sábado, 30 de novembro de 2013

O Estupro dos Cânticos de Salomão - 4/4

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Por John MacArthur

Antes de encerrarmos esta breve série, prometi responder tantas perguntas quanto possível daquelas pessoas que têm comentado aqui, via e-mail, através do Twitter e no Challies.com.

Primeiramente, gostaria de agradecer a Tim Challies pela coragem em hospedar uma discussão acerca deste tópico. A simples menção de boas maneiras e linguagem, obviamente suscita paixões no evangelicalismo contemporâneo – e não necessariamente de uma maneira que seja útil. Não é fácil encontrar fóruns na internet onde uma questão tão volátil pode ser discutida abertamente com lucro. E, devido a alguns dos vários problemas que esta série tem abordado, mesmo fóruns Cristãos não são sempre um paraíso a salvo da profanação e do comportamento grosseiro e carnal. Sou grato ao Tim por assegurar um nível mais digno de diálogo.

Faço eco ao choque total que Tim expressou quando foi exposto a algo do material do sermão de Driscoll na Escócia (a mensagem que disparou esta série neste blog). Após ler algumas das declarações ultrajantes de Driscoll, Tim reagiu da mesma maneira que qualquer Cristão de mente pura reagiria:

Eu tenho um verdadeiro problema com qualquer um que interprete os Cânticos de Salomão deste jeito... Para ser honesto, as palavras me faltam quando eu sequer tento me explicar – quando eu tento explicar como eu simplesmente não posso sequer conceber os Cânticos de Salmão assim. A natureza poética dos Cânticos é inteiramente corroída quando atribuímos tal significado a eles: tal significado específico. E eu fico pensando qual o bem que pode fazer a um casal estar apto a dizer “Veja, este ato sexual específico é obrigatório na Escritura. Portanto, vamos praticá-lo”. Isso pode ser dito a um cônjuge que não tem desejo de fazer este ato, ou que até mesmo o considera de mau gosto. E ainda, com nossa interpretação dos Cânticos de Salomão, a qual realmente não temos meios de provar (pelo menos, não para além de qualquer dúvida razoável), estamos potencialmente forçando um parceiro relutante a fazer algo. Eu apenas... novamente, as palavras realmente me faltam aqui.

Tim, você estava certo em ficar chocado. A coisa mais chocante para mim é que algumas pessoas não parecem estar chocadas de maneira alguma. O que facilmente receberia do mundo uma classificação NC-171, está sendo divulgado e defendido por alguns na igreja.

Devo explicar que não uso a internet diretamente; Eu nem sequer possuo um computador ou uma conexão a internet em minha casa. Sou totalmente dependente da equipe e dos estagiários no ministério pastoral que imprimem o material que preciso para ler e garantem que eu o consiga.

Portanto, para aqueles que talvez esperassem que eu interagiria com seus comentários em tempo real no blog, simplesmente não tenho meios fáceis de fazer isto. Faço uma varredura nos comentários quando os recebo – que usualmente não é até o dia seguinte – mas não posso responder os comentários do blog diretamente, nem seria capaz de devotar meu tempo aos fóruns de internet mesmo se estivesse conectado.

Mas, quero aproveitar esta oportunidade para responder as perguntas mais freqüentes dos últimos dias. Praticamente todos os questionamentos e críticas que têm sido levantados podem ser agrupados em duas categorias. Alguns poucos são questionamentos e observações sobre a interpretação adequada dos Cânticos de Salomão. Praticamente todo o restante tem a ver com minhas críticas a Mark Driscoll.

Responderei muitos questionamentos da primeira categoria e sumariarei minhas respostas a segunda categoria em duas respostas finais.

1. Podemos “dar o sentido” quando pregamos a poesia sem fazer uma exposição versículo por versículo, preceito por preceito? Ou é melhor deixá-lo “cuidadosamente velado” como MacArthur escreve?

A pergunta interpreta erroneamente o que eu disse. Nunca sugeri que o claro significado de qualquer texto deva ser “cuidadosamente velado”. Eu apontei para o fato de que algumas coisas na Escritura estão cuidadosamente veladas, e nós não devemos impor nossas próprias interpretações especulativas sobre elas.

Em outras palavras, estou incitando os pastores a lidar com o que o texto diz, e se afastar de impor um estilo gnóstico de significados secretos sobre as idéias que são deliberadamente deixadas obscurecidas ou totalmente escondidas pelo Espírito Santo.

Não estou dizendo nada além do que diria sobre interpretações especulativas de qualquer parte da Escritura: isto é insensato. Não, isto é seriamente perigoso. “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós...” (Deut. 29:29).

Também estou dizendo que o modo como o Espírito discursa sobre a santa intimidade e privacidade do amor conjugal é a antítese do tipo grosseiro das pseudo-interpretações gráficas que alguns evangélicos contemporâneos parecem almejar.

2. Os Cânticos de Salomão são um livro explicitamente erótico. Como pode você possivelmente argumentar que este livro da Bíblia, o qual é a Santa Palavra de Deus, é qualquer coisa, menos “completamente explícito”? Não é uma negação do óbvio afirmar que os Cânticos de Salomão não são uma bela descrição gráfica de sexo?

Explícito – ek • SPLIS • isto – Expressar distintamente tudo o que se entende; não deixando nada meramente implícito ou sugerido; sem ambigüidades.

Desde que não há nenhuma menção de uma parte reprodutiva do corpo ou ato sexual nos Cânticos de Salomão, nenhum comentarista dos Cânticos que se preze jamais faria sequer tal afirmação acerca deste livro. Além do mais (e este é o ponto chave de toda a discussão), os Cânticos de Salomão não são literatura “erótica” em qualquer sentido que seja – i. é., não se destina a despertar os leitores sexualmente. Claramente, ele nunca deveria ser pregado de uma maneira que tenha este efeito. Este é um ponto tão óbvio que apenas um explorador do livro o ignoraria por interesses lascivos.

