quarta-feira, 30 de abril de 2014

Cristão Farshid Fathi está entre os prisioneiros agredidos em invasão

Líder de uma igreja evangélica no Irã, Farshid Fathi estava entre os 30 prisioneiros que sofreram espancamentos quando guardas e agentes de segurança invadiram celas da Prisão Evin, uma das mais conhecidas do Irã, em 17 de abril
Farshid Fathi.jpg

Farshid Fathi, que está cumprindo pena de seis anos por falsas acusações políticas, teve um pé quebrado quando um guarda o atacou para evitar que auxiliasse um companheiro de cela, no momento em que forças do Ministério de Inteligência, Guarda Revolucionária e mais de 100 guardas da prisão iniciaram um ato violento sem precedentes.
O incidente ocorreu após os prisioneiros protestarem contra uma inspeção agressiva que durou mais de cinco horas. As autoridades iranianas negaram os relatos; no entanto, um membro do Parlamento Iraniano, Ali Motahari, pediu que as famílias dos prisioneiros tivessem permissão para visitá-lo, a fim de assegurar que a verdade sobre as alegações esteja mesmo sendo revelada.
Ao menos outros 29 prisioneiros foram vítimas de espancamentos, resultando em crânios fraturados, costelas e membros quebrados, e mais 32 foram transferidos para o confinamento solitário. Os prisioneiros feridos não tiveram acesso a tratamento médico até que os médicos aprovados pelo Ministério de Inteligência chegassem.
Falando aos Ministérios ELAM após o ocorrido, Farshid Fathi disse: "Hoje eu celebro a ressurreição de nosso Senhor num misto de alegria e dor, de uma forma diferente, em um lugar diferente. Meu pé esquerdo está engessado após ter sido quebrado na última quinta, em violações contra prisioneiros indefesos sob a desculpa de estarem realizando inspeções. Após três dias de dor, finalmente me levaram algemado ao hospital, na manhã de Páscoa. Embora com muita dor, eu tomei isto como um presente de Deus, estando por algumas horas fora da prisão".
A Prisão Evin, em Teerã, abriga muitos prisioneiros políticos, incluindo cristãos encarcerados por falsos crimes políticos, como Alireza Seeyidian, Ebrahim Firouzi e Rasoul Abdollahi.

Em todo o Irã, sabe-se que pelo menos 50 pessoas ainda estão na prisão por causa de sua fé ou atividades cristãs. Alguns, como Farshid, foram condenados e sentenciados, embora muitos não foram ainda formalmente acusados. Outros foram libertados sob fiança e aguardam audiências. Ore por esses irmãos que sofrem por causa de fé em Jesus Cristo e peça ao Senhor pela recuperação de Farshid e os demais feridos.
FonteCSW
TraduçãoJorge Alberto - ANAJURE

EU TAMBÉM NÃO A CONDENO



Por Maurício Zágari

Qual é a primeira palavra que a história da mulher adúltera traz à sua mente? Que conceito é o mais chamativo no relato da queda daquela israelita? Pare um momento. Pense no caso. Imagine a cena. Aquela transgressora é pega em flagrante delito. Nua. Deitada com outro homem. Seduzida pelas próprias paixões. Entregue aos prazeres da carne. Desviada dos caminhos de Deus. Distante da santidade. O que isso traz à sua mente? Que palavra resume a história daquela adúltera? Eu arriscaria dizer que o conceito que imediatamente vem ao seu pensamento é pecado. Estou certo? Afinal, o que ela fez foi cometer um terrível pecado. A punição solicitada para ela foi por causa do pecado. O que entrou em discussão com Jesus foi a respeito do que se faria com ela devido ao pecado. Só o que os mestres da lei e os fariseus enxergavam quando olhavam para ela era seu pecado. Ela cheirava a pecado. Tinha aparência de pecado. Transpirava pecado. Seu nome passou a ser pecadora. Então o foco do relato de João 8.1-11, sem dúvida alguma, é este: pecado.

Bem, na verdade, não. Para os homens é possível que sim. Mas, para Deus… será?

Acredito que a primeira palavra que a história da mulher adúltera traz à mente do Senhor é graça.

A relação entre pecado e graça sempre deve ser vista segundo a análise do ponto de partida e do ponto de chegada. Para os mestres da lei e os fariseus, o pecado daquela mulher era o ponto de chegada. Nada mais importava. A vida dela não vinha ao caso. Seus erros e acertos do passado não faziam diferença. O arrependimento era inócuo. As possibilidades de seu futuro eram irrelevantes. Tudo o que tinha a ver com a existência daquele ser humano, naquele momento, era o pecado. Esqueçam se ela sempre foi uma serva fiel do Senhor. Que importa se viveu uma vida piedosa até então?! Nem perguntem a opinião do marido. Esqueçam tudo. Aos olhos daqueles homens, o pecado tornou-se corpo, alma e espírito; passado, presente e futuro daquela mulher. E só o que viam nela. Seu pecado. O ponto de chegada daquela alma. The end.

Jesus não. O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo viu o pecado daquela mulher como o ponto de partida. Para os olhos divinos, aquela transgressão não representava o topo da edifício, mas apenas mais um degrau da escada. No alto do pódio daquela história estava a graça de Deus. O pecado foi absorvido pela graça. Aquela vida arrependida era o náufrago e a graça, o bote salva-vidas. O pecado era a noite e a graça, o amanhecer. Pecado. Arrependimento. Perdão. Restauração. “Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado” (v. 11). Graça.

A história da mulher adúltera é um magnífico retrato da graça de Deus. Do olhar do Senhor sobre nossas vidas. Um Deus que é santo, que ordena que abandonemos a vida de pecado, mas que também diz que não condena o pecador arrependido. Aquele episódio é uma síntese do plano de salvação: o homem peca, ele torna-se alvo do acusador, seu pecado o faz digno de punição, mas Jesus entra com graça e “já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1).

Deus não deseja nos punir. Ele quer nos perdoar. Quer nos restaurar. Quer nos salvar. Quer arrependimento e esforço para abandonar o pecado. Onde nós, pecadores, enxergamos pecados sem volta, Deus vislumbra as maiores oportunidades de exercer sua graça. Os homens amam a punição. Deus ama o perdão. “Consequentemente, assim como uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens, assim também um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens. Logo, assim como por meio da desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores, assim também, por meio da obediência de um único homem muitos serão feitos justos” (Rm 5.18-19).

Você pecou? O que mais chama a atenção em sua vida é o pecado? Pois então saiba que Deus olha para você e vislumbra o ponto de chegada: a graça. O segundo templo. A glória da salvação. De igual modo, ele olha para os pecadores que mais escandalizam você e vê neles uma excelente oportunidade de exercer sua graça, de fazer a cruz entrar em ação na vida de mais uma alma.

Nós olhamos para o pecado e queremos sangue. Deus olha para o pecado e se lembra do sangue de seu próprio Filho.

A caso da mulher adúltera não é uma história sobre pecado, é uma história sobre graça. O pecado triunfou no início, no Éden, no ponto de partida. Mas no ponto de chegada, na Jerusalém celestial, é Cristo quem triunfará, quando todos os que foram lavados no sangue do Cordeiro estiverem reunidos aos pés do Senhor, louvando e exaltando seu amor sem fim, seu perdão imerecido e sua maravilhosa graça.

Paz a todos vocês que estão em Cristo,

Mauricio

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Fonte: blog Apenas. Divulgação: Púlpito Cristão.

