeterminações ontológicas
A ideia de sobredeterminação ontológica é a ideia de que a dinâmica própria de um nível superior da realidade não contradiz, mas sobredetermina a dinâmica de um nível inferior. Um exemplo clássico disso é a relação entre a dinâmica biótica seus processos químicos subjacentes. A matéria, como se sabe, se associa ou se desassocia segundo leis físico-químicas, e essas leis por si mesmas não produzem seres vivos. Por outro lado, seres vivos apresentam processos exclusivos em relação aos seres inanimados; processos como a reprodução, o metabolismo, e a conservação de informação complexa.

Naturalmente, para realizar todos estes processos, os seres vivos dependem de processos físico-químicos, que seguem leis físico-químicas. Porém, se as moléculas que compõe a estrutura de uma célula viva apenas obedecessem a leis físico-químicas, ela se desfaria. As moléculas da célula obedecem às leis físico-químicas dentro de restrições e especificações impostas pela dinâmica biológica do organismo, segundo modos absolutamente improváveis, de um ponto de vista puramente químico. Quando as moléculas da célula seguem apenas as leis físico-químicas, sem nenhum controle biótico, ela se desfaz -- porque, obviamente, ela está morta. Dizemos, portanto, que há na célula uma sobredeterminação das leis bióticas sobre as leis físicas.


A sobredeterminação moral
Ora, o mesmo vale para outros níveis da realidade. Há uma sobredeterminação psíquica sobre os processos biológicos do ser humano; e uma sobredeterminação sociológica sobre processos psíquicos; e no final da escala, uma sobredeterminação religiosa e moral sobre todos os níveis estruturais do ser humano. As normas de um nível superior de função humana não contradizem as normas do nível inferior, mas lhe dão formas particulares, habilitando-as a existirem no nível superior. Pense nas moléculas da célula: pela “obediência” às leis bióticas, elas deixam de ser apenas “matéria”, e se tornam parte de um ser vivo.

Ora, o que queremos dizer com isso é que é preciso ser um animal para ser um homem; no entanto essa é uma condição “necessária, mas não suficiente”. A vontade moral e a capacidade humana de amar opera por meio de sua estrutura sexual, mas a transcende, elevando o corpo do homem à condição de espírito, de pessoa. Porém, assim como a célula pode morrer entregando suas moléculas às leis brutas do mundo físico-químico, o homem pode morrer moralmente entregando o seu corpo aos estímulos biopsíquicos. O humano no homem pode ser negado e perdido por falta de vontade.

Onde se localiza, então, a falha da impureza sexual? Não no nível sexual, seja em seu aspecto biológico ou psíquico, mas no nível moral. Quando pecamos por impureza sexual, não pecamos por excesso de sexualidade, por excesso de desejo sexual, ou por excesso de estímulo sexual (primariamente falando), mas por falta, por ausência. E aqui estamos simplesmente sendo Agostinianos: o pecado é a privação do bem. O problema da impureza é a ausência moral, não o excesso sexual.

Um Truísmo?
Estaríamos nós dizendo o óbvio? Sim e não. Sim, porque isso é simplesmente o que as Escrituras e a tradição ensinam. Não, porque isso não é de modo algum a teologia moral popular no meio cristão. Pensemos na conversa com o pastor, que mencionamos antes. Ele afirmou com grande convicção que o marido traidor, no fundo, amava a sua esposa. Ele caiu por ser fraco, não por falhar no amor.

À luz do que acabamos de considerar, no entanto, eu diria que não. Com certeza, o marido traidor amava a sua esposa; mas ele não a amava o suficiente. Na verdade, ele não caiu por fraqueza sexual (ou excesso de desejo sexual), mas por falta de amor. Não foi isso o que nos disse o Apóstolo? “O amor não faz mal ao próximo”. Jesus não caiu e não cairia nessa tentação, não porque não tivesse os mesmos desejos sexuais, mas porque ele saberia olhar para cada pessoa envolvida com amor de verdade.

Sejamos específicos: aquele que adultera deixa de amar à sua esposa e de considerá-la como pessoa de valor infinito. E deixa também de amar à sua “amante”, tratando-a egoisticamente. Aquele que procura a prostituição, seja ela real ou virtual, não ama aqueles que estão escravizados ao mercado sexual, e tampouco ama a si mesmo; pois se sujeita a ser manipulado e explorado por indivíduos que não tem um pingo de respeito ou preocupação com o seu destino, desde que esvaziem os seus bolsos.

