terça-feira, 20 de agosto de 2019

DEUS PROCURA UM HOMEM


Qual é o homem que Deus procura?
Ezequiel 22:30
DWIGHT LYMAN MOODY (1837-1899) – nasceu em 5 de fevereiro de 1837, o sexto filho de nove, numa pobre família do Connecticut, EUA. Sua mãe ficou viúva com os filhos ainda pequenos, o mais velho tinha 12 anos e ela estava grávida de gêmeos quando seu marido morreu. Sua mãe foi uma crente fiel e soube instruir seus filhos no Caminho do Senhor.
Então, não muito depois de casar-se, com a idade de vinte e quatro anos, Moody deixou um bom emprego com o salário de cinco mil dólares por ano, um salário fabuloso naquele tempo, para trabalhar todos os dias no serviço de Cristo, sem ter promessa de receber um único cêntimo. De­pois de tomar essa resolução, apressou-se em ir à firma B. F. Jacobs & Cia., onde, muito comovido, anunciou: – “Já resolvi empregar todo o meu tempo no serviço de Deus!” -“Como vai manter-se?” – “Ora, Deus me suprirá de tudo, se Ele quiser que eu continue; e continuarei até ser obriga­do a desistir.”
Certa vez Moody resolveu, fazer uma visita à Inglaterra. Quando ele Chegou em Londres, antes de tudo, foi ouvir Spurgeon pregar no Metropolitan Tabernacle. Já tinha lido muito do que “o príncipe dos pregadores” escrevera, mas ali pôde verificar que a grande obra não era de Spurgeon, mas de Deus, e saiu de lá com uma outra visão.
Visitou Jorge Müller e o orfanato em Bristol. Desde aquele tempo a Autobiografia de Müller exerceu tanta influência sobre ele como já o tinha feito “O Peregrino”, de Bunyan.
Entretanto, nessa viagem, o que levou Moody a buscar definitivamente uma experiência mais profunda com Cristo, foram estas palavras proferidas por um grande ganhador de almas de Dubim, Henrique Varley“O mundo ainda não viu o que Deus fará com, para, e pelo homem inteiramente a Ele entregue.” Moody disse consigo mesmo: “E­le não disse por um grande homem, nem por um sábio, nem por um rico, nem por um eloquente, nem por um inte­ligente, mas simplesmente por um homem. Eu sou um ho­mem, e cabe ao homem mesmo resolver se deseja ou não consagrar-se assim. Estou resolvido a fazer todo o possível para ser esse homem.”(Livro Heróis da Fé)
Assim como Jeremias (1:2), Zacarias (1:1) e João Batista (Lc 1:5ss), Ezequiel (“Deus fortalece”) foi chamado por Deus do sacerdócio para servir como profeta. Como porta-voz de Deus para os exilados judeus na terra da Babilônia, ele os repreenderia por seus pecados e exporia a idolatria deles, mas também lhes revelaria a glória futura que o Senhor havia lhes preparado. Ezequiel tinha trinta anos quando foi chamado (Ez 1:1), a idade em que um sacerdote normalmente começava o ministério (Nm 4:1-3, 23).Teria sido muito mais fácil para Ezequiel ter permanecido no sacerdócio, pois os sacerdotes eram tidos em alta consideração pelos judeus, e um sacerdote podia ler a lei e aprender tudo o que precisava saber para realizar seu trabalho. Os profetas normalmente eram desprezados e perseguidos. Recebiam suas mensagens e ordens do Senhor de acordo com o que a ocasião exigia e nunca sabiam, ao certo, o que aconteceria depois. Era arriscado ser profeta(Wersbe).
Ele viveu no exílio na Babilônia, onde profetizou durante 22 anos, no século 6º antes de Cristo. Ele foi contemporâneo de Jeremias, que pregava aos que tinham ficado na Palestina. Por essa época também, Daniel começava seu ministério na corte imperial.
As mensagens dos primeiros 24 capítulos foram proferidas antes da queda de Jerusalém, como uma advertência do que poderia acontecer por causa do pecado do povo, pecado que os levara ao cativeiro.
O profeta mostra que o povo, mesmo depois de tanta experiência de pecado e sofrimento, ainda não se purificara diante de Deus (v. 24a). Por esta razão, ainda não experimentara o consolo (chuva na hora da desolação — v. 24b). Naquela época, Israel estava vivendo (governantes, sacerdotes e profetas) de conformidade com as próprias leis e não segundo as leis de Deus.