Identificando distorções da Palavra de Deus no ensino escolar

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Trecho da palestra "O Que Estão Ensinando aos Nossos Filhos?" de Solano Portela. Assista:


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Fonte: Ministério Fiel

Para adquirir o livro de Solano Portela, o qual recomendamos, principalmente para educadores e pais, clique aqui!

Via Bereianos

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Argumentos para provar a perseverança dos santos



Por Thomas Watson


Provamos por meio “da verdade de Deus”. Deus tanto declarou quanto prometeu.

a. A verdade de Deus

i. Em sua Palavra Deus declarou: “o que permanece nele (no regenerado) é a divina semente” (lJo 3.9), “a unção que dele recebestes permanece em vós” (1Jo 2.27).

ii. Em sua Palavra Deus prometeu. A verdade de Deus, a pérola mais ao oriente de sua coroa, é penhorada na promessa. “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão” (Jo 10.28), “Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim” (Jr 32.40). Deus ama tanto seu povo que não o abandonará, eles o temerão tanto que não o abandonarão. Se um crente não perseverar, Deus quebrará sua promessa. “Desposar-te-ei comigo para sempre; desposar-te-ei comigo em justiça, e em juízo, e em benignidade, e em misericórdias” (Os 2.19). Deus não desposa seu povo e depois se divorcia dele, ele odeia o repúdio (Ml 2.16). O amor de Deus aperta o laço de união conjugal tão fortemente que nem a morte nem o inferno podem rompê-lo.

b. O poder de Deus

O segundo argumento é o poder de Deus. O texto diz: “Sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação” (1 Pe 1.5). Cada pessoa da Trindade tem uma participação em fazer o crente perseverar. Deus, o Pai, estabelece (2Co 1.21), Deus, o Filho, confirma (1 Co 1.8), Deus, o Espírito Santo, sela (Ef 1.13). Assim, esse é o poder de Deus que nos guarda. Não somos guardados pelo nosso próprio poder.

Os pelagianos defendiam que uma pessoa, pelo próprio poder, venceria a tentação e perseveraria. Agostinho se opõe a eles, dizendo: “O homem ora a Deus para perseverar, o que seria absurdo se tivesse poder para perseverar por si próprio. E, se todo o poder fosse depositado no ser de um homem, então, por que um não perseveraria tão bem quanto outro? Por que Judas não perseverou como Pedro?” Logo, não é por nenhum poder que somos guardados, a não ser o poder de Deus. O Senhor guardou Israel para que não perecesse no deserto, até que os conduzisse a Canaã. O mesmo cuidado ele tomará - se não de uma maneira miraculosa, então de uma maneira espiritual ou invisível - para preservar seu povo num estado de graça, até os levar à Canaã celestial. Os pagãos representavam o titã Atlas¹ sustentando os céus para que não caísse. Podemos comparar o poder de Deus a esse Atlas, pois o poder de Deus sustenta os santos para que não caiam. Há uma discussão em tomo da possibilidade de um santo cair da graça como aconteceu com Adão. Mas defendo que a graça, pelo poder de Deus, não pode perecer.

c. O amor eletivo de Deus

O terceiro argumento é tomado do amor eletivo de Deus. Aqueles que Deus elegeu desde toda a eternidade para a glória não podem cair. Todo crente verdadeiro é eleito para a glória, portanto não pode cair da graça. O que pode frustrar a eleição ou fazer o decreto de Deus nulo? Esse argumento é firme como o Monte Sião, que não se abala. Alguns dos papistas defendem que aqueles que têm eleição absoluta não podem cair. “O firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem” (2Tm 2.19). O fundamento de Deus não é nada mais do que o decreto de Deus na eleição, e isso permanece firme. Deus não o alterará e outros não podem fazê-lo.

d. A união do crente com Cristo

O quarto argumento é tomado da união dos crentes com Cristo. Eles estão conectados a Cristo como os membros à cabeça pelos nervos e ligamentos da fé, de maneira que não podem ser separados (Ef 5.23). O que uma vez foi dito do corpo natural de Cristo é também verdade quanto a seu corpo místico: “Nenhum dos seus ossos será quebrado” (Jo 19.36). Assim como não é possível separar o fermento e a massa quando estão misturados e unidos, também é impossível para Cristo e os crentes serem separados, uma vez que foram unidos. Cristo e seus membros formam um corpo. Mas, é possível qualquer parte de Cristo perecer? Como pode Cristo perder qualquer membro de seu corpo místico e ainda continuar perfeito? Em resumo, se um crente for separado de Cristo, então, pela mesma regra, por que outros não? Por que não todos? Então, Cristo seria uma cabeça sem corpo.

e. O valor do resgate do eleito

O quinto argumento é tomado da natureza da compra. Um homem não dará dinheiro por uma compra que será perdida. Cristo morreu para que pudesse comprar seu povo para sempre: “Tendo obtido eterna redenção” (Hb 9.12). Você acha que Cristo teria derramado seu sangue para que pudéssemos crer nele por um período e então cair? Você acha que Cristo perderia sua compra?

f. A vitória do crente sobre o mundo

O sexto argumento é a vitória do crente sobre o mundo. O argumento fica assim: aquele que vence o mundo persevera na graça, um crente vence o mundo, portanto persevera na graça. “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 Jo 5.4). Uma pessoa pode perder uma única batalha no campo, contudo vencer no final. Um filho de Deus pode perder uma única batalha contra a tentação, como aconteceu com Pedro, mas ao final ser vitorioso. Para um santo ser coroado vencedor e para o mundo ser conquistado por ele, deve perseverar.

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Nota:
1 - Atlas: Também chamados de Atlante - foi um dos titãs gregos, condenados por Zeus a suster o céu para sempre. Atlas foi o primeiro rei da mítica Atlântica.

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Fonte: WATSON, Thomas. A fé cristã, estudos no Breve Catecismo de Westminster. São Paulo: Cultua Cristã, 2009. p. 323-325

Um Cristão pode ser possuído por demônios?

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Por Thomas Magnum


Essa pergunta já me foi feita muitas vezes em ocasiões muito diferentes. Devido a uma característica da teologia do medo implantada desde épocas medievais, que tem se arrastado pelo colonialismo e chegado até a era digital. Podemos ler esse temor na vida de muitos crentes que absorveram tal afirmação de que o demônio pode "pega-lo" se ele não for fiel.

Devido a catolicidade de uma teologia embebida de crenças macumbadas esse tipo de afirmação obteve algum sucesso em igrejas brasileiras. Principalmente com o crescimento e influência da IURD* na prática e crença de igrejas no Brasil. A teologia do medo implantada, que visa claramente uma fidelização a instituição que liberta o fiel, é um fator decisivo, basta assistir por cinco minutos os testemunhos de programas de Tv de igrejas neopentecostais "Quando cheguei aqui não tinha nada, o diabo tomou tudo de mim, era possuído pelo Exu caveira, mas fui liberto", e por aí vai.

Devido a grande facilidade de superstições serem abraçadas pela religiosidade brasileira temos esse crescimento cancerígeno dentro dos arraiais evangélicos. Uma outra característica de igrejas neopentecostais é o posicionamento papal de seus missionários, bispos, apóstolos e pastores. O sacerdócio de cada crente e a importância de cada membro ter contato direto com a Palavra de Deus não é influenciado, o que o líder diz não deve ser examinado ou questionado, apenas aceito e praticado. A Palavra de Deus nos adverte "E logo os irmãos enviaram de noite Paulo e Silas a Beréia; e eles, chegando lá, foram à sinagoga dos judeus. Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim" (Atos 17:10-11). Claro que essa prática é desencorajada em tais igrejas, como o era no período anterior a reforma.

