sexta-feira, 30 de setembro de 2016

O Mito da Neutralidade

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Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha. (Mateus 12:30)

1. PREOCUPAÇÕES CENTRAIS

Você é um cristão. Você crê em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador. Você o adora em tudo o que faz. Você procura obedecer a Sua Palavra. Você quer honrá-lo em tudo o que faz e como filho de Deus quer que outros creiam em Cristo e sirvam a Deus. Você sabe como desafiar outros que não creem em Jesus Cristo, Senhor e Salvador para que também submetam as suas vidas a Ele.

A principal pergunta a ser considerada é como pode dar melhor testemunho do Senhor. O EUA foi fundado como uma nação cristã[1], e hoje a maioria das pessoas se declaram cristãos. Há igrejas quase em cada esquina e muita gente que você conhece pessoalmente diz ser cristã.[2] Como alcançar essas pessoas? Como deveria raciocinar com eles? Que método deve seguir para mostrar-lhes que Deus existe? É disso que trata este livro.

ESTABELECENDO O TEMA

É importante entender que a forma apropriada e o método correto e os procedimentos corretos para provar a existência de Deus aos céticos, aos que duvidam e aos incrédulos são essenciais para a defesa da fé cristã. Não é que qualquer método antigo funcionará.

Antes de tudo, devemos considerar uma pergunta crítica. Você deveria ser neutro acerca do seu compromisso cristão enquanto argumenta a existência de Deus com um incrédulo? Muitos cristãos pretendem alcançar tanto o ateu como o agnóstico dizendo algo como: “vou colocar de lado a minha crença em Deus para que possa te provar que Ele existe. Não vou depender de minha fé, para te mostrar que a existência de Deus é razoável e não somente minhas tendências pessoais.” Esse apologista “neutro” também sustentará: “eu creio que há boas razões independentes e não tendenciosas que podem leva-lo à conclusão de que Deus existe.” Desafortunadamente esta aproximação “neutra” não é bíblica, nem efetiva. Os cristãos devem estar comprometidos com procedimentosseguramente bíblicos para defender a fé. A defesa bíblica não somente é diferente da intenção da aproximação neutra, senão que é exatamente oposta. Essa é a grande diferença! Os cristãos não devem colocar de lado o seu compromisso com a fé, nem sequer temporalmente como um intento de aproximar-se de um não crente dentro de um “terreno neutro”. 

Pelo fato de Jesus Cristo ser o sólido fundamento em cada crente, os cristãos devem rejeitar o “mito da neutralidade” e afirmar que somente Deus é o ponto de partida em seu raciocínio. Os incrédulos, está claro, que objetarão a esta rejeição da neutralidade com respostas como a seguinte:

  1. “Isto não é justo! Como você pode assumir o que pressupõe que vai demonstrar?”
  2. “Isto é prejudicial! Você não pode dar o cristianismo como absoluto!”
  3. “Como temos perspectivas conflitivos de se Deus existe ou não, ambos devemos abordar o assunto a partir de uma posição neutra.”
  4. “Deve utilizar critérios que sejam comuns a todas as pessoas, não critérios gerados por suas convicções cristãs.”

O incrédulo desafiará para que você construa a tua defesa em favor de Deus num terreno neutro, sem construí-lo sobre o seu fundamento em Deus. Tenha cuidado! Se você não inicia com Deus como sua proposição base, então, 
não poderá demonstrar nada. Supor a existência de Deus é essencial para todo raciocínio.

DOCUMENTANDO A EVIDÊNCIA

O princípio de neutralidade é o pressuposto que opera em toda a discussão dos incrédulos e infelizmente também na maioria dos sistemas apologéticos evangélicos. Você deve reconhecer que esta prática é quase universal no pensamento moderno. A neutralidade e a dúvida, como o seu similar, são por muito tempo, princípios indiscutíveis no conflito do mundo moderno com o cristianismo. Isto é assim especialmente desde o Iluminismo.[3] Observe os seguintes chamados à neutralidade e à dúvida:

  1. David Hume (1711-1776): “Nada pode ser mais antifilosófico do que estar seguro e ser dogmático ante qualquer tema.”
  2. William Hazlit (1778-1830): “O mais difícil na filosofia é chegar a cada pergunta com uma mente fresca e sem cadeias de teorias passadas.”
  3. C.C. Colton (1780-1832): “A dúvida é o vestíbulo que todos devemos passar antes de poder entrar no templo da sabedoria.”
  4. William H. Seward (1801-1872): “As circunstâncias do mundo são tão variáveis, que um propósito ou opinião irrevogável é quase sempre um sinônimo de um néscio.”
  5. Oliver Wendell Holmes (1841-1935): “O duvidar de nossos primeiros princípios é a marca de um homem civilizado.”
  6. Alfred North Whitehead (1861-1947): “Numa discussão filosófica, a menor insinuação de uma certeza dogmática como uma declaração final é uma exibição de loucura.”
  7. Bertrand Russel (1872-1970): “Em todos os assuntos, é algo saudável, de vez em quando por um sinal de interrogação nas coisas que por muito tempo foi considerado como fato.”
  8. Wilson Mizner (1876-1933): “Eu respeito a fé, mas a dúvida é o que te dá uma educação.”
  9. Alan Bloom (1930-1992): “A função mais importante da universidade na idade do raciocínio é a de proteger o raciocínio de si mesmo, sendo o modelo da verdadeira sinceridade.”

A mentalidade moderna demanda neutralidade como seu pressuposto operativo geral e duas aplicações influentes do pensamento contemporâneo evidenciam isto: a evolução e o desconstrucionismo.


EVOLUÇÃO

A hostilidade do mundo contra a certeza e os absolutos como são requeridos no sistema cristão se tornou cada vez mais visível, especialmente no compromisso fundamental e controlador que domina todo o pensamento e cultura moderna ocidental: a evolução.

A ciência moderna ensina que o homem não é o ápice da criação, senão que é o auge da evolução. A teoria evolutiva é dada como fato consumado, em todos os currículos da universidade, assim como está em todos os aspectos do pensamento moderno e da experiência. A evolução não somente influência nas ciências como a biologia, ou a terra, como é de esperar, como também na psicologia, antropologia, sociologia, política, economia, as artes, a medicina e todas as outras disciplinas acadêmicas.

Pela natureza do assunto a teoria da evolução resiste à estabilidade e a certeza, as quais são exigidas na perspectiva bíblica. Em lugar disso, necessita de um desenvolvimento implacável e aleatório no tempo conduzindo as mudanças fundamentais e massivas nos sistemas. Oliver Wendell Holmes, ex-presidente da Justiça da Suprema Corte[4] dos Estados Unidos (1899-1902), expressou muito bem o compromisso moderno da evolução quando afirmou “nada é seguro, somente a mutação.” Como muitas vezes sucede, isto nos evoca à antiguidade. O filósofo grego Heráclito (540-480 a.C.) declarou algo bastante similar quando afirmou o seguinte, à mais de 2500 anos: “nada perdura, somente a mutação.”

DESCONSTRUCIONISMO

Uma aplicação contemporânea influente acerca do pensamento evolutivo se chama desconstrucionismo. Esta complicada nova filosofia não se tornou amplamente conhecida fora do círculo acadêmico, mas está influenciando fortemente os intelectuais em diferentes campos de estudo e está causando o seu impacto nas classes universitárias. O desconstrucionismo apareceu primeiro como uma teoria para interpretar a literatura em 1973 nos escritos do filósofo francês Jacques Derrida (1930-2004). A sua aproximação à crítica literária deu lugar nos Estados Unidos ao que chama de Desconstrucionismo da Escola de Yale. Mas o que é o “desconstrucionismo?”

O desconstrucionismo é um princípio de análise da linguagem moderna, o qual afirma que a linguagem se refere a si mesmo mais que a uma realidade externa. Desafia a qualquer reivindicação da verdade definitiva e de obrigação ao atacar as teorias do conhecimento e de valores definitivos. Esta filosofia afirma “desconstruir” textos e eliminar todas as tendências e as suposições tradicionais. “Os desconstrucionistas argumentam, portanto, que não existe nenhum texto escrito que comunique um significado estabelecido, ou acordado, nem que transmita uma mensagem confiável e coerente.” Os textos escritos estão sempre sujeitos a diferir em interpretações que são afetadas pela própria cultura, tendências, imprecisões de linguagem e outros motivos, e sempre falsificarão o mundo devido a estes ou outros fatores. Como consequência toda comunicação está necessariamente sujeita a diferir, ser contraditória e mudar interpretações, fazendo com que tudo se torne irreconciliável. Esta abordagem crítica é uma forma de relativismo,[5] ou nihilismo.[6] O desconstrucionismo estendeu passando os limites acadêmicos da análise literária para converter-se num princípio mais amplo, numa filosofia muito mais moderna, e um ponto de vista crítico social.

O desconstrucionismo confronta diretamente o compromisso cristão com as Escrituras.[7] Cremos que a Bíblia é a invariável, autoritativa e veraz Palavra de Deus. Por exemplo, o salmista declara confiadamente: “as palavras de Jeová são palavras puras, como prata refinada em forno de terra, purificada sete vezes” (Sl 12:6). Cristo ensina que “a Escritura não pode falhar” (Jo 10:35b). Paulo nos informa que mais que não ser confiável, ou que careça de mensagens coerentes, ele declara que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Tm 3:16-17).