3. Você não vê a distinção entre metáfora e eufemismo?

É claro. Mas as vezes uma metáfora é também um eufemismo, e este é claramente o caso de algumas das disputadas imagens dos Cânticos de Salomão. Não há meio exegético para decidir o que as várias jóias, flores, aromas, óleos e outros prazeres sensuais nomeados no poema representam na mente do autor. Ele propositalmente os deixa vagos. Portanto, não significa necessariamente que os símbolos devam ter qualquer relação de um-para-um com as realidades correspondentes; ao contrário, eles são emblemas gerais da beleza e do desejo. Salomão usa o simbolismo ao invés de dizer qualquer coisa explícita – o que (por definição) torna aquelas metáforas eufemísticas também.

Ao longo daquelas linhas, Richard Hess, nas páginas 34-35 de seu Baker Old Testament Commentary, observa os perigos da leitura demasiada das belas metáforas dos Cânticos:

As metáforas dos Cânticos são as mais ricas de qualquer dos livros da Bíblia. De qualquer modo, não pretendem prover uma simples correspondência do tipo um-para-um. De fato, os intérpretes são mais susceptíveis a perderem-se em absurdos quando se esforçam para igualar as coisas onde elas não são explícitas... A melhor interpretação deve manter-se sensível à linguagem das imagens e tentar seguir seus contornos sem impor demasiada exigência sobre os detalhes de interpretação... Os cânticos não apresentam entretenimento a seus leitores através de exposições lascivas, nem os educa como um manual de sexo.

4. Será que seus escrúpulos acerca de descrições gráficas de atos sexuais não são culturais e produtos de uma geração? Talvez a cultura na qual você ministra não seja tão desinibida quanto as sub-culturas que outros pregadores estão tentando alcançar.

Sexo não é algo novo na era pós-moderna. Cada cultura e cada geração tem lidado com as mesmas obsessões e perversões que lidamos hoje – embora nem sempre com a mesma auto-indulgência desenfreada que nossa cultura tem encorajado. Cada cristão tem sempre encarado os mesmos desejos e tentações que nos assaltam: “Não vos sobreveio nenhuma tentação, senão a que é comum ao homem” (1 Coríntios 10:13). Aqueles que pensam que a pornografia e a libertinagem desenfreada não eram comuns na era pré-internet devem visitar as ruínas de Pompéia e ver como era a vida na cultura de Roma durante a geração do apóstolo Paulo.

Paulo ministrou em culturas muito menos “inibidas” que a nossa. No entanto, quando ele achou necessário lidar com tópicos sexuais – seja para dar instruções positivas sobre a relação no casamento ou exortações negativas acerca de pecados sexuais – ele nunca falou em termos sexualmente gráficos.

Além disso, o que era pecaminoso na era de Paulo ainda é pecaminoso em nossa cultura saturada de pornografia. E a estratégia de Paulo para alcançar os Coríntios (uma das sub-culturas mais pervertidas sexualmente já conhecida) é a mesma estratégia que devemos usar hoje. Isto inclui alguns cuidados, dignidades e ensino autenticamente bíblico sobre questões de sexo (cf. 1 Coríntios 7). Santidade, e não um método de como aconselhar sobre sexo, é o coração do que os pastores deveriam estar ensinando sobre sexo (especialmente em uma cultura viciada em sexo). E nosso ensino sobre o assunto deve ser feito com graça, dignidade e santificação, não na forma de uma comédia erótica.

A verdade é que a Palavra de Deus nunca dá instruções específicas sobre os detalhes das preferências sexuais de um casal em sua vida sexual. Sermões que pretendem encontrar tais instruções, como a preocupação sexual demonstrada nesses assaltos aos Cânticos de Salomão, são mais prejudiciais que úteis – porque erguem a imaginação do pregador a uma posição mais elevada de proeminência e autoridade do que a verdadeira revelação de Deus.

Nem Paulo ou qualquer outro legítimo líder da igreja em 2000 anos têm sequer achado necessário (ou mesmo útil) utilizar a sabedoria das ruas para a educação sexual – nem como uma estratégia evangelística, e certamente nem como um meio de santificação para as pessoas já dominadas pela conversação sobre sexo de uma cultura corrompida. Adotar a obsessão do mundo por conversação sexual e suja não pode possibilitar um efeito santificador, porque a própria estratégia é profana.

A noção de que sub-culturas degeneradas e pessoas sexualmente viciadas não podem ser alcançadas sem o “aprender a falar a língua deles”, é uma falácia absoluta. A Grace Church está a sete milhas de Hollywood, no coração do Sul da Califórnia, em uma cultura carnal de prazer doentio, bem conhecida no mundo todo por tudo, menos por valores espirituais saudáveis. Nenhuma cidade na América é mais “desigrejada” que nosso vale, o qual abriga mais de três milhões de pessoas. O povo da Grace Church está alcançando amigos e vizinhos em todas as sub-culturas imagináveis – dos ex-presidiários aos ex-católicos e as pessoas na indústria do entretenimento. Batizamos novos convertidos praticamente todo domingo a noite. Não é necessário nem útil injetar referências sexuais explícitas nas conversas a fim de alcançar pessoas de tais culturas. Deus os traz a Cristo através do Evangelho.

5. Você intitulou seus artigos de “O estupro dos Cânticos de Salomão”. Se você discorda tanto da linguagem forte e de temas sexuais, não parece ser sobre isto o tópico?

Um dos problemas fundamentais em toda essa discussão é a recusa por parte de muitos em reconhecer a distinção crucial (e fundamental) entre linguagem forte e linguagem obscena. O próprio Mark Driscoll contribuiu para esta confusão ao misturar e obscurecer os dois assuntos em sua mensagem ano passado na Conferência Desiring God. A Escritura condena hereges em termos vigorosos, as vezes indelicados, (por exemplo, Gálatas 5:12). Mas a Bíblia nunca é indecente, e a linguagem forte na Escritura certamente não faz da linguagem profana ou suja uma piada aceitável (Efésios 5:4).

No primeiro artigo da série, expliquei por que o título é apropriado. Se alguém acha que é um exemplo do que tenho condenado, esta pessoa não entendeu nada do que falei. O estupro é um ato de violação forçada; e este tratamento dos Cânticos de Salomão é um abuso do livro, arrancando-lhe o véu designado por Deus, contaminando publicamente sua pureza, e mantendo-o a vista para olhares e sorrisos maliciosos.

6. O sermão de Driscoll foi realmente tão ruim quanto você diz? Você não está exagerando o que, em última análise, foi apenas uma diferença no estilo?