No entanto a Bíblia nos garante que somos guardados por Deus, "Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não está no pecado; aquele que nasceu de Deus o protege, e o Maligno não o atinge" (1 João 5:18). Nos diz também "Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um. Enquanto estava com eles, eu os protegi e os guardei pelo nome que me deste. Nenhum deles se perdeu, a não ser aquele que estava destinado à perdição, para que se cumprisse a Escritura" (João 17:11-12).

Não temos em nenhuma parte da Escritura relatos de crentes endemoniados, e a Palavra nos diz que o mal já está vencido por Jesus, e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz, Colossenses 2:15. É fato que a atuação de demônios não é fantasiosa nem utópica, mas real, contudo a doutrina bíblica da justificação nos mostra que os eleitos são propriedade de Deus, são seus filhos - "porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus" (Romanos 8:14).

Não devemos cair em uma crença dualista, que existem poderes opostos com mesmo grau de força, que guerreiam entre si, não, Deus é soberano - "Pois esse é o propósito do Senhor dos Exércitos; quem pode impedi-lo? Sua mão está estendida; quem pode fazê-la recuar?" (Isaías 14:27). Até a atuação do diabo está debaixo da vontade de Deus, Satanás é um anjo caído, submisso ao seu criador "Jesus lhe disse: Retire-se, Satanás! Pois está escrito: Adore o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto" (Mateus 4:10). "Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o acorrentou por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs um selo sobre ele, para assim impedi-lo de enganar as nações até que terminassem os mil anos. Depois disso, é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo." (Apocalipse 20:2-3). Note que em cada texto bíblico Deus é o Soberano, ainda: "Vi o céu aberto e diante de mim um cavalo branco, cujo cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro. Ele julga e guerreia com justiça. Seus olhos são como chamas de fogo, e em sua cabeça há muitas coroas e um nome que só ele conhece, e ninguém mais. Está vestido com um manto tingido de sangue, e o seu nome é Palavra de Deus. Os exércitos do céu o seguiam, vestidos de linho fino, branco e puro, e montados em cavalos brancos. De sua boca sai uma espada afiada, com a qual ferirá as nações. Ele as governará com cetro de ferro. Ele pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus todo-poderoso. Em seu manto e em sua coxa está escrito este nome: REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES" (Apocalipse 19:11-16).

Devemos ter cuidado, examine as escrituras, leia bons livros, frequente uma igreja sadia doutrinariamente, isso fará bem para sua saúde espiritual e emocional.

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Divulgação: Bereianos 

domingo, 27 de abril de 2014

Uma vida piedosa. - John Owen.

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Por Denis Monteiro


A cada sermão pregado, a cada artigo em blogs ou/e sites que são publicados, em cada livro e revistas que é citados a palavra puritanos, logo vem a mente de que eram pessoas separatistas e rebeldes que buscavam o seu bel prazer levando o povo a se revoltar contra as autoridades. Mas analisando e estudando vemos que o termo e sua influência não poderia ter sido “apagado”  entre nós, igreja do Senhor Jesus. Os puritanos são aqueles que, após a Reforma, no momento de recessão e esfriamento, eles buscaram um avivamento e um culto regulado pela Palavra de Deus. Ou seja, eles queriam e lutaram por isso, para que a Reforma fosse aplicada, de fato, na igreja. Que tudo aquilo que fosse um acréscimo humano ao culto - que não podiam ser demonstrado nem apoiado pela Escrituras, deviam ser tirados. Mas bem sabemos que um culto a Deus começa na nossa vida diária de devoção a Deus. E é sobre isso que trataremos neste artigo.

“O Príncipe dos Puritanos”.

Ele nasceu em 1616 e veio a falecer em 1683. Foi capelão no exército de Oliver Cromwell e vice-chanceler da Universidade de Oxford, mas a maior parte da sua vida ele serviu como pastor de uma igreja. Suas obras escritas somam 24 volumes e representam o que há de melhor em termos de teologia no idioma inglês. Em vários assuntos importantes como o Espírito Santo, Mortificação do Pecado e Apostasia, ele é insuperável. Estou falando de John Owen.

John Owen em seu livro Pensando espiritualmente (Editora PES) nos dá algumas lições sobre sobre como cultuar a Deus e este culto começa em nossas vidas.

E seguiremos o conselho deste velho puritano. Jonh Owen ao falar de como ir ao culto parece estar vivendo em nossos dias ou até mesmo nos dias de Spurgeon que diz:

Muitos gostariam de unir igreja e palco, baralho e oração, danças e ordenanças. (...) Quando a antiga fé desaparecer e o entusiasmo pelo evangelho é extinto, não é surpresa que as pessoas busquem outras coisas que lhes tragam satisfação. Na falta de pão, se alimentam com cinzas; rejeitando o caminho do Senhor, seguem avidamente pelo caminho da tolice.

As pessoas não sabem mais qual é o propósito de ir ao culto. Para muitos a igreja funciona como um pronto socorro, e desde que as pessoas estejam socorridas, as demais coisas, inclusive a adoração, ficam em segundo plano ou até mesmo ignoradas. John Owen deixou isso claro:

Muitas pessoas gostam de frequentar cultos de adoração a Deus. Contudo, esse gosto, em si, não é necessariamente um sinal de verdadeira espiritualidade.

O sinal verdadeiro de sermos crentes verdadeiros não está no ir ao culto, mas como vamos a este culto a Deus. Na história Bíblica mostra que o povo de Deus, que buscavam o culto para lhes satisfazer, ião ao culto divididos e com uma adoração distorcidas. Em Isaías 1.13 mostra um povo que desobedecia abertamente a Deus mas que continuavam a oferecer a sacrifícios a Deus. E Deus diz que esta atitude é abominável a Deus, porque não podia “suportar iniquidades associada ao ajuntamento solene” (Is 1.13). Em Malaquias 1.7-10 Deus reprovou a qualidade das ofertas porque o povo não dava o melhor que podia. Em Amós 5.21-27, Deus exigiu justiça e não sacrifícios . E em Coríntios Paulo os acusou de ajuntarem “não para melhor e sim para pior” (1 Co 11.17).

O principio de ir ao culto, como diz Owen, é perceber “a diferença entre uma verdadeira mudança espiritual e a mera renovação moral do caráter”. Há pessoas que gostam de ir ao culto pelo o fato de uma pregação eloquente e uma música agradável, mas Owen diz que para uma pessoa que pensa espiritualmente ele pensa diferente e não busca somente isso. E buscando aquilo que somente lhe agrada pode trazer, como diz Owen, uma “distração que nos afasta do culto real”.

O comportamento de um cristão que se embaraça com negócios desta vida pode até conhecer o culto de uma forma superficial, como Owen define; como dois homens que gostam de um mesmo jardim um gostará do seu colorido e aroma; o outro, por conhecer de perto a natureza e os benefícios do uso das flores e das ervas. Segundo Owen este último é o que pensa e vive espiritualmente, porque ele não conhece superficialmente, mas sabe do resultado prático e verdadeiro e o fruto que isso pode nos trazer.