Mas o ensino aberto a estes dois sistemas incrédulos não é o único problema que os estudantes cristãos enfrentam. Existem outros para os quais se deve estar preparado.

OPOSIÇÃO ESCONDIDA

Ainda que um professor universitário ou representante da mídia não ataque diretamenteà verdade que o cristianismo declara, não obstante está indiretamente em guerra contra ela em princípio. Em todas as partes em nossa cultura secularizada – especialmente na universidade – os princípios anticristãos estão estabelecidos. Muitos temas podem aparentar serem completamente sem relação com assuntos cristãos e aparentam não opor-se às afirmações da verdade. Apesar disto, devido a sua natureza escondida podem muitas vezes ser os mais sedutores para o cristão e o mais danoso para a fé verdadeira. Eles apresentam forças erosivas e poderosas que estão silenciosamente infiltrando-se na mente do crente. Gradativamente eliminam os fundamentos da vida cristã, do compromisso com Deus e Sua Palavra. Como um câncer não identificado corroem a fé do crente importando premissas incrédulas para o seu pensamento. O periódico Christian Post informa o seguinte:

O diretor apologista de Enfoque na Família do Adolescente, o Dr. Alex McFarland, se envolveu no ministério com jovens nos últimos 16 anos. Ele disse que os estudantes, em geral, estão mal equipados para recorrerem a sua fé cristã, porque carecem de um bom entendimento dos fatos por trás do cristianismo – científico, histórico e lógico.
De acordo com McFarland os adolescentes têm uma fé sincera como a de um menino, mas não foram expostos “à boa apologética”, o qual ele diz que é “sumamente necessário para serem capazes de defender a sua fé.” 
Ele adverte aos pais “eu aconselho a muitas famílias perturbadas, e ainda, com o coração angustiado, que dedicam 18 anos criando um filho nos caminhos de Deus e somente para ter essa fé destruída nos quatro anos de uma universidade secular.”
Os estudos demonstram que quando os estudantes carecem de boa defesa, a sua fé desmorona. E dois terços abandonaram o cristianismo em seu último ano da universidade. Por outro lado, a fé sólida ajuda aos estudantes em todos os aspectos da vida.”[8]

O que um estudante não conhece, é o que lhe fará dano. Aqui temos três exemplos:


  1. Considerações seletivas. Ainda que um professor universitário não critique diretamente a fé cristã, desafia silenciosamente os fundamentos das premissas cristãs. A educação moderna está fazendo publicidade do ateísmo de uma forma subliminar[9] muito eficaz. O professor decide que opções são sérias, que perguntas valem a pena, que evidências deveriam ser postas diante da classe. Ele seleciona as leituras de acordo com a sua própria perspectiva, a qual deixa de fora os princípios cristãos. O estudante cristão eventualmente se adapta ao processo e começa a deixar grandes campos de estudo separados de suas crenças de fé. Esta é uma maneira sutil maneira de secularização.
  2. Tolerância neutra. A universidade e a mídia supõem que promovem a neutralidade instando à tolerância de todos os pontos de vista. O chamado à tolerância é simplesmente a aplicação do princípio da neutralidade aos temas morais. Mas, estamos todos conscientes de que para a perspectiva cristã raramente se dá a mesma tolerância. De fato, o chamado à tolerância é ainda mais contraditório em si no sistema do incrédulo. Este é tolerante aos pontos de vista que não toleram coisas tais como, por exemplo, a conduta homossexual, o feminismo, ou o aborto. Como Tom Beaudoin, professor assistente dos estudos religiosos na Universidade de Santa Clara, afirma: “a Geração X [10] não é tolerante com um Deus intolerante.”
  3. Afirmações de censura. As bibliotecas afirmam resistirem à censura em nome da neutralidade, mas uma forma de censura sempre está operando em ampliar a coleção de livros da biblioteca. Por necessidade, a biblioteca deve selecionar alguns livros em detrimento de outros – a menos que a biblioteca contenha todos os livros que foram escritos em todo o mundo. Consequentemente, algum grupo de princípios estabelecidos será aplicado na seleção de grupos. A neutralidade é uma falsa ilusão nas bibliotecas.

DEMONSTRANDO O PROBLEMA

Muitos eruditos cristãos caem presos no mito da neutralidade: “mestres, pesquisadores e escritores são muitas vezes levados a pensar que a honestidade lhes exige colocar de lado os compromissos distintivos do cristão quando estudam numa área que não está diretamente relacionada com assuntos do culto dominical.”[11] Esta prática deve ser evitada. Cornelius Van Til[12] sempre desafiou ao incrédulo nos mesmos fundamentos de seus pensamentos. Num debate filosófico os crentes devem partir de compromissos bíblicos.

Como cristãos devemos entendera importância fundamental, as amplas implicações e o caráter destrutivo de afirmar a neutralidade. Devemos fazer isso se estamos comprometidos com uma apologética verdadeiramente bíblica de forma que seja fiel a Deus e a sua revelação nas Escrituras. Muitos programas apologéticos requerem que suspendamos nosso compromisso com a fé para permitir um “encontro de mentes” neutro com o incrédulo. Esta suspensão da fé na verdade pode ser chamada de “uma ponte móvel” para o mundo do incrédulo. Desafortunadamente esta “ponte” te levará ao mundo do incrédulo, mas não te trará de volta.

Você não deve colocar de lado a sua fé em Deus quando considerar seja o que for – ainda que seja a prova da existência de Deus. Tal “pensamento neutro prejudicaria a característica cristã confundindo a antítese[13] entre as mentalidades mundanas e as do crente, e ignoraria o abismo entre o “velho homem” (nossa natureza caída, pecaminosa e inata), e o ‘novo homem’ (nossa natureza do novo nascimento redimido). O cristão que se esforça pela neutralidade involuntariamente endossa premissas que são hostis à sua fé.”[14]

Colocado de modo simples: você não pode adotar uma posição de neutralidade com Deus se quiser permanecer fiel a Cristo. O nosso Senhor nunca promove nem sequer permite que suspenda a tua fé para fazer qualquer coisa. Aqueles cristãos que procuram a neutralidade na apologética estão, de fato, construindo a sua casa apologética na “areia movediça”. Todavia, Cristo ensina que “qualquer que ouve estas minhas palavras e as obedece, lhe compararei a um homem sábio, que edificou a sua casa sobre a rocha.” Ele continua advertindo que “mas, qualquer um que ouve estas minhas palavras e não as cumpre, lhe compararei a um homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia” (Mt 7:24-26). Um método apologético sábio reconhece os seus fundamentos cristãos e os usa.

Por que não você deveria recorrer à neutralidade na apologética? A resposta é: porque devido à queda no pecado, a inimizade é o princípio que controla separando o crente do incrédulo (Gn 3:15; Jo 15:19; Rm 5:10; Tg 4:4).

A mensagem cristã não é agradável para o incrédulo porque o confronta como um pecador culpado que está em guerra com o seu Criador e justo Juiz. O apóstolo Paulo vai além ao declarar:

A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifesto. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. (Rm 1:18-20, ARA).

Certamente isto não soa como se Paulo endossasse o princípio da neutralidade ao tratar com incrédulos. Ele ensina que os homens não são neutros, mas que são ativamentehostis a Deus, a quem eles conhecem no profundo de seus corações.


Para piorar as coisas para a abordagem neutra, o documento fundador do cristianismo, a Bíblia, declara a autoridade infalível e obrigatória que demanda compromisso com as declarações de sua verdade e obediência a suas diretrizes morais: “a conclusão, quando tudo o que se escutou é: teme ao Senhor e guarda os Seus mandamentos. Porque Deus trará toda a obra a juízo, juntamente com tudo o que está encoberto, seja bom ou má.” (Ec 12:13-14). Esta exigência absoluta de temer ao Deus vivo e verdadeiro e obedecer a Sua Palavra-Lei obrigatória irrita a ambição central do pecador. O seu desejo pecaminoso é “ser como Deus” determinando o bem e o mal por si mesmo, sem submeter-se aos mandamentos de Deus (Gn 3:5; Rm 8:7). Na realidade “tudo o que não vem da fé é pecado” (Rm 14:23), porque “sem fé é impossível agradá-Lo” (Hb 11:6). 

Os pecadores buscam escapar das exigências dogmáticas da fé e das normas morais obrigatórias das Escrituras recorrendo a (uma suposta) neutralidade no pensamento. Tal neutralidade inclusive soma ao ceticismo por se referir à existência de Deus e a autoridade de Sua Palavra. Os incrédulos se queixam de que “ninguém conhece corretamente a ciência, portanto, a Bíblia não pode ser o que diz ser.” Interessantemente, a narrativa bíblica explica a queda do homem, como saída do princípio da neutralidade que incentiva a dúvida acerca da autoridade absoluta de Deus. Deve-se recordar que Deus claramente ordenou a Adão e Eva que não comessem da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2:16-17; 3:3). Todavia, Satanás veio a eles com a tentação de duvidar de Deus por meio da suposição de uma posição neutra acerca do mandato de Deus: “foi assim que Deus disse?” (Gn 3:1b).

