quinta-feira, 30 de julho de 2015

Pastores dos EUA são proibidos pelo governo de chamar o homossexualismo de pecado

Capelães do exército norte-americano podem ser demitidos se eles se opuserem ao casamento gay

Fonte: Gospel Prime, com informações de WND 
Pastores dos EUA são proibidos pelo governo de chamar o homossexualismo de pecado
Em meio ao intenso debate sobre alegalização do casamento gay nos Estados Unidos, muitos pastores anunciaram que era apenas o primeiro passo de uma onda de cristofobia nos EUA, que durante séculos foi chamada de “nação cristã”.
Uma série de casos tem surgido na mídia, mostrando o embate entre cristãos e ativistas gays.
Recentemente, duas notícias mostraram a força desse ativismo junto ao governo. No estado de Kentucky, os pastores que servem como conselheiros voluntários no departamento prisional estão proibidos de chamar de “pecado” o comportamento homossexual dos transgêneros. Aqueles que não se submeterem às novas regras, não poderão mais realizar esse tipo de trabalho em órgãos estaduais.
Como é frequente nos EUA, o caso foi parar na justiça após o pastor David Wells ter sido desligado do quadro de conselheiros de uma instituição de internação de menores infratores.
Em sua defesa, a ONG jurídica cristã Liberty Counsel alega que “tirar a Bíblia das mãos de um pastor é como remover o bisturi das mãos de um cirurgião. Sem ela, eles não podem trazer a cura”.
Wells trabalhou durante mais de 10 anos no ministério prisional mantido pelo Igreja Batista de Pleasant View. Ele foi proibido pelo governo de continuar com seu trabalho dia 7 de julho. A justificativa do governo é que ele se negava a cumprir uma portaria que defende que o uso de crítica a “estilos alternativos de vida sexual” é “depreciativo”,” tendencioso” e constitui “discurso de ódio”.
Em sua defesa, o pastor explica que nenhum dos menores infratores era obrigado a participar dos cultos nem de conversar com ele ou outros voluntários.
Casos semelhantes ocorreram nos estados da Califórnia, do Oregon e de Nova Jersey. As autoridades estão proibindo sessões de aconselhamento que tentem dissuadir jovens que têm atração por pessoas do mesmo sexo.
Perseguição aos capelães
Não são apenas os pastores que fazem trabalhos voluntários que estão sofrendo sansões. O ativista Mikey Weinstein, presidente da Fundação Exército Livre de Religião, entrou com um processo junto ao comando militar dos EUA.
Seu desejo é que todos os capelães que se opõem à visão de homossexualidade como natural sejam desligados de seus cargos. Porque ao fazerem isso, estariam contrariando uma ordem do comandante-chefe das Forças Armadas, Barack Obama, um ativo defensor da causa LGBT.
Em uma carta divulgada pelo site WND, Weinstein argumenta que “A única coisa honrosa que esses perdedores podem fazer é dobrar seus uniformes, entregar seus papéis, e abandonar a capelania militar americana. Se eles não estão dispostos ou são covardes demais para fazê-lo, o Departamento de Defesa deve rapidamente limpar essa imundície intolerante que insiste em pertencer às fileiras de nossas forças armadas”.
Embora o Departamento de Justiça não tenha se pronunciado oficialmente sobre o assunto, a tendência é que eventualmente acabe tomando alguma providência. Afinal, Weinstein, que é um coronel do exército aposentado, faz parte de um conselho dentro do Pentágono que analisa casos de liberdade religiosa.
Em entrevista ao jornal The Washington Post ele afirmou que os cristãos dentro do exército são uma ameaça à segurança nacional.
Via CPADnews

PORNOGRAFIA: O NOVO NARCÓTICO





Por: John Piper

O novo narcótico. Morgan Bennett acabou de publicar um artigo com esse título. A tese:

Uma pesquisa neurológica revelou que o efeito da pornografia na internet sobre o cérebro humano é tão potente — se não mais — do que substâncias químicas que viciam, tais como cocaína e heroína.

Para piorar as coisas, existem 1,9 milhões de usuários de cocaína, e 2 milhões de usuários de heroína, nos Estados Unidos, comparado a 40 milhões de usuários regulares de pornografia online.

Aqui está o porquê do poder viciante da pornografia poder ser pior:

Cocaína é considerada um estimulante que aumenta os níveis de dopamina no cérebro. Dopamina é o principal neurotransmissor que as substâncias mais viciantes liberam, enquanto causa uma “alta” e um subsequente desejo por uma repetição da alta, ao invés de uma sensação posterior de satisfação por meio de endorfinas.

Heroína, por outro lado, é preparada com ópio, que tem um efeito relaxante. Ambas as drogas provocam tolerância química, que requer quantidades cada vez mais altas da droga para atingir a mesma intensidade de efeito.

Pornografia, ao fazer ambos o despertar (o efeito de “alta” via dopamina) e causar um orgasmo (o efeito “relaxante” via ópio), é um tipo de “polidroga” que provoca ambos os tipos de substâncias químicas viciantes no cérebro de uma vez, aumentando sua tendência viciante.

Mas, Bennett diz, “pornografia na internet faz mais do que apenas aumentar significativamente o nível de dopamina no cérebro por uma sensação de prazer. Ela literalmente altera a matéria física dentro do cérebro para que novos caminhos neurológicos necessitem de material pornográfico, a fim de provocar a sensação de recompensa desejada.”

Imagine o cérebro como uma floresta onde trilhas são desgastadas por caminhantes que caminham pelo mesmo caminho de novo e de novo, dia após dia. A exposição a imagens pornográficas cria caminhos nervosos parecidos que, com o tempo, se tornam mais e mais “bem pavimentados” conforme eles são repetidamente trafegados com cada exposição a pornografia. Aqueles caminhos neurológicos eventualmente se tornam a trilha na floresta do cérebro pela qual cada interação sexual é enviada. Portanto, o usuário de pornografia, seja homem ou mulher, “criou inconscientemente um circuito neurológico” que faz sua perspectiva padrão em relação as matérias sexuais dominada pelas normas e expectativas da pornografia.

Esses caminhos viciantes não somente nos fazem filtrar todo estímulo sexual através do filtro pornográfico; eles despertam o desejo por “mais conteúdo pornográfico como mais prática de tabus sexuais, pornografia infantil, ou pornografia sadomasoquista.”

E isso piora:

Outro aspecto do vício em pornografia que supera as características viciantes e nocivas do abuso de substâncias químicas é sua permanência. Enquanto substâncias podem ser metabolizadas para fora do corpo, imagens pornográficas não podem ser metabolizadas para fora do cérebro, porque imagens pornográficas são armazenadas na memória do cérebro.

“Em resumo,” Bennett escreve, “pesquisas no cérebro confirmam o fato crítico que a pornografia é um sistema de distribuição de droga que tem um efeito distinto e poderoso sobre o cérebro humano e o sistema nervoso.”

Nada disso pega Deus de surpresa. Ele projetou a interação entre o cérebro e a alma. Descobertas de dimensões físicas para a realidade espiritual não anulam a realidade espiritual.

Quando Jesus disse, “Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela” (Mateus 5:28), ele viu com clareza cristalina — da maneira que um inventor vê sua invenção — que o olho físico tinha profundos efeitos no “coração” espiritual.

E quando o sábio do Velho Testamento disse em Provérbios 23:7, literalmente, “Como imagina em sua alma, assim ele é,” ele viu com clareza similar que os atos da alma criam realidades. Pensar na alma corresponde a “ser.” E esse “ser” inclui o corpo.

Em outras palavras, funciona em ambos os sentidos. A realidade física afeta o coração. E o coração afeta a realidade física (o cérebro). Portanto, essas notícias horríveis da pesquisa do cérebro sobre o poder escravizador da pornografia não é a palavra final. Deus tem a palavra final. O Espírito Santo tem o maior poder. Não somos meras vítimas dos nossos olhos e dos nossos cérebros. Eu sei disso de ambas, Escrituras e experiência


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DesiringGod
Via Púlpito Cristão

terça-feira, 28 de julho de 2015

Evangélica, solteira e desesperada para casar!

Por Renato Vargens


O número de mulheres solteiras em nossas igrejas é muito maior do que de homens e a consequência direta disto, é que um boa parte destas, demoram muito mais do que gostariam para arrumar um namorado ou até mesmo casar.
Devido a "concorrência" e a pressão da sociedade para que case, não são poucas as mulheres que vivem um "inferno" existencial. As novelas globais como também os filmes hollwoodianos costumam enfatizar que a felicidade só pode ser alcançada através do casamento. Quem não se lembra dos finais dos filmes românticos, quando o casal se afasta abraçado e "são felizes para sempre?" Ou ainda dos últimos capítulos das novelas onde a moça apaixonada se casa com um lindo galã? Pois é, a mensagem subliminar, falsa, perigosa e cruel é que a mulher só se realiza através de outra pessoa. Infelizmente essa idéia se internalizou em muitas moças, de tal forma que toda energia vital não é canalizada para aprender a ser feliz, mas para arranjar um namorado e casar.