As pessoas que têm mentalidade espiritual encontram tanto gozo em todos os aspectos da adoração a Deus que não querem ficar sem ela. diz John Owen.

E nisto Owen nos faz uma pergunta: De que maneiras os que pensam espiritualmente auferem [lucram, obtém] seu prazer da participação nos deveres do culto religioso? 

Nosso prazer em adorar a Deus e seus benefícios está em nossa mudança espiritual. Uma pessoa que foi, verdadeiramente, regenerada terá a plena vontade de adorar a Deus não se importando com o resultado que ela possa receber, mesmo que isso lhe custe a morte.

No preparo, a cada dia, para que no dia do Senhor possamos adorar a Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças (Marcos 12:30). Como Owen nos diz que “a fé é o único meio de se aproximarem de Deus; que o amor é o único meio de Lhe obedecerem; que a reverência e o prazer espiritual são os únicos meios de viverem junto dEle”. A nossa fé tem que ser demonstrada em todos os lugares e não só nos cultos, mostrar-se em um culto é fácil. Mostrar a nossa fé aonde quase ninguém pensa em Deus é difícil. Logo, temos que nos aproximar de Deus todos os dias e em todos os lugares. O nosso amor, se realmente formos regenerados, será um amor como João nos diz “...se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros.” (1Jo 4:11). Um amor que mostre rendição a Deus e a Sua Palavra, porque a lei se cumpre numa só palavra, nesta: "Amarás ao teu próximo como a ti mesmo."(Gl 5.14). Como diz Agostinho: “eu odiaria minha própria alma se descobrisse que ela não ama a Deus.”. A reverência a Deus é o principio do cristão, é a certeza de que ele é um eleito como está descrito pelo profeta: "e farei com eles uma aliança eterna de não me desviar de fazer-lhes o bem; e porei o meu temor nos seus corações, para que nunca se apartem de mim." (Jr 32.40). Como descreve Owen, a reverência é acompanhada pelo prazer de servir a Deus. O cristão deve ter o prazer de servir a Deus a cada dia, como explica F.F Bruce: O amor e a obediência a Deus estão de tal maneira entrelaçados um com o outro que a existência de um implica a presença do outro.

Ao contrário de tudo isso Owen define assim:

Vir ao culto cheio de outros pensamentos, ou ignorando quais pensamentos deveríamos ter, será dar surgimento à mornidão, à frieza e à indiferença. Devemos sobressaltar-nos ao encontrarmos esses sinais de decadência em nossos corações.

O nosso desejo de cultuar a Deus deve está baseado na oração do Senhor Jesus (Mt 6.9-13), o nosso culto deve buscar a vontade e a gloria de Deus manifestada na terra como ela o é manifestada no céu.

Para concluir, citarei mais uma frase de John Owen:

O nosso amor a Deus é que nos motiva a anelar que a Sua glória seja vista. Por isso os crentes se deleitam em fazer qualquer coisa que manifeste essa glória.

Quem não vier ao culto com esse desejo não obterá dessa ocasião nenhum prazer, senão o pobre prazer de supor que o seu culto o glorificará aos olhos de Deus — o que, como já vimos, não acontece.

Fonte: Teologia & Apologética
Divulgação: Bereianos

sábado, 26 de abril de 2014

O QUE SÃO OS ATOS PROFÉTICOS?

Pare, Leia e Pense!


Uma reflexão sobre o significado dos atos proféticos para os dias de hoje

Por Robson T. Fernandes

Antes de qualquer coisa é preciso dizer que a intenção deste artigo não é denegrir a imagem de ninguém e nem difamar quem quer que seja, especialmente porque acreditamos sempre que existe a possibilidade de arrependimento e mudança de atitude diante de uma postura errada, principalmente porque, como cristãos, devemos sempre esperar que aja o exercício do arrependimento, confissão e perdão (2Cr 7:14).

Um dos problemas mais comuns e recorrentes na igreja evangélica brasileira diz respeito às falhas de interpretação bíblica, quando alguns textos são distorcidos, ora propositalmente ora por imperícia, imprudência ou negligência. De uma forma ou de outra, a utilização inadequada de um texto ou de uma passagem bíblica tem levado muitas pessoas ao engano e ao erro. É exatamente isso o que ocorre com as práticas dos atos proféticos, tão comuns entre aqueles que seguem o Movimento da Fé.

Mas, afinal de contas, o que é um ato profético?

René Terranova, que foi ungido apóstolo, depois “paipóstolo” e Patriarca, por Morris Cerrullo, tem se destacado como um dos principais líderes defensores do Ato Profético no Brasil. Ele diz: “A linguagem profética traz ao reino físico a existência do mundo espiritual. Na maioria dos seus discursos, Jesus falava de uma forma espiritual e o povo entendia na forma física, porque lhes faltava discernimento espiritual” (TERRANOVA, 2009) [1].

Ainda, o grupo Reavivamento Europa dá a seguinte definição para Ato Profético:
Como o nome já sugere são ações realizadas por homens, profetas de Deus com determinado sentido profético, com intuito de profetizar com ações e símbolos. São sinais que apontam para o reino espiritual e que tem conseqüências no reino físico. São ações expressas em atitudes e palavras [2]. 
Então, na visão dos seguidores do Movimento da Fé, o Ato Profético seria uma ação envolta em simbologia que supostamente traria ao mundo físico as realidades espirituais. Para isso, os defensores desse pensamento utilizam passagens bíblicas, especialmente do Antigo Testamento, em que Deus manda que os profetas utilizem símbolos para transmitir a Sua mensagem, a exemplo dos umbrais das portas com sangue na noite da décima praga do Egito (Ex 12), a pregação sem roupas de Isaías (Is 20:3-4), as sete voltas em torno de Jericó (Josué), a canga de Jeremias (Jr 27:2), o cinto de linho enterrado às margens do rio Eufrates (Jr 13:1-11), a botija de barro quebrada diante do povo (Jr 19:1-11) etc.

Em primeiro lugar, as ações praticadas pelos profetas bíblicos não traziam nada à existência, como afirmam os seguidores do Movimento da Fé. Antes, tinham um caráter didático de ensino, instrução e orientação para o povo de Deus, a exemplo do profeta Oséias que casou com uma prostituta. A ação de Oséias, ordenada por Deus, visava fazer o povo entender que havia se prostituído diante do Senhor, mas que Ele, o Senhor, continuava fiel ao Seu povo (Os 3) buscando tirá-lo da prostituição, assim como Oséias fez com aquela mulher. Essa passagem bíblica nos mostra que a situação de Gômer, a prostituta, era a mesma situação do povo de Israel. Esse meio didático utilizado por Deus só demonstra que o povo estava em prostituição.

Essas ações proféticas encontradas na Bíblia não trazem à existência coisas espirituais. Elas tinham um caráter didático para corrigir o povo, ensinar o povo ou trazer juízo sobre um povo. Por isso diz-se que tais ações fazem parte dos atos salvadores de Deus na história.

Por essa razão é que o escritor aos Hebreus declara:
Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles. (Hb 1:1-4)
Em segundo lugar, a interpretação bíblica é distorcida com os Atos Proféticos da atualidade. Isso ocorre porque tais pessoas confundem o que é relato histórico e o que é ordem direta.