Satanás tentou Eva ao abordá-la com a pergunta de comer da árvore proibida de uma maneira neutra e sem tendências. Ele sugeriu que ela devia permanecer neutra para poder decidir quem estava certo, Deus ou Satanás. Ela não aceitou a palavra de Deus como autoridade final ou conclusiva, senão que como uma verdadeira neutralidade, determinou por si que opção escolher (Gn 3:4-6). Tal “neutralidade” é perigosa como expressa Robert South (1634-1716): “aquele que peleja com o diabo com suas próprias armas, não deve surpreender-se se for a si mesmo excedido.”

Paulo relaciona esta histórica tentação de Eva a nossos fracassos espirituais em nossa devoção a Cristo: “mas, temo que como a serpente com sua astúcia enganou Eva, suas mentes sejam de alguma maneira extraviadas da devoção pura e singela a Cristo” (2 Co 11:3). Em outra lugar, escreve acerca do desejo de neutralidade de Eva como um fracasso ocasionado pelo “engano” satânico (1 Tm 2:14). Como manifestou Edwin Hubbell Chapin (1814-1880): “os homens neutros são aliados do diabo.” Você deve se recordar que o diabo se apresenta como um “anjo de luz” (2 Co 11:14).

Você não deve construir a sua defesa no princípio que levou à queda da humanidade. Essa maneira de abordá-lo não somente fracassou, senão que trouxe o pecado, a morte, a destruição e o desespero ao mundo.

Como Van Til se esforçou por ensinar ao longo de sua carreira ...,simplesmente não existe uma pressuposição livre e uma forma neutra para abordar o raciocínio, especialmente acerca do fundamento e o filosófico de temas transcendentais da existência e a revelação de Deus. Formular provas para Deus que assumam outra coisa, não somente é néscio e fútil, de uma perspectiva filosófica, como também é infidelidade ao Senhor. O raciocínio é um dom dado por Deus ao homem, mas não lhe concede uma autoridade independente. O conceito cristão de Deus recebe-o como a autoridade mais alta e absoluta, ainda sobre o raciocínio do homem: tal Deus não pode ser provado existir por outros padrões como a mais alta autoridade no raciocínio de alguém. Isso seria assumir o contrário ao que está buscando provar.[15] 
Vivemos numa cultura que por muito tempo esteve saturada com as exigências da autonomia intelectual e a exigência da neutralidade nos estudos minuciosos e importantes, que esta perspectiva ímpia (de neutralidade) foi arraigada em nós: como a “música das esferas” é tão constante e nós estamos tão acostumados a ela que falhamos em discerni-la. É um preço comum e simplesmente isso esperamos.[16]

Assim, o ponto chave é este: a apologética cristã não deve e não pode ser neutra. Operar a partir da oposição da neutralidade é render antecipadamente a fé cristã, antes de qualquer argumentação se leve a cabo. Devemos evitar o mito da neutralidade e não adotá-la.


Um programa acadêmico carregado e um programa social na universidade podem facilmente levar o cristão para longe da Palavra de Deus. Mas recorde: a Bíblia chama a todos os crentes para a tarefa apologética. Você não pode defender a Deus e a Sua Palavra se não está santificado (separado) para Ele por meio do contato com a Sua Palavra. Muitos estudantes cristãos se afastam da fé na universidade porque não foram preparados para as batalhas espirituais e apologéticas que lá enfrentariam. O Dr. Gary North escreveu um artigo propondo uma universidade cristã. O artigo mostrava a um pai abatido que enviou o seu filho para uma universidade secular. Este declarava: “gastei $ 40.000 dólares para enviar o meu filho para o inferno.”

Aprender a contar não é mais importante que saber que é o que realmente conta. Os cristãos devem manter-se diante do Senhor, lendo as Escrituras e em oração. Infelizmente, como observa Charles Colson: “a nossa organização educadora busca instilar uma paixão pela curiosidade e abertura intelectual, mas somente permite a existência de uma busca sem valor da verdade.”[17] Enquanto estiverem na universidade os cristãos não devem ser esponjas passivas simplesmente absorvendo o material, pelo contrário, devem ser filtros ativos discernindo os temas através de uma tela bíblica.

É indispensável pensar biblicamente, pois o raciocinar como cristãos de modo “principal” (ou seja, baseado em princípios), pensar os pensamentos de Deus depois dEle, em lugar de colocar de lado os pensamentos de Deus como o pede o princípio da neutralidade. A Palavra de Deus deve ser o fundamento em todo o pensamento e vida, porque nós fomos “comprados por preço” (1 Co 6:20; 7:23), e somos “povo adquirido por Deus” (1 Pe 2:9).

Busca discernir os motivos e princípios subjacentes do professor. A apologética bíblica está elaborada para ensinar aos cristãos a pensar como cristãos, não como observadores neutros. Nenhuma área da vida é neutra, por isso que a sua vida intelectual deve ser rendida à autoridade de Cristo. Uma apologética verdadeiramente bíblica que representa a soberania do Criador em todas as coisas requer que se submeta a toda de autoridade de Cristo de qualquer ponto de partida. Em 1 Co 10:31 declara que quer comamos ou bebamos devemos fazê-lo para a glória de Deus. (Cl 3:17; 1 Pe 4:11).

Além disso, a Bíblia ensina que cada cristão deve ser capaz de lidar com todo problema em qualquer tempo. Deus espera que você enfrente qualquer forma de oposição à fé cristã. Os escritores do Novo Testamento desafiam a sua audiência original – e a você – a serem defensores da fé. No versículo que serve de pedra angular para a apologética cristã, Pedro ordena: “santifica a Cristo como Senhor em teu coração, sempre estando preparado para apresentar defesa diante todo o que exigir a razão da esperança que há em ti, com mansidão e respeito” (1 Pe 3:15; veja também J 3). Observe que aos cristãos como tais (não somente os de mente filosófica entre nós) é ordenado que respondam “sempre a todo homem”. Infelizmente, poucos são os estudantes evangélicos que aprendem isto em suas igrejas locais. O crente deve aprender a apologética para o seu próprio bem espiritual, assim como para converter-se num agente de reforma para os cristãos não treinados.

Tudo isto está retratado de maneira eficaz para nós em Dt 6: “e os ensinarás {os mandamentos de Deus} diligentemente a teus filhos e lhes falarás destes quando te assentares em tua casa, quando andares pelo caminho, e quando te deitares e quando te levantares. E os atarás como um sinal em tua mão e estarão como frontais entre os teus olhos. E os escreverás nos umbrais de tua casa e em tuas portas.” (Dt 6:7-9). Isto nos fala da palavra-lei de Deus guiando os nossos labores diários (governando a nossa “mão”), nossos processos de pensamentos (governando a nossa “cabeça”) e nosso modo de viver neste mundo pra Ele ao deitar, levantar, sentar ou em todo o nosso caminhar.

2. OBSERVAÇÕES EXEGÉTICAS

Preste atenção de como as seguintes passagens bíblicas impactam o nosso método apologético. Temos um grande otimismo de que este erudito melhorará o nosso entendimento destes textos da Escritura, subtraindo o método apologético bíblico e algumas observações exegéticas adicionais. O apologista cristão deve conhecer a Palavra de Deus para funcionar corretamente.

MARCOS 12:30

O texto de Mc 12:30 diz: “e amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma e com toda a tua mente e com todas as tuas forças.” Esta declaração é retirada de Dt 6:5, imediatamente após Moisés declarar que “o Senhor é um” (Dt 6:4). Israel é recordado que somente existe um Deus, a diferença de muitos “deuses” que competiam no mundo pagão antigo ao seu redor.  Pelo fato de existir somente um Deus (quem criou e controla todas as coisas), há um sistema verdadeiro, no lugar de sistemas de explicação que competem entre si. No mundo antigo tinha um deus para o sol, outro para a fertilidade, e para cada elemento ou necessidade. Como consequência, a sua cosmovisão estava fragmentada e o seu conhecimento carecia de coerência.[19]

Devemos notar que Cristo enfatiza o Seu chamado para amar a Deus em todas as coisas. Ele não disse simplesmente: “amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, alma, mente e forças.” Pelo contrário, Ele enfatizou que a totalidade de nosso amor a Deus ao repetir “todo” ante cada substantivo: “e amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua alma, e com todas as tuas forças.” Estas repetidas ênfases fortalecem o Seu chamado a obedecermos amorosamente a Deus em todas as coisas. Está claro que nossa preocupação principal na apologética é no chamado a amar a Deus com “toda a nossa mente”. Nenhuma neutralidade é inerente a este mandato de Cristo.

1 PEDRO 3:15

Encontramos o texto clássico da apologética em 1 Pe 3:15: “santifiquem a Cristo como Senhor em seus corações, sempre estando preparados para apresentar defesa diante todos que exigirem razão da esperança que há em vocês, com mansidão e esperança.” Este texto se opõe claramente ao princípio da neutralidade.

