segunda-feira, 7 de março de 2016

A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR





Por Tim Challies

Há uma pergunta que sempre aparece naquelas seções de Perguntas e Respostas que toda conferência cristã tem – aquelas seções que, às vezes, são o ponto alto de um bom evento. É a pergunta da justiça, e normalmente é mais ou menos assim: é justo que Deus puna pessoas para sempre? Na última conferência nacional Ligonier, ela foi feita assim: É justo que Deus puna uma pessoa eternamente por causa de pecados passageiros?

Liderados por R. C. Sproul, os palestrantes responderam de forma satisfatória. Mas depois que a conferência acabou, me peguei pensando mais a respeito dessa pergunta tão comum e pensei em escrever algo sobre ela. É uma questão de escala e proporção, não é mesmo? Nós entendemos que o pecado deve ser punido. Nossa natureza humana nos diz que é apropriado que haja consequências para o pecado. Então não é que nós pensemos que não é apropriado que haja algum tipo de punição, mas o que é justo em um caso específico. É certo dispensar um castigo tão eternamente severo?

Nós pensamos em uma pessoa bem normal que vive uma vida bem normal e peca de formas bem normal. Alguém que nunca comete algum daqueles pecados bem grandes. Alguém que não é nenhum Hitler, nenhum Charles Manson, nenhum Bin Laden. Alguém fiel ao seu cônjuge, que cuida bem das crianças, paga seus impostos em dia, mas que, no fim, morre sem fé em Jesus. É certo, é justo que essa pessoa passe a eternidade no inferno? O Deus que enviar essa pessoa para o inferno não é como o homem que bate em seu filho por derramar um copo de leite? Não há aqui algum tipo de exagero, de castigo arbitrário muito severo?

Eu entendo o raciocínio. Eu entendo a confusão. Mas eu creio que também entendo o porquê de chegarmos a esse tipo de conclusão. Nós pensamos assim porque olhamos para a questão pelo ângulo errado. É justo que Deus puna uma pessoa na eternidade por pecados passageiros? Quando perguntamos assim, tendemos a focar em nós mesmos. Eu só cometi esse pecado. Eu só cometi alguns pecados. Eu só cometi pecados mais ou menos graves. Eu não sou tão ruim quanto esse ou aquele cara.
Mas quando fazemos essa pergunta, devemos focar em Deus. Nós só podemos responder a pergunta da justiça quando vemos contra quem é que pecamos. Não é uma questão, primariamente, de quem pecou, mas contra quem o pecado foi. Olhamos para Deus e vemos sua majestade. Olhamos para Deus e vemos sua paciência. Olhamos para Deus e vemos seu amor. Olhamos para Deus e vemos sua santidade. Quanto mais olhamos para Deus, mais vemos a profundidade da nossa depravação em contraste com a pureza dEle. Quanto mais olhamos para Deus, mais entendemos o verdadeiro horror, alcance e objetivo de nosso pecado. Nós não estamos apenas agindo contra homens, mas tentando enfiar uma faca nas costas de Deus. Nós não apenas pecamos contra homens, mas traindo o nosso Criador. E agora, por fim, podemos enxergar que a consequência disso não é inapropriada de forma alguma.

A questão da justiça e a resposta que a Bíblia oferece requer que enxerguemos Deus como ele realmente é.

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Traduzido por Filipe Schulz no Reforma21

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