Durante a Controvérsia Downgrade, Charles Spurgeon foi essencialmente acusado da mesma coisa – uma deturpação dos fatos e uma reação exagerada as questões. Aqui está o que Spurgeon disse em resposta aos seus críticos:

A controvérsia que tem se levantado de nossos artigos anteriores é muito ampla em seu alcance. Mentes diferentes terão suas próprias opiniões quanto a maneira com a qual os combatentes têm se portado; de nossa parte estamos satisfeitos em deixar milhares de assuntos pessoais passarem desapercebidos. O que importa quais sarcasmos e gracejos possam ter sido proferidos às nossas custas? A poeira da batalha baixará no devido tempo; pois, no presente, o interesse principal é manter o estandarte em seu lugar, e preparar-se contra as arremetidas do adversário.
Nosso alerta tinha a intenção de chamar atenção para um mal que pensávamos ser aparente a todos: nunca imaginamos que “a questão precedente” seria levantada, e que uma companhia de estimados amigos arremeteria em meio aos combatentes, e declararia que não havia motivo para a guerra, mas que nosso moto poderia continuar a ser “Paz, paz!” No entanto, tal tem sido o caso, e em muitos lugares a pergunta principal não é o “Como podemos remover o mal?”, mas “Existe algum mal para ser removido?” Nenhum fim de carta tem sido escrito com isto como seu tema – “As acusações feitas pelo Sr. Spurgeon são realmente verdadeiras?” Deixando de lado a questão de nossa própria veracidade, não poderíamos ter qualquer objeção a uma discussão mais aprofundada do assunto. Por todos os meios, deixe a verdade ser conhecida.

No espírito de Charles Spurgeon, então, sinto que não há outro curso de ação, a não ser deixar que a verdade seja conhecida. Este link (o qual alguém me enviou por e-mail ontem) o levará a algumas das coisas que Mark Driscoll tem dito sobre os Cânticos de Salomão. Minha preferência seria não “linkar” aquelas coisas de maneira alguma (de fato, há muito mais que eu poderia “linkar”), e gostaria de avisar que o conteúdo é altamente ofensivo (especialmente por ter sido pregado em um culto de Domingo onde crianças, adolescentes e jovens solteiros estavam presentes). Mas, como Paulo disse aos Coríntios, as vezes é necessário suportar uma pequena tolice a fim de que a verdade seja conhecida.

O Novo Testamento não poderia ser mais claro. A boca fala do que o coração está cheio (Mateus 12:34). E aqueles que ensinam publicamente são levados a um nível mais alto de responsabilidades (Tiago 3:1). Pastores, em particular, devem ser modelos de pureza (1 Tim. 4:12), acima de qualquer reprovação, tanto dentro da igreja como fora dela (1 Tim. 3:2-7). Pureza na doutrina, pureza na vida e pureza no falar fazem parte das qualificações bíblicas para aqueles que serão porta-vozes de Deus.

Efésios 4:29 Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que seja boa para a necessária edificação, a fim de que ministre graça aos que a ouvem.

Efésios 5:4–5 Nem baixeza, nem conversa tola, nem gracejos indecentes, coisas essas que não convêm; mas antes ações de graças. Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus.

1 Tessalonicenses 4:7 Porque Deus não nos chamou para a imundícia, mas para a santificação. Portanto, quem rejeita isso não rejeita ao homem, mas sim a Deus, que vos dá o seu Espírito Santo.

Tito 2:6–8 Exorta semelhantemente os moços a que sejam moderados. Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra integridade, sobriedade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se confunda, não tendo nenhum mal que dizer de nós.

É por isso que estou fazendo uma discussão tal como esta. Porque o Novo Testamento faz uma discussão assim. Não é simplesmente uma diferença de opinião, geração, preferência, estilo ou metodologia. É uma discussão que se levanta dos claros mandatos do Novo Testamento relacionados ao caráter de um presbítero. De qualquer modo, não acho que tenha reagido com força suficiente.

7. Por que você escolheu Driscoll e o conectou com os “desafios sexuais”? Por que levá-lo a público? Ele já se arrependeu de seu discurso underground, e está sendo discipulado de maneira particular por homens como John Piper e C. J. Mahaney, que o fazem prestar contas. Você os consultou antes de chamar Driscoll pelo nome? Se o problema é tão sério como você alega, por que eles não disseram nada publicamente acerca disto?

No sermão que motivou esta série, Mark Driscoll (falando especificamente as esposas na congregação) fez vários comentários que foram muito, mas muito piores do que sórdidos desafios sexuais. Além do mais, os editos de Driscoll às mulheres casadas não eram meros “desafios”, mas diretivas reforçadas com a alegação de que “Jesus Cristo ordena que você faça [isto]”. Este material tem estado online e circulado livremente por mais de um ano. Mas você terá muita dificuldade para encontrar um único fórum sequer na Web onde alguém tenha exigido que Driscoll explicasse porque ele se sentia livre para dizer tais coisas publicamente.

Estou apontando algo que não deve ser nenhum pouco controverso: pastores não são livres para falar assim. Em resposta, uma enchente de jovens revoltados, incluindo muitos pastores e seminaristas – nenhum dos quais tenha sequer tentado uma conversa em particular comigo sobre este tópico – têm se sentido livres para postar insultos e públicas reprovações em um fórum público, declarando enfaticamente (sem a óbvia consciência da ironia) que eles não crêem que tais coisas devam ser tratadas em fóruns públicos.

(Para ser claro: não estou sugerindo que alguém precisa me contatar em particular sobre declarações públicas que eu tenha feito. Muito pelo contrário. Mas aqueles que insistem que tais desacordos devam ser tratados privadamente revelam a hipocrisia do que alegam quando usam fóruns públicos para censurar e acusar um pastor de quem eles discordam.)

Quando 1 Timóteo 5:20 diz: “Aqueles que continuam em pecado, repreenda-os na presença de todos”, ele está falando aos presbíteros em particular. Aqueles em um ministério público devem ser repreendidos publicamente quando seus pecados se repetem, em público, e são confirmados por várias testemunhas.