Conheço inúmeras moças que em virtude desta pressão se transformaram em pessoas azedas e amarguradas. Na verdade, movidas pela pseudo-verdade de que só se é possível ser feliz ao lado de alguém, tais meninas sucumbiram diante da solidão desesperando-se em busca de uma amor utópico.

Prezado leitor, Salomão em sua sabedoria afirmou com toda propriedade que existe um tempo determinado para todas as coisas. Existe tempo de abraçar e tempo para deixar de abraçar. Em outras palavras, ele está a nos dizer de que existem momentos da vida em que a solidão torna-se necessária.
Há pouco ouvi o desabafo de uma moça de 25 anos de idade completamente desesperada para casar. Segundo ela, o tempo havia passado e ela tinha ficado para titia. Ora, vamos combinar uma coisa? Ficado para titia com 25 anos é uma verdadeira sandice não é verdade? Para piorar a situação existem moças de 18 anos de idade chorando desesperadas aos pés do Senhor pedindo um marido.

Diante do exposto gostaria de aconselhar as moças a não se exasperarem, mas a confiar no Senhor e esperar o tempo e a pessoa certa para entrar no casamento. Agindo assim e não cedendo as pressões da sociedade com certeza experimentarão  momentos ricos e abençoadores na presença do Senhor.

Pense nisso!

Renato Vargens

"Estadolatria": Sobre a Idolatria da Esquerda ao Estado (I)

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“Quando a política pretende ser redentora, promete demais. Quando pretende fazer a obra de Deus, não se torna divina, mas demoníaca”.[1]

Marcus Vinícius Matos, membro da Coordenação Nacional da Rede FALE e bolsista CAPES fazendo doutorado em Direito na Inglaterra, publicou dois textos no blog esquerdista Dignidade, da Revista Ultimato,[2] em que se propõe a responder a supostos “cinco principais argumentos” que ele imaginou estarem em alguns dos ensaios sobre política, totalitarismo e violência que publiquei na revista eletrônica Teologia Brasileira.[3] Meus escritos têm um e somente um tema: assumir que o Estado ou partido possa ser redentivo é idolatria.

O autor dos textos (a quem conheci em 1995) afirma que meus textos derivam de supostas conversas que tive com ele, dizendo que delas “parece ter se originado boa parte dos argumentos que ele levanta nos seus textos atuais”. Houve uma troca de e-mails em 2006, se não me engano, por causa dos atentados do PCC em São Paulo. Recordo-me também de ter recebido um e-mail dele no qual defendia o ministro dos esportes, ligado ao PCdoB, em 2011 (e que se demitiu em meio a uma série de acusações de corrupção), e lembro-me de ter trocado alguns e-mails com ele na sequência. De qualquer forma, tal suposição do autor é presunçosa e arrogante e não corresponde à verdade. Na Teologia Sistemática que escrevi com Alan Myatt, publicada em 2007, há seções sobre fé e política no cap. 21, e os ensaios que escrevi na Teologia Brasileira são derivados das ideias presentes nesta obra.

Seus textos são escritos de sua privilegiada posição na Inglaterra com desdém e condescendência para com os “descrentes”, os “ignorantes”, os “desinformados” e os “não esclarecidos”, que ousam, a partir de suas experiências inconvenientes no Brasil, criticar ou obstruir o ideal esquerdista.

1. Apelando à “falácia do espantalho”

O autor, em sua primeira postagem publicada, entendeu tão mal o que escrevi que é como se não tivesse lido meus ensaios. Com base em pressupostos característicos da esquerda, ele se propõe a “refutar” o meu suposto “neoliberalismo”, que ele considera o principal culpado por todos os grandes males da humanidade. Só que o tal de “neoliberalismo” é algo que não defendo e que não é sequer mencionado em meus textos, simplesmente porque não o considero um conceito válido e relevante para minha argumentação (voltaremos a esta questão no final).[4] Mas ao associar meu posicionamento a uma detestada palavra de ordem do discurso de esquerda que para mim nada significa, o autor demonstra estar pouco disposto a me compreender e muito disposto a me enquadrar dogmaticamente nas categorias que lhe são naturais, e que se baseiam em pressupostos de que não compartilho.

Um exemplo basta para delinear o uso da falácia do espantalho por parte do autor. Na primeira postagem ele escreve, com linguagem típica: “Há uma diferença significativa entre totalitarismo e autoritarismo que passa batida pelo texto do autor”. Como ele realmente parece não ter lido meus textos, é necessário notar que tal diferença é estabelecida no início do ensaio Totalitarismo, o culto do Estado e a liberdade do evangelho, não só no texto, mas também numa longa nota de rodapé, referenciada com bibliografia. Fica a impressão de que Marcus Vinícius age assim apostando que seus leitores não consultarão os ensaios aos quais suas postagens supõem responder. Pelo jeito, vale tudo para defender o bezerro de ouro moderno, o culto ao Estado, seja por meio da incompreensão ou da distorção do que defendi em meus escritos.

Desenvolvendo o que foi já dito em Totalitarismo, o culto do Estado e a liberdade do evangelho, pode-se asseverar que o totalitarismo é uma versão extremada do autoritarismo. As diferenças entre ambas as posições podem ser estabelecidas por meio de comparação das características de ditadores totalitários e autoritários:[5]

Em linhas gerais, no autoritarismo, que não é guiado por ideais utópicos, há uma certa distinção entre o Estado e a sociedade, com tolerância a alguma pluralidade na organização social; o totalitarismo, por outro lado, invade a vida privada e a asfixia, na tentativa ideologicamente orientada de mudar o mundo e a natureza humana.

Marcus Vinícius, seguindo um hábito comum entre esquerdistas brasileiros, retrata o espectro político apenas em categorias binárias, demonstrando desconhecer os vários ângulos da tabela de Nolan. Por isso, talvez, comete um erro elementar: não oferece definição alguma dos polos em debate.[6] Assim, o que sobra na primeira postagem são caricaturas, chavões e clichês do que ele convencionou retratar como “direita”. O leitor procurará em vão por referências ou citações de conservadores como Russell Kirk, Thomas Sowell ou Roger Scruton.[7] Por não definir os vocábulos, o autor também faz uma confusão imensa com os termos “liberal” e “conservador” para sugerir, sem provas, que faço uma síntese entre o cristianismo e o liberalismo econômico.

Também reclama que “o autor [no caso, eu] insiste em ignorar a existência” do anarquismo, enquanto eu deixei claro, logo no começo do ensaio Totalitarismo, o culto do Estado e a liberdade do evangelho, que precisei deixar de lado o libertarianismo e o autoritarismo por uma questão óbvia de delimitação. O autor parece não ter ideia do que é o libertarianismo ou seu derivado, o anarcocapitalismo, que compõem um dos extremos da tabela de Nolan, e que são favoráveis ao livre mercado e a uma intervenção mínima do governo na economia, mas também (de modo semelhante ao anarquismo) ao Estado laico, à união homossexual, à legalização do aborto e à descriminalização das drogas.[8] De todo modo, o anarquismo é utópico, na medida que somente uma revolução mundial violenta poderia produzir o que esta posição aspira – em suma, o anarquismo é uma ilusão política impossível de ser concretizada.

Por tudo isso, uma ou outra percepção que até soam interessantes em sua primeira postagem, e que eu eventualmente endossaria, acabam se revelando descartáveis, tanto pelas inconsistências conceituais e históricas quanto pela estrutura interpretativa esquerdista, que ele adota dogmaticamente.

2. Um exemplo de cegueira ideológica

Na primeira postagem Marcus Vinícius afirma que Guantánamo “é um campo de concentração pós-moderno”. Preciso dizer que, sob o impacto dessa frase, tive dificuldade de prosseguir com a leitura dos textos. 

De um total de 779 prisioneiros que passaram por Guantánamo desde 2002, 122 terroristas da Al-Qaeda permanecem presos ali. Portanto, com tal afirmação, o autor trivializa a inocência e o sofrimento de 6 milhões de judeus mortos em campos de concentração nazistas na II Guerra Mundial; os presos e mortos nos Gulag da extinta União Soviética (14 milhões de prisioneiros entre 1929-53; as estimativas variam de 1.5 a 10 milhões de mortos nesse mesmo período); nos campos da China (50 milhões de presos, dos quais 15 a 20 milhões foram assassinados em milhares de campos abertos em meados de 1950 e ainda hoje existentes); e nos campos da morte do Camboja (de 1 a 2 milhões de pessoas mortas entre 1975-79). Hoje, na Coreia do Norte comunista, há seis campos de concentração com cerca de 200 mil presos sem o devido processo legal sendo “reeducados” de acordo com os valores socialistas – e pelo menos 70 mil destes prisioneiros são cristãos. Nesses campos, os filhos dos dissidentes nascem e permanecem presos, sem escolarização, aprendendo que os guardas que vigiam o campo são mais confiáveis que seus próprios pais. [9]

Sob qualquer critério, quantitativo ou qualitativo, um campo de concentração é muito diferente de uma prisão para terroristas. O esforço de fazer com que se pareçam semelhantes resulta em uma distorção grave, e quem promove essa confusão dá mostras de que valoriza sua ideologia acima não só da fé, mas também da própria realidade.