Por isto, seus profetas, em lugar de cuidar das almas, devoravam-nas (v. 25) e lhes ofereciam falsas mensagens como se fossem verdades vindas de Deus (v. 28). Seus sacerdotes, em lugar de interceder pelo povo, profanavam os santos símbolos de Deus (v. 26). Seus governantes só pensavam em ficar ricos (v. 27). O povo desobediente seguia no mesmo caminho, fazendo contra seus irmãos aquilo de que também era vítima: extorquindo, roubando e praticando toda sorte de injustiça contra os pobres (v. 29).
O desejo de Deus e do profeta Ezequiel era que o povo se arrependesse de seus pecados. Para isto, precisava de uma pessoa, apenas de uma pessoa, de uma pessoa disposta a reparar o muro arrebentado e ficar na passagem (brecha) intercedendo pelo povo. Deus não achou ninguém(v. 30), como vemos também no tempo de Isaías (Isaías 59.16). Por isto, sobreveio a desolação sobre o povo (v. 31).
Diante de um cenário tão decepcionante, marcado pela desobediência ao Senhor, Deus levantou o seu servo para transmitir a sua mensagem quer Israel ouvisse ou deixasse de ouvir, mensagem esta que continua falando ainda hoje, e nos desafiando a vivermos de forma diferente.
                Como no tempo do profeta Ezequiel, Deus ainda hoje procura homens para se colocar na brecha. Mas qual o homem que Deus procura hoje para se colocar na brecha?
1-DEUS NÃO PROCURA UM HOMEM DE GRANDE STATUS SOCIAL*
*Status social é o prestigio que um indivíduo tem na sociedade, através de sua posição social. O Status social depende de vários fatores, pode ser desde que a pessoa nasce, geralmente de famílias ricas, adquirido com o tempo, através de amigos e relacionamentos, ou através de sua capacidade financeira.
O texto em tela nos diz que Deus procurou um homem em Judá para colocar-se na brecha. Não diz que Deus procurou um homem de grande status social. Na época do AT algumas classes destacavam-se como: os sacerdotes, os reis os profetas, etc.
O profeta Ezequiel não diz que Deus procurou um homem com grande destaque social, tais como: um homem rico, um sacerdote, um príncipe ou profeta, etc, mas um homem.
Meus irmãos, o homem que Deus está procurando hoje não é: um galã de novela da globo, um milionário desde mundo materialista, um super-crente, um teólogo, um político, etc.
Deus está procurando um homem de conformidade com os seus critérios, assim como ele procurou a Davi: “Mas o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque eu o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração”(1 Samuel 16.7).
Como disse Wesbie: “O povo que se esquece de Deus torna-se, aos poucos, sua própria divindade e começa a desobedecer à Palavra de Deus”. Em Jerusalém, o profeta Jeremias estava acusando o povo desse mesmo pecado” (Jr 3:21).
Não é tão diferente em nossos dias, o homem tem desobedecido a Deus, e como consequência este está se tornando a seu próprio Deus, e assim achando que não precisa de Deus.
Portanto, como foi naquele tempo Deus procura homens e mulheres para se colocarem na brecha em favor da nossa nação, da nossa igreja, ou para ser um reparador de brechas de si mesmo, pois quantos não crentes e até mesmo crentes, estão cheios de brechas.
2- DEUS PROCURA UM HOMEM ARREPENDIDO ( Ez 18.30-32)
Naquele momento o povo de Deus, havia se deixado levar pelo pecado, os homens eram sanguinários ( Ez. 22.1-9), eram caluniadores (Ez. 22.9), corruptos( Ez. 22.10-12), os sacerdotes eram desobedientes e profanos (Ez.22.26), os príncipes eram como lobos e corruptos (Ez. 22.27), os profetas eram falsos Ez. 22.28,29.      
O povo de Israel estava rendido ao pecado, não havia um homem para se colocar na brecha. Israel se tornara presa fácil, pois havia muitas brechas naquela nação que deveria viver de forma diferente. Dos versos 26 ao 29 do capítulo 22, podemos ver uma lista das coisas erradas que os sacerdotes, os príncipes do povo e o próprio povo de Deus praticavam em total profanação e descaso de Deus e de suas leis tais como: Sacerdotes violando as leis, profanando coisas santas, não fazendo diferença entre o santo e o profano, não ensinando a discernir entre o impuro e o puro, escondendo os seus olhos dos sábados.