De modo algum eu pretendo dizer com este argumento que não exista o vício sexual; mas sustento que até mesmo o vício tem os seus começos na falta de amor genuíno pelo outro. Todo aquele que sofre com a impureza sexual deve saber, e dizer para si mesmo claramente, que ele não é um pobre coitado, aprisionado por impulsos sexuais e por uma dinâmica biopsíquica ultimamente má inventada por um Criador maldoso. Mil vezes não. A concupiscência existe, sim; mas é uma erva daninha. Ela só cresce quando o amor está ausente. E quando ele está presente, alguma coisa forçosamente mudará. É por isso que Santo Agostinho pôde declarar com tanta confiança: “Ama e faze o que quiseres”.

Problemas oftalmológicos
De acordo com Jesus, a impureza é uma doença dos olhos, de certo modo; um problema oftalmológico, mas altamente infeccioso, a ponto de ele receitar a amputação: “Se o teu olho de faz tropeçar, arranca-o”. Porém, Jesus sabia o que dizia. Ele deixou claro que o que contamina o homem é o que sai do seu coração, não o que entra pela sua boca. A doutrina da “amputação” é uma referência metafórica à mudança dos olhos.

O ser humano tem sérios problemas com os olhos. E eu quero chamar a atenção dos meus companheiros, os homens. Recentemente recebeu alguma cobertura o resultado de uma pesquisa feita na universidade de Princeton, sobre os padrões de resposta neurológica de homens diante de imagens de mulheres. O que Susan Fiske, a diretora da pesquisa descobriu, é que as imagens de mulheres com teor erótico ou sensual, e especialmente as imagens de partes específicas do corpo sem a revelação da face, despertam as mesmas áreas do cérebro masculino tipicamente associadas ao uso de ferramentas e objetos inanimados, ao mesmo tempo em que desativam as partes associadas às relações sociais.

Ou seja, de algum modo a nossa sociedade desenvolveu uma forma de desassociar o interesse sexual da sensibilidade moral a partir da nossa forma de olhar as mulheres. Fomos literalmente submetidos a um maciço treinamento pavloviano para nos acostumarmos a olhar mulheres como objetos, como superfícies materiais sem profundidade pessoal. Nas palavras de Susan Fiske, “eles não as estão tratando como seres humanos tridimensionais”.

Isso é o que acontece quando suprimimos a nossa intuição moral e deixamos de ver pessoas diante de nós. Restam apenas corpos impessoais.


Olhar com amor
Como, então, o amor se manifesta, no que tange à impureza sexual? De novo quero apelar para Paulo: “Não repreendas ao homem idoso; antes, exorta-o como a pai; aos moços, como a irmãos; às mulheres idosas, como a mães; às moças, como a irmãs, com toda a pureza” (1Tm 5.1).

Paulo sabia muito bem o que estava dizendo. Ninguém pode alegar (a não ser, é claro, em casos evidentemente patológicos) que não sabe o que significa olhar para uma mulher linda e não cobiçar. Basta ter mãe ou irmã -- ou filha, eu diria. Todos nós sabemos muito bem o que é olhar alguém que, biologicamente falando, poderia ser apenas um objeto sexual, mas simplesmente não sentir interesse sexual por causa do amor, de uma relação de respeito e cuidado em que o outro é verdadeiramente reconhecido como pessoa e valorizado incondicionalmente. O amor faz a gente ter um olhar diferente.

Como é que o jovem Timóteo olharia para uma moça com “toda a pureza”? Olhando-a como se fosse uma irmã de sangue. Paulo nos convida aqui a usar a imaginação, e considerar as moças como se fossem irmãs. Ou seja, tomando-as como pessoas, não como objetos. Isso demandará uma revolução, nos dias de hoje, em que somos ensinados a enxergar os corpos humanos como bonecos de plástico. Jovens e adultos, homens e mulheres, olhando para seus pares, amigos e semelhantes como pessoas -- não como nacos de carne, como pernas, bundas e peitos, mas como gente, como humanos com faces, como superfícies físicas de pessoas reais.

Honestamente, preciso dizer a todos os meus companheiros pecadores que não há uma cura completa para essas doenças do olhar, até que a nossa ressurreição seja consumada. Porém, há o que Schaeffer chamava de “cura substancial”. A impureza no olhar tem cura de verdade, embora seja um caminho difícil; pois amar de verdade é ainda mais difícil que reprimir desejos.

Mas, enfim, não há vitória na “pureza” obtida à custa de repressão do desejo. É inútil congelar uma célula morta para que ela não se desfaça. A única solução genuína e de longo prazo para o problema da impureza sexual é ter amor nos olhos.

Parodiando Santo Agostinho, eu diria: “Ama e olha como quiseres”.

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Pastor da Igreja Esperança em Belo Horizonte, é obreiro de L’Abri no Brasil e presidente da Associação Kuyper para Estudos Transdisciplinares. É também organizador e autor de Cosmovisão Cristã e Transformação e membro da associação Christians in Science (CiS).

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