3. Uso seletivo das fontes

Em sua segunda postagem, Marcus Vinícius demonstra não ter entendido nada do que escrevi sobre Karl Barth no ensaio Totalitarismo, o culto do Estado e a liberdade do evangelho. Na verdade, ele, mais uma vez, parece contar que seu leitor não examine o ensaio que ele visa replicar. 

No que parece ser o clímax de sua postagem, ele cita a “Carta a um Pastor da República Democrática Alemã” (Brief an einen Pfarrer in der DDR), de Barth, como se esta não só contradissesse o que escrevi sobre o teólogo suíço naquele texto, mas também contradissesse as palavras do próprio Barth que transcrevi. Mas burla o seu leitor ao não mencionar a data de publicação da carta (1958), ao não estabelecer o contexto histórico e político e, muito menos, o lugar da carta no pensamento político do teólogo suíço. Isso é impostura intelectual – levando-se em conta, claro, que ele tenha alguma leitura mais profunda de e sobre Karl Barth.[10]

4. Esquerdismo e nazismo – de novo!

Muitos esquerdistas surtam quando se demonstra que socialismo e nazismo são “gêmeos totalitários”, argumento que, como escreve João Pereira Coutinho, “longe de polêmico, é cada vez mais consensual”.[11]

Marcus Vinícius descarta tal associação, primeiro confundindo nazismo e fascismo (confusão típica, já que ele mesmo parece não saber a diferença entre autoritarismo e totalitarismo), e depois afirmando frivolamente que esse argumento é reproduzido “em vários espaços na internet, [e] tem sido amplamente divulgado pela direita (neo)conservadora e neoliberal brasileira”. Contudo, a verdade é que citei em meus ensaios uma grande quantidade de fontes para substanciar minhas afirmações, sendo todas elas publicações impressas, quase todas europeias e várias de centro-esquerda. O autor diz também que “o grave equívoco dessa posição é que ela não resiste e [sic] uma mínima visita a fontes primárias”. Essa afirmação é tão pueril quanto a primeira, e isso é agravado pelo fato de que não há, em seu próprio artigo, nenhuma tentativa de citar fontes primárias para substanciar sua acusação. Aliás, ele demonstra possuir pouca familiaridade com essas fontes: parece, por exemplo, não conhecer o programa político oficial do partido nacional-socialista.

Seu argumento, no fim das contas, contorna a questão ao afirmar que o nazismo não pode ter sido um socialismo autêntico porque perseguiu outros socialistas; mas essa perseguição é algo que nunca neguei, porque é irrelevante: nunca houve um momento na história do socialismo em que suas diversas facções não se perseguissem mutuamente, de modo que esse argumento nada prova.

Pelo jeito, o autor também ignora que, pelas razões apontadas em meus textos, o uso político de símbolos nazistas e comunistas é proibido em países da Europa Central que sofreram nas mãos dos dois sistemas (Polônia, Lituânia, Geórgia, Hungria e Moldávia). É sintomático que, embora a esquerda se gabe de ter o monopólio das virtudes, não há nenhum comentário ou penitência por parte do autor em suas postagens sobre o assassinato de 100 milhões de pessoas por parte da esquerda durante o século 20, conforme documentado e referenciado em dois de meus textos.

5. Sobre o “neoliberalismo”

Uma das evidências de que Marcus Vinícius distorce e ignora minhas críticas à “ideia pagã do Estado total” [12] é exemplificada quando ele trata do texto bíblico de Mateus 22.16-22 no fim de sua segunda postagem. Comentando a passagem bíblica, ele afirma que “Jesus manda entregar o dinheiro (...) [aos] poderes deste mundo”, pois “mais importante do que a lealdade ideológica a César, que assumia uma forma divina, na época, é a materialidade da ideologia, a realidade a qual ela corresponde – no nosso caso, a idolatria (do)de mercado”. O autor não lida com a passagem em seu contexto canônico, mas tenta interpretá-la impondo à Escritura sua pré-compreensão esquerdista dogmática, lendo os versículos bíblicos como uma crítica anacrônica a uma abstração chamada “mercado”, e que não faria sentido nenhum para o leitor original. 

Nesta passagem, os líderes religiosos perguntam a Cristo sobre o “imposto do recenseamento”, pago ao império por todos os homens dos 14 aos 65 anos (mulheres pagavam o imposto dos 12 aos 65), que equivalia a um dia de trabalho ao ano, e era um reconhecimento do domínio do imperador romano.[13] A resposta simples de Jesus à armadilha dos fariseus e herodianos ensina não apenas a separação entre as esferas do culto a Deus e do serviço ao Estado, cada qual com seu campo de ação, mas especialmente que a lealdade última é dada exclusivamente a Deus como Senhor (At 4.19; 5.29), enquanto nossa relação com o Estado é provisória e temporária (Rm 13.1-7; 1Pe 2.13-17), nunca subserviente ou idólatra. Portanto, como bem lembrou Bento XVI, que nos acautelemos a todo o custo da “teologização da política”, que se tornará meramente a “ideologização da fé”.[14]

Marcus Vinícius procurará em vão em meus ensaios ou livros alguma declaração ou afirmação em defesa do tal do “neoliberalismo”, falácia que só existe no ideário socialista. O que aprendemos na Escritura é que o uso desenfreado dos meios para se obter dinheiro ou riquezas é condenado por Deus (por exemplo, em 1Tm 6.9-10). Quando o dinheiro deixa de ser apenas um meio e se torna um fim em si mesmo, passa a ser uma divindade e ocupa o lugar do único Deus (Mt 6.24). Portanto, temos na Escritura uma condenação que, no contexto de hoje, se dirige também ao capitalismo de Estado praticado pela esquerda, com sua adoração ao dinheiro e ao poder estatal. O amor idólatra ao dinheiro não é uma tentação só para “capitalistas” – e deve-se lembrar que capitalismo não é um sistema político, mas uma forma de vida econômica; há tipos de ganância que são socialistas por excelência. Essa idolatria se revela não só nos escândalos em série dos desvios bilionários dos cofres públicos e no aparelhamento de todas as esferas do estado brasileiro, mas também na imensa e brutal carga tributária colocada sobre os ombros de uma parcela significativa da sociedade, espoliada continuamente para o sustento de uma estrutura corrupta e ineficiente – a “sociedade incivil” que se tornou o governo esquerdista do PT.

O capitalismo de Estado, tão ao gosto da mentalidade esquerdista, suprime a liberdade econômica no Brasil. Só a título de comparação vale mencionar: Canadá é o 6º, Chile 7º, Estados Unidos 12º e a Inglaterra é o 13º país com mais liberdade econômica. Atualmente, o Brasil é o 118º país no ranking de liberdade econômica (éramos o 114º antes das eleições de 2014, quando o PT foi reeleito para o governo federal). Para ficar em poucos exemplos, Chile, México, Colômbia, Paraguai e até Botswana têm mais liberdade econômica que o Brasil.[15]

Ao mesmo tempo, a inflação no país ultrapassa 8%, os juros chegam a 12,75% ao ano, há uma recessão em curso, a renda diminuiu e, por causa da crise econômica resultante do dirigismo estatal, cerca de 1,5 milhão de trabalhadores já estão desempregados.[16] Além disso, 2/3 do ajuste fiscal consiste em aumento de impostos sobre a já tão combalida população, que arca com os custos pesados de um Estado corrupto e ineficiente – a carga tributária brasileira, uma das mais elevadas do mundo, chega a 36% do Produto Interno Bruto (PIB). 

Só a adesão cega à religião esquerdista não vê a conexão entre a liberdade econômica e o desenvolvimento de uma nação; em outras palavras, quanto menos liberdade econômica, menos riqueza para todos. Ou, colocando de outra forma: num país com menos liberdade econômica, mais riqueza será concentrada egoisticamente nas mãos de poucos poderosos. Tal sistema é maligno! A conclusão óbvia, me parece, é que “o emprego (...) de categorias marxistas para o propósito vulgar de suprimir a liberdade (...) depõe com o tempo contra os encantos da própria teoria”.[17]

Conclusão (parcial)

Marcus Vinícius Matos estuda na Inglaterra – o 13º país em liberdade econômica.[18] Já o partido de esquerda que ele defende tão aguerridamente tornou o Brasil o 118º país em liberdade econômica. Como ele não mora aqui, parece não ter ideia do mal que doze anos de governo socialista fez à democracia no Brasil. O programa partidário do PT e de seus aliados de esquerda e extrema-esquerda está baseado na luta de classes, na tutela estatal, na intervenção da economia, no desrespeito ao direito de propriedade, no desprezo pela democracia representativa, tendo sempre como objetivo final a criação de uma “sociedade” socialista no Brasil.