No entanto, tenho escrito para Mark em particular sobre minhas preocupações. Ele rejeitou meu conselho. Com relação a este fato, ele pregou o sermão que venho citando, sete semanas após receber minha carta privada onde o encorajava a levar a sério o padrão de Santidade que as Escrituras impõem aos pastores. Aqui está uma pequena seleção da carta de seis páginas que o enviei:

Você [não] pode fazer cristãos adotarem modismos mundanos como se fossem um caso bíblico – especialmente quando aqueles modismos estão diametralmente em oposição ao discurso saudável, mente pura e comportamento casto que Deus nos conclama a exibir. Em sua essência, trata-se de ideologia. Não importa o quanto a cultura possa mudar, a verdade nunca muda. Quanto mais a igreja se acomoda as bases elementares da cultura, mais ela comprometerá inevitavelmente sua mensagem. Não devemos trair nossas palavras através de nossas ações; devemos estar no mundo, mas não ser do mundo... É vital que você não envie uma mensagem sobre a importância da sã doutrina e uma mensagem totalmente diferente sobre a importância do discurso são e da pureza de mente irrepreensível.

A resposta de Mark Driscoll a esta admoestação e as coisas que ele tem dito desde então só têm aumentado minha preocupação.

Mark Driscoll realmente expressou arrependimento sobre a reputação que sua língua o rendeu a alguns anos atrás. No entanto, nenhuma mudança substancial é observável. Apenas a algumas semanas, em uma diatribe raivosa dirigida a homens de sua congregação, Driscoll mais uma vez lançou um palavrão totalmente desnecessário. Algumas semanas antes disto, ele fez um escárnio público de Eclesiastes 9:10 (algo que ele tem feito repetidamente), fazendo piada disto em cadeia nacional. Então, aqui estão mais dois vídeos inapropriados de Driscoll que estão circulando entre jovens e estudantes universitários por quem tenho alguma responsabilidade pastoral. Em sua imaturidade, eles geralmente pensam que é maravilhosamente legal e transparente para um pastor falar assim. E eles se sentem a vontade para xingar e fazer piadas de forma semelhante em ambientes mais casuais.

Já passou da hora da questão ser tratada publicamente.

Finalmente, é seriamente exagerado dizer do envolvimento de John Piper e C. J. Mahaney que eles estão “discipulando” Mark Driscoll. Em primeiro lugar, a idéia de que um homem crescido, já em ministério público e sob os holofotes da TV nacional, necessita de espaço para “receber a instrução de mentores” antes que seja justo sujeitar suas atitudes públicas ao escrutínio bíblico parece inverter todo o processo. Estes problemas têm sido discutidos em ambos os contextos, público e privado, por pelo menos três ou quatro anos. Em algum ponto, o argumento de que esta é uma questão de maturidade e que Mark Driscoll apenas precisa de tempo para amadurecer perdeu a eficácia. Neste ínterim, a mídia está tendo um festival para escrever histórias que sugerem que conversação desprezível é uma das marcas registradas do “Novo Calvinismo”; e inúmeros estudantes a quem amo e conheço pessoalmente estão sendo conduzidos a um comportamento carnal semelhante ao imitarem o discurso e estilo de vida de Mark Driscoll. Para tudo há um limite.

Sim, eu informei John Piper e C. J. Mahaney das minhas preocupações sobre este material a várias semanas atrás. Discriminei todas estas questões em detalhes muito mais minuciosos do que tenho escrito aqui, e disse-lhes expressamente que estava preparando esta série de artigos para o blog.

Para aqueles que perguntam por que os pastores Piper e Mahaney (e outros em posições chaves de liderança) não têm expressado publicamente suas próprias preocupações similares, esta não é uma pergunta para mim. Espero que você escreva e pergunte a eles.

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1 É uma espécie de classificação de conteúdo para que os pais americanos tenham uma idéia daquilo com que seus filhos estão tendo contato. NC-17 seria, por exemplo, um filme contendo senas de sexo explícito ou violência excessiva. Poderia ainda conter obscenidades, pornografias, linguagem sexual ou violenta [N. do T.].

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Fonte: Grace to you
Tradução: Nelson Ávila

O Estupro dos Cânticos de Salomão - 3/4

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Por John MacArthur

[Nota do Editor: O leitores devem ser advertidos que este artigo contém material ofensivo. No entanto, ele está incluído aqui com o objetivo de fundamentar a tese deste artigo.]

Eu enfaticamente concordo com aqueles que dizem que os Cânticos de Salomão não são mera alegoria. Ele é melhor entendido quando o tomamos como de fato se propõe a ser, como qualquer outro texto da Escritura. Muitos intérpretes a quem, em outro caso, mantenho em alta estima (incluindo Spurgeon e a maioria dos Puritanos), infelizmente fizeram mais para confundir do que para esclarecer a mensagem dos Cânticos ao tratá-la de uma maneira puramente alegórica que acaba por eliminar seu sentido primário.

Os Cânticos de Salomão são, como tenho dito desde o princípio, um poema de amor entre Salomão e sua noiva, celebrando o amor mútuo de um pelo outro, incluindo os prazeres do leito conjugal. Interpretar esta — ou qualquer outra porção da Escritura— de uma maneira puramente alegórica é tratar a própria imaginação do intérprete como mais autoritativa do que o sentido literal do texto.

De qualquer modo, aqueles que fingem saber o significado dos símbolos poéticos que não estão claramente identificados a partir do próprio texto cometem o mesmíssimo erro. Suas especulações são igualmente um modo de exaltar suas próprias imaginações a um nível de autoridade superior ao sentido literal do texto.

É um problema particular quando o interprete vê um mandato para sexo oral numa simples metáfora acerca do fruto de uma árvore, ou imagina que a melhor maneira de contextualizar e ilustrar porções do texto é despindo verbalmente sua própria esposa a fim de fazer o ponto tornar-se o mais vívido possível.

Num caso como este, o orador não apenas tem dado peso demasiado a sua própria imaginação especulativa; ele tem dado um sinal bastante claro de que sua imaginação não é totalmente pura (Lucas 6:45).

E este é um problema muito mais sério do que meramente alegorizar o texto.

De maneira alguma desejo minimizar os perigos de se alegorizar o texto. Essa aproximação hermenêutica é cheia de prejuízos, mesmo nas mãos de homens de mente pura, que geralmente são saudáveis em sua doutrina. Eu não aprovo os vôos da fantasia alegórica, especialmente com um texto como os Cânticos de Salomão, o qual impõe bastante dificuldade com as, obviamente embutidas, metáforas e linguagem poética que possui.