Um relato histórico é a descrição de algo que ocorreu no passado. Por exemplo, a Escritura relata que Judas traiu Jesus. E mais, a Bíblia revela que o próprio Jesus disse: “O que fazes, faze-o depressa” (Jo 13:27). Ainda, a Bíblia revela que Deus disse à Moisés: “tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa” (Ex 3:5). Ainda, a Bíblia revela que Jesus “cuspiu na terra e, tendo feito lodo com a saliva, aplicou-o aos olhos do cego” (Jo 9:6). Ainda, a Bíblia revela que quando os sacerdotes entrassem na tenda da congregação, ou quando fossem ministrar no altar, deveriam lavar as mãos e os pés com água para não morrerem, e “isto lhes será por estatuto perpétuo, a ele e à sua posteridade, através de suas gerações” (Ex 30:20,21). Ou seja, se um relato bíblico e histórico é entendido como uma ordem para o povo de Deus e deve ser visto em forma de Ato Profético, deveríamos, então, trair Jesus, pois Ele mesmo disse “O que fazes, faze-o depressa”; deveríamos tirar as sandálias toda vez que entrássemos na presença de Deus em oração, na igreja ou em uma reunião espiritual com irmãos (Ex 3:5); deveríamos cuspir na terra e fazer “lodo” para passar nos olhos dos cegos para os quais oramos (Jo 9:6); deveríamos lavar as mãos e os pés todas as vezes que fôssemos oferecer algum tipo de serviço ao Senhor, para não sermos mortos (Ex 30:20,21) etc.

O fato é que esses atos, encontrados em sua grande maioria no Antigo Testamento, são direcionados à um povo, evento ou situação específica, e a Bíblia está apenas relatando o que houve. A Bíblia não está estabelecendo uma regra ou dizendo que deveríamos reproduzir o ato. Ainda, o leitor da Bíblia deve observar o que o texto está dizendo, para quem está dizendo e para quando está dizendo. Muitas vezes algumas pessoas erram porque se apropriam de promessas que dizem respeito ao povo de Israel no Antigo Testamento, como se isso dissesse respeito a nós hoje. Portanto, uma coisa é a Bíblia relatar um fato, e outra coisa completamente diferente é a Bíblia dar uma ordem direta e aplicável a nós hoje, como essa:
Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais. Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro? Os de fora, porém, Deus os julgará. Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor. (1Co 5:11-13)
Em terceiro lugar, erram por ignorar a suficiência das Escrituras.

A busca por Atos Proféticos é gerada pela sensação de que a Bíblia não é suficiente para nos falar, para nos corrigir e nem para nos orientar, e muito menos para suprir nossas reais necessidades.

O apóstolo Paulo alerta seu discípulo Timóteo sobre isso:

Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério. (2Tm 4:1-5) Exatamente por essa razão, Jesus disse: “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mt 22:29).

O fato é que tais pessoas sentem a necessidade de algo mais, de uma nova experiência. Isso ocorre porque se afastaram dos princípios elementares da fé cristã e do Sola Scriptura. Para estes a Sagrada Escritura já não é suficiente, pois buscam algo mais. Contudo, esquecem que os atos dos profetas no Antigo Testamento, normalmente, estavam relacionados com o afastamento do povo dos princípios estabelecidos pelo Senhor, e como este povo estava negligenciando a Sagrada Escritura, Deus usa de outro meio para lhes falar ao coração. Por isso, ao buscar um suposto e hipotético Ato Profético estão apenas confessando publicamente o quão distante se encontram da Bíblia Sagrada.

Em quarto lugar, erram na contextualização e na aplicação dos princípios bíblicos.

Um exemplo que pode ser citado para ilustrar a questão é a armadura de Deus, em Efésios 6:10-20. Ali, naquele Texto, o apóstolo Paulo utiliza o artifício da ilustração para falar de verdades espirituais, e essas verdades são ilustradas através de uma realidade física. Ou seja, Paulo usa a armadura romana para falar da verdade da batalha espiritual, alicerçada no Evangelho da Paz (sandálias), Justiça (couraça), Salvação (capacete), Fé (escudo) e a Palavra de Deus (espada). Isso não quer dizer que o cristão tenha que usar uma armadura de verdade, ou que tenha que ter miniaturas de armaduras em sua casa como uma mandala, patuá ou amuleto, para estar protegido, pois isso seria superstição. Da mesma forma, os atos encontrados no Antigo Testamento, por exemplo, não precisam ser repetidos em nosso meio hoje, pois semelhantemente isso seria superstição, ou no mínimo seria o mesmo que achar que um método pode substituir ou provocar a ação do Espírito Santo, o que seria recair no erro do pragmatismo. Mas, é exatamente isso o que tem acontecido, quando essas “práticas” e “ações” são executadas com a finalidade de “bloquear”, “anular”, “derrubar” ou “vencer” fortalezas espirituais. Isso é o mesmo que os espíritas fazem ao usar sabonetes e sal grosso para tomar banhos de descarrego, ou usar alguns pós com supostos poderes especiais que acreditam poder livrar as pessoas de mal olhado, ou quando usam o pé de pinhão roxo para proteger suas casas e comércios, ou quando fazem um despacho para, supostamente, fechar o corpo contra maus espíritos. Tudo isso não passa de superstição, paganismo, feitiçaria e macumbaria.

Além do mais, é preciso destacar que não encontramos nenhuma ordem bíblica para que façamos tais coisas. É preciso relembrarmos que uma coisa é a Bíblia relatar algo que ocorreu, e outra, completamente diferente, é a Bíblia ordenar que pratiquemos algo.

Por isso, mais uma vez é preciso repetir o que o escritor aos Hebreus declara:
Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, NESTES ÚLTIMOS DIAS, NOS FALOU PELO FILHO, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles. (Hb 1:1-4)
Portanto, no passado Deus utilizou alguns meios didáticos para ensinar o povo e conduzi-los à verdade da chegada e da presença do Messias, Jesus Cristo. Mas, a partir de Jesus o meio que Deus tem utilizado é o próprio Jesus, mediante a ação do Espírito Santo, por meio da Sagrada Escritura. Se no passado Deus usou, por exemplo, o Urim e o Tumim (Ex 28:30), hoje Ele usa a Sua Sagrada Palavra, revelada aos Seus filhos.
Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar. (Hb 4:12-13) Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, e que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. (2 Tm 3:14-17)
A TRANSFERÊNCIA DE GERAÇÃO COMO UM ATO PROFÉTICO

A ideia de “Transferência de Geração”, praticada pelo grupo Diante do Trono, é caracterizada simplesmente como uma distorção e afastamento das Escrituras, baseada em manipulações de datas.

ASSISTA O VÍDEO DA TRANSFERÊNCIA DE GERAÇÃO NO 15º CONGRESSO DE ADORAÇÃO E INTERCESSÃO DIANTE DO TRONO 

O argumento utilizado para se defender a “Transferência de Geração” é de que existe uma promessa em Joel 1:3, em que são citadas cinco gerações, sabendo que uma geração dura em torno de 40 anos. Além disso, afirmam que um país só é considerado como tal após a sua independência, e como a independência do Brasil só ocorreu no dia 7 de setembro de 1822, a promessa de Deus é conduzida até meados dos anos 1980. Os defensores deste pensamento afirmam especificamente o ano de 1982. Então, essa geração de 1982 seria a responsável por promulgar um santo jejum, convocar uma assembleia solene, congregar todos os anciãos e todos os moradores da terra para a Casa do SENHOR e clamar à Ele (Joel 1:14).

O primeiro problema com o argumento utilizado é para quem foi destinada a promessa de Joel 1:3. Para quem o Texto está falando?