Note-se que o PT jamais deixou de prestar solidariedade aos governos de esquerda da Venezuela e de Cuba. Por mais que esses governos pisoteiem os direitos humanos que o PT e seus defensores dizem representar, nenhuma crítica governamental nem partidária é a eles endereçada. Portanto, a incapacidade do autor de compreender a dimensão da catástrofe da esquerda no Brasil e América Latina é, em grande medida, ideológica. Ele está cego para as contradições do que vê como “reforma” social, pois seu raciocínio está subordinado aos princípios dogmáticos do socialismo.

Não conheço qual a posição pessoal atual de Marcus Vinícius sobre revelação, Escritura, Deus, Cristo, expiação, ressurreição, santificação ou outros ensinos centrais da fé cristã. Portanto, não posso afirmar até que ponto o esquerdismo modificou sua fé pessoal. Mas que não haja ilusões: a aderência estrita aos dogmas da esquerda (ou de qualquer outro ângulo do espectro político) termina por impor mudanças à fé – seja por meio da reinterpretação das doutrinas cristãs, seja pela apostasia. Na seção de comentários de uma das suas postagens, ele é perguntado diretamente sobre “sua posição política no contexto brasileiro” e sobre sua posição pessoal quanto “ao aborto e ao casamento entre homossexuais”, mas se evade em responder às perguntas, pois quer evitar “reduções simplistas”. Por que tal acanhamento?

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NOTAS:
[1] Joseph Ratzinger, Fé, verdade, tolerância (São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência Raimundo Lúlio, 2015), p. 110.
[2] As postagens são: “A idolatria do(de) Mercado: contra a teologia política neoliberal” e “A idolatria do(de) Mercado: o homem todo para o dinheiro (todo)”. São dois textos longos que, além dos vários problemas aqui destacados, são mal estruturados, o que torna a leitura enfadonha.
[4] Na verdade, pode-se considerar que toda a primeira postagem de Marcus Vinícius é baseada na “falácia do espantalho”. Sobre isso, cf., por exemplo, Paulo Roberto de Almeida, “Falácias acadêmicas, 1: o mito do neoliberalismo”, Revista Espaço Acadêmico No 87 (Agosto 2008), em:http://www.espacoacademico.com.br/087/87pra.htm.
[5] A tabela e as ideias aqui expostas encontram-se em P. C. Sondrol, “Totalitarian and Authoritarian Dictators: A Comparison of Fidel Castro and Alfredo Stroessner”, in: Journal of Latin American Studies vol. 23, n. 3 (October 1991), p. 599.
[6] Marcus Vinícius repete em seus textos erros para os quais André Venâncio chama a atenção em seu ensaio “Armadilhas do vocabulário político”, publicado em Teologia Brasileira:http://www.teologiabrasileira.com.br/teologiadet.asp?codigo=397.
[7] Para uma introdução ao conservadorismo, cf. João Pereira Coutinho, As ideias conservadoras(São Paulo: Três Estrelas, 2014). Nesta obra o filósofo português procura resgatar os valores “liberais” clássicos: individualismo, constitucionalismo, antiautoritarismo e tolerância. 
[8] Talvez os mais articulados defensores do libertarianismo sejam Murray Rothbard e Hans-Hermann Hoppe. Para o desconforto que liberais sentem em ser rotulados com a direita e seu desprezo pela esquerda, cf. Roger Scar, “Liberalismo: de esquerda ou de direita?”, em:http://www.institutoliberal.org.br/blog/liberalismo-de-esquerda-ou-de-direita/. Para convergências e divergências entre liberais e conservadores, calcada em boas definições, cf. Rodrigo Constantino, “O conservadorismo pela lente de um liberal”, em: http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/filosofia-politica/o-conservadorismo-pela-lente-de-um-liberal/.
[9] Para mais dados sobre as perseguições comunistas na atualidade, cf. Paul Marshall, Lela Gilbert & Nina Shea, Perseguidos: o ataque global aos cristãos (São Paulo: Mundo Cristão, 2014), p. 35-73
[10] Em Totalitarismo, o culto do Estado e a liberdade do evangelho é mencionado que Karl Barth, num primeiro momento, tratou o comunismo e nazismo como iguais; num segundo momento, atenuou esta posição. Mas, mesmo assim, assumiu em privado uma posição de alerta sobre o socialismo. Em meu texto há, inclusive, farta citação de fontes primárias (derivadas das cartas de Barth) e secundárias (a reação de pastores atrás da Cortina de Ferro que lamentaram profundamente a posição ambígua de Barth), sumariamente ignoradas pelo blogueiro. Para um resumo do pensamento do teólogo suíço, cf. Franklin Ferreira, “Karl Barth: Uma introdução à sua carreira e aos principais temas de sua teologia”, em Fides Reformata v. 8, n.1 (2003), p. 29-62; para o papel de Barth na resistência ao nazismo no pré-guerra, cf. “A Igreja Confessional Alemã e a ‘Disputa pela Igreja’ (1933-1937)”, em Fides Reformata, v. 15 (2010), p. 9-36. Neste último ensaio, trato en passant de sua ambiguidade para com o comunismo no pós-guerra. Quanto à relação de Barth com o regime da Alemanha Oriental, cf. também Brief an Staastminister Zaisser, Berlin-Lichtenberg, vom 2 März 1953 betreffend Verhaftung von Pfarren in der DDR, onde ele pediu a libertação de pastores evangélicos presos pelo regime comunista.
[11] cf. “Ensaio analisa parentesco entre fascismo e comunismo”, em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq3110200916.htm.
[12] Herman Dooyeweerd, Estado e soberania: ensaios sobre cristianismo e política (São Paulo: Vida Nova, 2014), p. 50.
[13] O culto imperial já era disseminado pelas províncias do mundo romano na época do Novo Testamento. Os imperadores da dinastia Júlio-Claudiana, ainda que não exigissem honras divinas completas, foram deificados apenas após sua morte – mas nem todos o foram. Otávio era chamado de divi Iuli filius (filho do divino Júlio César) e foi deificado após sua morte; já seu herdeiro, Tibério, não o foi e tampouco o seu sucessor, Calígula. Claudio o foi, mas não Nero (este é o pano de fundo de Rm 1.18-32). O primeiro imperador que exigiu ser chamado de dominus et deus(“senhor e deus”) em vida foi Domiciano, da dinastia Flaviana (Ap 13.1-10 deve ser lido com isso em mente). Quando morreu, não só não foi deificado como foi o primeiro imperador a receber umadamnatio memoriae (literalmente “danação da memória”, que implicava o confisco de propriedades, o nome apagado de moedas e monumentos e as estátuas reutilizadas).
[14] Joseph Ratzinger, “A teologização da política viraria ideologização da fé”, em: 30 Dias,http://www.30giorni.it/articoli_id_968_l6.htm. Este discurso do então cardeal foi proferido no congresso “A participação e o comportamento dos católicos na vida política”, promovido pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz, Roma, em 9 de abril de 2003.
[15] O leitor pode consultar mais informações sobre liberdade econômica, inclusive notando a conexão desta com o estado de direito, governo limitado e livre mercado, em:http://www.heritage.org/index/ranking. Em 2003 o Brasil se encontrava em 72º lugar em liberdade econômica: http://cedice.org.ve/wp-content/uploads/2012/12/Index-of-Economic-Freedom-2003.pdf.
[16] Cf. “Desemprego no Brasil sobe para o maior nível nos últimos três anos”, edição do Jornal Nacional de 28/04/2015, em: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/04/desemprego-no-brasil-sobre-para-o-maior-nivel-nos-ultimos-tres-anos.html.
[17] Tony Judt, Reflexões sobre um século esquecido (Rio de Janeiro: Objetiva, 2010), p. 157.
[18] Para a crise das políticas de bem-estar social na Inglaterra, tão ao gosto das esquerdas, cf. Theodore Dalrymple, A vida na sarjeta (São Paulo: É Realizações, 2015). Cf. também a entrevista que o autor concedeu à Veja, em: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/a-pior-pobreza-e-a-da-alma. Ele diz: “Mesmo em países miseráveis da África, onde trabalhei, nunca vi tamanha pobreza espiritual ou psicológica como a que observei na Inglaterra. E isso, eu acho, só pode ser explicado pela privação do sentido da vida. São pessoas capturadas por esse ciclo de dependência [do assistencialismo estatal], em que nada parece tornar a vida melhor ou pior. Não há esperança, nem medo. (...) Na Inglaterra, em 2006, antes da crise econômica, nós tínhamos 2,9 milhões de pessoas vivendo graças ao auxílio-doença. Elas não eram consideradas desempregadas, mas doentes. Acontece que a grande maioria não tinha enfermidade nenhuma – ou teríamos mais doentes do que na 1ª Guerra Mundial. Essa corrupção moral tem um efeito profundo sobre a sociedade, tanto sobre as pessoas que pedem o benefício, como os médicos que dão os atestados e até sobre o governo, que pôde melhorar seu indicador de desemprego. (...) Acho que, se bem controlada, não há razão para não ter uma rede de proteção social. O problema é que na Europa, particularmente na Grã-Bretanha, o sistema saiu de controle”.