Observe que Pedro manda que “santifiquem a Cristo como Senhor em seus corações” para poderem defender a fé. “Santificar” significa “apartar, separar, distinguir”. Um apologista verdadeiramente bíblico não separa a Cristo de nossos corações, mas separa a Cristo em nossos corações.  De fato, separa a Cristo como Senhor, ou mestre. Paulo coloca assim, Cristo deve “ter em tudo proeminência” (Cl 1:18). O seu ponto de partida ao raciocinar com um incrédulo deve ser Cristo.

Você não deve perder o ponto específico de Pedro: Ele te chama para separar a Cristo no mesmo processo de defender a fé. O seu ponto principal é chama-lo para “fazer uma defesa” e “dar razão” de sua esperança em Cristo. A apologética não é um tema isolado aqui, é o ponto central. Outra vez, ele aclara o ponto instando a que separem a Cristo em seus corações – no mais profundo do seu ser.

Estes são tão somente dois exemplos da Palavra de Deus, existem muitos outros para se estudar. Mas o fato é que a Bíblia apresenta uma perspectiva teológica e uma cosmovisão prática, a qual, claramente nega que a neutralidade exista no homem caído e em sua forma de pensar. A Bíblia exige que os cristãos reconheçam que a neutralidade é um mito e que a resistam.

3. PERGUNTAS PARA DEBATE

Tente responder as seguintes perguntas por si mesmo antes de ver o texto, ou consultar a RESPOSTAS CHAVES.

  1. O que é “apologética”? Defina o termo e explique a etimologia da palavra “apologética”.
  2. Qual é o ponto central do primeiro capítulo?
  3. Como é que o princípio da evolução (mesmo separado das declarações científicas/biológicas da teoria da evolução) se opõe à fé cristã?
  4. O que é “desconstrucionismo”? Onde surgiu esta filosofia? Como é que ela está em conflito com os princípios básicos da fé cristã?
  5. Liste algumas passagens da Escritura que afirmam a certeza e a autoridade da Palavra de Deus.
  6. Como é que a cosmovisão dos professores incrédulos das universidades confrontam sutilmente a sua fé, ainda que o professor não esteja diretamente atacando o cristianismo?
  7. Qual é o significado de “mito da neutralidade”?
  8. Quais declarações de Cristo descartam a possibilidade de neutralidade?
  9. Onde nas Escrituras se vê pela primeira vez uma tentativa de neutralidade com respeito a Deus e Sua Palavra?
  10. É a tentativa de neutralidade um tema simplesmente metodológico ou também é moral? Explique.

4. APLICAÇÃO PRÁTICA


Agora quais são algumas coisas práticas que você pode fazer para reforçar o que aprendeu? Como você pode promover este método apologético entre os seus amigos cristãos?

  1. Recorde-se com frequência a natureza da guerra espiritual. Para poder se preparar para as suas aulas na universidade, ao iniciar cada semestre você deve voltar a ler as passagens bíblicas que demonstram o antagonismo ativo do mundo incrédulo contra a sua fé cristã. Você não deve esquecer que a natureza do incrédulo desafia a abrangência da sua fé.
  2. Desenvolva uma vida devocional que reforce o seu chamado para a apologética. Faça uma lista de passagens bíblicas usadas neste estudo e leia-os em seus devocionais.
  3. Busque diligentemente avaliar de uma perspectiva de princípios cristãos cada coisa que lhe ensinam. A cada dia após as aulas anote comentários acerca das contradições com a fé cristã que tenha encontrado. Mantenha-as numa caderneta. Anotar frases é o melhor segredo para uma boa memória. Reflita sobre as respostas bíblicas que podem ser dadas a estas supostas contradições.
  4. Crie pequenos grupos de estudo bíblico para prestar contas com outros estudantes cristãos do campus. Parte do processo de defender a fé envolve o promover esta defesa entre outros crentes. Como um cristão em comunhão com outros cristãos, você deve instar aos outros crentes que relatem de sua obrigação espiritual de defender a fé diante o mundo incrédulo.
  5. Busque algum ministério cristão no campus que esteja ferrenhamente comprometido com a Bíblia e que estejam desenvolvendo uma vida cristã. Assista as suas reuniões e envolva-se em seus ministérios.[20] 
  6. Encontre uma boa igreja próximo da sua universidade. Comprometa-se em participar regularmente das reuniões da igreja. Como cristãos não devemos “deixar de congregar-nos, como alguns costumam fazer, pelo contrário, incentivemos-nos” (Hb 10:25).
  7. Quando for possível use as participações da aula para apresentar a perspectiva cristã dos temas. Recomendamos que evite os trabalhos do tipo de testemunhos de mente fechada. No lugar disso, você deveria desenvolver temas orientados pela comovisão que trabalha na imagem de princípios cristãos básicos. Testemunhos bem diretos poderiam afrontar o professor e aparentar ser um desafio para ele. Mas trabalhar em teus princípios bíblicos pode alerta-lo às implicações filosóficas do cristianismo e com certeza o ajudariam a encarnar o seu próprio pensamento. Você deve “aproveitar bem o seu tempo” enquanto está na universidade (Ef 5:16). 
  8. Enquanto estiver matriculado na universidade você estará num ambiente educacional de tempo integral. Portanto, você está procurando ser educado. O Dr. Van Til ensina que se a educação deve ser prática, então deve modelar o desenvolvimento da mente do estudante para que seja posto na melhor relação possível com o seu meio ambiente. Depois ele explica que o meio ambiente fundamental é o próprio Deus, porque “nele vivemos e nos movemos e existimos” (At 17:28; Jó 12:10; Sl 139:7-17; Dn 5:23). É uma realidade que não encontrará professores consentindo com trabalhos que promovam a fé cristã, mas você deve buscar as oportunidades – quando for possível.
  9. Como cristão integral buscando glorificar a Cristo, você deve focalizar os seus estudos acadêmicos de uma forma madura e diligente. Você está tanto pagando uma grande quantia em dinheiro pela educação universitária, como gastando o tempo que Deus deu a você na universidade, então, tire o melhor proveito a teu favor. Não tome atalhos em seus estudos, ouxcelência. Alguns estudantes são por natureza fracos, outros sofrem de inércia simplesmente trate de “cumpri-las”. O chamado de Cristo para você é a e voluntária. Não permita que a sua experiência educacional seja marcada pela preguiça intelectual. Essa preguiça é deslealdade com Cristo.

A maioria das universidades é de artes liberais que pressupõe oferecer uma educação integral – mesmo quando você for obrigado a tomar um curso como requisito que você não se agrade. Como G.K. Chesterton (1874-1936) meditou: “a educação é o período durante o qual você é instruído por alguém que não conhece, acerca de algo que não quer saber.” Também lembre que este curso afetará o seu desenvolvimento geral, portanto, impactará o seu testemunho como testemunho cristão. Além do mais, descobrirá para sua surpresa, que o conhecimento obtido ainda nesse curso lhe será útil.

Os seguintes comentários anônimos deveriam provocar risos pela loucura exposta neles, e não resumir a sua ênfase na educação:

  1. “A universidade é uma fonte de conhecimento onde alguns estudantes vem para beber, outros para absorver, mas a maioria vem para fazer gargarejo.”
  2. “Todos os estudantes universitários perseguem os seus estudos, mas alguns vão mais atrás do que outros.”
  3. “Alguns estudantes ocupam-se das artes na universidade, outros se ocupam das ciências, enquanto que outros apenas ocupam espaço.”