Alegorizadores dos Cânticos de Salomão geralmente o vêem como uma expressão de terno amor mútuo entre Cristo e Sua igreja. A maioria deles diria que Cristo é representado pela voz de Salomão; a igreja é representada pela voz de Sulamita. Alguns intérpretes vão ainda mais longe e dizem ouvir três ou mais vozes falando do texto. (Invariavelmente, aqueles que multiplicam as vozes tentam fazer com que os versículos se encaixem em algum libreto complexo que se levanta mais de suas próprias agendas pessoais do que do texto em si).

Ainda assim, independentemente de quantas vozes sejam ouvidas e quem esteja supostamente falando, quase todos os que alegorizam este poema vêem-no como um cântico de amor entre Cristo e a igreja. É provavelmente adequado dizer que esta visão alegórica sobre Cristo e a igreja tem sido a interpretação dominante do poema através da história da igreja.

Isto, é claro, não é o certo a ser feito. Acontece que penso não ser esta a abordagem correta para interpretar este texto. Mas esta não é uma visão que deva ser rejeitada com desprezo vulgar — especialmente com uma piada grosseira atribuindo comportamento homossexual a Cristo.

Se você já ouviu qualquer dos estudos de Mark Driscoll sobre os Cânticos de Salomão, certamente terá ouvido sua piada naquele sentido. Por exemplo, no sermão que me impulsionou a escrever estes artigos, Driscoll diz, “Alguns têm alegorizado este livro, e assim fazendo, eles o têm destruído. Eles dirão que ele é uma alegoria entre Jesus e sua noiva, a igreja. O que, se for verdade, é estranho. Porque Jesus está fazendo sexo comigo e pondo sua mão sobre minha camisa. E isto parece estranho. Eu amo Jesus, mas não desse jeito.”

Drsicoll disse quase exatamente a mesma coisa nos últimos três outros sermões. Por exemplo: “Jesus continua fazendo comigo e me tocando em locais impróprios”. “Agora eu sou gay, ou altamente perturbado, ou ambos”. “Como um cara, eu não me sinto confortável com Jesus, como você sabe, me beijando, me tocando e me levando para a cama. Ok? Acho que essa espécie de visão acerca dos Cânticos de Salomão é muito homo-erótica.”

Mesmo em sua série mais recente, Peasant Princess, ele repete uma versão daquela mesmíssima piada:

Agora, o que acontece é que alguns dizem “Bem, nós cremos no livro [dos Cânticos de Salomão], e o ensinaremos, mas o faremos alegoricamente.” E há então uma interpretação alegórica e uma literal. Eles dirão, “Bem, a interpretação alegórica não é entre um marido e sua esposa, Cânticos de Salomão, amor, romance e intimidade; do que ela trata? Sobre nós e Jesus.” Realmente? Eu espero que não. [Risos da platéia] Se eu chegar no céu e ele desabar, não sei o que farei. Quero dizer que este será um mau dia. Certo? Eu falo sério. Vocês caras, sabem do que eu estou falando. É como, “Não, eu não estou fazendo isto. Você sabe que eu não estou fazendo isto. Eu O amo [Jesus], mas não deste jeito.” [Risos da platéia].

Driscoll escapa da crítica a respeito deste tipo de piada alegando que não é blasfêmia pelo fato de não ter nada a ver com o “verdadeiro” Jesus. Ele diz que está simplesmente tirando sarro de uma falsa noção sobre Jesus. E ele continua fazendo a piada. Aqui está o problema com isto: a Escritura claramente ensina que o amor entre marido e mulher em todos os seus aspectos é uma metáfora de Cristo e a igreja (Efésios 5:31-32).

Assim, mesmo uma interpretação não alegórica dos Cânticos de Salomão (simplesmente tomando a canção de amor entre Salomão e Sulamita no sentido em que ela se propõe a ser), em última análise aponta-nos a Cristo e seu amor pela igreja. O texto deve ser manuseado pelo pregador, portanto, não como um pretexto para se banhar na sarjeta de nossa cultura obsessiva por descontração, com uma conversação grosseira acerca de sexo e descrição de imagens sexuais.

Alguns dos que tem comentado esses artigos sugeriram que eu deveria fazer uma exposição completa dos Cânticos de Salomão ao invés de simplesmente criticar os maus intérpretes e condenar a fixação da igreja contemporânea por sexo.

Isto exigiria uma série longa, e eu preferiria não devotar semanas de tempo neste blog a um tópico que levantei apenas com o objetivo de uma simples admoestação particular. Mas aqueles que desejam conhecer minha exposição dos Cânticos de Salomão ficarão felizes em encontrar notas completas sobre o texto na Bíblia de Estudo MacArthur.

Aquelas notas devem ser uma resposta suficiente àqueles que pretendem saber se o que estou falando é que seria melhor não comentar os Cânticos de Salomão de maneira alguma.

É claro que não é o que estou dizendo, nem pode alguém asseverar que tenho afirmado implicitamente qualquer coisa do tipo — sem torcer minhas palavras ou colocar suas palavras em minha boca. (Isto aconteceu literalmente numa série de comentários em outro blog onde este artigo estava em discussão. Um comentarista precipitadamente me acusou de oposição a exposição linha-por-linha dos Cânticos. Em metade dos comentários, as pessoas estavam pondo esta alegação entre aspas, atribuindo-a a mim.)

O que estou dizendo é que os limites da decência — especialmente quando se lida com temas como sexo — devem ser aplicados a qualquer texto com o qual estejamos lidando. Interpretar a bela poesia de modo a transformá-la num indecente pornô soft é corromper a intenção primordial do texto.

Isto está longe de ser tão difícil de entender como alguns estão imaginando, mas talvez um simples paralelo seja suficiente: Existem outras funções privadas do corpo e partes do corpo “menos honrosas” ou “indecorosas” (1 Coríntios 12:23). Encontramos estas mencionadas ou aludidas às vezes nas Escrituras sem, contudo, serem demasiadamente especificadas. Todos nós seríamos certamente ofendidos se o pregador fizesse um longo discurso descritivo, ou desse instruções do tipo “como-é”, no culto de Domingo, sublinhando aquelas coisas “indecorosas”.