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Autor: Franklin Ferreira
Divulgação: Bereianos
Imagem: The Adoration of the Golden Calf (1633-4), por Nicolas Poussin. Arte: Bereianos.
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domingo, 26 de julho de 2015

Crescimento e radicalização da perseguição: 60 anos da Missão Portas Abertas

A organização Portas Abertas comemorou seus 60 anos no último sábado, 18, com um culto de celebração na sede da Comunidade de Graça, em São Paulo. Esteve presente o Correspondente Internacional da Open Doors, George B.*, que compartilhou muitas histórias de fé e amor por Cristo.

Portas Abertas ou Open Doors é uma organização cristã internacional que atua em mais de 60 países auxiliando pessoas que sofrem algum tipo de restrição por causa da fé em Jesus Cristo. A Missão teve início quando um jovem holandês, chamado Anne van der Bijl , ou Irmão André, como mais tarde seria conhecido no mundo todo, distribuiu uma maleta cheia de literatura cristã para alguns jovens em Varsóvia. No Brasil, a organização atua há 37 anos mobilizando brasileiros para orar, visitar e contribuir no serviço aos cristãos perseguidos.

Em entrevista à Ultimato, o secretário geral da Missão Portas Abertas no Brasil, Marco Cruz, disse que a perseguição aos cristãos tem aumentado e se radicalizado, mesmo com o fortalecimento dos movimentos dos direitos humanos e o desenvolvimento das novas tecnologias, que facilitam a divulgação das informações. O crescimento do extremismo de alguns grupos, como Estado Islâmico e Boko Haram, são motivos de preocupação. Confira a seguir a entrevista na íntegra com Marco Cruz:

Portas Abertas chega aos seus 60 anos de existência, com um foco bem claro: servir aos cristãos perseguidos. No início, a distribuição de Bíblias era a ação principal. O que mudou no trabalho de vocês desde 1955?
A distribuição de bíblias e de literatura cristã continua sendo uma das nossas principais atividades. Seja na versão impressa ou em formatos digitais como mp3 e aplicativos. Além disso, devido às mudanças geográficas e ideológicas da perseguição, bem como das necessidades e solicitações da Igreja Perseguida, ao longo dos anos ampliamos nossa atuação também para o treinamento de pastores e de líderes, encorajamento (auxílio pós-trauma), ajuda socioeconômica (micro crédito e outros) e socorro emergencial.

Com o surgimento das novas tecnologias e a “revolução da comunicação”, poderíamos supor que o absurdo da perseguição religiosa seria algo mais denunciado e, assim, ela diminuiria. No entanto, parece que, na verdade, aumentou. Como se explica isso?
A expectativa natural seria uma diminuição por causa da ampliação dos movimentos pelos direitos humanos e do desenvolvimento tecnológico, que possibilita que a informação, em qualquer lugar do mundo, se espalhe rapidamente pelo globo. Entretanto, vemos um fenômeno inverso: crescimento, ampliação e radicalização da perseguição. Primeiro porque a mídia não veicula com a devida atenção os casos de perseguição aos cristãos. Fala de maneira ampla, muitas vezes excluindo o aspecto religioso dos fatos. Segundo, que há muitos interesses econômicos e políticos envolvendo os países “livres”, onde há perseguição, que impedem ações mais diretas dos governantes. Além disso, a perseguição deveria fazer e fará parte da vida do crente, especialmente em países onde estes não sejam maioria: “De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos”. 2 Tm 3:12.

Que situações mais preocupam hoje a Missão Portas Abertas?
O crescimento do extremismo e do radicalismo. Exemplos bem conhecidos são as ações do Estado Islâmico e do Boko Haram, que são grupos de origem radical muçulmana. Em outras regiões do globo, seguindo exemplos destes grupos, o extremismo tem crescido como é o caso da Índia, onde já se fala da hinduinização do país com a erradicação dos cristãos. Também em Mianmar cuja maioria da população é budista e onde tem crescido o número de ataques radicais aos cristãos por parte deste segmento religioso.

As possibilidades de sofrimento, injustiça e morte fazem parte do horizonte da Missão Portas Abertas. Como lidar com esta realidade, sem perder a fé e a esperança? O próprio testemunho dos cristãos perseguidos nos fortalece, nos ensina a perseverar e nos dá esperança. Recentemente, recebemos a visita da irmã Ana, viúva da Nigéria, cujo marido foi morto por radicais na sua frente em outubro de 2014, por não negar a sua fé em Jesus. Ela foi milagrosamente poupada e ficou com os 5 filhos e 2 netos. A nossa expectativa natural é de ver uma mulher triste e rancorosa. Fomos surpreendidos por uma pessoa alegre e sorridente, grata pela proteção e sustento do Senhor. Em suas próprias palavras: “Quem sou eu para padecer em Nome de Jesus? Por que motivo Deus me escolheu na minha pequena aldeia? Sinto-me honrada por ter sido escolhida por Deus para sofrer em seu nome. Deus tem me dado perseverança, alegria e fé. Sou grata pelas orações dos irmãos brasileiros para que eu continue perseverando e não negue a Jesus.”.

Portas Abertas é uma missão interdenominacional. A perseguição pode ser um instrumento de Deus para unir a sua Igreja? Por quê?
Acredito que sim. Como podemos ver em Atos a partir do capítulo 8, a perseguição aos cristãos serviu para dispersão dos crentes e expansão da igreja. Por outro lado também fortaleceu a unidade do Corpo de Cristo. Em visita a irmãos em Cairo, no Egito, logo após os protestos centralizados na praça Tahrir, quando aumentaram drasticamente os casos de perseguição e de violência contra cristãos, pude observar pessoalmente frutos concretos a partir da perseguição. Segundo relato de irmãos e líderes do país, pela primeira vez na história houve uma grande unidade entre os líderes e igrejas do Egito com opção pela não violência e pelo testemunho do amor de Cristo aos perseguidores. De maneira prática, irmãos em uma igreja próxima a praça, em cuja entrada havia um aparelho com detector de metais e segurança, recebiam muçulmanos, lhes serviam água e lhes davam abrigo por algum tempo. “Não havia tempo para nos concentrarmos naquilo que nos dividia. Tínhamos que nos focar no que nos unia que era seguir o exemplo de Cristo e da Palavra.”

O irmão André é uma figura chave na história da Portas Abertas. Que virtudes podemos aprender com a história pessoal dele?
Há muitos exemplos que podemos aprender com a vida do irmão André, cristão holandês, fundador da Portas Abertas no ano de 1955 (em sua primeira viagem de distribuição-contrabando de bíblias para cristãos em Varsóvia na Polônia). No momento em que celebramos 60 de anos de atuação no mundo, gostaria de destacar duas palavras: ousadia e coragem, para atender ao chamado do Senhor de servir aos cristãos perseguidos e não dar valor à sua própria vida se não for para cumprir o chamado de Deus.

A Missão Portas Abertas no Brasil existe há quanto tempo? Como o país que não está no ranking de perseguição pode ajudar a Igreja Perseguida?
A Portas Abertas existe há 37 anos no Brasil mobilizando brasileiros a orar, visitar e contribuir no serviço aos cristãos perseguidos. Visite o nosso site e saiba mais como apoiar a Igreja Perseguida: https://www.portasabertas.org.br ou entre em contato conosco pelo fone (11) 2348 3330 ou email falecom@portasabertas.org.br
Equipe Editorial Web

sábado, 25 de julho de 2015

COMO SABER SE SOU CRISTÃO?


Por Kevin Deyoung

Sempre que aconselho cristãos a procura da certeza da salvação, eu os levo para 1 João. Essa breve epístola é cheia de ajuda para determinar se estamos na fé ou não. Em particular, existem três sinais em 1 João dados a nós para respondermos a questão “Tenho confiança ou condenação?”