___________________

Notas:
[1] Gary DeMar, A história cristã dos Estados Unidos (Powder Springs, GA: American Vision, 1995); Gary DeMar, A herança cristã dos Estados Unidos (Nashville, TN: Broadman and Holman, 2003); David J. Brewer, Os Estados Unidos: uma nação cristã (Powder Springs, GA: American Vision, 1996); Charles B. Galloway, O cristianismo e a comunidade americana: a influência do cristianismo na formação desta nação (Powder Springs, GA: American Vision, 2005).
[2] De acordo com pesquisas recentes de Gallup, aproximadamente 82% de americanos afirmam ser cristãos.www.gallup.com/poll/11089/look-americans-religion-today.aspx acessado em 31 de Maio de 2013.
[3] De acordo com a Enciclopédia Merriam Webster’s Collegiate: O Iluminismo foi “o movimento intelectual europeu dos séculos 17 e 18, cujas ideias acerca de Deus, a razão, a natureza e o homem foram mescladas numa cosmovisão que inspirou os desenvolvimentos revolucionários na arte, filosofia e na política. Algo importante no pensamento do Iluminismo era o uso e da celebração da razão. Para os pensadores do Iluminismo, a autoridade recebida, fora da ciência e da religião, era para ser sujeita a investigação pelas mentes sem restrições.” Ênfase acrescida pelo autor.
[4] Equivalente à presidência do Supremo Tribunal Federal.
[5] O relativismo ensina que o conhecimento, a verdade e a moralidade não são absolutos. Entretanto, variam de uma cultura a outra, ou de uma pessoa para outra. Isto se deve ao limitado estado da mente, pois não podem haver absolutos que deem um estabelecido significado, ou valor a qualquer pensamento, ou ato humano.  
[6] O nihilismo ensina que o mundo e o homem estão completos sem significado ou propósito. Que o mundo e o homem são absolutamente insensatos e incompetentes acerca de que não existe a verdade compreensível. A palavra “nihilismo” deriva do latim nihil, que significa “nada”.
[7] Veja os seguintes artigos na Revista da Sociedade Evangélica Teológica 48:1 (Março 2005): Andreas J. Kösterberger, “’O que é a verdade?’ A pergunta de Pilatos no evangelho de João e seu maior contexto bíblico”; R. Albert Mohler, “O que é a verdade? A verdade e a cultura contemporânea”; “A verdade, a filosofia contemporânea e o eixo pós-moderno”; Kevin J. Vanhoozer, “Interpretação perdida? A verdade, as Escrituras e a hermenêutica.”
[8] “O que os pais podem fazer quando os universitários perdem a fé” – O Periódico Christian Post (18 de Dezembro de 2005): http/www.christianpost.com/news/what-parents-can-do-when-college-students-lose-faith-13889/ consultado em 31 de Maio de 2013. 
[9] Subliminar deriva de duas palavras em latim: sub (abaixo) e limmen (umbral). Refere-se aquilo que está debaixo do umbral da consciência, o que está fora da percepção consciente. Os publicitários descobriram que as pessoas recorrem de maneira inconsciente e são influenciados por fragmentos da informação, por debaixo dos limites normais da percepção. Afirmam alguns publicitários que colocam de relance os seus produtos em alguma parte do filme para sugerir inconscientemente ao expectador e instá-lo a comprar o produto.  
[10] A Geração X consiste naqueles cuja adolescência ocorreu nos anos 80, ou seja, aqueles que nasceram nos anos 60 e 70. O termo foi popularizado pela novela de Douglas Coupland Geração X: Histórias para uma Cultura Acelerada.No uso de Copland, a X se refere à dificuldade de definir uma geração cuja única crença que lhe unificava era a rejeição de crenças de seus pais chamada de Baby Boomers. Ainda que não fosse o primeiro grupo de americanos que cresceram com a televisão, a geração X foi o primeiro grupo que não conhecia a vida sem ela.
[11] Greg L. Bahnsen, Sempre preparados: instruções para defender a fé (Nacogdoches, TX: Covenant Media Publications, 1996), p. 3.
[12] Cornelius Van Til (1895-1987) escreveu acerca da apologética, filosofia, ética e teologia. Para uma bibliografia completa veja Greg L. Bahnsen, A apologética de Van Til: Leitura e Análise (Phillipsburg, NJ: Presbyterian & Reformed, 1998), pp. 735-740.
[13] A Antítese está baseada em duas palavras gregas: anti (contra) e tithenai (estabelecer ou por). A “antítese” fala da oposição ou de um contraponto. Como cristãos devemos reconhecer o desacordo fundamental entre o pensamento bíblico e todas as formas de incredulidade no nível fundacional de nossa teoria do saber e do conhecimento. Veja o Capítulo 6 para uma discussão acerca da noção bíblica da antítese.
[14] Bahnsen, Sempre preparados, p. 23.
[15] Bahnsen, A apologética de Van Til, p. 614.
[16] Bahnsen, Sempre preparados, p. 31.
[17] Charles Colson, Contra a noite: vivendo na Era da Nova Obscuridade (Ann Arbor, MI: Vine Books, 1989), p. 85.
[18] Por exemplo, as dez pragas de Deus no Egito foram dirigidas aos assim chamados “deuses” do Egito (Êx 12:12; 18:11; Nm 33:34).
[19] Francis A. Schaeffer, Como viveremos? (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2003).
[20] A ABU está em várias faculdades oferecendo suporte para estudantes. A proposta é evangelizar, oferecer suporte aos estudantes em suas crises pessoais durante o período acadêmico e prover literatura cristã acadêmica pela ABUB Editora. Nota do tradutor.
***
Autor: Greg L. Bahnsen
Fonte: Preparate para la buena batalla (Powder Springs, American Vision, Inc., 2013), pp. 5-22.
Tradução: Rev. Ewerton B. Tokashiki, em 27/11/2014.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

OS EVANGÉLICOS E O CRIME DA BOCA DE URNA

PARE, LEIA E PENSE!




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Por Renato Vargens

Há pouco fiquei sabendo de algumas igrejas cancelarão os seus cultos em virtude das eleições. Isto mesmo, os pastores destas igrejas deixarão de adorar a Deus porque optaram em fazer boca de urna para o seu candidato a vereador e prefeito.

Caro leitor, no primeiro domingo de outubro, milhões de brasileiros em nome da democracia, escolherão aqueles que os representarão nas câmaras municipais, além de eleger aqueles que os governarão pelos próximos quatro anos.

Todos sabemos da importância do pleito e da necessidade de exercermos com responsabilidade o voto nas urnas. Sem sombra de dúvidas é extremamente louvável preocupar-se com o destino do país e das comunidades as quais estamos inseridos, no entanto, não posso deixar de compartilhar com os irmãos, a minha perplexidade com a essa nova práxis evangélica. Na verdade, infelizmente algumas igrejas em nome da “cidadania” suprimiram os seus cultos em detrimento da necessidade messiânica de fazer “boca de urna”. Sou obrigado a confessar que tal fato me escandaliza profundamente, até porque, acredito que nada absolutamente nada, seja mais importante do que estar na casa de Deus em comunhão com Aquele que nos redimiu e salvou.
Além disso, vale a pena ressaltar que a “boca de urna” é crime eleitoral. Talvez você não saiba, mais a nomenclatura “boca-de-urna” surgiu de um jargão popular e corresponde ao aliciamento de eleitores no sentido de “atrair a si, angariar, subornar, convidar, seduzir, provocar” o voto do eleitor no dia do sufrágio popular.

A proibição deste aliciamento foi criada em 1986 pela Lei 7.493, de 17/06/86 e ficou sendo repetida em diversas leis eleitorais, com exceção, da que regeu o pleito de 1992. O delito está tipificado atualmente no art. 39§ 5º, I e II da Lei 9.504/97 e o art. 41, II da Res. 20.988/02(TSE). Estas normas determinam que boca-de-urna configura crime no dia da eleição, punível com detenção de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período e multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR.

Meus prezados, aqueles que me conhecem sabem que não advogo a idéia que comumente tem tomado conta de parte dos evangélicos nos dias de hoje. Não creio na manipulação religiosa em nome de Deus, não creio num messianismo onde a utopia de um mundo perfeito se constrói a partir do momento em que crentes são eleitos.

É possível que ao ler este texto você afirme: o Pr. Renato está equivocado quanto as suas declarações. No entanto, basta olharmos para a história dos evangélicos na política brasileira pra percebermos que o fato de termos crentes nos poderes executivo e legislativo deste país não é suficiente para uma mudança significativa em nossa sociedade. Na verdade, o problema está para além disso, eticamente estamos adoecidos, até porque a “febre do jeitinho” nos tem feito acamar proporcionando assim, delírios e pseudovisões em nome de Deus. Na perspectiva da ética, dia de eleição é dia de exercermos livremente as nossas opções políticas e ideológicas, ninguém, absolutamente ninguém tem o direito de manipular, impor ou decidir por você em quem votar.

Não se esqueça que boca-de-urna, é crime, é que nós como santos de Deus, temos o compromisso de cumprirmos as leis que regem este país, afinal de contas, devemos ser sal desta terra e luz deste mundo.

Soli Deo Gloria

***

ACRÍTICOS CONFORMADOS: UMA FORTE TENDÊNCIA NA IGREJA BRASILEIRA




Por Ruy Marinho

Um perigoso bloqueio intelectual está sendo inserido na mente dos cristãos da igreja brasileira. Trata-se de uma onda de conformismo acrítico, ou seja, a aceitação cômoda de não criticar as palavras e atitudes das pessoas no ambiente eclesiástico, impossibilitando o crente de provar pensamentos e atitudes de maneira biblicamente racional.

O apóstolo Paulo adverte que a nossa fé não deve ser irracional: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12:1, negrito meu)[1]. O reformador Calvino alertou que “a fé não consiste na ignorância, senão no conhecimento; e este conhecimento há de ser não somente de Deus, senão também de sua divina vontade.”[2] Excluindo o senso racional, o cristão ficará intelectualmente enfraquecido e mais propício a aceitar os enganos dos falsos profetas que Cristo nos alertou: “levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos” (Mt 24:11).


Em primeira análise,
 percebemos que este bloqueio intelectual é resultante dos famosos terrorismos espirituais, causados por clichês como “não toqueis nos ungidos de Deus” “não devemos julgar”, que infelizmente são ensinados e defendidos por muitos líderes. Porém, é importante salientar que na verdade trata-se de conceitos teológicos errôneos, dos quais tem como objetivo impossibilitar a pessoa de desenvolver suas faculdades mentais de raciocínio lógico, facilitando o falso líder a ter um controle manipulável dos membros de sua respectiva comunidade.
Aqueles que são resignados a esta condição acrítica, acomodam-se na posição irracional de “crente manipulado”, bloqueando qualquer ação iniciativa e inibindo o desejo de evoluir teologicamente. Ou seja, o crente estará sujeito à restrição de qualquer questão doutrinária e/ou moral, aprisionando sua mente ao ponto de não conseguir discernir mais o certo do errado. Neste caso, as verdades absolutas estão enganosamente contidas nas palavras de seus respectivos líderes e não na Bíblia. Com isso, não há entendimento bíblico correto dos textos sagrados, fazendo com que nos ambientes eclesiais os falsos conceitos ensinados sejam tidos como verdades espirituais absolutas e inquestionáveis.