O contexto do livro de Joel diz respeito a devastação da terra por uma dupla praga, de locustas [3] e seca. Então, a promessa de Joel é de que se o povo de Israel voltar à adoração do Deus verdadeiro, a sua terra será restaurada, tanto da praga dos gafanhotos como da seca. Portanto, essa profecia diz respeito às pragas derramadas sobre o próprio povo de Deus por sua apostasia, na época de Joel. Dessa forma, se o fundamento para a transferência de Gerações, praticada pelo Diante do Trono, é o texto de Joel, então esse grupo está confessando publicamente a sua apostasia, assim como foi com o povo do profeta Joel.

O profeta Joel alerta o povo de que essa praga não deveria ser esquecida, e, por isso, precisava ser relembrada às gerações futuras para que estas gerações entendessem que ela era a representação de um juízo ainda maior no porvir. Se esta praga foi terrível, o Dia do Senhor será muito mais (Jl 2:1-11). Portanto, o que deveria ser lembrado às gerações futuras era o derramamento do juízo de Deus, que não tem nenhuma relação com a suposta Transferência de Gerações.

O segundo problema com o argumento utilizado é que não há nenhuma evidência bíblica de que uma geração dure 40 anos, como essas pessoas desejam.

Orlando Boyer afirmou que a geração é a “duração média da vida de um homem” (1998, p.292) [4], e Werner Kaschel e Rudi Zimmer afirmaram que uma geração é a “sucessão de descendentes em linha reta: pais, filhos, netos, bisnetos, trinetos, tataranetos (Sl 112.2; Mt 1.17)” (1999, p.79) [5], ainda afirmaram que geração pode ser o “conjunto de pessoas vivas numa mesma época” (Idem).

Então, o texto bíblico de Mateus 1:17 nos diz que de Abraão até Davi são 14 gerações, em que temos um tempo médio de mil anos. Portanto, cada geração dura em média 71 anos. Ainda, o Salmo 90:10 nos diz que “os dias da nossa vida chegam a setenta anos”, que é a duração média de uma vida. Portanto, aqui, uma geração dura em média 70 anos.

Com isso, não há nada que faça pensar que uma geração dure 40 anos, como pretendem os defensores dos Atos Proféticos e da Transferência de Geração.

O terceiro problema com o argumento utilizado é afirmar que um país só é considerado como tal após a sua independência. Mas a promessa de Joel não tem nenhuma relação com a formação de um país, especialmente porque o Israel étnico sempre existiu como nação, preservando a sua cultura e religiosidade, até mesmo quando não tinha um território, e mesmo durante os cativeiros. Ainda, este povo só passou a ser reconhecido como um país em 1948, quando foi fundado o Estado Moderno de Israel.

O quarto problema com o argumento utilizado é tentar fazer uma correlação entre esta profecia e o Brasil. Não existe nada no texto, absolutamente nada, que dê chance para isso. Dessa forma, podemos ver claramente como esses grupos distorcem a Bíblia deliberadamente e como fazem isso contando sempre com a falta de conhecimento, falta de discernimento e falta de entendimento do povo. Esse é um claro exemplo de como a Bíblia tem sido tratada com desprezo e descaso por esses grupos.

Para piorar a situação, ainda mais, utilizam os textos de 1Samuel 16:13 e 2Coríntios 3:4-6 para fundamentar a prática de Transferência de Geração. Vejamos os textos:
Tomou Samuel o chifre do azeite e o ungiu no meio de seus irmãos; e, daquele dia em diante, o Espírito do SENHOR se apossou de Davi. Então, Samuel se levantou e foi para Ramá. (1Sm 16:13)
E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus; não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus, o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica. (2Co 3:4-6)
O texto de 1Sm 16:13 relata o encontro entre Davi e Samuel, quando Davi foi ungido pela primeira vez. Esse texto fala da chamada de Davi ao trono de Israel, mas não pode ser visto como algo que se repete nos dias de hoje, especialmente porque o texto diz que nesse momento, com Davi, o Espírito do SENHOR se apossou dele. Contudo, na Nova Aliança o Espírito Santo se apossa do convertido no momento da conversão. Por isso que o apóstolo Paulo nos diz que “em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito” (1Co 12:13). E diz mais, pois “não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8:9). Portanto, não podemos afirmar que o fato de alguém ser ungido com azeite nos dias de hoje é o princípio para a chegada do Espírito Santo e nem para a Sua descida. Muito menos que é sinal da aprovação Divina.

O que vemos com isso, mais uma vez, é a apropriação indevida de um texto que está em outro contexto, dentro de outra Aliança e que é dirigido à outra pessoa. Um texto que é descritivo e que é manipulado para parecer uma ordem direta ou orientação Divina para sua repetição na atualidade.

O texto de 2 Coríntios 3:4-6 é outro que tem sido muito distorcido e mal interpretado por muitas pessoas. Essa passagem diz respeito a Nova Aliança, em que todo membro é um sacerdote, diferente da antiga Aliança. Se na antiga Aliança havia um grupo exclusivo de sacerdotes, na Nova Aliança todo membro é um ministro e sacerdote, como pode ser visto aqui. Portanto, todo aquele que nasceu de novo é um ministro da Nova Aliança, e esta Aliança não é da letra, ou seja, não é igual àquela que foi gravada com letras em pedras (3:7), porque a letra mata (3:6). Mas que letra é essa? Como já foi dito, é a letra que foi gravada em pedras (3:7), isto é, a Lei que foi dada à Moisés. Esta letra que mata, portanto, não tem nenhuma relação com o estudo ou pesquisa, mas com a Lei do Antigo Testamento.

Nesse sentido, Moisés fez algo que poderia ser visto como um ato profético, pois ele passou a usar um véu sobre a face. Porém, o apóstolo diz que “não somos como Moisés, que punha véu sobre a face, para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do que se desvanecia” (3:13), e que para alguns, “até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido” (3:14). Por isso, não precisamos de certos artifícios, porque se essa letra em tábuas de pedra é vista como “ministério da condenação”, devemos entender que “em muito maior proporção será glorioso o ministério da justiça” (3:9), que é o que vivemos hoje na Nova Aliança. E este véu, usado por Moisés, foi apenas um artifício utilizado por ele para que o povo não percebesse que a glória de Deus estava desvanecendo. Portanto, o uso desse tipo de prática, nos dias de hoje, é apenas uma tentativa de ludibriar o povo, um artifício, para que este pense que a glória de Deus está presente ali, naquele “rosto”.

Por isso, não precisamos de Atos Proféticos e nem de unções descabidas.

Por isso, podemos ver com clareza como esses grupos distorcem a Sagrada Escritura, a exemplo da utilização de 2Coríntios 3:17: “Ora, o Senhor é o Espírito e, onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade”.

Bem, a liberdade quando é do Senhor nem dá lugar à carne (Gl 5:13), nem deturpa a verdade do Evangelho (1Pe 2:16) e nem causa escândalo (2 Co 6:3). Já que esse não tem sido o caso desses grupos só podemos concluir, biblicamente, que essa liberdade que têm utilizado não provém de Deus e que mais uma vez o texto bíblico utilizado não fundamenta as suas práticas.