O primeiro sinal é teológico. Você pode ter confiança se você crê em Jesus Cristo, o Filho de Deus (5.11-13). João não quer que as pessoas tenham dúvida. Deus quer que você tenha segurança, que você saiba que tem a vida eterna. E esse é o primeiro sinal, que você acredita em Jesus. Você acredita que ele é o Cristo ou o Messias (2.22). Você acredita que ele é o Filho de Deus (5.10). E você acredita que Jesus Cristo veio em carne (4.2). Então, se você tem a sua teologia errada sobre Jesus você não terá a vida eterna. Mas um dos sinais que devem te dar confiança perante Deus é que você acredita em seu único filho Jesus Cristo nosso Senhor (4.14-16; 5.1,5)

O segundo sinal é moral. Você pode ter confiança se você vive uma vida justa (3.6-9). Aqueles que praticam iniquidade, que mergulham de cabeça no pecado, que não apenas tropeçam mas habitualmente andam na iniquidade não devem ser confiantes. Isso não é diferente do que Paulo nos diz em Romanos 6 que não somos mais escravos do pecado mas servos para a justiça e em Gálatas 5 que aqueles que andam na carne não herdarão o reino de Deus. Isso não é diferente do que Jesus nos diz em João 15 que uma árvore boa não pode gerar frutos ruins e uma árvore ruim não pode gerar frutos bons. Então, se você vive uma vida moralmente justa você pode ter confiança (3.24). E para que esse padrão não te faça desesperar, tenha em mente que parte de uma vida justa é recusar-se a afirmar que você vive sem pecado e vir a Cristo para nos purificar de todo pecado (1.9-10).

O terceiro sinal é social. Você pode ter confiança se você ama outros cristãos (3.14). Se você odeia como Caim você não tem vida. Porém, se o seu coração e a sua carteira estão abertos para irmãos e irmãs, a vida eterna permanece em você. Um sinal necessário de verdadeira vida espiritual é que amamos uns aos outros (4.7-12,21).

Essas são as três indicações de João para nos assegurar que estamos no caminho que leva para a vida eterna. Essas não são três coisas que devemos fazer para merecer a salvação, mas três indicadores de que Deus tem de fato nos salvado. Acreditamos em Jesus Cristo, o Filho de Deus. Vivemos uma vida justa. Somos generosos para com outros cristãos. Ou podemos colocar da seguinte forma: sabemos que temos a vida eterna se amamos Jesus, se amamos os seus mandamentos e se amamos o seu povo. Nenhum dos três é um opcional. Todos devem ser presentes no cristão, e todos são entendidos como sinais para a nossa certeza (veja 2.4,6; 4.20; 5;2).

João elabora os mesmos pontos repetidamente. Você ama a Deus? Você ama os seus mandamentos? Você ama o seu povo? Se não, é um sinal de que você tem a morte. Se sim, é um sinal de que você tem a vida. E isso significa confiança ao invés de condenação.

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Traduzido por Pedro Vilela no Reforma 21
Via Púlpito Cristão

Thalles é o menor problema da igreja brasileira

Pare, leia e Pense!

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Esses dias o feed do Facebook da maioria dos evangélicos brasileiros foi tomado por críticas e mais críticas ao cantor Thalles Roberto, devido a sua decisão de "ir" para o mundo cantar para ser "luz", depois de receber uma "revelação" direta de "deus", vulgo seu próprio ego. Não vou aqui perder tempo falando sobre sua arrogância, prepotência, sua cosmovisão totalmente errada, suas loucuras e histerias ou sobre o mal cheiro que sinto quando este homem abre a boca. Isso muitos já estão fazendo.

E realmente muitos estão fazendo mesmo! É quase unânime. Quase todos estão falando da mesma coisa, como se estivessem todos no mesmo time ou pensassem da mesma forma (e graças a Deus que pelo menos nisso, pensamos igual). É exatamente esse o ponto no qual quero chegar: O Thalles Roberto é o menor problema da igreja evangélica brasileira atual. Não me preocupo tanto com o que o Thalles diz ou deixa de dizer. Não me preocupo tanto com o que o Bispo Macedo diz ou deixa de dizer, dentre outros... Acredito que há coisas muito mais preocupantes em nosso meio. Não adianta levar palhaços a sério. Deixemos eles em seus circos divertindo suas crianças, pois é isso mesmo que elas querem. Não estou dizendo que não devemos nos importar, mas às vezes tapamos nossos olhos para problemas bem mais sérios porque estamos nos divertindo em criticar outras crianças.

O meu ponto é que tem gente que crê numa graça barata, gente que desmerece a pregação do evangelho trazendo um olhar totalmente marxista para o cristianismo, gente que odeia o estudo teológico aprofundado das Escrituras, gente que não se satisfaz somente com a Palavra de Deus também está criticando o Thalles. E é isso que é o mais preocupante. A Bíblia tem saído das igrejas há muito tempo, mas só conseguem se importar com a saída do Thalles. Me preocupo com tanta igreja cedendo ao liberalismo teológico, aceitando ordenação de pastoras, abrindo espaço cada vez mais pra Teologia da Missão Integral e daqui a um tempo (como aconteceu nos EUA) tornando a presença de pastores gays cada vez mais hegemônica. Isso tudo devido à desvalorização de algo "simples": a Bíblia. A Bíblia tem sido atacada, mas ninguém se importa. Muitos jovens cristãos que estão criticando o Thalles são os mesmos que criticam outros jovens que se empenham no estudo teológico. 

Até quando vamos viver assim? Nos escandalizando quando um cantorzinho que prega mais a si mesmo do que a Cristo deixa de ser gospel, enquanto muitos estão fugindo veementemente da centralidade das Escrituras e nem sentimos falta? O pecado latente no evangelicalismo brasileiro, a escassez doutrinária, a onda marxista e a libertinagem da "graça" andam tão impunes e nem mesmo notamos! Quando alguns gritam para alertar as demais ovelhas, são rejeitados. "Quanta besteira", dizem. "Isso não é nada". Desculpem-me, mas antes de chamarem o Thalles de antibíblico, deveriam ao menos procurarem ser bíblicos. Veja o que A. W. Tozer disse a respeito disso:

"Não é uma coisa esquisita e um espanto que, com a sombra da destruição atômica pendendo sobre o mundo e com a vinda de Cristo estando próxima, os seguidores professos do Senhor se entreguem a divertimentos religiosos? Que numa hora em que há tão desesperada necessidade de santos amadurecidos, numerosos crentes voltem para a criancice espiritual e clamem por brinquedos religiosos?"

Parabéns aos pastores, líderes e membros de igrejas que são fieis à Palavra de Deus e a estimam tanto quanto ao próprio Deus. Estes sim podem olhar para problemas infantis e criticarem com toda propriedade, por tanto lutarem para que problemas muito mais graves deixem de existir nas nossas igrejas. Encerro com as palavras do apóstolo Paulo aos Coríntios, que ao ver tanta impureza, percebia que não havia nem lamento por isso:

"Geralmente se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver quem possua a mulher de seu pai. Estais ensoberbecidos, e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação". - 1 Coríntios 5:1,2

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Autor: Richardson Gomes
Fonte: Electus
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sexta-feira, 24 de julho de 2015

10 princípios para maridos e pais cristãos

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A maioria dos homens cristãos em círculos conservadores abraçam a verdade bíblica de que eles devem liderar suas famílias em Cristo. Embora a maioria abrace essa realidade e esteja convencida da sua necessidade, é igualmente verdade que a maioria de nós não tem certeza de como fazer isso. Poucos de nós cresceram em lares cristãos com pais cristãos fortes e piedosos para nos modelar. Como um marido e pai cristão lidera bem a sua família em Cristo? Eu sugiro que os princípios abaixo são um ponto de partida:

Busque a santidade: essa é a chave para liderar as nossas famílias em Cristo. Um marido e pai cristão não pode liderar onde ele não pisou. Assim como Paulo admoestou Timóteo a respeito do pastorado, “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina” (1 Timóteo 4.16), o mesmo se aplica ao “pastor” da casa. Se falta santidade em nossas vidas, então ela também faltará nos membros da nossa família. O maior impulso para o crescimento deles é o nosso próprio crescimento em Cristo.

Reconheça o que você pode e não pode controlar: aquele que pensa que pode controlar o coração dos outros é um tolo. Nós não temos tal capacidade e graças a Deus por isso. Podemos encorajar, exortar e ensinar nossas esposas e filhos na fé, mas não podemos controlar o seu envolvimento e crescimento na fé. Mas é nossa responsabilidade manter nossos próprios corações. Não negligencie o que você tem por responsabilidade enquanto persegue as coisas pelas quais você não é responsável. Maridos e pais servem melhor suas famílias quando estão tentando controlar a sua própria raiva, egoísmo, orgulho e língua. Que saibamos o que somos habilitados a fazer e aquilo que somente o Senhor pode fazer.