Para as pessoas nessas condições, uma exortação vinda de alguém sobre o perigo eminente decorrente de algum erro teológico, praticamente não possui efeito, pois a comodidade e a cegueira espiritual é um impedimento para tais pessoas crescerem e se aprofundarem nas verdades bíblicas, bem como desenvolver a verdadeira fé cristã com discernimento e senso crítico. Afinal, a mentira dita várias vezes pelo falso líder torna-se verdade absoluta e a ideia apócrifa do “ungido de Deus incriticável” é facilmente implantada.

Na verdade, seguir este conceito é um tremendo engano, pois a Bíblia mostra exatamente o contrário! Um exemplo claro está em Atos 17:11, onde narra que os crentes de Beréia eram pessoas nobres, porque conferiram nas Escrituras o que ouviram de Paulo, para ver se, de fato, era verdade. Caro leitor, seja sincero! Você tem o costume de conferir na Bíblia tudo o que ouve e vê? Se a resposta for não, você pode estar vivendo algo parecido com o que descrevi acima.

Neste caso, é necessário uma atitude urgente, voltando-se para a Bíblia antes que seja tarde, pois se a mesma é a nossa única regra de fé e conduta, devemos tê-la como bússola para todas as nossas atitudes. Caso contrário, estaremos inconscientemente negando a Bíblia e depositando a nossa esperança em homens. O primeiro passo é desmistificar os dois pontos principais que causam o comodismo acrítico, citados no começo desse artigo.

1 – NÃO TOQUEIS NOS UNGIDOS DE DEUS!


As passagens bíblicas utilizadas para defender que não devemos “tocar nos ungidos de Deus”são 1Sm 24:6 “E disse [Davi] aos seus homens: o Senhor me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele, pois é o ungido do Senhor. Dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas.” e Sl 105:15 “Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas”.

Baseado nesses dois versículos, muitos líderes tendenciosos criaram uma classe especial de crentes que, segundo eles, seriam absolutamente incriticáveis ou inquestionáveis, como se fossem mediadores exclusivos entre o homem e Deus. Isso é um tremendo engano, pois o nosso único mediador é Jesus Cristo (1Tm 2:5).

Biblicamente, ungir significa “derramar óleo sobre”. Na cultura judaica antiga, era a forma de oficializar um ofício de sacerdote, ou de reis, para credenciá-los a serem mediadores entre Deus e a humanidade. Por esta razão, Jesus é chamado de Cristo ou Messias, palavras que significam “ungido”.

Em 1Sm 24:6, Davi está falando exclusivamente de Saul, que era ungido como rei. Em Sl 105:15, o salmista fala dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó. Em ambos os casos, o sentido de “tocar”, segundo o contexto, significa utilizar de violência física, maltratar, estender a mão contra. Em momento algum estas passagens são direcionadas contra questionamentos e/ou críticas. Se fosse assim, invalidaria a repreensão do profeta Natan a Davi (2 Sm 12:1-15), a crítica e repreensão de Paulo para com Pedro em seu erro doutrinário (Gl. 2:11-16) e até mesmo o próprio Jesus em várias críticas e repreensões que o mesmo fez aos fariseus (Mateus 23:23 e Lucas 11:23).

No Novo Testamento, o termo “unção” (grego=chrisma) aparece apenas três vezes, dentro de uma mesma passagem, 1 Jo 2:20 e 27, na qual afirma que todos nós recebemos e temos conhecimento da “unção que vem do Santo“, ou seja, todos nós somos capacitados pelo Espírito Santo (2Co 1:21-22). Em comparação, a palavra “ungido” (grego=Christos) é direcionada exclusivamente para Cristo, nunca para os líderes da igreja, nem mesmo aos apóstolos.[3]

Portanto, não existe qualquer possibilidade exegética que dê margem para aplicar as passagens veterotestamentárias em questão aos líderes da igreja, tornando-os incriticáveis e imunes a repreensões.

2 – NÃO DEVEMOS JULGAR!


A primeira passagem Bíblica que devemos analisar, talvez seja a mais usada para afirmar que não devemos julgar aqueles que ensinam conceitos contrários as Escrituras. Trata-se de Mateus 7:1 “Não julgueis, para que não sejais julgados.” Pegando este versículo isolado, de fato, a interpretação será absoluta para “não julgar”. Porém, jamais devemos interpretar textos bíblicos de maneira isolada, retirando as passagens de seus respectivos contextos. E o contexto direto da passagem nos diz claramente que Jesus não proibiu o julgamento em si, mas um tipo de julgamento específico. Vejamos: “Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão.” (Mt 7:2-5)

No versículo 1, Jesus disse aos judeus que eles não deveriam julgar. Já do versículo 2 em diante, Cristo dá a razão pela qual eles não poderiam julgar: o julgamento hipócrita! Os judeus estavam condenando os pecados dos irmãos, porém eles próprios estavam praticando as mesmas coisas (e até piores). Imagine como exemplo, uma mulher que abortou uma criança criticando um bandido que matou alguém em um assalto! Por fim, no versículo 5, Cristo diz que devemos primeiramente corrigir os nossos próprios pecados, para somente depois ajudar o nosso irmão, corrigindo-o de seu erro.

Outra passagem bastante utilizada pelos líderes manipuladores é Romanos 14:10, onde diz: “Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo“. Da mesma forma que Jesus, Paulo não está condenando o julgamento em si, mas sim um julgamento específico. Segundo o contexto, alguns irmãos recém convertidos eram legalistas, com isto os cristãos mais experientes estavam ficando impacientes. Paulo faz uma exortação para que os mesmos sejam mais tolerantes e não julguem os débeis (fracos) na fé, acolhendo-os com aceitação, pois com o tempo o amadurecimento viria naturalmente. Vale lembrar que, o que estava em questão não eram assuntos que comprometiam a ortodoxia cristã, mas sim pontos secundários da fé. Se fosse algo que comprometesse a fé cristã, Paulo com certeza teria outra atitude (Gl 1:6-7, 3:1-5, Fp 3:2, 18-19).

A Bíblia claramente instrui os cristãos a julgar todas as coisas. Prova disto está em João 7:24: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça”. No contexto da passagem, Cristo está confrontando os judeus que questionaram sua doutrina, e tinham-no acusado de ter um diabo (vs 20) e de quebrar o dia do Sábado curando um homem (Jo 5:1-16). A questão colocada por Jesus é o ato de julgar de maneira exterior e superficial, ou seja, sem conhecer realmente os fatos, tornando o julgamento injusto. O ato de julgar “pela reta justiça” tem como premissa a lei de Deus como padrão pelo qual discernimos as coisas, pois a Bíblia é a nossa única regra de fé e prática.

1ª Coríntios 5 também é uma base bíblica importante a respeito do nosso dever de julgar. No versículo 3 Paulo declara, sob a inspiração do Espírito, que ele tinha julgado um membro da igreja em Corinto que estava vivendo no pecado de fornicação. Seu julgamento a tal pessoa foi “seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus”. Já nos versículos 9 a 13, Paulo lembra aos santos do seu dever de julgar as pessoas que estão dentro da igreja, se elas estão ou não obedecendo à lei de Deus. Aqueles que alegam ser cristãos e são membros da igreja, mas que são julgados como sendo desobedientes a qualquer mandamento da lei de Deus (vs 9-10), devem ser excluídos da comunhão da Igreja. Paulo, sob a inspiração do Espírito, diz para a igreja não tolerar pecadores impertinentes.

Outras passagens bíblicas também indicam que é de nossa responsabilidade julgar. Jesus pergunta às pessoas em Lucas 12:57: “E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo?”. Paulo orou para que o amor dos crentes em Filipos “aumentasse mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção” (Fl 1:9). Ele disse aos Corintos: “Falo como a criteriosos; julgai vós mesmos o que digo” (1 Co 1:15).

Os cristãos são solicitados a examinar tudo e reter o bem (1 Ts 5:21). Eles também são obrigados a provar se os espíritos são de Deus: “Irmãos, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas tem saído pelo mundo afora” (1 Jo 4:1). Mesmo nas reuniões cristãs eles devem “julgar” o que ouvem: “Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem” (1 Co 14:29). Os Crentes de Corinto receberam ordens para julgar imediatamente a imoralidade existente entre os seus membros (1 Co 5:1-8). Mesmo o estrangeiro de passagem não deve ser hospedado se for verificado que não se trata de uma pessoa alicerçada na verdadeira fé ( 2Jo 10,11). Deve ser considerado como anátema (maldição) àqueles que apresentarem algum tipo diferente de evangelho (Gl 1:9).

Portanto, concluímos que biblicamente é dever de todo Cristão Julgar, fazendo juízo através de suas faculdades mentais de raciocínio. Se alguém ensinar algo em desacordo com as Escrituras – mesmo partindo do líder de sua igreja, esta pessoa deve ser confrontada com a Bíblia, obviamente com respeito e submissão. Ninguém, absolutamente, é intocável ou incriticável, pois não há respaldo bíblico para afirmar que exista um nível de “unção especial” que anule o raciocínio para o entendimento de qualquer coisa falada, ensinada e praticada. Tudo deve ser conferido na Bíblia.