  • Os seus príncipes estavam no meio dela sendo como lobos que arrebatam a presa, derramando sangue e destruindo vidas, adquirindo lucro desonesto.
  • Os profetas que eram para ser a boca de Deus, estavam fazendo para eles reboco com argamassa fraca. Os profetas tendo visões falsas, adivinhando-lhes mentira, dizendo: Assim diz o Senhor Deus; sem que o Senhor tivesse falado.
  • O povo da terra usando de opressão, roubando e fazendo violência ao pobre, oprimia injustamente ao necessitado e ao estrangeiro.
“Procurei entre eles um homem que erguesse o muro e se pusesse na brecha diante de mim e em favor da terra, para que eu não a destruísse, mas não encontrei nem um só”(Ez 22.30).
Para Judá apenas poderia haver esperança através de um verdadeiro arrependimento, como nos ensina o Senhor (I Sm. 7.3,4; 2 Cr 7.13,14 e Ez. 18.1ss).
Israel precisava se arrepender dos seus pecados, como o profeta Isaías ao ter uma visão da glória de Deus, ele pediu perdão (Is 6.1ss). Como Davi ao confessar os seus pecados, ao pecar contra Bete- Seba (Sl 51). Judá precisava se arrepender e deixar suas abominações Ez 20.1ss, mas não deram ouvidos a voz do Senhor.
João Batista pregou o arrependimento no seu tempo aos filhos de Israel, dizendo: “ARREPENDEI-VOS… (Mt 3.2 ), Jesus pregou o arrependimento, dizendo: “ARREPENDEI-VOS” (Mt. 4.17, Mc 1.15). Pedro pregou o arrependimento (At.2.38).
Os reformadores pregaram o arrependimento, conforme podemos ver nas teses de Lutero: 1ª Tese – Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: Arrependei-vos…. [Mt 4.17], certamente quer que toda a vida dos seus crentes na terra seja contínuo arrependimento.O arrependimento deve ser uma constante, na vida do homem, pois este é pecador.
Só o homem que reconhece os seus pecados e se arrepende, e pede perdão, pode se colocar na brecha, e servir verdadeiramente a Deus, pois todos são pecadores e necessitam da graça de Deus e da misericórdia. Sem uma genuína conversão o homem não pode se colocar na brecha em favor deste povo.
3- DEUS PROCURA UM HOMEM OBEDIENTE ( Ez 2.1-7; 5.5-7)
     O terceiro elemento é obedecer: (Ez 3:19). Deus não enviara o profeta (mensageiros) para seu povo a fim de entretê-los ou de dar-lhes bons conselhos. Ele espera que obedeçamos àquilo que ordena. Infelizmente, os judeus tinham um histórico triste de desobediência à lei do Senhor e de rebelião contra a vontade de Deus. Foi o que fizeram durante quarenta anos no deserto (Dt 9:7) bem como ao longo de mais de oitocentos anos em sua própria terra (2 Cr 36:11-21). Nenhuma outra nação foi abençoada por Deus como Israel, pois os israelitas possuíam a santa lei do Senhor, as alianças, uma terra rica, o templo e os profetas para lhes dar advertências e promessas sempre que precisavam delas (Rm 9:1-5).
Deus garantiu a seu profeta que ele lhe daria tudo o que fosse necessário para resistir à oposição e desobediência do povo. Em Ezequiel 3:8, encontramos um jogo de palavras que significa “Deus é forte” ou “Deus fortalece”. Também significa “Deus endurece”. Se o povo endurecesse o coração e a fronte, Deus endureceria seu servo e o manteria fiel a sua missão. Ele fez uma promessa semelhante a Jeremias (Jr 1:1 7).
Quando Deus restaurou Israel da mão dos Egípcios “Então lhes disse: cada um lance de si as abominações de que se agradam os seus olhos, e não vos contamineis com os ídolos do Egito; eu sou o Senhor vosso Deus(Ez. 20.7). Deus chamou Israel para ser um povo obediente Deut. 6.1-25; 10.12-11.1-32. O segredo da existência de Israel estava em sua obediência a Deus Deut. 28.1-68; 30.15-20. Mas os filhos de Israel rebelaram-se contra o Senhor e não obedeceram aos seus mandamentos (Ez.20.7-8).