Proveja em todos os meios: a maioria dos maridos e pais cristãos reconhece a necessidade de sustentar as suas famílias materialmente. “Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente” (1 Timóteo 5.8). Mesmo que isso seja verdade no reino físico, também o é no reino espiritual. Por favor, traga para casa o bacon! Mas não pare por aí. Pratique um culto familiar consistente e regular; lidere a sua família na leitura das Escrituras, orando e cantando. Alegremente, leve a sua família à igreja a cada semana, envolva a sua família no ministério da Igreja, busque a hospitalidade convidando outras pessoas para sua casa, ore com e por sua esposa e filhos. Não pense que seu trabalho está feito apenas ao garantir um teto sobre suas cabeças, roupas nos seus corpos e comida em seus estômagos. Eles são corpo e alma, eles precisam da sua provisão no reino espiritual.

Pratique a humildade: liderar em Cristo é diferente do que o mundo entende por liderança. O mundo promove um tipo de liderança que exige ser servido. A visão cristã de liderança exige o servir. Caro marido e pai cristão, você é o servo chefe de sua casa. Parabéns! Em Cristo, “quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva” (Mateus 20.26). Lideramos ao servir e muitas vezes esse serviço é sacrificial (Efésios 5.25).

Persista em alegria e ação de graças: defina o tom da sua casa. Um marido e pai cristão estabelece a cultura de sua casa mais do que ninguém. O adolescente temperamental, a criança exigente ou mesmo a esposa mal-humorada não são os fatores determinantes. Você é. Prossiga na alegria do Senhor e persista em ação de graças a Deus por todas as Suas boas dádivas (Tiago 1.17). Este é um grande ponto de partida para moldar a sua casa.

Seja efusivo no amor: Nenhuma esposa ou filho já disse: “Eu fui amado além da conta!”. Não seja o marido ou pai que é reservado em expressar seu amor. Faça a sua esposa se sentir preciosa. Nutra e a acalente (Efésios 5.29). Honre a sua vida com elogios, flores, presentes e carinho constante. Abrace-a por trás enquanto ela está lavando os pratos, encontre um tempo regular para ela escapar das demandas da casa, incentive-a a buscar amizades femininas piedosas, agradeça o cuidado que ela dá a você e seus filhos, planeje e execute encontros. Que ela nunca duvide que você a estima mais do que todos os outros. Permita que seus filhos vejam esse carinho. Os pequenos olhos de seus filhos devem te ver abraçar sua esposa constantemente. Quanto aos seus filhos, tenha por eles um amor implacável e infalível. Não importa as falhas, fraquezas, ou lutas que eles possam ter, o seu amor vai ser uma constante em suas vidas. Ele é fixo e nada pode roubá-lo. Você não vai ser um pai perfeito, mas banhar os seus filhos em amor é um passo para ser um grande pai.

Viva pela graça: Pedro diz: “vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil…” (1 Pedro 3.7). Paulo diz: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Efésios 6.4). Modele e pratique a graça em sua casa. Seja sensível ao pecado e ainda mais sensível para estender aos outros a mesma graça que você recebeu. Sua esposa e filhos devem te ver como alguém acessível, amável, gentil e gracioso. Ao ouvirem a palavra graça, ela não deve ser um conceito estranho às suas mentes. Eles devem conhecer e receber isso de você consistentemente.

Proteja e seja forte: Sua esposa e filhos precisam da sua força. Não só eles precisam da sua força, como também precisam saber que você está disposto a usar essa força para o bem deles. Você serve como seu defensor. Você deve defender a sua família com boa vontade e de bom grado, mesmo que isso lhe custe social, profissional, emocional ou mesmo fisicamente.

Glorie-se na fraqueza: mesmo quando você procura ser forte, deve reconhecer a glória em sua própria fraqueza. Sua esposa e filhos devem conhecê-lo como um homem que alegremente depende do Senhor. Quando eles refletirem sobre sua força, devem sempre entendê-la como vinda da parte do Senhor. E você deve se alegrar por eles conhecerem a fonte da sua força. Um marido cristão e pai fiel não vai mergulhar na sua fraqueza, mas glorificará nela. Ele irá continuamente olhar para Cristo e modelar essa virtude cristã suprema em sua família. Ele será um homem de oração, sabendo que grande parte de seu pastoreio ocorre de joelhos. Ele vai liderar o caminho ao pedir perdão em casa, tanto a sua esposa e filhos. Ele será rápido em conceder o perdão quando ofendido, vai refrear-se em ter expectativas muito altas sobre sua esposa e filhos, reconhecendo suas próprias falhas e fraquezas e estenderá a eles a mesma graça de que ele mesmo precisa.

Viva contemplando a Glória de Deus: esteja você no trabalho, descansando ou brincando, procure glorificar o Senhor. Paulo disse: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.” (1 Coríntios 10.31). Modele a sua família para viver com propósito. Estamos sempre vivendo à sombra da glória de Deus. Mostre a eles que cada momento é importante, cada pessoa é significativa, cada tarefa é importante. Ria ao brincar com seus filhos, sue ao trabalhar e cante alto ao adorar. Faça todas as coisas contemplando a Glória de Deus e as faça com todo o seu coração e alma, especialmente ao liderar a sua família.

Maridos e pais cristãos, a vocês foi dada a tarefa gloriosa e maravilhosa de liderar suas casas em Cristo. Liderar requer pensamento e intencionalidade. Como você está liderando a sua família no Senhor? Que princípios, práticas e atividades você está empregando para o bem deles e para a glória de nossa Cabeça, Cristo Jesus?

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Autor: Kevin DeYoung

Fonte: The Gospel Coalition
Tradução: Kimberly Anastacio
Via: Reforma 21
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quinta-feira, 23 de julho de 2015

QUANDO UM PASTOR COMETE ADULTÉRIO



Por Todd Pruitt

Pastores, como todos os cristãos, batalham contra o pecado. E, como todos os cristãos, pastores precisam de graça. Mas, quando um pastor cai naqueles pecados que o desqualificam para esse papel de líder espiritual, ele também precisa da correção e prestação de contas da igreja. Ele precisa de palavras e orientação claras, não de mimos sentimentais.

Nos últimos meses, diversos pastores bastante conhecidos de várias denominações têm reconhecido que cometeram adultério. Eu não tinha planejado comentar isso. De fato, depois de uma dessas quedas públicas, eu pensei comigo mesmo: “Nem chegue perto desse assunto!”. Entretanto, o problema de permanecer em silêncio é que muitas das respostas a essas falhas públicas, infelizmente, têm sido equivocadas e potencialmente perigosas. Além disso, algumas das confissões desses pastores têm sido, sendo bastante franco, completamente inadequadas e até enganosas.

Adultério é a violação mais brutal do laço conjugal. De fato, a violação do adultério é tão grande que Deus, que odeia o divórcio, o permite em casos de adultério. O adultério corrompe relacionamentos e arruína famílias inteiras. Quando um pastor comete adultério, as consequências são exponencialmente mais destrutivas. Quer ele ache que isso é justo ou não, o pecado sexual abre portas para o escárnio do evangelho. O pastor adúltero provoca incontáveis danos ao testemunho público da igreja e invocar a graça e soberania de Deus não pode aliviar ou, de alguma forma, diminuir esse fato.

Em pelo menos algumas denominações presbiterianas, os pastores fazem votos públicos de não apenas guardar a doutrina da confissão de suas igrejas, mas de viver vidas exemplares. Quando aqueles votos são flagrantemente violados, deve haver um reconhecimento correto do pecado e clara evidência de arrependimento. De outra maneira, a graça é escarnecida e o pecado, trivializado.

Enquanto eu considerava essas situações lamentáveis e uma particular declaração pública de um pastor que recentemente caiu, eu juntei umas poucas reflexões:

1. O pecado é sério, principalmente porque é uma ofensa contra Deus.

Os evangélicos têm se tornado tão impregnados com linguagem e categorias terapêuticas que mal parecem conseguir ver o pecado como algo mais que uma questão privada de crescimento pessoal. Em outras palavras, os evangélicos contemporâneos parecem não mais entender o pecado como uma ofensa contra Deus e um insulto à graça de Cristo. Mesmo em círculos (mais ou menos) reformados nós somos ensinados que “somos livres para pecar três vezes”. (N.T.: Referência ao livro Three Free Sins, em que o autor defende que os crentes preocupam-se demais com a obediência e não conhecem direito a graça de Deus. O autor pergunta: “o que você faria se você pudesse pecar três vezes sem algum custo?”)

O Rei Davi era um grande pecador, mas ele foi e permanece o modelo essencial do correto arrependimento. O Salmo 51 é sua oração de arrependimento após o profeta Natã confrontá-lo por seu adultério e assassinato. Incidentalmente, Natã não correu até Davi para dizer: “Você pecou, mas não se sinta mal porque, você sabe… graça!”.

Hoje, quando um pastor querido e conhecido cai em pecado sexual, é de mau tom realmente lamentar pelo que esse pecado fez à reputação de Jesus e ao testemunho da igreja. Qualquer declarações públicas devem ser limitadas a expressões de graça barata para o pastor, esteja ele arrependido ou não.