Por razões mais fortes que a simples modéstia, certos atos envolvendo fornicação, auto-erotismo e outras coisas que as pessoas geralmente “fazem em segredo”, são vergonhosas para serem discutidas em qualquer contexto público (Efésios 5:12), muito menos num culto da igreja. Elas podem ser temas adequados para uma sessão de aconselhamento privado, para um consultório médico ou para uma aula de biologia da faculdade, mas não são temas apropriados para um culto onde Deus deve ser glorificado, onde Cristo deve ser exaltado, onde respeito deve ser mostrado para com as mulheres, onde a inocência das crianças deve ser resguardada e onde as curiosidades luxuriosas de pessoas solteiras não devem ser inflamadas desnecessariamente.

Quando um orador deliberadamente desperta desejos que não podem ser realizados com retidão em universitários solteiros, ou quando suas ilustrações pessoais deixam de preservar a privacidade e honra de sua própria esposa, isto já é algo bem pior do que meramente inapropriado. Quando feito repetidamente e com o comportamento de um bad boy imaturo, tal prática reflete um defeito de caráter maior, que é a desqualificação espiritual. Qualquer homem que faz tais coisas demonstra simplesmente que a marca registrada de seu estilo não está realmente acima de qualquer reprovação.

Tão recentemente como há uma década, este ponto de vista não teria levantado um pio de controvérsia.

O fato de que isto é tão controverso agora é simplesmente uma prova a mais de que os evangélicos têm se tornado parecidos demais com o mundo, e muito confortáveis com as características maléficas de nossa cultura.

Amanhã, se o Senhor quiser, postarei o capítulo final desta série. Várias perguntas têm chegado repetidamente de pessoas que têm comentado sobre estes artigos, e no capítulo final de amanhã quero responder o maior número delas possível.

Continua...
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Fonte: Grace to you
Tradução: Nelson Ávila

O Estupro dos Cânticos de Salomão - 2/4

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Por John MacArthur

Francamente, é difícil pensar em um abuso mais terrível da Escritura que transformar os Cânticos de Salomão em pornô soft. Quando pessoas não conseguem mais ler esta porção da Escritura sem que imagens pornográficas entrem em suas mentes, a beleza do livro já tem sido corrompida, sua descrição da justiça amorosa pervertida, e sua função na santificação e elevação do relacionamento matrimonial desviada. Que pregadores façam isso no culto público é inconcebível.

Os Cânticos de Salomão são deliberadamente velados em eufemismos que, em qualquer medida, mostram-se belos. Algumas das imagens são absolutamente óbvias, outras altamente discutíveis. Em muitos lugares o significado é indistinto o bastante para permitir uma grande dose de imaginação hermenêutica, e a sabedoria parece ensinar que aqui —especialmente aqui — é melhor para o pregador não ser muito mais explícito do que o foi o Espírito Santo.

E encaremos isto: em geral, o Cântico está tão longe do explícito quanto pôde o escritor fazê-lo.

Além disso, desde que o simbolismo trata obviamente acerca de paixão, romance, amor, desejo e ternura, sua ambigüidade seve a um propósito deliberado: ela fala em termos secretos aquilo que deveria ser mantido em secreto. A linguagem é claramente concebida para comunicar afeições de privacidade íntima através de termos velados, confidenciais e quase clandestinos.

Este é um ponto vital: O estilo da comunicação entre aqueles dois amantes oculta belamente o significado mais essencial de suas canções de amor, de um modo que preserva a profundidade da privacidade pessoal (e divinamente pretendida) do leito conjugal.

O Cântico de Salomão é incrivelmente belo precisamente por ser tão cuidadosamente velado. É a perfeita descrição da maravilhosa e terna descoberta da intimidade que Deus designou que acontecesse entre um jovem homem e sua noiva num lugar de segredo. Nós não somos informados em termos vívidos o que todas as metáforas significam, porque a beleza da paixão conjugal está no olho do expectador — onde deve permanecer.

Tom Gledhill sabiamente resume este ponto em seu comentário sobre os Cânticos de Salomão (pp. 29-31):

Ao desempacotar metáforas e desembrulhar eufemismos [nos Cânticos de Salomão] pode acontecer que nossos pensamentos espiralem fora de controle, e acabemos por cometer adultério em nossas imaginações. E o que fazer então se a interpretação das Escrituras se mostrar ser uma pedra de tropeço, e uma causa de ofensa para alguns que crêem? ... Uma vez que uma linha particular de interpretação tem sido sugerida, é difícil não ver explícitas alusões sexuais em todos os lugares, até que todo o trabalho se torna saturado de referências a genitália, relações sexuais e sexo explícito.

... A resposta do Novo Testamento é muito clara e direta. Jesus disse, “Se teu olho direito te faz pecar, arranca-o... É melhor perder uma parte do corpo do que ter todo o corpo lançado no inferno”. Em outras palavras, não andemos em tentação de olhos abertos quando conhecemos nossas áreas específicas de fraqueza.

... A linguagem que usamos para descrever várias partes da anatomia humana (o que o apóstolo Paulo descreve como nossas ‘partes decorosas’) é um assunto para delicada sensibilidade... Quando [explicitadas inapropriadamente] palavras são usadas em discurso verbal, uma profunda desorientação toma lugar nos ouvintes, a qual tem uma tendência de bloquear, em grande medida, qualquer capacidade adicional para uma discussão racional. Eles agem, por assim dizer, como granadas de mão. Seu uso é uma atividade terrorista, causando destruição desenfreada.

Tremper Longman III diz o seguinte acerca dos pregadores e comentaristas que interpretam as imagens poéticas dos Cânticos em termos abertamente explícitos: “A livre associação [deles] com as imagens dos Cânticos é tão prevalecente que aprendemos muito mais sobre os interpretes que sobre o texto” (NICOT, p. 14).