Israel precisava olhar para o exemplo do patriarca Abraão, que ao ouvir o chamado divino não duvidou, mas se dispôs a obedecer (Gn.12.1-4), e saiu de sua terra do meio da sua parentela. Quando Deus o pôs a prova Abraão obedeceu Gn 22.1-22 porque estava pronto para oferecer o filho em Sacrifício Pela fé Abraão, quando Deus o pôs à prova, ofereceu Isaque como sacrifício. “Aquele que havia recebido as promessas estava a ponto de sacrificar o seu único filho, embora Deus lhe tivesse dito: “Por meio de Isaque a sua descendência será considerada”. Abraão levou em conta que Deus pode ressuscitar os mortos; e, figuradamente, recebeu Isaque de volta dentre os mortos Hb. 11.17-19.
Samuel nos ensina que o obedecer é melhor do que sacrificar Porém Samuel disse: Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” (1 Sm 15.22).
Como o povo de Israel, muitas pessoas hoje ouvem a Palavra, mas não procuram entendê-la ou, se entendem, recusam-se a lhe obedecer.
Meus irmãos, Deus está procurando homens que estejam dispostos a obedecer a sua Palavra, como Daniel que decidiu não se contaminar com as iguarias de Nabucodonosor:  “Daniel, contudo, decidiu não se tornar impuro com a comida e com o vinho do rei, e pediu ao chefe dos oficiais permissão para se abster deles”(Dn 1.8) e a ser jogado na cova dos leões(Dn 6.1-28), isto é, estava pronto a morrer não a pecar, assim como também os seus amigos que estavam prontos a morrer não a pecar: “Sadraque, Mesaque e Abede-Nego responderam ao rei: “Ó Nabucodonosor, não precisamos defender-nos diante de ti. Se formos atirados na fornalha em chamas, o Deus a quem prestamos culto pode livrar-nos, e ele nos livrará das suas mãos, ó rei. Mas, se ele não nos livrar, saiba, ó rei, que não prestaremos culto aos seus deuses nem adoraremos a imagem de ouro que mandaste erguer”(Dn 3.16-18).
Não basta ter boa intenção, é preciso ser obediente, assim como os discípulos de Jesus foram homens obedientes, depois que receberam o Espírito Santo, diante dos desafios, das lutas que enfrentaram, falaram …ANTES, IMPORTA OBEDECER A DEUS DO QUE AOS HOMENS (At. 5.29).
Meus irmãos, obediência é o que Deus quer dos seus filhos que foram chamados, justificados, adotados e santificados por Cristo que morreu para nos redimir na cruz do calvário.
Esse é o nosso desafio como igreja do Senhor hoje, assim como fora o desafio dos nossos irmãos no passado. Pois, vivemos em um mundo depravado, onde somos tentados a desobedecermos, mas nós precisamos seguir o exemplo de Noé, que não se conformou com a sua geração, mas andou com Deus (Gn 6.1-9).
Nesse mundo onde muitos vivem a procura de reconhecimento dos homens, nós precisamos responder como os discípulos de Jesus, mas antes importa obedecer a Deus e não aos homens.
Portanto, se queremos ser verdadeiros homens de Deus hoje, precisamos ser obedientes a Ele, não podemos nos conformar com o mundo, como nos ensina o apóstolo Paulo: “Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.1,2).
O que o povo realmente precisava era uma reconstrução espiritual total! Não utilize a religião como a cal, arrume sua vida ao viver os princípios da Palavra de Deus. Logo poderá unir-se a outros que estão na “brecha” e fará para Deus uma diferença no mundo
3- DEUS PROCURA UM HOMEM DE ORAÇÃO (INTECESSOR) (Ez 22.30; Dn 6.10 At 2.42)
Ao olharmos para aquele povo, podemos ver que era um povo decepcionante (vv. 30, 31). Deus procurou no meio de seu povo uma pessoa em que se colocasse na brecha e que não permitisse que o inimigo penetrasse os muros e invadisse a cidade, mas não encontrou ninguém. É claro que o profeta Jeremias estava em Jerusalém, mas era um homem sem qualquer autoridade, que havia sido rejeitado pelos políticos, sacerdotes e falsos profetas e pelo povo. O próprio Jeremias percorrera a cidade à procura de um homem piedoso: Dai voltas às ruas de Jerusalém; vede agora, procurai saber, buscai pelas suas praças a ver se achais alguém, se há um homem que pratique a justiça ou busque a verdade; e eu lhe perdoarei a ela... (Jr 5:1-6), mas sua busca havia sido em vão.