Por fim, alerto que este ato de julgar não significa fazer injúrias ou calúnias, com comportamentos de sarcasmo e desprezo sobre a pessoa que está no erro, mas sim deve ser feito com linguagem sadia e irrepreensível, no âmbito teológico e moral (Tito 2:7-8, 1Pe 3:15-16). Se alguém está desviando-se do Evangelho e pregando heresias, a nossa obrigação é alertar, repreender, exortar e conduzir o pecador ao entendimento bíblico (2Tm 4:2-4). Caso a disciplina seja indispensável, a mesma deve ser aplicada com seriedade, amor e tristeza, sempre objetivando o arrependimento, e não a condenação eterna do pecador, algo que cabe exclusivamente a Deus.

Soli Deo Gloria!

NOTAS:

[1] A tradução bíblica utilizada no artigo é a Almeida Revista e Atualizada – SBB.

[2] CALVINO, João. As Institutas Vol. 3. Casa Ed. Presbiteriana. São Paulo, 1985. P. 25.

[3] Concordância Fiel do Novo Testamento Grego-Português, Vol 2. – Editora Fiel

***
NAPEC

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Peregrinos de Plymouth: socialistas ou pioneiros da liberdade?

image from google


[Nota: O texto a seguir, em grande medida, é apenas uma adaptação do texto do dr. Paul Jehle, "Economic Liberty in America: a Legacy of the Pilgrims", com algumas informações adicionais que julguei úteis.]

Alimenta-se o mito de que os peregrinos que trabalharam e fundaram a colônia de Plymouth, onde hoje fica o estado de Massachusetts, eram socialistas. A verdade, contudo, é outra. Além de não terem sido, por natureza, socialistas, os peregrinos de Plymouth lançaram algumas das pedras de fundação da liberdade americana. De acordo com o Dr. Charles Wolfe, historiador dos Peregrinos, citado pelo Dr. Paul Jehle [1], a partir de insights providenciais como consequência de seu compromisso com as Escrituras, eles deram seis importantes passos para a liberdade:

“Me ocorreu que eles (os Peregrinos) tomaram seis passos corajosos para a liberdade, que esses são passos que cada geração de Americanos deve continuar tomando... que junto a estes seis aspectos da liberdade, resulta a aplicação do... auto-governo cristão.”[2]

A ORIGEM


Os Peregrinos de Plymouth eram Congregacionalistas separatistas que fugiam da perseguição religiosa na Inglaterra. As pressões começaram na vila de Scrooby, na Inglaterra, quando, em 1607, o Arcebispo Tobias Matthew aprisionou muitos membros da congregação, que saiu daquele país dois anos depois em direção a Leyden, na Holanda. Scrooby era uma comunidade agrícola e eles tiveram dificuldade para adaptarem-se à sociedade holandesa. Mas a perseguição continuou quando, em 1618, autoridades inglesas foram até Leyden prender William Brewster por suas críticas ao Rei da Inglaterra e à Igreja Anglicana. Tais eventos impulsionaram a saída da congregação da Holanda.

Em 1619, eles conseguiram a oportunidade de viajar para o Novo Mundo através da London Virginia Company e para isso tiraram um empréstimo de sete mil libras pelas mãos dos “Aventureiros”, mercadores que buscavam lucro nas colônias. Foi nesse momento que desenharam-se os problemas contratuais que levariam a sua experiência dolorosa, em virtude dos desacordos entre a congregação e os “Aventureiros”.

O CONTRATO

Os Peregrinos só podiam pagar sua dívida através do trabalho. O contrato, depois de muita discussão, só garantia lucro aos Aventureiros, não às famílias da igreja. O acordo requeria inicialmente a divisão dos lucros, mas os Peregrinos insistiam na propriedade privada de suas casas, jardins e terras em que eles desenvolveriam seu trabalho. [3] Esse acordo foi mudado no último minuto por Thomas Weston e Robert Cuchman, o agente dos Peregrinos. William Bradford descreve isso em “Da Plantação de Plymouth” (Of Plimoth Plantation):

As maiores e principais diferenças entre aquelas e as condições anteriores firmam-se em dois pontos; que as casas, e as terras trabalhadas, especialmente jardins e lotes de casas, deveriam permanecer integralmente indivisas para os agricultores até o fim de sete anos. Em segundo lugar, que eles [os agricultores] deveriam ter dois dias na semana para o trabalho privado e de suas famílias, para maior conforto próprio e de suas famílias, especialmente os que tivessem famílias”. [4]

Fica claro, portanto, que os Peregrinos não eram socialistas por natureza; sua “experiência socialista” lhes foi forçada. Tudo seria “comum” até 1627. Em vez de trabalharem dois dias para o lucro privado, essa pequena liberdade lhes foi restringida para um dia. A desconfiança quanto ao mercado e a rejeição ao lucro eram predominantes na Inglaterra. [5]


A VIAGEM

Antes de sair da Inglaterra, o segundo navio, Speedwell, precisou de reparos e antes de chegar ao destino acabou sendo vendido por um preço muito menor do que o usado para consegui-lo. Alguns abandonaram a viagem e outros tripulantes embarcaram por conselho dos Aventureiros para auxiliarem no trabalho na colônia; todos espremidos com os suprimentos no outro navio, Mayflower, atrasando a partida, que se deu em setembro de 1620, com mais de 100 passageiros.

Por alguma razão, o navio Mayflower não aportou na Virginia e eles foram conduzidos a Plymouth, na Nova Inglaterra, chegando ao Cape Cod em novembro de 1620. Segundo Earle E. Cairns [6], isso foi providencial, pois na Virginia eles teriam sido perseguidos como na Inglaterra. 

Antes mesmo de deixarem o navio, os colonos escreveram o primeiro documento de governo da colônia, o Mayflower Compact, assinado por 41 separatistas (homens), segundo os moldes do governo congregacionalista. Eles desembarcaram depois de dois dias, tendo permanecido no domingo para o culto e orações. Eles finalmente chegaram a Plymouth em dezembro.

No primeiro inverno, metade dos 102 passageiros do grupo original de peregrinos morreram. Apenas 4 mulheres adultas sobreviveram para formar a comitiva de 53 peregrinos que comemoraram a festa da colheita em 1621 com 90 índios nativos, que serviu como símbolo para uma importante tradição americana, o Thanksgiving (traduzido no Brasil como “Dia de Ação de Graças”). Um Tratado de Paz foi feito com os nativos para proteger suas relações como uma extensão dos princípios Pactualistas vistos no pacto da igreja em Scrooby e no pacto social de Mayflower. Os Peregrinos não teriam sobrevivido sem a ajuda providencial do índio Squanto, que anteriormente (1614) foi levado pelo explorador Thomas Hunt, passando cinco anos na Europa, primeiro como escravo de monges espanhóis e depois indo para a Inglaterra, retornando em 1619. Por essa razão, Squanto dominava o inglês relativamente bem. Squanto ensinou-os a fertilizar o solo da Nova Inglaterra.

No ano seguinte, a companhia mostrou-se desleal. Quando o navio Fortune desembarcou no fim de 1621, seus 36 passageiros não tinham comida suficiente para seu sustento. Bradford diz que:

“Eles nunca tiveram suprimento de mantimentos mais tarde (mas que o Senhor proveu de outra forma), já que tudo o que a companhia enviava era sempre muito pouco para as pessoas que trouxeram.” [7]

UM PASSO PARA A LIBERDADE ECONÔMICA


Na primavera de 1623, como cita o Dr. Paul Jehle, Bradford, como governador de Plymouth, entendeu que “a menos que algo fosse feito para torná-los produtivos e auto-suficientes, eles pereceriam.” Segundo Jehle, “a análise de Bradford, em conselho com os outros, demonstra o raciocínio bíblico e a aplicação da Escritura”.