Considere, por exemplo, a seguinte passagem de Cânticos de Salomão 4:12-16. Aqui Salomão descreve sua noiva com uma metáfora complexa empregando símbolos florais, e ela responde fazendo eco as imagens:

Jardim fechado é minha irmã, minha noiva, Sim, jardim fechado, fonte selada. Os teus renovos são um pomar de romãs, Com frutos excelentes; a hena juntamente com nardo, O nardo, e o açafrão, o cálamo, e o cinamomo, Com toda sorte de árvores de incenso; A mirra e o aloés, com todas as principais especiarias. És fonte de jardim, poço de águas vivas,correntes que manam do Líbano! Levanta-te, vento norte, E vem tu, vento sul; Assopra no meu jardim, espalha os seus aromas. Entre o meu amado no seu jardim, E coma os seus frutos excelentes!

Salomão descreve assim sua noiva como um jardim fechado e selado. Para ele, ela é um lugar agradável, cheio de aromas encantadores e substâncias tranqüilizantes. A descrição desenhada por ele é bela em todos os níveis. Os detalhes (“frutas escolhidas, hena com nardo, o nardo e o açafrão, o cálamo e o cinamomo... árvores de incenso, mirra” etc.) podem ou não possuir significados específicos que teriam sido conhecidos pela noiva.

O que todo interprete cauteloso pode dizer com certeza é que Salomão considera sua noiva aprazível a todas as suas percepções sensoriais. Ele, então, a compara à imagem mais agradável e bela que pode imaginar — ungüentos, fragrâncias e deleites visuais — tudo concentrado em um único e bem cultivado local. Um jardim. O jardim está “fechado”, o que, novamente, enfatiza a privacidade íntima do amor conjugal puro. Nada requer que o exegeta vá além disto. A própria Escritura não vai além disto.

“É franco, mas não é grosseiro”, disse Mark Driscoll num Domingo, a uma congregação escocesa, a menos de 18 meses atrás. Mas então ele continuou a parafrasear Salomão de uma maneira que foi totalmente grosseira e nem remotamente próxima daquilo que o Espírito Santo pretendeu. (Uma cópia em CD desta mensagem chocante, intitulada Sexo: Um Estudo das Partes Boas dos Cânticos de Salomão, me foi enviada por alguns cristãos do Reino Unido, profundamente ofendidos e preocupados. Esta é a razão primária de eu estar fazendo esta série).

Na mente de Driscoll, não é a noiva em si que é um jardim, mas uma parte específica de sua anatomia. Da maneira que ele recria a passagem, não é um poema sobre o deleite da privacidade que os cônjuges usufruem entre si; é uma maneira sorrateira de expor abertamente essa intimidade para que todos possam ver.

Em essência, ele trata os Cânticos de Salomão como a velha lenda urbana acerca das letras de “Louie, Louie”. Apenas aqueles com um conhecimento secreto podem realmente entender; e, portanto, seu verdadeiro significado deve ser algo sujo.

Esta abordagem satisfaz ouvidos lascivos. É difícil vê-lo como algo diferente de mero exibicionismo. O pior de tudo é que isto inverte todo o propósito dos Cânticos de Salomão.

Tremper Longman estava certo: eisegesi como esta não revela nada acerca do livro, mas tudo acerca do interprete.

Continua...
***
Fonte: Grace to you
Tradução: Nelson Ávila

Candidata a presidente promete “não fazer nada que vá contra o que a Bíblia ensina”


Após aceitar Jesus, candidata chilena muda campanha
por Jarbas Aragão

Candidata a presidente promete “não fazer nada que vá contra o que a Bíblia ensina”Candidata a presidente promete "não fazer nada que vá contra a Bíblia"
A candidata a presidência do Chile, Evelyn Matthei, da União Democrática Independente, ficou com cerca de 25% dos votos no primeiro turno. Dia 15 de dezembro os eleitores decidirão entre ela e Michele Bachelet, que tenta a reeleição e teve 46,8% no primeiro turno.
Contudo, na última semana ocorreu um fato que mudou a vida de Matthei e pode influenciar no restante de sua campanha. No sábado, 23, ele recebeu em sua casa um grupo de pastores evangélicos, que manifestaram seu apoio a ela. Conservadora, Matthei se opõe abertamente ao aborto e o casamento gay, questões defendidas por Bachelet, do grupo esquerdista Nova Maioria.
Mas a grande repercussão do encontro com os pastores foi o fato de Evelyn Matthei ter aceitado a Cristo como seu Senhor e Salvador. Um vídeo filmado por um desses pastores tem circulado na internet.
Muitas das declarações de Matthei nas últimas semanas mostram como isso a afetou. “Comprometo-me, em nosso futuro governo e se Deus quiser assim, a não fazer nada que vá contra o que a Bíblia diz: O casamento é entre um homem e uma mulher. A vida humana deve ser cuidada desde o momento da concepção até a morte natural. Não ao aborto, não à eutanásia”.
Uma das curiosidades da campanha de Matthei é que ela foi escolhida pelo partido de última hora, após a desistência de Pablo Longueira, que havia vencido as primárias. Enquanto muitos apostavam na reeleição da atual presidente no primeiro turno, o partido de Evelyn conseguiu vencer a desconfiança e ampliar o debate no segundo turno.
A candidata também passou a subir o tom das críticas a Michelle Bachelet, que pede a aprovação de diferentes leis que visam “tirar Deus da vida dos chilenos”. Defensora de uma nova Constituição para o país, a atual presidente do Chile repetidas vezes tem insistido que deseja um Estado totalmente laico e que pretende eliminar todas as referências, juramentos e símbolos religiosos dos órgãos do governo, incluindo as escolas públicas.
Mesmo assim, ela também procurou um encontro com representantes evangélicos, onde garantiu que não haverá perseguição religiosa, como tem sido divulgado. Mesmo assim, ela tem sido vaiada por manifestantes evangélicos em diversas ocasiões. Com informações de Acontecer Cristiano e Cooperativa.cl.
Fonte:gospelprime