O profeta Isaías também não teve sucesso nessa empreitada: “Viu que não havia ajudador algum e maravilhou-se de que não houvesse um intercessor; pelo que o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua própria justiça o susteve” (ls 59:16). O Senhor prometeu poupar Sodoma e Gomorra se encontrasse dez homens justos na cidade (Gn 18:23- 33), e teria poupado Jerusalém por um único justo. O Senhor continua procurando homens e mulheres que defendam a lei moral de Deus, que se coloquem na brecha do muro e confrontem o inimigo com a ajuda de Deus.
Ao ler sobre a história, encontramos homens e mulheres justos que tiveram a coragem de resistir aos males comuns de sua época e ousaram mostrar as rachaduras nos muros e consertá-las. O Senhor está buscando intercessores (Is 59:1-4, 16) que clamem a ele por misericórdia e pela volta da santidade. Sem dúvida, o Senhor deve sentir-se decepcionado por seu povo ter tempo para tudo, menos para a oração intercessora.
                Quando Israel estava caminhando para a terra prometida e desobedecera ao Senhor, Moisés se colocou na brecha em favor de Israel como nos ensina o salmista “Por isso, ele ameaçou destruí-los; mas Moisés, seu escolhido, intercedeu diante dele, para evitar que a sua ira os destruísse”(Salmo 106.23).
A mensagem de Ezequiel foi para os líderes e para o povo em geral. Ele buscava uma pessoa entre os líderes e entre o povo. Deus está chamando servos interessados em consertar os muros derrubados da igreja e em se colocar na brecha. Estar na brecha é procurar a orientação de Deus, a favor do povo e contra o inimigo que está entre nós. Deus não tolera o pecado e iniquidade entre nós. Por isto, exige arrependimento e purificação. Deus nos quer na brecha do muro para interceder pelo povo, como na belíssima experiência de Neemias: “Porém nós oramos ao nosso Deus e, como proteção, pusemos guarda contra eles, de dia e de noite” (Neemias 4.9).
Meus irmãos, nosso empenho deve ser feito com oração. O conserto dos muros é uma obra de nossas mãos e uma obra das mãos de Deus. Ação e oração são faces de um mesmo relacionamento. Oração sem ação é preguiça; ação sem oração é pretensão.
O profeta diz que Deus procura pessoas que estejam em pé para interceder pelo povo. Estar em pé sugere o oposto de descanso. Há muita gente que quer ficar sentada diante de Deus. Ele quer pessoas que se disponham a ficar em pé. Nada, portanto, de descanso (Is 62.6-7). Estar em pé sugere também persistência. Não há outro modo de se fazer a obra de Deus.
Portanto, pare e pense! Estar na brecha é estar diante de Deus.
A vida cristã é uma jornada que se faz com os olhos fitos em Deus. Neste sentido, não tem a ver com religião institucional. É algo interior. É uma disposição de vida. Deus não é apenas o futuro para onde se caminha. É o presente que nos leva para o futuro.
Estar na brecha é estar na companhia de Deus; anelar por ela; ter prazer nela. Quem ora tem comunhão Deus, tem prazer em está em sua presença. Como alguém disse: “Orar é ter prazer em Deus. Quem não ora, tem prazer em outras coisas”.
Oh irmãos!Se, é verdade que “o pecado nos leva para longe da oração, também é verdade que a oração nos mantém longe do pecado”. Temos pensado muito em oração, isto é, como palavras, e pouco em oração como convívio com Deus, como comunhão com Deus. Quando Paulo nos pede para orar sem cessar (1Tesalonicenses 5.17), não pode estar pedindo oração-palavra, mas oração-vida. Quando vivemos na presença de Deus, buscamos depender dele (que não é fácil, embora o seja no discurso).
Às vezes temos dificuldade em obter a bênção de Deus, não porque Deus queira reter sua bênção, mas porque não estamos preparados para recebê-la. Nosso preparo não é técnico (porque a técnica tem a ver com palavras e um, certo tipo de magia), mas espiritual. Nosso preparo é tão somente confessar os nossos pecados, humilharmo-nos perante ele, arrependermo-nos obedecermos e orar. São estas as únicas condições que Deus nos impõe (2 Cr 7.14).
Ilustração:
Conta-se que uma mulher procurou um pastor e falou de sua preocupação porque seu marido não era crente.
A mulher pediu então que o pastor orasse por seu marido. Ao que o líder respondeu: —  Eu me comprometo a orar uma hora por dia por seu marido, se a senhora também se dispuser a orar  uma hora por dia por ele.