“Então eles começaram a pensar como eles poderiam produzir tanto milho quanto pudessem, e obter uma colheita melhor do que a que fizeram, para que eles não definhassem na miséria. ... O Governador (com o conselho do maior chefe dentre eles) consentiu que eles deveriam produzir milho, cada homem para seu particular, e, nesse assunto, confiar-lhes. ... E então nomeou a cada família uma parcela da terra, de cordo com a proporção de seus números... Isto foi muito bem sucedido, porque fez as mãos muito industriosas, ... As mulheres [anteriormente restringidas do trabalho] agora foram voluntariamente para os campos, e levaram seus pequeninos consigo para colher milho; de quem antes alegar-se-ia fraqueza e inabilidade; e que a quem se tivesse compelido julgar-se-ia como grande tirania e opressão.” 
“A experiência que se teve nessa condição e curso comuns, tentada por vários homens e entre pessoas piedosas e sóbrias pode demonstrar a vaidade de conceitos como os de Platão e outros antigos, aplaudidos por alguns mais recentes, segundo os quais a tomada de propriedade e a distribuição em comunidade de bens os faria felizes e produtivos; como se eles fossem mais sábios do que Deus. Porque essa comunidade (tão longe quanto estava) gerou tanta confusão e descontentamento e retardou o empreendimento que seria para seu benefício e conforto. Donde os homens jovens, que eram mais hábeis e dispostos para trabalho e serviço, lamentavam por ter de trabalhar para as esposas e filhos de outros homens sem qualquer recompensa. O forte não tinha mais na divisão de mantimentos e roupas que aquele que era fraco e inabilitado para fazer um quarto do que ele podia; isso era julgado como injustiça. O experiente e aperfeiçoado era classificado e igualado em trabalhos e mantimentos, roupas, etc., com o tipo mesquinho e jovem, julgava-se como indigno e desrespeitoso para com eles. E para as esposas serem comandadas para serviços de outros homens, como temperar sua comida, lavar suas roupas, etc., eles consideraram como um tipo de escravidão, nem poderiam muitos maridos tolerar isso.” 
“No ponto em que todos eram iguais, fazendo tudo igualmente, julgando-se nessa condição, e um tão bom quanto o outro; e então, se isso não cortou aquelas relações que Deus estabeleceu entre os homens, fez pelo menos com que diminuísse muito o respeito mútuo que deveria ser preservado entre eles. E teria sido pior se eles tivessem sido homens de uma outra condição. Que ninguém negue que essa é a corrupção do homem. Eu respondo, vendo que todos os homens têm essa corrupção em si, Deus em sua sabedoria viu outro curso mais adequado para eles.” [8]

É interessante notar a consciência de Bradford da origem de tais ideias em "Platão e outros antigos", reconhecendo suas bases não-bíblicas. Dr. Jehle afirma que Bradford identifica muitas razões pelas quais o socialismo e o comunismo elementar não funcionaram, mesmo entre pessoas piedosas, donde ele deduziu os seguintes “ingredientes de liberdade econômica” do discurso de 1623.


“1. Em uma propriedade comum de terra e trabalho, pessoas tornam-se preguiçosas, evadindo-se do trabalho, de forma que a propriedade privada deve embasar a liberdade econômica.
2. Sob o socialismo, pessoas tendem a inventar desculpas para não trabalhar, então o lucro privado é o ingrediente-chave em uma economia livre.
3. Convivência comunal gera descontentes, porque todos tendem a querer o que os outros têm, mas recusam-se a trabalhar por isso; então o bem-estar deve ser voluntário (caridade privada) antes de forçada (caridade regulada pelo governo).
4. O Socialismo é construído sobre o orgulho e presumiu uma igualdade externa em uma aberta ou ignorante negação do plano de Deus na Bíblia de forma que as diferenças entre jovens, adultos, experientes não são respeitadas. Uma economia livre é construída, em contraste, sobre o respeito e dignidade das diferenças individuais.
5. Embora alguns pensem no lucro como um motivo corrupto, é imperativo que se veja que a natureza humana é a verdadeira corrupta, incluindo aqueles que têm função no governo. O livre mercado, em contraste, é construído sobre incentivo pessoal e interesse próprio no intuito de sobrepujar a natureza corrupta de alguém.
6. Finalmente, o desenho de Deus para a economia descansa sobre a escolha voluntária, que é muito mais produtiva que a coerção do governo e a redistribuição de bens.”

Dr. Jehle continua dizendo que “Bradfort acrescenta uma sétima característica para o sucesso de uma economia livre. Ele afirma que os Peregrinos precisavam ‘descansar na Providência de Deus... orar que Deus lhes daria o pão diário.’ Depois da repartição de terra entre as unidades familiares, seguiu-se uma seca, ameaçando toda a plantação sob seu novo sistema voluntário. Diante disso, escreve Bradford, “[eles] separaram um dia solene de humilhação, para buscar o Senhor através de humilde e fervorosa oração, nesta grande angústia.” O governador relata que Deus “agradou-se em dar-lhes uma graciosa e rápida resposta, tanto para a própria admiração quanto para a admiração dos índios que viviam entre eles. Por toda a manhã, e pela maior parte do dia, o clima estava limpo e muito quente, e nem uma nuvem ou sinal de chuva era visto; mas ao anoitecer, começou a escurecer, e pouco depois a chuva veio com tão doce e gentil vigor que deu-lhes causa para regozijar e agradecer a Deus. Ela veio sem vento ou trovão ou qualquer violência, e paulatinamente em tal abundância que a terra estava completamente molhada e encharcada com ela. ... Por cuja misericórdia, em tempo oportuno, eles também separaram um dia de ação de graças.” [9] Foi depois desse dia de oração que Hobbomock, um nativo que vivia na plantação, converteu-se. E por volta de 1694 havia dias tradicionais, para Peregrinos e puritanos, de humilhação, oração e jejum, seguidos por dias de ações de graças, sempre durante a primavera (práticas que não pararam até 1894). Os tópicos dessas proclamações anuais incluíam uma petição a Deus por prosperidade econômica. E de acordo com Dr. Wolfe, a evidência da oração estava nos frutos, que foram a multiplicação da produção, ano por ano, em três vezes: em 1621, 26 acres; em 1622, 60 acres; em 1623, 184 acres. [10] Em vez de passarem necessidade eles mesmos, eles começaram a emprestar suprimentos para comunidades necessitadas em uma base regular, como Deus promete na Escritura em Deuteronômio 28:12 quando diz que “O Senhor te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tempo, e para abençoar toda a obra das tuas mãos; e emprestarás a muitas nações, porém tu não tomarás emprestado.”


CONCLUSÃO

Diante de um estudo nas fontes primárias, portanto, fica claro que os Peregrinos de Plymouth não eram socialistas por natureza. Seria adequado entender, para outros fins, a diferença básica – não sobre esse assunto - entre os congregacionalistas separatistas e outros grupos puritanos que também migraram para os EUA, mas o presente ensaio não é adequado para isso. Até aquele momento, como explica Gary North (membro durante muitos anos do Mises Institute nos EUA), os puritanos ainda não haviam se dedicado a aprofundar uma visão bíblica das questões econômicas porque ainda não tinham sido forçados a isso. Em grande medida, até aquele momento eles aceitaram a regulação governamental desses assuntos e padrões medievais de “preço justo” e “teto salarial”, simplesmente porque era o que existia em sua época, como herança do período medieval - fato que católicos romanos conservadores evitam expor, escondendo-se sempre atrás dos acertos dos escolásticos tardios. Para notar essa confusão medieval, basta lembrar que, não coincidentemente, as ordens monásticas mais importantes da Baixa Idade Média eram as ordens mendicantes e que de dentro do franciscanismo (a ala dos “franciscanos espirituais”) brotou forças comunistas.  Influenciados pelos conceitos de virtude do helenismo, o lucro e os “interesses econômicos” eram vistos muito negativamente entre os cristãos até a Reforma, até mesmo entre os valiosos Pais da Igreja.  Calvino, por outro lado, embora não tenha se dedicado a criar uma teoria econômica, deu valiosa contribuição para o assunto tentando libertar o cristianismo de seu simbionte helênico. Como exemplo clássico, há a interpretação correta da lei da usura, tão castigada pelos Pais da Igreja e cujas consequências nefastas afetam o Ocidente até hoje.

Segundo o Dr. Wolfe, os seis passos para a liberdade feitos por aqueles Peregrinos foram:

  1. Liberdade Espiritual: o reconhecimento de pecado pessoal e a conversão a Cristo.
  2. Liberdade Religiosa: o rompimento da igreja financiada pelo estado e a busca de uma igreja livre baseada em um pacto.
  3. Liberdade Política: o Mayflower Compact.
  4. Defesa da Liberdade: sua disposição em construir um muro para proteger a plantação.
  5. Liberdade Econômica: o rompimento com o modelo de contrato inicial.
  6. Liberdade Constitucional (1636): na sua Constituição, protegendo suas liberdades.

A colônia de Plymouth foi muito importante para a formação da cultura americana. Tivessem os seus herdeiros antes resistido em sua fidelidade doutrinária, os EUA talvez enfrentassem menos problemas hoje. Aquela experiência, somada depois à vinda de outros grupos puritanos, fez da Nova Inglaterra a região mais resistente ao secularismo humanista no país. Que sirva-nos de inspiração para uma organização cristã mais consciente e para a Glória de Deus.


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NOTAS:
1. Paul Jehle, “Economic Liberty in America: a Legacy of the Pilgrims”.
2. Charles Hull Wolfe, Pilgrim Paradigm for the New Millennium, Letter from Plymouth Rock, Vol. 23, Issue 1, January/February, 2000, 2, Plymouth Rock Foundation, Plymouth, Massachusetts - www.plymrock.org.
3. Paul Jehle.
4. William Bradford, Of Plimoth Plantation, edited by Samuel Eliot Morison (New York:  Alfred A. Knopf, 1991), 41. Citado por Paul Jehle.
5. Gary North, Puritan Economic Experiments (Tyler, TX: Institute for Christian Economics, 1988), 8., citado por Paul Jehle.
6. Earle E. Cairns, “O Cristianismo Através dos Séculos”, 148.
7. Bradford, 102. Citado por Paul Hehle.
8. Ibid. 120-121.
9. Ibid., 131-132.
10. Wolfe, Paradigm, 4. Citado por Paul Jehle.

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Autor: Vitor Barreto
Fonte: Uma Visão Reformada

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