Mas, quando Davi se arrependeu, ele deu expressão àquele aspecto mais hediondo do seu pecado.

Contra ti, só contra ti, pequei

e fiz o que tu reprovas,

de modo que justa é a tua sentença

e tens razão em condenar-me.  (Sl 51.4)

Nós podemos querer criar evasivas com Davi usando o fato de que seus atos foram, de fato, contra outros também. Entretanto, o ponto da confissão de Davi é que o pecado é, antes de tudo, contra Deus. Isto é, enquanto o pecado quase sempre tem efeitos deletérios sobre outras pessoas, é mais do que tudo, um motim contra Deus.

2. O mundo é um campo de batalha espiritual.

“…o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo” (Gn 4.7). Essas palavras direcionadas a Caim devem ecoar nos ouvidos de todos os crentes e, especialmente, daqueles que são pastores. Nosso inimigo que é semelhante a um ladrão, um mentiroso, um assassino, um anjo de luz, um enganador, um leão ameaçador e, pior, não tira férias. Ele está lutando com toda a fúria de um tirano derrotado. Não sejamos surpreendidos pela ferocidade da batalha ou a astúcia de Satanás.

Pastores não deveriam apenas não serem surpreendidos pelo calor da batalha; eles devem esperar por isso. Sua posição não os isola das flechas do inimigo. Na verdade, o fato de que a reputação deles impacta a reputação de Cristo deveria levá-los a muito temor. Pastores são alvos em movimento numa guerra espiritual.

Não escute aqueles que, embora insistindo na beleza da justificação, nada dizem sobre santificação. Não escute aqueles que zombam de chamados à santidade como se tais apelos fossem, por natureza, legalistas. Eu creio que nós podemos seguramente concluir que valorizar demais a santidade não é o principal problema dentro das igrejas evangélicas.

3. Nós não somos tão fortes quanto pensamos.

Nenhum de nós chegou ao fim. Todos os crentes, não importa quão maduros, continuarão a batalhar contra o pecado interno até o glorioso dia em que veremos Jesus. Mas, até esse dia, nenhum cristão é intocável. O pecado nos atrairá e prometerá o que ele não pode dar. Nós devemos ter opiniões muito modestas sobre nossas forças contra tais tentações. Quando um pastor falha, não permitamos nem por um momento que nos lisonjeemos com a ideia de que estamos acima desse pecado.

4. Meu coração é enganoso.

Quando um pastor cai, há algo em meu coração que quer dizer: “Eu jamais farei isso!”. E, dependendo de quem tombou, eu escuto uma voz em mim que diz: “Eu sabia que esse cara era esquisito!”. É claro, essa voz em mim sou eu.

É um lembrete de que eu devo diariamente mortificar a tentação de me estimar demais.

5. Chame o pecado pelo nome.

Quando se trata de dar nome ao pecado, nós somos os mestres do eufemismo. Nós queremos suavizar a realidade do pecado chamando-o de outra coisa. Mas, nenhuma análise nossa pode ignorar o fato de que o pecado é tão maligno que exigiu o derramamento de sangue. O pecado é tão ruim que, para pecadores como nós sermos perdoados, Jesus teve de ser nosso substituto para suportar a justa ira de Deus em nosso favor. Nós mostramos desdém por esse  sacrifício estonteantemente belo quando criamos eufemismos para o pecado usando palavras como imperfeição, engano ou relacionamento inapropriado.

6. Não racionalize seu pecado. 

“Minha esposa estava mal, então procurei conforto nos braços de outro” não é arrependimento. Novamente, nós aprendemos com a confissão de pecado de Davi – “meu pecado”, “minha iniquidade”, “pequei, e fiz o que é mal à tua vista”, etc. Não há uma boa razão para um pastor cometer adultério. Não há nunca um fator mitigador que, de alguma forma, torna o adultério um ato razoável ou compreensível.

7. Sim, doutrina realmente importa.

Pastores ao longo de todo o espectro teológico caem em pecado sexual. Liberais e conservadores, batistas e presbiterianos, carismáticos e católicos têm manchado o nome de Cristo com seu pecado sexual. Assim, nenhum sistema doutrinário ou erro pode ser culpado pelo problema do adultério entre pastores. Ainda assim, uma doutrina da santificação robusta é vital para a saúde espriritual. Um sistema teológico que ignora em grande medida os imperativos da Escritura e deixa pouco espaço para uma busca deliberada da santidade priva os homens de um dos principais meios que Deus usa para conformá-los a Cristo. A teologia dos Três Pecados sem Custo não consegue nem pode promover santidade entre o povo de Deus.

8. Romanos 6 ainda vale.

“Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De forma alguma! Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” (v. 1-2).

Sim, nós somos perdoados em Cristo. Sim, nós somos justificados completamente pela vida, morte e ressurreição de Jesus. Não, não há nada que possamos fazer para perder nossa justificação. Nós devemos pregar essas verdades. Nós devemos viver nessas verdades. Mas essas benditas realidades não devem jamais ser usadas como licença para pecar ou minimizar a necessidade de arrependimento quando pecamos.

O mesmo homem que escreveu Romanos 8 também escreveu Romanos 6. O mesmo Jesus que cancelou a maldição do pecado também derrotou o poder do pecado. O pecado já não é nosso comandante. Em Cristo já não somos totalmente depravados. Nosso ser caído está, pelo poder de Cristo, sendo remendado.

9. Pastores presbiterianos deveriam ser presbiterianos na prática.

Conselhos e presbitérios existem por uma série de motivos, um dos quais é prover comunhão, encorajamento e prestação de contas para os pastores. Quando um pastor presbiteriano não se envolve fielmente (seja porque ele é famoso ou “ocupado” demais) com a estrutura oferecida pelo governo presbiteriano, então ele está removendo de sua vida um dos meios que o Senhor proveu para sua saúde espiritual e emocional.

10.Cristianismo de celebridade é perigoso.

A cultura de celebridade invadiu a comunidade “reformada” tão claramente quanto invadiu o evangelicalismo geral. Isso tem sido desastroso. Ter fãs é uma coisa perigosa para pastores. Amigos? Sim! Pessoas que o encorajam? Sim! Mas fãs são perigosos porque fãs estão atrás de algo. Fãs estão atrás do esplendor da fama de seu herói. Fãs nunca dirão aquela palavra dura ou farão aquela pergunta inconveniente.

Incidentalmente, o presbiterianismo corretamente aplicado torna o status de celebridade algo bastante difícil de um pastor alcançar. É assim porque, na teoria, uma igreja presbiteriana rodeia o pastor com homens que cuidam dele, em parte criando limites saudáveis, lembrando-lhe de suas limitações e fazendo ele prestar contas de seu chamado. Seus irmãos no conselho e no presbitério são seus amigos, não seus fãs.

Pastor que caiu em pecado, seja discreto. Em nome de tudo o que é decente, saia das redes sociais. Nós não precisamos de seus tweets triunfantes sobre as grandes coisas que você está aprendendo sobre a graça após violar seus votos mais sagrados. Você não é mais uma marca. Na verdade, você nunca deveria ter sido uma marca. Você deu aos escarnecedores uma grande razão para profanar o nome de Jesus. Você tem amontoado zombaria sobre a igreja. Para de agir como se você ainda tivesse uma plataforma legítima da qual ensinar. Você pode demonstrar a autenticidade de seu arrependimento ao silenciosamente colocar-se sob a autoridade de uma igreja onde você humildemente pode aprender anonimamente.

11. Nem todos os pecados são iguais.

Enquanto é verdade que todos os pecados são igualmente condenatórios, nem todos os pecados promovem danos iguais nesta vida. Nós sabemos disso a partir da Escritura e da experiência. Por exemplo, há certas virtudes que devem caracterizar as vidas dos bispos (1 Tm 3; Tt 1) precisamente porque há certas exigências morais colocadas sobre aqueles que exercem o episcopado na casa de Deus. Gloriosamente, se um pastor que comete adultério arrepende-se, ele pode e deve ser restaurado à comunhão da igreja. De fato, recusar a restauração de um pecador arrependido é um pecado grave. Mas comunhão e serviço dentro da igreja são muito diferentes de ter a responsabilidade da liderança espiritual. Restaure o adúltero arrependido à comunhão. Mas ele se desqualificou para ser um pastor. Jesus removeu a maldição do pecado. Mas enquanto nós estivermos abaixo do céu, devemos ainda suportar muitas das consequências temporais do pecado.

Adultério é um desastre moral. Arruína reputações. É, nas palavras de John Armstrong, “a mancha que fica”. O pastor que cai em adultério desqualificou-se em virtude do fato de que ele não tem mais boa reputação. O fato de que existem muitos que creem que o adultério não desqualifica um homem do ofício de pastor (ou presbítero) reflete mais o discernimento dessas pessoas que a real natureza do adultério.


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Traduzido por Josaías Jr no Reforma21

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