A mulher respondeu que isto não era possível e saiu do gabinete do pastor, para nunca mais voltar.
A intercessão tem um preço. O caminho da cruz tem três estágios: salvação, santificação e intercessão. Através da intercessão nos movemos em direção aos outros. Por ela nos tornamos canais pelos quais Deus abençoa o mundo.
A necessidade de um intercessor, hoje assim como nos ensina as escrituras:
“Sobre os teus muros, ó Jerusalém, pus guardas, que todo o dia e toda a noite jamais se calarão; vós os que fareis lembrado o Senhor, não descanseis, nem deis a Ele descanso até que restabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na terra.” (Isaías 62:6)
“Viu que não havia ajudador algum, e maravilhou-se de que não houvesse intercessor; pelo que o seu próprio braço lhe trouxe a Salvação, e a sua própria justiça o susteve.” (Isaías 59:16)
“Olhei, e não havia quem me ajudasse, e admirei-me de não haver quem me sustivesse; pelo que meu próprio braço me trouxe a salvação…” (Isaías 63:5).
“Já não há ninguém que invoque o teu nome, que se desperte, e te detenha…” (Isaías 64:7).
A intercessão de um homem só, pode afetar uma nação! Olhe para o exemplo do pai do presbiterianismo John Knox que orava clamando “Oh Deus dá-me a Escócia, se não, eu morro”, e Deus ouviu as suas orações.
“E busquei dentre eles um homem que levantasse o muro, e se pusesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém a ninguém achei. Por isso eu derramei sobre eles a minha indignação; com o fogo do meu furor os consumi; fiz que o seu caminho lhes recaísse sobre a cabeça, diz o Senhor Deus.” (Ezequiel 22:30-31)
“No princípio de tuas súplicas, a resposta foi dada, e eu vim para declará-la para ti; porque es muito estimado…” (Daniel 9:23)
“… Porque, desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e, por causa das tuas palavras, é que eu vim.” (Daniel 10:12).
             Portanto, está na brecha, não significa só olhar para o povo de Israel no passado e julgá-los, pois, como é fácil para nós hoje em dia julgar o povo de Deus da antiguidade, mas e quanto ao povo de Deus da atualidade?
Os pecados sexuais nas igrejas e nos lares que se dizem cristãos destruíram igrejas e famílias e, em nossos dias, muitas igrejas fazem vista grossa a essas transgressões.
A pornografia – impressa, em vídeo ou na Internet – é comum hoje em dia e está se tornando cada vez mais ousada na televisão. Casos de pessoas solteiras morando juntas, num “período de experiência” antes de casar; “casamentos gays” e até “troca de parceiros” têm aparecido nas igrejas, e quando pastores fiéis tentam tratar desses pecados, acabam ouvindo que não devem se intrometer nos assuntos particulares delas. E logo, os transgressores simplesmente saem de uma igreja e começam a frequentar outra, onde podem viver como bem entendem.
Não só são estes pecados, mas há corrupção, culto a personalidade, falsos profetas, falsos crentes, pastores profanando a obra do Senhor, etc. Meus queridos como disse Ruth Bell Graham: “Se Deus não julgar a América, terá de pedir perdão a Sodoma e Gomorra”.
“Nosso mundo de hoje vive perdido em ilusões e mitos, pois, como os judeus do tempo de Ezequiel, não aceita a autoridade da Palavra de Deus. As pessoas ainda acreditam que as coisas podem ser resolvidas pela força, que o dinheiro é a medida e o valor do sucesso e que o objetivo da vida é se divertir e fazer o que bem desejarmos. Acham que é possível acreditar no que quiserem a respeito de Deus, de si mesmos e dos outros e que tudo acabará bem, pois nada acontecerá. Um dia, porém, Deus mostrará a estupidez dessas ilusões, e nosso mundo descobrirá, tarde demais, que aquilo em que cremos e a maneira como nos comportamos têm consequências” (Comentário de Wersbe).
Estar na brecha é ser um guarda dos muros, dos próprios muros e dos muros da igreja. No Antigo Testamento, as cidades eram cercadas por muros. Sobre eles, nas esquinas e pontos estratégicos de visão, ficavam os guardas, os primeiros encarregados da sua proteção. Eles ficavam de prontidão durante três horas. Depois, descansavam durante três horas e voltavam ao trabalho, num revezamento que durava o dia inteiro. Era um trabalho necessário, mas duro. Exige disciplina e treinamento, vigilância e paciência. A igreja precisa de pessoas com esta disposição.