Por último, só para entender com mais clareza como a prática do Ato Profético é uma distorção e como tem sido utilizada para fins antibíblicos, vejamos o que René Terranova diz sobre a relação que existe entre Ato Profético, mapeamento de genealogia e maldição hereditária:
A Bíblia relata que os judeus davam muita importância à genealogia, ao conhecimento de suas origens. Os judeus ortodoxos têm o costume de registrar a genealogia de suas famílias. Nós poderíamos ter essa cultura, mas nossa história é muito mal formada. Mal conhecemos a identidade de nossos pais, muito menos do nosso povo e nem sabemos como retratar nossa árvore genealógica.Um dos nomes de Jesus é Raiz de Davi, porque no contexto messiânico se Jesus não fosse a Raiz de Davi, não seria o Messias (Mt. 1). Em certas ocasiões, poderemos tentar uma conquista de território, mas nosso argumento genealógico poderá ser empecilho por não termos respaldo local ou não termos um nome de família honrado. Deus pode mudar esse quadro restaurando a nossa genealogia com um ato profético de quebra de maldições dos antepassados. Procure pelo menos descobrir quem foram seus familiares até a quarta geração que lhe antecedeu. Quando resgatamos a nossa história genealógica conhecendo nossas origens, fica mais fácil quebrar maldições hereditárias [6].
Contudo, Colin Brown Lothar demonstra que esse tipo de pensamento não passa de uma heresia, e que já era praticada por grupos anticristãos a exemplo do gnosticismo, ebionismo e pelos defensores dos misticismos judaicos:
Genealogia ocorre no NT somente em 1Tm 1:4 e Tt 3:9, e alude especificamente à prática de pesquisar a árvore genealógica a fim de estabelecer a descendência. Segundo qualquer exegese direta, aqueles que assim faziam somente podem ter sido judeus, que, a partir de genealogias do AT e de outras, estavam propagando todos os tipos de “mitos judaicos”, bem como, provavelmente, especulações gnósticas pré-cristãs. É também possível que os ebionitas empregassem argumentos semelhantes para atacarem a doutrina do nascimento milagroso de Jesus que circulava na igreja cristã [7]. Portanto, a única coisa que podemos perceber com tudo isso é que estamos simplesmente presenciando o surgimento de heresia em cima de heresia e que não há nada novo debaixo do sol (Ec 1:9).
Que Deus nos ajude.

NOTAS

[1] Atos proféticos na Igreja - comandos do Espírito Santo. Disponível em: . Acesso em: 24 abr 2014. 
[2] O que é um ATO PROFÉTICO?. Disponível em: . Acesso em: 24 abr 2014.
[3] Locusta é uma espécie de gafanhoto.
[4] BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. São Paulo: Vida, 1998.
[5] KASCHEL, Werner; ZIMMER, Rudi. Dicionário da Bíblia de Almeida. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
[6] Atos proféticos na Igreja - comandos do Espírito Santo. Disponível em: . Acesso em: 24 abr 2014.
[7] LOTHAR, Colin Brown. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2000. p.855

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Fonte: Blog Calebe Robson. Divulgação: Púlpito Cristão.

CRIANÇAS PODEM SER MÁS?



Por Mauro Meister 

Crianças podem ser más? Esse é o mais recente debate levantado a partir de uma novela global. Serviu para, pelo menos, uma coisa! Mas a pergunta inicial é, por que a pergunta precisa ser feita?

A resposta sociológica vem na matéria da Revista Época: "Um obstáculo para o tratamento de crianças com sinais de transtorno de conduta é o próprio tabu da maldade infantil. O senso comum afirma que as crianças são inocentes – uma crença que resulta da evolução histórica da família. Até o século XVII as crianças eram consideradas pequenos adultos e muitas nem sequer eram criadas pelos pais. No século XVIII, isso mudou. A família burguesa fechou-se em si mesma, dentro de casa. O lar virou um santuário e a criança o centro dos cuidados e das atenções. Foi o nascimento do sentimento de infância, dentro de um grupo que agora tinha como laços o afeto e o prazer da convivência. Se a criança é o eixo do sentimento moderno de família, ela não pode ser má. Eis o tabu." Como bem diz o texto, é uma crença social, senso comum. O que não diz a matéria é que essa crença tem sido usada como teoria educacional há várias décadas, a partir das teorias de Piaget e do construtivismo (que parte do princípio da neutralidade moral da criança, explicada em seu livro "O Juízo Moral da Criança - para uma ampla exposição do tema, veja o livro de Solano Portela, "O que estão ensinando aos nossos filhos?".

Mas o que a doutrina bíblica diz a respeito? Ora, uma doutrina clássica, rejeitada, inclusive por muitos cristãos, é a doutrina da depravação total do ser humano. Em suma, essa doutrina afirma que a partir da queda, o ser humano, em busca de autonomia, rejeitou a santidade de Deus e não tem mais como agradá-lo. Em tese, todos temos o potencial para ser Hitler ou ter "desvio de conduta", isto inclui, sim, as crianças. Elas podem ser más e pais podem ser ainda piores, abusando, seviciando e até matando os próprios filhos (basta ver o jornal para ver as últimas manchetes a respeito do pai e madrasta que assassinaram o filho, de 6 anos, com crueldade, por motivos mais do que fúteis). Mas, os especialistas já deram o seu veredicto na matéria: "Os especialistas afirmam que não se cura transtorno de conduta, mas ele pode ser amenizado".

E como a teologia poderia falar contra os especialistas? Afinal, a teologia não tem espaço na arena pública, é matéria de crença! Mas e a pressuposição a respeito da neutralidade das crianças, não é? Perceba o leitor que o que a sociedade crê a respeito da infância vira, em Piaget, teoria educacional, supostamente um especialista falando, aplicada por mais de 30 anos em nossas escolas. É claro que o próximo passo será a busca de uma razão fisiológica, afinal, no mundo contemporâneo tudo pode ser explicado sem causas espirituais.

A fé cristã vê a questão por dois ângulos: 1) a causa primária de qualquer 'transtorno', é sempre a mesma, a condição humana de queda e distância de Deus, até se houver uma explicação fisiológica/biológica . 2) a fé cristã acredita em redenção, uma salvação que está acima de nossas habilidades de "explicar" todas as coisas e fazer coisas que nós, homens, não podemos fazer. Sei, isto faz de mim um obscurantista...

Aqui, onde publiquei originalmente, meu perfil público no Facebook:
http://www.facebook.com/MauroMeister
Veja aqui a matéria da Revista Época:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI130697-15228,00.html

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Fonte: Ó Tempora, Ó Mores. Divulgação: Púlpito Cristão.

Batalhar pela Fé

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Por Morgana Mendonça dos Santos


"Amados, enquanto me empenhava para vos escrever acerca da salvação que nos é comum, senti a necessidade de vos escrever exortando-vos a batalhar pela fé entregue aos santos de uma vez por todas" - Judas 1.3

Orígenes, um pai da igreja, acerca do livro de Judas disse: "é um livro pequeno, mas cheio de um vigoroso vocabulário". Um livro muito esquecido pela maioria, vinte e cinco versículos, recheados de ensinamentos com um potente vigor apologético. Judas motiva seus leitores a pelejar, lutar pela fé, nos trazendo a memória que antigamente e que também hoje precisamos defender a fé, que foi recomendada entre o povo do Senhor. Não podemos afirmar a data da carta, nem ao menos o público para qual foi escrito, existe uma certa semelhança com a carta de 2 Pedro (capítulo 2), porém podemos afirmar com toda a convicção que foi escrita para cristãos, para a igreja, o povo do Senhor. Percebemos, de forma categórica que Judas escrevendo para uma igreja ou para várias, tendo a intenção de ajudá-las a defender-se de um ataque específico ao evangelho: Falsos ensinos, um ataque que acontecia dentro da igreja. Notamos que na época de Judas as heresias, falsas doutrinas, ensinamentos errôneos tomavam um proporção no meio dos cristãos. A igreja estava sendo atacada!