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

18 COISAS QUE NÃO ME ARREPENDEREI DE FAZER COM MINHA ESPOSA


Por Tim Challies
Há algumas semanas, eu compartilhei 18 coisas que não me arrependerei de fazer com meus filhos e o tempo que gastei escrevendo aquele artigo me fez pensar sobre os quinze anos de casamento com Aileen (e mais os três anos anteriores de namoro). Eu senti que seria correto pensar em outras 18 coisas e, dessa vez, eu faço essa lista em honra dela.
Aqui estão 18 coisas que eu sei que não me arrependerei de fazer com minha esposa.
1. Orar com ela. Demorou muito para nós dois começarmos a realmente orar juntos; mesmo agora, temos um longo caminho a percorrer. Contudo, eu tenho aprendido a importância de orar juntos e nunca me arrependo dos momentos que gastamos juntos diante do Senhor.
2. Sair com ela. Todos nós ouvimos centenas de vezes sobre como é importante continuar saindo, mesmo depois de casados. Isso é mais fácil falar que fazer quando os filhos são novos e exigem muita atenção, mas descobrimos que é muito mais fácil agora que os filhos são um pouco mais velhos. Eu nunca me arrependerei desses momentos a sós.
3. Servir com ela. Embora a maior parte do meu relacionamento com Aileen seja vivido cara-a-cara, nós sempre trabalhamos muito bem lado-a-lado. Nós já planejamos e executamos todo tipo de eventos e programas no passado, e inevitavelmente tornamo-nos mais próximos enquanto fizemos essas coisas. Eu nunca me arrependerei do tempo que gastamos servindo juntos.
4. Relembrar com ela. Alguns dos nossos momentos mais doces foram usados para contemplar memórias de dias passados – os diários ridículos que tínhamos quando namorávamos, as fotos do nosso casamento e as crianças quando eram pequenas. Relembrar é um prazer genuíno e nunca nos arrependeremos desse tempo junto, lembrando o que o Senhor fez e até onde ele nos levou.
5. Liderá-la em amor. Estou convencido de que Deus me chamou para amorosamente liderar minha esposa. Esse tipo de liderança não me veio com facilidade, mas sei que há um preço alto a se pagar caso recuse a aceitá-lo. Eu nunca me arrependerei de liderar Aileen, quando eu lidero com o bem dela como meu objetivo e com Cristo como meu modelo.
6. Comprar-lhe flores. Estou casado há 15 anos e ainda fico encabulado de carregar um buquê de flores por um estacionamento. Mas as flores continuam especiais, ela continua amando e eu continuo adorando dar esse presente. Eu nunca me arrependerei de demonstrar amor dessa forma.
7. Pedir-lhe perdão. É uma realidade estranha e terrível que a pessoa a quem mais amo seja a pessoa contra quem eu mais peco. Eu tenho oportunidades ilimitadas de pedir seu perdão. Embora isso exija engolir meu orgulho, eu sei que nunca me arrependerei de pedir-lhe que me perdoe quando eu pequei contra ela.
8. Perdoá-la. É claro que isso acontece dos dois lados, e ela também peca contra mim. Como eu, ela pode lutar para pedir perdão. Assim, quando ela pede, eu nunca me arrependo de imediata e sinceramente perdoá-la e tirar aquela ofensa da minha cabeça.
9. Segurar sua mão. É fácil deixar que aquilo que costumava ser especial torne-se desinteressante e esquecido. Dar as mãos é um daqueles hábitos doces que podem ser perdidos muito rapidamente. Eu nunca me arrependerei de estender a mão e caminhar com ela de mãos dadas.
10. Planejar seu tempo livre. Aileen entrega muito de si para o lar e a família, mas tende a estar melhor quando tem um hobby para dedicar parte de seu tempo e de sua atenção. Eu nunca me arrependerei do tempo que usamos para planejar como ela poderia dedicar tempo para as atividades que ama.
11. Lavá-la com a Palavra. O livro de Efésios deixa claro que uma das alegres responsabilidades do marido é lavar sua esposa na água da Palavra de Deus. Enquanto nosso casamento prossegue, tenho visto mais e mais claramente o valor e a beleza de fazer exatamente isso. Eu nunca me arrependerei dos momentos que gastamos juntos, ouvindo de Deus por meio de sua Palavra.
12. Escutá-la. Eu sou rápido demais para dar minha opinião, criar desculpas, falar sem realmente ouvir e escutar. Mas estou aprendendo que nunca me arrependerei das vezes em que pacientemente ouvi e permiti que Aileen falasse sem interrupções, sem intervenções, sem que eu ficasse na defensiva.
13. Ler com ela. Se você quer conversar sobre compatibilidade dentro do casamento, bem, Aileen e eu somos bastante incompatíveis em relação aos livros que amamos ler. Mas, quando nós achamos um desses livros e quando nos comprometemos a lê-lo juntos, eu nunca me arrependo do tempo e do esforço.
14. Deleitar-se nela. Com todo pecado, estresse e tensão que a vida pode oferecer, é fácil perder aquele senso de admiração e deleite na dádiva que é uma esposa. Eu nunca me arrependerei de pensar sobre ela, agradecer a Deus por ela, e aumentar meu deleite nela.
15. Desfrutar de interesses em comum. Uma das primeiras coisas que fiz quando comecei a namorar Aileen foi aprender a gostar de tênis; este foi apenas o primeiro dos muitos interesses que aprendemos a desfrutar juntos. Eu nunca me arrependi de aprender a gostar de alguma coisa por causa dela e do nosso relacionamento.
16. Adorar com ela. Uma das minhas grandes alegrias na vida é adorar ao Senhor lado-a-lado com aquela pessoa que amo mais do que qualquer outra. Esta é uma pequena prévia do céu, apenas um vislumbre da eternidade, onde o adoraremos perfeitamente para sempre. Eu nunca me arrependo de priorizar a igreja e o culto com Aileen.
17. Viajar com ela. Nós amamos nossas férias em família, com nós cinco esparramados na praia ou espremidos em uma cabana. Mas Aileen e eu também encontramos grande benefício em férias a sós, sejam dois dias por perto ou uma semana longe de casa. Eu nunca me arrependerei de interromper a vida normal com esses maravilhosos momentos juntos.
18. Dizer eu te amo. Sim, mesmo o “eu te amo” pode tornar-se um hábito vazio em vez de uma declaração séria. Quando eu paro por apenas um momento, quando eu penso sobre o que estou dizendo, essa pequena frase ganha um sentido muito mais profundo. Eu nunca me arrependi e nunca me arrependerei de olhar Aileen nos olhos e dizer: “eu te amo”.
A alegria dessa lista é que eu poderia facilmente listar mais dezoito itens e outros dezoito mais. O Senhor me abençoou com muito mais do que mereço.

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Traduzido por Josaías Jr | Reforma21.org | Original aqui.
Via Púlpito Cristão

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