Estar na brecha é viver com Deus, como Enoque. Não se trata de algum tipo de misticismo vago, de uma espécie de união entre nosso espírito e o de Deus. Trata-se, antes, de nos deixarmos orientar por ele na vida toda, e não apenas naquelas coisas que a gente imagina que Deus esteja interessado.
Meu querido irmão, não fale eu sou tão pequeno para me colocar na brecha, se você já confessou e se arrependeu dos seus pecados, Deus te chama para viver uma nova vida. Uma vida de obediência e intercessão para honra e glória dele.
Autor: Eli Vieira

REV. MARTINHO DE OLIVEIRA – Fundador do Seminário Presbiteriano do Norte






Martinho de Oliveira nasceu em Recife no dia 15 de janeiro de 1870. Seus pais, Teodoro Cavalcanti de Oliveira e Maria Hermina Albuquerque de Oliveira, trabalhavam como vendedores ambulantes e tinham outro filho, Teodoro, dois anos mais velho que Martinho. Devido aos limitados recursos da família, os meninos foram alfabetizados em casa. Aos 18 anos, Martinho foi convidado por um amigo a visitar a Igreja Presbiteriana de Recife. Seu pai já havia falecido e o irmão seguira para o Rio de Janeiro à procura de emprego. O jovem eventualmente foi recebido por profissão de fé e batismo pelo Rev. Juventino Marinho.

Após a morte da mãe, no final de 1889, Martinho tornou-se guarda-livros de uma loja de tecidos, resolveu estudar por conta própria e propôs casamento à jovem Maria, residente no bairro de Areias, que após três meses de namoro também havia resolvido se batizar. O casamento ocorreu em junho de 1891, na residência dos pais da noiva. Em setembro de 1892 nasceu a primogênita, Hermina. Autodidata, Martinho estudava com afinco, sendo incentivado pelo seu pastor. Seu currículo era composto de inglês, francês, história, geografia e doutrinas básicas da fé cristã, entre outras matérias. Os livros eram emprestados por amigos. Começou a colaborar com o trabalho evangelístico da igreja, revelando interesse pela carreira ministerial.

Martinho foi recebido como candidato ao ministério pelo Presbitério de Pernambuco em outubro de 1892, numa reunião realizada em Fortaleza. Em novembro de 1894 mudou-se para João Pessoa a fim de estudar teologia com o pastor local, Rev. George E. Henderlite. A Igreja de Fortaleza necessitou de mais um obreiro e o jovem estudante foi enviado para lá, onde nasceu o segundo filho, Alfeu, em 12 de novembro de 1895. Após ter prestado os devidos exames diante do Presbitério de Pernambuco, foi ordenado no dia 21 de julho de 1896, em João Pessoa, na mesma ocasião em que o colega Manoel Alfredo Guimarães. O novo ministro pastoreou inicialmente a Igreja de Pão de Açúcar, no Estado de Alagoas.

Na época, trabalhava em Garanhuns o médico e missionário Rev. George William Butler, que fundara a igreja local em 1895 (a igreja seria formalmente organizada em 22 de janeiro de 1900). Butler idealizou um colégio para a formação de obreiros para o Nordeste. Em 1899, ao transferir-se para Canhotinho, convidou Martinho para substituí-lo na Igreja de Garanhuns e fundar a escola, o que ocorreu no mesmo ano. Seu primeiro aluno foi Jerônimo Gueiros (1880-1953), membro de uma família que daria grandes contribuições à igreja e à sociedade no Nordeste brasileiro. Essa escola foi o embrião do futuro Seminário Presbiteriano do Norte, posteriormente transferido para Recife, que comemorou o seu centenário em 1999. Na noite de 17 de junho de 1900, reunido o Presbitério de Pernambuco, Martinho pregou no culto de inauguração do templo da Igreja de João Pessoa. No ano seguinte, foi eleito presidente do presbitério.