Percebemos no texto que a intenção de Judas (irmão de Tiago) ao escrever essa epístola, era encorajá-los à compartilhar a unidade que eles tinham em Cristo, no entanto, uma situação sobreveio, e como um alerta moveu-se a falar sobre a defesa da fé. Podemos afirmar que essa pequena carta nos motiva e nos encoraja com relação a apologética. É interessante notar também que alguém poderia dizer ou pensar que a apologética destina-se somente aos que estão do lado de fora da igreja de Jesus Cristo, em certo sentido sim, entre a igreja e o mundo. No entanto no verso 4 observamos Judas dizer: "se introduziram com dissimulação", estavam com o intuito de trazer dúvidas a fé santíssima (1.20), causando divisões, trazendo uma influência anticristã (1.19). Como Judas os descreve? Ele diz que: "Ai deles! porque entraram pelo caminho de Caim, e foram levados pelo engano do prêmio de Balaão, e pereceram na contradição de Corá" (1.11). Ilustrações tiradas do Antigo Testamento, que ocorreram no contexto do povo do Senhor, mostram que seus leitores conheciam bem as Escrituras, inclusive os apócrifos (9,14).

O propósito de Judas seria lembrar aos seus leitores que existem falsos cristãos dentro das congregações. Esses homens entraram no caminho de Caim, que motivado por uma ira no seu coração, matou seu próprio irmão. O nome de Balaão é mencionado, levado pela ganância (Nm 31.16). A referência a Corá é chocante, um sacerdote, porém rebelando-se contra a ordem e a estrutura divina firmada em Israel. Sua oposição contra a autoridade da Igreja no Antigo Testamento (Nm 16; 26). Porém, qual o propósito de Judas com esses exemplos?

Para os leitores dessa carta, era necessário entender que esses falsos mestres não somente distorciam o verdadeiro ensino como também sorrateiramente manipulavam em prol das suas causas. Como Caim, esses invasores desejavam, de acordo com Judas, inverter a direção da igreja, assassinar o ensino a partir de dentro da casa do Senhor. Como Balaão, esses falsos mestres estão preocupados somente com o seu ganho, interesses pessoais (1.12). A citação do nome Corá, vem para provar que esses pseudocristãos estão arraigados na mesma revolta, (oposição), disputas rebeldes que os falsos mestres também estavam envolvidos.

"O problema é que a igreja tem sido infiltrada por aqueles que se opõe ao evangelho. Eles vieram para dentro da igreja e vivem entre os cristãos" disse Scott Oliphint¹. A pergunta de Oliphint, será a nossa nesse texto: Como, então, deveriam os cristãos responder a essa situação nos dias atuais?

Judas no verso três nos garante a resposta pratica para tal situação, ele diz que devemos "batalhar pela fé". A palavra traduzida por batalhar não é usada em nenhum outro lugar do NT. Os cristãos precisavam se ver em um campo de guerra, precisavam entender o que significa batalhar pela fé. São como soldados, recrutados dentro de um exército, para glória do seu Comandante Supremo. Deveriam estar prontos, preparados para tudo que tinha relação com a Fé dada aos santos. Assim como vemos o apóstolo Pedro orientando os cristãos:

"Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós" - 1Pedro 3.15

Vejamos mais atentamente as palavras inspiradas que Judas escreve no verso três:

"A batalhar pela fé (1) entregue aos santos de uma vez por todas (2)" (v.3)

Na visão de Judas, quando batalhamos por nossa fé não estamos travando combate por algo que temos e que poderíamos perder. Não é a fé dada a nós por Deus, essa na maioria das vezes é a referência ao dom de Deus (Ef 2.8). O cerne da questão em Judas é a fé como verdade das Escrituras, verdades que compõem o Evangelho. Batalhamos pelo Evangelho! Não faço menção de algo sobre o exercício pessoal de fé, a audiência de Judas deveria batalhar sobre o conteúdo da verdade da nossa crença, nossa declaração de fé.

"O credo cristão mais antigo de que temos ciência consistia da afirmação "Jesus é Senhor" (1Co 12.3). Não temos nenhum modo de saber no que, exatamente, consistia "a fé" quando Judas escreveu sua epístola. Mas não devemos subestimar a capacidade dos cristãos no primeiro século de articular sua fé". ²

Judas menciona essa fé fazendo o complemento de que foi "uma vez por todas entregue aos santos". O que ele quer dizer com "uma vez por todas"? Significa completude, foi recebido de forma completa, não é mais necessário nenhuma outra revelação além da que Deus lhes dera. Nada poderia ser acrescentado ou subtraído da revelação que receberam da parte do Senhor (Dt 4.2; Ap 22.18-19). Além de ser uma vez por todas, foi "entregue". Isso nos traz a memória à fonte da fé que defendemos. É uma fé revelada e dada pelo próprio Deus. Ao defender o cristianismo, precisamos entender que a nossa defesa está baseada na revelação divina, nós a recebemos pela graça de Deus.

Fazendo uma rápida análise e comparação de 1Pe 3.15 e Judas 1.3, notamos que Pedro usa a palavra "santificar" e a palavra que Judas usa é "santos" derivada da mesma semântica. Poderíamos então pensar que essa fé é entregue a todos aqueles que são separados, santificados. Judas escrevendo diz: que Deus concedeu essa fé, de uma vez por todas, ao corpo santificado de Cristo, àqueles que são separados como santos. Segundo Scott Oliphint: "Estar em Cristo é ser "declarado santo". Ser declarado santo é ter à fé. Ter fé traz consigo a responsabilidade de defesa e recomendação dela. A apologética é para todos os santos". ³

Vivemos nos dias atuais um tempo difícil. Podemos pensar na igreja que recebeu a carta de Judas: poderia ser essa a nossa condição hoje? Como, então deveríamos responder a essa situação nos dias atuais? A principal forma de batalhar pela fé seria explicar e expor a realidade e verdade das Escrituras Sagradas. No tempo de Judas, os falsos mestres (v.12,13) estavam pervertendo a graça de Deus (v.4), os cristãos precisavam lutar e argumentar que essa graça que leva a imoralidade é oposta à fé, mostrando que a graça genuína é resultado de uma gratidão obediente, santidade e fidelidade a esse Evangelho. Somos de fato chamados por Judas a defender esse evangelho (fé), dentro e fora das nossas igrejas, porém isso precede conhecer as Escrituras. Essa fé que culminou em Jesus Cristo, uma fé que entende que a revelação de Deus está completa em Cristo.

Judas finaliza sua carta orientando os cristãos: "Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, Conservai-vos a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna." (v.20,21). Termino, com um trecho da canção do grupo Logos: “Glória, glória ao Autor da minha fé”!

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Notas:
1- Scott Oliphint, A Batalha pertence ao Senhor, pág 68.
2- Ibid, pág 75.
3- Ibid, pág 83.

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Sobre a autora: Morgana Mendonça dos Santos, Recifense, Cristã Reformada, Missionaria, pecadora remida pela Graça.

Divulgação: Bereianos
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