Além da assistência ao seu vasto campo pastoral, composto de muitas congregações e pontos de pregação, Martinho dedicou-se ao preparo dos estudantes para o ministério. Em seu “colégio”, ele lecionava inglês, francês, latim, geologia, trigonometria e música. Depois, ensinava português, aritmética e geografia a dois estudantes que iriam retransmitir essas matérias a outros. Também dava aulas à sua esposa, Maria Barra de Oliveira, e a outra professora, que dirigiam uma escola primária. À noite ensinava alguns rapazes que trabalhavam de dia e a outro grupo ministrava aulas utilizando a Teologia Sistemática de Charles Hodge. Seu objetivo era preparar líderes nativos para as igrejas do Nordeste, levando em conta as peculiaridades culturais da região, o que fez de modo abnegado e incansável em meio a muitas dificuldades. Seu trabalho foi continuado pelo Rev. George Henderlite, que havia se transferido para Garanhuns em 1901.

No final da sua carreira, Martinho tinha sete estudantes, três dos quais casados e com filhos. Henderlite contou em 1903 como esse obreiro, sem um vintém e sem a menor evidência de apreensão, enfrentou dias aflitivos através da oração, recebendo às vezes recursos de modo providencial, enquanto cuidava de estabelecer para o ano seguinte, no seu presbitério, uma rede de manutenção do seminário. Martinho deu ao educandário incipiente o nome de Escola Paroquial Evangélica de Garanhuns. Essa modesta instituição foi precursora não só do Seminário do Norte, mas do Colégio Evangélico Quinze de Novembro.

O Rev. Martinho teve um ministério curto e brilhante. Forte e vigoroso, assistiu à reunião do seu presbitério nos dias 2 a 9 de julho de 1903, em Recife. Naquela ocasião, viu concretizada a primeira parte do seu sonho, visto que o presbitério adotou a sua escola teológica, reconhecendo-a como um seminário, sendo ele eleito diretor e professor. Antes de terminar a reunião do presbitério, começou a sentir-se mal, com séria indisposição estomacal. De regresso a Garanhuns, deteve-se em Palmares para organizar a igreja, em 12 de julho, na companhia do Rev. Henderlite e do presbítero e futuro pastor Benjamim Marinho. No dia 20 de julho, agravando-se o seu estado, falou à esposa e aos colegas de modo sereno, afirmando que o Senhor o chamava. A Henderlite, especialmente, pediu: “Não abandone a educação dos nossos moços”. Mandou lembranças a vários colegas, citando pelo nome Juventino Marinho, Woodward Finley, Cassius Bixler, Jerônimo Gueiros (“meu filho no ministério”), Manuel Francisco N. Machado e Belmiro de Araújo César. Ao filhinho Alfeu, deixou um recado recomendando que fosse um homem honrado como o pai.

A despeito dos cuidados médicos e de uma comovida oração do Dr. George Butler, o Rev. Martinho de Oliveira faleceu em Garanhuns no dia 28 de julho de 1903, na véspera da cisão presbiteriana. No seu sepultamento, o Rev. Henderlite proferiu as palavras que se tornaram célebres: “Morreu Martinho, mas não morreu o Seminário”. Em setembro de 1941, os ossos de Martinho seriam trasladados para a base do púlpito do novo templo da Igreja de Garanhuns. Dona Maria veio a casar-se com um aluno do esposo, o Rev. Antônio Almeida, que mais tarde estudou no Seminário Teológico Union, na Virgínia, e foi professor no Seminário do Norte. O Rev. Antônio foi um verdadeiro pai para os filhos do falecido e teve duas filhas com Maria: Ila e Jair.

O Rev. Martinho deixou quatro filhos: Hermina, Alfeu, Séfora e Débora. Séfora foi casada com o Rev. Aureliano Gonçalves Guerra. Alfeu Barra de Oliveira foi sucessor do pai no ministério. Professou a fé em 1907, na Igreja de Garanhuns, com o Rev. Antônio Almeida. Cursou o Seminário do Norte e foi ordenado pelo Presbitério Bahia-Sergipe em 15 de janeiro de 1926. Pastoreou inicialmente várias igrejas do sul de Sergipe (Anápolis, Urubutinga, Riachão e Estância) e mais tarde a Igreja de Caruaru, em Pernambuco. Também pastoreou interinamente por duas vezes a Igreja de Aracaju. O Rev. Hilton Figueiredo de Oliveira, um neto de Alfeu, reside em Campinas, onde coopera com uma nova igreja na Chácara Primavera. No dia 24 de setembro de 1966, o então seminarista Enos Moura criou o Instituto de Pesquisa Martinho de Oliveira, no Seminário Presbiteriano do Norte, para preservar a memória do presbiterianismo no Norte e no Nordeste do Brasil.

Alderi Souza de Matos

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